Finalizada em: 18/10/2016

Capítulo Único


Ullineun jeonhwado batjima joyonghi duja
Uri dul malgon amudo
Allyeojul piryodo eopjanha geudaero duja
Wae geokjeonghani neon
Gwaenchanha gwaenchanha
Ne maeum jeonbu algo isseo gwaenchanha
Gwaenchanha gwaenchanha
Boyeojwo ne bimireul da


(Não atenda o seu telefone que está tocando, deixa isso pra lá
Não precisa dizer pra qualquer um além de nós dois
Vamos apenas deixar pra lá, porque está preocupada?
Tudo bem, tudo bem, eu conheço seu coração
Tudo bem, tudo bem, tudo bem
Me mostre todos os seus segredos)


Olho para os ponteiros do relógio se movendo em um tempo que parece infinito. Logo em seguida pego meu telefone para checar se a hora realmente está certa. Não é possível que os minutos estejam passando tão devagar.
O horário está igual em ambos. Meu coração treme de preocupação, meu corpo funcionando como um motor de um carro prestes a enguiçar, completamente exausto e estressado. Supostamente ele já deveria estar chegando. No instante em que a boate fechava, ele vinha para mim, para os meus braços.
Na janela começo a avistar o sol que já nasce, indicando os primeiros sinais de seus raios, estes que vinham trazendo luz, vida, aquecendo, aconchegando, espantando a solidão e a tristeza. Não é a toa que tão belo como é o sol tenha sido adorado como um Deus por diversos povos ao longo da história da humanidade.
Meu sol de todos os dias era . Apenas havia essa coisa sobre ele, esse brilho e magnitude que eu não conseguia explicar, o mais perto que poderia chegar seria dizer que ele me trazia de volta a vida, despertava minha alma.
Suspiro, deixando a ar esvair dos meus pulmões aos poucos enquanto resolvo me sentar no sofá.Pego o cobertor e me ajeito nele, esperando ouvir os barulhos da porta ao lado. Abraço meus joelhos próximos ao meu peito e ali descanso minha cabeça.
Por que era tão difícil odiá-lo? Eu gostaria de poder, dessa forma tudo se faria simples e doce, como sorvete de chocolate. A verdade é que nossos corações viviam sendo rebeldes, o meu não se fazia exceção. Em minha mente eu tentava convencer a mim mesma de uma mentira, repetindo sempre as mesmas baboseiras “você não o ama”, “vocês são só amigos”, “só vizinhos”, “ele não sente o mesmo”, “você faria isso por qualquer um”.
Escutei o que parecia ser um tropeço barulhento seguido de um resmungo. Joguei o cobertor para o lado e fui correndo até a porta de entrada. Parei diante dela, tirando um segundo para mim antes de receber o que eu sabia que me cegaria, afinal, o sol não se contentava em ser pouco. Ele fazia questão de ser arrebatador.
O ditado popular sempre tentou me alertar “o amor nos deixa cegos”, mas esqueceu-se de completar a parte que avisa a todos sobre o risco de também nos deixar sem o coração. Não em um sentido ruim de virar desalmada, nada a ver com o tipo “sofria, agora sou fria”, e sim com aquela constante irritante que era o sentimento de tê-lo pulsando nas mãos de outro, andando por aí fora do peito.
Como toda vez abro a porta. Os pelos do meu corpo se arrepiam, eriçados como o de uma gata com medo, e issomesmo antes de vê-lo.
O observo parado na parede ao lado, encostado, com o corpo jogado e claramente bêbado, tentando enfiar a chave na fechadura.
Vou aos poucos chegando mais perto sem querer assustá-lo. Toco com minha mão em um de seus ombros e sussurro seu nome.
. – Seus olhos aos poucos recaem sob mim, e o quão feliz eu não fico ao ver um sorriso irônico e safado surgir em seus lábios, se dirigindo a mim.
Um daqueles que já tinha marca registrada, que sempre me fazia sorrir junto tímida e levava meu rosto a ficar quente. Olho para o chão sem graça e depois volto a encara-lo, ajeitando os óculos no meu rosto.
! – Cumprimentou. – Por que você sempre acorda tão cedo? – Balançou a cabeça, parecendo confuso e levemente indignado.
– Ah, você sabe, um pouco de insônia. – Uma mentira deslavada que eu contava toda vez, e ele fingia acreditar, ou sei lá...
Não tinha ideia do quanto ele realmente recordava estando sóbrio. Sabia que havia dias em que ele praticamente não havia bebido, ou parecia não ter. Acontece que nós mal nos falávamos, só naqueles momentos, nossos momentos. Àqueles especiais segundos em que eu o ajudava e me apaixonava por ele. Instantes em que ele aos poucos ia roubando cada pedacinho de mim, mesmo que eu estivesse consciente de que, provavelmente, o sentimento não era recíproco.
– Você pode me ajudar com... – Balançou a chave a minha frente. Eu apenas concordei com a cabeça ainda quieta e levemente sem graça.
Quando passei a sua frente para colocá-la na fechadura senti seu corpo perto demais do meu, sua respiração caindo pesada no meu pescoço desnudo. Podia jurar que seus olhos recaíam sobre o meu corpo agora mesmo.
Congelei.
Engoli seco.
Fechei os olhos.
Então covardemente abri a porta o mais rápido que consegui, entrando rápido para dentro de seu apartamento e me afastando dele.
Por que eu fugia quando o queria tanto? Era complexo, ou extremamente simples dependendo do seu ponto de vista.
É que... Eu sabia que, por mais que eu estivesse queimando com o seu fogo, ainda havia aquela minúscula parte que me mantinha sã, se eu entregasse até mesmo isto a ele, se eu o beijasse, tocasse... Então a merda toda iria a baixo.
Não existe salvação para quem quer estar no inferno.
E não havia dúvidas em mim: se nós dormíssemos juntos, eu não iria querer outra coisa além disso. Não haveria astro, seja estrela ou lua, que pudesse roubar minha atenção do ator principal em cena.
– Você está bem? – Questionei, tentando assegurar seu estado.
Ele não parecia tão mal, mas eu não tinha certeza se podia deixá-lo ali sozinho. Talvez ele precisasse de mim, talvez eu quisesse que ele precisasse.
– Eu nunca estou bem. – Riu desgostoso e olhou para baixo.
Meu coração se apertou, pois eu sabia que era verdade, apenas não fazia ideia do motivo. Ele nunca estava bem. Ao menos não desde que se mudou para o meu prédio.
Meu vizinho.
Já fazia dois meses, na primeira semana eu não percebi nada, ele parecia ok, talvez os novos ares houvessem lhe dado um up. Nas três semanas seguintes, no entanto, começaram as bebedeiras e toda a merda que vinha junto com esta, para ser justa ele vinha melhorando bastante nos últimos tempos, mas...
A princípio, não liguei muito também. Não reparava tanto assim. Ele era só o vizinho gato e mulherengo.
