Finalizada em: 26/10/2020

Capítulo Único

Eu sabia dizer o exato momento em que meus olhos olharam para ela de forma diferente. Sabia informar perfeitamente em que segundo ela deixou de ser minha melhor amiga e passou a ser algo bem maior que isso. Nós sempre fomos amigos, anos de amizade, e do mesmo jeito que acontece em todas as histórias clichês que eu conheço, do nada passou a ser a pessoa que eu mais adorava no mundo.
Não era amor. Não podia ser porque eu não tinha certeza e, quando não se tem certeza do que está sentindo, não pode ser amor.
Mas era forte. E doía.
Principalmente porque ela não sentia o mesmo por mim... e isso foi uma coisa que eu percebi tarde. Não era nada demais na época, parecia um alívio comum. Ambos não tínhamos tempo para namoro, então o que quer que tenha saído dessa amizade estava de bom tamanho até então. Eu gostava de curtir, ter alguém em quem me agarrar quando me perdia e uma pessoa extremamente carinhosa para ficar comigo na cama depois que a euforia passava. Mas bastou olhar para o lado e ver o sorriso. Aquele maldito sorriso. Aquele sorriso mudou tudo em como eu via .
E foi péssimo porque não mudou nada em como ela me via depois disso.
Estávamos no meu camarim há apenas alguns segundos e aquela era uma das poucas vezes que a garota estava me acompanhando em um show. Eu tinha poucos minutos para falar com ela porque em breve alguém de uma revista que eu não me lembrava o nome viria para mais uma entediante entrevista de quarenta minutos, então tinha que ser rápido. Fui até onde ela estava, nos fundos do camarim sentada em uma das poltronas fazendo alguma coisa no Twitter.
. – Ela olhou para cima sorrindo, esperando que eu terminasse a frase. – Queria saber se a gente pode sair no final de semana.
Ela suspirou ruidosamente.
, você sabe que eu não tenho tempo livre, com muito sufoco na agenda consegui estar aqui hoje e...
— É a terceira desculpa só essa semana. – Resmunguei.
O sorriso sumiu de seu rosto e ela se levantou, frustrada.
— Você é extremamente egoísta, . – Declarou, como se vomitasse as palavras. – Estou dando duro para cobrir minha agenda e ainda te acompanhar nesses shows infinitos.
— São só mais dois meses e estou de férias! É só o que eu te peço, um momento sem ser escondido no camarim ou no set de filmagens. – Pedi, esperançoso. – Só queria curtir de verdade, sem estar trabalhando.
colocou a mão na cintura depois de jogar os longos cabelos para trás.
, você é um amigo maravilhoso. A gente fica junto as vezes e é ótimo, mas entenda de uma vez por todas que nós não somos um casal. – Disse, apontando para mim e depois para ela. – Eu sinto muito, não sinto nada por você!
Ela não precisava mandar a real sempre que tivesse a oportunidade. Eu não consegui arrumar nada para dizer porque apenas me machucaria, e então ela foi embora, sabendo da entrevista e que eu deveria estar sozinho.
Voltei para as poltronas no fundo da sala esperando a entrevistadora chegar. Estava bebendo água da garrafa que alguém deixou ali quando a jovem apareceu. Era uma atividade profissional, então isso que eu precisava ser. Essa garota não tinha nada a ver com a briga que eu tive com , então simplesmente sorri da maneira mais convincente que pude, deixando a garrafa no chão e me levantando para cumprimenta-la.
Esperava qualquer coisa, menos aquilo. Ela era muito mais jovem do que qualquer outra pessoa que já tinha me entrevistado. Era muito bonita e tinha um cabelo longo que combinava com seu rosto assustado, o que entregava totalmente que eu era a primeira pessoa que ela entrevistava na vida. Os olhos, apesar de acanhados, estavam serenos e sustentavam óculos que deveriam ter saído de moda há anos atrás. Ela era o exato oposto da garota que tinha acabado de sair da sala e eu tive que dar um sorriso por fazer uma constatação tão idiota.
— Seja bem-vinda... – Comecei, erguendo minha mão esquerda para cumprimenta-la.
