Finalizada em: 27/06/2020

Prólogo

observou seu piloto de testes passar mais uma vez pela pista e ela franziu a testa, abaixando os óculos de sol para o nariz e se afastou da pista, entrando no pit e se aproximando das mesas com os computadores. Ela tocou duas vezes no celular, vendo-o acender e percebeu algumas ligações perdidas.
Era Horry. Ela suspirou alto ao ver o nome de seu irmão na tela e apertou o botão para discar novamente. Ele apoiou a cintura na bancada e o telefone tocou uma vez, duas vezes, ela quase desligou, quando finalmente ouviu a voz cansada de seu irmão.
- Ei, irmãzinha.
- Ei, Horry, o que houve? – Ela falou, colocando a mão no ouvido, pressionando o celular mais forte na outra pelo barulho do carro novamente.
- Pode falar? – Ele perguntou e a menina olhou o tempo na tela, feliz por ele ter reduzido um segundo.
- Claro, tenho alguns minutos. – Falei, suspirando.
- A mãe morreu, Em. – Ele disse e prendeu a respiração por alguns minutos.
- ! – O engenheiro de a chamou e ela abanou a mão, se afastando alguns metros.
- O quê? – Ela falou surpresa.
- Ela morreu. – Ela soltou um longo suspiro, apertando seu peito.
- Como? – Ela perguntou com a voz falha.
- Acham que ataque cardíaco, mas ela só não acordou do sono. – Horry falou do outro lado da linha.
- Como você está? Como está a Hilary?
- Ela travou. – Ele comentou. – Ela não soltou uma lágrima desde que a levaram e está encarando a televisão desligada desde então.
- Ah, cara. – grunhiu. – Você precisa de algo? Eu não sei...
- É a nossa mãe, você precisa vir para casa. – Horry disse.
- Eu não posso, eu estou no meio da competição.
- A gente precisa de você, por favor. jogou a cabeça para trás, coçando as têmporas. – Por favor, , faz anos que você não vem para casa, sempre com essa mesma desculpa.
- Me desculpa, mas essa cidade é horrível, as pessoas são horríveis. Você sabe o que aconteceu comigo aí...
- Você não veio no casamento da mãe, você não volta há anos.
- Mas elas sabiam que tinham meu apoio. – Ela bravejou mais alto.
- Não parece. – A mais nova segurou um grunhido por meio de seus lábios.
- Quando é o enterro? – Ela se deteve a perguntar.
- Em uma semana. franziu a testa. – Venha, por favor. A Hilary precisa da gente.
- A Hilary tem outros filhos, um que eu nem faço questão de rever.
- Por favor, irmãzinha, eu preciso de você, então.
- Eu vejo o que consigo fazer, ok?!
- Você está bem distante do segundo lugar, não custa nada perder uma corrida para vir apoiar sua família, não é mesmo? – Ele falou em seu tom calmo e quase se esqueceu da lesão cerebral do irmão.
- Eu te aviso, ok? – decidiu acabar a conversa por aí mesmo. – Mande um beijo para Hilary.
- Sempre! – Ele disse.
- Eu te amo. – Ela falou.
- Eu também te amo, irmãzinha. – Ele disse e a mesma desligou o telefone.
- Droga, droga, droga! – Ela apoiou a cabeça em uma das diversas telas do computador.
- Está tudo bem? – Lenny, seu engenheiro, apareceu atrás dela.
- Não está. – falou honestamente. – Preciso falar com Herman e com a equipe de marketing, agora! – Ela ordenou com firmeza e Lenny saiu sem perguntar duas vezes.


Capítulo Único

Estacionei meu Porsche atrás dos diversos carros no velório e saí do veículo, vendo o mesmo já cheio e esperava que não estivesse atrasado, já bastasse no velório de meu pai. Subi o pequeno morro no cemitério, cumprimentando alguns conhecidos com um aceno de cabeça e entrei na roda da família Altman/Callen. Minha mãe estava mais triste de quando ela havia perdido meu pai. Linda e ela formaram um casal totalmente improvável e foram felizes juntas pelos últimos cinco anos.
Horry, filho mais velho de Linda, parecia bem apático, na verdade, ele sempre parecia um pouco apático depois que teve aquele acidente quando era mais novo, agora não era muito diferente. Meus três irmãos também já estavam lá, prestavam respeito a nossa nova madrasta.
- Mãe! – A chamei e a mesma me deu um sorriso choroso e me abraçou fortemente.
- ! – Ela falou e deixei que ela me apertasse fortemente e estiquei a mão para Horry que deu um aceno de cabeça.
- Desculpe o atraso, Paul me segurou na loja.
- Não faz mais que sua obrigação! – O mesmo falou.
- Fica quieto! – Wendy cochichou para Paul e me afastei de minha mãe.
- Horry, estamos contigo, ok?! – Dei dois tapinhas em seu ombro e ele assentiu com a cabeça.
- Obrigado! – O mesmo falou e fiquei pensando como seria sua vida agora, sua mãe fazia quase tudo para ele, e sua irmã... Ah, , eu não há via desde nossa formatura no ensino médio.
- Judd, Wendy! – Cumprimentei meus irmãos que moravam fora e Penny, namorada de Judd. – Cadê o Barry? – Sussurrei para Wendy.
- Diferenças irreconciliáveis. – Ela sussurrou e eu arregalei os olhos.
- Mesmo? - Falei surpreso.
- Finalmente! – Judd comemorou e ri fracamente.
Acenei para Paul, meu irmão mais velho e chefe, e Annie, fazendo um carinho no meu sobrinho de dois anos em seu colo, vendo as crianças de Wendy correndo por aí e a de Judd deveria estar com Quinn, sua ex-esposa.
- Acho que podemos começar, não?! – Bilau, ou melhor, rabino Grodner, se aproximou do caixão quase inteiro abaixado.
- Poderia esperar mais um tempo? – Horry perguntou e minha mãe olhou para ele. – Ela disse que viria.
- Ela? – Perguntei de curioso, esperando que eles falassem do meu primeiro amor na escola.
- Não precisa esperar, eu cheguei! – Ouvi uma voz familiar e meu corpo travou de um jeito incomum.
Callen, que eu não via há 18 anos, estava ali. A única pessoa que tinha dado certo em toda Harrison estava ali e ela não tinha mudado nada. Os cabelos ruivos ainda brilhavam com o sol, seu corpo tinha saído dos macacões de corrida e davam lugar a um discreto vestido preto escondido por baixo de um sobretudo da mesma cor. Desci o olhar pelas suas pernas e ri fracamente ao encontrar um par de tênis completando o conjunto.
- ! – Minha mãe falou surpresa, mas ela a ignorou e se aproximou de Horry, abraçando-o fortemente!
- Obrigado por vir, irmãzinha! – Ele falou e a mesma deu um pequeno sorriso. Seu olhar encontrou com o meu e percebi que ela até revirou os olhos.
- Eu estou aqui por você, ok?! – Ouvi sua voz e senti dois tapinhas nas costas.
- Agora que a gente faz uma viagem para terra da amargura? – Paul sussurrou contra meu ouvido e eu revirei os olhos.
- Claro! – Fui irônico.
- Sinto muito, Hilary! – Ela falou para minha mãe, abraçando-a fortemente.
- Eu que sinto por você não estar aqui! – pressionou os lábios, como que quisesse falar algo, mas segurou para não falar.
- Está tudo bem, tenho certeza que ela estava feliz aqui! – Ela falou e ambas sorriram. – Wendy, Judd, Paul... – Ela falou rapidamente e seu olhar parou sobre mim. – . – Ela falou e eu dei um sorriso, acenando para ela, vendo-a revirar os olhos e se colocar entre o irmão e Wendy.
- um, zero! – Judd sussurrou e dei uma cotovelada nele. – Ah! – Ele reclamou.
- Posso continuar? – Bilau perguntou.
- Bilau? – perguntou surpresa e eu gargalhei, como se lembrasse do mesmo acontecido no velório do meu pai.
- Ninguém me chama mais assim, caralho! – Ele se exaltou e o pessoal gargalhou.
- Você é rabino agora? – continuou.
- Posso continuar, por favor? – Ele falou irritado.
- A gente não era católico? – virou para Horry.
- Ela se converteu quando se casou. – Horry sussurrou e eu assenti com a cabeça.
- Ok, continue, rabino Bilau! – falou. – Desculpe!
- Vocês fazem de propósito! – Ele reclamou e vi e Wendy cochicharem algo, me fazendo rir. – Horry, , vocês gostariam de falar algo? – Ele abanou a mão, desistindo da reza.
- Vai você! – Horry empurrou para . – Você é melhor com isso. - assentiu com a cabeça, saindo do lado do irmão e foi ao lado de Charlie.
- Aposto que muitos não me conhecem ou não me veem há uns 20 anos. – Ela colocou o cabelo atrás da orelha. – Eu sou , filha mais nova de Linda, e por diversos motivos eu não voltei a essa cidade, mas sempre mantive contato com minha mãe, meu irmão, e sei que, apesar de tudo, ela encontrou a felicidade depois que meu pai faleceu. – Ela deu um pequeno sorriso. – Hilary Altman foi responsável por boa parte dessa felicidade, então, descanse em paz, mãe, mas saiba que aqui você foi muito amada. – Ela falou, suspirando. – E gostaria de ter mais momentos contigo. – Ela acenou para Charlie e voltou para seu lugar.
- Que Linda Callen receba suas bênçãos e fique em paz. Amém!
- Amém! – Falamos juntos.
Quando o serviço foi encerrado, Horry e , principalmente, foram rodeados por diversas pessoas e eu apostava que muitos deles não estavam interessados em dar pêsames para eles e sim em tentar descobrir o motivo da maior corredora feminina da NASCAR estar de volta em casa depois de anos.
- Vai falar com ela? – Minha irmã Wendy perguntou e eu suspirei.
- Deveria? – Perguntei.
- Sim! – Paul e Judd falaram juntos, me fazendo suspirar.
- Estou me perguntando o que ela está fazendo aqui! Ela não veio nem no velório do pai dela. – Falei.
- Jerry morreu há 25 anos, , ela ainda estava aqui. – Minha mãe se meteu e fiz uma careta.
- É, mas depois da formatura ela não voltou mais. – Falei.
- Voltou! – Minha mãe falou. – Ela só nunca vinha quando você estava ou a Linda ia visitá-la. Eu mesma já fui visitar muito.
- Como... Mas...
- Travou! – Paul falou, rindo fracamente.
- Ela está viva e bem, morando na Flórida, nada de novo até aí! – Ela falou, seguindo em direção aos dois irmãos.
- Vamos lá para casa, a recepção vai ser lá. – Judd falou, batendo em minha barriga e eu fiz uma careta.
- Ok. – Suspirei, vendo os cabelos dela se movimentarem por conta do vento e eu sabia que, mesmo depois de anos, Callen tinha ido embora de Harrison por minha culpa.

