Última atualização: 01/11/2021

Capítulo único

고단한 하루 일과는 어찌어찌 해냈고 uh
골 빠개지는 일정은 일주일에 음 셋 넷쯤 uh
적당히 먹고 자지 뭐 어차피 잠도 안 오는데
내일 일은 내일 걱정하지 뭐 fuck, I don't care
Now I'm feelin' like I'm flyin'.


Quando conheci Yoongi, ele era apenas um jovem sonhador e ambicioso. Sua ganância e sede de chegar ao topo foram sensações que me atraíram imediatamente. Eu sabia que seu caminho não seria fácil e que ele teria seus altos e baixos; Yoongi temia e hesitava muito, o que era contraditório acerca de seu ser puro. Hesitação e temor não eram coisas que combinavam com ele, sendo assim, decidi que era ali que eu ficaria, que o ajudaria como pudesse, que o daria tudo o que desejasse, mas o faria do meu jeito: através de um caminho obscuro e nefasto, que o causaria dor mas, também, o traria aprendizados que jamais seriam esquecidos.
Como já era de se esperar, ao sentir-me em seu interior, Yoongi me aceitou e, assim, tornou-se Agust D. Um nome artístico um tanto quanto diferente, mas que o transformou em uma nova pessoa, trazendo o que eu queria e precisava para levá-lo ao lugar mais alto do mundo.
Yoongi começou em uma empresa pequena que não tinha muita verba, mas eu sabia que ali estava o futuro dos sonhos dele. Entre trancos e barrancos, o garoto franzino e sonhador tornou-se um homem forte e de língua ácida. Em menos de dez anos, Yoongi se transformou em um dos artistas mais bem pagos do mundo, fazendo o que mais amava fazer: música. Ele cantava de forma profunda e agressiva, conversava com as multidões, trazia esperança aos pobres e alimentava meu ego como ninguém. Eu jamais tinha me aproximado de alguém como ele.
Por mais estranho que pudesse parecer, eu sempre estive ali. Sempre segurei sua mão fria e trêmula, sempre o apoiei e sempre o mantive no alto, como minha maior e única prioridade — o que ele de fato era. Eu estive ali a todo tempo. Desde sua primeira crise existencial, seu primeiro escândalo midiático, seu primeiro relacionamento conturbado, seu primeiro prêmio, seu primeiro álbum — tudo. Eu era um dossiê de primeiras vezes e conquistas de Yoongi, e ele sempre me pareceu muito grato e alegre, apesar de ainda ter aquela pitada de hesitação que era fruto de sua ansiedade e depressão — mas, afinal, qual artista não passava por isso? Com ele não iria, tampouco poderia ser diferente.
Ele passou por poucas e boas. Ele, não. Nós. Nós passamos por poucas e boas. Foram muitos tombos pelo caminho, muitos ‘nãos’, muitos medos superados e muitos buracos sendo escalados em desespero. Yoongi era um prêmio que eu adorava mostrar para o mundo, o troféu mais brilhante e bonito que já havia posto meus falsos olhos. Exibi-lo era meu momento favorito do dia, poder vê-lo andar com soberania e um egocentrismo controlado me fazia bem, me alimentava e me acalmava. Olhar para Yoongi e onde ele havia chegado me trazia a sensação de dever cumprido. Eu quase me sentia preparada para deixá-lo. Quase.
Eu o deixaria para trás sem hesitar como já havia feito tantas vezes se não tivesse me encantado e viciado por sua persistência, talento e vontade de continuar vencendo.
Mas descobri que ele era diferente e me merecia por mais tempo, assim como eu merecia me deleitar ainda mais daquilo que eu o havia ajudado a conquistar — eu merecia uma recompensa que nenhum outro havia me dado.
Ao menos era o que eu achava e esperava que acontecesse até a outra aparecer. Ele costumava dizer, no silêncio de seu quarto enquanto sorria para o escuro, que ela representava amor. Eu me perguntava, então, o que eu representava para ele. Apenas uma conquista? Uma recompensa? Algo que poderia ser descartado? Possivelmente todas as opções, ele sempre deixava claro em como a fama poderia acabar e ele ser esquecido de uma vez por todas. Não era verdade, não tinha a menor possibilidade disso acontecer e eu ir embora; ele era minha obsessão mais duradoura. Eu não me sentia capaz de deixá-lo, nem mesmo quando via aquela outra representação surgindo em sua vida com um olhar dócil demais. A serenidade que exalava daquele novo compilado de sentimentos de Yoongi me deixava irritada. Não era para existir algo tão forte quanto eu dentro dele. Aquela serenidade, aquele amor, como ele insistia chamar em seu íntimo, não havia construído o império que eu construí. Eu o moldei como ser humano, lhe dei uma nova identidade e o levei até o mais alto dos arranha céus de Seul. Ele era número 1 em muitos lugares e outros corações, e não foi por causa dela e seu sorriso bobo. Foi por mim, meu trabalho árduo e meu suor sob seu corpo.