. , prazer. – Disse com um sorriso, apertando a mão que eu levantei.
. Acho que já sabia disso. – Brinquei. Eu senti que ela iria revirar os olhos se pudesse, mas apenas riu.
— Tenho certeza que já ouvi em algum lugar, mas pode reforçar minha memória?
Surpreso por levar minha brincadeira adiante, também ri, cantando a última música da setlist.
Slow, slow hands, like sweat dripping down our dirty laundry.
No, no chance. – Completou.
— Temos uma fã me entrevistando aqui? – Perguntei, admirado. Era de se esperar que me mandassem uma fã, mas gostei de saber disso mesmo assim.
— Estou mais para... One Direction? – Poxa, esperava que ela não tivesse vindo com segundas intenções agora que tinha começado a gostar dela. – Não se preocupe, não farei nenhuma pergunta relacionada.
— Bom, que bom, porque eu não iria responder nenhuma, de qualquer jeito. – Respondi, aliviado e um pouco nervoso
— Certo, hm, se importa se eu ligar o gravador? Vai ser melhor para transcrever depois.
— Não, pode ir em frente.
Talvez essa entrevista não precisava ser entediante. Poderia ser divertida. E desde quando ligou o gravador e fez sua primeira pergunta, me esqueci totalmente que estava em uma entrevista e que estava trabalhando. Parecia que e eu estávamos apenas batendo um papo sobre a vida e foi tão natural que me vi devolvendo as perguntas para ela algumas vezes. Por mais que não tenha demonstrado, fiquei envergonhado, mas a garota manteve o profissionalismo e encaminhava as perguntas de volta para mim. Confesso que devo sim ter flertado com ela algumas vezes e nem me sentia culpado visto que a própria havia falado, minutos antes, que não tinha nada entre nós. Talvez fosse melhor dessa forma mesmo. Olhava para vez ou outra, tentando imaginar como seria se eu tivesse mais tempo para tentar uma coisa com ela. Não que eu tivesse me apaixonado perdidamente por ela nem nada disso, infelizmente estava entregue para de uma forma que eu mesmo condenava.
— Se pudesse ser alguém famoso por um dia, quem você seria? – Perguntou. Aquela era a pergunta mais clichê de todas, mas vindo dela eu responderia qualquer coisa.
. – Respondi, me fazendo de ofendido. – O que quis dizer com isso? Eu já sou famoso caso não tenha notado, .
Ela deu uma sonora gargalhada, cobrindo o rosto com a mão. Percebi que gostava do som da risada dela.
— Ok, eu aceito essa resposta. Confesso que a pergunta foi mal formulada. – Aquiesceu, voltando para a montanha de papéis. – E já que estamos falando disso, como foi para você crescer com a fama? Quer dizer, são oito anos na estrada, você era um garoto quando começou isso tudo.
— É, eu era. – Sorri com as lembranças. – Tinha dezessete anos. E comecei na banda pouco tempo depois. O único de uma nacionalidade diferente e morando tão longe de casa quanto o possível, mas ainda bem que o sotaque do Louis também era esquisito para me fazer companhia.
Ela riu e eu me lembrei que tinha dito que era fã de One Direction. Eu também tinha que me lembrar do lugar de onde comecei, mesmo que a jornada tivesse sido tão dolorosa para mim como gratificante.
— Não sei o quanto sabe, mas no começo foi tão complicado que mal senti a fama. Minha aparência assustava as fãs, que eram meninas em sua maioria, e já ouvi mais de uma vez absurdos em relação a eu não sorrir para não assustar ninguém, porque meus dentes eram tortos na época. – Eu não me sentia fazendo uma entrevista, mas tinha que lembrar que estava em uma. Não gostava de falar sobre isso, mas se fosse para saberem da minha vida, que soubessem então como foi lidar com isso. – Meus microfones foram cortados durante uma música, as fãs as vezes não queriam tirar fotos em grupo comigo e me excluíam da banda e confesso que eu mesmo deixei de sentir que fazia parte dela. Então vou resumir dizendo que a fama nunca foi minha amiga.
