Postado: 05/10/2017

Capítulo Único

“You and I, you and I, always the same thing
Every time, every time you come around
Tell me now, tell me now, why are you leaving?...”


Cinco minutos eram suficientes para ele entender que estava completamente farto de toda situação. O coração do mesmo estava apertado, vê-la ali, sentada naquele sofá, com o rosto entre os joelhos, chorando. Era o suficiente para arrepender-se das palavras ditas, mas ele sabia que se não fosse daquela forma, tudo ficaria cada vez pior.
, e-eu... — a garganta estava seca, a vontade de chorar crescia cada vez mais, o arrependimento era tamanho, mas ele não podia esquecer todas as brigas e fingir que tudo estava bem, porque sabia que não estava. — Talvez... Eu não sei, acho que... — a dificuldade em formular uma frase fazia com que a garota se contorcesse no sofá. A mesma ergueu a cabeça, o encarou, os olhos vermelhos e inchados, passou a mão em seu rosto, limpando algumas lágrimas que ainda caíam, e levantou com um pulo do sofá.
— Talvez o quê, ? Me diz! — passou as mãos, nervosa, pelos cabelos loiros e soltou um longo suspiro. Ela sabia que não estava no momento para dizer certas coisas, mas ela não podia controlar a mania idiota de querer sair por cima. — Você acha que eu não estou farta disso? Todos os dias temos uma briga diferente, cada uma delas é por um motivo ridículo. — o rapaz a encarou, travando o maxilar, a vontade de recomeçar uma nova briga crescia dentro dele, mas sabia que aquilo só iria piorar tudo.
— Se a situação é tão complicada para você, devíamos dar um ponto final nisso.
— Dar um ponto final? Quantas vezes já fizemos isso? — ela soltou um longo suspiro. — Estou cansada de terminarmos e logo depois voltarmos, é cansativo, isso me esgota.
— Por que você deixa isso acontecer? — o rapaz deu um passo para frente e a encarou de mais perto. Ele não queria culpá-la, mas a verdade era que todas as brigas idiota começavam por ciúmes besta da parte dela. — Você nem ao menos tenta se controlar, deixa que tudo caia sobre nós. Um namoro não é um caminho de uma mão só, .
— Agora a culpa é minha, ? — ela riu sem emoção. A raiva estava muito bem guardada dentro dela, a única certeza naquele momento era que se ela explodisse mais uma vez, tudo estaria cada vez pior. — Você decidiu ser cantor, foi você quem quis isso, mas aquelas suas fãs loucas não têm noção, você quer que eu faça o quê?
— Eu quero que você entenda. Você mesma disse que fui eu quem escolheu ser cantor, mas ser um cantor tem suas vantagens e desvantagens, é um pacote completo. Se tenho fãs, significa que estou crescendo e me tornando cada dia melhor.
— Você não precisa disso para ser melhor. — as lágrimas agora corriam no rosto da loira. Ela tentava não falar enquanto chorava, mas já não podia aguentar, ela não podia controlar; raiva, ódio, ciúmes e amor, tudo estava misturado dentro dela. Não pôde controlar. Pegou a primeira coisa que estava por perto, o vaso caro que a sogra havia lhe dado de aniversário, arremessou em direção ao rapaz, mas por sorte o mesmo desviou. — Eu não aguento mais, sai daqui, some da minha frente, eu não posso mais com essa situação.

“Is it time, is it time to take a bow?
Our little hearts are quiet now
I feel the silence coming down...”


