Capítulo Único
era a pessoa que mais abominava a palavra rotina em todo o perímetro dos Estados Unidos. Desde muito nova, a estudante sempre achou que a rotina deixava as pessoas malucas e privadas do real sentido da vida, que é, em sua concepção, nada mais nada menos do que viver um dia de cada vez.
A vida não vinha com manual de instruções, então por que diabos as pessoas se enfiavam em um que ditava como todos os dias deveriam ser exatamente iguais?
Por esse e outros milhares de motivos que, assim que terminou o colégio, decidiu ingressar em um curso de moda em New York. Não existia uma rotina maçante ao estudar moda, afinal, cada dia era um novo dia com uma nova experiência.
Em contrapartida, seu roommate e melhor amigo desde que se entendia por gente, era uma pessoa completamente oposta a ela. Ele estudava paleontologia, era metódico e costumava fazer as coisas sempre da mesma forma. Mas, diferente do caos que isso parecia ser, e tinham uma dinâmica muito funcional entre eles; conseguiam ser a paz e a guerra um do outro e aquilo foi o que fez com que os pais de ambos permitissem a mudança para a cidade que nunca dorme com pequenas condições, que incluíam algo como sempre voltar para Ohio nos feriados e cuidar um do outro — que na realidade era algo automático e instintivo entre eles desde sempre.
Naquela manhã, assim como todas as outras, acordou às 6h para correr; ao voltar tomou um banho quente, aprontou-se para aula e preparou o café da manhã enquanto ouvia o jornal matinal passando na televisão ligada. Eram 7h40 quando desceu correndo enquanto tentava desesperadamente calçar uma bota, segurar suas pastas de croquis e comer uma torrada ao mesmo tempo.
— Eu acho que você conseguiria calçar o sapato se colocasse a torrada no prato e me desse isso aqui… — disse enquanto pegava a pasta das mãos da amiga e a via continuar mastigando enquanto pulava para colocar a bota.
— Estou atrasada. — murmurou com a boca cheia recebendo um olhar de censura do mais velho, a garota terminou de mastigar e abaixou-se para amarrar o cadarço — Tenho que entregar meu projeto final pra banca hoje. E você, tem algo importante?
— Tenho uma aula entediante de uns bichos que pareciam umas baratas mutantes. — deu de ombros e assistiu a amiga crispar os lábios.
— E você jurando que só ia estudar dinossauros… — ela deu um tapinha no ombro de e riu. — Seu curso é um repelente de sexo, Ross! Mas ainda bem que você é gostoso e as garotas veem isso.
riu, ela o chamava assim desde que ele contou sobre seu interesse na área de paleontologia e, depois de uns anos quando ela ingressara na faculdade de moda virou algo típico dos dois, referenciar Friends através dos apelidos: ele era Ross e ela sempre seria sua Rachel.
Assim que se levantou, pegou a pasta e a torrada e deu um beijo na bochecha do amigo antes de sair correndo.
— Te vejo mais tarde!
Depois disso, ambos seguiram para seus destinos normalmente. apresentou seu projeto de marca e obteve nota máxima e seguiu para mais uma de suas aulas entediantes sobre trilobitas — ou baratas mutantes, que na opinião de , parecia um nome bem mais fiel ao bichinho extinto.
No entanto, o que ninguém imaginava era que o vírus que parecia distante nas festas de fim de ano, que parecia algo restrito ao seu local de origem, se alastrou pelo restante do mundo em questão de poucos dias. Não haviam informações corretas, não havia um remédio, vacina ou uma cura específica.
Havia medo, desinformação e caos por todo o mundo.
Então, quando e voltaram para casa no fim daquele nublado 19 de março de 2020, não imaginavam que seria para não sair mais por um bom tempo. Muito menos que tudo o que veriam pelos próximos meses, do amanhecer ao findar do dia, seria apenas um ao outro.
˟˟˟˟˟˟
No início fora como um período de férias no meio do semestre. Afinal, nenhum universitário sequer reclamaria de uns dias de folga em meio a semana de provas. Mas então as coisas pioraram. Os números começaram a aumentar dia após dia, logo esses números se tornaram nomes e estar em casa se tornara algo cada vez mais desesperador sem poder se despedir das pessoas amadas que haviam partido.
Eram dias de angústia desperdiçados, ambos sentiam-se cada vez mais longe de sua juventude, de suas boas memórias e de como a vida lá fora — mesmo que turbulenta — costumava ser bela.
Nenhum dos dois sabiam dizer com exatidão há quantos dias estavam trancados na mesma casa devido ao início da pandemia. Os dias se tornaram pavorosamente iguais, monótonos e até mesmo um pouco melancólicos. A única oportunidade de ver a luz do dia era a visita mensal ao mercado; não podiam voltar às suas rotinas movimentadas na faculdade, não podiam ver os amigos, não podiam voltar para casa para ver os pais — e ainda tinha o bônus de que em cada ligação tinham que implorar aos mais velhos para que se cuidassem.
e já haviam passado todas as fases da quarentena: a fase de tentar fazersem sucesso todas as receitas de pães e bolos que existiam no google, a de comprar absolutamente tudo pela internet e a de xingar o desempenho péssimo do presidente frente ao enfrentamento da pandemia, assim como a fase de odiar o trabalho e as aulas a distância, houvera também fase de entrar para o TikTok e até mesmo se render as dancinhas que tanto julgavam e, é claro, a fase de xingar um ao outro enquanto jogavam Among Us ou Fall Guys.
Já haviam assistido pela enésima vez todas as temporadas de Friends e Gossip Girl e até incentivou a amiga a tentar ver God Of Thrones com ele mais uma vez, mas, assim como na primeira tentativa, continuava dormindo no meio dos episódios.
O quarto de havia se tornado o quarto dos dois pelos seguintes motivos: 1) a solidão podia ser sombria as vezes; 2) haviam criado necessidade de ver um ao outro durante todo o dia; e, por último, mas definitivamente não menos importante para , 3) ele tinha um pequeno frigobar, que era muito melhor do que ter que ir na cozinha para pegar algo.
No entanto agora, acreditava estar chegando na fase da luxúria ou surto pela abstinência de sexo. Era por isso, tinha que ser por isso. Afinal, ela sempre soubera da beleza do melhor amigo, mas nunca havia se sentido tão afetada em relação a isso antes.
A primeira vez que percebeu que as coisas estavam estranhas fora quando estavam assistindo uma partida de basquete e derrubou parte da guacamole que haviam preparado quando fora comemorar uma cesta de três pontos dos Knicks em sua camisa do time e, por ironia ou inconveniência do destino, a lançara para longe dali em uma maestria a rapidez que deixaram a estudante de moda perplexa, para não dizer arrepiada.
Era como se a cena ocorresse em câmera lenta apenas para que ela pudesse gravar em cada pedacinho de sua mente os detalhes mais sórdidos e vívidos do corpo musculoso de .
Até então conseguia jogar a culpa única e exclusivamente em seus hormônios, afinal não sabia ao certo em que período do mês estavam, mas as probabilidades de que ela estivesse ovulando a acalmaram. Só podia ser por isso!
No entanto, na segunda vez, essa hipótese fora jogada completamente de escanteio pela garota, visto que ela estava longe da ovulação e não havia nenhuma conotação sexual no que o rapaz fazia. Ele estava apenas apresentando um seminário sobre algum bicho que, por mais que agora não se lembrasse, na hora parecera bem interessante pelo modo que o amigo falava sobre ele enquanto gesticulava e olhava para a câmera do notebook. Talvez fosse só ela o admirando como um bom profissional, era só isso.
