FFOBS - 07. Garden, por Beatriz Nazario

Capítulo único

How did we get lost, can’t get back again
Tell me is there light on the outside?


Suja. Usada. Perdida. Quebrada. sentia-se assim, como se houvesse um buraco em seu interior. Seus dedos doíam pela pressão que fazia ao segurar o celular. Maldito celular! Na tela estava a foto de seu namorado e o motivo da jovem estar aos pedaços. “ Reus é visto aos beijos com modelo.” não era modelo. havia a traído e, para piorar, todos sabiam dos chifres em sua cabeça. A cada suspiro que dava, para tentar se acalmar, seu coração se partia mais. Queria gritar e chorar, destruir tudo, sair do controle... Num súbito impulso, agarrou a caneca amarela que estava ao seu lado e a jogou na parede. A louça se espatifou no chão e, por um momento, sentiu-se leve.
Enquanto preparava o café da manhã, pensou em seu relacionamento. Quando tudo começou a dar errado? Como não tinha percebido que seu namoro estava tomando um rumo diferente? Eram tantas perguntas, tantas lembranças. Não percebeu quando as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. amava , amava com todo seu coração, mas, acima de tudo, amava-se e não sabia se poderia suportar uma traição.
Olhou para a tela do celular novamente. A tela de bloqueio era uma foto deles de férias nas Bahamas. desejou voltar no tempo. No tempo em que eram felizes. Quando era a única mulher que tinha espaço no coração do jogador. Quando as mãos de a faziam delirar, deixando um rastro de fogo por todo seu corpo. Riu tristemente. queria que a amasse novamente, como a amou no início do relacionamento. Estavam juntos há dois anos e, de uma hora para outra, decidiu jogar tudo para o alto.
não era idiota. Sabia que algo havia mudado em seu relacionamento. O jogador sempre chegava tarde em casa. O motivo? Avaliações médicas, fisioterapia ou reuniões com o clube. Não haviam mais mensagens carinhosas, elogios, flores, beijos calorosos... O homem amoroso que conheceu não existia mais. Dividia o apartamento com um desconhecido.
Acomodando-se no sofá da aconchegante sala e enxugando as lágrimas, relembrou-se de um de seus primeiros momentos naquele cômodo:

Used to walk around your apartment
With nothing, but a smile on me
But, tonight, I’m so self-conscious
Isn’t it so clear to see?