Observei estacionar seu carro em frente às nossas casas e descer com Horry e minha mãe. A mesma tirou o casaco e jogou dentro do carro sem capota e os três vieram em direção à casa. Joguei o cigarro no chão e pisei no mesmo, desencostando da pilastra na porta de casa.
- Eu vi isso, . – Minha mãe passou por mim, dando dois tapinhas leves em meu ombro e eu dei um meio sorriso. – Pegue! – Assenti com a cabeça, pegando a bituca no chão e fechando-a na mão.
- Horry! – Falei para o mesmo e ele deixou que eu o abraçasse rapidamente e seguiu para dentro de casa.
Sabia que a pessoa que vinha atrás queria evitar passar por ali, mas eu estava ali exatamente por isso, para ela não poder fugir de mim. Assim que Horry entrou, eu me coloquei no meio da entrada, abrindo um pequeno sorriso.
- Com licença? – Ela perguntou.
- Podemos conversar? – Perguntei e a mesma olhou em meus olhos pela primeira vez, franzindo os seus.
- Não temos nada para conversar. – Ela falou.
- É a primeira vez que eu te vejo em anos e eu acho que você foi embora por minha causa, por favor. – Falei.
- Se a carapuça serve. – Ela deu de ombros, dando um passo para frente e eu ocupei o espaço vago novamente, fazendo-a parar.
- Por favor. – Falei. – Nós... Eu... – Suspirei. – Eu quero entender.
- Faz 18 anos, , não poderíamos estar mais distantes. – Ela falou.
- Nossos sentimentos... Parece água correndo no meu corpo tudo de novo. – Falei suspirando.
- Os meus secaram. – Ela deu um pequeno sorriso. – Me diga, como é estar do outro lado agora? – Ela deu um pequeno sorriso e seguiu dentro de casa antes que eu pudesse me mexer.
- dois, zero? – Me assustei com Judd atrás de mim e dei dois tapas em seus ombros, vendo-o gargalhar e entrei em casa, fechando a porta.
- O que é isso? – Ouvi perguntou e vi o que eles falaram.
- Shivá de novo? – Judd perguntou.
- Qual é, mãe! – Falei. – Vocês se lembram a bagunça que foi da última vez.
- O que estão falando? – perguntou um pouco mais alto.
- Isso são cadeiras de Shivá, para sentar perto do chão em sinal de luto. – Bilau falou e fez uma careta, olhando para Horry.
- Eu não posso sentar em qualquer outro? – Ela perguntou lentamente.
- Isso é uma tradição judaica, . – Minha mãe falou.
- Observar à Shivá, são sete dias de luto, sem trabalhar, nem viajar, sentados nessas cadeiras. – Bilau falou.
- Bom, eu não sou judaica! Adeus! – falou, se retirando, mas Horry a puxou pela gola do vestido. – Ah! – Ela reclamou.
- Sei bem, , mas foi um pedido da sua mãe. – Minha mãe falou. – Quando Mort morreu há cinco anos, nós fizemos isso e a família se uniu mais. – Ela estendeu um papel para . – Sua mãe achou que fosse uma oportunidade para as duas famílias se unirem mais. – leu o papel e revirou os olhos. – Você pode dizer não, mas...
- Aí eu serei a insensível, ingrata, afastada e todos os outros apelidos que sei que vocês me chamam pelas costas. Ótimo! – Ela se encaminhou até a primeira cadeira e se sentou, esticando as pernas, cruzando uma por cima da outra.
Segui rapidamente e me sentei na cadeira ao seu lado e revirou os olhos, cruzando os braços. Judd se sentou ao meu lado, Horry ao lado dele, minha mãe, Paul e Wendy. Não sabia se era verdade ou não, da última vez minha mãe mentiu sobre isso para unir os filhos e falar de seu relacionamento com Linda, mas eu tinha que agradecer, pois teria ao menos sete dias para me conectar novamente com .
- Ótimo! Vou deixar vocês se reconectarem um pouco e logo volto. – Bilau falou e assenti com a cabeça, vendo bater a cabeça na parede atrás dela.
- Talvez alguém tenha morrido até lá! – sussurrou, eu arregalei os olhos e Judd e Paul gargalharam.
- Ótimo! – Bilau falou, se retirando.
- Se lembram da última vez? – Wendy perguntou.
- trouxe Tracy, o negócio deu errado e...
- Fica quieto, Judd! – Falei, tentando bater nele que se desviou com as mãos.
- Ela era velha demais para você, cara! – Horry falou.
- Ele tem queda por ruivas. – Wendy falou e desviou o rosto para olhar para ela do outro lado da fileira de cadeiras.
- A gente só vai ficar aqui sentados? – perguntou.
- Faz tempo que você não volta, por que não conta um pouco da sua vida? – Minha mãe perguntou.
- Vai bem, obrigada! – voltou a se encostar, cruzando os braços novamente.
- E o trabalho? – Minha mãe tentou continuar.
- Cinco vezes campeã em NASCAR, está tudo bem. – Ela falou novamente e minha mãe desistiu.
- Isso quer dizer que agora somos todos irmãos? – Perguntei.
- De certa forma vocês sempre foram. – Minha mãe falou.
- Irmãos não podem se pegar, viu, ? – Paul falou e eu tirei o tênis, tentando o atingir.
- Que ótimo, não?! – falou animada. – Assim não tem nem tentação, certo, ? – Ela bateu forte em minha perna e eu fechei os punhos.
- Nem o Horry e a Wendy! – Judd continuou e ambos riram fracamente.
- As esposas não deveriam estar unidas também? Os filhos? – perguntou.
- Não! – Falei dando um sorriso e ela revirou os olhos. Um barulho fino nos distraiu.
- Ah, a campainha! – Annie, esposa de Paul falou se levantando.
- Finalmente. – suspirou.
Os diversos conhecidos das duas famílias, principalmente amigas de nossas mães, entraram na sala e foram pegando os espaços. Annie e Penny seguiram para distribuir os comes e bebes e, apesar de eu estar ao lado de , os convidados só queriam saber da famosa corredora dos Callen. E por mais que eu gostasse de ouvir que ela era uma grande corredora, modelo do seu carro, potência, quantos campeonatos ela tinha ganhado e em quantos países, eu me perdi em suas palavras e comecei a ficar entediado ali. Precisaria de um momento para falar com ela sozinho.