Assim como no dia em que ele conversou com sua sobrinha Charlie por vídeo chamada, era só uma cena fofa e a culpa podia ser quase que inteiramente atrelada a presença de um bebê não é? Não significava que ela sentia os ovários explodindo de vontade de ter um filho que tivesse como opção de pai apenas , longe disso! Aquilo nunca acontecera com ela, sempre fora segura demais e independente demais, do tipo que considerava relações amorosas algo completamente supérfluo e dispensável. nunca sequer cogitou ter filhos, por que diabos aquilo a estava afetando agora?
A tentativa de persuadir a si mesma de que aquilo era só mais um dos inúmeros surtos da quarentena foi por ladeira abaixo quando, na noite anterior, ela tivera um sonho erótico longo e repleto de detalhes ricos e vívidos protagonizado pelo melhor amigo, que dormia ao seu lado completamente alheio a mente pervertida dela.
Depois de regular a respiração, se deitou mais uma vez, encarando o teto branco e concluindo que estava sim atraída pelo amigo. Sempre o achara bonito, mas nunca o considerara uma opção. Foram longas horas até que os pensamentos de passassem de “DE JEITO NENHUM, ELE É MEU MELHOR AMIGO!” para “Mas uma noite de sexo casual nunca matou ninguém…”; afinal, não era como se eles nunca tivessem visto a nudez um do outro, moravam juntos há mais de três anos e com isso certas coisas acabavam se tornando inevitáveis. O sexo era só mais um pequeno, quase inexistente, degrau entre uma coisa e outra, não?
Com isso em mente, a garota nem pensou muito quando soltou durante o café da manhã do dia seguinte:
— Eu estou com vontade de fazer sexo.
— Você e todo mundo que está trancado em casa, né Rach? — deu de ombros, não achando nada demais.
— Isso não deveria ser um problema pra nós, . — ela murmurou frustrada enquanto bebia sua xícara de café — Temos a faca e o queijo na mão, somos solteiros, bonitos e saudáveis… Acho que a gente podia transar.
o disse com a tranquilidade de quem diz para passar no mercado para comprar ovos. engasgou com a torrada, demorando quase uns dois minutos para se recuperar e conseguir verbalizar um:
— O que?
— Acho que deveríamos transar. — ela repetiu com a mesma tranquilidade e dessa vez ele riu. Não, melhor, gargalhou nem se importando em parecer mais uma risada nervosa do que qualquer outra coisa.
— Você só pode estar me zoando.
rolou os olhos.
— Eu tenho cara de quem vai perder tempo te zoando, Ross? Se liga!
A expressão séria dela o convenceu, embora a situação continuasse bizarra parecia mais real agora.
— Vai querer ou não? — ela questionou depois de um tempo em silêncio, fazendo-o disparar em resposta.
— Claro que não! Não… Não sei, preciso pensar. Isso é bizarro?
— Não é a porra de um pedido de casamento, ! — começou a demonstrar impaciência quando se levantou e colocou sua xícara e prato na pia e tornou a dizer pausadamente — É. Só. Sexo!
não conseguiu dizer mais nada e quando ela terminou de lavar sua pequena quantidade de louça, assumiu que aquela era a resposta dele.
— Tá legal, esquece o que eu falei.
Pelo resto do dia, ficou sozinho com seus pensamentos e aquilo não era costumeiro visto que sempre estava por perto com sua voz alta e sua risada contagiante. Ela preferiu ir para o próprio quarto e ele não a pediu para ficar.
Diferente do que transpassara para a amiga mais cedo ele já havia pensado muito sobre. era uma mulher de beleza indiscutível e ele seria louco se negasse que nunca imaginara como seria tê-la sobre si. Mas eles continuariam morando juntos depois daquilo, sem mencionar o fato de que tudo poderia evoluir para um tremendo desastre e se tinha uma coisa, uma única coisa, que tinha certeza era que não queria perder a amizade de .
Seria duro demais ter que viver sem o que eles tinham, não poder mais tê-la por perto por terem machucado um ao outro. Eles ainda se encontrariam nos jantares de família em Ohio, no campus da faculdade e provavelmente na loja de quadrinhos que eles adoravam ir juntos… Não, ele não podia arriscar.
As coisas iam perfeitamente bem daquela forma e no fundo, ele sabia que tudo ficaria bem depois que colocasse a cabeça no lugar e percebesse que eles tinham muito a perder se cometessem aquela loucura.
˟˟˟˟˟˟
Os dias que se seguiram foram os mais esquisitos e perturbadores que já vivera em todos os seus anos de existência. Ele não sabia dizer se a amiga sempre o tinha afetado tanto assim ou se era algo proposital para fazer com que ele pensasse sobre a proposta.
Mas logo ele percebeu que aquilo não era algo típico de .
Eram os pijamas dela que haviam encolhido na máquina ou ele era um tapado e eles sempre foram daquela forma? Seja qual fosse a resposta, ele sentia que um short de seda e uma camiseta do The Strokes — roubada dele, inclusive — estariam estampando seu atestado de óbito como causa de sua morte. Era demais para sua imaginação extremamente fértil e descontrolada.
Naquela manhã estava especialmente nervoso, visto que teria que voltar para a faculdade pela primeira vez depois de todos esses meses para uma aula prática extremamente dispensável. Mas, como se considerava um idiota que não conseguia faltar às aulas ele estava de pé às 8h, como a vida antes da pandemia que parecia ter sido a pelo menos uns três anos, achando especialmente engraçado como a reclusão tornava as coisas mais intensas e o tempo, tão majestoso e imponente, em um borrão em sua mente.
Ele se sentia ansioso, incomodado e se segurava ao máximo para não bater na porta do quarto da amiga para obter seu tão conhecido e bem-vindo apoio moral. Ah céus, ele adoraria ouvir o que tinha a dizer sobre isso. considerava que não tinha mais bateria social para interagir com mais de uma pessoa por vez, não que ele fosse muito popular ou que a aula não estivesse respeitando os protocolos de segurança com um limite máximo de alunos... Mas era óbvio que ele preferia ficar em casa do que se expor ao risco apenas por alguns Equinodermas.
Assim que terminara o café da manhã, o rapaz ainda considerou bater no quarto da amiga para conversar, mas de alguma forma seu subconsciente o alertara que aquilo não era o mais indicado agora, somado ao fato de que se ficasse ali por mais alguns minutos sequer chegaria atrasado na aula.
Extremamente frustrado, mas munido com seus três frascos de álcool e uma máscara PFF2, finalmente deixara o apartamento e se dirigiu à aula. Quando chegou no local marcado pelo professor, sentiu um bolo enorme formando-se em sua garganta ao ver que o homem cumprimentava os outros alunos como se não houvesse protocolos que o proibissem daquilo.
— Ei ! — Sam, um dos colegas de sala mais próximos de apareceu, dando-lhe um tapinha no ombro e mesmo por trás da máscara que lhe cobria o rosto, ele sabia que o amigo sorria feliz em vê-lo depois de tanto tempo.
Ele bem que queria conseguir esboçar algo. Qualquer coisa que não fosse um sorriso nervoso ou a cara assustada que provavelmente tinha agora.
Depois de muito esforço mental, conseguiu ao menos acenar com a cabeça e seguir o amigo até uma das carteiras que estavam — pelo menos — distanciadas para aguardar o início da aula.