“O apartamento de cheirava a lavanda. A organização estava impecável, mas percebeu o jogador chutando a chuteira que estava próxima ao tapete para debaixo do sofá, o que fez com que a jovem mordesse os lábios para não rir da cena.
Poucos segundos depois, o pitbull do jogador, o Hermes, apareceu na sala do apartamento, exigindo toda atenção para ele.
sentou-se no sofá e, enquanto esperava organizar o jantar, ficou fazendo carinho no animado cachorro à sua frente. O prato da noite era pizza de marguerita, acompanhada de um suave vinho branco. O casal sentou-se no tapete da sala e iniciaram uma conversa tranquila que pareceu durar horas:
— Por que você decidiu largar tudo na Itália e vir tentar a sorte na Alemanha? — questionou o jogador, dando uma mordida em sua pizza.
respirou fundo, antes de responder. Falar de sua vida na Itália não era uma coisa fácil. Deixou a família, amigos, o ex-namorado e a faculdade de Biologia.
— Você já sentiu como se não pertencesse à sua vida? — questionou, esperando a resposta do jogador, que chegou, em seguida, com um aceno de cabeça. — Eu me sentia assim na Itália. Tudo estava em perfeita harmonia. Meus pais haviam aberto uma nova confeitaria, meus irmãos estavam ótimos, Tony estava recém-casado, Violetta e a namorada viajaram para Nova Zelândia, Louis ia maravilhosamente bem na escola, e meu ex-namorado, Vincent, tinha conseguido uma promoção em seu emprego. Tudo ao meu redor estava em perfeita sincronia, menos eu. — riu tristemente. O corpo da italiana era abraçado pela melancolia.
— Ah, foi por isso que você saiu de lá? — perguntou-lhe, com medo de estar invadindo a privacidade da mesma.
— Também. Eu sempre soube que estava perdida... Vivia uma rotina desgastante. Minha vida era uma paleta infinita de cinza. Eu acordava sem saber o que fazer e ia dormir pior ainda. Nada era real. Tudo parecia ser um roteiro, e eu era um fantoche. — Fungou, enxugando a lágrima solitária que escorreu por seu rosto. — Eu não queria ser um fantoche, . Não queria. Eu não era dona de mim.
não sabia o que dizer. As lembranças de sua vida invadiram seus pensamentos. O rapaz sabia o que era se sentir perdido. Às vezes, se via como um telespectador de sua própria vida. Por vezes, odiava a fama que tinha. Odiava ser seguido por paparazzis, ter amizades interesseiras e lidar com toda a pressão de ser jogador de futebol.
— Quer dançar? — perguntou, como se o momento nostálgico não tivesse acontecido.
concordou, e tateou o sofá, à procura de seu celular. Abriu sua conta no Spotify e procurou pela música perfeita.
— Você prefere Leonard Cohen ou The Turtles?
Ele não fazia a mínima ideia de quem eram essas pessoas. Procurou por toda sua mente informações sobre uma das opções, não encontrando nada. Por fim, escolheu The Turtles, já que gostava de tartarugas.
Em poucos segundos, 'Happy Together' ecoava pela sala do apartamento. Rindo, foi ao encontro de . Segurando a cintura da mulher à sua frente, sentiu-se novamente com 16 anos. provocava sensações que nunca sentira antes: estava nervoso de dançar em sua sala com a italiana. Segurando-o pela nuca, ela começou a guiar os pés do jogador pelo carpete. O apartamento parecia imenso, e o casal dançava, sem preocupação alguma. Naquele momento, não havia Itália, paparazzis, crises existências ou um futuro incerto. Naquele momento, existiam apenas e .
Cara mia, ti voglio bene.

So happy together...”


Pela segunda vez em sua vida, sentiu não ser dona de si. Isso fez com que a mesma estremecesse. Sua mente reviveu todos os momentos que passou na Itália. Todas as vezes que se sentiu insuficiente. não iria arruinar sua vida.

Nothing’s ever perfect in paradise
Don’t know what it’s worth till you pay the price
When you bite your tongue does it draw blood?