Foi no segundo mês que tudo aconteceu.
BOOM!
Foi bomba, morte imediata, tiro certeiro, não tive sequer chance de tentar resistir.
– Não preciso lhe dizer que pode conversar comigo se quiser, mas mesmo assim acho que insisto em te lembrar. Então... – Enchi meus pulmões de ar, deixando os ombros caírem logo em seguida. Era preciso muito fôlego para olhá-lo nos olhos como eu fazia agora. – Você pode se abrir comigo!
– Você é boa demais para mim. – Revirei os olhos cansada.
Era o que ele sempre dizia, e eu nunca entendia, mas interpretava aquilo como se ele me visse como uma irmã mais nova, o que estava bem longe do que eu esperava e desejava.
– Vamos logo com isso, vem aqui que eu vou inventar alguma coisa para você comer. – Chamei, invadindo sua cozinha e vendo o que tinha nos armários quase vazios. – Você precisa fazer compras. – Reclamei.
– Eu preciso de você. – Disse, flertando. Fiquei quieta porque sabia que era a sua versão bêbada falando mais alto, preferia me convencer disso, não tinha emocional para lidar com um homão daquele me querendo.
– Aqui, um pouco de cereal deve te ajudar. – Falei e fechei o armário, em seguida colocando caixa, prato e colher a sua frente.
– Gostei do pijama. – Comentou, ignorando por completo a comida a sua frente.
Mais uma vez, incomumente, senti meu rosto ferver. Vamos lá, agora já devia ser por volta das cinco e meia, lógico que eu dava uma olhadinha no espelho para ver como estava e escovava os dentes, porque né? Nunca se sabe, dito isto trocar o meu pijama da Pucca merecia um esforço que o horário não me permitia, por outro lado se eu tivesse mudado não sentiria como se tivesse cinco anos agora.
Não que fosse muito incomum as garotas terem pijamas estampados como o meu, apenas me questiono se elas já tinham ficado muitas vezes assim na frente do vizinho terrivelmente gato.
– Sua bochecha está ficando vermelha. – Afirmou gargalhando. Me virei para frente do balcão na tentativa de esconder meu rosto e mascarar o indisfarçável.
– Quer um pouco de leite também? – Questionei ao ir em direção a geladeira e a abrir. Não esperei pela sua resposta e logo o coloquei a sua frente.
– Você não é minha mãe, não precisa fazer isso. – Rolou os olhos.
– Isso o quê?! – Me fiz de desentendida, irritada pela comparação e com vontade de jogar o leite que eu derramava na tigela na cara do infeliz.
– Cuidar de mim.
– Só não quero que a polícia bata na sua porta daqui a uma semana e encontre seu corpo apodrecido. O incomodo, o cheiro de cadáver, e o risco de você voltar para nos assombrar provavelmente me levaria a ter que mudar de prédio, e acredite ou não eu realmente gosto do meu apartamento. – Dei de ombros.
– E o seu namoradinho?
– O quê?
– O . – Não consegui conter a gargalhada que saiu de dentro de mim, desesperada.
– Ele não é meu namorado, não mesmo!
– No entanto ele gostaria de ser.
– Acredite, não, ele não gostaria. – Havia gostado da sensação que me dera diante da percepção de que ele tinha reparado em mim, mesmo que um pouco, e quem sabe até sentido... Ciúmes. Bem, talvez eu estivesse me iludindo demais.
Mas eu e não tínhamos nada, nem teríamos, não nessa vida, e nem em um milhão de anos. era completa e totalmente apaixonado por . Eles haviam se conhecido no trabalho e desde então vivia no seu apartamento tanto quanto seu namorado morava no nosso.
Meu melhor amigo de anos. Dividíamos o lugar desde os tempos de início da faculdade e confesso que a princípio morria de ciúmes do seu novo amante pensando que ele iria se mudar por conta disso, e por fim me abandonar. O pensamento de ficar sozinha me aterrorizava, não podia mentir.
E mais, com quem é que eu ia choramingar? era reservado e na dele quanto a maiorparte das pessoas, mas como eu havia dito, nos conhecíamos há muito tempo, o suficiente para que adquiríssemos a liberdade de sermos nós mesmos um com o outro.
A parte triste era que ultimamente eu vinha sentindo como se meu amigo evitasse compartilhar algumas notícias felizes do casal simplesmente para não me por para baixo quanto a .
– Não vai comer? – Perguntei, notando tudo ainda intocado enquanto ele descansava seu maxilar nas mãos.
– Se eu por qualquer coisa para dentro agora provavelmente daqui a meia hora ela vai para fora.
– Você está passando mal? Parece bem.
– E estou, só acho uma melhor ideia não arriscar.
– Talvez só devesse tomar uma ducha então.
– Aí vai ela mais uma vez! – Reclamou, olhando para o céu e bufando.
– Ei! Qual o seu problema hoje, hein? Ranzinza. – Devolvi, esperando aliviar um pouco da raiva que já me tomava. Odiava gente ingrata.
– Já te disse que não precisa vir toda chefona, mandona e mãezona para cima de mim.
– Se eu fosse sua mãe eu não mandaria você se foder, mas adivinhe? Vá. A. Merda. . – Bati as mãos no balcão e fui em rompante até a porta. Antes que eu a atravessasse ele me segurou pelo ombro,me impedindo e dando uma volta para ficar de frente para mim, deixando nossos rostos apenas a centímetros um do outro.
– Desculpe, . – Por um segundo ali eu ia desculpá-lo, mas então... – Você está certa, eu sou um babaca. E mesmo assim você adora ficar zanzando em volta, não é? – Perguntou debochado.
Neguei com a cabeça decepcionada. Puxei meu braço e ele facilmente me deixou ir. Lógico, porque tudo para ele não passava de um jogo, eu não era mais do que uma estranha que insistia em se meter na sua vida.
– Vá dormir, , você precisa descansar. – Foi o que me limitei a sussurrar ao levantar meu olhar até ele que me devolvia não da forma que eu esperava, não tinha muito que se esperar de alguém que eu só encontrava na calada da noite.
Mantivemos nossos olhares até que ele resolveu quebrar aquela conexão se aproximando de forma inesperada de mim. Quando me dei conta seus lábios já estavam no meu, e no exato segundo em que fechamos os olhos para aproveitar a sensação o seu celular começou a tocar. Imediatamente me afasteiassustada, levei a mão a boca desacreditando que aquilo realmente houvesse ocorrido. Subi meus olhos aos dele, que pareciam surpresos com seu próprio ato.
Dei-lhe as costas e sai correndo do seu apartamento, só parando quando estava segura em meu quarto, na minha cama. Tentei me aconchegar ali, mas o resto da manhã inteira virei de um lado para o outro sem conseguir pregar os olhos.