- Ela mal olhou para mim, Horry! Ela me ignorou! – Falei irritado, dobrando as blusas.
- Eu estava lá, ! – Ele falou e eu suspirei.
- Coopera comigo, cara! – Entreguei mais uma blusa para ele.
- Ela é minha irmã. Eu sei o que você fez para ela no ensino médio. – Ele falou.
- Tem que ficar feliz por Horry ainda falar contigo. – Paul falou e eu suspirei, vendo-o estender o telefone para mim. – John, do comercial! – Assenti com a cabeça, colocando o telefone na orelha.
- Fala, John! – Atendi o telefone, dando a volta no balcão da loja. – Pronto para fechar aquele negócio?
- Ainda temos algumas dúvidas de quanto vocês vão querer investir nisso, cara. Paul está enrolando demais. – Ele falou e eu suspirei.
- Nosso orçamento é de 20 mil, cara, mais que isso não dá! – Falei firme. – E é no talo, mais que isso não tem como. – Arregalei os olhos ao ver entrando na loja de artigos esportivos da minha família e eu bati nos ombros de Horry, vendo-o se assustar e eu apontei para ela.
- Calma! – Horry falou, abanando a mão e eu suspirei.
- Vai ser nacional ou estadual? – John perguntou e vi ir até as luvas e capacetes.
- Estadual, temos seis filiais fora do estado de Nova York, nem vale à pena investir agora. – Falei.
- E fazer uma campanha para mais franquias? A franquia da loja não é tão cara, os materiais sim, mas... – Bati a mão em um pote de canetas.
- Cara, acabou de dar uma merda aqui, posso te ligar depois? – Perguntei, fingido.
- Claro...
- Obrigado! – Desliguei o telefone, jogando para Horry e segui correndo até onde estava. – Oi.
- Ah, você de novo? – Ela falou, abaixando a viseira de um capacete.
- Eu trabalho aqui! – Falei, apontando para o crachá.
- Meu irmão também e nem por isso ele veio me encher o saco. – Ela puxou um par de luvas, encaixando em suas mãos.
- Por que você é assim? – Perguntei, cruzando os braços.
- Assim como? – Ela perguntou.
- Chata! – Falei.
- Eu não queria estar aqui, simples, mas por causa daquela porcaria de Shivá, minha mãe fez questão de me segurar aqui. – Ela suspirou.
- Mas você não era assim...
- Faz 18 anos, , segue em frente. – Ela falou, tirando a luva da mão e jogou em mim. – Vou levar.
- Você simplesmente foi embora. – Falei, seguindo com ela até o caixa.
- Nós namoramos, brigamos, terminamos, passei na faculdade e fui. – Ela falou, tirando uma nota do bolso e jogando no balcão.
- E pelo visto você ainda não superou. – Rebati o que ela falou. – Não precisa pagar. – Coloquei as luvas no balcão em cima do seu dinheiro.
- Você me magoou, , simples assim. – Ela pegou as luvas e o dinheiro, guardando no bolso. – Tem coisas que nem mil anos te fazem superar. – Ela se afastou. – Eu estou aqui pelo centro se precisar de carona, Horry! – Ela gritou e Horry acenou com a mão, fui em direção a ele.
- O que eu fiz para sua irmã não me perdoar depois de tanto tempo? – Falei e ele me deu aquele olhar que só o Horry sabe dar.
- Você não vai tirar isso de mim, eu tive uma lesão no cérebro, não sou retardado! – Ele falou e eu bufei alto. – E você deixou isso cair. – Ele apontou para a caixa de canetas no chão e eu suspirei, me abaixando pra pegar.

Vi atravessar a rua com Horry e mexi a cortina da sala de jantar para ver melhor e minha mãe puxou a cortina de volta, tampando minha visão. A porta foi aberta e logo os dois apareceram para dentro de nossa casa.
- Bom dia, gente! – Minha mãe se levantou para cumprimentar os dois.
- Ei! – falou.
- Quer café? – Annie perguntou. – Já terminamos. – Ela e Paul se levantaram, pegando seus utensílios.
- Obrigada! – falou, se sentando em uma cadeira na ponta e Horry ao seu lado.
- Aqui! – Penny entregou pratos e xícaras empilhadas para os dois e ambos dividiram entre eles.
- Então, como estão as coisas lá? – Minha mãe perguntou.
- Muita coisa para arrumar, vou ver se termino antes de ir embora no domingo. – falou e Horry assentiu com a cabeça.
- E você, Horry? Sabe que pode ficar comigo, certo? – Minha mãe perguntou.
- Claro, obrigado. – Horry falou.
- Você pode ficar comigo também. – Wendy falou e todos viramos os olhos para olhá-la. – Diferente de e , eu e Horry assumimos que ainda nos gostamos, ok?! – Ela bufou e franzi os lábios.
- Vocês dois não terminaram, não brigaram, não aconteceu nada. – falou, pegando o café e se servindo um pouco.
- Vocês não vão começar de novo, vão?! – Minha mãe falou e todos suspiramos.
- Eu só estou dizendo... – Wendy falou.
- Já entendemos, agora não é o momento, obrigado! – Falei e foi sua vez de revirar os olhos.
- , que transferência de 30 mil dólares é essa saindo da conta da empresa? – Paul apareceu e franzi a testa. Ele descobriu.
- É para a campanha da loja. – Falei, colocando mais uma colher de cereal na boca.
- Concordamos em 20.
- É, mas o John ofereceu uma campanha para divulgação da franquia também e...
- 20 mil dólares, , não 30.
- Já vi isso antes. – Judd sussurrou e eu me levantei.
- Vai ser bom para empresa, Paul! Abre essa cabecinha, vai ser um gasto que vai ser reposto com novas franquias, royalties, treinamentos e tudo mais. – Me aproximei dele. – Relaxa.
- Nós não podemos dispor de tudo isso agora. A obra da nova loja em Nova York acabou de terminar, sabe quanto ainda temos que pagar?
- 50 mil dólares, pois você fala isso todo dia. – Revirei os olhos.
- E você ignora todo dia. – Paul falou, aumentando seu tom de voz. – Não dá para fazer isso, Judd, você tem parte na sociedade, faz alguma coisa.
- Ele cuida do marketing, ele está certo em fazer isso. – Judd falou.
- Não temos um orçamento só de marketing ainda, essa área na empresa é nova. – Paul falou, colocando as mãos na cabeça.
- Você está começando a ficar vermelho, respira, Paul. – Falei.
- Você me dá nos nervos! – Ele falou alto e eu respirei fundo.
- É importante para loja crescer e... – Falei alto também, me aproximando dele.
- Sem brigar, sem brigar! – Minha mãe falou rapidamente.
- Quando ele vai entender que estamos juntos nessa? Que ele não é o dono disso tudo sozinho? – Falei.
- Eu sou o dono disso, é meu ganha-pão, você ganha só na sociedade. – Ele gritou.
- Sociedade, vendedor e marketeiro, não começa. – Mantive o mesmo tom de voz.
- Isso era uma péssima ideia, eu sabia. – Paul falou irritado. – Vende para o Judd e chega...
- Eu não vou fazer isso, já tivemos essa conversa milhares de vezes.
- Chega! – Virei para o lado, vendo se levantar. – Eu não sei o que está acontecendo aqui e nem quero saber, mas estamos aqui a pedido da minha mãe e não vou deixar vocês dois ficarem de picuinhas por causa disso. – Ela falou mais alto que nós dois juntos.
- Não é picuinha, ele... – Tentei falar, me aproximando de Paul novamente.
- Calado, ! – Ela me empurrou pelo peito. – Se você ainda sente alguma coisa por mim, vai me obedecer.
- Ah, isso ele sente! – Paul falou rindo.
- Você também, Paul! – Ela falou.
- Não é como se eu estivesse mentindo. – Paul falou e a raiva falou mais alto, me fazendo partir para cima de Paul.
- Ah, de novo não! – Alguém reclamou.
- Ah! – Ouvi um barulho de vidro quebrando e viramos para o lado, vendo caída em cima da mesa de centro, segurando uma mão com a outra.
- Ótimo! – Ela falou e percebi sua mão direita sangrando devido ao vidro. – Obrigada, ! – Ela falou irritada. – Agora quem vai perder o ganha-pão sou eu, seu idiota. – Ela falou, se retirando pelo corredor.
- , eu... – Tentei falar.
- Eu vou. – Wendy falou, me afastando com a mão e eu respirei fundo.
- Por que alguém sempre se machuca quando vocês decidem brigar? – Judd falou e respiramos fundo.
- E eu perco um móvel. – Minha mãe falou, se levantando da mesa e seguindo até onde e Wendy foram.