nunca se imaginou em um relacionamento duradouro. Sua primeira namorada foi no Ensino Médio. Katrina Welsh era o nome ela, e o relacionamento durou 3 meses. Depois disso, decidiu focar inteiramente em sua carreira de jogador.
A segunda namorada era modelo. Jordana Sampaio era incrível! Os dois se relacionaram por pouco tempo. A mente de não fazia questão de se lembrar. Nesta época, já era famoso. Às vezes, quando se encontrava bêbado, questionava-se se o relacionamento não era fachada.
A terceira e última namorada foi Pavli. lembrava-se claramente do dia em que a conheceu. O jogador estava em Roma e, em poucos dias, jogaria contra o Porto. A pressão para ter um bom desempenho em campo fez com que fosse visitar a Capela Sistina. Na mente do jogador, aquilo ajudaria. Não demorou para entrar na Capela. Mesmo não entendendo sobre arte, precisava admitir que as obras encontradas ali eram encantadoras.
“Esse afresco também é conhecido por toda a polêmica que causou, provocando longos debates entre os críticos da Contra-Reforma Católica e os que visualizaram a genialidade de Michelangelo e seu estilo maneirista. O artista foi acusado de ser extremamente insensível ao evento descrito, imprimindo um estilo muito pessoal e “inadequado” ao conteúdo da obra...”
ouvia atentamente as informações sobre 'O Juízo Final', ou, como diziam ali, 'Il Giudizio Universale', quando sua atenção se voltou à garota parada a poucos metros de distância. sentiu-se flutuando, como se pudesse tocar em todas as obras encontradas na Capela. Mais que depressa, aproximou-se da misteriosa mulher e, neste momento, soube o real significado de arte.
Ela era divina. Todas as obras sacras pareciam sem graça perto da desconhecida. poderia imaginá-la sendo a musa de Michelangelo ou Botticelli. Respirando fundo, apresentou-se à mulher. Descobriu, então, que seu nome era Pavli. Após uma longa conversa, convidou-a para almoçar. Enquanto comiam risoto de queijo brie, Reus só conseguia imaginar seu futuro ao lado de .
Dois anos se passaram, e seu desejo se realizou. Depois do encontro, surpreendeu-se ainda mais ao saber que ambos tinham o mesmo destino: Alemanha. Quando se deu conta, estavam morando juntos e criando memórias em cada canto do apartamento. se orgulhava de ter conhecido a namorada e brincava, dizendo ter sido a única boa escolha que fez em sua vida. Fazia questão de que o mundo a conhecesse. tornou-se sua musa. acreditava que tudo era perfeito. Em uma entrevista para uma revista inglesa, riu quando a repórter comparou o relacionamento com o Jardim do Éden. Momentaneamente, não entendeu a razão de tal comparação. As palavras da repórter, no entanto, mudaram o pensamento de : “A perfeição do relacionamento pode ser comparada com a perfeição do Paraíso.” A namorada era seu paraíso.
Após a entrevista, decidiu ir à balada com os companheiros de time. Naquela noite, conheceu seu fruto proibido. Seus amigos o alertaram sobre o quão insistente ela poderia ser, mas acabou não ligando muito, afinal, nunca trairia sua namorada. Ophelia Jenkins era modelo e a típica femme fatale. chamou a atenção da modelo logo que entrou no clube. Com um sorriso estampado em seus lábios carnudos e vermelhos, foi ao encontro do jogador. A noite de foi regada à vodka e a milhares de nãos sendo direcionados a Ophelia.
Oito meses haviam se passado, e a modelo continuava no pé do jogador. Comemorava a despedida de solteiro de um de seus melhores amigos de infância. não se lembrava mais do que e quanto já tinha bebido. Seu cérebro era uma confusão e embolava-se nas palavras. Em uma de suas idas ao bar, encontrou-se com Jenkins. Ela usava um vestido verde; vestido este que realçava seu cabelo cor de fogo. Foi recebido com um sorriso no rosto. Enquanto esperava por seu Blood Mary, a modelo iniciou uma conversa com o jogador. não se importou e continuou a conversa. Maldita hora que não ouviu seus amigos!

xxxx


acordou no outro dia com uma dor de cabeça infernal. Odiava ficar de ressaca. Parou de reclamar quando percebeu que não estava em seu quarto. A dor de cabeça intensificou-se numa velocidade assustadora. “Isso não pode ter acontecido, não pode!”, pensava o jogador. Relutante, olhou para o corpo ao seu lado e desesperou-se ao notar que não era sua namorada. tinha estragado tudo. Não sabia o que fazer. Seu corpo era consumido por desespero e ódio. Como ele pôde fazer isso com seu paraíso? Pensar em fazia com que todo seu peito ardesse. Puxava o próprio cabelo, numa tentativa falha de descarregar sua raiva em si. Mais que depressa, vestiu-se para ir embora, porém, antes de concluir seu plano, foi ao banheiro, onde vomitou. Não sabia se era por conta das bebidas ingeridas ou por estar sentindo nojo de si. Apostava fielmente na segunda opção.
Foi no meio do caminho que realmente se deu conta da merda que havia feito. Precisou estacionar o carro em uma pequena mercearia para se recompor. Sabia que tinha perdido . A namorada sempre lhe disse que não perdoaria uma traição. “Quem ama não trai, mi amore.”. Sua vida, sem ela, não tinha sentido. Nos últimos meses, havia se afastado do relacionamento, mas não era como se não a amasse mais. amava com todo o seu ser. Não poderia perder a mulher da sua vida por um erro. Queria seu paraíso de volta. O jogador chorava ao pensar em sua amada. As mãos pressionavam o volante com força, os nós dos dedos estavam brancos há um bom tempo, mas não se importou. Só conseguia pensar na namorada. Inspira. Expira. Inspira. Expira. Inspira. Expira. Repetia, na tentativa de se acalmar. precisava se acalmar e reconquistar o amor de sua vida.
O trajeto para casa não foi longo. Estava nervoso para ver a namorada e implorar por seu amor novamente. Ao adentrar o apartamento, tudo estava em perfeita ordem. Não havia nenhum sinal de no apartamento. Desesperado, correu para o quarto e viu que tudo continuava em seu lugar. Ela não tinha ido embora. Andava pelo apartamento, numa tentativa de se acalmar, mas não funcionou como o esperado. Em todos os cômodos, via a imagem da namorada. era a única coisa presente em sua mente, naquele momento.