Neujeotda shipeul ttaen
Imi son sseul su eopseul jeongdoro
Naege ppajyeotdago (angeurae?)
Jeonbuda almyeonseo shijak haenohgon
Ije waseoneun jeonbu nae tashirago?


(Quando você pensa que é tarde demais
Isso está fora do seu controle
Você já se apaixonou por mim (não é?)
Você sabia tudo desde o começo
E agora está colocando toda a culpa em mim?)


Passo o dia seguinte inteiro sem conseguir tirar o gosto dos lábios do meu vizinho dos meus, sem conseguir dormir direito, comer direito, respirar, pensar. Ele parece como um veneno lento e fatal que aos poucos toma conta de mim, me deixando a definhar. Vou para a faculdade e volto, mas poderia ter perdido a aula que daria no mesmo, pois enquanto estava lá minha cabeça permaneceu em outro lugar, em um mundo abstrato.
Tudo que se passa na minha mente são as lembranças do nosso último encontro. Assim como as do primeiro.
Sim, a primeira vez em que eu havia decidido por mim mesma, simplesmente que seria uma boa ideia me meter em sua vida sem convite e não me dando ao trabalho de pedir licença. Entrando como se ele fosse meu e me pertencesse, parecendo que o conhecia há anos, quando, honestamente, naquele tempo, mal tinha trocado muitos bons dias e boas noites com o recém-chegado da vizinhança.
Já passava das três da manhã e eu ainda não havia conseguido pregar meus olhos. Em algumas noites a ansiedade me atacava tão forte e acabava por me arrancar o sono, então eu virava por horas de um lado para o outro sem conseguir dormir. No outro dia eu estaria exausta, e só de pensar nisso eu já ficava irritada e ainda mais agitada, me frustrando cada vez mais.
Cansada daquilo desci para sala e deitei no sofá, liguei a televisão esperando que fosse me dar algum sono.
Nada.
Mais meia hora se passou sem que eu obtivesse qualquer sucesso. Minha barriga já começava a reclamar. Claro! Porque as coisas nunca se facilitavam para mim, e como eu não conseguia cochilar com fome agora tinha que levantar e preparar alguma coisa fácil, ou então pegar algum biscoito no armário.
Voltei para sala, um filme de terror havia começado, fiquei ali, atenta a ele enquanto comia meu lanche da madrugada. Podia parecer estranho, mas filmes de terror e suspense em geral me davam sono, então aquilo era provavelmente a melhor opção agora.
Vai entender a minha cabeça louca, não é?
Os três assassinos estavam parados em frente a porta da casa. Seus rostos cobertos por máscaras, os personagens burros presentes em cada um desses filmes agiam como se fosse mais um dia normal, olhavam um para a cara do outro se questionando sobre abrir a porta ou não, em dúvida se a polícia havia chegado ou se...
E bem na hora que ele destrancaram a fechadura.
– Merda! – Dei um salto assustada, por pouco não derrubando todo aquele farelo de comida no sofá.
Levei a mão ao coração que saltava inquieto agora com o susto e a surpresa. Aquele som não tinha sido no filme, não mesmo.
Levantei do sofá, pé ante pé para não fazer barulho, não queria acordar meu amigo, e tão pouco alertar quem eu sabia que estava no corredor. Então cheguei perto do olho mágico observando exatamente quem eu esperava sentado no chão do corredor, a cabeça encostada na parede. Apesar de seu estado ele ainda conseguia parecer extremamente atraente vestido todo de preto e com o cabelo bagunçado daquele jeito.
Durante um segundo ele olhou para porta e eu me afastei, dando dois passos para trás. Eu estava sendo boba, ele não podia me ver. Ou será que?... Não tinha como, certo?
Aproximei-me de novo, voltando a espiá-lo. O quão safada me faria confessar que, muito provavelmente, assim que conseguisse fechar meus olhos, teria sonhos pecaminosos com ele?
– Posso ver a sobra dos seus pés embaixo da porta, pessoa estranha. – Ouvi seu resmungo enquanto olhava para o teto.
Novamente me afastei, sentindo meu corpo começar a suar de nervoso. Puta que pariu. Aí, Jesus! Nem tudo estava perdido dava para fingir que isso nunca havia acontecido, mesmo se ele recordasse disso no dia seguinte, ele nunca iria saber se quem estava fuxicando seu momento no corredor era eu ou .
Ou... Ou a adrenalina podia dominar meu corpo e eu podia ter um ímpeto de coragem como em poucas vezes na minha vida e abrir a porta para conversar com ele.
Se bem que talvez ele estivesse passando mal e não quisesse saber de papo.
Não!
Minha mente precisava parar de me sabotar, afinal, o que de pior podia acontecer?
Destranquei a porta nervosa e no segundo em que abri uma brecha tive vontade de recuar e fechá-la novamente, mas aquilo só tornaria as coisas ainda mais estranhas. Então continuei até que fosse possível realmente nos vermos.
– Já estava me perguntando se estava imaginando coisas, ou quem sabe se o prédio era assombrado. Uh! – Fez o som assombrante com sua boca. – Isso seria bem legal.
– Acho que sim. – Sussurrei, dando de ombros.– Meio caça fantasmas.
– E ela ainda fala! – Fingiu choque. – Que garota incrível. – Piscou um de seus olhos para mim, brincando, mal ele sabia que a essa altura a manteiga já havia derretido toda.
– Você precisa de ajuda com alguma coisa?
– Na verdade sim. – Arregalei meus olhos, surpresa.
– E eu posso ajudá-lo com... – Sugeri, permitindo-o continuar.
– Não sei onde estão as chaves do meu apartamento, e acho difícil que a única pessoa que tem a reserva esteja acordada essa hora. Então estava me perguntando se... – Olhou para trás de mim.
Merda! Fechei os olhos, os imprensando.
– Não acho que seja uma boa ideia. – Tentei negar e tampei imediatamente a entrada com o meu corpo, não queria ser rude, mas...
– Ah, vamos lá! – Insistiu. – Prometo me comportar. – Revirei os olhos diante de seu sarcasmo.
Respirei fundo, cogitei uma, duas, dez vezes.
– Tudo bem. – Apertei os olhos e passei a mão pelo cabelo, sabendo que aquilo não seria uma boa ideia. – Nem pense em sentar no sofá, você claramente precisa de um banho primeiro, e nada de barulho, tem gente dormindo. – Gritei, dando ordens enquanto caminhava até o armário para lhe pegar uma toalha. Roubei uma blusa e calça de escondido para lhe emprestar. Quando voltei à sala ele estava totalmente esparramado no sofá. – Ei! – Levantei o tom de voz. – O que eu te disse sobre o sofá?!
– Tudo bem, tudo bem, desculpa. Quem diria que você era tão mandona, hein? – Riu.
– Peguei isto aqui para você, há um banheiro no final do corredor. – Joguei as coisas para cima do seu peito sem menor delicadeza ou cuidado. Eu já tinha que lidar com achá-lo atraente sozinha, não precisava que ele percebesse isto.
Não dizer nada leva ao fato de que nada poderá ser usado contra você. Era um via de mão dupla.
– Obrigado. Você vem também? – Demorei um tempo até processar sua frase, e assim que o fiz senti tanto vontade de estapeá-lo por ser tão descarado, quanto de me juntar a ele por ser tão malditamente lindo.– Desculpe. – Riu. – Estou apenas brincando, um pouco bêbado demais, eu acho. – Coçou a cabeça, parecendo pela primeira vez envergonhado, o que me fez abrir um sorriso espontaneamente. Olha... Até ele, né, isso sim é algo que eu chamaria de surpresa. – Não que isso seja desculpa, e além do mais eu nunca seria rude assim, e eu sei que você não... Quero dizer eu não... E também... – Começou a se embolar com as palavras e eu o interrompi antes que a situação piorasse.
– Tudo bem. Apenas... Vá tomar o banho antes que eu me arrependa de tê-lo deixado entrar. – Balancei a cabeça em negativa com um sorriso no rosto pelo seu embaraço.
Este que apenas assentiu e deu as costas, indo.
É, eu não tinha sido tão evasiva assim, talvez sequer seja culpa minha. E sim dele que entrou como um furacão e arrastou tudo consigo. Só podia esperar que não deixasse toda essa bagunça para trás e partisse.