Seriam longas e torturantes horas, então tudo que o estudante a beira de um colapso nervoso considerou fora que algumas porras de estrelas do mar pré-históricas não valiam tanto esforço. Ele nem chegou a se sentar, certamente recuperaria aquilo depois, mas não se recuperaria da sensação sufocante que era sentir seus pulmões implorarem por ar enquanto todos pareciam em uma festa.
Então correr lhe pareceu o mais certo e fora exatamente isso que ele fizera.
˟˟˟˟˟˟
Eram cinco da manhã e havia acordado mais cedo que o normal. Na verdade, ela sequer havia dormido pela preocupação com o amigo, mas não lhe parecera certo invadir o espaço dele quando ele mesmo não deu indícios de que estava tudo bem entre eles.
Agora que o calor do momento havia passado, sentia-se patética. O que lhe passava na cabeça quando ela perguntou tão casualmente ao amigo se queria transar com ela sem considerar sequer a personalidade dele? Ela deveria saber que ele recusaria, não só deveria como sabia e se sentia cada vez pior.
Por conta disso, não teve a abertura que gostaria para conversar sobre a ida do rapaz para o campus da faculdade naquela manhã. Mesmo que o clima não estivesse dos melhores entre os dois, conhecia até mais que a si mesma — o que chegava até a ser estranho às vezes — então doía nela saber que o rapaz provavelmente não dormira de ansiedade e ela não pôde fazer nada a respeito para ajudá-lo.
A vontade era de ir até o quarto de para ajudá-lo. Mas ela nem sabia se ele estava precisando de ajuda, ele também não falou sobre… Droga, desde quando ela precisava de cerimônias para falar com o amigo?
Ah, claro. Desde quando colocara suas necessidades sexuais à frente de toda e qualquer coisa.
A fim de afastar seus pensamentos e tentar pelo menos fazer algo útil, começou a limpar o quarto, assistiu alguns minutos de Lua Nova e desistiu quando ouviu o barulho da porta da frente se fechando, certo… Ele havia decidido ir então. “Claro que era isso que ele decidiria, era afinal!” pensou sozinha enquanto se dirigia até a penteadeira para fazer algo que sempre a acalmava: se maquiar, mesmo que sem motivo algum.
— Desde quando preciso de um motivo pra isso? — ela respondeu aos próprios pensamentos enquanto prendia os cabelos e pegava um de seus hidratantes faciais preferidos. — Todo dia é um bom dia para se sentir uma grande gostosa e hoje eu quero ser uma gostosa maquiada, fim.
Finalmente convencida, prosseguiu com as etapas até finalizar a maquiagem discreta, porém muito bem elaborada, com um batom entre os tons de caramelo e terracota. A garota olhou para a parede de espelhos que tinha, assim como para o da mesa que estava aprovando o resultado com um sorriso leve enquanto sua playlist tocava por toda a casa graças a Alexa que ela e haviam adquirido em um dos surtos em abril.
Como na decisão tomada anteriormente, começou a pensar que se já eram quase meio-dia e não havia voltado ainda, então tudo havia dado certo. Bem, aquilo tirou um fardo e tanto de seus ombros, quem sabe até poderiam falar sobre quando ele voltasse para casa... estava cansada de fingir que eles não precisavam conversar, de fingir que estava tudo bem, quando claramente não estava. Movida pela vontade de resolver tudo, a estudante resolveu que assim que ele chegasse eles iriam se acertar e no fim tudo terminaria em uma pizza e uma temporada de qualquer uma de suas sitcoms preferidas.
Uma hora se passou lentamente e nada de . Foi quando uma notificação surgiu na tela do celular de , deixando-a completamente intrigada. Sam, colega de classe de , a mandou uma mensagem esquisita:
WHATSAPP
não precisou de mais informações para entender o que havia acontecido. Nem chegou a agradecer ou informar Sam, apenas clicou na conversa com o melhor amigo e disparou em preocupação tentando a todo custo ligar para ele.
Sem sucesso.
WHATSAPP
Quando já cogitava sair sem rumo pelas ruas de Nova York em busca do amigo, repentinamente a porta do apartamento fora aberta. Suas mãos suavam de nervoso, mas ela seguiu em passos rápidos até o hall de entrada, encontrando um eufórico e ruborizado graças a quantidade enorme de sacolas que carregava.
— Ah, graças a Deus! — jogou-se nos braços do amigo, fazendo com que o mesmo se desequilibrasse e derrubasse algumas das sacolas no chão. não soube ao certo como reagir, mas teve receio de que ela tivesse sentido o coração dele disparado graças à proximidade do abraço. Mas ela não parecia preocupada com isso agora que lhe desferia uma quantidade assustadora e consideravelmente sobre humana de tapas no braço, ou onde quer que alcançasse, enquanto ele desviava.
— Ai! O que é?
— O que é? — ela murmurou entredentes batendo mais uma vez no braço dele. — Puta que pariu, ! Você sai correndo da aula, some por horas e não responde a droga do celular, o que mais pode ser? Tem noção do quanto eu fiquei preocupada?
Ao fim do discurso tomado por xingamentos, já tinha a voz embargada e os cabelos afagados pelo melhor amigo.
— Shhh. Tá tudo bem agora… Eu só não me senti bem e resolvi tomar um ar. Não me senti preparado pra ver toda aquela gente sem máscara e decidi sair. — sua voz era baixa, mas de alguma forma sabia que o amigo estava se contendo para não preocupá-la ainda mais.
— Você deveria ter me ligado… Eu poderia ajudar.
— Você não deveria me abraçar, estou vindo da rua. — desconversou ele, com a voz suave.
— Tem razão… — ela se separou do abraço com rapidez e completamente envergonhada — Vai tomar banho enquanto eu higienizo a caralhada de coisas que você comprou.
— Comprei uns petiscos pra gente comer enquanto ouvimos uma musiquinha. Ah! Trouxe cerveja também. — ele sorriu pra ela e seguiu para seu quarto.
Não demorou para que ambos já estivessem sentados, ainda ouvindo a playlist de , mesmo que envoltos de um silêncio constrangedor e suas long necks. sentiu sua respiração acelerar enquanto suas mãos não paravam quietas.
— Tá tudo bem, Rach? — questionou , notando o desconforto da amiga.
— Me responde você. — ela enrolava as pontas dos cabelos, mas elevou seus olhos aos dele. — A gente tá bem?
não conseguiu manter o contato visual, apenas coçou a nuca e pigarreou.
— Claro que sim! — sua voz saíra aguda demais, típica de quando mentia.
— Não! Claro que não estamos… — bufou, cobrindo o rosto com as mãos e então passando essas pelos cabelos em seguida. — Você nem consegue olhar pra mim! Ah merda, eu estraguei tudo, tá legal?
— Ei… — ele respirou fundo, finalmente a encarando e por um segundo quis não ter feito isso. Sua maquiagem era fraca, mas realçava cada parte do rosto de , deixando-a ainda mais linda. Era como se seus olhos fossem o reflexo do mar durante a noite: profundos, intensos e escuros… E ele adoraria mergulhar nessas águas agitadas.
— Desculpa por não pensar na nossa amizade e estragar tudo por sexo. — ela o interrompeu, endireitando-se no sofá enquanto dava mais um gole em sua cerveja.
— Talvez eu queira estragar tudo.
olhou para o amigo assustada, pensando que era algum tipo de brincadeira, mas tudo que encontrou fora seu rosto muito próximo ao dela. Antes que ambos pudessem pensar, seus lábios, atraídos como ímã e metal, chocaram-se um contra o outro em um beijo urgente.
