Última atualização: Fanfic Finalizada

CHAPTER #1


A realidade que se tornou indesejável


O perfume da colônia masculina que usava inundou o quarto assim que ele borrifou grandes quantidades do líquido em seu pescoço alvo. O terno que vestia seu corpo forte era de um preto profundo mesclado ao branco da camisa social que ficava por baixo, apenas sendo quebrado pelo também preto da gravata. O rapaz não conseguia se encontrar no meio daquela nova realidade que se tornou sua vida de uns tempos passados até os atuais. Na verdade, tudo parecia mais um grande pesadelo que ele fazia questão de acordar muito depressa para depois reconhecer que tudo não passou de um fruto de sua imaginação perturbada. Mas nada daquilo fazia parte de uma ilusão ou de um pesadelo. Tudo era muito real. Inclusive o seu casamento forçado com Aubrey Moretti.
pertencia a uma família muito reconhecida e famosa por sua devoção à religião dentro da pequena cidade de St. Michaels, Maryland. O rapaz era filho de um casal importante, donos de uma das mais famosas construtoras da cidade de onde saíam as obras de crescimento urbano medieval e as casas antigas que circulavam os vilarejos de St. Michaels. A cidade tinha em torno de si um cheiro de época, que trazia a uma sensação de estar vivendo em plenos anos 1880 quando tudo ainda era preto e branco, com homens importantes andando de bengala e chapéu comprado na modista mais famosa da cidade. Essa época parecia ser atual para no quesito de que seu próprio pai, o importante Peterson , também andava de bengala pelas ruas enquanto um chapéu Top Hat preto escondia os cabelos já grisalhos do homem. A Bíblia estava sempre presente embaixo do braço do progenitor enquanto sua mãe, Amalia , vestia as melhores roupas e sempre levava sua escritura de capa rosa para todos os cultos que ambos compareciam, sem esquecer o livro sagrado nem um dia sequer. Em St. Michaels a vida para era assim. Um tanto quanto livre e com ar antigo. Até o dia em que ele recebeu a notícia de que Aubrey Moretti, filha do grande empreendedor de mercados e obreiro da igreja, Albert Moretti, estava esperando um filho seu.
namorava a garota há pouco mais de cinco meses e receber tal notícia foi como uma bomba em seus dias de paz. Havia engravidado a filha de um dos homens mais importantes da cidade e isso incluía a forma como esse fato circularia maldosamente pelas ruas de St. Michaels. Nada ficara pior quando a notícia correu por sua família e a família dos Moretti. O mundo desabou em suas costas, fazendo com que tudo o que ele acreditava ser bom para ele mesmo não passasse de uma grande ilusão. Ver Aubrey chorando enquanto se explicava não condizia com o desespero que ele sentia dentro de seu peito por ter feito uma grande burrada como engravidar a garota. Todos acreditavam que ele e Aubrey estariam castos por temência à doutrina da igreja que aprenderam desde pequenos e aplicariam até que o casamento oficial estivesse consumado — embora não tivesse a mínima vontade de pedir a garota em casamento. Mas o que sua família e a cidade não sabiam era que já não era casto há muito tempo, desde muito antes de se relacionar com Aubrey. A sua vida tinha começado a partir do momento em que ele não se enxergava mais como um garotinho que ficava grudado na barra da saia chique sua mãe ou o garotinho que frequentava a escola dominical aos domingos, buscando aprender mais sobre a Palavra de Deus.
E mesmo que o seu segredo familiar estivesse guardado dentro de si como um baú de sete chaves, sua família, ao saber da gravidez, não poupou esforços para esconder esse fato da cidade, propondo um casamento forçado para que conseguissem esconder a barriga das más línguas que certamente falariam deles. Ora, era uma família pra lá de religiosa e obediente aos mandamentos da igreja e um escândalo desse era o fim da meada para quem tinha a vida tão aberta quanto a importante família e Moretti.
E por mais que não fosse de sua vontade, ao contrário de Aubrey, não teve escolha a não ser pedir a mão da garota em casamento. Isso foi há quase um mês atrás. Atualmente, a menina estava grávida de dois meses, uma pontinha na barriga dela denunciando que uma parte do rapaz crescia ali dentro.
suspirou enquanto passava as mãos pelos cabelos, arrepiando-os de modo desesperado. O casamento com Aubrey seria no dia seguinte e tudo estava mal resolvido. Ele não queria se casar. Ele não podia se casar. Na verdade, ele nem deveria ter começado a namorar com Aubrey se soubesse que sua vida iria tomar uma proporção horrenda daquelas. Talvez o arrependimento sincero que sondava seu coração não era o suficiente para que Deus viesse perdoá-lo do pecado e livrá-lo da condenação que era casar com alguém que não se ama. Apenas por causa de um filho. Mas não podia se esquecer de que engravidar a namorada era apenas um dos pecados proibidos que ele cometera. Talvez seja por isso que Deus não o perdoaria.
? — ouviu a voz de sua mãe chamar do lado de fora do quarto e olhou para a porta mesmo que ela estivesse fechada separando-o do mundo detrás dela. — Estamos em cima da hora do culto. Já está pronto?
Fechou os olhos aos poucos enquanto puxava a gravata, afrouxando-a. Seu pescoço parecia estar enclausurado pelo cordão da gravata o apertando.
— Estou. Me dê dois minutos e logo desço.
A mulher soltou um murmúrio e achou que ela tivesse ido embora, mas ao contrário do que imaginava, viu sua mãe abrir a porta levemente e colocar o corpo bem vestido para dentro do quarto, encarando-o com os olhos semicerrados em algo que ele sempre viu nas íris dela: amor e, naquele momento, um resquício de pena.
Amalia não parecia ser mãe de um rapaz de dezenove anos e, sim, irmã. Os anos valorizaram muito a aparência da mulher, fazendo com que seus cabelos alourados ficassem ainda mais brilhosos, os olhos verdes ainda mais instigantes e os lábios pintados de um batom nude que não escandalizava as outras mulheres que certamente estariam no culto àquela manhã. A mulher se aproximou do filho e logo sentou ao lado dele, na beira da cama, abraçando-o com os braços gentis e aconchegantes.
— Eu pensava que iria ver um sorriso em seu rosto. — ela passou os olhos por toda face dele, analisando-o. — Amanhã é um grande dia. Achei que estaria ansioso. — o rapaz sorriu cabisbaixo.
— Seria meio estranho se eu ficasse ansioso com uma coisa que não vai me fazer feliz, não é? — ele mordeu o lábio inferior. — Esse casamento não é o que eu sonhei para mim, mãe. Não é o que eu desejei para a minha vida.
— Mas não há o que fazer, . — ela elevou um pouco a voz. — Você engravidou a moça. Pensa em como vai ser quando a cidade descobrir esse ultraje. Você e Aubrey vão perder completamente o respeito das pessoas por aqui. Vocês vão ser julgados de uma maneira como eu nunca sonhei para um filho meu.
— Eu não me importo com o que as pessoas vão falar, mãe. Eu pouco me interesso com o que as pessoas dessa cidade dizem. — já sentia o nervoso tomar conta de suas veias. — Eu não vou colocar em risco a minha felicidade porque as pessoas julgam ser o errado.
— Pensasse nisso antes de ter desobedecido aos mandamentos sagrados e ter transado com a garota. — ela o fitou seriamente. — Não apenas isso, mas ter usado camisinha, terem se precavido. Há métodos que evitam uma gravidez, , e vocês foram realmente irresponsáveis. Fora que transar antes do casamento é algo que nós ensinamos aos nossos filhos para que não aconteça.
— Eu sei, mãe, eu sei. — ele passou a mão pelos olhos, tentando procurar controle para não fugir de casa de vez. — Eu me culpo por isso todos os dias. Eu fui idiota e Aubrey também. Mas isso não dá o direito a ninguém de me forçar a casar com uma pessoa que eu nunca amei.
— O nome da nossa família tem esse direito, . — ela suspirou. — Há anos a nossa família, assim como a de Aubrey, tem prestígio por aqui. Honramos nossa religião e fazemos de tudo para que nossos negócios decolem de forma promissora. Um acontecimento desses iria manchar não somente a sua imagem, mas a da família inteira. — ela pegou as mãos de , cobrindo-as com as suas. — Tem pessoas da nossa família que não tem nada a ver com nossos problemas particulares e vão acabar levando a culpa também de sua irresponsabilidade.
— Está falando de tia Aynee e do marido dela? — perguntou sentindo o coração dar uma pontada violenta em seu peito.
— De sua tia, de seu tio e de sua prima. Não se esqueça de que ainda é uma moça que está se estabelecendo aqui em St. Michaels, principalmente agora que está iniciando a faculdade. Eles também têm seus negócios e essa má falação iria acabar prejudicando seus tios e sua prima. Me diga, é isso que quer?
baixou os olhos sentindo o coração torcer dentro do peito, como se fosse um pano molhado. Podia até sentir o sangue escorrer de dentro de seu coração até perder-se com o sangue que circulava em suas veias. Tudo o que ele menos queria era prejudicar ou deixá-la chateada com ele. Mas o que ele havia feito deixou a menina muito pior do que chateada. Fez com que virasse completamente as costas para ele.
— Não, senhora. — ele disse, por fim. — Não quero isso.
— Então se case com Aubrey Moretti amanhã. Com o tempo você vai aprendendo a amá-la. Se te serve de algum estímulo, pense em seu filho que está crescendo dentro dela. Isso é o mais importante. — ela sorriu, mas não conseguiu acompanhá-la.
— Tia Aynee e já estão na igreja? — ele perguntou enquanto sentia um bolo se formar em sua garganta. Engoliu-o rapidamente.
— Provavelmente. Hoje é a festa do coral, então certamente Aynee já está por lá. Os Moretti também já devem estar nos esperando.
fechou a cara ao ouvir o som do sobrenome dos Moretti, mas não demorou muito a descer as escadas com sua mãe encontrando no andar de baixo a sala totalmente abarrotada de decorações e preparativos para seu casamento que aconteceria no dia seguinte. Pessoas andavam para lá e para cá arrumando coisas aqui e ali, mas Amalia pediu para que ambos esperassem que ela voltasse do culto para arrumar tudo da maneira como ela havia planejado. A festa do casamento iria acontecer na grande casa dos e tudo deveria estar nos mínimos detalhes, pelo menos para Amalia.
Logo avistou seu pai vestido com um terno marrom, a bengala apoiada no chão e o chapéu Top Hat em sua cabeça e mais à frente seu irmão mais novo, Adam. Este já levava as características de aparência de , sendo apenas uns dez centímetros mais baixo que o irmão mais velho. Era um excelente companheiro, pelo menos até o dia em que o garoto descobriu o maior segredo de .
Ele e sua prima, , tinham um relacionamento escondido.
E era exatamente por este motivo que ele não podia se casar com Aubrey Moretti, nem mesmo por um filho.
Seu coração não pertencia mais a ele. Pertencia à sua prima de longos cabelos e olhos profundamente .
Mesmo que seu relacionamento com fosse algo aberto — o que permitia que ambos se relacionassem com outras pessoas — isso não foi o suficiente para impedi-lo de se apaixonar perdidamente por sua prima, filha de sua tia Aynee irmã de seu pai.
O relacionamento dos primos começou há quatro anos, quando e a família se mudaram para Maryland, tecnicamente para St. Michaels, e fizeram residência perto da família de , apenas algumas quadras de distância. Aynee era uma grande professora de Música, que passou a lecionar para a igreja inclusive para uma escola pequena de instrumentos e canto que havia no centro da cidade. Robert Walkins, marido e pai de , era um excelente químico que trabalhava em uma indústria fabricante de remédios, parceira de uma das melhores farmácias de St. Michaels, cuja experiência de Robert também era muito bem vinda naquele ramo.
Assim que a família -Walkins chegou à cidade, foi uma grande expectativa por mais gente importante passar a morar por ali. Todos mantinham respeito para com eles e tinham orgulho de St. Michaels abrigar “gente boa e honesta” — as pessoas não cansavam de repetir isso aos quatro ventos. Porém mesmo com quinze anos — tendo também uma noção de como tudo conspirava para o bem estar de sua família na cidade — não pôde deixar de reparar que não era mais a garotinha que o obrigava a brincar de casinha e fingir que ambos eram papai e mamãe. havia crescido e, aos catorze anos de idade, já possuía um corpo chamativo e em fase de crescimento amplo, passando de uma “tábua” — como ele costumava irritar sua prima há alguns anos atrás — para um corpo cheio de curvas e peitos fartos, sendo apenas escondidos pelas vestimentas discretas da igreja.
Por mais que sua educação religiosa fosse pedir perdão a Deus pelos pensamentos impuros justamente com sua prima, sangue de seu sangue, não freou os pensamentos maldosos quando via a garota almoçar com sua família, comentar sobre a escola, responder à sua mãe se estava de namorado novo ou até mesmo se queria esperar alguns anos para começar a se relacionar com alguém. Mesmo com toda a devoção à igreja, não era proibido que os jovens namorassem, tanto que seu namoro com Aubrey Moretti, quando havia se iniciado, tinha sido muito bem aceito pela família dele e da garota. Então, com isso, Amalia tinha o livre acesso para xeretar a vida amorosa da sobrinha, procurando saber se sua bela sobrinha de olhos havia conseguido um namorado, dado uns beijinhos por aí. E ficou ainda mais irritado ao ver que todos os garotos de St. Michaels queriam sua prima. Inclusive seus amigos de escola que sempre diziam o quanto a garota era gostosa e bonitona.
Não demorou muito tempo até ficar absurdamente atraído por sua prima e encurralá-la em um lugar distante dos olhos das pessoas e dar-lhe um grande beijo que foi a chave para que os primos não negassem mais: queriam um ao outro e isso não tinha mais volta. E, ao provar o beijo excelente que ambos tinham a oferecer, passaram a se beijar outras vezes, a fugir durante a noite para se beijarem atrás de alguma casa velha do vilarejo escuro e escapar dos almoços em família para se amassarem dentro do banheiro, com direito a alguns apertões aqui e ali. Tudo isso escondido da família que os condenaria para todo sempre se descobrissem o que eles andavam fazendo juntos. Para eles, o relacionamento entre membros da família era algo mais do que incestuoso, mesmo que fosse com primos, o que não é algo considerado incesto pela maioria das pessoas. Amalia e Aynee sempre deixaram esse ponto de vista muito claro. Esse tipo de assunto fluía aleatoriamente nas conversas o que fazia com que e olhassem um para o outro questionando se alguma delas sabia algo. Mas depois de um tempo, descobriram ser apenas assuntos ao invés de indiretas. Elas nem sonhavam que eles andavam se pegando pelos cantos, estimulando o desejo sexual a falar mais alto.
E não delongou muito até os primos se entregarem de vez, dispostos a se amarem da maneira mais convencional: fazendo sexo. Ambos eram virgens e a decisão partiu de , que confessou à garota ter o desejo de realizar sua primeira vez com alguém que realmente significasse alguma coisa, alguém que fazia parte de sua história. Melhor pessoa que não havia. E então os garotos se entregaram a descobrir o prazer que corroia as veias em forma de chamas ardentes, o frio na barriga que tomava conta quando eram estimulados em seus pontos mais prazerosos do corpo e a maneira como se sentiam completos quando se transformavam em um só corpo.
E isso se repetiu por várias e várias vezes até que, num dia, seu irmão acabou flagrando o casal em meio a uma dessas maratonas sexuais. Adam não tinha muito o que falar ao ver a cena, apenas abrir a boca e tentar fazer a ficha cair de que seu irmão e sua prima gostosinha estavam transando enquanto seus pais não estavam em casa. Flagrou chupando o irmão enquanto o rapaz gemia baixo, empurrando a cabeça da prima em direção ao seu quadril. Isso foi algo que Adam nunca esqueceu e nunca pensou em contar para seus pais. Sabia muito bem que e iriam se ferrar muito se isso chegasse aos ouvidos de seus pais. Mas isso não o impedia de chantagear o irmão com alguns favores como: fazer o dever de matemática para ele, lhe dar um dinheiro quando era preciso e até mesmo arranjar uma garota bonitinha para que ele tentasse dar seu primeiro beijo.
?”
Quando começou a namorar um garoto do colégio, sentiu tanta raiva que não demorou a arranjar uma namorada, a bela Aubrey Moretti. A garota tinha os olhos , cabelos loiros que batiam até a cintura e um corpo magro demais, ao mesmo tempo em que era também chamativo demais. O que mais impressionou em foi ver que não se abalou ao vê-lo de namorada nova. A garota permanecia a mesma de sempre, sem se importar com nada nem muito menos quando terminou o namoro com o rapaz do colégio. Mas isso não impedia os primos de sempre estarem um com o outro de forma mais íntima como compartilhando beijos e fluídos em meio do prazer do sexo mesmo que ele estivesse de compromisso com Aubrey. Ele não abria mão de estar com .
?
A única vez que viu realmente chateada e triste com uma atitude dele foi quando a menina descobriu que ele havia engravidado Aubrey. Assim que havia sido revelado o fato à família, o olhar da menina foi o que mais pesou dentro dele, como se tudo no mundo não tivesse dor maior do que a forma como ela o encarou. Ali, ele conseguiu perceber que todo o seu relacionamento aberto e proveitoso de quatro anos com a menina havia chegado ao fim. E ele pôde ter a verdadeira certeza disso quando ele a puxou de canto e ela o negou, dizendo para que ele “parasse de ser um cafajeste ambulante e fosse assumir o filho que havia feito”. Mas o que a garota não sabia era que estava perdidamente apaixonado por ela, fodidamente desejando que o filho que estava a caminho fosse gerado dentro do ventre dela e não dentro de Aubrey. E se sentia patético por ver que não havia se entregado tanto. Ela não o amava como ele a amava. Gostava dele, sim. Muito. Mas não com as proporções que ele gostava.
! — e então um chute em sua perna foi o suficiente para que ele acordasse de seus pensamentos e encarasse Adam com raiva.
— Mas o que é que você quer? — perguntou emburrado ao irmão.
— Estou te chamando faz tempo, o que está pensando?
— Nada. — falou apenas, virando a cara para o vidro do carro, cuja paisagem da cidade passava depressa à medida que o carro corria pelas ruas. — O que você quer?
— Quero saber se você está ansioso para amanhã. — Adam o encarou com os olhos divertidos e semicerrou os seus, conseguindo captar o que o irmão mais novo estava tentando fazer. Queria deixá-lo fora do sério. — Como é saber que vai se casar em menos de trinta e duas horas? E como você se sente sabendo que vai ser pai de um bebê? — Adam arregalou os olhos. — Caramba, só agora parei pra pensar: eu vou ser tio!
fechou os olhos, respirando fundo, procurando calma de uma fonte muito necessitada dentro de si mesmo. Passou a mão pelo cabelo com nervoso, tentando transferir para o gesto toda sua falta de controle.
— Adam, me faz um favor, sim? — ele olhou para o irmão. — Cale a boca e pare de me atormentar.
— Mas eu só fiz uma pergun...
— Adam! — a voz forte de Peterson rugiu da parte da frente do carro. O homem dirigia com calma, mas ao perceber o início de discussão atrás de si, acelerou um pouco o automóvel. Não gostava de voltar ao assunto da súbita paternidade do filho. — Deixe seu irmão em paz.
Adam se jogou no assento do carro e encarou com o olhar penetrante. devolveu o olhar tentando entender que diabos aquele pivete estava querendo e, quando chegaram à porta da igreja logo descendo do carro, ele descobriu exatamente o que Adam estava tentando fazer.
— Tenta tirar um pouco o desânimo dessa cara. — ele falou empinando demais o nariz para o gosto de . — Não é bem assim que um noivo apaixonado age um dia antes do casamento. E disfarça porque a nossa priminha deve estar aí dentro — ele apontou para a igreja. — passeando com as belas pernas que ela tem. E que você vai sentir falta, claro.
— Adam, se você ficar enchendo o meu saco, eu juro que te arrebento. — ele puxou o irmão pelo braço, discretamente, para não chamar a atenção dos fiéis que chegavam para o culto. — Você é a última pessoa com quem eu quero ter problemas, então, por favor. Me deixa em paz. — ele largou o braço do irmão com certa força e caminhou na direção da escadaria que levava à porta da igreja, sendo acompanhado por seus pais e pelo irmão que andava mais atrás. O pivete ainda tinha o sorriso maldoso no rosto.
A St. Michaels Church era uma das maiores igrejas que havia em Maryland, com um número não muito grande de fiéis, mas ainda assim famosa por abrigar tanta gente devota. As paredes eram constituídas por um material ruído pelo tempo, trazendo à aparência uma sensação de antiguidade, assim como praticamente todo o lugar de St. Michaels. Mas o mais incrível da igreja estava por dentro. Um enorme salão que continha mais de cento e setenta assentos, um grande coral comandado por Aynee Walkins, uma excelente banda com todos os tipos de instrumentos e um grande altar onde ficavam os obreiros importantes como o pastor, presbíteros, diáconos, etc.
Naquela manhã o culto era em celebração aos dez anos do coral da igreja e prometia uma grande festa em meio ao culto, com os hinos mais bonitos e com as palavras mais bem pregadas que eles poderiam oferecer. E não podia se esquecer de que certamente o pastor relembraria pela milésima vez do casamento que aconteceria ali naquela mesma igreja no dia seguinte. Mesmo irritado, acatou ao conselho mal dado de seu irmão e tentou ao menos parecer apaixonado quando se aproximou dos Moretti e encontrou Aubrey sentada usando um vestido branco de seda que escondia a gravidez das pessoas e um salto alto vermelho. Colocou na expressão algo parecido com felicidade ao cumprimentar seus futuros sogros e se sentar ao lado de Aubrey como se quisesse estar ali. A menina pegou a mão do rapaz com as suas, brincando com os dedos dele enquanto sua cabeça loira deitava no ombro forte do noivo, certamente feliz por ele estar ali. Pena que não podia dizer o mesmo.
O culto não havia começado, mas ele já conseguiu avistar sua tia Aynee andando pra lá e pra cá com os ajustes do coral, orientando os cantores e orientando os músicos com as canções que iriam cantar. Não demorou muito até ela avistar a família e caminhar ansiosa até eles, cumprimentando Peterson e Amalia, logo chegando a e os Moretti.
— Estou muito feliz por vê-los aqui. — ela passou a mão pelo rosto de e o rapaz sorriu pequeno. — Já vão se inspirando porque amanhã este mesmo coral irá cantar as felicidades no casamento de vocês.
Aubrey sorriu largamente e forçou um sorriso, buscando disfarçar de todas as formas.
— Tenho certeza que vai ser maravilhoso, tia. — ele falou e Aubrey vibrou ao lado dele.
— Eu mal posso me segurar de tanta ansiedade, tia Aynee. — sim, Aubrey já chamava Aynee de tia. — Acho que até amanhã eu já vou ter me acabado.
— Eu sei como se sente, querida, comigo não foi diferente. Quando me casei com Robert achei que fosse acabar morrendo antes do tempo. — ela sorriu e Aubrey assentiu, concordando. Antes que ela pudesse falar alguma coisa, não freou a sua curiosidade ao fitar a igreja e não encontrar certa pessoa em nenhum canto.
— Tia, me diga uma coisa. não veio ao culto?
? Oh, mas é lógico que veio. Eu... — ela olhou para todos os cantos da igreja e franziu o cenho. — Apenas não sei onde ela está. Talvez esteja conversando com alguma colega antes do culto começar. Só espero que ela não demore, pois está quase na hora.
Logo Aynee saiu pedindo licença quando foi chamada por um dos tocadores da banda. estava inquieto e tudo o que ele queria era encontrar e ver como a menina estava àquela manhã. Desde quando a garota havia descoberto sobre a gravidez de Aubrey, ela não havia aparecido na casa de e nem dado notícias. Fazia um mês que não a via e isso era torturante. Nem nos cultos ela comparecia, o que fazia com que realmente firmasse a ideia de como ela estava chateada com ele e o mais transparente: o evitando de todas as formas.
E foi quando o pastor tomou o microfone nas mãos dando início ao culto que ele a viu.
Os cabelos da menina estavam presos em um coque bem feito, enquanto uma franja caía com alguns cachos sobre seu rosto redondo. O corpo estava vestido por uma blusa branca de botões que estava por baixo de uma saia lápis preta que realçava um pouco as curvas de seu quadril. Os pés vestidos por um salto scarpin preto e o sorriso banhando seu rosto à medida que um garoto lhe falava ao ouvido, tirando um sorriso alegre dela. cerrou os olhos e conseguiu reconhecer Jeremiah Gumenick, o baixista da banda da igreja, falando algo para a garota, fazendo com que dentro de seu coração uma crescente inveja e ciúme começassem a deixá-lo cego. Não demorou muito a ver o rapaz andar em direção aos integrantes da banda, passando reto por ele, mas não o acompanhou com o olhar. Fixou seus olhos em e foi a grande deixa para que ela jogasse os seus em cima dele e o fitasse com o olhar atravessado. a encarou dizendo tanta coisa com o olhar, mas logo sua atenção foi desviada por Aubrey que o cutucou para que ele prestasse atenção no culto e parasse de ficar olhando para trás.
Definitivamente, aquela não era a vida que ele queria para si mesmo.