Fico o dia inteiro na dúvida constante se deveria contar ao meu melhor amigo sobre o ato inesperado da madrugada ou não. Dividir aquilo com alguém seria terrivelmente bom, por outro lado colocar para fora me dava à sensação de que as coisas passariam a ser muito mais reais. Não estava certa se era aquilo que eu realmente queria ou precisava.
Quando ele chega mais tarde começamos a preparar o jantar.
– Amanhã é sábado, pensei que fosse sair com o hoje. – Comentei.
– Nós brigamos. – confessou, revirando os olhos.
– Sério? Vocês nunca brigam. – E de verdade, eles raramente brigavam.
– Eu sei. – Ele deu de ombros. – Nós estávamos conversando sobre algo que não estou com muita vontade de falar sobre, para ser sincero. – Franzi minhas sobrancelhas estranhando sua resposta, não era muito de guardar segredos comigo.
Estava tão preocupada comigo mesma que não dei a importância que deveria. Então enquanto colocava o prato no balcão soltei a bomba para cima dele.
me deu um beijo hoje. – Percebi o instante em que ele arregalou os olhos e começou a tossir. – Não foi nada! Nós mal encostamos os lábios. – Me expliquei rapidamente, passando a mão pelo cabelo sem saber como agir.
– Eu sabia! Avisei que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Quer dizer, eu sinceramente acreditava que vocês estavam dando mais do que beijos faz tempo.
! – Soltei um gritinho, rindo.
– Ah... Vamos lá, né, encontros quase todos os dias na madrugada. – Levanta uma das sobrancelhas e dei de ombros, me fazendo de desentendida. – O cara parece ser um idiota, , não caia na dele, não acho que ele realmente te mereça.
– E você só vem me falar isso agora? Depois de ficar pensando esse tempo todo que eu já estava até dormindo com ele? – Ri desacreditada no meu amigo e sua cara de pau.
– Antes tarde do que nunca. – Falou distraído enquanto secava um prato, o guardando em seguida. – Mas é sério, ele não me passa muita confiança, você é linda, delicada como uma flor. – Seu tom saiu fofo e delicado. – Ele é o espinho. – Fechou o rosto, mudando o tom e me levando a rir levemente da minha própria desgraça.
– O problema é que... – Comecei, ainda com um sorriso no rosto, porém aos poucos sentindo minha garganta doer e fechar. – Já caí. Com a cara no asfalto ainda por cima, não um tombo qualquer.
... – Estendeu seus braços, me chamando para perto de si. Fui sem reclamar e encostei minha cabeça em seu peito. – Eu sei que sou provavelmente a pior pessoa do mundo quando se trata de conselhos amorosos, não sei bem como eu tive a sorte de dar tão certo com o . De certo, você não deveria me escutar. Vai ver o cara não é tão idiota como parece, eu apenas fico preocupado porque sei que você não sabe se proteger desse tipo de coisa, você mal sai em encontros.
– Talvez você esteja certo.
– O que acha de nós dois terminarmos isso que estamos fazendo aqui, nos arrumarmos, e sair? – Seu olhar matador recaiu sobre o meu.
Um coração partido se juntando a outro coraçãotambém quebrado e saindo por aí para quem sabe tomar um pouco de soju e outras coisas mais. Isso não podia ser uma boa ideia, de qualquer forma não estava no clima para boas ideias...
[...]

Nós nos arrumamos, eu ajudei a escolher algo decente, meu amigo era péssimo quando se tratava de moda. Um de nós tinha dedo podre quando se tratava de roupas, outro quando o assunto era homens. Não disse quem é quem.
Chamamos um táxi, e este não demora muito a chegar. Escolhemos ir até um pequeno pub próximo de onde morávamos, preferirmos não ir longe para evitar o trânsito.
– Ok! Já te aviso com antecedência que se as coisas começarem a esquentar para você, não se preocupe que dou um jeito de dar no pé daqui. – Meu amigo me avisou.
– Claro que não! – Exclamei. – É a nossa noite, para comemorar a nossa amizade, se um de nós não pode se divertir e ser safado ao mesmo tempo é justo que o outro também não. Ninguém de vela por hoje. – Disse enquanto acenava para pedir uma bebida.
– Ah, tá bom, esse é o discurso que você dá agora, quero ver daqui a pouco.
Algumas horas, minutos, ou sei lá quanto tempo depois – não estava realmente contando – e algumas bebidas a mais – também sem contas por aqui -, nós já estávamos na pista dançando e nos acabando. Eu não era exatamente uma boa dançarina. por outro lado me colocava no chinelo, o homem dançava, e como... Ele era reservado, mas em momentos como esse parecia encarnar outra pessoa, como se fosse um personagem.
– Eu acho que tem um carinha olhando para você bem ali. – Sussurrei em seu ouvido rindo. – Mas me desculpa, sou cem por cento team você e , então acho que vou ter que vigiá-lo esta noite, mocinho.
– É... – Seu sorriso pareceu amarelo e incomodado, não entendi, em qualquer outra noite teríamos rido e feito piadas sobre aquilo. Decidi deixar de lado e continuar agindo como se não houvesse amanhã, afinal de contas, quem tinha certeza se haveria mesmo um amanhã? Certamente não eu nesta noite. – Eu estou comprometido, mas você está solteira, , não acha que já é hora de arranjar alguém para te fazer companhia? Quer dizer, eu não sei bem como é estar solteiro, já estou com o há tanto tempo, só que... Você não sente falta ás vezes de ter alguém?
– Por que sentiria? Eu tenho você. – Ri mais do que normalmente, a bebida me deixando entorpecida e com as emoções um tanto quanto afloradas.
– Sim, mas não para sempre; e por isso eu me preocupo se você não vai se sentir solitária sem que eu esteja ao redor.
– Oh meu Deus, não seja tão dramático, e um pouco mais de humildade, por favor, porque você não é isso tudo. – Brinquei, implicando. – Que ego grande! Além do mais, não é como se você fosse morrer amanhã. – Dei de ombros, revirando os olhos não gostando muito no assunto no qual tocávamos.
Sim, eu tinha escondido bem, pelo menos acreditava ter, contudo, não podia negar que um tiquinho de vontade de chorar permaneceu comigo. Estava me divertindo naquela noite, e sabia que em parte também, mas não precisava ser um especialista para perceber que havia um elefante no meio da sala sobre o qual ele hesitava falar.
– Você provavelmente está certa, vem! – Chamou. – Vamos ao bar descansar um pouco os pés e pedir uma dose de algo que vá nos ajudar a repor as energias. – Nós dois gargalhamos enquanto seguíamos até lá.
Conversa vai e conversa vem alguém surge, tocando meu ombro e interrompendo nosso papo.
– Desculpa. – O homem que eu não fazia a mínima ideia de quem fosse, porém havia me atraído muito, pediu. – Eu percebi que vocês estão sozinhos e eu e meu amigo ali. – Apontou com a cabeça. – Gostaríamos de saber se vocês não aceitam uma bebida, por nossa conta. – Olhei para a cara de sorrindo com cumplicidade, ia negar o convite, contudo antes que o fizesse respondeu por nós.
– Claro! – Enquanto ele se afastava levemente para comunicar o amigo da nossa resposta, aproveitei para dar um cutucão na perna do homem ao meu lado.
– O que você está fazendo?!
– Enrolando o amigo dele para não te empatar com aquele Adonis. – Levantou uma das sobrancelhas antes de levantar seu copo, esperando que eu me juntasse a ele e brindasse. Neguei com a cabeça, rindo.
– Oh céus. – Acabei por não me conter e também levantei o meu, brindando com o meu amigo.
Eles se sentaram conosco e foram perfeitos cavalheiros, porém o que conversava comigo tinha esse jeito de sorrir que por um segundo me lembrou tanto de , o que havia sido tempo suficiente para que eu passasse o resto da conversa dividida entre expulsar aquele homem da minha cabeça e prestar atenção no que o lindíssimo cara a minha frente me dizia.
Minhas tentativas no final eram inúteis, sempre vencia. Mesmo em meus pensamentos, então a todo o momento tinha que me cutucar e me ajudar a voltar a conversa, ao ponto em que eu fiquei tão frustrada que tive que pedir licença para ir ao banheiro.
Molhei um pouco o rosto na tentativa de me acalmar, respirei fundo e me olhei no espelho, à maquiagem àquela hora já tinha ido quase toda embora, por sorte meu olho permanecia ok, então não eu estava igual um panda. Um grande obrigada a quem inventou o rímel a prova d’água.
Depois de me acalmar eu já ia voltando para onde estava, acontece que ainda ao longe percebi que não se encontrava mais sentado ali. Estranhei e comecei a olhar ao redor, o procurando. Pelo vidro consegui ver que ele estava do lado de fora falando com alguém ao telefone, lá dentro seria impossível por causa do barulho, fui atrás dele.
Ali então, antes de chamar sua atenção, que consegui escutar o motivo da sua briga com .
E incrivelmente o pilar daquilo era eu!
– Olha não, dá para conversar direito agora, depois falamos sobre isso. – O escutei enquanto permanecia escondida no meu canto. – Não, eu ainda não falei com ela sobre me mudar. – O quê?! Mas que Diabos. Por isso então que ele estava vindo com “eu não vou estar sempre por perto” mais cedo? – Não é fácil assim, não quero magoar a e nós vivemos juntos durante anos, não quero lhe dar um tempo difícil com isso. – E além de tudo eu ainda empatava a vida do meu melhor amigo.
Quais eram as chances da minha semana piorar? Eu não queria vê-lo infeliz, mas se ele fosse embora...
Eu não sabia como fazer aquilo, não sabia ficar sozinha, os filósofos e sociólogos mais antigos já afirmavam que o ser humano é um ser sociável, precisava conviver com outros, acontece que eu era a pessoa mais isolada do mundo e estava parada aqui agora escutando provavelmente não só meu melhor amigo, mas também um dos meus únicos amigos, dizer que ele estava me abandonando. Não queria ser dramática, eventualmente isso iria ter que acontecer, acontece que...
– De verdade, está muito barulho aqui, eu te ligo daqui a pouco, prometo que vou contar a ela, não se preocupe.
Antes que ele pudesse se virar e me ver, corri para dentro, me escondendo em um cantinho qualquer, dali mandei uma mensagem para o seu celular pedindo desculpas e dizendo que tinha ido a casa da minha mãe para resolver um problema. Bobagem, claro, e ele não iria comprar, mas eu podia resolver aquilo depois, agora eu precisava de um tempo.
Encarei o número do meu vizinho no visor, pensei e repensei trocentas vezes se aquela era mesmo minha melhor opção, porém chegou um momento em que eu preferia acreditar que havia sido a bebida, mas podia ter sido meu interior falando, gritando, berrando, mais alto. Então disquei seu número.
– Alô, desculpa te incomodar, mas onde você está? – Aguardei sua resposta. – Tudo bem, estou indo para aí.