Mesmo sem nunca terem feito algo próximo daquilo antes, era como se suas línguas conhecessem os movimentos daquela dança que só eles entendiam, suas mãos pareciam saber exatamente cada parte onde tocar como em uma peça ensaiada por semanas. As unhas de arranharam suavemente a nuca de quando esse lhe mordera o lábio inferior e o rapaz pode sentir a moça suspirando.
A voz de Marvin Gaye soava por toda a casa quando, quase que instintivamente, as mãos de — que antes estavam respectivamente entre os cabelos de e em sua cintura — deslizaram de maneira ágil até a bunda quase descoberta dela, trazendo-a em um movimento único e rápido para seu colo. Seus lábios se desgrudaram por um milésimo de segundo apenas para que a garota iniciasse uma trilha de beijos no pescoço do rapaz, que sentiu toda a sua pele arrepiar com o contato ainda desconhecido.
Ele tombou o pescoço para o estofado do sofá quando as mãos de adentraram rapidamente sua camiseta larga, passando a unha levemente por seu peitoral de forma que podia jurar que se assemelhava a uma corrente de eletricidade passando por seu corpo, mesmo sem nem mesmo nunca ter sentido uma antes. Enquanto isso, os beijos dela subiam por seu pescoço até o lóbulo da orelha, deixando ali uma mordida sutil que o fez apertar as nádegas de ainda mais forte, forçando-a para baixo para que ela pudesse sentir sua ereção recém adquirida.
Impaciente e ansioso por mais, se levantou com em seu colo enquanto ainda desfrutava do efeito de seus lábios em sua pele e caminhou para aquele que parecia ser o quarto mais próximo: o dela.
Assim que ele a colocara no chão coberto pelo tapete felpudo e rosado, seus lábios se uniram mais uma vez em uma sincronia ainda mais intensa e rápida, separando-se apenas quando alguma peça de roupa precisava de mais atenção para ser tirada.
Ambos nem precisaram fazer esforço algum para que suas mentes se silenciassem de receios e preocupações acerca de como tudo ficaria depois. Não quando cada toque significava uma descoberta de sensações e sentimentos que simplesmente pareciam certos, o que fazia com que e continuassem apenas para desfrutar dos efeitos inusitados que tinham um sobre o outro.
Os lábios de foram descendo lentamente pelo colo nu da amiga, até que tomasse um de seus mamilos rijos enquanto acariciava o outro com a ponta dos dedos. sentiu suas pernas falharem quando os dentes do rapaz brincaram rapidamente com a pele sensível, visto que arrepiou-se em lugares em que ela nem sabia da existência.
Depois da devida atenção dada a moça, a guiou para a cama, abrindo delicadamente as pernas dela assim que suas costas encontraram o colchão macio. assistiu o garoto levar seus dedos até sua intimidade já úmida e friccioná-los em seu clítoris em carícias tão precisas que levaram-na a suspirar de prazer.
— Você não tem noção de quantas vezes te imaginei aqui, exatamente assim… — confessou ele, ao vê-la gemer baixinho.
— E o que mais você fazia comigo, posso saber?
riu, distanciando os dedos e lançando-a um olhar voraz. Sem quebrar o contato visual, suas mãos fizeram então uma breve viagem pela parte interna das coxas de , seguindo até suas panturrilhas onde as apertou e afastou ainda mais as pernas dela para que pudesse encaixar a cabeça entre elas.
— Eu te chupava exatamente assim, até você implorar pra eu te foder com força. — ofegou ele a centímetros de distância, sentindo o corpo dela estremecer.
não conseguiu conter seus gemidos quando sentiu os movimentos da língua de se intensificarem em seu clítoris. Era como se o amigo já a conhecesse até em suas preferências mais íntimas, e ela não podia negar que aquilo a enchia de tesão e expectativa. E ele permaneceu ali, saboreando do gosto dela, até que a mesma chegasse em seu ápice.
a observou se levantar bem em sua frente, de modo que seus mamilos rijos roçassem a pele de seu peitoral. Ela o puxou para perto de si e o beijou com avidez enquanto o virava delicadamente e deitava seu corpo sob o dele.
— Eu adoraria saber mais sobre o que você imagina, … — ela disse entre os beijos, com um sorriso maldoso enquanto vestia o pênis dele com o preservativo e o massageava levemente — Mas estou um pouquinho impaciente agora.
sentou sob o membro de , possibilitando que ele a observasse rebolando sob ele de costas e puxasse seus cabelos escuros, intensificando seu prazer. Ela alternava entre subir e descer com os quadris e movimentá-los para frente e para trás e sentia-se hipnotizado ao assisti-la pela parede de espelhos, completamente entregue a missão de satisfazer o apetite voraz que tinham um pelo outro.
pareceu mudar de ideia e montou no rapaz de forma que pudesse vê-lo, mantendo o ritmo de movimentos. parecia insatisfeito com a distância que ainda restava entre eles, então sentou-se apoiando a palma das mãos no colchão e deixou que seus peitos se chocassem e seus lábios se unissem em mais um beijo faminto. Os gemidos de , a forma com que ela se movia, somado ao seu cheiro completamente viciante, pareciam combustíveis para os movimentos cada vez mais intensos de .
As estocadas se intensificaram mais e mais até que eles se encontrassem em um ritmo único, sincronizando seus corpos em uma espécie de dança enlouquecedora até que o ápice chegasse.
Foi explosivo, ela gemeu alto e uniu seus lábios enquanto ele sentiu todo seu corpo tremer e se arrepiar. Em seguida eles deitaram ao lado um do outro e, junto com o orgasmo viera um lapso de consciência de tudo que havia acontecido e tudo que aquilo significava.
Todos os espelhos do quarto pareciam assisti-la, e agora entendia. Ela parecia brilhar, igual aos raios do sol poente do lado de fora e ele amava a vista. Era extasiante, era insano, era único, era fantástico. simplesmente elevava o sexo a outro patamar. Era absurdamente superior a qualquer outra por parecer que ela sabia exatamente onde tocar para deixá-lo completamente rendido de desejo, era especial pela maneira com que ela o olhava e pela intensidade e urgência com que seus lábios sempre acabavam encontrando o caminho dos dele. E então, como em um breve e iluminado momento de epifania, soube que transar com não era espetacular por algo específico que ela fazia de diferente ou extraordinário… Era daquela forma simplesmente por se tratar dela.
Como se o mesmo se passasse na cabeça dela, os dois se entreolharam por alguns segundos e nada pareceu mais certo, então tudo que conseguiram fazer foi rir.
E por mais assustador que aquilo parecesse antes, a intensidade dos sentimentos jorrando como sangue em um trauma ocasionado em uma queda, talvez ter noção de que tinha mais sentimentos do que se considerava comum por sua melhor amiga não parecesse mais algo tão distante assim de .
Assim como a ideia de que ficariam ali, encharcando os lençóis com o suor de seus corpos e manchando a seda branca com o tom rubro alaranjado que já deixara os lábios de há tanto tempo e agora tingiam outras partes dos corpos de ambos; embriagados um pelo outro até que o céu se tornasse rosado mais uma vez, quando o sol nascesse às cinco da manhã do dia seguinte e, quem sabe, até um pouco mais.
Até quando ela o permitisse ficar.
A vida não vinha com manual de instruções, então por que diabos as pessoas se enfiavam em um que ditava como todos os dias deveriam ser exatamente iguais?