O culto não demorou muito para chegar ao final, depois de muitos hinos, palavra, pessoas chorando e Jeremiah Gumenick olhando o tempo todo para onde estava, o pastor tomou o microfone para finalizar o culto com a bênção apostólica.
— O que nos resta neste momento é apenas agradecer a Deus por mais um culto maravilhoso, pela presença Dele aqui neste lugar... — e ele prolongou por alguns minutos, mas por mais que tentasse apurar seus ouvidos para escutar o que o pastor estava dizendo, seu olhar não parava de contemplar Jeremiah lançando mensagens com o olhar para e, ao olhar para trás como quem não queria nada, via a menina com o mesmo sorriso nos lábios enquanto os olhos estavam voltados para o altar de onde o pastor falava, mas sempre desviavam para olhar Gumenick a distraindo com idiotices.
Fechou as mãos em punho sentindo vontade de se levantar e sentar ao lado da garota para mostrar ao baixista assanhado que sua prima tinha dono. Mesmo que fosse um dono bem secreto e diferente do que as pessoas imaginavam. Mas ainda assim era o dono.
— E quero lembrar aos irmãos que amanhã estaremos celebrando algo muito especial. O casamento de e Aubrey Moretti que acontecerá aqui às quatorze horas da tarde. — ele colocou os olhos sobre o casal e sentiu o rosto esquentar de forma impressionante. Tudo o que ele queria era sair correndo daquela igreja e gritar para o mundo inteiro que estava casando forçado. — Venham aqui para que eu possa orar por vocês. — o pastor chamou o casal e Aubrey se colocou de pé puxando pela mão.
— Vamos? — ela chamou e o garoto encarou Amalia com os olhos pedindo socorro, mas a mulher apenas o incentivou a ir. Adam tinha os grandes olhos virados para ele, uma sobrancelha arqueada e ousou olhar brevemente para trás, apontando . bufou e, ainda com as mãos sendo seguradas por Aubrey, caminhou até o altar e logo o pastor e a igreja começaram a orar, agradecendo pelo culto e desejando felicidades e bênçãos antecipadas para o novo casal.
Não demorou muito até que o culto havia enfim terminado e todos se colocavam para fora, alguns conversando em frente à porta e outros cumprimentando a família e Moretti pelo casamento que aconteceria no dia seguinte. A bochecha de doía fortemente de tanto que ele forçava um sorriso, mas depois de alguns minutos torturantes de abraços e votos de felicidade — que para ele não serviam de nada — foi para fora acompanhado por seus pais, seus tios e seus futuros sogros, isso incluía no pacote Aubrey que não desgrudou dele nem um segundo desde o início do culto.
— Então amanhã é o grande dia. — murmurou Laurel Moretti, mãe de Aubrey. — Queria muito ver como está ficando a decoração, mas tenho que acompanhar Aubrey até a modista para arrumar os últimos detalhes do vestido. — ela sorriu.
— Ai mãe, nem me fale. Estou morrendo de ansiedade para ver como está ficando tudo, mas tenho certeza que estará fazendo isso por mim enquanto estou ausente, não é, amor? — ela se direcionou a e ele sorriu pequeno. Não tinha mexido nem um dedo para auxiliar na decoração da festa.
— Pode ter certeza. — ele falou. — Está ficando tudo muito bacana.
Amalia encarou o filho distinguindo a mentira pingar dos lábios dele e tratou de disfarçar o ato do menino, pois não estava muito animado e temia que os Moretti percebessem tal fato.
— Não se preocupem. Estou cuidando de tudo. — ela respondeu calorosamente. — Aynee está indo lá para casa e vai ajudar com os preparativos, isso inclui , claro.
E então parou de ouvir as conversas paralelas, o assunto do casamento e tudo o mais que o rodava.
Então iria para sua casa? Certamente dormiria lá porque os preparativos estavam sendo arrumados desde o meio da semana e estavam apenas na metade.
— Vai ser um prazer ajudar. — Aynee falou sorrindo grandemente. — Nem que seja preciso ficar até de noite, estarei lá com minha filha ajudando a arrumar tudo.
— Ai, tia, isso é maravilhoso! — Aubrey exclamou abraçando a mulher fortemente.
rolou os olhos de leve e virou a cara para o outro lado, apenas para se deparar com a cena que o paralisou por completo.
Mais uma vez estava e Jeremiah conversando ao pé do ouvido um do outro, sorrindo para as paredes e se tocando de leve, como se estivessem freando o desejo de se entregarem a um beijo. travou o maxilar e endireitou a postura, fulminando o casal com o pior dos olhares. Mesmo sabendo que seu relacionamento com além de aberto havia se findado, ele não conseguia se acostumar à ideia de que a garota poderia ter outra pessoa ocupando o seu lugar de beijá-la, de tocá-la, de... Amá-la.
E foi quando Jeremiah depositou um pequeno selinho nos lábios dela que ele reconheceu que muito provavelmente havia perdido para sempre.
Talvez seus olhos úmidos tenham denunciado sua decepção, o que fez com que Adam se aproximasse dele cutucando-o com o ombro.
— Vamos embora. — ele tinha o olhar no mesmo ponto que onde o mais novo casal de St. Michaels estava. — Não se preocupe. vai ter que deixar Jeremiah aí e ir ajudar a arrumar o seu casamento. — ele deu uma risadinha. — Ironias do destino, querido irmãozinho.
E isso foi o suficiente para que bufasse alto. Olhou para os lados e não viu Aubrey e os Moretti, supondo que ambos tenham ido direto para a modista arrumar os últimos detalhes do vestido de noiva. Passou por Adam sem dar vazão para o garoto e foi direto para o carro onde sua mãe e seu pai já o esperavam.