“O casal estava de férias e decidiu fazer uma viagem romântica para as Bahamas. observava atentamente a namorada, que dormia ao seu lado.
O não conseguia acreditar no quanto a amava. Fez um pouco mais de um ano que a tinha conhecido e 8 meses que estavam oficialmente namorando. Nunca se imaginou nesta situação, perdidamente apaixonado por uma pessoa. Sempre se via pulando de relacionamento em relacionamento. Não sabia se era por vontade própria ou pela profissão. Com era diferente. No primeiro instante em que a viu, sentiu algo mágico. Sua mãe sempre lhe dizia: “Querido, ela é sua alma gêmea. Nunca a deixe escapar.” repetia as palavras da matriarca, sempre, quase como um mantra.
Conseguia imaginar toda sua vida ao lado de . Com três anos de namoro, ele a pediria em casamento. O pedido já estava todo planejado em sua mente. Seria feito em Amsterdã. Primeiro, iriam ao Museu Van Gogh, onde admirariam as obras do pintor. Visitariam também o museu da Anne Frank e, de lá, iriam ao Bloemenmarkt, o simpático mercado de flores. Após o tour pela cidade, jantariam no clássico Haesje Claes. O pedido aconteceria no belo jardim Keukenhof, onde seriam iluminados pelas luzes de milhares de estrelas e estariam rodeados das mais belas tulipas.
Após o casamento, comprariam uma casa e, nela, constituíriam uma família. Pensava em filhos também. Os dois já haviam discutido diversos nomes:
— Quantos filhos você quer ter?
Sem pensar muito, o jogador respondeu:
— 12.
— 12 FILHOS?! — exclamou, surpresa. só conseguia lidar com duas crianças.
— Sim, assim, teríamos um time de futebol e o mais velho seria o técnico.
riu.
— E quais seriam os nomes dos jogadores?
— Eu sempre gostei do nome Eva. Uma de nossas filhas pode ter esse nome.
— Eu gosto de Eva. — Fez uma pausa para pensar em um nome que gostava e logo continuou: — Gosto do nome Marte. E Ramona.
— Certo. Faltam só mais nove nomes. O que acha de Nico?
— Hum... Eu gosto. Se formos ter doze filhos, precisamos de uma casa grande.
— Cara mia, eu já pensei em tudo. Nossa casa terá 3 andares e, além disso, terá um quintal enorme, onde todas as crianças brincarão livremente... — Deu um selinho na namorada e voltou a falar: — Enquanto nós observamos tudo, extremamente felizes e orgulhos.
— Estou começando a gostar da ideia de ter um time de futebol.
Os jovens passaram a noite discutindo sobre o futuro, enquanto montavam a lista de nomes para seus filhos.
se via envelhecendo ao lado de . Nem a morte conseguiria separar o casal. Amava-a com todo o seu coração e nunca seria capaz de abandonar sua ‘cara mia’. Aconchegou-se melhor na cama e voltou a dormir, não sem, antes, depositar um beijo na testa de sua amada.”


A lista de nomes estava grudada na geladeira. a encarava, pensando que, talvez, Eva, Nico, Violetta e os outros nomes presentes na lista existissem somente ali. havia destruído seu futuro. Respirou fundo e pensou no que faria para salvar seu relacionamento.

xxxx


encarava a porta branca de seu apartamento, temerosa. Perdera a conta de quantas vezes havia respirado fundo. Dentro de si havia um embate: queria e não queria ver a cara do traidor. Sabia que, se o visse, desabaria em lágrimas. Respirando profundamente mais uma vez, uniu todas as suas forças e destrancou seu apartamento.
Surpreendeu-se por não encontrar o jogador na sala, no entanto, o cheiro vindo da cozinha denunciava a presença do jogador.
?!
Sua voz ecoou por todo o apartamento. Já estava aceitando a ideia de estar sozinha quando recebeu três mensagem em seu celular:
Cara mia
Estou no quarto
Venha até aqui