- Que tal darmos uma relaxada e irmos no Walker’s? – Perguntei após sair do banheiro.
- Cara, nós... – Judd apontou para mãe.
- Não se importem comigo, aproveitem que todos estão juntos e divirtam-se. – Minha mãe falou, atenta ao seu livro.
- Eu estou dentro! – Wendy falou, se levantando. – Estou precisando.
- Vai você também, eu fico com a Jane. – Annie cochichou para Paul e o mesmo assentiu com a cabeça.
- Horry? ? – Perguntei.
- Já foram embora, saiu de carro há uns minutos, por sinal. – Judd falou.
- E eu perdi isso? – Perguntei.
- Pare de amolar a moça, ela nem queria ter vindo. – Minha mãe falou.
- Só estou tentando entender o que está acontecendo. – Falei. – Não é possível que ela ainda está brava por eu ter ido com outra pessoa no baile de formatura, a gente já tinha terminado...
- Ela deve ter seus motivos, querido. – Minha mãe bateu na minha perna e eu suspirei.
- E eu quero saber quais são. – Falei.
- A gente vai para o Walker’s se divertir ou afogar as mágoas? – Paul perguntou.
- Vamos, vamos! – Wendy falou e abanei a mão.
Entramos todos em meu carro e seguimos até o bar mais popular da cidade, o Walker’s. Era terça-feira, não deveria ter tanta gente, mas a cidade era pequena, nunca tinha. Estacionamos perto da porta e saímos do carro.
Tinha umas quatro, cinco mesas ocupadas e algumas pessoas no balcão. Judd seguiu para uma mesa vazia e nós quatro nos ajeitamos ali. Estendi a mão para o garçom e pedi quatro doses de tequila.
- Não, cara! – Paul reclamou.
- Estamos velhos para isso! – Wendy falou e ri fracamente.
- Eu vou falar de novo: quando vocês tinham idade para beber, eu tinha sete anos, depois que eu tive idade, vocês já estavam fazendo suas vidas, preciso aproveitar essas oportunidades, cara!
- Você e o Paul não saem para beber? – Wendy perguntou e Paul gargalhou.
- É, aí a gente se abraça e sai cantando Kumbaya! – Gargalhei com ele.
- As chances de sair tapa já é demais, não sei como o Horry ainda está vivo de tantas brigas que ele aparta. – Falei, pegando minha dose na mão.
- Como ele está lidando com tudo? – Wendy perguntou.
- Parece que ele nunca liga para nada, sabe? – Falei suspirando. – Mas imagino que ele esteja bem machucado, Linda era tudo para ele.
- Você tem intenção de ficar com ele ou algo assim? – Judd perguntou.
- É difícil, sabe? Eu acho que nunca amei tanto uma pessoa na vida como eu o amei, mas é como você disse, ele parece nunca ligar para nada. – Ela suspirou, virando a dose de tequila de uma vez só, me fazendo arregalar os olhos. – Eu sei que ele me ama, mas penso se conseguimos construir um relacionamento juntos. Com duas crianças...
- Parece que sempre voltamos a isso, Wendy! – Paul falou. – Vocês já passaram dos 40 há muito tempo para decidir isso.
- Eu o amo, mas...
- Chega de “mas”. – Falei. – Se você o ama, fique com ele. – Todos viraram para mim. – O quê?
- Você não tem moral nenhuma para falar aqui, irmãozinho. – Ela falou. – Você e tem uma história bem similar e nenhum dos dois sofreu um grave acidente que afetou o cérebro.
- Eu estou atrás dela toda hora para tentar entender isso. Não necessariamente ficarmos juntos, pois eu já desisti disso, mas podíamos ser amigos, colegas, pelo menos ela me cumprimentar decentemente, sabe? – Foi minha vez de beber minha tequila, sacudindo a cabeça quando o fiz.
- O que aconteceu na escola? – Judd perguntou.
- Namoramos por uns oito, nove meses, perdemos a virgindade juntos, toda aquela história de casal no ensino médio.
- Uh! – Eles zoaram.
- Calem a boca. – Suspirei. – Enfim, chegou perto da formatura, ela me viu com alguém, eu juro que não a traí. Ela terminou comigo, não foi na formatura e eu tentei ir na casa dela no dia seguinte e Linda disse que ela tinha ido embora, fim da história.
- É isso? – Wendy perguntou surpresa.
- Da minha parte sim. – Dei de ombros. – A não ser que aconteceu algo com ela e ela nunca me contou.
- Bom, você pode tentar! – Judd esticou o copo e virei a cabeça para onde ele olhou e vi sozinha no fundo do balcão.
- Eu deveria ir lá? – Perguntei.
- Vá! – Eles falaram e eu peguei o shot que sobrou de Paul e virei também.
- Obrigado! – Ele falou sarcástico.
- Você não ia beber mesmo. – Me desviei das pessoas e me aproximei dela, vendo que tinha dois shots vazios e uma long neck quase pela metade. – . – A chamei e ela virou o rosto para mim.
- Ah, fala sério! – Ela bebeu o resto da cerveja, apoiando no balcão. – Até aqui?
- Eu vim com meus irmãos. – Falei e percebi que seu rosto e olhos estavam vermelhos, ela tinha chorado. – Você está bem?
- Sim, estou bem. – Ela passou as mãos embaixo dos olhos. – Não posso mais nem chorar a morte da minha mãe em paz?
- Não achava que se importava. – Comentei um pouco baixo.
- É minha mãe. – Ela falou um pouco surpresa. – Você acha que eu não me importo? – Ela negou com a cabeça. – Eu perdi meu pai com 10 anos, agora eu perdi minha mãe, somos só eu e Horry agora, você tem ideia de como está minha cabeça? – Ela suspirou. – Eu devo levar ele para morar comigo? Eu devo largar minha carreira para cuidar dele? Se Wendy ficar com ele é meu trabalho cuidar dele? – Ela suspirou. – Eu tenho muitas coisas para pensar. – Ela suspirou.
- Nós estamos aqui por você, sabia? Apesar de tudo, somos família. – Ela riu fracamente, tirando algumas notas do bolso e vi sua mão enfaixada.
- Nós nunca fomos uma família, , nunca seremos. – Ela suspirou.
- Desculpe pela mão. – Comentei.
- Só foi um corte. – Ela se levantou.
- Quer sentar com a gente? – Perguntei.
- E ouvir seus irmãos brincarem que eu sou seu novo brinquedinho brilhante? Me desculpe, não estou no pique. – Ela falou, seguindo pela lateral do bar e foi até a porta. Corri até ela.
- Aonde você vai? – Segui até ela.
- Vou embora? – Ela falou em tom de pergunta.
- Você bebeu! – Falei, vendo-a revirar os olhos e entrar em seu carro sem capota. – É sério, .
- O que aconteceu com o irresponsável? – Ela perguntou.
- Criou vergonha na cara e cresceu? – Falei como se fosse óbvio.
- Não é a primeira vez que eu dirijo depois de beber! – Ela falou, ligando o carro e eu saí correndo, pulando para dentro do outro lado. – Cai fora!
- Não! – Falei firme. – Você quer se matar, vai ter que me matar também. – Falei, dando um largo sorriso e ela revirou os olhos. Ouvi o motor gritar quando ela pisou no mesmo enquanto segurava a embreagem e eu arregalei os olhos.
- Você ainda pode sair! – Ela falou e eu puxei o cinto de segurança. – Ok.
Ela soltou a embreagem, saindo da vaga com uma agilidade incrível e seguiu pela avenida, fazendo o carro cantar pneu e eu segurei o painel com as duas mãos. O velocímetro começou a subir rapidamente e ela chegou na última marcha que seu carro permitia em poucos segundos. Parecia que ela pedia por mais e aquilo não era igual o carro dela de competições.
- Vai devagar, ! – Reclamei, vendo-a passar os cruzamentos quase voando, algumas buzinas foram ouvidas e ela seguia pela longa avenida de Harrison. – ! – Reclamei, vendo que já estávamos perto do rinque de patinação Spencer’s. – !
Ela colocou os dois pés no freio, fazendo o carro derrapar na pista vazia e logo freou. Respirei fundo, sentindo meu peito subir e descer diversas vezes e encostei as costas novamente na poltrona, respirando fortemente e joguei o cabelo que caiu no rosto para trás.
- Você está louca? – Perguntei.
- Sai. – Ela falou.
- O quê? – Perguntei, ela não ia me deixar ali, ia?
- Sai! – Ela falou mais alto.
- , eu...
- Cai fora! – Ela gritou e eu soltei o cinto, abri a porta e saí.
- , eu não tive a intenção de... – Ela pisou no acelerador, fazendo o carro cantar pneu novamente e as luzes sumiram em menos de 20 segundos. – Ótimo! Fantástico, ! – Puxei o celular do bolso, procurando o contato de algum de meus irmãos.