CHAPTER #2

A aceitação é o caminho para a superação


Chegou em sua casa sem muita demora e tudo parecia ainda mais caótico do que quando estava assim que eles haviam saído para o culto. Flores brancas e rosas vermelhas estavam espalhadas pela casa, algumas pétalas moldando o chão branco e um corre-corre de pessoas que não paravam de andar pra lá e pra cá com grandes caixas na mão e algumas decorações brancas demais. cerrou os olhos não conseguindo entender por que tudo aquilo estava acontecendo com ele, mas no fundo de sua mente ele imaginava que seria pelo simples — ou até complicado demais — motivo de ter se apaixonado por sua prima. E por falar na garota, assim que chegou à porta da frente de casa, viu-a descer do carro ao lado de Aynee, endireitando a saia no corpo enquanto caminhava na direção de onde ele estava.
Seu coração entrou em um estado mais do que agitado assim que avistou a menina se aproximar e, automaticamente, o olhar dela se voltar para ele, encarando-o por sobre os longos cílios escuros e arrebitados. Mordeu o lábio inferior quando conseguiu sentir o perfume dela inundar suas narinas e a menina parar em sua frente, desviando o olhar do rosto dele no mesmo instante.
— Onde está Amalia, querido? — perguntou Anyee para acordando-o de seu estado paralisado para respondê-la.
— Está aqui dentro, tia. Vou te levar até ela.
Ele encarou mais uma vez que levantou os olhos profundos para ele, puxando um sorriso com os lábios rosados. Ele não pôde frear o sentimento de saudade que teve ao se lembrar de que aqueles foram os melhores lábios que ele havia beijado.
— Olá, . — ela sorriu e logo atravessou por , sem dar tempo de o garoto responder ao cumprimento.
Por mais que o impulso dele fosse prender o braço de em sua mão e fazê-la esperar, não fez nada que pudesse escandalizar ou deixar ainda mais irritada com ele. Se é que ela estava irritada de verdade. A garota parecia muito neutra e ele pôde contemplar aquilo com grande clareza ao ver a garota olhar toda a decoração do casamento e suspirar, como se tudo estivesse muito bonito. Na verdade, estava mesmo muito chamativo e bem arrumado. Amalia, Aubrey e Laurel haviam escolhido muito bem todos os detalhes da decoração e festa, fazendo com que o branco e prata se fundissem com perfeição ao vermelho e lilás bebê, trazendo um perfume natural vindo das muitas rosas que começaram a ser arrumadas sob a ordem de sua mãe.
— Vamos colocar aquela coroa de flores acima das luzes. — ela apontou para o teto onde o grande lustre da sala de estar pendia com esplendor. — Pela cor vibrante das rosas vermelhas, vai dar um ar mais apaixonado à festa. Estamos celebrando o amor, pessoal, precisamos pregá-lo em todo o canto.
sentiu sua garganta fechar. Ele estava sentindo tudo. Mas era tudo ao contrário do que todos pensavam. Ele estava sentindo desespero e não amor. Aqueles preparativos todos davam uma sensação de abismo dentro dele, uma repentina vontade de vomitar tomava conta de seu estômago e parecia que iria se aliviar somente quando gritasse para o mundo inteiro que não queria se casar. Olhou ao redor e pôde ver encarando tudo com os olhos brilhantes.
— Está tudo muito perfeito, tia Amalia. — ela elogiou enquanto pegava uma rosa e cheirava as pétalas. colocou as mãos no bolso da calça imaginando como seria se ela fosse a noiva e não Aubrey. — Vai ser uma festa linda, você não acha, Adam? — ela se virou para Adam e entregou a rosa para o garoto, que segurou a flor com um tanto de surpresa estampada no rosto.
— É o que todo mundo espera, priminha. Ou quase todo mundo. — ele olhou para , mas a atenção foi tomada novamente por assim que Aynee a chamou para que a garota ajudasse com os preparativos.
A menina andou até a mãe tomando um ramo de flores na mão, sendo orientada para colocá-lo num vaso que ficava em uma das mesas que começaram a ser espalhadas pelo grande salão, apenas deixando um grande círculo vazio ao meio que certamente era o lugar onde os noivos iriam valsar e os casais iriam dançar até o fim da festa. observou arrumar as flores no vaso com cuidado e apreço, conseguindo ver como a garota era delicada ao tocar as pétalas, fazendo de tudo para que nenhuma caísse. Organizou perfeitamente o vaso até que as flores estavam mais do que bem arrumadas. Parecia um verdadeiro buquê de rosas. ainda estava parado apenas observando os movimentos da prima, os olhos descendo por suas curvas bem moldadas e pelas pernas lisas que formavam a beleza de seu corpo. Logo, conseguiu ouvir a voz de ressoar pela sala um pouco barulhenta.
— Tia Amalia? — sua mãe encarou a menina, sorrindo carinhosamente. — A senhora pode me dar um tempo? Preciso trocar essa roupa e os saltos já estão me incomodando um pouco. — a mulher abriu a boca ao encarar a sobrinha.
— Oh, minha querida, mas é claro. Não precisa pedir. Seu quarto já está pronto esperando por você. — ela sorriu para a garota. — Acredito que tenha alguma roupa sua no armário.
— Não é necessário Amalia, trouxe roupa de casa. — Aynee falou enquanto olhava a para a filha. — Vá depressa, meu amor, estamos precisando da sua ajuda por aqui.
— Não demoro. — ela sorriu e saiu em passos largos até a escada, subindo depressa até seu corpo não ser mais visto pela sala. sentiu uma grande vontade de seguir , principalmente que ele sabia muito bem onde ficava o quarto que Amalia preparava para a garota. O mesmo quarto onde eles transaram escondido por várias vezes, onde Adam os flagrou pelados se amando e que ficava apenas há duas portas de distância de seu próprio quarto. Mas antes que pudesse dar um passo para subir as escadas, ouviu a voz de sua mãe o chamar.
, venha aqui. Enquanto não chega você pode nos ajudar. — ela ergueu uma mão com um ramo de flores. — Coloque essas rosas no vaso das mesas, como sua prima fez.
Ele mordeu o lábio inferior matutando uma desculpa para que conseguisse subir as escadas para, pela primeira vez em muito tempo, conversar com e explicar tudo o que havia acontecido. Na sua própria versão.
— Eu também preciso trocar a roupa. Esse terno está me sufocando. — ele disse enquanto afastava a gravata do pescoço. Olhou para todos os cantos procurando Adam, mas não o encontrou em lugar algum. — Posso procurar Adam e mandá-lo vir ajudar enquanto eu não venho.
Amalia suspirou encarando Aynee.
— Filhos. — ela balançou a cabeça. — Procure Adam depressa, , precisamos terminar a decoração até no máximo oito horas da noite. Temos que descansar porque amanhã o dia será mais do que cheio.
O rapaz assentiu enquanto subia as escadas, mas as intenções em sua mente não tinham nada relacionado a procurar Adam para o garoto ajudar sua mãe e sua tia nos preparativos. Seu único destino era o quarto onde estava provavelmente se trocando e provavelmente pensando. Tinha certeza que como toda aquela nova realidade ainda era confusa pra ele, para era ainda mais perturbadora pelo simples motivo de que ela também estava envolvida em todo aquele rolo, mesmo que ninguém tivesse o conhecimento do envolvimento da garota.
Adentrou o corredor encontrando-o vazio e com todas as portas fechadas, mas assim que chegou à frente da porta do quarto de , colocou o ouvido na mesma tentando captar algum som provindo dali de dentro. Lançou mantras de coragem para que pudesse bater na porta. Desencostou o ouvido e endireitou a postura já levantando sua mão para bater na madeira e conversar com a garota, mas antes que pudesse chocar seus dedos contra a porta, ouviu uma voz provir do início do corredor.
— O que você está fazendo aí? — a voz de Adam continha uma interrogação irônica no tom fazendo com que tomasse um susto, pulando no lugar onde estava. Não esperava a presença de ninguém ali, mesmo sabendo que seu irmão havia tirado o dia para irritá-lo.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou com rispidez ao garoto que se aproximou dele em passos lentos até parar em frente à porta e encará-la.
— Eu estava indo para o meu quarto, mas qual foi a minha surpresa ao te encontrar aqui em frente ao quarto da priminha. — ele sorriu malicioso. — Você não se controla mesmo, não é ?
— Você deveria estar lá embaixo. Mamãe está te chamando para ajudar a arrumar as flores nos vasos das mesas.
— Eu? — ele arregalou os olhos. — Quem vai casar amanhã é você e não eu. Você que tem que arrumar as flores. — ele virou a cara.
— Adam, você não entende. — ele ergueu um pouco a voz em tom de súplica. — Eu preciso conversar com . Preciso explicar a ela o que aconteceu. Ela está me evitando e você não faz ideia do quanto isso está me matando.
— Ela nem vai querer saber de você, . — o encarou com os olhos arregalados em questionamento e Adam bufou. — Ela está saindo com Jeremiah Gumenick. Como você não percebeu?
— Eles realmente estão saindo? — perguntou, a voz se elevando até que ele percebesse que estava em frente ao quarto da menina. Puxou Adam pelo braço até se afastar da porta enquanto encarava o irmão com os olhos atravessados. — Isso é serio?
— Lógico. — ele encarou com tédio. — Pare de ser idiota. Você viu os dois juntos.
— Mas eu não acredito numa coisa dessa, Adam. Ela não pode fazer isso comigo, eu... — ele passou as mãos pelos cabelos, puxando-os com certa raiva. Adam balançou a cabeça negativamente, claramente desaprovando o irmão.
— Você não acha que isso é um pouco egoísta da sua parte? — ele franziu a sobrancelha e o encarou. — Você começou a namorar outra garota e ainda a engravidou. Qual o problema de ela começar a sair com Jeremiah? É o mínimo que ela deveria fazer, afinal, vocês nem tinham compromisso algum. Apenas transavam às vezes, não é verdade?
— Era um relacionamento aberto, sim, mas...
— Mas você apaixonou.
Então ergueu os olhos para Adam contemplando a si mesmo refletido nas íris brilhantes do irmão. O garoto mordeu o lábio inferior enquanto se apoiava de lado na parede, cruzando os braços. virou a cara enquanto colocava as mãos dentro dos bolsos da calça e balançava o pé freneticamente no chão.
— Eu sou capaz de desistir de tudo se ela disser que me quer. — ele disse apenas e Adam suspirou ao seu lado, mas ele apenas ouviu, não se atreveu a olhar para o irmão.
— Ela não vai dizer, cara. Isso seria um grande sonho da sua parte, o mais ilusório possível. — Adam estralou os dedos na frente de . — Acorda, ! A sua realidade agora é a que você está vivendo. Eu sei que você não queria estar passando por isso, mas não tem o que fazer.
— Está falando isso porque não é você que está todo fodido e arrombado pela vida. — ele atravessou os olhos para Adam. — Não queira estar em minha pele e sentir o que estou sentindo.
— Talvez você se sentisse um pouco melhor se começasse a aceitar as coisas. — ele passou os olhos pelo corredor, o sol da manhã clareando as paredes escuras. — Todo mundo está lá embaixo arrumando as coisas para o seu casamento com Aubrey. Ela, muito provavelmente, está na modista há essas horas tentando esconder a barriga que ninguém pode sonhar que ela tem enquanto você deveria estar se preparando para se tornar um cara casado. Você não pode ficar desejando pra sempre. Ela é nossa prima gostosinha, mas ainda assim é nossa prima e uma garota impossível, diga-se de passagem.
— Mas isso não vai me impedir de falar e tentar me resolver com ela. — ele apontou para a porta. — Eu não vou conseguir me casar com Aubrey sabendo que está me odiando ou simplesmente não está sentindo nada, o que pode ser muito pior, porque mostra que ela não está nem aí. — Adam deu de ombros.
— Você quem sabe. — ele se virou para descer as escadas. — Só não força a barra. Pode acabar se machucando ainda mais.
E então Adam saiu certamente para ajudar a arrumar os arranjos de flores enquanto levava seus conselhos esquisitos consigo. ainda tentava entender de onde Adam havia tirado todo aquele monólogo ajudante, mas sua curiosidade se dissipou quando ele parou em frente à porta de mais uma vez. Sua mão parecia estar travada no lugar e ele não conseguiria ter a mesma coragem de antes para bater na porta esperando que a garota a abrisse. Por mais que sempre entrasse no quarto de — ou no quarto de hóspedes de sua casa que passou a ser de — sem avisar, a situação atual era muito diferente da antiga, na qual ele simplesmente entrava e chocava sua boca à da garota em um beijo forte e molhado. Provavelmente, se ele entrasse sem bater era capaz de expulsá-lo depois de encher a boca de xingamentos do pior nível para defini-lo. E ele não poderia falar nada. Apenas aceitar.
Mordeu o lábio inferior enquanto sua mão se dirigiu à maçaneta dourada da porta, girando-a até que uma fresta da porta se abriu silenciosamente. Metade de sua cabeça entrou pela abertura pequena da porta, apenas conseguindo ver um pouco da luz da janela que iluminava o aposento. Olhou para todos os cantos do quarto e, mais à frente, defronte ao grande espelho que havia no quarto estava , o corpo vestido apenas por uma lingerie branca pequena, cobrindo apenas o mais essencial no corpo. De resto, estava tudo à mostra.
O corpo da menina havia se valorizado muito mais desde a última vez que a viu. Os peitos cobertos pela lingerie relativamente pequena para o peso estavam ainda maiores, formando uma fenda funda com a junção que a roupa íntima fazia na parte frontal de sua feminilidade. A barriga continha alguns gomos, sinais de academia em excesso e dedicação aos treinos de Fitness que a garota fazia em horas vagas enquanto as coxas grossas formavam o V que sempre o deixou louco de desejo. Aquela parte de era a melhor que ele havia provado e não se comparava com nenhuma outra garota com quem ele havia transado um dia. A parte traseira da garota também estava mais arrebitada e cheia, o que fez com que agradecesse de coração à bendita academia que a garota fazia. As pernas eram cheias de curvas acentuadas, formando uma das mais belas pernas que havia tido o prazer de conhecer.
E tocar.
E beijar.
E mais uma vez seu corpo reagiu àquela visão, principalmente quando viu apertar os peitos com as mãos relativamente médias. O apertão que a menina deu na região fez com que a carne volumosa estufasse ainda mais, formando as belas bolas que eram os peitos da garota. Redondos, gostosos e rosados. E com um gosto esplêndido de mulher gostosa. A língua de começou a formigar dentro de sua boca e ele achou que fosse morrer quando viu as mãos de descerem sobre seu corpo até bolinar o elástico da calcinha, descolando-a de seu quadril até que, com um puxão um tanto dolorido, o elástico voltava a colar em sua pele com um estalo forte. Ela sorriu para si mesma enquanto balançava os cabelos — já soltos do coque — sob o rosto redondo. Virou-se para a cama enquanto pegava um short jeans curto de cintura alta e vestia, tudo sob os olhares atentos de que tentava não suar frio sentindo a saudade de sua prima tomar conta de seu peito. Saudade de fodê-la com tanto afinco quando já fodeu tempos atrás.
Mas a mesma forma como ver tão perto em sua frente era como se ela estivesse também muito longe. Tão distante quanto ele se sentia de si mesmo, de seu verdadeiro eu. não iria querer mais nada com ele. Principalmente quando ela estava com Jeremiah. sabia o quanto ele e haviam adulterado juntos enquanto namoravam outras pessoas. Um relacionamento carnal constituído em família, sexo antes do casamento, adultério na cara dura, pensamentos impuros e palavras sujas. Tudo o que ele havia aprendido a não fazer. E o que mais fodia sua vida era que o pecado tinha um gosto tão doce quanto o mel. Nunca havia sido tão bom pecar enquanto se esbaldava no corpo delicioso de sua prima.
Ao ver a garota vestir uma blusa branca de manga curta e quase se dirigir à porta, ele não pôde mais perder tempo e, inesperadamente, adentrou o quarto, provocando um grande ar de surpresa e susto provindo de . A boca da menina se abriu, os olhos dela se arregalaram e uma das mãos parou em cima do peito, tecnicamente perto do coração, mas para somente dela encostar-se àqueles peitos, tudo levava ao conceito do sexo. Uma nostalgia tomou conta de sua mente.
Os olhos dela ainda o fitavam com surpresa, mas depois passaram para um olhar confuso e questionador.
— O que está fazendo aqui? — ela perguntou com a voz calma e suave. A expressão surpresa estava se dissipando. — Quero dizer, a casa é sua, mas... Acho que poderia ter batido na porta.
— Preciso falar com você. — ele disse enquanto enfiava as mãos nos bolsos da calça. ergueu uma sobrancelha. — Não tivemos oportunidade de conversar desde o dia em que...
— Em que você, de repente, virou pai. Sim, é verdade. — ela completou enquanto olhava para o lado, como se estivesse pensando em algo.
, por favor... — ele suplicou. — Não é da forma como você deve estar pensando. Eu não escolhi essa gravidez, eu não escolhi essa vida. — a garota suspirou.
— Na vida acontecem dois tipos de coisas. Uma das coisas acontece por nossa escolha e outra acontece por uma coincidência ou pegadinha do destino. No seu caso, você tinha escolha, sim. — ela jogou os olhos profundos sobre ele, fitando-o com as íris fulminando. — Você tinha a escolha de ter usado um preservativo. Você tinha a escolha de exigir que Aubrey tomasse uma pílula. Você tinha a escolha de estar sempre abastecido desse tipo de prevenção, idem à sua namorada. Não venha me dizer que você não escolheu isso porque só vai fazer com que eu simplesmente desista de te ouvir.
baixou os olhos enquanto sentia o peso das palavras dela. Sim, ele havia tido a escolha de evitar tudo o que estava passando, mas ao contrário disso, resolveu simplesmente comer Aubrey e não pesar as consequências que poderia causar um sexo sem camisinha ou precaução provinda da companheira.
... Você não tem noção do quanto eu estou me sentindo enclausurado. — ele a encarou com os olhos brilhantes e ardentes pelas lágrimas que geravam devido ao bolo fixo no fundo de sua garganta. — Eu não me vejo casando com Aubrey, tudo isso parece uma grande brincadeira de mau gosto. — o encarava fixamente, prestando atenção em tudo o que ele dizia por mais que sua expressão estivesse séria demais. — Eu fui um puta idiota por não ter prevenido uma gravidez e por ter começado a namorar uma garota que eu não gosto. Eu estou desesperado! — ele exclamou, abrindo os braços. — A única coisa que se passa na minha mente é acabar com toda esta merda que virou a minha vida e fugir daqui. — ele jogou o olhar em cima da garota que o encarava com as sobrancelhas juntas. — E de preferência com você.
Por um momento achou que fosse fazer um grande escândalo e acabar com sua imagem, mas ao contrário de seus pensamentos, ele apenas viu a garota rir. Um tom de incredulidade tomava conta da voz dela e ele percebeu que seu papel de idiota em frente à sua prima estava apenas começando.
— Conta outra, . — ela continuou sorrindo, os dentes brancos fazendo parte daquele cenário torturante. amava o sorriso de , mas naquele momento ele concluiu que daria tudo para que ela não sorrisse daquela forma para ele. — Eu não sei por que está falando isso pra mim. Você não me deve explicação alguma, de coisa alguma, de nenhuma das suas atitudes. Somos apenas primos, o que isso acarreta na sua vida? E a sua noiva não vai gostar de saber que, um dia antes do casamento, o noivo dela esteve enchendo o saco da prima mais nova.
fechou a cara e se aproximou da prima, o rosto indo de encontro ao dela enquanto as faíscas de seus olhos se projetavam aos dela.
— Você sabe muito bem que não somos apenas primos. — ele semicerrou os olhos. — Não fale como se não tivesse significado nada para você, . Pode não ter significado tanto quanto significou para mim, mas ainda assim tudo o que vivemos juntos mexeu com você.
Ela baixou o olhar, a postura dando uma trégua, deixando de lado o esforço que ela estava fazendo para se sentir um pouco melhor em meio a toda aquela confusão que se alastrou nos últimos dias. Os olhos da garota se voltaram para , as íris e pupilas se mexendo à medida que ela o analisava minuciosamente, buscando sentir cada emoção que se passava no rosto desesperado do primo. sabia muito bem que se sentia exatamente como ele. Como se estivessem compartilhando as mesmas dores e o mesmo sentimento de separação que corroia as veias de ambos. Ela deu um sorriso pequeno levantando sua mão direita até tocar o rosto de , os dedos tão leves quanto uma pena. O garoto fechou os olhos enquanto o coração se aquecia, a saudade batendo tão forte dentro de seu peito que era quase impossível se manter parado. Mas ele permaneceu quieto em seu canto, apenas sentindo a sensação elétrica que era ter a pele de encostada na sua. Mesmo que fosse apenas um toque simples como aquele.
— Eu não vou mentir pra você, . — ela disse enquanto, com a outra mão, tocava o terno do rapaz. — Toda essa revelação fez com que eu percebesse o quanto é impossível nosso envolvimento. — abriu os olhos abruptamente, colocando o olhar sobre a garota que tinha o lábio inferior mordido pelos dentes. — Não adianta você querer ver as coisas por outro lado, . Vamos cair na real e aceitar que essa droga de atração que sentimos um pelo outro tem que acabar. Vai ser o fim se alguém da nossa família descobrir esse segredo. Vai ser pior do que quando Aubrey apareceu anunciando uma gravidez. — ela suspirou. — Adam já sabe. É apenas o começo para que um de nossos pais também saiba disso. Inclusive Aubrey. Isso vai ser ainda pior.
, eu não estou me importando com ninguém e muito menos com o que a porra dessa cidade vai pensar. — ele agarrou as mãos dela com as suas, forçando o corpo da garota se encontrar ao dele. — Eu não quero casar com uma pessoa que eu não amo. Eu não gosto de Aubrey. Eu não me vejo casado com ela nem por um filho. Não é ela que o meu coração chama nas noites frias. — ele contorceu a expressão e baixou os olhos. — Não foi com ela que vivi os melhores momentos da minha vida. Não foi com ela que eu decidi ser um homem de verdade. — ele respirou fundo, sem desviar o olhar de nem por um momento. — E não foi pra ela que eu entreguei o meu coração.
soltou as mãos de e andou em direção à cama, se sentando no meio da mesma enquanto as pernas se cruzavam. Ela baixou a coluna, claramente perturbada e não pensou em mais nada, apenas a seguiu e se sentou ao lado dela, mais na beirada.
— Aubrey está grávida... — ela começou enquanto respirava em pausas. — Vocês vão se casar amanhã. Nós somos primos. Percebe a encrenca que a gente vai criar se continuarmos a viver no mesmo relacionamento aberto de sempre? Sem falar que isso conta como um adultério tremendo.
E aquilo era realmente verdade. Mesmo que eles estivessem namorando outras pessoas, beijando outras bocas e compartilhando prazeres com outros sexos, eles sempre voltavam para o mesmo ponto de partida: os prazeres compartilhados entre eles mesmos. Se beijavam, transavam, se entregavam como se nenhum relacionamento paralelo estivesse no meio do relacionamento deles. Quando sentiam vontade, eles ficavam juntos e não interessava se ou estavam de compromisso com outro alguém. O que interessava era quando e quanto eles iam se pegar. Apenas isso.
— Então está dizendo que... — ele falou baixinho.
— Estou dizendo que você vai ter que romper com a sua vida a partir de agora. — ela levantou o rosto para ele. — Eu não faço a mínima ideia das proporções que esse envolvimento nosso tomou, mas é melhor cortar antes que seja muito tarde. — ela baixou o olhar. — Amanhã você irá assumir um compromisso muito mais forte que um namoro, . Eu sei que você não ama Aubrey, mas toda ação tem sua reação. E a reação da sua ação é se casar com ela.
E então ele viu que por mais que seu coração clamasse para que o ajudasse a se livrar daquela situação e por mais que ele viesse gritar todas as palavras que queria em som muito audível, não iria escapar do que estava por vir. Teria que se casar com Aubrey Moretti e esquecer que um dia se relacionou com sua prima e extinguir de dentro de seu coração o amor que passou a sentir por ela. tinha os olhos tristes e úmidos e aquilo foi a prova de que ela realmente estava se importando com tudo o que estava acontecendo. Assim como ele concluiu: ela sentia a mesma dor que ele. Essa era uma grande prova de que era a pessoa certa para que sua vida tivesse uma cor vibrante e feliz, para que o ar que ele respirasse ficasse ainda mais leve e sua concepção de vida fosse tomada por um conceito de saber amar.
Mas tudo isso havia se dissipado assim que ele não teve mais alternativa, assim que ele enxergou que não escaparia de sua forca pessoal. Estava condenado pelo pecado de ter se relacionado com sua prima e por ter engravidado uma moça enquanto também estava condenada a perder o primo que ela tanto gostava. Para sempre.
— Não pense que estou contente com isso. — ela recomeçou. — Doeu muito receber a notícia de que Aubrey estava esperando um filho seu. Doeu mais ainda saber que vocês iriam se casar e está doendo até agora ver todos esses preparativos correndo lá embaixo. — ela suspirou. — Mas dói muito menos quando a gente começa a aceitar. E eu estou, definitivamente, aceitando que você agora é de outra.
— Adam me falou a mesma coisa. — ele parou por um momento. — Disse que doeria muito menos se eu aceitasse o que estava acontecendo.
— Ele tem razão, . — ela tomou as mãos frias do garoto combinando com a frieza de suas próprias mãos. — Eu tenho certeza de que, se você se dedicar, vai ser um bom homem para Aubrey. — ela sorriu e se aproximou do garoto lançando os braços em torno do corpo forte dele, abraçando-o. Seus lábios se encostaram ao ouvido dele onde ela soltou uma lufada pequena de ar fazendo com que todos os pelos do corpo de se eriçassem. O perfume dela invadiu o olfato do garoto permitindo que a situação ficasse perfeitamente apropriada para ele fechar os olhos. — You can do it... — ela cantarolou e mordeu o lábio inferior ao ouvir a voz afinada e suave dela adentrar por seus ouvidos. — Don’t break... Yeah, you’ll push through it... You are safe... — uma lágrima desceu dos olhos de , mas continuou cantarolando a canção, os olhos fechados apenas sentindo os músculos tensos do primo. — Tell her on how you feel... Give her every say she needs to hear... Give your heart, and say come take it… And she will see you’re a good man… — ela continuou soprando no ouvido de . Ele tomou uma mão dela com a sua e entrelaçou os dedos à medida que a voz dela ainda cantava baixinho. — You can do it... Don’t break... Yeah, you’ll push through it... You are safe... — ela deu um beijo no lóbulo da orelha do garoto, fazendo com que ambos se arrepiassem e uma nostalgia de lembranças deles juntos tomasse conta das mentes ali presentes. — You are safe...
E então os dois rostos se viraram e os olhares caíram sobre seus lábios. A respiração de se fundia com a de sua prima fazendo com que ele conseguisse sentir sua língua exclamar para tomá-la pelo menos uma última vez. Olhava para os lábios da garota com um desejo nítido e seu coração doía fundo por saber que nunca mais iria tê-la para si ou tocá-la da forma como ele sempre apreciou. Agora, sim, ele entendia o real sentido da dor que era se afastar de alguém que ama. A dor de ter seus sentimentos sendo arrancados à força de seu peito e lançados fora como se fosse um lixo qualquer era tão grande que ele quase não podia suportá-la. Apenas um último beijo de sua prima faria com que ele tivesse forças para enfrentar a tempestade que viraria sua vida a partir do dia seguinte.
— Posso pedir uma última coisa? — ele sussurrou contra os lábios dela. A menina apenas balançou a cabeça em afirmação enquanto seus lábios se raspavam com o movimento. — Me dê um último beijo? É a única coisa que eu preciso para... Para enfrentar tudo. O beijo da única mulher que eu amei.
E com um sorriso, a menina se aproximou dele enquanto suas mãos se entrelaçavam no pescoço alvo do rapaz permitindo que as mãos dele grudassem em sua cintura marcada por curvas. Os lábios se chocaram com grande prazer e primeiramente eles sentiram o toque do selinho, que há muito tempo não sentiam. Nem se lembravam de quando foi a última vez que haviam se beijado, mas aquele momento não se comparava a nenhum dos passados. O beijo tinha gosto de prazer, saudade e, além de tudo, dor. Algo novo se passava por dentro do coração dos primos e eles procuravam esquecer que aquele era o último beijo compartilhado e apenas se empenharam em curtir o momento em que eles finalmente podiam estar juntos e fazer de conta que não havia problemas que pudessem estragar a felicidade que ambos sentiam quando estavam juntos.
Não demorou muito até sugar os lábios da prima para si, puxando a carne para dentro de sua boca enquanto sua saliva moldava-se à dela trazendo um aspecto molhado ao beijo que, aos poucos, foi se tornando mais urgente. Sentiu a língua de adentrar sua boca e circular todos os cantos enquanto a sua se misturava àquele movimento e se entregava ainda mais à velocidade alucinante que o beijo passou a proporcionar. Os lábios escorregavam um pelo outro e as cabeças se moviam frenéticas para frente e para trás assim que os chupões passaram a ficar mais constantes sendo executados pelas línguas e dentes ansiosos por mais contato. O que faziam era apenas suprir o quanto queriam sentir mais daquele que era para ser um último beijo, mas que estava se tornando novamente a chave para a prisão que ambos se submetiam quando estavam juntos. a beijava com força e volúpia sendo correspondido pela garota que sugava com força a carne macia de seus lábios fazendo com que tudo tivesse um gosto diferente.
Os segundos se passavam de forma lenta e os primos não tinham a mínima noção de quanto tempo ficaram ali se beijando, se entregando, se sentindo. A falta de ar foi chegando aos poucos denunciando que aquela despedida estava chegando ao fim fazendo com que não quisesse desgrudar seus lábios dela nem por um segundo. Assim que recebeu uma mordida no lábio inferior, sinal que sempre dava quando ia finalizar um beijo, ele não demorou tempo algum para empurrar a cabeça dela para frente novamente tomando os lábios dela para si enquanto voltava a enfiar a língua dentro da boca da garota, sugando mais da saliva dela para dentro de sua própria boca. Tudo naquele quarto conspirava para que eles largassem a postura e simplesmente usassem aquela cama para mais uma das transas que eles adoravam ter, mas assim que ele enfiou a mão por baixo da blusa da garota, conseguindo chegar até os peitos fartos da prima e apertá-los, a garota finalmente mordeu o lábio inferior de , finalizando o beijo enquanto, levemente, retirava a mão dele de seu corpo.
Os lábios dela estavam vermelhos e úmidos, o que fazia com que chegasse à conclusão de que os seus estavam da mesma forma. Ela deu um sorriso pequeno se levantando da cama enquanto ia até a porta, abrindo a mesma e se colocando para fora. Os olhos de a acompanhavam até que contemplaram a garota virar o rosto e encará-lo por uma última vez antes de se ausentar por completo.
Assim que saiu, sentiu um grande vazio tomar conta de seu peito. O gosto do beijo ainda em sua língua e o perfume dela tomava todo o ar do quarto, deixando-o entorpecido por um momento. Ali, naquela hora, enquanto sentia o beijo da garota e o perfume tomarem conta de sua mente se misturando à ausência dela, ele percebeu que a sua realidade era aquela a partir daquele dia. A ausência de sua prima, seu primeiro amor, e o começo de uma nova vida, uma vida que ele esperava apenas pelo pior.