— Sinto muito, . – Ela disse, provavelmente também se esquecendo que estávamos em uma entrevista.
— Não, tudo bem. Depois que eu me acostumei a isso, coisas melhores aconteceram. Muitas fãs começaram a me apoiar, e o apoio da banda sempre foi muito motivador quanto a isso. A fama de forma positiva aconteceu mais de dois mil e dezesseis para cá, quando decidi começar minha carreira solo. Gosto muito de onde cheguei, mas tenho sempre que me lembrar de onde vim, e... e eu nem sempre gosto de fazer isso.
Quando olhei para frente, estava me estendendo minha garrafa de água, com os olhos preocupados. Dei risada para aliviar o clima.
— Fiquei tão à vontade que falei demais.
me olhou séria.
— Não sou psicóloga, mas sei diferenciar uma resposta de um desabafo, . Se me dizer que não quer que ninguém saiba disso, eu não vou publicar essa parte.
— Você faria isso?
Ela sorriu.
— Claro.
Não pudemos dizer muitas coisas depois disso, porque a porta se abriu, revelando uma Lucy apressada.
, espero que tenham conseguido terminar. O tempo da entrevista acabou, e precisa pegar um avião para o norte em duas horas.
Ela suspirou, finalmente desligando o gravador.
— Sim, tudo certo, tenho material o suficiente para uma boa matéria! Peço para te entregarem uma, se quiser.
— Essa eu vou querer ver. – Concordei subitamente.
Primeiro porque eu fiquei tão entretido que não me lembrava das respostas. Segundo porque estava ansioso para saber se ela iria cumprir com sua palavra.
— Essa? – Perguntou, curiosa.
— Não costumo ler as minhas próprias entrevistas. Acho até um pouco narcisista querer me ver em uma revista.
— Sorte sua que desliguei meu gravador. Iria perder muitos patrocínios. E eu ficaria milionária pelo furo. – Ela piscou para mim de brincadeira.
Foram os melhores quarentas minutos dos últimos meses. Não me lembrava de ter tido uma conversa tão boa e tão sincera quanto essa. Me sentia aliviado e parecia que um enorme peso tinha saído de mim. Desejei vê-la de novo, mas não sabia como pedir aquilo na frente de Lucy já que ela era testemunha de minha briga com . Não queria ter que me explicar, mesmo que não lhe devesse satisfações.
Nós dois nos levantamos das poltronas ao mesmo tempo e se espreguiçou sutilmente, o que me fez encará-la ainda mais. Qual era o meu problema?
— Obrigada pela entrevista, ! Adorei saber mais sobre você, tenho certeza que nossos leitores também amarão!
— Eu quem agradeço, . Deixou minha noite muito menos tediosa. Foi bem divertido. – Ela sorriu para mim, doce.
— Eu também gostei muito. A de dois mil e doze está pirando agora, só para você saber.
— Não precisa ficar com saudades. Tenho a impressão que ainda nos veremos no futuro. – Pelo menos era o que eu esperava.
Ela riu.
— Então até a próxima, .
— Até a próxima, . – Repeti.
Com um sorriso ela pegou umas coisas que tinha deixado em cima da poltrona e saiu do camarim, sem olhar para trás. Lucy deu uma série de instruções, que eu não ouvi, e assim que saiu do camarim peguei meu celular para procura-la nas redes sociais. Lembrei-me que ela não tinha Twitter, então fui direto para o Instagram, mas não a encontrei. Poderia ficar horas ali, mas entrou no camarim de novo, com o rosto mais suave e uma expressão mais tranquila.
. – Chamou. Sai da barra de pesquisa do aplicativo e me virei para olhá-la. – Desculpa pelas coisas que eu disse.
Suspirei.
— Está tudo bem.
— Olha, consegui remarcar uma gravação. Estou livre no sábado. – Comemorou, mostrando a agenda do celular.
Sorri, indo até ela e dando um beijo em sua bochecha.
— Eu mal posso esperar.
era doce, mas eu tinha acabado de conhece-la. Talvez ela só estivesse sendo solícita e simpática por conta de seu trabalho. Talvez ela não tivesse pensado em mim do mesmo modo. Eu conhecia desde dois mil e dezesseis. Não podia desistir da gente assim por uma garota que tinha acabado de conhecer.
E se dependesse de mim isso nunca aconteceria.