- Desculpa o atraso. – falou entrando em casa, tirando seu cachecol e se sentando na cadeira vaga ao meu lado e meus irmãos me encararam e neguei com a cabeça, respirando fundo.
- Como você está hoje, ? – Minha mãe perguntou e a mesma assentiu com a cabeça, tirando um livro de dentro do bolso e começou a ler como se não tivesse me largado do outro lado da cidade ontem.
- Eles chegaram! – Judd falou quando a campainha tocou e não durou muitos minutos para que as pessoas nos rodeassem novamente e as conversas ficassem mais altas.
Encostei as costas na cadeira, nenhum pouco interessado no que a senhora Applebaum estava falando e nem nas explicações de Judd de como ele havia se separado de Quinn quando ela o traiu há cinco anos e acabou estando grávida dele mesmo e agora estava com Penny morando no Maine.
- ! – Ergui o rosto, vendo Chelsea, minha segunda namorada e a mulher que havia visto comigo e arregalei os olhos.
- Chelsea, ei! – Falei, me levantando.
- Parece que só nos encontramos em circunstâncias assim. – Ela riu fracamente.
- Pois é! – Dei um pequeno sorriso.
- Como você está? – Ela perguntou.
- Sabe como é, minha madrasta acabou de falecer, as coisas estão complicadas um pouco. – Falei.
- Sinto muito. – Ela me abraçou pelos ombros, ficando na ponta dos pés e eu travei o corpo, abraçando-a rapidamente.
- Está tudo bem. – Falei, afastando-a de mim e me sentando novamente.
- Então, o que você está fazendo? – Ela perguntou, se apoiando no sofá em frente às cadeiras.
- Estou trabalhando aqui com Paul na loja, ajudando na expansão. – Falei.
- Uai, deve ser ótimo e...
- Chelsea Brooke? – Ouvi a voz de naquele tom de voz que fazia meu corpo arrepiar por saber que vinha briga por aí.
- Callen? – Ela devolveu.
- Nossa, você ainda está viva? – deu um meio sorriso, arregalando os olhos e eu encostei meu corpo na cadeira, respirando fundo.
- O que você está fazendo aqui? – Chelsea perguntou tentando manter o tom de .
- Minha madrasta é a mãe dela... – Tentei explicar rapidamente.
- Sua mãe que morreu? – Chelsea perguntou.
- Jesus Cristo! – revirou os olhos, encostando na cadeira novamente, tocando o ombro no meu.
- Desculpe, eu não sabia. – Ela falou.
- Claro que não, você só veio para dar mais uma passeada pelas pernas do , certo? – falou sarcástica e eu franzi os lábios, vendo que as conversas haviam ficado mais baixas de repente.
- Olha como você fala comigo! – Chelsea revidou.
- Estou mentindo por acaso? Toda vez que você aparece nas nossas vidas, você só tem interesse em uma coisa: ser comida! – falou.
- Oh! – Wendy e Paul começaram a rir juntos e incrivelmente eu não estava achando graça nenhuma.
- Não é porque você foi embora e se tornou a pessoa bem sucedida de Harrison que você tem o direito de falar assim comigo. – riu sarcasticamente, se levantando.
- Sim, eu tenho! Você comeu meu namorado no ensino médio e agora vem se meter no velório da minha mãe? – falou.
- Ela não comeu... – Tentei explicar meu lado.
- Se a Linda estivesse aqui ela já teria apartado isso. – Judd cochichou ao meu lado e eu suspirei.
- Normalmente eu faço as piadas embaraçosas, o que eu faço agora? – Perguntei para ele.
- Meninas, meninas, por favor! – Minha mãe se levantou. – Modos, por favor. – Respirei aliviado.
- Não é como se fosse minha culpa, senhora Altman! – Chelsea falou.
- Claro, nunca é! – esbarrou em Chelsea de propósito e saiu pela sala. Ouvi seus pés baterem com força nas escadas e uma porta se bater, me fazendo franzir a testa.
- Você viu como ela me tratou? – Chelsea virou para mim.
- Com licença! – Falei, me levantando correndo e segui escadas acima, subindo três, quatro degraus de uma vez só e segui pelo corredor, abrindo as portas fechadas, até que encontrei a do banheiro trancada. – !
- Cai fora! – Ela gritou.
- Por favor, abre a porta, eu nunca tive nada com a Chelsea. – Falei. – Bom, não enquanto a gente namorou.
- Ela é a pior pessoa que existe na face da Terra, . Ela não pensa em ninguém! Quer sempre passar por cima de alguém, subir na vida dependendo de alguém. – Ela falou irritada e percebi que estava chorando. – Queria pegar meu carro e passar por cima dela. – Arregalei os olhos.
- Abre a porta, , por favor. – Suspirei.
- Por que você ficou com ela? – Ela falou em um tom de voz mais baixo.
- Eu nunca te traí, . – Falei, respirando fundo. – Ela queria e tentou ficar comigo diversas vezes, mas eu amava você. Eu nunca faria isso com você. – Engoli em seco.
- Por favor, não diga que não ficamos juntos por eu estar cega de ciúmes. – Ela cochichou e eu ri fracamente, apoiando as mãos no batente da porta.
- Eu prefiro não dizer, você vai querer me bater. – Falei rindo fracamente e tudo ficou em silêncio do lado de dentro.
Fechei os olhos, pensando se falaria alguma coisa, mas preferi ficar quieto. Com o silêncio desconfortável no andar de cima, podia ouvir sua respiração pesada do lado de dentro, ofegante. Ouvi a tranca da porta e me afastei um passo quando a porta se abriu e encontrei seus olhos vermelhos mais uma vez. Ela deu um pequeno sorriso, mordeu seu lábio inferior e jogou a franja para trás, me fazendo dar um sorriso.
- O que fizemos de nossas vidas? – Ela perguntou fracamente e eu neguei com a cabeça. – Tanto desperdício de tempo.
- Eu não sei. – Falei no mesmo tom.
- Eu odeio tudo isso. – Ela engoliu em seco. – Fugir de você. Nós éramos tão próximos, e então você se transformou em um completo desconhecido para mim. – Ela falou.
- As pessoas podem mudar. – Falei. – Para bem ou para mal.
- Pessoas que conhecemos para, de repente, pessoas que não conhecemos mais. – Ela falou e eu suspirei.
- Você promete que você nunca teve nada com a Chelsea enquanto estava comigo? – Ela perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Eu prometo! – Falei honesto.
- Que droga! – Ela falou um tanto mais alto. – Eu não acredito que eu perdi todo esse tempo com...
- Está tudo bem. – Falei.
- Eu queria voltar atrás de tudo o que eu fiz e falei. – Ela disse e lágrimas começaram a escorrer de seu rosto novamente.
- Ainda estamos aqui. – Falei, esticando a mão para ela.
Ela encarou a mesma por um minuto, respirando pesadamente e passou os braços pelos meus ombros, me abraçando fortemente e fechei os olhos, fechando os braços ao redor de seu corpo mais baixo, sentindo meu corpo aliviar depois de tantos anos comprimido. Puxei o ar com o cheiro delicioso de seu cabelo e permiti um pequeno sorriso.
- Me desculpe. – Ela disse. – Todas as noites que eu podia ter com você e... – Ela suspirou, olhando em meus olhos.
- Está tudo bem. – Falei com um pequeno sorriso no rosto.
Ela ergueu sua mão para meu rosto, acariciando minha barba e deixou um pequeno sorriso escapar de seus lábios. Ela aproximou os lábios dos meus, me fazendo fechar os olhos e nossos lábios se colaram mais uma vez, fazendo um arrepio estranho passar pelo meu corpo. Ela não alongou o mesmo, finalizando-o em um curto selinho e abri meus olhos quando ela se afastou.
- O quê? – Perguntei ao encarar seus olhos semiabertos.
- Eu acho que ainda posso sentir o gosto de chiclete de canela e cigarros. – Ela falou, me fazendo lembrar dos chicletes que eu mascava um atrás do outro na escola e rimos juntos.
- Tirando isso, acho que não mudou muita coisa. – Falei e a mesma riu fracamente, colando nossos lábios novamente.
Passei meus braços mais apertado pela sua cintura, acompanhando o beijo, sentindo sua agilidade em relembrar todos os momentos de quase 20 anos e deixei que ela liderasse os movimentos. Abaixei o corpo, segurando suas pernas e a ergui no colo, sentindo-a cruzar as pernas em minha cintura e a encostei na parede, endireitando meu corpo e senti suas mãos passarem em meus cabelos mais longos e passei minhas mãos pelas suas coxas.
Ela separou os lábios por um momento, respirando fundo para cima e aproveitei a deixa para beijar seu pescoço nu. Suas mãos chegaram nos botões da minha blusa, procurando-os às cegas e sua respiração ficava cada vez mais forte. Meu corpo estava todo arrepiado já e fazia anos que eu não me sentia assim, nem com Tracy com quem eu quase casei cinco anos atrás.
- ! – Ela me chamou e eu ergui o rosto, encostando nossas testas.
- O quê? – Perguntei, sentindo suas mãos em meu rosto.
- Eu preciso de um quarto agora! – Ela falou mandona e eu abri um sorriso.
A segurei pelas coxas novamente, sentindo-a segurar firme em meus ombros e segui pelo outro lado do corredor, tropeçando nos brinquedos dos filhos de Wendy, Paul e Judd e encontrei a porta para meu antigo quarto. Deitei a mesma sobre a cama milagrosamente arrumada e a mesma abriu um sorriso quando eu me afastei.
- É perfeito, sabe? – Falei, fazendo uma moldura com os dedos e ela ficou envergonhada, me fazendo rir.
- Muita coisa muda em 18 anos, sabia? – Ela falou e eu ri fracamente.
- Eu não ligo. – Falei e empurrei a porta, ouvindo-a bater com a força.