Caminhou lentamente em direção ao quarto, controlando-se para não cair no choro novamente. “Você precisa ser forte, Pavli”, pensou consigo.
Ao abrir a porta, deparou-se com segurando um buquê de peônias vermelhas — suas flores favoritas e, por ironia do destino, significavam sinceridade. O jogador, apesar de vestir um belo terno, estava péssimo, seus olhos estavam vermelhos e inchados, além da tristeza estampada em seu rosto. Antes que Marcos pudesse fazer qualquer coisa, foi tomada por uma súbita onda de raiva, aproximou-se do namorado e, sem pensar duas vezes, virou um tapa no rosto do . A bochecha direita de doía. Ele mordeu os lábios para não reclamar da dor — sabia que merecia não só um tapa. Recuperando-se da dor, entregou o buquê a , que aceitou, sem manifestações.
— Eu sei que fiz merda e que, talvez, você não me perdoe, mas, por favor, dê-me uma chance de explicar tudo. — Esticou a mão direita na direção da namorada, esperando que a mesma a segurasse.
Hesitantemente, segurou as mãos do jogador. Neste momento, uma onda de choque passou por todo o seu corpo. Controlou-se para não se desmanchar em lágrimas. Seu coração estava partido. O tapa que dera em foi a forma que encontrou de lhe mostrar o quanto estava sofrendo.
O jogador a guiou para dentro do quarto, posicionando-a no meio do mesmo. Foi só então que percebeu a nova decoração do cômodo. A iluminação era feita a partir de luzes de LED, que piscavam de tempo em tempo. No centro do quarto havia uma mesa de jantar. Nela, dois pratos estavam postos, acompanhados de duas taças de vinho. A decoração também contava com velas e uma única rosa. Porém, foi a decoração da parede que fez o coração da mulher se quebrar ainda mais. As paredes eram decoradas por diversas fotos do casal. Aproximou-se de uma delas para analisar cada uma das fotos. A primeira era de uma viagem que fizeram para a Baviera. Nela, sorria, enquanto passava os braços pela cintura da namorada e, na frente deles, haviam dois copos de um litro de cerveja. Aquela havia sido a melhor cerveja que tinha bebido em sua vida. A segunda fotografia era ainda mais especial: os dois completavam um ano de namoro e, por isso, resolveram visitar a Jamaica. A foto mostrava o casal nas cristalinas águas da Doctor's Cave Beach. fechou os olhos, e as lembranças daquele dia vieram à tona:

“Haviam acabado de almoçar no restaurante The Pelican Grill e caminhavam de mãos dadas em direção à praia mais famosa da Jamaica. A garota estava tão encantada com a paisagem que preferiu deixá-la apreciando tudo, fazendo um comentário ou outro sobre o lugar. Estavam quase chegando à praia quando avistou uma sorveteria.
, quer comprar sorvete?
Mais que depressa, a mesma concordou.
Em poucos minutos, estavam com seus sorvetes em mão. havia escolhido o sabor jambo-vermelho, uma das frutas típicas dali, e preferiu não arriscar e escolheu manga. Chegaram à praia, em poucos segundos. Se, antes, estava encantada, agora, sentia-se no paraíso.
A praia era cercada por coqueiros, todos altos e com folhagem bem esverdeada. A areia era branca e fofa, e, mesmo estando quente, não incomodou nenhum dos dois. Ao Leste era possível ver alguns guarda-sóis coloridos e crianças brincando. Mas o que realmente chamou a atenção do casal foi a imensidão azul. O mar era um incrível e calmo azul cristalino que ficava mais evidente por conta dos raios de sol.
— Puta merda, ! Este lugar é incrível!
O namorado só concordou, ficando sem palavras para descrever tal vista.
Mais que depressa, correram para o mar. A água estava gelada e, em pouco tempo, já estavam acostumados com sua temperatura. alternava sua visão entre a praia e a namorada, e não sabia qual admirar mais. Percebendo a distração do namorado, ela o abraçou por trás e, ficando na ponta dos pés, deu um beijo em sua nuca.
— No que você tanto pensa?
— Em você — respondeu, simplesmente, virando-se para ficar de frente para a namorada.
Sorrindo, as mãos de foram parar na nuca do parceiro. Aproximaram-se cada vez mais e, por fim, quebrou a distância e iniciou um beijo lento. As mãos do jogador deslizavam pelo corpo da namorada, parando nos quadris da mesma. Naquele momento, tudo parecia estar em perfeita sincronia. separou o beijo, com mordendo seus lábios.
— Eu te amo, Pavli.
— Eu te amo, Reus.
segurou o rosto de e depositou um beijo em sua testa. Depois, beijou seu nariz e bochechas, e, por fim, beijou os lábios da namorada novamente.
— Eu te amo muito.
— Nós precisamos tirar uma foto deste momento.
Sem esperar por uma resposta do namorado, pediu para uma adolescente que estava por perto fotografá-los. A menina aceitou de bom grado. Sem saber qual pose fazer, decidiu subir nas costas do namorado. Surpreso pela ação, riu. Os dois sorriram e fez um '1' com os dedos. A fotógrafa riu com o casal e bateu a foto. Após descer das costas de , agradeceu à adolescente, recebendo um “Il n’y a pas de quoi” como resposta.
— O que ela acabou de dizer?
— Não sei. Acho que era francês.”