Na hoching jeongrin dwaesseo
Ipmajchum hanbeon, that's all
Na gateun nom mannan geon neo
Haengunilji agyeonilji galliji
Du gallaz gil, yes!
Kkok jalmot samkin wiseuki
Neol tteugeopge deo deultteuge
na mandeulge (leggo)

(Se isso é sorte sua ou azar
que você encontrou um cara como eu
Vai ser como uma estrada dividida, sim,
como whisky que você derramou sem querer
Eu vou deixar você mais quente
mais excitada (vamos lá))


– Eu juro que este é o último lugar da terra em que eu esperava te encontrar. – Disse com a cabeça encostada no batente da porta, mordendo meus lábios e capturando aqueles lindos olhos, boca, e rosto inteiros para mim.
– Na minha casa? Em algumas noites tudo o que um cara como eu precisa é netflix&chill, apenas relaxar e assistir algum filme ruim. – Deu de ombros, brincando.
– Ah tá bom, sei, como se você fosse esse cara! – Entrei, esbarrando em seu ombro nu propositalmente.
Pelo menos para me dar coragem de provocá-lo um pouco a bebida tinha que servir certo?
– Na verdade esse cara é exatamente quem eu sou, o cara que saí e bebe é o incomum na minha vida. – O observei dar de ombros.
– Cadê ela? – Soltei, disfarçando minha irritação. Eu ia me arrepender disso mais tarde, porém chances... Temos que aproveitá-las.
– Ela quem?
– A mulher que vem fazendo você se jogar aí pelo mundo, então “senhor que se diz certinho”. Suponho que vocês já tenham feito às pazes considerando que você está em casa todo comportado. – Sugeri debochada, ainda fingindo desdenhar da situação, mas me matava não saber uma resposta.
– Primeiro de tudo, eu nunca disse que havia uma mulher. Segundo, você bebeu? – Levantou uma de suas sobrancelhas, rindo.
– Sim! – Dei um gritinho animado comemorando, subitamente mudando de humor. – Eu deveria ser mais como você, eu queria ser. Cometer mais loucuras, fazer mais esse tipo de coisas, me divertir, conhecer alguns caras... – Levantei a sobrancelha na última parte, rindo em sua direção.
– Você é ótima do jeito que é. – Riu. – Deveríamos tirar foto ou algo assim? Essa, provavelmente, é uma das conversas mais longas que temos em que eu estou sóbrio, nada saudável, vou morrer aos quarenta. No entanto,temos um momento memorável diante de nós.
– Ah, não mesmo, prefiro continuar me iludindo que ainda estou tão bonita como quando sai de casa.
– Eu não sei como você estava quando saiu, mas definitivamente você está terrivelmente... Linda agora. – Ouvi falar sem pudor algum, me olhando de cima abaixo. – Minhas bochechas esquentaram e meu coração se encheu, não acreditava no que o maldito estava dizendo, ainda assim algumas mentiras eram tão boas de serem escutadas.
– Não me sinto assim, me sinto como uma merda flutuante. – Confessei, me jogando no sofá.
– O que aconteceu?
– Você aconteceu, mas isso já é outra história. – Comentei, sem perceber que minha boca grande e bêbada estava me fazendo confessar demais, percebi de canto de vista o seu leve arregalar de olhos. – vai se mudar.
– E você não está contente com isso porque... – Deixou a frase se esvair, me permitindo continuar enquanto também sentava no sofá e colocava meus pés no seu colo.
– Você é um estranho. – Balancei a cabeça, negando enquanto olhava para o teto. – Eu estou dividindo meus problemas com um completo estranho, devo ter perdido a noção das coisas, estou louca.
– Ah, que isso!Acho que já podemos nos chamar de amigos, temos química, e além do mais já faz tempos que conversamos.
– Sim, noventa e nove por cento das vezes com você bêbado. – Revirei os olhos.
– Isso não é bem verdade, várias das vezes em nossas conversas eu não tinha tomado nada.
– Então apenas me deixou supor que você estava embriagado?! – Quase gritei, me sentando rapidamente no sofá.
– Não é como se nessas vezes você tivesse me perguntado se eu estava ou não. – Abri a boca espantada e aos poucos fui começando a rir. Não demorou muito para que eu o escutasse me acompanhar. – Ai, céus... – Joguei meu corpo de volta. me deitando. – Então você se recorda de tudo? E é doido assim mesmo até sóbrio? Eu queria ser essa pessoa.
– Acho que sim, mas isso é provavelmente o que alguém que não lembra de algo diria, afinal... – É, havia sido uma pergunta meio estúpida, se você não recorda algum fato não sabe que não lembra, certo? Ou errado? Nossa, aquilo estava mais complicado agora que eu tinha tomado umas, quase matemática, um nó na minha cabeça. – E quanto à parte do doido acho que você julgaria isso melhor que eu. – Rio levemente, minha mente voltando ao ponto inicial do nosso assunto conforme minha risada se esvai.
– Não quero que ele se mude. – Soltei de súbito, senti meus olhos enchendo de lágrimas, mas me segurei para não deixar que estas caíssem. – Mas dizer isso a ele seria egoísta demais, ele merece ser feliz. É só que... Eu não quero ficar sozinha a maior parte do tempo, eu gosto de ficar sozinha às vezes. É bom para minha saúde mental, acontece que ficar sozinha e estar sozinha são duas coisas opostas e eu odeio a segunda. – Bato com o punho contra o estofado de seu sofá.
– Mas você ainda vai ter ele, e sua família, e tudo que você tem agora. Não é como se ele fosse se mudar para o outro lado do mundo. Quer dizer, ele não vai, certo?
– Não. – Solto um resmungo, cruzando os braços como se tivesse cinco anos de idade, pisco e sinto uma lágrima escorrer, a limpo com os dedos o mais rápido que posso.
Odiava chorar, toda vez que eu chorava sentia que o mundo inteiro estava acabando e que a situação em que eu me encontrava era a pior de todas, daí então vinha à culpa por me sentir assim.
Eu bem sabia que todos tem o direito de ficar tristes apesar da vida relativamente boa que levem ou não, mas era difícil convencer a mim mesma disso, ia ser sempre um mistério essa constante louca que existia dentro de mim e que fazia com que eu me culpasse de quase tudo.
Eu estaria atrapalhado o casal, por isso eles queriam se mudar?
Estavam de saco cheio de mim?
Eu tinha feito alguma coisa errada?
– Acho que agora seria um bom momento para te contar o que vem acontecendo comigo? – Escutei suas palavras saírem junto com a sua respiração pesada e comecei a prestar mais atenção.
Não disse nada, não queria interrompê-lo e acabar quebrando o encanto. Tentei segurar minha respiração e ficar quieta, era como se uma borboleta houvesse pousado em meu dedo, e eu não tinha medo, eu amava as observar, então tomava cuidado e me deixava fascinar.
– Antes de me mudar eu estava em um relacionamento.
– Eu sabia que era uma mulher! Você voltou mesmo com ela, né? – Questiono decepcionada, fazendo exatamente o que não queria e pausando sua fala, todavia aquilo não fora o suficiente para impedi-lo.