Os cacos do vaso branco que a mãe do rapaz havia trazido de uma viagem longa estavam jogados no chão. Ele apenas mirava o lugar sem emoção alguma, e silêncio reinou mais uma vez. Ele não tinha mais certeza de nada, o coração não doía mais, a dor estava sendo substituída pela raiva e ódio. Levantou o olhar e fitou a garota. Dessa vez, ela não estava com o olhar triste; a raiva podia ser vista.
Ambos estavam cansados da situação difícil. Todas as noites, depois de um show, sentava-se no sofá e começava uma discussão desnecessária para ambos. Ela batia na mesma tecla até cansar-se e dizer que terminariam, mas nunca acontecia, afinal, ela chorava, implorava e, no fim, ambos se entregavam de volta e faziam juras de amor infinitas.
— Eu acho que esse é o nosso fim, . — o rapaz abaixou a cabeça. Estava triste por ter de dizer aquelas palavras, nunca havia pensado que um dia fosse se separar de , a garota que o conquistou como num clichê de filmes colegiais. Ele tentava entender onde havia errado. Havia dado amor, carinho, atenção, gastara mais o tempo dele com ela do que ela com ele. No começo do relacionamento, não era um mar de rosas, como todos diziam, era complicado. A garota ainda queria levar a vida de antigamente, mas era como se esquecesse que estava em um relacionamento.
A vida deles era simples, porém sempre se dedicava mais a ela. Ele fazia surpresas, as quais ela nem ao menos dava bola. Tentava conversar, mas ela o parava e dizia que queria dormir; era como se ela fosse o homem da história e ele, a mulher. Depois de longos dois anos de namoro, ela havia mudado a postura, havia amadurecido, mas havia feito isso antes dela. Aos vinte anos, já era um homem feito, enquanto ela, aos dezoito, não compreendia a razão do mundo. O amadurecimento dela havia acontecido, porém não para o mundo, e sim para ela mesma. ainda tinha muito para mudar, mas não sabia nem por onde começar. Ela precisava dele ao lado dela para que isso acontecesse, no entanto, pelo visto, o cansaço havia o atingido em cheio.
— O que você quer dizer com isso?
— Quero dizer que estamos há quatro anos nos matando, principalmente eu. — ele suspirou e pensou bem no que iria falar. O cansaço era tão grande, que ele deixou o coração falar em vez da boca. — Eu sempre me desgastei mais para que isso desse certo, sempre me esforcei, fiz juras de amor, fiz tudo o que podia. Ultrapassei meu limite, mas isso nunca foi o suficiente para você. Eu tentei de tudo enquanto você dava um terço do que tinha e achava que isso era suficiente. Quantas vezes eu corria de um show para ir até um bar, porque você já estava louca e fazendo coisas ridículas? — ele fechou os olhos com força, abaixou a cabeça e sentiu uma lágrima cair em seu rosto. — Eu acho que cansei bem antes, mas o meu amor não me deixava desistir.
Ele levantou a cabeça, a visão ficando embaçada graças às lágrimas que caíam sem parar. A garota sentiu o coração doer, uma lágrima caiu, e ela fungou algumas vezes. O que ele estava lhe dizendo era doloroso, mas era a mais pura verdade; ela sequer percebeu seus próprios erros, não se deu conta de quão injusta estava sendo.
— M-mas eu posso mudar, posso melhorar, você sabe que posso. — ela deu alguns passos em direção ao rapaz, porém ele recuou. Naquele momento, o que ele menos queria era que ela começasse a tentar mudar as coisas. — Não faz assim, , temos uma vida inteira pela frente. Não podemos deixar isso acabar assim, não acha?
— Não adianta, . Eu ainda te amo muito, mas do que adianta? — pegou a mochila, que estava jogada no chão, e arrumou em suas costas. — Chega um momento da nossa vida que as coisas cansam, esfriam, acabam. E... acho que esse momento chegou para mim.
não deu tempo para . Tirou o molho de chaves do bolso, colocou na mesa perto da porta de saída e olhou uma última vez para ela.
— Desculpa. — dizendo isso, ele saiu do apartamento, caminhou até o próprio carro. Ali, sentado em frente ao volante, ele deixou que todas as lágrimas caíssem, lembrando das piores brigas que tiveram.

“I hope you got what you came for
I hope you got what you came for
You've been standing outside in the cold air...”