Neste momento, já se encontrava em lágrimas, desistindo de ver as outras fotos para não chorar mais.
— Eu fodi com tudo, não é?
— Por que você fez isso, engel? — questionou-o, enquanto enxugava as lágrimas.
respirou profundamente. Neste momento, ele se odiava por fazer chorar.
— Eu vou explicar tudo, prometo, mas, antes, vamos jantar. Eu fiz risoto.
Acomodaram-se nas cadeiras, e o estômago de roncou. A mesma não se lembrava da última vez que havia comido.
Os dois comeram em silêncio. pensou em muitas coisas para dizer, mas nada saía de sua boca.
— Então, quando você começará a se explicar?
— Eu bebi muito ontem. Muito mesmo. Alguns fatos estão embaralhados em minha mente. Eu só me lembro de ter começado a conversar com ela. Depois disso, eu não me lembro de nada.
Você está me dizendo que não se lembra de nada que fez com ela? Porra, !
— Eu sei, eu sei. , a única coisa de que tenho plena certeza é do meu amor por você. Eu poderia inventar qualquer história. Desculpe-me, pelo amor de Deus. Eu sei que estraguei tudo, mas estou arrependido. Eu me odeio por estar te fazendo chorar agora. Assim como o seu coração, o meu também está quebrado. Eu não sou nada sem você. Nada. — suspirou, contendo as lágrimas. — Você deve estar se fazendo muitas perguntas, agora e, sim, , eu morreria por você. Eu faria qualquer coisa por você. Nunca duvide disso. — Fez uma pausa, dando oportunidade para a namorada se manifestar. Sem resposta, continuou a falar: — Você se lembra da lista de nomes que fizemos? Eva, Marte, Ramona, Nico, Violetta, Caesar, Wolfgang, os gêmeos Remus e Orion, Alionka, Ravenna e Hans... Eu quero tanto que essa lista se torne realidade. Eu quero um futuro com você. Eu quero passar o resto dos meus dias ao seu lado. Cara mia, eu sei que isso não pode ser esquecido, mas nós podemos recomeçar, só eu e você, e, futuramente, nosso time de futebol. Você me dará essa chance, ?
A jovem não sabia o que fazer. Seu coração, apesar de quebrado, ainda amava . amava esse desgraçado e não sabia mais viver sem ele. Também não sabia se conseguiria conviver com o peso de uma traição. E se quebrasse seu coração? E se ela terminasse tudo e, no futuro, se visse infeliz, casada com um homem que não amava e sem um time de futebol? Ela tinha total certeza do amor que sentia por ela, afinal, era recíproco.
já tinha seu veredito final. Seu corpo estava ansioso. A adrenalina corria por suas veias. Encarou o jogador à sua frente por longos segundos e, por fim, as palavras saíram de sua boca:

“So are we leaving this garden of Eden?”




Fim



Nota da autora: (19/02/2018) Sem nota.





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