- Bom dia, família! – Desci as escadas animado com com os dedos entrelaçados ao meu.
- Bom dia, gente! – falou mais baixo.
- Bom dia, pombinhos! – Penny falou e rimos fracamente.
- Eu tenho que resolver umas coisas em casa, ver como Horry está, nos vemos depois? – perguntou.
- , vamos no templo mais tarde, você vai nos acompanhar? – Minha mãe perguntou.
- Ah, no templo? – Virei para Judd e Paul e eles gargalharam, lembrando de quando ficamos chapados fumando maconha e ativamos o sistema de incêndio sem querer.
- Claro! – falou, me olhando sem entender e eu só neguei com a cabeça. – Que horas? – Ela perguntou.
- As três da tarde. – Minha mãe falou e olhou no relógio.
- Bom, são quase meio dia. – Ela riu fracamente. – Eu vou com Horry, pode deixar. – Ela assentiu com a cabeça. – Até lá. – Ela falou e eu colei meus lábios nos dela, fazendo-a rir fracamente. – Para, ! – Sorri, vendo-a se afastar. – Até mais!
- Até! – Minha família falou e a observei seguir pelo corredor e fechar a porta.
- Ah, que dia lindo, não?! – Falei, seguindo para a mesa aonde ainda tinha algumas coisas do café da manhã e roubei um pedaço de queijo.
- Finalmente se acertaram, hum?! – Paul falou e eu ri fracamente.
- Foi muito bom! – Falei animado. – Muito bom, família! – Me joguei no sofá, erguendo as pernas.
- Vocês já sabem como vão fazer agora? – Wendy perguntou.
- Uma coisa de cada vez, irmãzinha, ela me perdoou e tivemos uma noite incrível juntos e...
- Ah, sem detalhes! – Penny reclamou e eu abri um largo sorriso.
- Ela me pareceu feliz, talvez esteja na hora de expandir nossos negócios para Daytona Beach. – Paul falou e eu ri fracamente.
- Não ia me importar, cara! – Sorri e o mesmo negou com a cabeça.
- Nem eu, confesso. – Apontei para o mesmo. – Ia finalmente te ter longe de mim.
- Vamos devagar, irmãozinho! – Rimos juntos.
- Você precisa ir devagar com a , . – Minha mãe falou. – Não é porque vocês dormiram juntos que ela te perdoou.
- Ela perdoou, mãe. – Falei, abaixando as pernas. – Eu contei o que houve no ensino médio, não dormi com Chelsea e ela finalmente acreditou em mim. – Suspirei.
- Não foi por isso que ela foi embora, querido. – Minha mãe falou e eu franzi a testa.
- Você sabe? – Wendy foi mais rápida do que eu.
- Eu sempre soube. – Minha mãe falou.
- Mãe, por que foi embora há 18 anos? – Perguntei, respirando fundo e todos olharam para ela.
- O dia em que ela te viu com Chelsea, não em um momento íntimo, nem nada, mas em uma aproximação que podia falar que estava, ela ia te contar uma coisa. – Minha mãe falou, respirando fundo. – Ela viu vocês dois, achou que você tinha traído ela e decidiu esconder esse segredo. Que ela tem feito muito bem todo esse tempo.
- Mas você sabe e vai me contar agora! – Falei firme.
- Ela estava grávida, . – Arregalei os olhos.
- Mas o quê? – Minha família reagiu e eu engoli em seco.
- Ela ia te contar que estava grávida. – Minha mãe repetiu. – Ela pensou que você não ia se importar ou não ia deixar essa vida vadia...
- O que ela não estava errada. – Paul falou.
- E foi embora.
Eu fiquei travado por alguns minutos tentando processar tudo, parecia que de repente aquela porta de lembranças se abriu e eu lembrei de detalhes que significavam tudo para aquele momento. Ela nervosa, distraída, reclamando que a menstruação estava atrasada e eu não dei bola.
- Eu tenho um filho? – Perguntei.
- Deus pai! – Wendy falou.
- Sim. – Minha mãe falou.
- Não é possível, ela deu para adoção? Ela fez aborto? Ela... – Judd falou rapidamente e minha mãe somente negou com a cabeça.
- Aonde está essa criança, mãe? – Perguntei firme.
- Da última vez que eu chequei, estava morando com em Daytona Beach. – Arregalei os olhos.
- Eu tenho um filho? – Falei de novo.
- Filha. – Ela me corrigiu e eu derrubei o corpo para trás, encostando as costas no sofá. – Esse é um segredo que eu prometi à Linda e Horry que nunca contaria, mas nunca achei que você e se resolveriam, então cuide desse segredo e pense muito antes de dar o primeiro passo. – Minha mãe falou, saindo da sala.
- Se isso for verdade, você tem um filho de... – Paul falou rapidamente.
- 17 anos. – Annie falou e todos me olharam surpresos.
- Eu não sei se eu quero matar ou abraçar por cuidar de tudo isso sozinha. – Respirei fundo.
- Um pouco de ambos. – Judd falou. – Cara...
- Cara... Eu tenho uma filha. – Suspirei, arregalando os olhos.