– Pode-se dizer que sim, mas não voltamos. Eu terminei com ela. As coisas já não caminhavam bem entre nós dois. – Começou a tirar meus sapatos e foi necessário que eu fizesse um grande esforço para não perder o fio da meada da história com aquilo.– Havíamos virado amigos, não existia mais aquele amor romântico, tão pouco paixão, nós morávamos juntos e eu não sabia se ela estava em sintonia comigo, se também percebia que seria melhor se mantivéssemos somente a amizade.
Eu mal respirava ou piscava, o terror de que aquilo fosse um sonho e eu acordasse tomava parte de mim, era inacreditável.
Até onde meu conhecimento ia – e sendo franca aqui meu conhecimento de ciências da natureza é péssimo – o sol era formado simplesmente por gases, átomos, partículas que liberavam energia em forma de calor.
Eu sempre havia pensado em como o meu sol, mas ali me vi cheia de dúvidas. Afinal de contas, se não havia um diamante, ou algo magnífico guardado dentro daquele calor todo, como eu podia jurar que o meu sol particular me mostrava exatamente àquela parte dele agora?
– E então, ela estava em sintonia?
– Não. – Sua risada saiu em desprazer. – Quando tentei terminar as coisas ela me confessou que estava tendo um caso com o meu melhor amigo. – Levei à mão a boca nauseada, como é que as pessoas podiam ser capazes de fazer isso? De trair tão profundamente a confiança de alguém que deveria ser amado por eles?
– Eu sinto muito. – Minha voz saiu em um fio enquanto eu me sentava e levava minhas mãos para perto, segurando a sua entre elas, porém minha vontade mesmo era de abraçá-lo apertado.
– Não tem porque sentir. – Sorriu fraco. – Mas o ponto de estar te contando isso agora é para dizer que eles eram tudo o que eu tinha, e sem eles eu achei que estava sozinho.
– Por isso as saídas e bebedeiras? – Perguntei intrigada.
– A princípio sim, porém no último mês comecei a parar de ver o ponto nisto tudo, percebi que eu estava fodendo minha vida por culpa deles e que aquilo não levaria a lugar algum.
– Você não está errado, na maior parte das vezes quando tentamos ferir outra pessoa acabamos por nos machucar no final. – Seus olhos atraíam os meus como imãs, eu mal conseguia piscar. – Mas o que te fez reparar isto?
– Você. – Recuei o corpo surpresa com a sua resposta. – Minha família, meus outros amigos. Eu me dei conta de que não estava sozinho.
– E eu também não estou.
– Não. – Confirmou, negando com a cabeça.
– Posso te beijar agora? Porque eu realmente... – Antes que eu pudesse concluir encostou seus lábios nos meus.
Tive minha confirmação de que estava errada. Ele não era o sol, não mesmo! Ele era a nossa galáxia e mundo inteiro, era tempestade tropical e me acertava como um raio. O mundo ao nosso redor parecia mudo porque como um trovão ele me ensurdecia, suas mãos encostavam no meu quadril me puxando para mais perto e envolviam minha cintura. A cada pequeno centímetro eu sentia o calor delas, o calor do sol, que ele também era.
Nosso beijo era como o mar revolto, aparentemente éramos rebeldes natos quando se tratava de ter os lábios colados um do outro. Meus braços envolviam sua nuca, quando dei por mim já estava quase deitava por cima dele no sofá, afinal, o que poderia fazer se não me entregar? Remar em sua direção era tudo que me restava, eu já estava perdida, o naufrágio seria inevitável, eu sabia, mas aquilo era uma preocupação a qual deixaria para o futuro.
Ele enfia a mão no bolso de trás do meu jeans e a deixa descansar ali, eu beijo seu pescoço e clavícula e sei que os arrepios deveriam ser somente dele, não meus, contudo, o que ele me faz sentir é diferente de qualquer coisa que já vivenciei. Sinto cada toque em dobro, triplo, não consigo evitar e meu corpo parece em acordo comigo, precisamos tirar o máximo daquela situação antes que acabe.
Isto tudo por causa da verdade nua e crua: tudo podia continuar o mesmo. É lógico e claro que as coisas também poderiam mudar, transformar, ou... Não. Ou eu sairia daqui e na manhã seguinte ele continuaria sendo o que sempre foi, meu vizinho, nada mais.
Ele me assusta. Aterroriza. Ele não é terra, mas deve ser lua, pois a gravidade é zero, e não ter os pés no chão é divertido, brilhante, me sinto um criança que tem o sonho de poder voar realizado, ao mesmo tempo em que sei que aquilo é incomum e que as chances de ser puxada de volta para dar de cara no chão são grandes.
Ele morde meu pescoço, ele me beija, faz com que eu me sinta e única mulher do mundo, não quero perder isso. Sei que sou precipitada, sei que isto tudo ainda está apenas começando, e este saber todo não me serve para nada, pois ele não consegue impedir a maneira desenfreada com que meus sentimentos correm praticamente na velocidade da luz.
– Ah... – Deixo um gemido sair baixinho quanto ele me puxa mais forte contra o seu corpo, mas então ele me despeja um último beijo na clavícula e me solta, eu abro os olhos assustada.
me coloca sentada de volta no sofá e não entendo o que está acontecendo, eu não fiz nada de errado, será que ele não gostava de sons? Sei lá, mas que diabos...
– Desculpa. – Ele pede, olhando para o chão e passando a mão pelo cabelo.
– Por que exatamente? – Definitivamente não sinto que precisávamos de desculpas aqui, não mesmo, querido, só vem.
– Nós deveríamos parar por aqui, você pode ficar mais caso queira, ou ir para sua casa e se resolver com o . – Ele começa a explicar. – É só que se continuarmos vai ser terrivelmente mais doloroso parar e eu tenho que parar porque sei que você bebeu essa noite.
– Mas eu não estou bêbada, de jeito nenhum! – Insisto.
– E eu acredito, mas você cuidou de mim por várias noites e nunca tirou proveito, é apenas justo que eu faça o mesmo.
– Mas... Mas...
– Amanhã nós continuaremos, é uma promessa. – Ele sorri de lado, reviro os olhos.
No fundo eu o entendo, mesmo assim fico irritada por estar malditamente excitada e agora também frustrada.
– Tudo bem, eu preciso mesmo ir para casa descansar um pouco. – Solto a respiração e digo, cedendo razão a parte mais racional da sala.
Ele pega minha mão e a beija, sorrindo antes de me puxar para cima e começar a caminhar comigo até a porta. Pisco os olhos incrédula, havia tantas coisas sobre ele que eu ainda não sabia, que sequer imaginava, tanto que eu ainda precisava e queria descobrir.
E finalmente ele era um iceberg, ele não era frio, mas eu sentia como se pudesse ver apenas a pontinha dele enquanto ainda existia aquele universo inteiro por baixo da superfície a ser descoberto. Paramos na entrada, lhe dou um último beijo, apenas encosto nossas bocas brevemente e fecho os olhos, deixando que a sensação me aqueça por dentro.
Em seguida estou no meu apartamento, encostada na porta, rindo sozinha e sonhando acordada.