Eu não queria entregá-lo de bandeja para algo totalmente novo e que poderia, sim, destruí-lo mais rápido do que eu. Não queria que ele perdesse a vida pela qual tanto lutou. Não queria que ele me deixasse de lado, que não me visse mais como sua prioridade e fosse embora. Não queria que ele sumisse dos holofotes e deixasse de ser meu troféu perfeito. Não queria que ele se apaixonasse por outra sensação que não era causada por mim. Não queria que ele se permitisse interagir e se entreter com outras pessoas — pessoas ruins e aproveitadoras.
Eu queria Min Yoongi e Agust D somente para mim, como deveria ser sempre. Eu seria sua companhia nos dias ruins, o diria palavras confortantes e profundas através de seus pensamentos, o tomaria em meus braços invisíveis e o controlaria em suas crises de choro. Eu queria continuar tomando-o entre os dedos e controlando-o quando fosse tomar seu uísque preferido, queria controlar seus pensamentos e fazer com que projetasse minha imagem e minha voz como fazia quando era somente um mísero sonhador.
Yoongi era meu e seu destino era morrer ao meu lado, quando eu quisesse. Ele não deveria se distrair com amores passageiros e que manchariam sua imagem, não deveria se esquecer de mim e tudo o que vivemos juntos, mesmo que ele jamais conseguisse me ver. O mais importante eu sabia que ele conseguia fazer: me sentir. Isso para mim já bastava.
Mas eu o entendia, ou costumava entender. Quando a vi, por fim, pude compreender o motivo de seu encantamento — e não era somente o sorriso dócil. Os olhos redondos e bem desenhados ao rosto simétrico brilhavam naturalmente, as bochechas sempre rosadas e a voz suave e confiante; sabia qual tom deveria usar, o que e como falar quando estava em nossa presença. Ela era esperta. Mas não, não representava amor como ele pensava. Estava mais para luxúria, desejo ou uma paixão passageira. Jamais seria tão duradoura como eu.
Ainda assim, não posso negar: alguns sentimentos ruins foram arrancados do peito de Yoongi e me trouxe certo alívio após aquele encontro que presenciei. Àquela altura, já estava tudo fora de controle e eu pude ver que estava em desvantagem, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Nem mesmo quando, um dia, ele chegou irritado e chorando em casa, sequer se dando ao trabalho de colocar o uísque em um copo, virando-o diretamente na boca.
Aquela foi a primeira briga, e a primeira vez que me intrometi de forma negativa na vida de Yoongi. O manager jamais aceitaria um relacionamento com uma anônima problemática em plena promoção do álbum mais escutado e vendido do mundo naquele ano. Um acordo não foi o suficiente; ela queria ser assumida, queria casar, criar família — todo um clichê que ele jamais havia sonhado e estava se iludindo por ouvi-la tagarelar sobre tantas vezes.
Quando Yoongi a ignorava ou fingia não ouvir algum comentário, ela dizia que ele estava ansioso, preocupado e com uma crise depressiva à vista. Não era verdade. Ela não sabia de nada, eu sabia! Quem ela pensava que era para confundir meu homem de ouro daquela forma? Por isso eu fazia questão de invadir seus pensamentos e fazê-lo enxergar o que mais importava: sua fama. Amores iam e vinham o tempo todo, a fama, quando bem cuidada, nunca ia a lugar nenhum. Ele só precisava que aquele doce e encantador amor parasse de gritar asneiras em seus ouvidos preciosos.
Depois do primeiro impasse, Yoongi voltou a ter tantos compromissos por semana que sequer lhe sobrava tempo para contatar sua família ou amigos. Shows, eventos com fãs, apresentações, viagens, entrevistas; tudo o que era possível ser feito para manter seu nome e sua fama intacta fora feito. Ele se sentia realizado e feliz, eu sabia, eu podia sentir.
Mas um dia ela voltou. Ela, o seu amor, o seu magnetismo e sua voz confiante. Sob meu olhar inexistente, ela o tirou de mim. Gemeu sob seu corpo, provou os cantos mais escondidos que ele possuía, experimentou de seu líquido e deixou-o de pernas bambas, como eu gostaria de ter feito antes. Porém eu entendia; meu trabalho era outro, não me deleitar e fingir-me de amor. Eu precisava mantê-lo no topo, precisava fazê-lo feliz e realizado no trabalho.