Por esse e outros milhares de motivos que, assim que terminou o colégio, decidiu ingressar em um curso de moda em New York. Não existia uma rotina maçante ao estudar moda, afinal, cada dia era um novo dia com uma nova experiência.
Em contrapartida, seu roommate e melhor amigo desde que se entendia por gente, era uma pessoa completamente oposta a ela. Ele estudava paleontologia, era metódico e costumava fazer as coisas sempre da mesma forma. Mas, diferente do caos que isso parecia ser, e tinham uma dinâmica muito funcional entre eles; conseguiam ser a paz e a guerra um do outro e aquilo foi o que fez com que os pais de ambos permitissem a mudança para a cidade que nunca dorme com pequenas condições, que incluíam algo como sempre voltar para Ohio nos feriados e cuidar um do outro — que na realidade era algo automático e instintivo entre eles desde sempre.
Naquela manhã, assim como todas as outras, acordou às 6h para correr; ao voltar tomou um banho quente, aprontou-se para aula e preparou o café da manhã enquanto ouvia o jornal matinal passando na televisão ligada. Eram 7h40 quando desceu correndo enquanto tentava desesperadamente calçar uma bota, segurar suas pastas de croquis e comer uma torrada ao mesmo tempo.
— Eu acho que você conseguiria calçar o sapato se colocasse a torrada no prato e me desse isso aqui… — disse enquanto pegava a pasta das mãos da amiga e a via continuar mastigando enquanto pulava para colocar a bota.
— Estou atrasada. — murmurou com a boca cheia recebendo um olhar de censura do mais velho, a garota terminou de mastigar e abaixou-se para amarrar o cadarço — Tenho que entregar meu projeto final pra banca hoje. E você, tem algo importante?
— Tenho uma aula entediante de uns bichos que pareciam umas baratas mutantes. — deu de ombros e assistiu a amiga crispar os lábios.
— E você jurando que só ia estudar dinossauros… — ela deu um tapinha no ombro de e riu. — Seu curso é um repelente de sexo, Ross! Mas ainda bem que você é gostoso e as garotas veem isso.
riu, ela o chamava assim desde que ele contou sobre seu interesse na área de paleontologia e, depois de uns anos quando ela ingressara na faculdade de moda virou algo típico dos dois, referenciar Friends através dos apelidos: ele era Ross e ela sempre seria sua Rachel.
Assim que se levantou, pegou a pasta e a torrada e deu um beijo na bochecha do amigo antes de sair correndo.
— Te vejo mais tarde!
Depois disso, ambos seguiram para seus destinos normalmente. apresentou seu projeto de marca e obteve nota máxima e seguiu para mais uma de suas aulas entediantes sobre trilobitas — ou baratas mutantes, que na opinião de , parecia um nome bem mais fiel ao bichinho extinto.
No entanto, o que ninguém imaginava era que o vírus que parecia distante nas festas de fim de ano, que parecia algo restrito ao seu local de origem, se alastrou pelo restante do mundo em questão de poucos dias. Não haviam informações corretas, não havia um remédio, vacina ou uma cura específica.
Havia medo, desinformação e caos por todo o mundo.
Então, quando e voltaram para casa no fim daquele nublado 19 de março de 2020, não imaginavam que seria para não sair mais por um bom tempo. Muito menos que tudo o que veriam pelos próximos meses, do amanhecer ao findar do dia, seria apenas um ao outro.
No início fora como um período de férias no meio do semestre. Afinal, nenhum universitário sequer reclamaria de uns dias de folga em meio a semana de provas. Mas então as coisas pioraram. Os números começaram a aumentar dia após dia, logo esses números se tornaram nomes e estar em casa se tornara algo cada vez mais desesperador sem poder se despedir das pessoas amadas que haviam partido.
Eram dias de angústia desperdiçados, ambos sentiam-se cada vez mais longe de sua juventude, de suas boas memórias e de como a vida lá fora — mesmo que turbulenta — costumava ser bela.
Nenhum dos dois sabiam dizer com exatidão há quantos dias estavam trancados na mesma casa devido ao início da pandemia. Os dias se tornaram pavorosamente iguais, monótonos e até mesmo um pouco melancólicos. A única oportunidade de ver a luz do dia era a visita mensal ao mercado; não podiam voltar às suas rotinas movimentadas na faculdade, não podiam ver os amigos, não podiam voltar para casa para ver os pais — e ainda tinha o bônus de que em cada ligação tinham que implorar aos mais velhos para que se cuidassem.
e já haviam passado todas as fases da quarentena: a fase de tentar fazer
Já haviam assistido pela enésima vez todas as temporadas de Friends e Gossip Girl e até incentivou a amiga a tentar ver God Of Thrones com ele mais uma vez, mas, assim como na primeira tentativa, continuava dormindo no meio dos episódios.
O quarto de havia se tornado o quarto dos dois pelos seguintes motivos: 1) a solidão podia ser sombria as vezes; 2) haviam criado necessidade de ver um ao outro durante todo o dia; e, por último, mas definitivamente não menos importante para , 3) ele tinha um pequeno frigobar, que era muito melhor do que ter que ir na cozinha para pegar algo.
No entanto agora, acreditava estar chegando na fase da luxúria ou surto pela abstinência de sexo. Era por isso, tinha que ser por isso. Afinal, ela sempre soubera da beleza do melhor amigo, mas nunca havia se sentido tão afetada em relação a isso antes.
A primeira vez que percebeu que as coisas estavam estranhas fora quando estavam assistindo uma partida de basquete e derrubou parte da guacamole que haviam preparado quando fora comemorar uma cesta de três pontos dos Knicks em sua camisa do time e, por ironia ou inconveniência do destino, a lançara para longe dali em uma maestria a rapidez que deixaram a estudante de moda perplexa, para não dizer arrepiada.
Era como se a cena ocorresse em câmera lenta apenas para que ela pudesse gravar em cada pedacinho de sua mente os detalhes mais sórdidos e vívidos do corpo musculoso de .
Até então conseguia jogar a culpa única e exclusivamente em seus hormônios, afinal não sabia ao certo em que período do mês estavam, mas as probabilidades de que ela estivesse ovulando a acalmaram. Só podia ser por isso!
No entanto, na segunda vez, essa hipótese fora jogada completamente de escanteio pela garota, visto que ela estava longe da ovulação e não havia nenhuma conotação sexual no que o rapaz fazia. Ele estava apenas apresentando um seminário sobre algum bicho que, por mais que agora não se lembrasse, na hora parecera bem interessante pelo modo que o amigo falava sobre ele enquanto gesticulava e olhava para a câmera do notebook. Talvez fosse só ela o admirando como um bom profissional, era só isso.
Assim como no dia em que ele conversou com sua sobrinha Charlie por vídeo chamada, era só uma cena fofa e a culpa podia ser quase que inteiramente atrelada a presença de um bebê não é? Não significava que ela sentia os ovários explodindo de vontade de ter um filho que tivesse como opção de pai apenas , longe disso! Aquilo nunca acontecera com ela, sempre fora segura demais e independente demais, do tipo que considerava relações amorosas algo completamente supérfluo e dispensável. nunca sequer cogitou ter filhos, por que diabos aquilo a estava afetando agora?
A tentativa de persuadir a si mesma de que aquilo era só mais um dos inúmeros surtos da quarentena foi por ladeira abaixo quando, na noite anterior, ela tivera um sonho erótico longo e repleto de detalhes ricos e vívidos protagonizado pelo melhor amigo, que dormia ao seu lado completamente alheio a mente pervertida dela.