As semanas passaram depressa, depressa até demais. Os shows estavam acabando, mas ainda me cansavam e eu estava tão ansioso por férias e sossego que nem dormia direito. Eu adorava estar em todos aqueles lugares e tinha que reconhecer o quão sortudo era por poder cantar para aquelas pessoas, mas também precisava confessar, primeiro para mim mesmo, que tudo tinha um limite e eu já estava exausto. Os fãs não tinham culpa, claro, então eu provavelmente nunca deixei resplandecer nenhum mau humor, pelo menos eu esperava que não. Não via há pelo menos duas semanas, e o que mais me entristecia era que ela realmente não sentia minha falta.
Era uma manhã calorenta demais para a época, e estava andando pela rua a fim de espairecer um pouco antes de mais um show que teria a noite, quando uma banca de jornal me chamou atenção. Eu não sabia o que estava procurando e nem o que me atraiu até ali, mas me aproximei mesmo assim. Estava olhando uma porção de revistas, até que sorri notando do que se tratava. Uma revista da PlayList, como meu nome na capa. Folheei a revista até a página da entrevista, surpreso e satisfeito quando percebi que a garota tinha sido sincera comigo: não tinha nada ali sobre o meu desabafo. Paguei pela revista e voltei correndo até o hotel. Escrevi uma nota e autografei a revista. Ela era fã de One Direction ainda? Bom, o máximo que iria acontecer era me ignorar totalmente. Entreguei a revista para alguém da equipe e expliquei que a encomenda tinha que chegar em São Francisco ainda hoje.
Duas horas depois estava pronto para a minha passagem de som, que tinha acontecido sem problemas. Como estava próximo de seu compromisso do dia, resolveu passar na arena para me ver, acredito que em nome da nossa amizade.
Não sabia qual era o meu problema. Bom, provavelmente eu sabia sim, só não queria admitir. Era horrível perceber que o que eu estava sentindo não era real. Era péssimo notar que em meu desespero para sentir o que eu cantava, aceitei a primeira centelha de amor que apareceu no meu caminho. Eu só não sabia que era uma centelha fraca, que nunca se acenderia como aconteceu quando conheci a doce .
Saber disso era uma coisa. Estar pronto para me desprender disso era outra, completamente diferente.
Ela foi simpática comigo, como sempre era, e gravou um vídeo para postar nos melhores amigos do Instagram. Algumas pessoas responderam o story me desejando boa sorte no show e eu achei simpático até.
Foi quando estava prestes a subir no palco que uma notificação em especial me chamou atenção. tinha começado a me seguir no instagram! A bem da verdade eu nunca deixo minhas notificações ativadas, o volume de mensagens é muito alto. Deixei só hoje para poder acompanhar se iria acatar meu pedido solene.
Infelizmente não pude fazer nada até o show terminar. Não deixei isso me atrapalhar durante o show, de maneira nenhuma. Aquele era o meu trabalho e eu sabia separar as coisas. Mas não pude deixar de me sentir ansioso para olhar meu celular, o que era muito engraçado já que não ligava muito para essas coisas.
Quando desci do palco e fui para o meu camarim, mais ou menos uma hora depois, finalmente me sentei em um sofazinho que havia por lá para conversar com . Tinham pelo menos vinte garotas chamadas , então por via das dúvidas fui seguindo todas e abrindo perfil por perfil até achar uma foto dela. O perfil certo era o último com esse nome no dia de hoje, por isso eu sabia disso antes mesmo de abrir. Olhei as últimas três fotos dela no perfil. A mais recente retratava uma xícara de café e um livro, a segunda era dos próprios pés em uma piscina e a terceira uma foto dela de costas em uma janela. Queria saber mais sobre seu dia a dia, mas a foto mais nova tinha sido postada há três meses. Tinha um story dela ativo, que eu abri. Era uma foto sorrindo junto a uma outra menina com a legenda “Uma pausa no trabalho para uma foto com essa maluca!”. Ah, . Estou olhando nos olhos de uma estranha, estou apaixonado pelo sorriso de uma estranha, mas porque não consigo te esquecer? O que tem em você que me atrai dessa forma?
Balancei a cabeça para afugentar o pensamento e, sorrindo, voltei a atenção a , admirado com a falta de vida social e imaginando que, sendo o completo oposto de mim, ela preferia ficar em casa. A tranquilidade da misteriosa vida dela me preencheu e eu me vi decidido a desvendar cada um daqueles pequenos mistérios.
Segui o perfil dela e já mandei uma mensagem no direct.