Flashback on
Dois anos antes…


— Você devia dar mais atenção para mim e não para aquele bando de meninas.
, aquele bando de meninas são as pessoas que me ajudam a ficar onde eu estou. Entende isso de uma vez por todas. — ele bufou. A garota estava muito brava, mas ele não entendia o porquê, afinal, ele precisava dar atenção para as fãs que tinha. Se tinha alcançado o sucesso, devia agradecer a elas em primeiro lugar, e depois os outros. — Se não consegue entender isso, acho que devemos parar por aqui.
— O quê? Você quer jogar toda nossa relação fora de uma hora para outra?
— De uma hora para outra? Essa é a terceira vez na semana que isso acontece, e sempre pelo mesmo motivo. Por quanto tempo vamos ficar assim?
— É só você mudar seu jeito. Eu mudei o meu, não foi?
— Eu não acredito nisso... — bateu com a mão na própria testa, achando aquilo cansativo e ridículo da parte dela. Ela realmente havia amadurecido? — , elas são minhas fãs. Enquanto você não entender isso, acho que não podemos ficar mais juntos. — pegou a jaqueta e saiu de casa, batendo a porta, indo em direção à moto estacionada do lado de fora e caindo pelo mundo sem rumo.

Duas semanas depois…

havia convencido de que iria mudar, mas isso não havia acontecido, já que a mesma havia atacado uma das fãs de por conta de um autógrafo que a fã queria.
— Me solta, me solta agora. — ela gritava. a segurava com força, tentando impedir que o pior acontecesse, porém a garota estava fora de si, o ciúmes falava mais alto. — Eu vou acabar com essa cachorra.
conseguiu arrastá-la para o camarim, trancou a porta e ficou com a chave. Sentou-se em uma das mesas que tinha ali e esperou acalmar-se. Os cabelos da loira estavam bagunçados, as roupas estavam rasgadas. Até sem uma sapatilha ela estava.
— Acabou? — ele perguntou, olhando diretamente para ela e soltando um longo suspiro. — está lá fora tentando convencê-la a não ir em uma delegacia, espero que saiba que o que fez foi ridículo.
— Ah, o que eu fiz foi ridículo? Pedir um autógrafo na bunda não é, né?
— Quantas vezes tenho que te dizer? É meu trabalho. — ele massageou as têmporas, inspirou e expirou umas duas vezes, esperando que o clima ficasse mais calmo, mas não pareceu funcionar.
— Não, , esse não é o seu trabalho. — ela arrumou as roupas e tentou arrumar os cabelos, porém era um caso impossível. — Seu trabalho é subir na droga daquele palco, tocar as merdas que você toca, descer quando acabar e ir direto para casa, não ficar em um corredor conversando com um bando de vacas.
— Tocar as merdas que eu toco? — ele levantou da mesa, colocando as mãos na cintura. Ele não queria perder o controle, mas fazia de tudo para provocá-lo. — Para te falar a verdade, eu prefiro mil vezes ficar em um corredor conversando com as minhas fãs do que ter que ficar escutando suas palavras. Se pra você sonhos realizados são merdas, nosso namoro se enquadra nisso, estou certo?
— Eu não quis dizer isso, ... — ele nem sequer deu tempo a ela. Caminhou em direção à porta e saiu dali, pisando forte. rapidamente arrumou-se e correu em direção ao namorado.
A confusão já havia acabado. Pelo visto, havia conseguido controlar tudo. Ela olhou para os lados e viu falando com alguém ao telefone. Segurou a vontade de gritar e correu para aproximar-se mais do namorado. a viu de relance, mas ignorou. Terminou de falar ao telefone com e saiu, caminhando lentamente ao carro preto parado ali.
— O que você pensa que está fazendo? — levantou a cabeça assim que parou ao lado da porta do passageiro.
— Entrando.
— Esquece. — travou o carro, deu a volta e encarou a garota de perto. Enfiou a mão no bolso da calça e lhe deu umas notas. — Vai de táxi. — virou-se de costas, mas parou. — Ah, lembra que esse dinheiro vem através das merdas que eu toco.
, para de agir feito criança.
— Parar de agir feito criança? — ele soltou uma risada irônica. — Você veio até meu show, espancou uma fã, gritou comigo e me insultou, e sou eu quem deve parar de ser criança. — ele cruzou os braços. — Ótimo, . A criança aqui está indo pra casa.
deu a volta no carro e abriu a porta do motorista com a própria chave, rapidamente entrou e travou as portas. A garota não teve nem tempo de responder; ele deu partida e saiu cantando pneu.
— Talvez eu tenha exagerado.