Depois de regular a respiração, se deitou mais uma vez, encarando o teto branco e concluindo que estava sim atraída pelo amigo. Sempre o achara bonito, mas nunca o considerara uma opção. Foram longas horas até que os pensamentos de passassem de “DE JEITO NENHUM, ELE É MEU MELHOR AMIGO!” para “Mas uma noite de sexo casual nunca matou ninguém…”; afinal, não era como se eles nunca tivessem visto a nudez um do outro, moravam juntos há mais de três anos e com isso certas coisas acabavam se tornando inevitáveis. O sexo era só mais um pequeno, quase inexistente, degrau entre uma coisa e outra, não?
Com isso em mente, a garota nem pensou muito quando soltou durante o café da manhã do dia seguinte:
— Eu estou com vontade de fazer sexo.
— Você e todo mundo que está trancado em casa, né Rach? — deu de ombros, não achando nada demais.
— Isso não deveria ser um problema pra nós, . — ela murmurou frustrada enquanto bebia sua xícara de café — Temos a faca e o queijo na mão, somos solteiros, bonitos e saudáveis… Acho que a gente podia transar.
o disse com a tranquilidade de quem diz para passar no mercado para comprar ovos. engasgou com a torrada, demorando quase uns dois minutos para se recuperar e conseguir verbalizar um:
— O que?
— Acho que deveríamos transar. — ela repetiu com a mesma tranquilidade e dessa vez ele riu. Não, melhor, gargalhou nem se importando em parecer mais uma risada nervosa do que qualquer outra coisa.
— Você só pode estar me zoando.
rolou os olhos.
— Eu tenho cara de quem vai perder tempo te zoando, Ross? Se liga!
A expressão séria dela o convenceu, embora a situação continuasse bizarra parecia mais real agora.
— Vai querer ou não? — ela questionou depois de um tempo em silêncio, fazendo-o disparar em resposta.
— Claro que não! Não… Não sei, preciso pensar. Isso é bizarro?
— Não é a porra de um pedido de casamento, ! — começou a demonstrar impaciência quando se levantou e colocou sua xícara e prato na pia e tornou a dizer pausadamente — É. Só. Sexo!
não conseguiu dizer mais nada e quando ela terminou de lavar sua pequena quantidade de louça, assumiu que aquela era a resposta dele.
— Tá legal, esquece o que eu falei.
Pelo resto do dia, ficou sozinho com seus pensamentos e aquilo não era costumeiro visto que sempre estava por perto com sua voz alta e sua risada contagiante. Ela preferiu ir para o próprio quarto e ele não a pediu para ficar.
Diferente do que transpassara para a amiga mais cedo ele já havia pensado muito sobre. era uma mulher de beleza indiscutível e ele seria louco se negasse que nunca imaginara como seria tê-la sobre si. Mas eles continuariam morando juntos depois daquilo, sem mencionar o fato de que tudo poderia evoluir para um tremendo desastre e se tinha uma coisa, uma única coisa, que tinha certeza era que não queria perder a amizade de .
Seria duro demais ter que viver sem o que eles tinham, não poder mais tê-la por perto por terem machucado um ao outro. Eles ainda se encontrariam nos jantares de família em Ohio, no campus da faculdade e provavelmente na loja de quadrinhos que eles adoravam ir juntos… Não, ele não podia arriscar.
As coisas iam perfeitamente bem daquela forma e no fundo, ele sabia que tudo ficaria bem depois que colocasse a cabeça no lugar e percebesse que eles tinham muito a perder se cometessem aquela loucura.
Os dias que se seguiram foram os mais esquisitos e perturbadores que já vivera em todos os seus anos de existência. Ele não sabia dizer se a amiga sempre o tinha afetado tanto assim ou se era algo proposital para fazer com que ele pensasse sobre a proposta.
Mas logo ele percebeu que aquilo não era algo típico de .
Eram os pijamas dela que haviam encolhido na máquina ou ele era um tapado e eles sempre foram daquela forma? Seja qual fosse a resposta, ele sentia que um short de seda e uma camiseta do The Strokes — roubada dele, inclusive — estariam estampando seu atestado de óbito como causa de sua morte. Era demais para sua imaginação extremamente fértil e descontrolada.
Naquela manhã estava especialmente nervoso, visto que teria que voltar para a faculdade pela primeira vez depois de todos esses meses para uma aula prática extremamente dispensável. Mas, como se considerava um idiota que não conseguia faltar às aulas ele estava de pé às 8h, como a vida antes da pandemia que parecia ter sido a pelo menos uns três anos, achando especialmente engraçado como a reclusão tornava as coisas mais intensas e o tempo, tão majestoso e imponente, em um borrão em sua mente.
Ele se sentia ansioso, incomodado e se segurava ao máximo para não bater na porta do quarto da amiga para obter seu tão conhecido e bem-vindo apoio moral. Ah céus, ele adoraria ouvir o que tinha a dizer sobre isso. considerava que não tinha mais bateria social para interagir com mais de uma pessoa por vez, não que ele fosse muito popular ou que a aula não estivesse respeitando os protocolos de segurança com um limite máximo de alunos... Mas era óbvio que ele preferia ficar em casa do que se expor ao risco apenas por alguns Equinodermas.
Assim que terminara o café da manhã, o rapaz ainda considerou bater no quarto da amiga para conversar, mas de alguma forma seu subconsciente o alertara que aquilo não era o mais indicado agora, somado ao fato de que se ficasse ali por mais alguns minutos sequer chegaria atrasado na aula.
Extremamente frustrado, mas munido com seus três frascos de álcool e uma máscara PFF2, finalmente deixara o apartamento e se dirigiu à aula. Quando chegou no local marcado pelo professor, sentiu um bolo enorme formando-se em sua garganta ao ver que o homem cumprimentava os outros alunos como se não houvesse protocolos que o proibissem daquilo.
— Ei ! — Sam, um dos colegas de sala mais próximos de apareceu, dando-lhe um tapinha no ombro e mesmo por trás da máscara que lhe cobria o rosto, ele sabia que o amigo sorria feliz em vê-lo depois de tanto tempo.
Ele bem que queria conseguir esboçar algo. Qualquer coisa que não fosse um sorriso nervoso ou a cara assustada que provavelmente tinha agora.
Depois de muito esforço mental, conseguiu ao menos acenar com a cabeça e seguir o amigo até uma das carteiras que estavam — pelo menos — distanciadas para aguardar o início da aula.
Seriam longas e torturantes horas, então tudo que o estudante a beira de um colapso nervoso considerou fora que algumas porras de estrelas do mar pré-históricas não valiam tanto esforço. Ele nem chegou a se sentar, certamente recuperaria aquilo depois, mas não se recuperaria da sensação sufocante que era sentir seus pulmões implorarem por ar enquanto todos pareciam em uma festa.
Então correr lhe pareceu o mais certo e fora exatamente isso que ele fizera.
Eram cinco da manhã e havia acordado mais cedo que o normal. Na verdade, ela sequer havia dormido pela preocupação com o amigo, mas não lhe parecera certo invadir o espaço dele quando ele mesmo não deu indícios de que estava tudo bem entre eles.
Agora que o calor do momento havia passado, sentia-se patética. O que lhe passava na cabeça quando ela perguntou tão casualmente ao amigo se queria transar com ela sem considerar sequer a personalidade dele? Ela deveria saber que ele recusaria, não só deveria como sabia e se sentia cada vez pior.