Hey, ! Segui umas vinte garotas com esse nome hoje, mas pelo menos te achei lol Estou tentando te achar faz um tempão.

Não demorou muito para ela me mandar uma resposta


Hey! Ah eu te garanto que essas vinte garotas não se importaram nenhum pouco!


Espero que tenha razão. Odeio incomodar
E desculpa a demora, estou saindo de um show nesse exato momento. Vi sua notificação, mas estava um pouco ocupado.


Não precisa se desculpar. Deve estar cansado, podemos nos falar outro dia.


Não faz mal, sério. Gostei de conversar com você aquele dia.


Está me procurando só porque gostou de conversar comigo aquele dia?


Estou te procurando desde aquele dia. Não deu certo hahaha Imaginei que minha única chance fosse mandando uma revista direto para sua editora. O correio atrasou muito essa conversa!


Hahaha atrasou? E caramba, que moral. Eu te sigo no instagram desde 2011


Ah, eu não ia te achar nunca. Tentei procurar olhando todos os meus seguidores.


Ok, agora estou me achando de verdade!

Estava tão entretido conversando que ela que nem reparei quando entrou no camarim.
— Bom show, ! – Elogiou, me abraçando quando chegou perto de mim.
Dei um beijo na boca dela, o que a fez se afastar devagar. mordeu os lábios, insegura, e deu um passo para trás.
— Eu não queria falar sobre isso agora. – Disse, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Para ser bem sincero, eu também não queria. Estava muito bom para mim fingir que não existia, que ela não tinha me magoado e que eu estava interessado em outra garota. Eu não queria a realidade me atormentando, nem agora e nem nunca. E quem sabe, com um pouco de sorte, eu por fim acabaria acreditando na minha própria mentira. Senti vergonha de pensar assim, mas o que mais poderia fazer?
— Eu acho que a gente precisa. – Devolvi. – A gente sabe muito bem o que vai acontecer se não falarmos sobre isso. Vamos resolver, .
Ela suspirou, chegando mais perto de mim no sofá.
— Para que isso?
Eu encarei , sério.
— Você é uma das minhas melhores amigas. E eu te a...doro demais. – Ela se assustou com o que eu quase disse, mas eu rapidamente tomei o controle da minha própria vida, usando meu péssimo dom de ator para fingir que nada tinha acontecido. – Você sempre esteve presente quando precisei e sempre me ajudou. Não quero perder isso.
— E você não vai, !
— Mas eu também não quero continuar sendo magoado. – Terminei, ressentido. – Você sabe que não gosta de mim do mesmo jeito que eu gosto de você. E eu seria um coitado se deixasse você continuar me tratando assim.
Ela olhou para baixo, culpada.
— Eu sei.
— Não é culpa sua, . Ninguém escolhe o que sente. – Por mais chateado que eu estivesse, a afirmação era real. O que era culpa dela era ficar brincando comigo, sem saber o que queria.
— O que você acha de... a gente ficar afastado um tempo? Para entendermos isso, para pensar? – Sugeriu, esperançosa. Ela parecia estar procrastinando o problema, mas, para ser sincero, não era má ideia.
— Dar um tempo?
— É, tipo isso.
Automaticamente olhei para o meu celular, com um sorriso triste.
— Eu já estava pensando em passar as férias em São Francisco.
Ela arqueou as sobrancelhas.
— Você detesta São Francisco.
— Eu nunca disse isso. – Defendi-me.
deu de ombros.