Até porque, bem, ele não podia me ver, tampouco sentir. Eu era uma sombra, uma vibração aleatória, algo que o fazia ser visto.
Ainda assim, lutei até meu último segundo e tentei um segundo impasse — e esse talvez tenha sido meu maior erro em toda aquela jornada.
Yoongi enlouqueceu. Faltou a eventos, bebeu mais do que deveria, viciou-se no gosto amargo do gin e na sensação de flutuar após bebê-lo puro. Gostou do mundo totalmente obscuro, gostou de conhecer outros caminhos, gostou do odor mentolado do falso tabaco, gostou da doçura da erva e das boas viagens que ela poderia entregá-lo de forma constante.
O ano seguinte foi um completo caos, eram tantas polêmicas que eu não conseguia mais contá-las. Meu ego, no entanto, jazia inflado e satisfeito. Eu poderia controlá-lo o quanto quisesse. Poderia me tornar sua pior ou melhor companhia, poderia fazê-lo meu fantoche e jamais seria descoberta.
Eu não existia. Não passava de uma sensação. Estava naquele corpo de passagem. Minha missão já estava completa. Eu o levei ao topo e o trouxe para baixo novamente. Eu queria que ele entendesse que sem mim não poderia alcançar nada do que desejasse. Afinal, que artista não precisava da fama para ser alguém de verdade?
Eu queria que ele me enxergasse, e acho que realmente o fez.
Era uma madrugada qualquer, ele já havia destruído todo o quarto e, naquele momento, fitava o espelho rachado ao meio. Seus olhos estavam fundos, sem brilho, olheiras adornavam-nos, os lábios sem cor e machucados, o corpo novamente franzino possuía marcas profundas e hematomas que levariam semanas para sumir, seus cabelos desgrenhados finalizavam a visão da inferioridade, da autossabotagem e do medo. Era o Yoongi que eu conheci. Ambicioso, ganancioso, porém, medroso e hesitante.
Ali pensei que tinha vencido, era só fazê-lo dar a volta por cima como já havia feito tantas outras vezes. Eu tinha minhas táticas e companheiras de jornada que ele jamais descobriria. Mas, novamente, fui surpreendida.
A representação do seu amor voltou, bateu à porta, o encontrou deplorável e, mesmo que de seus olhos escorressem lágrimas grossas em enxurrada, ela sorriu. Ele não se moveu, apenas a encarou pelo reflexo do espelho quebrado.
— ele sussurrou. — Você está aqui.
Neste momento, parei de respirar e me senti cada vez mais distante da cena, como se estivesse me desconectando de Yoongi e sua vida. Conforme se aproximava de Yoongi, eu me afastava. Pela primeira vez em minha existência, graças aquela mulher, eu pude me ver entre eles através do reflexo.
Assustei-me à primeira vista. Eu não passava de um borrão. Uma sombra escura e desfocada. Uma sensação ruim. Algo que o arrastava para o fundo do poço explicitamente ao passo que pensava que o levava ao topo. Por um segundo, duvidei de quem eu era.
Senti-me cuspida para fora daquela cena e pude sentir-me partir ao meio no percurso. Eu também era uma farsa, também era controlada por outro ser.
— Você não está sozinho, Yoongi.
A voz suave ecoou, e então percebi que eu já não era mais tão importante para ele. Aceitei minha derrota e me entreguei para a escuridão de uma vez por todas, ao mesmo tempo em que Min Yoongi encontrava sua luz.
O selar de lábios foi a última sensação que desfrutei antes de ser engolida por um mar escuro e furioso.





Fim.



Nota da autora: Se alguém me perguntar de onde essa ideia surgiu e o que isso significa, definitivamente não saberei responder. Então, por favor, ignorem esse surto hahahaha acontece que eu tinha essa vontade de escrever algo na visão da fama e/ou da depressão pra mostrar como eu imagino o funcionamento delas e o descontrole que eventualmente nos causam. Essa música do Yoongi me reforça muito o pensamento sobre isso e toda a crueldade que nossos pensamentos sofrem em meio às crises e o medo de jamais conseguir viver na paz e tranquilidade de novo. A gente só precisa ter em mente que não estamos sozinhos. Façam terapia e ouçam a D2 <3
P.S.: Leiam as outras fics desse ficstape incrível!!!!! E não esqueçam de comentar!





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