CHAPTER #3

O desejo sempre fala mais alto que a razão


não sabia há quanto tempo estava em frente ao espelho com sua mãe ao seu lado ajeitando o terno prateado aqui e ali. A mulher reclamava um pouco de como o garoto estava com a posição desleixada e despreocupada e por muitas vezes o repreendia por não ajudar enquanto ela o arrumava para ficar no mínimo apresentável para a cerimônia de casamento que aconteceria dali a duas horas. estava dentro de seu quarto na companhia de sua mãe e Aynee, mas parecia que estava enclausurado em um lugar pequeno, fechado e escuro, quase como se ele estivesse tendo um ataque de claustrofobia. Na verdade, poderia se considerar quase como um estado claustrofóbico. Ele não podia expressar o que sentia, não podia dizer o que se passava dentro dele e não podia simplesmente sair deixando todo mundo sozinho com os preparativos e ansiedades para aquele casamento indesejável. Sem pestanejar, tinha que manter a aparência e demonstrar que realmente estava feliz com tudo aquilo, com todo aquele alarde.
— Agora o toque final. — Amalia falou enquanto colocava uma flor branca no bolso da frente do terno de . O rapaz quis muito fugir daquela vida. — Ah, agora está lindo, meu filho. — ela apertou as bochechas do rapaz. — Passou o perfume? Temos que ir para a igreja sem demora.
— Já. — ele acenou com a cabeça e se arrastou para fora do quarto onde viu Adam e seu pai, ambos vestidos com os melhores ternos, o esperando para irem até a igreja.
Mesmo que ele tentasse ignorar, via o olhar de Adam descer sobre ele como se conseguisse sentir o que sentia naquele momento. Um tapa leve nas costas foi o único sinal que Adam podia dar ao mesmo tempo em que dizia boa sorte ao irmão. olhou para a porta do quarto de , questionando se a garota realmente iria ao seu casamento.
— Tia Aynee? — chamou e a mulher o respondeu com um “sim, querido?”. — não vem?
Adam virou a cabeça para tão apressadamente que o rapaz achou que o irmão não tinha escutado muito bem sua pergunta. Resolveu ignorar antes que chamasse atenção — com relação ao repentino e notável interesse de Adam no assunto, seguido por seus olhos arregalados em incredulidade.
— Vem sim, meu querido. Mas ela irá com Jeremiah. Eles ficaram de se encontrar aqui na porta para irem juntos.
murmurou em compreensão, mas por dentro só ele sabia como seu coração doía. O gosto do beijo de ainda estava em sua boca, fazendo com que ele não conseguisse pensar na possibilidade de Jeremiah experimentar os mesmos lábios que ele já beijou e que já ousaram beijá-lo em todas as partes de seu corpo. Passou a noite inteira acordado ponderando entrar no quarto da garota e tê-la nem que fosse uma última vez, mas achou melhor ficar em seu quarto, reprimindo a vontade desesperada que guardava dentro de seu peito. Seus olhos estavam arroxeados ao redor, o que fez com que Amalia colocasse vários tipos de corretivo em seu rosto, coisa que ele não gostou nem um pouco. Em todo momento que se arrumava para o casamento com Aubrey ele pensava num jeito de ter pelo menos vinte minutos sozinho com , para matar a saudade que já estava doendo em seu peito. Como ele a amava. Como ele estava sofrendo com aquele casamento.
Parecia que o mundo tinha conspirado contra ele e , proibindo o relacionamento deles definitivamente e não respeitando o quanto eles se gostavam, o quanto eles se queriam — mesmo que o sangue que corria em ambas as veias fosse praticamente o mesmo. Ele não se importava se para sua família era um relacionamento incestuoso, não se importava o quanto a cidade ficaria escandalizada quando soubesse que ele e não eram mais virgens porque tinham feito sexo, os dois, os primos, em uma ocasião imprópria, contradizendo a doutrina da igreja, não se importava com Aubrey e a família Moretti, apenas assumiria o filho que havia feito mesmo que acidentalmente e seguiria com sua vida tendo ao seu lado sem tirar, nem colocar. E se importava ainda menos com o fato da garota estar saindo com Jeremiah Gumenick. queria mais era que Jeremiah se explodisse em milhões de pedaços para longe dele e de e os deixasse em paz.
Quem dera tudo fosse tão simples dessa forma.
— Ande , precisamos ir depressa. — ele nem se tocou que estava olhando para a porta da casa na esperança de ver sair de lá, mas a voz de seu pai o trouxe de volta para a realidade fazendo-o ver que teria de ir para a igreja sem a companhia de sua prima, apenas acompanhado de sua mãe que já tinha os olhos lacrimejando, de seu pai que não esbanjava muita felicidade — certamente pelo fato de que estavam escondendo a gravidez do povo, mas não de Deus — e de Adam que era o pior de todos: tinha uma expressão contorcida numa pena sem fim. E isso deixava possesso.
Entrou no carro sem demora e sentia uma parte sua ficando para trás à medida que seu pai dirigia em direção à igreja. Aynee havia ficado para ir em companhia de e Robert e, certamente, de Jeremiah. Uma bile subiu pela garganta de e ele tratou de engoli-la, tentando fazer com que seu estômago não revirasse tanto de forma que ele viesse a passar mal dentro do carro.
— Os preparativos da festa estão maravilhosos! — Amalia exclamou alegre no quarto silencioso. Peterson dirigia quieto, Adam estava jogado no assento com um tédio visível e estava encolhido, o suor descendo por seu rosto e a vontade de vomitar sempre presente, o assolando sem medidas. — Todas as mesas dos convidados estão arrumadas, a orquestra deve chegar logo após a cerimônia, o bolo está impecável e os aperitivos são da melhor qualidade. — ela não continha a animação. — Cuidei para que seu casamento fosse melhor que o meu, filho, e está sendo mais do que eu esperava.
não conseguiu responder, o balanço do carro fazendo com que ele ficasse realmente desesperado. Colocou a cabeça apoiada no vidro do carro, respirando fundo, enquanto sentia o suor descer com mais força e o almoço ingerido querer voltar com toda a força. Apenas contava os segundos para despejar tudo para fora, mas antes que pudesse causar o maior estrago em seu terno e no carro de seu pai, Adam o tocou chamando sua atenção.
— Está tudo bem? — ele sussurrou para que os pais não escutassem. engoliu a bile novamente, não sabendo até quando teria aquele bolo em sua garganta.
— Não quero me casar, Adam. — ele falou de volta e o garoto virou os olhos.
— Estou perguntando se você está doente, sei lá. Você está meio verde.
Os olhos de ficaram embaçados por um momento até que o carro parou de vez e ele agradeceu sinceramente aos céus por isso. Não esperou seus pais e seu irmão descerem do carro e logo saiu correndo se distanciando de seus familiares até entrar na igreja como um doido e correr para o banheiro. Sentia que se não corresse, certamente passaria mal na frente das pessoas e isso era o que ele menos queria àquela hora. Mesmo sem cabeça para pensar em aleatoriedades, ficou satisfeito por não ter quase ninguém dentro da igreja para vê-lo correr daquela maneira em direção ao toalete masculino. Agradeceu ainda mais quando notou que estava sozinho no banheiro, tratando de correr para um box qualquer e despejar tudo o que o estava atormentando durante todo aquele tempo.
Sentia o estômago apertar dentro de seu corpo, doer com força enquanto sua garganta tratava de expelir tudo o que ele havia ingerido de comida, toda a mágoa que ele sentia e o medo que ele tinha por saber que havia perdido a única garota que importou em toda sua vida. Seus olhos lacrimejavam pelo esforço e tudo o que ele queria era que aquilo terminasse de uma vez para que ele pudesse ficar em paz, sem problemas, sem preocupações. Odiava com todas as forças passar mal daquela maneira. E aquela vez estava sendo ainda pior pelas circunstâncias que o cercavam durante, exatamente, um mês atrás.
Passaram-se alguns minutos e ele se jogou contra a parede do box, a garganta raspando, o estômago dolorido, os olhos escorrendo lágrimas nervosas e fortes por todo o seu rosto e a única coisa que ele pensava era em chorar para ver se aquela dor física e sentimental diminuía um pouco. Ficou ali sentado defronte ao vaso sanitário enquanto os gemidos de seu choro eram os únicos sons audíveis dentro do banheiro vazio.
— Maldita hora que engravidei aquela garota. — ele falava em meio ao choro forte, a garganta doendo e as lágrimas descendo numa força descomunal como se estivessem pegando fogo em sua pele. — Maldita hora que eu não enfrentei minha família para dizer que eu amava minha prima.
E continuou chorando como se as lágrimas expelidas de seus olhos também fossem levar embora toda dor que ele não estava suportando. Não queria se casar, estava se casando forçado e tudo o que ele pensava era em como seus anos ao lado de Aubrey iriam ser os mais horríveis que ele poderia imaginar. Não sabia há quanto tempo estava ali dentro daquele box, só teve uma noção de que as lágrimas se secaram em seu rosto quando batidas no box o despertaram de sua bolha particular escura até demais.
? — a voz de Adam fazia eco dentro do banheiro. — Por favor, abre essa porta. Preciso ver se você está bem.
— Vai embora. — o rapaz pediu enquanto se levantava com calma, segurando nas paredes do box. Sentia sua cabeça girar, uma dor infernal aparecer e seu estômago esticar dentro de seu corpo, deixando-o pior do que ele imaginava.
, para de idiotice e abre essa porta. Melhor eu te ajudar do que a mamãe. Ela está quase tendo uma síncope porque você saiu correndo.
Foi o tempo em que deu a descarga e abriu a porta para Adam, o garoto arregalando os olhos enquanto via o irmão pálido até demais, se esforçando para aguentar seu próprio peso. via tudo girando sob seus olhos, mas antes que tivesse a tontura como vencedora daquela tragédia, seu irmão o ajudou a caminhar até a pia.
— Cacete cara, olha como você está. — ele falou enquanto abria a torneira e enxaguava a boca com água pra tirar o gosto ruim de ácido.
— Eu vou ficar bem, Adam. — ele disse apenas, mas o irmão balançou a cabeça negativamente.
— Você não vai conseguir disfarçar o mau gosto com esse casamento. Sua cara denuncia tudo. Você até passou mal! — sorriu pequeno.
— Foi a pressão, cara. Nada demais. Já passou.
Adam mordeu o lábio inferior e sentiu a inquietude do garoto ao seu lado, encarando-o sugestivamente. O garoto respirou fundo e depositou a mão no ombro de , claramente o preparando para o que ele ia dizer a seguir.
já chegou. — ele baixou o olhar. — Jeremiah está com ela. Eles estão meio que... Oficializando o namoro. — Adam fez uma careta e sentiu o coração despencar para o mais profundo dos abismos.
— Eles anunciaram algo? — perguntou num fio de voz.
— Nem é preciso. Eles se beijarem em público e andarem de mãos dadas são uma grande forma de mostrar que estão juntos. — não conseguia disfarçar o tanto que ele se perturbava com isso. — Melhor você esquecer a priminha de vez, cara. Vocês dois não têm mais chance alguma. Você está prestes a se casar com Aubrey e não tem o que fazer. — ele olhou para o relógio digital conferindo as horas enquanto permanecia parado no mesmo lugar, sem a mínima vontade de se mexer. — Acho bom você ir. Está quase na hora da cerimônia e você tem de esperar a outra no altar.
E não demorou a Adam acompanhá-lo até o altar onde deveria ser uma das melhores alegrias que ele iria ter, mas estava sendo o pior momento de sua vida.

A igreja estava cheia demais para o gosto de . Estar ali plantado em frente ao altar era uma agonia que ele desejou nunca mais sentir em sua vida. Era observado minuciosamente por cada morador de St. Michaels e muitas vezes alguns dos importantes nobres da cidade se levantavam e apertavam sua mão lhe desejando toda sorte do mundo e um casamento feliz. Por fora, tentava manter o sorriso estonteante, como quem espera grandiosamente pela noiva, mas por dentro parecia que tudo ia explodir. Andava de um lado para o outro não em ansiedade para ver Aubrey entrar pela porta da frente, mas matutando alguma desculpa que ele pudesse dar para adiar o casamento. Era um pensamento ridículo, mas era o pensamento que parecia mais atraente para ele. A realidade começou a cair em sua frente quando ele contemplou o pastor que iria celebrar a cerimônia se posicionar em seu lugar lançando um sorriso contente para ele. Um sorriso mal feito surgiu no rosto de e logo ele tratou de virar para qualquer lado que não tivesse a visão do pastor encarando-o com uma felicidade que não estava em seu coração. Colocou as mãos dentro do bolso da calça enquanto mantinha a cabeça baixa, o lábio formado numa linha fina.
Sem delongas, a marcha nupcial começou a tocar e ele ergueu o rosto, olhando a porta da igreja — que era bem longe do altar — conseguindo ver Aubrey vestida num vestido de noiva completamente rodado, chamando a atenção até de quem poderia estar a quilômetros de distância dela. Ele olharia para sua futura esposa preparada para chegar ao altar se seus olhos traiçoeiros não tivessem olhado para o lado oposto e conseguido captar e Jeremiah por entre o pessoal que estava em pé enquanto a noiva adentrava o santuário. não olhava para Aubrey em sua entrada majestosa, pois estava completamente alheia ao mundo conversando com Jeremiah, que não parava de cochichar baboseiras em seu ouvido, o que fez com que fechasse a cara de uma maneira que não combinava com um noivo prestes a se casar.
A prima estava usando um vestido vermelho justo, mas não tão colado ao corpo enquanto os cabelos estavam presos em um penteado mais sofisticado, diferente dos cabelos soltos e livres de sempre. O rosto alvo estava colorido com uma maquiagem leve, mas seus lábios ousavam carregar um pouco mais de cor, deixando-os ainda mais chamativos. mordeu o lábio inferior ao ver o sorriso da garota e a forma como ele sempre beijava aquele sorriso com tanto carinho. A saudade já doía forte em seu peito, mas ele tratou de tentar ocupar a mente com outros fatos, como o fato de que sua noiva estava sorrindo em sua direção enquanto o Sr. Moretti a trazia com esplendor para perto dele. O problema era que não conseguia desgrudar os olhos de em nenhum segundo e ainda teve tempo de ver a garota depositar os lábios em cima dos de Jeremiah e ousar abrir a boca para que o garoto enfiasse a língua dentro. Talvez não tivesse imaginado como aquilo iria doer dentro dele, como a dor sentimental conseguia ser pior do que a dor física. Parecia que o mundo havia caído em suas costas como um peso infindável.
Havia ficado mais tempo que o aconselhável sentindo o coração sangrar enquanto contemplava e Jeremiah se beijando fortemente no meio dos convidados, mas logo teve seu paletó puxado por seu sogro, o Sr. Moretti, que o fitava com a sobrancelha arqueada entregando a mão de Aubrey para ele. Ele a agarrou depressa enquanto a garota tinha uma expressão desconfiada, mas assim que sentiu o toque de sua pele, tratou de sorrir.
Não demorou muito até que a cerimônia teve seu início, seu meio e seu fim, onde percebeu que não teria mais volta. Ao dizer “sim” para Aubrey em frente a tanta gente, ele soube que sua vida seria aquela a partir de agora. Ele não teria mais oportunidades de ficar com sua prima, contradizendo aos conceitos de sua família e religião, teria de aprender a amar aquela garota vestida de branco em sua frente e teria de amar o bebê que ela esperava, mesmo que Aubrey fosse a mãe que ele não havia sonhado para seu primeiro filho. Talvez um dos maiores pecados ele estivesse cometendo naquele mesmo momento onde prometia ser fiel à Aubrey na alegria, na tristeza, na saúde e na doença enquanto os pensamentos que rondavam sua mente eram um dos mais pecaminosos possíveis: ele ainda queria encurralar .
Ele achava que o último beijo na menina era o aval para que ele se casasse pelo menos com um pouco de paz e ficasse totalmente preparado para enfrentar sua nova vida que era altamente indesejável. Os olhos claros de Aubrey brilhavam para ele, mas ele não conseguia retribuir a felicidade com o mesmo afinco, muito ao contrário. Forçava um sorriso pra lá de falso e, assim que foi designado que ele beijasse os lábios de Aubrey finalizando a cerimônia, ele sentiu que poderia desmaiar de tanto remorso. Os lábios de sua, agora, esposa não eram macios como os de sua prima, pois parecia mais que havia espinhos em meio à carne da mulher, espetando-o até que seus lábios sangrassem. Essa era a forma como se sentia quando seus lábios se postavam em cima dos de Aubrey.
Não demorou muito até que os noivos foram saudados por vários presentes enquanto iam direto para a casa dos curtirem a festa que logo teria seu início. Mesmo sendo ovacionado por tantas pessoas que o abraçavam e desejavam as mais sinceras felicidades enquanto Aubrey estava agarrada em seu braço, seus olhos sempre fitavam as demais pessoas procurando por uma cabeleira castanha acompanhada de uma cabeleira loira, no caso sua prima e Jeremiah. Mas, para seu profundo desgosto, não encontrou nem muito menos Jeremiah nas redondezas da igreja e nem quando todos estavam caminhando para a festa na mansão de sua família.
Seu primeiro impulso era perguntar à Aynee se sua prima iria à festa, mas suas perguntas sobre já estavam começando a ficar suspeitas demais, ainda mais com Aubrey em seu encalço que exigiria saber o porquê de ele querer encontrar justamente quando ele tinha era que ficar ao lado da esposa p0ara dar atenção aos convidados da festa. Fechou a cara por um momento enquanto entrava no carro ao lado de Aubrey, a moça balançando o buquê de flores sobre o rosto espantando o calor no mesmo momento em que sorria e acenava para os convidados. tinha a cara fechada e por mais que ele devesse fazer o mesmo que Aubrey, seu ânimo o impedia de levantar um dedo sequer para demonstrar uma falsa felicidade.
O carro começou a andar e Aubrey respirou fundo, jogando as costas no encosto do banco enquanto pegava a mão de e depositava em cima de sua barriga. a encarou com o movimento.
— Agora a coisa fica pior. — ela sorriu o olhando. — A festa vai ser pra lá de movimentada.
— É. — ele fez uma careta.
— Não me parece muito animado. — ela endireitou a postura e se aproximou do marido. — Eu esperava ver meu noivo feliz no dia do nosso casamento.
— Peço desculpas. — ele engoliu em seco. — Acho que não estou muito bem hoje.
— Sente alguma coisa?
Sim. Sinto que engravidar e casar com você foi a pior enrascada da minha vida, sinto que perdi a única garota que amei e já estou sentindo vontade de vomitar novamente só de você encostar em mim. Então, sim, estou sentindo algo.
— Apenas uma indisposição. Acho que comi algo que me fez mal. — e aquele sentido era mais literal do que ele imaginava. Aubrey realmente fez um mal tremendo a ele.
— Espero que você melhore depressa. — ela acariciou a mão dele. — Quando chegarmos trate de tomar um remédio. De certo irá melhorar.
não conseguiu responder nada, apenas deu um sorriso e virou a cara para o outro lado contemplando a paisagem passar depressa por suas vistas. Sentia o ar dentro do carro um tanto quanto pesado e agradeceu verdadeiramente aos céus quando o carro parou em frente à sua casa. Desceu do carro enquanto dava a volta e abria a porta para Aubrey, ajudando-a com o vestido de cauda mais do que longa. No meio de sua perturbação, ele nem reparou em como sua esposa estava vestida. O vestido de noiva não o atraiu, nem muito menos o penteado elegante de seus cabelos claros ou a cor que pintava de leve o rosto dela. Na verdade, ele estava apenas disposto a encontrar certa pessoa com um vestido vermelho por entre todos que haviam chegado para a festa.
Mas nada de .
Nem mesmo quando adentrou sua casa, sendo recebido por várias pessoas e vendo os garçons em seus postos tratando de servir os convidados que já iam tomando conta das mesas espalhadas pelo lugar. Logo, sua mãe estava ao seu lado organizando tudo enquanto Aubrey vibrava de felicidade agarrada em seu braço, balançando-o com animação, a qual desconhecia. Não conseguia dar nem um sorriso que pudesse ao menos disfarçar tudo que se passava em sua cabeça. Não conseguia conter a careta de desgosto e raiva ao imaginar que poderia ter ido para qualquer outro lugar com Jeremiah para fazer o que bem entendesse com ele.
Por mais que respeitasse as leis de sua doutrina religiosa, era uma garota forte e decidida e não interessava nada além do que a sua própria vontade. Ela se entregou à por pura vontade, o beijou por pura vontade e transou com ele porque seu coração clamava por isso. sabia muito bem que se quisesse ceder à Jeremiah, ela o faria sem pestanejar, independente de eles serem da igreja, o rapaz ser da banda e ela ser uma cantora de destaque dentro do meio religioso. E pensar nessa possibilidade fazia com que ele sentisse ainda mais vontade de vomitar. Olhou para Aubrey e desfez o contato com o braço dela, puxando um sorriso torto em seu rosto. Ao longe ele pôde perceber a presença de Adam e o quanto ele estava tentando cantar uma garota mais nova da igreja, ao qual não estava tendo muito sucesso.
— Vou tomar o remédio. Não demoro. — a mulher assentiu depositando um selinho nos lábios dele e ele, pedindo licença aos convidados, tratou de subir as escadas até o andar de cima.
A música que havia começado a tocar em bom som no andar de baixo estava batucando em sua cabeça, mas ao chegar ao andar de cima, o silêncio começou a tomar sua parte, fazendo com que respirasse aliviado. Atravessou o corredor até chegar ao seu quarto, mas antes que pudesse entrar no dormitório, deu uma olhada para a porta fechada do quarto de . Cogitou a possibilidade de ela estar ali dentro e quis muito averiguar, mas antes que ele pudesse bater na porta da menina, resolveu tomar o remédio primeiro. Caso ela estivesse com Jeremiah ali dentro, ele não teria pulso firme de olhar a cena e ficar parado. Se quisesse adentrar o quarto, teria de se preparar para encontrar qualquer coisa que pudesse estar acontecendo ali dentro. Não demorou a entrar em seu quarto e buscar o remédio que o ajudaria a manter o estômago firme enquanto enfrentava as pessoas no andar de baixo. Era um pouco esquisito que, mal chegando à festa, o noivo já tratou de sumir deixando sua noiva sozinha com sua mãe e sua sogra para receber os convidados, mas isso não o abalava. Por ele, ficaria dentro de seu quarto até que toda a cidade presente fosse embora e o deixasse em paz, quieto em seu canto, sem mais nada a pensar.
Engoliu o comprimido sem água e respirou fundo, decidido a abrir a porta do quarto de e conferir se a menina estava lá. Saiu de seu quarto, fechando a porta até chegar em frente ao de , já estendendo a mão para girar a maçaneta. Talvez o susto que ele levou a seguir fosse o que o deixou paralisado e em choque, mas a visão de um vestido vermelho justo cobrindo o corpo curvilíneo de sua prima no início do corredor o fez se aquecer por dentro. Pela primeira vez naquele dia ele se sentiu livre do enjoo.
— O que está fazendo? — perguntou enquanto franzia a sobrancelha e olhava com a mão na maçaneta de seu quarto.
Ele retirou a mão rapidamente da porta e endireitou a postura enquanto seus olhos passavam pelo corpo dela, contemplando todas as formas que ela tinha vestida com aquele tecido justo. Ele pôde até imaginar como seus olhos estariam brilhando à medida que eles passeavam por e um sorriso se passou em seu rosto. Finalmente ele a havia encontrado.
— Estava te procurando. — ele pigarreou. — Quero dizer, não te vi durante um bom tempo, achei que tinha ido embora ou que estava no quarto.
— Seria indelicado da minha parte se eu fosse embora justo na festa de casamento do meu primo, hm? — ela sorriu pequeno. — A família tem de estar presente numa ocasião importante dessas. E por falar nisso... — queria muito interrompê-la naquele monólogo sem sentido, mas ela foi mais ágil ao continuar falando. — Me perdoe por não ter lhe desejado boa sorte antes da cerimônia. Acredito que ainda não seja tarde demais, então lhe desejo muitas felicidades. É uma nova fase.
a encarava como se ela estivesse falando a pior besteira de todo o mundo, mas ela realmente estava falando um monte de baboseiras, o que fez com que balançasse a cabeça negativamente, sem acreditar.
— Fala sério, Walkins. — ele sorriu irônico. — Você sabe melhor do que ninguém que essa porra de casamento é contra a minha vontade. Sabe também que eu nunca vou ser feliz nessa merda.
— O que eu lhe disse ontem, ? — ela fechou a cara depois de bufar alto. — Você vai aprender a amar Aubrey, comece a aceitar que não temos nada a nosso favor. Muito ao contrário. Só temos empecilhos que de longe vão terminar.
— Como você consegue ser tão fria? — ele a encarava com uma careta dolorida. — Parece até que você não está sofrendo com tudo isso. Tenho certeza que está doendo em você tanto quanto está doendo em mim, mas você insiste em deixar claro que está muito feliz com seu novo namorado. — era óbvio o nojo em sua voz.
— Você está iniciando a sua vida com Aubrey, . Por que exatamente eu não posso tentar algo com Jeremiah? Que eu saiba nada me impede de tentar começar algo bom com ele. — abriu a boca, indignado.
— E tudo o que a gente viveu? — ele falava alto demais e mesmo vendo mandá-lo abaixar o tom de voz, ele não se importava. — Vai me dizer que você se esqueceu de todos os beijos, de todos os toques, de todo o prazer, de tudo o que a gente compartilhou um com o outro? Vai me dizer que você simplesmente encontrou em Jeremiah algo melhor do que o que eu posso te oferecer?
abriu a boca para falar, mas antes que chegasse a soltar sua voz num rugido assim como , ela se interrompeu e fechou a cara. Cruzou os braços em frente aos seios, estufando-os um pouco o que fez o olhar de descer por ali. Ela respirou fundo e encarou com os olhos semicerrados em desânimo.
— Eu já falei pra você que aceitar vai doer menos. Já te falei que você tem que olhar para frente e não para trás. O que a gente viveu foi intenso, mas temos que passar uma borracha nisso, . — ela se aproximou dele. — Estamos em meio à sua festa de casamento, toda a cidade está presente lá embaixo esperando que você se mostre feliz. Vai demorar até se acostumar com Aubrey, mas o tempo sempre chega.
sentiu a cabeça girar fortemente e todo o nervoso começar a invadir suas veias. Estava cansado de ouvir pessoas lhe dizerem que ele iria aprender a amar Aubrey porque só ele sabia o quanto isso era impossível. Ele nunca iria amar aquela garota como ele amava a menina em sua frente e nunca iria conseguir se acostumar àquela realidade. Estava pra mandar o mundo ir para o inferno com todas as suas regras, sua força, sua insistência em se meter na vida alheia. Que se dane que estava acontecendo uma festa no andar de baixo referente ao seu casamento, que se dane Aubrey, que se dane as pessoas presentes, que se dane sua promessa feita diante do altar, que se dane toda aquela porra de falsidade que ele estava cansado de demonstrar.
Ele estava em frente à e isso era o que importava. Apenas três passos e ele teria seu corpo colado ao dela como nos velhos tempos, como quando eles se colidiam num só corpo enquanto se amavam em cima de uma cama ou até mesmo da bancada da cozinha dos Walkins onde eles não resistiram e transaram sentindo o gosto de amar na ponta da língua e no prazer expelido para fora de seus corpos. Era isso que importava para . Nada demais tinha o seu sentido e fundamento a não ser estar com ali, naquele corredor vazio enquanto seu quarto chamava os primos para se alojarem ali.
E como se recebesse um empurrão, venceu os três passos de distância e agarrou a cintura fina de sua prima fazendo com que o corpo dela batesse no seu de uma forma da qual ele sentiu saudade. A forma mais apaixonante possível. E não tardou muito até que seus lábios tocaram os dela, perdendo-se na boca da qual ele nunca iria se esquecer em toda sua vida. Não importava quanto tempo ele passou sem beijar os lábios de , sejam horas, dias, meses ou anos. Ele nunca iria se esquecer de deixar de desejar os lábios dela dançando sobre os seus. E foi com esse pensamento que ele pressionou ainda com mais força sobre os lábios dela e mesmo sentindo a garota relutar um pouco, sorriu em meio ao selinho forte quando ela, definitivamente, cedeu e recebeu sua língua como quando eles se encontravam às escondidas, cheios de saudade e amor para compartilhar.