— Bom, você reclamou do mau cheiro no porto da última vez.
Revirei os olhos.
— Decidi dar uma segunda chance. – E ver mais uma vez, mas claro que não disse essa parte para ela.
— Tudo bem, então. Fique em São Francisco. – Concordou, se levantando. – Depois a gente conversa de novo e... vê se ainda temos algo em comum.
Levantei do sofá também e, como se fosse a droga de um prêmio de consolação ou algo do tipo, me deu um beijo no rosto e um sorriso largo. Eu seria capaz de jurar que ela estava feliz por estar se livrando de um problema, enquanto eu estava ainda pior que antes.
Minha auto sabotagem durou pouco tempo, porque minutos depois de sair do camarim, voltei minha atenção para , imaginando qual seria a melhor maneira de me convidar para passar um tempo com ela sem soar esquisito.
E então eu me lembrei da SoundTrack SanFrancisco. Eu tinha recusado o convite ainda ontem, será que daria tempo de mudar de ideia? Eu gostava de talk show, mas esse em especial recusei por ser tão longe de casa. O programa seria uma boa desculpa, certo? Ela poderia acreditar nisso e eu poderia aceitar o convite. O que eu tinha a perder, não é mesmo?


Bom, a questão é que fui convidado para gravar o SoundTrack SanFrancisco na segunda. E já que estarei em São Francisco de qualquer jeito, queria saber se a gente podia se ver

Assim que enviei notei que eu tinha sido direto até demais. E ela demorou muito para responder, então rapidamente tentei consertar.


Retificando: sair comigo como amigos. Sabe, me mostrar a cidade, os pontos turísticos mais escondidos, coisas assim. Só queria aproveitar minhas férias sem precisar pegar um avião tão cedo.

Isso pareceu acalmá-la, porque ela respondeu que sim ao nosso encontro. Bom, ela não precisava saber que era um. Uma hora eu entenderia minha mentira, mas nesse momento precisava ser sincero comigo mesmo e dizer que mesmo encantado por , ainda tinha um espaço enorme no meu coração. Sua decisão em me afastar explicava muita coisa, em especial o motivo de achar meu amor por ela irreal. A razão de sentir que amor era uma coisa muito diferente do que eu estava sentindo. Eu nunca entenderia porque as coisas não tinham dado certo para nós dois, nunca entenderia em que momento nós dois passamos a ser tão complicados e nem porque eu aceitava sofrer por isso.
E eu nunca iria entender porque insistia em ter um amor assim, já que , sem qualquer piedade, havia me jogado nos braços de uma estranha.




Fim!



Nota da autora: Olá! Se chegou até aqui, muito obrigada por ter lido!
Essa história é um spin-off de Take Me Back To San Francisco, então se quiserem saber mais sobre como Niall sai desse dilema entre essas garotas, corre lá para conferir!Prometo que não é um triângulo amoroso haha
Beijoos e até a próxima!




Outras Fanfics:
LONGFIC
The Only Girl [original/em andamento]
Burn With You [original/finalizada]
Take Me Back To San Francisco [especial A Whole Lot Of History/ em andamento]

SHORTFIC
I Want To Write You A Song [especial A Whole Lot Of History/finalizada]

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Loved You First [especial A Whole Lot Of History/finalizada]
You Know I'll Be Your Love [especial A Whole Lot Of History/finalizada]


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