Um ano atrás…

Durante um ano o relacionamento ficou na mesma, sempre brigavam e voltavam. Como sempre, as brigas eram causadas pelo ciúme de e pela impaciência de .
— Vocês são o casal mais estranho que eu conheço. — disse, depois de longa conversa com sobre as idas e vindas.
— Todos os casais têm os dias de cães.
— Sim, todos. Mas normalmente acontecem uma vez ao mês, o de vocês são todos os dias do mês, do ano.
— Tem razão, mas eu não consigo ficar calmo quando ela começa a falar as merdas dela.
— Nem ela consegue ficar na dela. — apontou para a frente, onde travava o maxilar enquanto uma ruiva falava alguma coisa e sorria maliciosa, dando algumas olhadas para a mesa onde os dois estavam.
— E lá vamos nós. — levantou, sendo acompanhado de . Caminhou calmo em direção à namorada e à desconhecida.
— Você tem sorte, garota. Mas eu ainda não entendo como um homem daqueles foi escolher uma colegial para namorar. — a ruiva soltou uma risada irônica alta. cerrou os punhos. Não tinha nem um dia que havia resolvido as coisas com , depois de meses separados, e agora vinha a tal garota e começava a falar coisas absurdas. — Nem se defender você consegue, na cama deve ser cansativa também.
tentou, mas não foi possível; logo seu punho se encontrava na bochecha da ruiva. acelerou os passos. Infelizmente, pelo local estar cheio, não conseguia correr a tempo, apenas viu em câmera lenta o punho da namorada encontrar-se com a bochecha da desconhecida ruiva. , por sua vez, conseguiu ser mais rápido que e alcançou a mão de no ar, segurou e a virou rapidamente.
se colocou no meio das duas garotas. A ruiva limpava o sangue que saía de sua boca, e segurava com certa força, já que a garota se debatia. estava sem reação, ele não queria começar mais uma discussão ali. Sem ninguém perceber, conseguiu soltar-se de e correu até a ruiva. Ela parecia um ninja em uma luta. ficou perdido, e o amigo não tinha reação. Ele não estava conseguindo acabar com aquela briga, estava descontrolada.
, chega! — disse, calmo, mas a garota não fez nenhum movimento. — Eu disse: , chega!
Todos pararam por um tempo em volta dos quatro. virou-se rapidamente para o namorado e congelou. Foi então que percebeu que uma garrafa estava espatifada na cabeça de . Quem fizera aquilo? Ninguém tinha a resposta para aquela pergunta.
ignorou os olhares, a dor e a vontade de procurar o filho da puta que havia feito aquilo. Ele virou os calcanhares e saiu dali. ainda olhava ao redor, procurando por quem fora o responsável do ato, mas não conseguiu achar ninguém. empurrou a ruiva, fazendo com que a mesma caísse sentada no piso gelado. Tirou os saltos e tacou na ruiva, logo em seguida saiu correndo em direção ao namorado, que cambaleava.

...


— Desculpa, ! — a garota falava, desesperada. O namorado segurava um pano com gelo enrolado, o sangue estava “pintando” o pano. Ela queria ajudá-lo, mas sabia que ele iria rejeitá-la.
— Desculpa, desculpa e desculpa: essas são as únicas palavras que eu venho escutando desde que começamos a namorar. — o garoto jogou o pano no chão, fazendo com que as pedras de gelo caíssem pelo chão e começassem a formar uma poça de água. A garota pulou a mesma e seguiu o namorado, que parou, abrindo a geladeira e pegando uma cerveja.
— Me perdoa, amor! — disse, manhosa, sabendo que o namorado estava um pouco bêbado, o que facilitava, já que ele ficava diferente naquela situação. Abraçou-o por trás, fechando as mãos na barriga do mesmo. — Eu disse que ia mudar, estou conseguindo. Eu me segurei para não bater nela de primeira.
Por conta da situação que se encontrava, o mesmo acabou rindo e virando-se. No final, tudo tinha voltado como era. Ele havia perdoado, ambos haviam se entregado naquela noite, fazendo o melhor sexo de reconciliação.