Por conta disso, não teve a abertura que gostaria para conversar sobre a ida do rapaz para o campus da faculdade naquela manhã. Mesmo que o clima não estivesse dos melhores entre os dois, conhecia até mais que a si mesma — o que chegava até a ser estranho às vezes — então doía nela saber que o rapaz provavelmente não dormira de ansiedade e ela não pôde fazer nada a respeito para ajudá-lo.
A vontade era de ir até o quarto de para ajudá-lo. Mas ela nem sabia se ele estava precisando de ajuda, ele também não falou sobre… Droga, desde quando ela precisava de cerimônias para falar com o amigo?
Ah, claro. Desde quando colocara suas necessidades sexuais à frente de toda e qualquer coisa.
A fim de afastar seus pensamentos e tentar pelo menos fazer algo útil, começou a limpar o quarto, assistiu alguns minutos de Lua Nova e desistiu quando ouviu o barulho da porta da frente se fechando, certo… Ele havia decidido ir então. “Claro que era isso que ele decidiria, era afinal!” pensou sozinha enquanto se dirigia até a penteadeira para fazer algo que sempre a acalmava: se maquiar, mesmo que sem motivo algum.
— Desde quando preciso de um motivo pra isso? — ela respondeu aos próprios pensamentos enquanto prendia os cabelos e pegava um de seus hidratantes faciais preferidos. — Todo dia é um bom dia para se sentir uma grande gostosa e hoje eu quero ser uma gostosa maquiada, fim.
Finalmente convencida, prosseguiu com as etapas até finalizar a maquiagem discreta, porém muito bem elaborada, com um batom entre os tons de caramelo e terracota. A garota olhou para a parede de espelhos que tinha, assim como para o da mesa que estava aprovando o resultado com um sorriso leve enquanto sua playlist tocava por toda a casa graças a Alexa que ela e haviam adquirido em um dos surtos em abril.
Como na decisão tomada anteriormente, começou a pensar que se já eram quase meio-dia e não havia voltado ainda, então tudo havia dado certo. Bem, aquilo tirou um fardo e tanto de seus ombros, quem sabe até poderiam falar sobre quando ele voltasse para casa... estava cansada de fingir que eles não precisavam conversar, de fingir que estava tudo bem, quando claramente não estava. Movida pela vontade de resolver tudo, a estudante resolveu que assim que ele chegasse eles iriam se acertar e no fim tudo terminaria em uma pizza e uma temporada de qualquer uma de suas sitcoms preferidas.
Uma hora se passou lentamente e nada de . Foi quando uma notificação surgiu na tela do celular de , deixando-a completamente intrigada. Sam, colega de classe de , a mandou uma mensagem esquisita:
Sam Atkins
visto por último hoje às 14:07
visto por último hoje às 14:07
Oii , beleza?
O tá melhor?
Ei Atkins, tudo certo e com vc?
Ele n chegou por aqui, achei que vcs ainda estavam na aula
Ele nem ficou p aula. Saiu correndo logo depois de chegar...
Achei que tivesse ido pra casa, sei lá.
Ele não parecia muito bem… 😕
não precisou de mais informações para entender o que havia acontecido. Nem chegou a agradecer ou informar Sam, apenas clicou na conversa com o melhor amigo e disparou em preocupação tentando a todo custo ligar para ele.
Sem sucesso.
Ross ❤️
visto por último hoje às 08:25
visto por último hoje às 08:25
Ei????
Tá tudo bem com você?
Que droga, !
Tem como atender o telefone? Tô preocupada ctg
Quando já cogitava sair sem rumo pelas ruas de Nova York em busca do amigo, repentinamente a porta do apartamento fora aberta. Suas mãos suavam de nervoso, mas ela seguiu em passos rápidos até o hall de entrada, encontrando um eufórico e ruborizado graças a quantidade enorme de sacolas que carregava.
— Ah, graças a Deus! — jogou-se nos braços do amigo, fazendo com que o mesmo se desequilibrasse e derrubasse algumas das sacolas no chão. não soube ao certo como reagir, mas teve receio de que ela tivesse sentido o coração dele disparado graças à proximidade do abraço. Mas ela não parecia preocupada com isso agora que lhe desferia uma quantidade assustadora e consideravelmente sobre humana de tapas no braço, ou onde quer que alcançasse, enquanto ele desviava.
— Ai! O que é?
— O que é? — ela murmurou entredentes batendo mais uma vez no braço dele. — Puta que pariu, ! Você sai correndo da aula, some por horas e não responde a droga do celular, o que mais pode ser? Tem noção do quanto eu fiquei preocupada?
Ao fim do discurso tomado por xingamentos, já tinha a voz embargada e os cabelos afagados pelo melhor amigo.
— Shhh. Tá tudo bem agora… Eu só não me senti bem e resolvi tomar um ar. Não me senti preparado pra ver toda aquela gente sem máscara e decidi sair. — sua voz era baixa, mas de alguma forma sabia que o amigo estava se contendo para não preocupá-la ainda mais.
— Você deveria ter me ligado… Eu poderia ajudar.
— Você não deveria me abraçar, estou vindo da rua. — desconversou ele, com a voz suave.
— Tem razão… — ela se separou do abraço com rapidez e completamente envergonhada — Vai tomar banho enquanto eu higienizo a caralhada de coisas que você comprou.
— Comprei uns petiscos pra gente comer enquanto ouvimos uma musiquinha. Ah! Trouxe cerveja também. — ele sorriu pra ela e seguiu para seu quarto.
Não demorou para que ambos já estivessem sentados, ainda ouvindo a playlist de , mesmo que envoltos de um silêncio constrangedor e suas long necks. sentiu sua respiração acelerar enquanto suas mãos não paravam quietas.
— Tá tudo bem, Rach? — questionou , notando o desconforto da amiga.
— Me responde você. — ela enrolava as pontas dos cabelos, mas elevou seus olhos aos dele. — A gente tá bem?
não conseguiu manter o contato visual, apenas coçou a nuca e pigarreou.
— Claro que sim! — sua voz saíra aguda demais, típica de quando mentia.
— Não! Claro que não estamos… — bufou, cobrindo o rosto com as mãos e então passando essas pelos cabelos em seguida. — Você nem consegue olhar pra mim! Ah merda, eu estraguei tudo, tá legal?
— Ei… — ele respirou fundo, finalmente a encarando e por um segundo quis não ter feito isso. Sua maquiagem era fraca, mas realçava cada parte do rosto de , deixando-a ainda mais linda. Era como se seus olhos fossem o reflexo do mar durante a noite: profundos, intensos e escuros… E ele adoraria mergulhar nessas águas agitadas.
— Desculpa por não pensar na nossa amizade e estragar tudo por sexo. — ela o interrompeu, endireitando-se no sofá enquanto dava mais um gole em sua cerveja.
— Talvez eu queira estragar tudo.
olhou para o amigo assustada, pensando que era algum tipo de brincadeira, mas tudo que encontrou fora seu rosto muito próximo ao dela. Antes que ambos pudessem pensar, seus lábios, atraídos como ímã e metal, chocaram-se um contra o outro em um beijo urgente.
Mesmo sem nunca terem feito algo próximo daquilo antes, era como se suas línguas conhecessem os movimentos daquela dança que só eles entendiam, suas mãos pareciam saber exatamente cada parte onde tocar como em uma peça ensaiada por semanas. As unhas de arranharam suavemente a nuca de quando esse lhe mordera o lábio inferior e o rapaz pode sentir a moça suspirando.