Entrei no templo, arrumando meu quipá e suspirei, andando com meus sobrinhos até um banco livre e deixei que eles entrassem e me sentei na ponta, respirando fundo. Wendy se sentou ao meu lado e Paul, Annie, Judd e Penny se sentaram atrás.
O rabino Charlie, meu antigo amigo Bilau, subiu no palco junto de um pessoal do coro e fiquei pensando se toda morte seria aquela graça toda. Nós éramos judeus, mas não éramos praticantes, não tinha porquê vir aqui, usar o quipá e nos colocar em frente a cidade inteira para isso. Mas eu também sabia que tínhamos criado uma tradição louca e que se não tivesse mais isso, provavelmente não seríamos mais os Altman-Callen.
- Boa tarde, meus queridos amigos. – Charlie falou. – Estamos aqui para abençoar os familiares de Linda Callen que nos deixou repentinamente...
Virei para trás, encontrando minha mãe e conversando e as mãos de se movimentaram efusivamente, não parecia que a coisa estava boa. Aposto que minha mãe tinha contado que havia me contado. Respirei fundo, sabendo que teria que encarar aquilo mais rápido que o esperado e voltei a olhar para frente.
- As coisas estão fervendo, não?! – Paul cochichou em meu ouvido e eu suspirei.
- Você não tinha esse direito! – Ouvi alto e virei o rosto, só dando tempo de ver passando pelas portas do templo.
- Ferveu! – Judd falou e eu suspirei. Me levantei, saindo apressado pelo corredor central e parei em minha mãe no fundo do mesmo.
- O que houve, mãe? – Perguntei.
- Eu precisei contar para ela, desculpe. – Assenti com a cabeça.
- Tudo bem! – Falei. – Vai lá para dentro, sim? Linda era sua esposa. – Minha mãe assentiu com a cabeça e saí pelas portas do templo.
Observei os locais em volta e dei alguns passos próximo à escolinha que tinha anexa ao templo – onde fumamos e estouramos o alarme de incêndio da última vez - e suspirei ao encontrar sentada no galho mais baixo da árvore e a cabeça encostada no tronco principal. Parece que eu já tinha visto ela fazendo isso antes. Me aproximei devagar com as mãos nos bolsos da calça social e me apoiei do outro lado do tronco, respirando fundo.
Puxei do bolso um baseado que estava guardado há anos e puxei o isqueiro no outro bolso, acendendo-o. Dei uma curta tragada no mesmo, respirando fundo e soltando pela boca. Estiquei o mesmo para ela, tentando ignorar seus movimentos e ela pegou o mesmo de minha mão, dando uma longa tragada também e soltando com a boca.
- Por que você nunca me contou? – Perguntei, vendo-a me entregar o cigarro novamente.
- Não achei que se importasse. – Ela falou fracamente e eu dei mais um trago, devolvendo para ela.
- Aposto que nada era mais importante do que isso. – Falei, suspirando.
- Eu estava brava contigo, irritada, não queria saber nada de você. – Ela suspirou, dando uma tossida rápida. – Com o passar do tempo ficou cada vez mais difícil contar, pois já haviam se passado muitos anos. – Ela devolveu o cigarro.
- É por isso que você ficou irritada comigo por tanto tempo? – Perguntei.
- Sim. – Suspirei. – Eu errei e tentei culpar uma ausência que você nem sabia que era necessária. Me desculpe. – Fiquei quieto, puxando mais um trago.
- Como você conseguiu esconder isso de tudo e todos?
- Nossas mães sabiam, Horry também, fizemos uma promessa juntos, depois que ela nasceu, minha mãe ficou comigo um pouco, as coisas foram se ajeitando. – Ela deu de ombros.
- A parte da faculdade era verdade? – Perguntei.
- Meu maior diploma é do ensino médio. – Ela falou e eu franzi os lábios. – Foi um milagre eu conseguir minha carreira com uma criança pequena. – Suspirei.
- Como ela é? – Perguntei.
- Sua cara. – Ela disse. – Mais bonita, é claro. – Ri fracamente, vendo-a sorrir. – O nome dela é Olívia, caso queira saber.
- É bonito. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Eu quero conhecê-la. – Falei, apagando o cigarro no tronco da árvore. – Nem que seja tarde.
- Ok... – Ela falou e eu assenti com a cabeça, seguindo de volta para o templo. – Me desculpe, . – Ela falou e eu preferi não virar para trás.

- Você vai lá ou vai fingir que só está olhando-a empacotar tudo? – Ouvi Judd falar atrás de mim e eu respirei fundo.
- Eu não sei o que fazer, cara. – Suspirei. – A mãe beijar Linda há cinco anos era uma surpresa mais fácil de lidar.
- E por que essa não seria? – Ele perguntou, se apoiando na pilastra do outro lado.
- Ela escondeu um filho de mim por 18 anos, Judd! É muita coisa. – Suspirei.
- Mas você também não se preocupou em ir atrás dela em nenhum momento. – Virei para ele, vendo Wendy parar ao nosso lado.
- Faz 18 anos, , você gosta dela, sempre gostou dela. Não vai ser fácil, mas vocês ainda podem corrigir os erros cometidos.
- O que você quer dizer? – Perguntei.
- Ficar com ela, se tornar um pai presente para essa criança... – Wendy falou e eu dei de ombros. – Já chega de brigas, não?! – Vi colocar mais uma caixa dentro de uma camionete e suspirei.
- Não me parece tão simples assim. – Falei.
- Você é o cara que simplifica, , simplifique isso também. – Wendy falou, dando dois tapinhas em meu ombro e voltou para dentro.
- Eu deveria...? – Perguntei para Judd.
- Com certeza! – Ele falou e respirei fundo e saí correndo para o outro lado da rua.
Passei pela porta aberta dos Callen e encontrei e Horry organizando algumas caixas na sala de estar, não sabia se era mudança ou se eles estavam ajeitando algumas coisas de Linda. Horry me viu primeiro e assentiu com a cabeça.
- Eu já volto! – Ele falou e sumiu escada acima.
- Oi. – Falei e se virou assustada. – Desculpe, não queria...
- Está tudo bem. – Ela falou, suspirando, voltando a embalar o que é que estivesse em sua mão.
- Eu quero fazer parte da vida de Olívia. – Falei, mordendo meu lábio inferior e a mesma ficou quieta.
- Eu não... Isso... – Ela se virou, deixando a caixa que mexia de lado.
- Eu quero fazer parte da vida da Olívia. – Repeti, respirando fundo.
- Ok. – Ela falou. – Eu vou contar para ela e combinamos um encontro.
- O que você disse para ela sobre mim? – Perguntei.
- Ela sabe a verdade. – Ela falou. – Que eu fui embora, que eu não te contei, que você nunca soube...
- E como ela reagiu? – Perguntei.
- No começo ela não entendia, tentou vir atrás de você várias vezes... – Ela suspirou. – Não é fácil segurar uma criança de 17 anos com dinheiro, então eu tenho seguranças cuidando dela.
- Fácil! – Falei fracamente e ela riu comigo.
- Ela sabe quem eu sou?
- Sabe e tem uma foto sua na carteira dela. – Ela falou e eu dei um meio sorriso.
- Você acha que ela gostaria de me conhecer? – Perguntei.
- Acho que sim. – Ela voltou a prestar atenção na arrumação.
- Quando você vai embora?
- Assim que finalizar as coisas. – Ela falou. – Devo voltar mais umas vezes para levar Horry comigo e depois colocar a casa para vender. – Assenti com a cabeça, mesmo ela não vendo. – A gente se vê.
- Acho que não ficou claro, . – Falei, vendo-a se virar para mim. – Eu quero fazer parte da vida de vocês duas. – Falei, vendo-a franzir seus olhos. – Não é porque uma coisa desandou que a outra precisa desandar também. – Falei. – Eu te amo e quero ficar contigo.
- Mesmo depois de tudo o que eu fiz? – Ela perguntou.
- Todos erramos, certo? – Falei e ela abriu um pequeno sorriso. – Eu estou disposto a tudo, ser pai, namorado, marido, torcedor... – Ela riu fracamente. – Paul quer realmente expandir para o sul do país, talvez começar pela Flórida seja uma boa, focado em materiais de corrida, quem sabe? – Ela riu fracamente.
- Você tem certeza disso? Você não está me iludindo, está? – Ela perguntou e eu estiquei a mão para ela vendo-a segurar.
- Quando nós estávamos juntos, nós incendiávamos. – Falei, vendo-a rir. – Sempre estávamos nas alturas, era perfeito. – Sorri. – Agora eu estou respirando só cinza e poeira, eu quero voltar a ficar nas alturas de novo. – Ela riu fracamente. – Não sei quando ou como chegar, mas sei que o melhor atalho é você. – Ela sorriu, se aproximando de mim e me abraçando apertado.
Passei minhas mãos pelas suas costas, encaixando meu rosto em seus ombros e abri um pequeno sorriso quando ela nos separou. Ela levou uma mão até meu rosto e colou nossos lábios, me fazendo sorrir.
- Você disse que éramos conhecidos e agora somos desconhecidos, bom, vamos mudar isso. – Falei, dando um passo para trás e estendi minha mão para ela. – Eu sou Altman, um adulto com complexo de adolescente. – Ela riu fracamente.
- Callen, corredora da NASCAR e mãe da sua filha. – Ela falou e eu sorri, puxando-a pela cintura novamente e colei nossos lábios.