CHAPTER #4

Uma última vez, definitivamente.


A porta do quarto se abriu violentamente à medida que as bocas dos primos se fundiam uma na outra experimentando um beijo forte e intenso do qual os cabelos da nuca não eram poupados, sempre puxados pelos dedos afoitos do casal. As peles se tocavam com vontade e quentura, sentindo a temperatura subir à medida que as línguas se misturavam dentro de suas bocas e os corpos se colavam ainda mais um no outro buscando atenuar a tensão sexual que passou a tomá-los de forma surpreendente. À medida que se beijavam, sentiam com clareza o quanto os beijos que eles compartilhavam eram os melhores que poderiam experimentar em toda a vida. Percebiam nitidamente o quanto a equação que eles formavam tinha o resultado mais certo que ambos poderiam imaginar. Enquanto uma festa de casamento corria no andar de baixo, sentindo a falta do noivo ou não, nada mais importava. Nem Aubrey estar sozinha, nem a falta de ser notada, nem o sumiço repentino de que deixou Jeremiah sozinho enquanto dizia querer ir ao banheiro... Nada disso importava. Pelo menos não quando os primos estavam juntos trancados em um quarto relembrando os tempos em que se atracavam escondidos de todos em jantares e almoços importantes, em comemorações familiares e até mesmo no banheiro da igreja, correndo o risco de serem pegos.
Enquanto se beijavam as lembranças tomavam conta tão fortemente e não resistiu, sentindo falta de tocar o corpo de sua prima de uma maneira mais ampla, sentindo as curvas dela encherem suas mãos. Um suspiro saiu do fundo de sua garganta assim que ele apertou a cintura da prima, puxando-a para ainda mais perto dele. Os peitos dela ficaram pressionados em seu tronco enquanto ela tratou de morder o lábio inferior do rapaz, sinal de que iria finalizar o beijo. Assim que se separaram, os olhos da garota se conectaram aos dele enquanto ela mordia o lábio vermelho balançando a cabeça negativamente, pousando as mãos no peito de e o afastando aos poucos.
— Não, isso não está certo. — ela ainda balançava a cabeça freneticamente. — , isso definitivamente não está certo. Você não deveria estar aqui comigo, deveria estar lá embaixo, estão todos te esperan...
, cale a boca, pelo menos uma vez na sua vida. Cale essa maldita boca. — ele a agarrou novamente forçando seu rosto contra o dela enquanto os lábios se raspavam. — Por favor. Você não tem noção do quanto eu preciso de você, do quanto eu quero te ter pelo menos uma última vez. — ele deu um beijo curto nos lábios dela. — Esqueça tudo. Tente imaginar que somos apenas nós dois, que não há ninguém em nosso meio nem o fato de sermos primos. — ele passou a língua pelo lábio inferior dela, gemendo enquanto ela fechava os olhos, se deleitando nos braços pecaminosos do rapaz. — Deixa eu te experimentar uma última vez antes de nunca mais nos tocarmos novamente. — ele sussurrava quase que inaudível. — Deixa...
E como se ele não pudesse nunca mais tirar o sorriso do rosto, sentiu seu corpo ser levado à sua cama com força e sua prima deitar por cima dele não demorando a devorar seus lábios com os lábios macios que preenchiam sua boca. A língua dela correu por sobre a sua enquanto ela ousava chocar com todos os cantos de sua boca, não deixando passar nenhum espaço. O beijava com precisão sem se importar se o ar iria faltar ou se os lábios poderiam reclamar pela pressão investida. Apenas beijava. Logo, ela abriu as pernas encaixando embaixo de si e se posicionando em cima do quadril elevado dele, sentindo o quanto ele estava se preparando para o momento final em que iriam se entregar um ao outro.
Ela passou as mãos pelo terno dele, sentindo o tecido macio moldar sua pele e um sorriso nostálgico e malicioso se passou por seus lábios enquanto os olhos o fitavam da forma como sempre lhe olhavam quando estavam prestes a foderem: o olhavam com malícia, expectativa e o sentimento que eles mais sentiam quando se entregavam ao prazer sexual: o amor.
Diferente das outras garotas com quem se relacionou um dia, o sexo com era algo voltado ao primeiro amor, algo que queimava dentro do peito no formato de um sentimento que corrói de uma forma que não há explicações. Apenas os sentimentos de amar eram os mais certos em meio a todo aquele ar prazeroso que tomou o quarto.
— É meio estranho saber que a primeira pessoa a te despir depois do casamento sou eu. — ela sorriu, os dentes brancos contrastando com o vermelho de seus lábios. — Não posso negar que tomar o lugar de Aubrey me dá um pouco de gosto.
— Acho que não suportaria que ela tocasse em mim. — ele agarrou a cintura de pressionando-a para baixo em seu quadril enquanto soltava um gemido baixo. — Estou me permitindo viver uma lua de mel digna.
— Sempre soube que você não prestava. Desde quando você me masturbou embaixo da mesa do banquete da igreja. — ela balançou a cabeça negativamente. — Antes tarde do que nunca para me vingar, não?
Ele sorriu e levantou o tronco para virar as posições, mas logo sentiu o tecido de seu terno ser rasgado e vários botões voarem pelo ar até que se perdessem pelos lençóis da cama, até mesmo pelo chão onde tilintaram até que não pôde se ouvir mais o som deles. A camisa de baixo era branca e fina e fez questão de passar as unhas pelo peitoral dele, fazendo com que o primo jogasse a cabeça em cima do travesseiro e fechasse os olhos apenas curtindo os beijos que ela passou a distribuir por cima do tecido. Ia abaixando devagar até chegar ao cinto que prendia a calça clara dele, tratando de desafivelar rapidamente enquanto o ventre de revirava dentro de seu corpo em pura ansiedade.
A garota mordeu o lábio inferior e foi abaixando a calça dele até que o cós parou nas coxas grossas do rapaz ao mesmo tempo em que a boxer também tomava o mesmo destino, liberando o pênis duro e grande que ele guardava. Ela sorriu para ele tendo o retribuição enquanto ambos tinham na memória exatamente a mesma lembrança. A última vez que havia encostado os lábios em de forma mais íntima fora quando os dois haviam sido pegos por Adam, uma semana antes de Aubrey anunciar a gravidez e afastá-los por completo. Havia sido um dos piores momentos que havia enfrentado — ou ela achava que era um dos piores — e encarar seu primo mais novo depois do flagra não havia sido uma tarefa muito fácil até que a gravidez de Aubrey foi o enredo da história de sua família e ela conseguiu voltar a olhar nos olhos de Adam. , ao contrário, não havia se sentido intimidado, mas ainda assim temia por seu irmão abrir a boca e falar demais, coisa que ele agradeceu imensamente por Adam não ter feito.
Assim que se aproximou da ereção dele, soltando o ar quente de sua boca em cima da pele macia que revestia seu mastro, sentiu as expectativas refletirem em seu baixo ventre que contorceu em ansiedade assim que ela voltou os olhos para ele enquanto os lábios davam um beijo pequeno e leve por cima de seu pau já bastante excitado. Sentir os lábios dela novamente em sua extensão era algo que ele não podia descrever o quanto ansiava e quando ela agarrou a base de seu pênis com os dedos leves, ele tratou de procurar se lembrar de cada sugada que ela daria nele, se recordar de cada sucção quente que ela lhe proporcionaria e de como as paredes das bochechas dela o receberiam tão bem quanto qualquer outra mulher que tentasse praticar algum oral nele.
— Pelo menos não corremos o risco de Adam atrapalhar, não é mesmo? — ela sorriu enquanto pressionava a extensão dele para cima e para baixo, masturbando-o com leveza e paciência de uma forma que se recordou que ela gostava. Ela amava provocá-lo mesmo que eles soubessem se controlar durante o sexo por conta dos lugares inapropriados que eles praticavam o ato. Mas a festa que corria no andar de baixo fazia com que qualquer som que eles pudessem produzir dentro do quarto passasse batido, principalmente quando nenhum convidado ousaria subir para o corredor quando a verdadeira diversão estava acontecendo bem longe do andar de cima da casa. Ela ainda continuava o masturbando com leveza. — Mas temos de ser rápidos. A falta do noivo é algo questionável.
— Eu estou pouco me fodendo. — ele endireitou o corpo na cama e segurou os cabelos da menina com cuidado enquanto formava um rabo de cavalo para facilitar no trabalho do oral.
— Você não presta. — ela sorriu enquanto molhava os lábios com a ponta da língua e se aproximava da glande do rapaz, começando a sugá-la aos poucos até que sua boca o envolveu totalmente, relaxando a garganta para recebê-lo.
Ele soltou um gemido alto assim que as paredes das bochechas dela o envolveram de forma acolhedora enquanto a sugava com calma a extensão de seu pênis, fazendo com que seu sangue esquentasse e queimasse suas veias por dentro de seu corpo. Os lábios dela tinham a temperatura e a precisão de toque perfeita para que pudessem levá-lo à loucura em menos de cinco minutos de sexo oral. O calor que tomava seu corpo e o suor que brotava em sua pele o obrigou a retirar a camisa e jogá-la em qualquer lugar do quarto, sem se importar se iria encontrar a camisa depressa ou não. Suas mãos voltaram para a cabeça dela assim que ele se livrou do tecido, fazendo com que os movimentos que ela realizava ficassem ainda mais fortes levando-o ao estado de torpor e total entrega. Seus músculos ficavam cada vez mais maiores com o sangue correndo fortemente por suas veias e um gemido foi solto por seus lábios enquanto a quentura da boca da prima o revestia.
Não demorou muito e a concentração de excitação pode se fazer presente em seu baixo ventre, caminhando até onde seu pênis era fortemente chupado. A visão de o estimulando com a boca era o suficiente para que ele soltasse um gemido mais alto e todo o prazer que o corrompia fosse expelido para fora, tecnicamente para dentro da boca de onde a garota não poupou em engolir o prazer do primo e fazer com que aquele fosse um inesquecível oral, pelo menos o último que ele iria receber dos lábios dela.
Seus cabelos pingavam suor e seu corpo reluzia o fluído corporal do qual ele já estava sentindo agonia. Os lábios da garota estavam inchados e manchados do líquido branco, o qual ela fez questão de passar a língua para limpar e guardar dentro de seu paladar o máximo que o gosto de permitia. O garoto a puxou pela mão fazendo com que ela caísse em seu colo. Primeiramente seus olhos passaram por todo o corpo dela conseguindo contemplar os traços marcados pelo vestido vermelho até que uma de suas mãos — a outra depositada na cintura da prima — encontrou o zíper do vestido, logo o abaixando até que o vestido afrouxou no corpo dela, libertando os seios de uma prisão e os quadris de um aperto sem fim. Ele enfiou o nariz por dentro do decote dela conseguindo sentir o perfume da colônia e o perfume natural que ela exalava. Suas mãos foram libertando o corpo da prima do vestido e logo ela estava apenas de calcinha em sua frente, os seios descobertos pela ausência do sutiã, os cabelos caindo como uma cascata por suas costas alvas, a barriga chapada que levava à fonte de sua loucura sexual, a vagina pequena que ele tanto amava tocar com seus dedos, chupar e foder. era a única garota por quem ele tinha a vontade corrosiva de ter para si em todo momento.
Não delongou e seus lábios encontraram o bico dos seios dela, primeiramente os mordendo até que sua língua envolveu o mamilo chupando com força a carne para dentro de sua boca. jogou a cabeça para trás, suas costas apoiadas pelo braço forte do garoto, enquanto suas pernas se abriam e recebiam a outra mão de dançando por sua barriga até encontrarem sua vagina coberta pelo tecido fofo da calcinha. Mesmo chupando o seio dela com força, ele conseguia discernir o quanto a bocetinha dela estava úmida apenas esperando para que ele pudesse abusar dela de forma mais intensa. Nem precisou retirar a calcinha da garota, apenas a puxou para o lado enquanto seus dedos dedilhavam a carne rosada e abriam os grandes lábios, procurando o botão de prazer que ela tinha ali. Encontrou-o latejando e implorando para ser tocado. Sua boca se ocupava com os peitos dela de forma enlouquecedora enquanto seu dedo tratou de espremer o clitóris rosado e, com o dedo polegar e indicador, beliscou-o com precisão fazendo os tremores tomarem conta do corpo da garota, que soltou um gemido perto do ouvido de , fazendo com que o garoto endurecesse ainda mais. A recuperação do gozo já havia sido concluída.
— Mais rápido ... — ela implorava com os olhos fechados e a boca aberta em prazer. — Você pode acelerar mais um pouco.
Ele largou os peitos dela para chupar o lóbulo da orelha da garota enquanto seus dedos se perdiam na carne molhada da boceta dela.
— Eu posso. — ele soprou. — Mas eu não quero.
— Idiota, não temos tempo para jogos. — ela rosnou para ele enquanto tratava de levar uma mão até onde a mão de estava e fazia com que ele enfiasse os dedos ainda mais na vagina dela. — Sua esposa está lhe esperando na porra da festa.
— Que se dane aquela vadia. — ele rosnou de volta enquanto tratou de penetrar dois dedos na entrada da prima fazendo com que ela gemesse alto ao sentir os dedos dele lhe invadirem.
O som das estocadas e dos gemidos passaram a inundar o quarto e a luz do início de noite que provinha da janela ao lado da cama de fazia com que o cenário ficasse ainda mais instigante a um orgasmo bem provocado. enfiava e retirava os dedos dela de forma que a excitação da menina o lambuzava sem mais delongas, fazendo com que sua língua coçasse para tocá-la de vez. O único problema era que estava certa. Ele precisava voltar à festa o mais rápido possível antes que alguém subisse as escadas para procurá-lo. Sofriam o alto risco de que qualquer pessoa — isso incluía todos que estavam presentes na festa — adentrar aquele quarto e encontrar a cena que eles teimaram por muito tempo em guardar.
Ao sentir o corpo da menina apertar seus dedos, ele soube que aquela era a hora para enterrar seu pênis de vez dentro dela. Não era dessa forma que ele queria ter sua última transa com sua prima, mas teria de ser rápido se quisesse ter uma boa lembrança dela em sua mente. Retirou os dedos dela enquanto tratava de levá-los aos lábios e sugar com força, conseguindo sentir o gosto dela inundar sua boca de forma descomunal. Não demorou a beijá-la dividindo o gosto dela mesma até que, invertendo as posições, ele abriu as pernas dela e se enfiou por entre elas, apenas afastando a calcinha para que ele pudesse finalmente a penetrar.
— Essa pode ser a última vez em que estamos juntos, meu amor. — ele falava enquanto agarrava a base de seu pênis. — Mas saiba que é em você que eu vou pensar todas as vezes em que estiver com Aubrey. — se aproximou da vagina dela, passando a cabeça do cacete de cima a baixo na boceta dela. — Saiba que por mais que o tempo passe, eu nunca irei amar Aubrey como eu te amo. — e com mais um pouco de força e suspiros vindos da parte de sua prima, ele tratou de pressionar a glande na entrada dela. — Nosso relacionamento secreto será eterno, . Pois, por mais que nós estejamos com outras pessoas... — ele soltou um gemido ao sentir a vagina apertada dela o receber enquanto ela apertava os bíceps dele com força à medida que ele a adentrava. — Sempre voltamos à estaca zero, ou seja, eu e você.
Ambos gemeram forte assim que entrou por completo e demoraram um pouco até que conseguissem novamente tomar a noção de que teriam de se movimentar para estimular o prazer. A garota se aproximou do rosto dele enquanto tratava de beijá-lo nos lábios e sorrir na direção do primo com os dentes reluzindo um brilho diferente.
— E eu estou exatamente onde queria e devia estar. — ela agarrou o pescoço e e foi se deitando na cama, o levando junto consigo. — Numa cama com você enquanto sua noiva se diz a amada. Tendo você dentro de mim quando todos estão lá embaixo valsando um amor que não existe. — ela entrelaçou as pernas na parte traseira dele. — Essa é a última vez... Mas será a primeira que abrirá as portas para finalmente conseguirmos ser felizes.
E logo se afastou do corpo dela para enfiar com precisão dentro dela, o que causou uma colisão da cabeceira da cama com a parede. Não demorava dois segundos e ele já estava novamente dentro dela alcançando fundo enquanto a garota tratava de arranhar suas costas à medida que sentia a extensão dele tomá-la por completo. Os corpos se arrastando um no outro pareciam ser a coisa mais certa que ambos poderiam sonhar e estar ali era muito mais importante do que marcar presença na festa de casamento como noivo e familiar do noivo. Tudo parecia perder o sentido quando ele a fodia mais forte e mais precisamente. Abria as pernas da prima constantemente para que ela pudesse receber sua grossura com mais empenho e afinco. Mordeu o lábio inferior sentindo a ponta de seu pênis atingir fundo dentro dela.
Foi quando a garota mudou a posição, se sentando no colo dele enquanto escorregava por seu pênis, fazendo com que a visão da vagina dela engolindo seu pau fosse a mais certa em todo aquele tempo. Ela cavalgava sobre ele apertando os peitos e arranhando o peitoral do primo, apenas tomando cuidado de não deixá-lo marcado para que não chamasse a atenção de sua esposa que certamente o veria nu aquela noite. fechou a cara e tratou de cavalgar com mais força, sentindo a tomar por completo. Era com ela que ele estava transando naquele momento e era nela que ele pensaria enquanto estivesse comendo a vadia Moretti mais tarde. O que a deixava mais segura de si mesma era ver o quanto a queria, independente de ser pai do filho de outra, independente de estar casado com outra. Era nela que ele sempre pensava. E isso não excluía o fato de que toda vez que ela estava com Jeremiah, era o pensamento presente em sua mente. Era como se os beijos com Jeremiah não tivessem a sua essência se não fossem com o pensamento em seu primo pecaminoso. Não.
Era tudo sobre , assim como era tudo para .
Os primos que não deveriam, mas se amavam de forma tão intensa que sempre arriscavam suas próprias vidas e liberdade para estarem juntos.
Assim como das outras vezes em que compartilharam deste mesmo prazer secreto. Não tinha outro lugar onde queriam estar além do que se amando dentro do quarto escuro do garoto. Enquanto a fodia e enquanto ela se entregava totalmente, tudo fazia jus ao fato de que eles realmente não poderiam viver separados. Mas eles, definitivamente, teriam que aprender essa nova lição.
Não demorou muito até que ambos sentiram o prazer vir com força sobre seus corpos e se alojar bem rente aos sexos que se fundiam com força, fazendo com que tomasse a cintura da garota e a pressionasse ainda mais para baixo, de encontro ao seu pau latejante. A vagina dela o apertava de forma enlouquecedora e foi nesse exato momento que ambos não resistiram e se entregaram de vez, injetando seu prazer dentro do corpo da garota enquanto ela expelia o seu para fora, que escorregava pela extensão do pau do rapaz, que ainda era engolido pela vagina mais do que molhada. Não contentaram um gemido alto enquanto sentiam o prazer tomar conta de seus corpos e a mão de tratou de apertar um dos seios da garota, ao mesmo tempo em que sentia o cheiro de sexo inundar o quarto de uma maneira inexplicavelmente sedutora.
Mas o que ambos os primos não imaginavam era que, há essas horas em que o prazer os consumia, olhares de ultraje, tristeza, raiva, desgosto, surpresa e ódio tomavam conta de seus corpos e eram provindos de onde a porta estava aberta revelando a silhueta de uma noiva bem arrumada, uma sogra escandalosa e uma mãe e tia sem ter o que fazer ao ver seus próprios filhos transando em cima de uma cama.
Talvez o pesadelo só estivesse começando.