Kkamahke deopyeojin nae mameun, your place
Hayahke tabeorin ne mameun, my place

(Meu coração coberto de preto, seu lugar
Seu coração queimado de branco, meu lugar)


Desperto tarde, extremamente cansada de toda a diversão de ontem à noite, e mesmo sabendo o que vem pela frente ponho um sorriso no rosto. Desço as escadas, aspiro um cheiro gostoso de comida boa recém feita. Respiro mais fundo e fecho os olhos, meu coração se aperta de forma diferente da qual estou acostumada.
Não sei o que vai acontecer em seguida, porém me sinto preparada para o que der e vier. Eu já podia ter sido, ficado, ou sentido muitas coisas, mas ainda assim hoje uma constante em minha mente me dizia que nada disso jamais seria sozinha.
– Bom dia! – Cantarolei, me aproximando de e o abraçando pelas costas.
– Ei, estou preparando uma surpresinha de almoço, espero que goste.
– Cheira muito bem.
– Obrigado, depois posso te passar o nome do perfume. – Dou um tapa em seu braço me afastando rindo.
– Estou falando da comida! – Exclamo. – Bem, de qualquer forma prefiro jogar limpo logo, eu sei o que você está querendo com esse agrado todo, seu danadinho. – Levantei uma das sobrancelhas, sorrindo de lado.
– Sabe?! – Arregala seus olhos espantados. – Quer dizer... Sabe...? – Questiona, fingindo calma, mas eu vejo suas mãos tremendo e sei que está nervoso.
pediu para que se mudasse para a casa dele? – Sugiro, pegando uma maçã e a mordendo. Ainda faltava algum tempo até o almoço e eu me encontrava faminta demais para esperar.
– Co-co-como você sabe disso? – Ele gagueja com os olhos em alerta, preocupados.
– Eu escutei sua conversa com ele no bar.
– Bem, espero que tenha escutado tudo e entendido, eu não quero parecer um traidor nem nada assim. Eu te amo, . – Sorrio tenro e caminho até nos aproximarmos para que possa abraçá-lo.
– Eu amo vocês dois, e tudo que desejo é que ambos sejam felizes. Sim! Eu provavelmente vou ficar louca no início. – Rolo os olhos. – Sem ter alguém que me alimente tão bem. – Gargalhamos uníssono. – Mas vocês dois juntos é muito mais importante do que isso. – Me afasto, lhe dando as mãos e olho em seus olhos. – Além disso, na pior das hipóteses eu sempre poderei bater na porta de vocês e invadir, só saindo quando tiverem me enchido de comida e vinho. Uhn? Que tal? – Pisco um dos olhos, brincando.
– A melhor ideia que você já teve! Não sabe o quão feliz eu estou de escutar isso, nem imagina. – Ele respira aliviado. – Você foi tudo para mim durante anos, e ainda é. Sim, é meu namorado; e meu melhor amigo; e eu sempre vou ser apaixonado por ele. Mas ... Foi você que esteve comigo desde o princípio, muito antes de conhecê-lo, e me suportou em todos os meus altos e baixos. Sem, e com ele. É por isso que tenho tanto cuidado contigo, pois é preciosa demais para mim, é um daqueles seres que acreditamos só existir na mitologia, que faz o mundo um lugar melhor só por estar neste, e faz de quem se encontra a sua volta pessoas melhores mesmo sem ter intenção. – Sinto meus olhos encherem de lágrimas. – Oh... Não chore. – Pede, passando seu polegar na minha bochecha.
– Não tem problema, são lágrimas de felicidade. – Sorrio de lado, com as bochechas em direção ao ombro. – E falando no seu cuidado comigo, ou melhor, no excesso dele... – o encaro de lado, mordendo os lábios sapeca e começando a rir. – Tenho algumas coisas para lhe contar sobre a noite passada e vamos dizer que eu fui para um lugar muito mais perto do que a casa dos meus pais.
! – Exclamou, meio rindo meio zangado.
– O que foi, ué? Não fiz nada que você não faria, juro!
– Oh céus...
Então eu lhe contei tudo, rimos, comemos, assistimos série e comemos mais, e então assistimos mais episódios. Depois de um tempo paramos de prestar atenção e ficamos conversando, nos recordando das situações mais bizarras e inusitadas que já havíamos passado juntos, nostalgia nos atingindo em cheio. Partilhamos tudo naquele dia, mas não só ali, e sim também durante anos, havíamos partilhado tudo. Eu podia viver com aquilo, a certeza das nossas melhores lembranças poderiam me aquecer até no dia mais frio do ano. Seguimos rindo e nos acalentando, acho que no fundinho ambos víamos o momento como nossa quase despedida.
[...]