A voz de Marvin Gaye soava por toda a casa quando, quase que instintivamente, as mãos de — que antes estavam respectivamente entre os cabelos de e em sua cintura — deslizaram de maneira ágil até a bunda quase descoberta dela, trazendo-a em um movimento único e rápido para seu colo. Seus lábios se desgrudaram por um milésimo de segundo apenas para que a garota iniciasse uma trilha de beijos no pescoço do rapaz, que sentiu toda a sua pele arrepiar com o contato ainda desconhecido.
Ele tombou o pescoço para o estofado do sofá quando as mãos de adentraram rapidamente sua camiseta larga, passando a unha levemente por seu peitoral de forma que podia jurar que se assemelhava a uma corrente de eletricidade passando por seu corpo, mesmo sem nem mesmo nunca ter sentido uma antes. Enquanto isso, os beijos dela subiam por seu pescoço até o lóbulo da orelha, deixando ali uma mordida sutil que o fez apertar as nádegas de ainda mais forte, forçando-a para baixo para que ela pudesse sentir sua ereção recém adquirida.
Impaciente e ansioso por mais, se levantou com em seu colo enquanto ainda desfrutava do efeito de seus lábios em sua pele e caminhou para aquele que parecia ser o quarto mais próximo: o dela.
Assim que ele a colocara no chão coberto pelo tapete felpudo e rosado, seus lábios se uniram mais uma vez em uma sincronia ainda mais intensa e rápida, separando-se apenas quando alguma peça de roupa precisava de mais atenção para ser tirada.
Ambos nem precisaram fazer esforço algum para que suas mentes se silenciassem de receios e preocupações acerca de como tudo ficaria depois. Não quando cada toque significava uma descoberta de sensações e sentimentos que simplesmente pareciam certos, o que fazia com que e continuassem apenas para desfrutar dos efeitos inusitados que tinham um sobre o outro.
Os lábios de foram descendo lentamente pelo colo nu da amiga, até que tomasse um de seus mamilos rijos enquanto acariciava o outro com a ponta dos dedos. sentiu suas pernas falharem quando os dentes do rapaz brincaram rapidamente com a pele sensível, visto que arrepiou-se em lugares em que ela nem sabia da existência.
Depois da devida atenção dada a moça, a guiou para a cama, abrindo delicadamente as pernas dela assim que suas costas encontraram o colchão macio. assistiu o garoto levar seus dedos até sua intimidade já úmida e friccioná-los em seu clítoris em carícias tão precisas que levaram-na a suspirar de prazer.
— Você não tem noção de quantas vezes te imaginei aqui, exatamente assim… — confessou ele, ao vê-la gemer baixinho.
— E o que mais você fazia comigo, posso saber?
riu, distanciando os dedos e lançando-a um olhar voraz. Sem quebrar o contato visual, suas mãos fizeram então uma breve viagem pela parte interna das coxas de , seguindo até suas panturrilhas onde as apertou e afastou ainda mais as pernas dela para que pudesse encaixar a cabeça entre elas.
— Eu te chupava exatamente assim, até você implorar pra eu te foder com força. — ofegou ele a centímetros de distância, sentindo o corpo dela estremecer.
não conseguiu conter seus gemidos quando sentiu os movimentos da língua de se intensificarem em seu clítoris. Era como se o amigo já a conhecesse até em suas preferências mais íntimas, e ela não podia negar que aquilo a enchia de tesão e expectativa. E ele permaneceu ali, saboreando do gosto dela, até que a mesma chegasse em seu ápice.
a observou se levantar bem em sua frente, de modo que seus mamilos rijos roçassem a pele de seu peitoral. Ela o puxou para perto de si e o beijou com avidez enquanto o virava delicadamente e deitava seu corpo sob o dele.
— Eu adoraria saber mais sobre o que você imagina, … — ela disse entre os beijos, com um sorriso maldoso enquanto vestia o pênis dele com o preservativo e o massageava levemente — Mas estou um pouquinho impaciente agora.
sentou sob o membro de , possibilitando que ele a observasse rebolando sob ele de costas e puxasse seus cabelos escuros, intensificando seu prazer. Ela alternava entre subir e descer com os quadris e movimentá-los para frente e para trás e sentia-se hipnotizado ao assisti-la pela parede de espelhos, completamente entregue a missão de satisfazer o apetite voraz que tinham um pelo outro.
pareceu mudar de ideia e montou no rapaz de forma que pudesse vê-lo, mantendo o ritmo de movimentos. parecia insatisfeito com a distância que ainda restava entre eles, então sentou-se apoiando a palma das mãos no colchão e deixou que seus peitos se chocassem e seus lábios se unissem em mais um beijo faminto. Os gemidos de , a forma com que ela se movia, somado ao seu cheiro completamente viciante, pareciam combustíveis para os movimentos cada vez mais intensos de .
As estocadas se intensificaram mais e mais até que eles se encontrassem em um ritmo único, sincronizando seus corpos em uma espécie de dança enlouquecedora até que o ápice chegasse.
Foi explosivo, ela gemeu alto e uniu seus lábios enquanto ele sentiu todo seu corpo tremer e se arrepiar. Em seguida eles deitaram ao lado um do outro e, junto com o orgasmo viera um lapso de consciência de tudo que havia acontecido e tudo que aquilo significava.
Todos os espelhos do quarto pareciam assisti-la, e agora entendia. Ela parecia brilhar, igual aos raios do sol poente do lado de fora e ele amava a vista. Era extasiante, era insano, era único, era fantástico. simplesmente elevava o sexo a outro patamar. Era absurdamente superior a qualquer outra por parecer que ela sabia exatamente onde tocar para deixá-lo completamente rendido de desejo, era especial pela maneira com que ela o olhava e pela intensidade e urgência com que seus lábios sempre acabavam encontrando o caminho dos dele. E então, como em um breve e iluminado momento de epifania, soube que transar com não era espetacular por algo específico que ela fazia de diferente ou extraordinário… Era daquela forma simplesmente por se tratar dela.
Como se o mesmo se passasse na cabeça dela, os dois se entreolharam por alguns segundos e nada pareceu mais certo, então tudo que conseguiram fazer foi rir.
E por mais assustador que aquilo parecesse antes, a intensidade dos sentimentos jorrando como sangue em um trauma ocasionado em uma queda, talvez ter noção de que tinha mais sentimentos do que se considerava comum por sua melhor amiga não parecesse mais algo tão distante assim de .
Assim como a ideia de que ficariam ali, encharcando os lençóis com o suor de seus corpos e manchando a seda branca com o tom rubro alaranjado que já deixara os lábios de há tanto tempo e agora tingiam outras partes dos corpos de ambos; embriagados um pelo outro até que o céu se tornasse rosado mais uma vez, quando o sol nascesse às cinco da manhã do dia seguinte e, quem sabe, até um pouco mais.
Até quando ela o permitisse ficar.
FIM
Nota da autora: Olá! Muito obrigada a você que chegou até aqui! Espero que tenha gostado dessa história mais levinha onde quis trazer um pouquinho de como era a vida no ano de 2020. Claro que a quarentena dos pps provavelmente foi mais animada que a nossa, mas tudo bem hahaha espero que quando você esteja lendo isso a vida já tenha voltado ao normal. Vejo vocês na próxima!
Com amor, Ju ❤️
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