CHAPTER #5

A realidade oculta revelada em meio aos caos


Aubrey Moretti, agora , não sabia muito bem o que pensar sobre o que seus olhos estavam vendo. Em um momento atrás ela estava em sua festa de casamento, cumprimentando convidados, sendo paparicada pelas madames apaixonadas por seu vestido encomendado na melhor modista, recebendo votos de felicidades de toda a cidade, mas sentindo a falta de seu marido que havia subido para tomar um remédio contra mal-estar. Olhava por todos os cantos procurando o rapaz, mas nada de encontrar o homem vestido num terno de prata sorrindo afetivamente em sua direção. Na verdade, um sorriso afetivo era inesperável da parte de seu recém-marido. Ele não estava lhe olhando nos olhos e isso a incomodava profundamente. Porém, o que estava a incomodando de verdade era exatamente o fato de ele não estar ali lhe fazendo companhia quando necessário.
Não demorou a chamar sua mãe, Laurel Moretti, para procurar e logo sua sogra, Amalia , havia se juntado à caçada ao noivo perdido. Era fato que todos da festa estavam dando pela falta do rapaz, mas para evitar as más línguas, ambas as mulheres foram procurá-lo aos arredores da casa, principalmente no andar de cima onde Aubrey havia visto o rapaz subir.
Laurel Moretti não sabia muito bem o que pensar ao ver a cena de , a filha graciosa da líder do coral da igreja, montada em cima de seu genro enquanto ambos estavam nus em cima duma cama. Não conseguia medir muito o grau de gravidade do assunto no primeiro momento em que seus olhos pousaram em cima dos dois, mas ao ver o rosto de Aubrey numa surpresa e indignação sem fim, o máximo que ela pôde fazer para extravasar a surpresa foi gritar aos quatro ventos a pergunta que ela achou mais adequada para o início de uma explicação embaraçosa: “o que é que está acontecendo aqui?”.
Mas a maior surpresa estampada no rosto das três mulheres provinha de Amalia . O solavanco em seu coração havia sido tão forte quanto qualquer outra coisa e o maior sentimento de todo um misto era provindo de dentro de seu coração. Era seu filho e sua sobrinha amada, da qual ela viu crescer junto com o rapaz, viu dar os primos passos, as primeiras palavras e viver no pé de sua saia assim como com ela sempre havia sido uma mãe presente. Tudo estava embaralho em sua frente e contemplar os grandes olhos de olharem para as três com surpresa ao mesmo tempo em que sentia medo e morder o lábio inferior fortemente ainda em cima do rapaz, era algo que ela nunca imaginava encontrar em toda a sua vida. Havia educado de maneira civilizada e certa, buscando fazer o menino entender o que era certo e errado dentro das leis da igreja, dentro das doutrinas que eles seguiam e pregavam dentro de tudo o que era aconselhável para que um bom membro da religião cristã seguisse com firmeza em sua vida. Mas o que ela via ali em sua frente era o resultado de que ela não havia sido clara o suficiente em suas lições de educação, em suas conversas maternas com o filho e seus conselhos sinceros para sua sobrinha. Tudo parecia ser em vão à medida que ela percebia que e mantinham um relacionamento proibido e incestuoso bem debaixo do nariz de sua família e da cidade que, quando soubesse daquilo, falaria deles até que o mundo acabasse.
— Alguém pode me responder o que está acontecendo aqui? — Laurel berrou em frente à porta, os olhos arregalados e vermelhos enquanto Aubrey mantinha uma mão em cima do peito e a expressão chocada permanecia em seu rosto desde o início. Os olhos verdes dela miravam justamente para a junção dos corpos dos primos, que fez questão de desfazer enquanto ia para o outro lado da cama e puxava o lençol para cobrir sua nudez.
colocava os olhos principalmente em sua mãe, a mulher tinha uma expressão dura e os lábios em uma linha fina de decepção. Como se recebesse um choque, o garoto puxou um dos lençóis da cama cobrindo seu quadril enquanto se levantava com pressa sob o olhar assustado de , que há essas horas tinha o coração acelerando como nunca em seu peito, chegando a sentir uma dor desconfortável.
— Mãe... Eu... — ele coçava a cabeça com força, a ficha ainda não caindo. Ele e haviam sido flagrados novamente, mas dessa vez haviam sido flagrados por ninguém menos que as três últimas pessoas do mundo inteiro que ele gostaria que estivessem ali. — Eu... Eu juro que posso explicar.
Sua sogra escandalosa arregalou os olhos.
— Explicar o quê, garoto? — Laurel berrava ainda mais alto. — Como você ousa dizer que vai explicar algo que eu já estou vendo?
— Mas, pelo amor de Deus — insistia, mas a mulher o interrompeu novamente.
— Tudo bem, . — Aubrey arregalou os olhos para a mãe, mas a mulher tinha uma expressão tão colérica que era óbvio que não ia deixar aquela história barata. — Você quer explicar? Então vai explicar direitinho o que eu estou vendo. Me explica exatamente o fato de eu não estar enxergando direito. Aproveita e me explica que você estava transando com essa garota. Que por sinal é sua prima, não nos esqueçamos deste fato.
Amalia estava parada em seu lugar, sem tomar nenhuma reação ou atitude para mudar sua surpresa, mas ouvir Laurel berrar aquelas palavras a fez tomar um pequeno susto que passou por todo seu corpo enquanto algumas lágrimas nasciam de seus olhos e escorregavam por seu rosto. Ela balançou a cabeça negativamente enquanto suas mãos trêmulas puxavam seus cabelos bem arrumados para trás no momento em que o desespero começava a tomar conta de sua sanidade.
— Eu não posso crer no que está acontecendo aqui. — Amalia falava enquanto seus ombros começavam a balançar pelo choro que chegava com frequência. — Eu não posso acreditar que acabei de ver meu filho e minha sobrinha numa cama bem no dia do casamento com outra garota. — tentou se aproximar da mãe, mas o lençol insistia em cair em seus quadris, fazendo com que ele permanecesse onde estava principalmente quando sua mãe passou a chorar com mais força. — Isso é uma grande mentira! — ela gritou em tom alto e pela primeira vez se moveu em cima da cama, o lençol cobrindo seu corpo.
— Tia, por favor... — a menina falou com a voz trêmula enquanto também começava a sentir o desespero da situação. Seus cabelos estavam cheios e fora do lugar, mas ela não se importava.
— Cale a boca, sua vadia. — pela primeira vez a voz de Aubrey foi escutada em meio à confusão e logo ela caminhou em direção à , o vestido de noiva enorme fazendo com que ela tropeçasse por uns momentos. — Eu quero ouvir de você, seu merda. — Laurel não repreendeu a filha pelo palavreado, apenas encarava com sangue nos olhos, Amalia chorava desesperadamente e se encolhia em cima da cama, sentindo como se tudo o que ela acreditava até ali não tivesse crédito algum. — O que você estava fazendo aqui com a piranha da sua prima?
— Aubrey... — ele fechou os olhos respirando fundo. — Não fale assim de . Ela não merece ouvir sequer um insulto seu.
— Ah, faça-me o favor... — Laurel começou, mas Aubrey berrou interrompendo a mulher.
— Mamãe, a senhora também pode calar a boca. — ela voltou os olhos para sua mãe, que estava ultrajada pela grosseria da filha. — Não é de hoje que eu percebo que e são próximos demais, amiguinhos demais, juntos demais. Eu quero ouvir de você, . — ela voltou os olhos coléricos para o rapaz. — Que merda acontece entre você e essa daí? E não ouse mentir, porque vai ser muito pior quando eu tentar arrancar a verdade de você.
Passos pelo corredor foram ouvidos e, de repente, a silhueta esbelta de Aynee tomou conta da visão dos presentes, assim como a visão de Adam.
— Mas gente, que gritaria é essa, eu posso sab... — e logo os olhos da mulher pararam em cima de sua filha em cima da cama, coberta até o pescoço e chorando, a maquiagem borrada e o vestido vermelho jogado no chão do quarto. Automaticamente seus olhos se voltaram para Aubrey que estava ao lado da cama ainda fitando com ódio e o garoto nu do tronco para cima, apenas coberto pelo lençol. Amalia chorando forte e Laurel vermelha de ódio fazia com que ela juntasse os pontos tão depressa quanto havia chegado ali, mas fora Adam o responsável por sanar todas as suas dúvidas contra aquela situação.
— Puta merda, vocês foram pegos. — ele cerrou os dentes em nervoso e Aynee arregalou os olhos encarando todos os presentes dentro do quarto. Ela não conseguia acreditar no que estava presenciando. Seria possível que sua filha, sua única filha, havia se deitado com seu próprio primo no dia da festa de casamento do mesmo?
A voz se perdeu dentro de sua garganta e tudo pareceu girar. Amalia voltou os olhos vermelhos para ela balançando a cabeça positivamente num mudo gesto de que era realmente tudo o que ela estava pensando e imaginando. Seu sobrinho e sua filha estavam juntos em cima daquela cama fazendo tudo o que era errado.
— Me digam, por favor, que isso é uma brincadeira de mau gosto. — ela falou com a voz baixa enquanto voltava seus olhos para que começou a chorar mais forte. — você não teve a coragem de fazer algo desse porte comigo, , você não teve!
As lágrimas no rosto de queimavam como fogo e ardiam como pimenta, mas ela não podia deixar de responder uma pergunta que sua mãe exigia a resposta. Respirou fundo e acenou positivamente com a cabeça.
— Eu sinto muito, mãe. Eu só quero que você e tia Amalia perdoem a mim e à . — ela voltou os olhos para Laurel e Aubrey. — Vocês também. Eu... Eu nunca imaginava que poderia tomar proporções tão inesperadas quanto essa.
— Pare com esse monólogo, garota. — Laurel balançou as mãos. — Você está pouco se lixando em ter nosso perdão. Se você realmente quisesse ter algo de bom provindo de nós, teria desviado desse tarado. — ela apontou para com o dedo acusador. — Você nunca poderia ter sucumbido aos desejos impuros dessa tua carne imunda junto com esse moleque. Até parece que não respeitam a religião que criaram vocês dois. Dois mentirosos e pecadores que...
— EU NÃO TENHO CULPA SE ME APAIXONEI PELA MINHA PRIMA, PORRA! — gritou alto demais, já cansado de ouvir a gritaria e acusação provinda de sua sogra idiota. — Eu não tenho culpa se era com ela que eu me via todos os dias da minha vida, não tenho culpa se o meu coração fez com que eu me entregasse totalmente a esse amor proibido e não tenho culpa de ser apenas um simples humano que não aguenta saber que pecou e vai se casar forçado com uma garota que eu odeio só porque ela está grávida. — nessas horas todos os olhos se voltaram para ele, inclusive os de . Os lábios da menina tremiam por conta do choro. — Vocês querem saber o que está acontecendo aqui? Tudo bem, eu e vamos contar. E iremos contar a verdade, independente da porra da cidade inteira ficar sabendo e independente de pertencermos a uma família que não aceita esse tipo de relacionamento. — ele respirou novamente. — Nós vamos contar.
se arrastou por cima da cama até ficar mais perto de , porém ainda sentada no colchão. venceu a distância entre eles e estendeu o braço para abraçar a garota, murmurando algumas palavras para acalmá-la. A cena deixou as pessoas ainda mais em choque e Aubrey se segurava para não acabar com a cara de e até mesmo puxar todos os fios de cabelo de . A garota respirou fundo umas três vezes até começar a contar a história.
— Eu tinha quatorze anos quando tudo aconteceu. tinha dezesseis. Éramos adolescentes idiotas, óbvio. Mas sabíamos discernir muito bem o que sentíamos um pelo outro. — ela deitou a cabeça no peito de enquanto fechava os olhos e se lembrava de como tudo começou. O choro ainda era bastante forte, mas continuou falando. — Fomos criados juntos desde muito crianças, brincando, brigando, nos defendendo de outras crianças, nos considerando como melhores amigos. De tão juntos que éramos, chegávamos até a tomar banho juntos quando tínhamos em torno dos cinco, seis anos. — ela sorriu nostálgica, mas ainda assim um sorriso tão pequeno que quase se tornava imperceptível. — Contemplamos nosso crescimento e viramos adolescentes contando nossas experiências como se fosse algo confidencial. E era. Eu havia dado meu primeiro beijo e logo contei para . Ele deu o primeiro beijo e veio me contar. Todas as experiências com o sexo oposto que tínhamos nós sempre compartilhávamos entre nós. E no meio dessas que comecei a ver de outra forma. Ele não era apenas um primo que eu considerava como um melhor amigo. Era muito mais que isso. E esse mais me pareceu bastante atraente aquele tempo.
Com um puxão no lençol de , a garota demonstrou que era a vez dele continuar a história. Essas horas Aubrey derramava lágrimas silenciosas por seu rosto, Laurel tinha a cara fechada, Amalia chorava baixinho e Aynee tinha a expressão dura. Não conseguia acreditar no que estava ouvindo sair da boca daqueles dois irresponsáveis.
— Eu comecei a perceber crescer desde os dez anos. — ele mordeu o lábio inferior em apreensão. — Ela se desenvolveu muito rápido e com doze anos eu já vivia a realidade do mundo dentro da escola. — ele voltou os olhos para as mulheres e Adam. — Não pensem que todos dessa cidade são santos porque não são. Dentro das escolas acontece de tudo, vocês não veem porque não estão lá. Assim como acontece dentro da igreja. Ninguém é santo. Servimos a Deus, sim, mas ninguém é perfeito. E eu não pude frear o pensamento do quanto estava diferente. Ela estava linda, me confidenciava problemas com garotos, chorava por gostar de um menino que não a queria. — ele abraçou com mais força contra seu corpo. — Foi nessa hora que eu vi que eu estava perdendo meu tempo a aconselhando sobre outros garotos que não a queria. Sendo que eu a queria. Então eu arrisquei. Beijei , sim. Experimentamos o melhor beijo de nossas vidas e essa foi a deixa para que começássemos a nos relacionar escondido de todos. — ele balançou a cabeça. — Nosso relacionamento era algo que não interferia em outros relacionamentos. Se eu estava com uma namorada, e daí? Eu sempre ficava com do mesmo jeito. Se ela estava namorando com outro, também não tinha problema. A gente sempre ficava junto independente dessas outras pessoas.
— Estão dizendo que além do incesto também eram adúlteros? — Laurel perguntou e logo sorriu irônica. — Isso está ficando cada vez pior.
— Não estávamos nos importando com nada, Laurel. Isso pouco interessava. Queríamos apenas ficar juntos independente de ser pecado ou não, de ser proibido ou não. Que se foda o proibido. — ele falava com raiva. — E então resolvemos nos entregar sexualmente. Perdemos nossa virgindade no mesmo dia. Ela comigo e eu com ela. Essa foi a melhor decisão que eu tomei em toda a minha vida. — ele sorriu dando um beijo nos cabelos de e Aubrey achou que ia desmaiar naquele mesmo momento. — Não demorou muito e comecei a namorar com Aubrey. Era uma garota que todos apoiavam com que eu me relacionasse, era bonita, inteligente, de família... Era perfeita. Mas não tão perfeita para que eu deixasse de amar minha prima. — ele encarou Aubrey que começava a chorar fortemente. — Eu nunca te amei, Aubrey. Eu fui injusto com você. Eu sempre amei . Era com ela que eu queria me casar, era com ela que eu queria ter meu primeiro filho e era nela que eu pensava todas as noites em que estávamos juntos. — ele mordeu o lábio inferior ouvindo a garota chorar de verdade agora. — Eu não estou pedindo o seu perdão porque sei que eu não vou tê-lo. Apenas quero deixar claro que esse casamento pra mim acabou. Eu não vou continuar casado com uma garota que eu não gosto, não vou viver uma vida de mais mentiras. Eu estou expondo a verdade sobre mim e sobre aqui para quem quiser ouvir. — ele falou mais alto. — Então não sou mais obrigado a viver uma vida de mentiras porque um bebê está chegando. — ele voltou os olhos para a esposa. — Eu vou assumir nosso filho, Aubrey. Mas vou assumi-lo sem compromisso algum com você. Podem avisar ao pastor que esse casamento está anulado, que está tudo acabado. E avisem também que se ainda quiserem algum casamento, que seja o meu com .
Todos os olhos se arregalaram para naquele momento e todos pararam de chorar para encará-lo com surpresa, inclusive .
— O quê? — ela perguntou baixo enquanto levantava o rosto na direção de .
— É isso, minha linda. — ele soprou nos lábios dela. — Não há nada que nos impede agora. A verdade foi revelada, mesmo em meio ao caos da situação, ela foi revelada. É com você que eu quero ficar agora.
E sem demorar tempo nenhum, capturou os lábios dela com os seus penetrando sua língua dentro da boca dela avançando lugares fundos até perto da garganta da menina. Um grito se ouviu e, assim que se separaram, encontraram Aubrey desmaiada no meio do quarto enquanto Laurel a acudia, Amalia chorava alto e logo Aynee, furiosa, pegou pela mão a afastando de , sem se importar com a nudez da filha.
— Você venha aqui agora, sua garota irresponsável, eu não acredito que você teve coragem de fazer uma coisa dessas comigo. — ela apertava o braço da filha com força a puxando para longe de , mas o rapaz tentava puxar de volta.
— Tia, por favor, não faça mal à , ela não...
— Cale a sua maldita boca, . A filha é minha e ela vai ter que pagar por essa afronta. Eu não eduquei filho meu pra fazer uma merda dessas. Eu eduquei para ser uma garota de respeito e não uma aspirante à mulher da vida. Nunca mais encoste em minha filha, moleque, ou você vai sentir o peso da minha mão e não vai ser nada bom. Se afaste de assim como eu a obrigarei a se afastar de você. — ela puxou com mais força. — Ande logo, . Não queira me testar ainda mais.
E então as duas saíram porta afora, esbarrando fortemente em Adam, mas antes que pudesse tomar o impulso de correr atrás de , um tapa forte em seu rosto, tecnicamente no nariz, fez com que ele desacordasse completamente, seu corpo caindo no colchão fofo de sua cama e a dor latejante se formar numa inconsciência profunda.
Então ele não viu mais nada.