São três da manhã quando eu desperto com o barulho de alguém batendo a porta. Sento zonza na cama em meio à escuridão do meu quarto, sem entender muito bem o que estava acontecendo, só podia esperar que não fosse um incêndio nem nada assim. De repente, entra em um rompante e acende a luz. Fecho os olhos, sentindo dor com a claridade me cegando.
– Pelo amor de qualquer coisa na qual você acredite, vai logo falar com ele. – Ele revira os olhos, passando a mão pelo o cabelo coçando sua cabeça irritado e então sai bufando, me dando as costas. Entendo tudo.
.
Fico preocupada imaginando que ele possa mais uma vez estar em condições degradantes e preocupantes, calço minhas pantufas e corro rapidamente até a entrada, abro a porta para dar de cara com ele tão lindo como sempre.
– Não queria perder o costume. – Ele diz simplesmente, como se fosse três horas da tarde, então dá de ombros e costura um sorriso de lado em seu rosto, me levando a, involuntariamente, também por um em minha boca.
Constato que minha preocupação havia sido atoa, ele está tão bem quanto poderia, eu também. Graças individualmente a nós dois e ao fato de estarmos aptos a lidar com as nossas questões sozinhos, mas de certa forma, mesmo que um pouquinho, o fato de ter me resolvido com também era graças a ele, que me ajudou a enxergar que eu nunca estaria sozinha muito mais rápido do que eu provavelmente veria por mim.
E a parte mais legal era que eu também tinha parte da culpa na sua felicidade, uma culpa que aceitava de bom grado, sem reclamar e inclusive agradecendo. Eu sequer sabia que tudo o que ele precisava era alguém para estar lá por ele, não foi intencional, mesmo assim eu estive lá e, sem querer, acabei por dar uma mãozinha. Havia feito com que abrisse os olhos mais rápido para o que ele estava vivendo.
– Eu tenho que acordar cedo amanhã. – Reclamo simplesmente para implicar, não me importava nenhum pouco, por mim ele poderia me acordar a hora que quisesse, quando preferisse.
– Bem, espero que você possa então considerar tomar isso comigo. – Ele sobe as mãos, estendendo duas garrafas de refrigerante que só vejo agora, um para mim e outra para ele. Levo a mão a boca, começando a gargalhar e ele me segue fazendo o mesmo.
– Bela escolha. – Congratulo.
– Foi tão difícil quanto decidir entre vinhos, queria ter certeza de que estava escolhendo um lote bom. – Diz, utilizando sua ironia e intelectualidade fingida.
– E não tem melhor do que na boa e velha garrafa de vidro, certo? – Como também sou doida dou trela a sua conversa como se fosse tudo verdade. – Ei, espera aí, eles parecem quentes! – Reclamo.
– Sim, sim, é parte do meu plano. Enquanto eles esfriam na geladeira nós conversamos, e como o prometido... Continuamos do lugar onde paramos ontem à noite. – Ele pisca um dos olhos e mais uma vez me faz sorrir. Me aproximo, o segurando pelos lados da camisa.
– Hm... Agora sim você tem minha atenção.
– Então vamos? – Ele sugere, apontando com a cabeça para a porta ao lado.
– Claro! – Saio atrás dele, fechando a porta. – Táxi ou a pé? – Questiono, brincando.
– Com certeza a pé, assim teremos tempo de conversar mais um pouco. A propósito, ótimas pantufas. – Olho para os meus pés, vendo as carinhas de coelho. – Ops! Parece que já chegamos.
– Ei! Isso é ironia? Elas são ótimas mesmo, maravilhosas. – O provoco de volta, ele abre a porta e logo entramos.
– Jamais! – Rimos.
Caminhamos até a geladeira e guardamos o refrigerante nela.
– Não é melhor por no freezer?
– E ficar menos tempo com você? – Sua retórica me causa um sorriso.
Permanecemos ali jogados no tapete da sua sala, conversamos sobre tudo. Lhe digo como foi a conversa com mais cedo, explico que ocorreu tudo muito bem, melhor do que esperava e que me encontrava muito mais aliviada agora.
Ele me diz o que faz durante o dia, afinal, na maior parte do tempo em que convivemos eu só descobrira o que acontecia durante a noite em sua vida. Descubro que ele trabalha ensinando matemática para crianças da sexta a oitava série e me encontro mais do que surpresa.
Continuamos de onde paramos e é maravilhoso.
Nós nos despimos aos poucos. Antes mesmo de começarmos, tiramos nossos sapatos para relaxar, como quem não quer nada. Quando o clima surge à primeira peça a dar adeus é a blusa do meu pijama. Eu não demoro a empatar a partida, logo subo com meus dedos pelas suas entradas e em meio a beijos e carícias sua blusa também vai embora.
Ele me beija, mais de uma vez, em todas elas parece que o mundo a nossa volta some. Ele toca meus seios e meus quadris, e pode parecer uma mentira deslavada de um livro ruim de romance, mas eu juro que nunca havia sentido nada semelhante a isso antes, é como se fosse a primeira vez, sem fingimentos.
Cada vez que seus lábios encostam em mim não consigo evitar fazer outra coisa se não fechar os olhos em prazer e suspirar audivelmente. Meu corpo vibra, e sinto o seu seguir no mesmo ritmo quando o toco de volta. Somos valsa, pura harmonia.
Beijo seu peito desnudo, traço uma trilha até chegar perto de sua roupa íntima, estou nua, ele prestes a ficar, aquele único pedaço de pano nos separando.
Depois daquilo tudo que vejo são estrelas.
[...]

Bebemos o refrigerante tão gelado quanto possível, depois trocamos mais beijos e cochilamos juntos ali mesmo, abraçados um ao outro.
Acordo com algo incomodando meus olhos, um brilho cegando, mas vem do lado de fora da janela.
Já é dia.
Olho lá para fora vejo algo que me agrada, olho para o homem ainda adormecido ao meu lado e me sinto extasiada. Lembro da primeira vez que o vi, havia sido no elevador, eu morrendo de vergonha, evitando trocar olhares, ele parecia despreocupado e relaxado.
Tudo entre nós ainda estava acontecendo muito rápido, e eu ainda não fazia a mínima ideia do que podia esperar daquilo, no entanto, uma coisa sempre seria certa, toda vez que eu visse havia uma coisa que seria sempre a primeira a brotar em minha mente, uma imagem, um astro que não deixava espaço para coadjuvantes.
Sinto o corpo esquentar na parte em que a luz bate e também onde seus braços me cercam.
O sol!
Ah... O sol.


Fim.


Nota da autora: Obrigada a todos que leram! Por favor, deixem seus comentários e críticas positivas, não só as aceito como incentivo <3 Espero que tenham gostado tanto de ler essa fanfic como eu gostei de escrever, e se gostaram aqui vai o meu grupo de facebook e as outras fanfic.



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Proteja-me do que quero
04. Oops
05. Hair
02. Holdup


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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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