Epílogo

- Vai, mãe. Vai, mãe! – Olívia cochichou ao meu lado e eu a abracei de lado, vendo as diversas telas passar a corrida e respirei fundo ao ver o carro preto e laranja poucos centímetros a frente do carro azul e amarelo de e suspirei. – Ela tem que conseguir.
- É sua mãe, ela vai conseguir! – Falei e a menina que era minha cara abriu um sorriso.
O carro laranja pareceu dar uma guinada para frente, deixando para trás e observei os metros que faltavam para o final da corrida e ela tinha pouco mais que 30 segundos de prova. Era isso e depois acabava.
- Meu Deus, , acelera aí! – O engenheiro de gritou. – Algum problema no carro? – Ele gritou para os assistentes.
- Ela está guardando para o final! – Falei um pouco mais alto.
Dito e feito, a menos de 50 metros do final da corrida, o carro de dei uma guinada e ela passou com facilidade o carro da frente, acelerando com força. A bandeira quadriculada agitou em formato do número oito e todos gritamos dentro do pit.
- É! – Olívia gritou ao meu lado e eu sorri. – Ela ganhou!
- Ela ganhou! – Minha filha pulou em meus braços e eu girei aquela adolescente pelo local, vendo-a gargalhar.
- Eu sabia que ela conseguiria. – Horry falou e Olívia correu abraçá-lo, me fazendo gargalhar.
- Vamos lá! Vamos lá! – O engenheiro de falou, tirando o fone do ouvido e saí junto do pessoal do pit e os gritos da torcida eram ensurdecedores.
O carro de estava no gramado no centro da pista circular e várias pessoas já o circulavam. Corri rápido com Olívia ao meu lado e abriu a proteção do teto solar e apareceu por cima do mesmo já sem capacete e com o macacão de corrida. Abri um largo sorriso ao ver seu sorriso e a mesma saiu pelo teto e se deslizou para fora do carro.
Olívia pulou em meu colo, quase a derrubando no chão e ambas gargalharam. Olívia distribuía diversos beijos na mãe, me fazendo sorrir por ter a família perfeita. olhou para mim quando sua filha afastou e eu sorri.
- Foi por isso! – Aproximei o polegar do indicador, vendo-a rir. – Só para dar aquele susto.
- O que é a vida sem alguns sustos, não?! – Ela brincou, pulando em meu colo e a segurei pela cintura, gargalhando com ela.
- Parabéns, minha linda! – Falei, suspirando. – Foi incrível.
- Obrigada! – Ela suspirou. – Minha mãe me ajudou naquela última volta, sabia?
- É? – A coloquei no chão, mantendo meus braços ao redor de seu corpo.
- Ela disse: se você ganhar essa corrida, , vai fazer janta por um mês e ajudar Olívia com as inscrições para a faculdade. – Rimos juntos.
- Ah, ela disse isso? – Brinquei, vendo-a rir.
- Disse!
- Ok, acho justo! – Sorri. – Agora, o que você quer fazer?
- Tomar um longo banho, pedir uma pizza bem gordurosa e ver algum filme bem mentiroso. – Rimos juntos.
- Ok, você manda! – Ela colou nossos lábios novamente, me fazendo sorrir. – Que tal irmos para a premiação antes? – Perguntei, vendo-a rir.
- Acho uma boa ideia! – Ela sorriu, se afastando e abraçou Horry.
Olívia falava com um dos assistentes de , ergui meu olhar para o céu azul e quase fui cegado pelo sol, mas aquilo me fez sorrir. Senti o celular vibrar dentro do bolso e puxei o mesmo, vendo o nome de Judd na tela, respirei fundo e atendi o mesmo.
- Não me diga que alguém morreu. – Falei, ouvindo sua risada do outro lado.
- Não, cara! Estávamos vendo a corrida, manda um beijo para . – Sorri.
- Pode deixar, ela está muito feliz.
- Então, escuta, estávamos pensando em ir passar uns dias aí com vocês, na mansão top que você e tem aí...
- Que tem, a loja não lucra tanto assim ainda. – Falei, ouvindo-o rir fracamente.
- E então? – Ele perguntou.
- Claro, posso ver, agora com o fim da temporada fica mais fácil. – Falei.
- Perfeito.
- Quanto tempo vocês pensam em ficar? Para eu ver com ela? – Ele pareceu parar e falar com outra pessoa.
- Ah, não sei, uns sete dias? – Ele falou. – Mas seria todo mundo, Wendy, Paul, as crianças, esposas...
- Sete dias? – Perguntei.
- É, o que acha? – Ele perguntou.
- Você sabe o que acontece quando nós ficamos juntos por sete dias. – Falei e ele gargalhou.
- Essa é graça, meu amigo! – Ouvi Penny gritando ao lado dele.
- Vamos conversando, ok?! – Judd falou, me fazendo rir fracamente.
- Fechou, cara! Deixa eu ir que ainda tem a premiação! – Falei, desligando o telefone e o coloquei de volta no bolso.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntou um pouco longe.
- Judd e a galera querem vir passar sete dias com a gente. – Falei.
- Sete dias? – Ela perguntou.
- É! – Falei, vendo-a rir
- Vai dar muito errado! – Ela disse e eu gargalhei, abraçando-a de lado e seguindo em direção ao pódio.




FIM!



Nota da autora: Quando eu comecei a crushar o Adam Driver, eu assisti vários filmes dele e encontrei o filme Sete Dias sem Fim que eu simplesmente me apaixonei. Eu gargalhei demais e fiquei louca por uma continuação.
Como as fanfics acontecem mais rápido que possíveis – e impossíveis – produções de cinema, aproveitei esse ficstape para escrever essa continuação como o pp como o Phillip do filme, pessoalmente meu personagem favorito. Caso você tenha chegado aqui sem ver o filme, corre lá, até o envio desse ficstape (01/05/2020) tinha no Netflix.
Depois de assistir, me digam o que acharam tanto do filme quanto da fanfic, beleza?
Espero que gostem.
Beijos, beijos!



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