não sabia muito bem como havia acordado aquela manhã. Não sabia como havia se sucedido a festa fatídica de seu casamento, a forma como tudo terminou. Apenas se lembrava de Aynee levando para longe dele e Aubrey desmaiada depois de descobrir toda a verdade sobre o relacionamento dele com sua prima. Um tremor se passou por seu corpo assim que ele tinha flashes da briga que se sucedeu no dia anterior. Tudo estava revelado e fodido. Ele e haviam sido descobertos e agora tudo estava perdido. Aynee com certeza levaria para bem longe dele e não deixaria mais que ele sequer visse a imagem de sua prima novamente.
Seu coração despencou de seu peito. Ele, provavelmente, não estava mais de compromisso algum com Aubrey, mas estava proibido de ver novamente. A dor na cabeça havia dado uma pontada e ele resolveu se levantar para tentar lavar o rosto. Ao se olhar no espelho viu seu nariz vermelho e sangue seco por dentro dele fazendo com que ele se recordasse imediatamente do soco que havia tomado. Com cuidado, abriu a torneira e enfiou a mão por entre a água gelada enquanto gemia assim que a água tocou seu nariz, fazendo com que a dor aumentasse.
Escutou um barulho provindo da porta, mas não se interessou em saber quem havia entrado em seu quarto e, consequentemente, em seu banheiro.
? — a voz de Adam tomou conta de sua audição, mas ele não respondeu nada. — Mamãe e papai estão te esperando na sala. Acho que querem conversar com você.
— Claro que querem. — falou com ironia e passou por Adam, o corpo dolorido e reclamando de frio. Tratou de colocar uma roupa qualquer enquanto o irmão o fitava com pena.
— Eu sinto muito por tudo o que houve ontem. — ele tinha uma careta na expressão. — Pelo menos não está mais casado com Aubrey.
— Grande bosta. — ele bagunçou os cabelos. — Vão anular mesmo essa porcaria de casamento?
— Ela exigiu a anulação e você a quer desde muito tempo, então... Sim. — ele estreitou os olhos para .
— Eu quero saber de . — ele se aproximou do irmão enquanto pegava os dois ombros do garoto. — Cadê ela? O que aconteceu? Eu quero vê-la. — Adam mordeu o lábio inferior, apreensivo.
— Melhor você ir conversar com papai e mamãe. Eles vão te explicar tudo.
O rapaz não demorou um segundo para atravessar Adam e descer as escadas em rumo à sala. Assim que estava na metade dos degraus conseguiu ver seus pais sentados no sofá cinza da sala apenas esperando-o. sentiu um tremor forte tomar conta de seu corpo, mas não recuou e foi ao encontro de seus progenitores. O olhar pesado de Peterson caiu sobre ele enquanto o olhar vermelho de Amalia apenas o olhava com grande decepção.
Sentou-se em frente aos pais, a cabeça baixa apenas esperando as broncas que certamente levaria. Talvez pior que broncas, apenas o desprezo de seus pais.
— Como teve coragem de fazer uma coisa dessas, ? — a voz de Peterson rosnou dentro da sala silenciosa e respirou fundo, tendo certeza de que aquela era uma das poucas vezes que seu pai saía do sério.
— Eu sinto muito, pai. Eu sinto de verdade. — ele falou sincero. — Eu realmente não queria causar alarde dentro da família. Nem , tenho certeza. Mas não deu para controlar. O desejo falou mais alto que a razão.
— Em algum momento você se lembrou que ela era sua prima? Filha de sua tia, minha irmã? — ele ainda rosnava. — Olhe para mim, , você teve a coragem de fazer uma coisa dessas, então trate de olhar para o meu rosto. Converse comigo de homem para homem.
ergueu a cabeça para Peterson e viu o rosto de seu pai tão inchado que ele freou o impulso de olhar para baixo novamente.
— Eu sempre me lembrava disso, pai. Sempre. E por me lembrar tanto desse maldito fato foi que nós escondemos o relacionamento de todos.
— Vocês dois além de cometerem incesto, adulteraram juntos. — a voz de Amalia tomou conta da sala. — Isso não é normal, , vocês dois tem algum distúrbio, não é possível. Sempre ensinamos para vocês o que era certo e errado e, quando abrimos os olhos, o resultado da educação é vocês dois transando? Dois primos? No dia do casamento com Aubrey Moretti? O que vocês estavam pensando?
— Nós nos amamos, mãe. Era exatamente por medo dessa reação que não contamos nada para vocês. Vocês iam fazer um alarde e nos separar. Nós não conseguíamos viver longe um do outro e era por isso que traíamos nossos compromissos com outras pessoas. Era a forma de escondermos de todo mundo que estávamos juntos, será que não dá para entender? — ele bateu as mãos em suas pernas, a raiva tomando conta de seu corpo. — Nós apenas namorávamos outras pessoas porque vocês sempre nos questionavam se estávamos namorando ou não. Era por isso que assumíamos compromisso com outros. Mas não porque queríamos, nunca isso. O que a gente realmente queria não era possível porque era proibido. Mesmo que eu e não considerássemos isso um incesto, mas vocês e a cidade consideram.
— Como não considerar essa pouca vergonha um incesto, ? — Amalia berrou. — Vocês dois são primos, tem algum parafuso solto nessa tua cabeça que fez com que você não pesasse esse fato? — ela bufou alto. — Quem mais sabe dessa merda toda? Tinha alguém de acordo com essa falta de juízo?
mordeu o lábio inferior se lembrando de Adam, mas nunca iria mencionar o nome do irmão naquela confusão. Apenas balançou a cabeça negativamente, abaixando a mesma novamente enquanto entrelaçava os dedos.
— Estamos em baixa em St. Michaels depois de todo aquele escândalo. Todos da festa souberam o que aconteceu e vai saber em que farinha estão colocando nosso nome. — Amalia falava com rancor. — Você e desonraram o nome que nossa família procura deixar limpo há mais de cento e cinquenta anos. Vocês nos envergonharam de forma baixa e hostil que até mesmo na igreja eu não tenho mais coragem de pisar. Como vou olhar para a cara dessas pessoas sendo que elas sabem que meu próprio filho e sobrinha estavam transando na maior cara de pau no meio da festa de casamento? Como vou olhar para os Moretti depois desse vexame infindável e humilhação que fizemos Aubrey passar? E ela grávida? A cidade está um caos apenas comentando o fato de terem primos se relacionando, imagina quando souberem que Aubrey está grávida? Você quer que nossa família se acabe, moleque?
— Talvez se você se importasse menos com o que as pessoas vão falar, tudo ficaria mais fácil. — ele fechou a cara e Amalia arregalou os olhos pronta para gritar com , mas Peterson a interrompeu.
— O assunto que queremos tratar com você é bem diferente do que o que a cidade está pensando de nós. — ele encarou Amalia. — Já está feito, Amalia. O escândalo já explodiu e não temos o que fazer. Agora é seguir em frente. — ele suspirou e voltou os olhos para . — A partir de amanhã você trate de procurar um emprego. Seu filho não vai crescer comendo vento. Você é um homem, engravidou a moça, vai assumir então vai ter que alimentar sua cria. Não se importe com o que a cidade vai dizer sobre você, muito ao contrário. Trabalho honesto ninguém tem que opinar. Você vai estar fazendo a sua parte e a sua vida não cabe a ser livro de lazer para ninguém. Não se importe com olhares, falatórios e coisas do tipo. É apenas você e seu filho que interessam. — ele pigarreou. — Quanto à , o problema está resolvido.
sentiu uma chama se acender dentro dele, mas ao ver a expressão dura de seus pais, soube que não seria nada bom.
— O que fizeram com ela? — perguntou num fio de voz.
— Simples. — Amalia falou. — Aynee a mandou para bem longe daqui. Certamente o Canadá irá oferecer uma faculdade maravilhosa para ela. Fiquei sabendo que há muitos caras bonitos, então ela pode até mesmo se casar com um por lá. Ou seja, bem longe de você.
E como se o chão tivesse sumido de seus pés, sentiu que estava caindo por uma altura descomunal.
— Ela... Foi mandada embora? — perguntou com a voz trêmula.
— Sim, foi. Vai recomeçar a vida dela, assim como você vai recomeçar a sua. — Amalia levantou para se retirar da sala. — Pelo menos iremos tentar limpar o nome que vocês dois sujaram.
Assim que sua mãe saiu da sala, não aguentou o peso da situação e saiu porta afora, buscando sentir o ar frio e puro que as ruas tinham a oferecer. Seu coração sangrava dentro de seu peito e pesava uma tonelada, mas nada se comparava às lágrimas que passaram a banhar seu rosto. havia sido mandada embora por conta dele. Havia sido mandada embora para um país que ela não conhecia, muito menos tinha sonhado em estar ali. Não podia simplesmente viajar para o Canadá para buscá-la, pois seu pai não lhe daria um tostão que fosse. Tinha de ficar ali em St. Michaels sendo julgado pelas pessoas enquanto a mulher de sua vida estava, há essas horas, quilômetros de quilômetros longe dele.
Seus ombros balançavam com o choro, mas logo uma mão amiga o tocou nas costas e ele conseguiu ver a visão de Adam em sua frente, com um sorriso de última esperança.
— Sei como você está se sentindo, cara. — ele bateu a palma no ombro do irmão. — Mas não se preocupe. Você ainda pode trabalhar para tentar buscá-la. Afinal, não é o amor que move montanhas e a paixão o mundo?
E pela primeira vez depois de tudo, pôde sorrir e agradecer seu irmão pela excelente ideia. Ele iria resgatar do Canadá e, definitivamente, trazê-la para onde ela nunca deveria ter saído: seus braços.


CHAPTER #6

Um imprevisto inesperado


Quatro meses depois...
O dia havia nascido escuro e nublado denunciando a chuva que iria assolar o campus da faculdade. estava se sentindo muito confortável embaixo das cobertas grossas e quentes que lhe protegiam do mundo, mas ainda assim estava enjoada por demais. A noite que passou não havia sido fácil para a garota. Vomitar a noite inteira parecia algo comum ao que ela estava fazendo nos últimos tempos desde quando foi tirada a força de St. Michaels para o Canadá, passando a morar na faculdade enquanto dividia o dormitório com Sasha Stalteri, uma garota ruiva que virou sua amiga assim que ambas compartilharam o pudim na hora do intervalo das aulas.
Não demorou muito a se enturmar com as amigas de Sasha, Marcelle McKenna e Kendra Hooper. As quatro juntas formavam a dupla de quase todas as aulas e grupos para trabalhos enquanto que não se desgrudavam em nenhum momento. Às vezes em que apareciam separadas era naquela época em que uma aparecia doente ou coisa assim. O que se resultava àqueles tempos, pois estava doente já há muito tempo, ou pelo menos era o que ela achava.
O enjoo estava a assolando de forma bruta fazendo com que seu corpo ficasse colado à cama sem vontade alguma de sair. Passou a noite acordada vomitando e sentindo dores, mas tentava ao máximo não acordar Sasha ou despertar sua atenção para o que realmente estava acontecendo com ela. Mesmo sabendo que uma hora as roupas largas não iriam mais esconder seu pequeno problema, ela preferia deixar suas amigas fora desse assunto que ela apenas contou o mínimo. Então, quando Sasha acordou para ir à aula, lhe disse que não compareceria novamente por estar doente. Eram mais de treze faltas só nos últimos três meses que ela havia chegado para a faculdade e isso era realmente preocupante. Sasha sentia que algo estava errado, mas apenas desejou melhoras para a amiga antes de se retirar. Ofereceu para ficar e cuidar dela, mas negou. Não queria que a menina se prejudicasse por causa dela.
Assim que a ruiva saiu lhe desejando mais melhoras, deitou novamente na cama cobrindo-se até a cabeça enquanto seus olhos ardiam e as lágrimas nasciam doloridas de dentro de seus olhos. Ela sabia o que estava acontecendo e não podia mais esconder. Ficar no Canadá passou a ser perigoso desde o momento em que ela descobriu o que estava acontecendo com ela mesma. Talvez a melhor opção fosse voltar para St. Michaels e encarar sua família de forma corajosa e, mais do que tudo, contar a verdade para . Ele era a pessoa mais interessada em saber tudo o que estava acontecendo com ela.

Era por volta do meio-dia quando a garota acordou e ainda se encontrava sozinha dentro do dormitório. A cama de Sasha estava arrumada e apenas alguns sapatos estavam espalhados pelo chão do quarto fazendo com que sorrisse pequeno. Era típico da ruiva espalhar vários sapatos pelo quarto já que ela tinha mania de calçados. O enjoo havia passado, mas ainda não sentia muita vontade de comer. Temia passar mal novamente. Levantou-se e foi caminhou em passos lentos até o banheiro enquanto aprontava a escova e a pasta de dente. Seus olhos se voltaram para sua imagem no espelho e ela contemplou o quanto estava caída. Os cabelos não tinham mais vida, os olhos possuíam grandes bolsas ao seu redor e sua pele estava irritada, por causa de todo nervoso que passou quando foi flagrada na cama com no dia do casamento dele com Aubrey Moretti.
Ela tentava ao máximo não se lembrar de tudo o que aconteceu, mas era impossível. Assim que sua mãe a tirou daquele quarto debaixo de tapas infindáveis, foi difícil atravessar a sala cheia de gente enquanto sua mãe berrava aos quatro ventos que ela e foram o maior desgosto da família e, para o lado de seu pai, Robert Walkins. Na hora em que todos a encaravam com um grande ponto de interrogação no rosto ela conseguiu ver ao longe a expressão abismada de Jeremiah Gumenick e a clara confusão dele para com tudo o que passou a acontecer. Não demorou muito até o boato se tornar fato e toda cidade saber que ela e mantinham um relacionamento proibido e escondido. Não ficou tempo algum na festa para conferir a cara de Jeremiah, pois sua mãe e seu pai a levaram direto para casa sem dar chances de ela tentar se explicar.
Não conversaram com a garota aquele dia. Deixaram-na trancada no quarto dos fundos — que não era o seu — para pensar no tamanho do problema que ela havia causado junto com o “moleque atrevido” que era seu primo. Passou a noite inteira chorando enquanto sentia seu coração pesar dentro do peito. Era óbvio que ela amava . Era óbvio que ela o queria para si tanto quanto ele também a queria. Mas antes que pudesse extravasar toda tristeza descomunal que a atingia, ela foi mandada para o Canadá.
Acordou no dia seguinte com todas as suas coisas prontas e apenas esperando por ela. Sua mãe e seu pai lhe encaravam com culpa, mas mesmo assim foram apaziguadores na hora de lhe dar a notícia que ela seria obrigada a viajar e cursar a faculdade no Canadá. O choque se espalhou por seu corpo e tudo o que ela queria era gritar que não, que ela não iria para Canadá algum e que eles não tinham direito de fazer isso. Mas a decisão era irrevogável e quando ela olhou para si mesma, já estava dentro de um avião, voando para bem longe de St. Michaels. Desde então nunca mais falou com , com Adam ou com seus tios. Seus pais ligavam todo final de semana e sua mãe lhe prometia uma visita no próximo feriado que seria dali a duas semanas. não acreditava muito nisso, mas valia a pena esperar.
Assim que entrou na faculdade, conheceu suas atuais amigas e lhes contou tudo o que havia passado. Não era justo esconder a verdade delas, principalmente quando ela estava tão magoada com tudo o que estava acontecendo, principalmente com sua família. Nenhuma das meninas a acusou, muito ao contrário. Apoiaram para que ela não desistisse de , por mais que ela estivesse bem longe dele. “Amores como esse têm de ser preservados. Não deixe que o preconceito familiar acabe com aquilo que vocês dois construíram juntos.” disse Marcelle em concordância com as outras garotas.
Com isso, ela teve ajuda de suas amigas para conseguir notícias de St. Michaels com um garoto nerd que vivia se gabando que um dia iria ser famoso por suas fontes secretas de notícias bombásticas. Como sua família era famosa na cidade, conseguir notícias sobre todos seria muito fácil, principalmente depois do escândalo. Tyler McAvoy, o nerd, conseguiu facilmente notícias de St. Michaels e sempre deixava um jornal embaixo da porta do dormitório de para que ela ficasse sempre informada.
Assim que saiu do banheiro, ela viu o mesmo jornal ali apenas esperando para ser lido. Pescou o rolo de papel e se sentou em sua cama, a blusa larga do Oasis caindo por seus ombros, mas cobrindo o segredo que ela guardava. Mordeu o lábio inferior enquanto seus olhos pousaram na primeira página, conseguindo ler com nitidez a grande manchete que tomava conta de quase a folha inteira:

Amor em família: O escândalo de incesto envolvendo a família -Walkins

odiava quando alguém mencionava ser um relacionamento incestuoso.
Ela e não consideravam aquilo incesto, mas estavam totalmente sem crédito com o que acreditavam ou não. As pessoas nunca iriam concordar com nada do que eles pensavam.

A saga parece longe de acabar. — escreveu a jornalista Sarah Lyn, uma das melhores colunistas do jornal de St. Michaels. — Mesmo com o “exílio” de Walkins de St. Michaels, os fantasmas deste relacionamento proibido ainda circulam pelas ruas como uma maldição. A igreja ainda não consegue acreditar no que aconteceu há exatos quatro meses atrás, mas sempre deixam claros os préstimos aos familiares dos primos que não mereciam sofrer tal humilhação.

parou de ler a coluna no mesmo momento e quis muito jogar o jornal para longe dela, mas antes que pudesse tomar tal atitude conseguiu ver através de uma folha solta a notícia que a paralisou por vários minutos.

Herdeira dos Moretti perde o bebê. O casamento com está oficialmente anulado.

A garota arregalou os olhos e se posicionou melhor na cama enquanto suas íris passeavam ansiosas pelas linhas pretas da notícia que ela menos esperava receber — ou ler.

Foi notificado neste dia 06, quarta-feira, pelo médico pessoal da família Moretti a perda do bebê que Aubrey Moretti secretamente esperava. Segundo o doutor, a moça havia sofrido um sangramento incontrolável e foi inevitável que viesse ocorrer um aborto. “É óbvio que foi por conta de todo nervoso que ela andou passando ultimamente. É fato para todos que mulheres grávidas não podem se estressar, principalmente no início de uma gravidez onde tudo é mais complicado. Infelizmente Aubrey perdeu a criança. Fizemos o que podíamos para que fosse o contrário.”, disse o doutor em um aviso geral.
O casamento com acabou no mesmo momento em que veio à tona o relacionamento proibido do rapaz com sua prima mais nova, Walkins. O divórcio oficial se consumou assim que os proclames foram realizados e todas as medidas tomadas.


O coração de deu um salto em seu peito e tudo o que ela pensava virou um branco total. Sua mente estava oca, seu rosto estava em choque e tudo o que ela sentia naquele momento era indecifrável. Aubrey realmente tinha perdido o bebê?
Depois de um tempo assimilando a notícia, tratou de colocar o jornal em seu rosto novamente e reler a notícia outra vez para assimilar que aquilo não era uma mentira de mau gosto. Leu, releu e leu novamente. Sua vontade era encurralar Tyler e perguntar com que porra de intenção ele tinha de mandar um jornal falso daquele, mas logo ela constatou que o jornal era cem por cento verdadeiro e a notícia certamente seria mais do que real.
Aubrey realmente havia perdido o filho que esperava e o casamento com havia sido anulado.
Antes que ela pudesse berrar o quanto aquela notícia estava girando dentro ela, a porta do dormitório se abriu e a risada das três meninas tomou conta de seus ouvidos assim como a imagem delas passaram a focalizar em sua visão.
— Oh, você já levantou. — Sasha falou enquanto se aproximava de e lhe dava um abraço. Ainda embasbacada pela notícia que havia lido no jornal, não conseguiu retribuir o abraço, mas Sasha nem se importou. — Olhe o que nós trouxemos para você. Estou te percebendo muito fraquinha ultimamente e está passando mal à toa, então... Tcharam! — ela levantou uma sacola que cheirava à comida boa. — Fomos até o Halls comprar algo para você almoçar. Mas é algo de verdade, então trate de comer. — ela jogou a sacola no colo de , tecnicamente em cima do jornal de St. Michaels.
Marcelle chegou por trás de Sasha e pescou o jornal de cima da cama enquanto folheava o mesmo tratando de ler o que havia escrito ali. Ela havia pegado a parte em que comentavam sobre o relacionamento de e enquanto que a parte da notícia de Aubrey havia ficado embaixo da sacola de comida.
— Cacete, eles ainda estão falando disso? — Marcelle passava os olhos rapidamente pelas letras do jornal. — Eles não sabem virar o disco, não?
— Parece que não.
se levantou e passou a andar pelo quarto enquanto sua cabeça matutava. Ela precisava voltar urgentemente para St. Michaels. Não podia ficar mais no Canadá nem um só segundo ainda mais depois do que ela havia descoberto dias atrás e do que havia descoberto aquele dia. Ela tinha que voltar mais do que depressa, mas para isso teria de revelar para suas amigas o que ela guardava. Não havia contado para ninguém sobre aquilo e estava mais do que na hora de se abrir com as únicas pessoas que importavam naquele momento.
— Aubrey perdeu o filho. — ela revelou enquanto todas as garotas voltavam os olhos para ela.
— O quê? — berrou Kendra e logo Sasha tirou a outra parte do jornal que estava embaixo da sacola lendo tudo o que estava escrito. Demorou alguns segundos até ela berrar.
— Quer dizer que seu primo gostoso que fode bem não tem mais esposa e nem filho? — ela sorriu amplamente. — , é a sua chance de pegar o gato. Sério, se fosse comigo eu pouco me importava com a porra da cidade e ia correr atrás do que eu amo.
As outras garotas leram a notícia e nesse meio tempo respirou fundo umas quatro vezes antes de se sentar em frente às amigas e olhar para cada uma com o olhar, em primeiro lugar, pedindo perdão.
— Eu preciso revelar algo a vocês. — ela mordeu o lábio inferior. — Eu descobri uma coisa há quase um mês, mas eu não tive coragem de contar para ninguém. Guardei isso dentro de mim e... — ela respirou outra vez. — Não tenho mais saída. Preciso contar. E depois de receber essa notícia eu descobri que preciso ir correndo para St. Michaels.
— Mas do que você está falando? — Kendra perguntou e sorriu pequeno.
— Se lembram de quando vocês começaram a reclamar que eu sempre usava roupas largas? Era todo dia um “porra , que roupas ridículas. Veste esse top e vamos encher a cara”. — ambas sorriram e logo continuou a falar. — Eu não podia vestir roupas que transparecessem algo que estou escondendo há um tempo. — ela fez uma careta. — Eu quero me desculpar com vocês por esse deslize, eu deveria ter contado. Mas era muito complicado, principalmente quando se trata de algo relacionado ao meu... Passado com .
As meninas arregalaram os olhos e se entreolharam, aflitas. colocou a mão em cima da barriga — que estava escondida pelo cobertor —, conseguindo sentir a dureza que havia tomado aquela parte de seu corpo e seu coração se aqueceu por um momento.
— O que você está querendo dizer? — Sasha perguntou. — O que você se atreveu a esconder de nós?
respirou fundo uma última vez antes de se levantar da cama e tirar a blusa enorme do Oasis, jogando-a para outro lado. Por baixo da blusa ela usava um top preto que mostrava claramente às amigas o quanto seus peitos haviam crescido. Mais para baixo elas podiam contemplar o quanto estava inchada e aos poucos um tanto larga enquanto que no meio, no centro da barriga, uma ponta denunciava que a garota não tinha mais a barriga chapada que possuía quando chegou à faculdade. A barriga estava arredondada e estufada, dando claras diretas de que aquilo se resultava a um único fato.
— GRÁVIDA? — as três gritaram e mordeu o lábio inferior enquanto pousava uma mão em cima da barriga pontuda. Ela assentiu e se aproximou das meninas, sentando-se novamente.
— Como você não nos contou uma coisa dessas? — Kendra perguntou e fez uma careta sofrida.
— Eu não sabia o que fazer! — exclamou. — Quando descobri eu já estava me estabelecendo aqui na faculdade, estava me encontrando no meio das pessoas e pensando somente nos estudos. Eu não tinha a intenção de esconder de ninguém, mas... — ela bufou. — Eu não sei de mais nada.
— Então era por isso que você estava faltando nas aulas, vomitando à toa e toda mole. — Marcelle falou e apenas confirmou.
— Exatamente. Por favor, me desculpem por não ter contado antes. Eu estava confusa com tudo isso. — ela implorava.
— Essa criança é do seu primo? — Sasha perguntou e assentiu, baixando os olhos. — , sua família vai acabar com você. Sério. Pela forma como você diz que eles são, eles terem te mandando pra cá pra te afastar de ... Se eles souberem que ele te engravidou é capaz de fazerem um alarde ainda pior.
— Você já parou pra pensar que a outra perdeu o filho, mas ainda vai ser pai do mesmo jeito? — Marcelle cerrou os olhos. — A única diferença é que agora ele vai ser pai de um filho que ele quer, não é?
— Sim, Marcelle, mas o problema não é querer ou não assumir o filho. — Sasha voltou os olhos para . — O problema é a sua família. Não acho que eles vão aceitar muito bem o fato de você estar grávida do próprio primo.
— Eles não têm o direito de não aceitar. — falou firme. — O filho é meu e de . Nós que iremos criá-lo independente de todo o dinheiro que nossos pais possam ter. — ela se jogou na cama. — Eu preciso voltar para St. Michaels e contar para que estou esperando um filho dele. Eu não posso esconder mais. A barriga não vai deixar de crescer e quanto menos tempo eu tomar, melhor para mim. — ela pigarreou. — Eu preciso voltar.
— Como você vai voltar para St. Michaels, ? A passagem custa caro, você não tem onde ficar e está mal falada na cidade.
— Tenho umas economias da mesada que meus pais me davam para me manter aqui. E que se foda a cidade e esse povo idiota. Eu vou atrás do que me interessa. — e então ela não perdeu mais tempo, buscando arrumar todas as suas coisas e exigindo ajuda de suas amigas. — Vocês foram as melhores pessoas que tive todo esse tempo. Nunca vou me esquecer de vocês e sempre manteremos contato. — ela sorriu. — Afinal, meu filho não pode ficar sem três tias-madrinhas loucas, não é mesmo?


O avião havia pousado no aeroporto mais próximo de St. Michaels e ainda não tinha muita certeza do que havia feito. Deixou para trás sua faculdade, seu começo de vida, suas amigas para se enfiar novamente em um lugar onde ela claramente não era mais bem-vinda. Mas ao sentir seu braço esbarrar em sua barriga enquanto tentava carregar as malas, ela viu que tinha feito a melhor escolha que poderia. Aquele filho mais cedo ou mais tarde ia nascer e ela não podia criar um bebê dentro de um dormitório de faculdade quando tinha uma casa, uma família e principalmente quando ela tinha . Ela tinha certeza que ele iria assumir a criança e então ela não estaria mais sozinha. Foi exatamente por isso que ela viajou até St. Michaels. Para procurar .
Ouviu dizer que o garoto estava trabalhando junto de um ferreiro que produzia armas de ferro e derivados. Parecia que seu primo estava se dando bem no serviço e trazendo orgulho para o velho ferreiro que o havia empregado. Mas ela não teria coragem de ir até o centro de St. Michaels com todas as bagagens em sua mão procurando enquanto o vestido de lã branco desenhava um pouco de sua barriga saliente. Preferia arriscar ir até à casa de seus tios na esperança de encontrar o rapaz por lá. Ele tinha de estar lá, caso contrário ela teria de ir para sua casa, o que poderia ser bem pior. Não sabia que tipo de reação sua mãe poderia ter ao vê-la ali.
Agradeceu quando um motorista de taxi a ajudou com as bagagens e logo ela entrou no carro apenas dizendo o endereço da casa de seus tios e seguindo para lá. O caminho foi torturante e a ansiedade corroia seu corpo de forma tensa fazendo com que ela sentisse o estômago contrair fortemente dentro de seu corpo. O nervoso era um dos motivos que fazia passar mal à toa, mas tratou de pensar em coisas menos dificultosas até o momento em que o taxi parasse em frente à casa de seus tios.
Não demorou muito até que o homem estava a ajudando descer do carro e, a seu pedido, colocando as malas em frente ao portão enquanto respirava fundo, o coração acelerado e balançando até sua garganta. Respirou outra vez enquanto erguia o dedo e o direcionava à campainha da casa, mas antes que pudesse tocá-la, ouviu uma voz conhecida chamar por ela.
?
Adam estava vestido com um suéter de lã vinho e calça social preta, mas as bochechas coradas denunciavam que ele ainda estava sentindo muito frio. O garoto tinha os olhos claros confusos olhando para ela, mas logo tomaram uma felicidade imensa ao vê-la parada ali. sorriu amplamente ao ver o primo e estendeu as mãos para abraçá-lo.
Tudo o que ela precisava era de um abraço e encontrar Adam ali pronto para acolhê-la era algo que não tinha preço. Sentir o abraço de seu primo mais novo fez com que as lágrimas nascessem de seus olhos e escorressem com força sobre seu rosto. Adam a soltou por um momento e contemplou o rosto vermelho da prima.
— O que está fazendo aqui? Achei que estivesse na faculdade no Canadá.
— É eu estava. — ela tinha a voz trêmula e logo limpava as lágrimas que desciam por seu rosto. — Mas ocorreu um imprevisto e... Não tive como não voltar.
Adam encarou os olhos de e foi descendo pelo corpo dela até se fixar onde o vestido de lã branco estufava. Era estranho que estivesse falando sobre imprevistos e estar com a barriga maior que o normal. sempre havia sido magra, sem nenhum pingo de barriga e estar mais saliente ali era algo a se questionar. “Bom”, Adam pensava. “Um imprevisto, uns bons quilos a mais, lágrimas preocupadas, mão em cima da barriga enquanto ela balança a cabeça, só posso pensar em uma coisa”.
, não me diga que você está... — ele apontava para a barriga dela. escorregou pelo muro que circulava o portão da casa e sentou no chão colocando as mãos no cabelo e agarrando os fios com força.
— Essa é a verdade. — ela falava com a voz trêmula. — Eu voltei porque estou grávida do seu irmão. — ela encarou Adam que estava embasbacado. — Eu não podia ficar no Canadá com uma criança crescendo dentro de mim. Eu soube que Aubrey perdeu o filho. — ela olhava para Adam com um sorriso pequeno. — Mas o fruto do meu maior amor está aqui. — ela encostou a mão em sua barriga. — E eu preciso da sua ajuda para contar à o que está acontecendo.
Adam suspirou e, depois de alguns segundos de espanto, sentou ao lado de . Por um momento ficou quieto apenas refletindo em tudo o que sua prima havia revelado, mas depois começou a rir, sem acreditar muito na “sorte” de seu irmão.
— Porra, só se fode, hein? — ele sorriu mais alto e não conseguiu não acompanhar. — Mal saiu de um filho e já tem outro vindo aí. Sério, acho que ele tem que tomar cuidado. — Adam tomou a mão da prima e afagou enquanto sorria sinceramente. — É claro que eu vou ajudar. Ele não está em casa agora, mas posso levar você até onde ele está.
— Não vai atrapalhar o serviço dele?
... — Adam começou. — Desde quando você atrapalha em alguma coisa? Não se esqueça que ele acabou um casamento por você. — ele estendeu a mão para a garota enquanto se levantava. — Vamos atrás do seu amor proibido?
A única coisa que pôde fazer foi abraçar seu primo novamente enquanto caminhava pelas ruas ao lado dele, procurando reencontrar e acertar sua vida de uma vez por todas. Junto da pessoa que ela amava e queria ao seu lado.


EPILOGUE

Adam havia lhe indicado o caminho certo para que ela conseguisse encontrar sem chamar muita atenção. O lado traseiro da casa de ferragens dava acesso ao seu interior, coisa que nunca sonharia em saber. Enquanto atravessava o corredor escuro para dentro da casa, se perguntava como Adam sabia todas aquelas coisas, mas logo se lembrou de que ele era apenas um garoto levado. Lógico que saberia dos fatos mais secretos de St. Michaels, principalmente quando eram segredos de que ela estava se relacionando com seu primo. Adam guardou aquilo por muito tempo e só tinha gratidão para com o garoto.
Continuou andando até que uma luz forte tomou conta de sua visão denunciando que estava chegando ao local X onde estaria. Procurou manter passos silenciosos até chegar à porta onde ela pôde ver nitidamente cinco homens fortes trabalhando pesado enquanto carregavam ferros de todos os tipos e outros materiais. Todos os homens eram mais velhos, exceto um que exalava juventude e vigor, os músculos fortes de seus braços saltados à medida que ele levava um bastão de ferro nas costas largas. A calça caía em sua cintura, quase atingindo o meio da bunda enquanto a blusa branca suja de preto estava colada em seu corpo, resultado do suor expelido pelo cansativo trabalho.
A garota mordeu o lábio inferior ao rever seu primo. Ela tinha orgulho de ver trabalhando, de ver o rapaz correndo atrás de se tornar independente do dinheiro dos pais e querer ser alguém na vida, mesmo que para isso tivesse de carregar vários ferros por dia. A personalidade de foi o ponto mais forte para que ela se apaixonasse de verdade e isso não tinha preço.
Viu o garoto largar outro bastão de ferro num canto ao longe e esticar os músculos, certamente estralando os ossos para se sentir mais confortável. Os olhos estavam fechados e o corpo dele virado em sua direção e por dentro ela torceu que ele abrisse os olhos e a visse ali. E isso não demorou muito a acontecer.
Os olhos de se abriram e ele os postou diretamente na direção de conseguindo enxergar o vestido branco que ela usava em meio à má iluminação do lugar, em meio ao preto das ferragens sujas e paredes antigas. Ela estava com os cabelos soltos, as bochechas coradas pelo frio, o lábio preso nos dentes e as mãos em cima da barriga enquanto o fitava com os olhos despencando saudade. por um momento achou ser ilusão ver sua prima ali, mas logo constatou que ela realmente estava parada o encarando da mesma forma apaixonante de antes. Mas o olhar tinha algo muito além.
Um choque se passou por seu corpo e ele não viu mais nada, somente pediu licença ao ferreiro chefe e saiu em direção à , quase não conseguindo conter os passos lentos. Pareceu ser uma longa caminhada até chegar em frente à garota, mas quando chegou foi apenas o tempo de lhe sussurrar o nome e logo seus braços fortes a abraçaram como se nada no mundo pudesse se igualar ao sentimento de felicidade que ele tinha de vê-la ali.
O perfume dela ainda era o mesmo, porém muito mais cheiroso e apetitoso depois de tanto tempo sem senti-lo. Os cabelos continuavam macios, o corpo continuava maravilhoso a não ser pela pequena dureza que ele sentiu cutucar sua barriga enquanto abraçava . Ele a soltou rapidamente e seus olhos miraram direto para a barriga dela conseguindo perceber uma saliência desconhecida ali. Voltou os olhos para a garota e ela sorria enquanto algumas lágrimas caíam dos olhos dela.
— O que é isso? — ele perguntou enquanto encarava fixamente a barriga dela.
— Acho que vamos ter que enfrentar o mundo, . — ela pegou a mão dele e colocou em cima de sua barriga. — Nosso filho precisa nascer em um lugar de paz, livre de preconceitos, livre de acusações e julgo. Precisa nascer sendo amado, precisa entender que o amor não tem idade e nem muito menos sangue que possa impedir um sentimento verdadeiro. — ela suspirou e encarou os olhos de . — Eu voltei para construirmos a nossa vida juntos. Voltei para enfrentarmos nossa família e se preciso for, enfrentaremos St. Michaels inteira. — ela sorriu mais ainda. — Eu te amo, . Eu sempre te amei. Estamos com nossa chance de sermos felizes e não vamos desperdiçá-la.
E como se tudo pudesse mudar de figura em menos de um segundo, a puxou fortemente contra seu corpo e enterrou os lábios sobre os dela numa aceitação muda de que ele iria, sim, viver uma vida inteira ao lado dela e enfrentar o que quer que fosse para que eles tivessem a felicidade garantida. Havia perdido seu filho com Aubrey, mas naquele momento teve a notícia de que havia ganhado o filho que ele tanto sonhou em ter. estava esperando um filho dele. Isso era mais do que ele poderia receber.
E enquanto beijava com força e saudade pronto para enfrentar o mundo por ela, ele percebeu que um amor verdadeiro sempre pode sofrer danos que se resultam à separação ou afastamento forçado — como o que aconteceu com ele e —, mas a verdade e o sentimento puro sempre prevalecem em meio a todas as dificuldades. E com esse pensamento, selou com o beijo a promessa de estar sempre com a única pessoa que amou em toda sua vida.
Família -Walkins e St. Michaels que esperassem. Iriam ter de aceitar o que nunca quiseram e conviver com o fato de que dois primos se amavam intensamente.

A força de um amor verdadeiro pode mover montanhas e uma paixão pode mover o mundo. Assim com todos têm o direito de amar, é direito que se amem da forma como achem melhor e adequado. Para o amor não existe cor, raça, opções e regras. Todos são iguais e adeptos ao amor mais puro que alguém possa oferecer.
Essa, sim, é uma verdadeira lição de amor e vida.

Jullya S.


Fim



Nota da autora: Ai cara, eu amo essa fic de coração! Eu gosto pra caramba de tretas, de problemas e tudo o que essa fic aborda. Gosto muito do proibido hahaah
Escrever Salted Wound foi bem legal, eu amei cada detalhe e adorei cada linha que essa fic tem em sua composição. Assim como eu gostei, espero muito que vocês gostem <3
Quero deixar um breve agradecimento à Mari Monte que betou BOB e Salted Wound com muito carinho e além disso me apoia em tantas coisas que palavras não são suficientes para agradecer tanto amor! Agradecer novamente à Karina (Kals) por ter me convidado para este ficstape maravilhoso que eu amei participar! Forever Kals <3
Agradecer ao Grupo Histórias da Jullya Silva pelo apoio com todas as minhas histórias e cada pessoa que me acompanha com Just Like Animals e todas as fics que eu escrevo!
Vocês são demais! Obrigada ao Fanfic Obsession por tanto carinho comigo. Eu me sinto abraçada por vocês e isso é mais importante do que qualquer outra coisa!
Enfim, é isso! Espero que tenham gostado, me contem tudo e até a próxima att de JLA/próximo ficstape!
Outras histórias da autora:
Just Like Animals | Psychology of Sex I, II e III | Love Intense of Summer | 04. Get Over You (McFly – Memory Lane) | 01. All Night Long (Demi Lovato – Unbroken) | 08. Beast of Burden(Fifty Shades of Grey – Soundtrack)




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