“On your own, yeah
You must have known you were right
I hope you got what you came for
I would give, I would give everything I am
Go ahead, go ahead, do what you like...”


Flashback off

continuava encarando a porta por onde havia saído. Ela estava sentada com as costas para o sofá, os joelhos na altura do queixo, os olhos embaçados por conta das lágrimas. Ela sabia que sempre exagerava, mas nunca pensou que um dia um desses exageros fosse acabar com seu relacionamento.
Tudo que ela mais queria era que entrasse pela porta e a desculpasse, queria escutá-lo dizendo que a amava e que eles iriam superar mais uma vez, mas ela sabia que isso não seria possível. O jeito como ele disse tudo, como ele a deixou, ela sabia que dessa vez seria de verdade. Porém, no fundo, esperava que não fosse, afinal, mesmo brigando sempre com ele, ela o amava e sentia vontade de ficar com ele para sempre.
Criando coragem, ela levantou-se e foi até a gaveta da cozinha, gaveta onde guardava um caderninho de receitas e algumas canetas. Pegou uma folha e uma caneta, sentou-se com dificuldade na mesa e limpou os olhos. Ela sabia que aquilo não seria fácil, mas iria tentar fazer da melhor maneira.

,
Sou eu, acho que isso é meio óbvio, né? Faz muito tempo que eu não escrevo uma carta para você, acho que eu escrevi uma, mas faz tanto tempo. Bom, eu devia estar me desculpando, mas não posso.
Você estava certo, . Todas as suas palavras ecoam em minha mente, e, agora, só agora, eu consigo pensar como uma adulta e ver tudo o que eu te fiz. Para mim, essa não é a sua melhor decisão, mas eu sei que, lá no fundo, essa seja a melhor.
Não deveria ser uma despedida, mas eu sei que será. me disse o que você não conseguiu dizer: ele me contou sobre a turnê, me contou sobre a nova gravadora, o novo produtor, me contou tudo aquilo que você queria, mas que nunca iria conseguir. Talvez essa briga tenha sido necessária para dar um ponto final, mas também tenha servido para você ir sem deixar um peso enorme para trás.
Eu... eu espero que você tenha o que você veio buscar em mim, realmente espero que alguma coisa tenha sido boa para você levar consigo. Vá, siga em frente e faça aquilo que você melhor sabe. Mostre ao mundo o grande músico que você é, siga seus sonhos e conquiste a todos com seu talento.

Com amor,
.”



Seis meses depois…

— Você não abriu essa carta ainda? — deu um pulo. apenas soltou uma risada baixa.
— Porra, não precisa chegar assim também. — ele encarou o papel branco em suas mãos, olhou para o amigo e engoliu em seco.
— É só a porra de uma carta, , não significa muita coisa. Não depois de tudo o que aconteceu.
— Pode até ser a porra de uma carta, mas quem a escreveu não é a porra de uma garota qualquer. — levantou, jogando a carta em cima da cama. balançou a cabeça em negação.
— Eu li essa carta, você deveria ler. Tudo o que ela diz faz tanto sentido. Você vai acabar vendo que, sim, é apenas uma garota qualquer agora.
deu de ombros e saiu do quarto. olhou para a cama. O papel branco o chamava, pedindo sua atenção. Tomou coragem e aproximou-se da cama, pegando a carta em mãos e a abrindo. Leu as primeiras palavras como sempre fazia, mas, dessa vez, não parou; continuou a ler atentamente cada palavra escrita ali.
Quando terminou, percebeu que o papel estava molhado por conta de suas lágrimas. Esperou por seis meses para abrir aquela carta, esperou seis meses por algo totalmente diferente do que tinha ali. Jurava que depois daquela várias iriam chegar, mas não, era apenas aquela.
Eu espero que você tenha o que veio buscar de mim… — repetiu a frase escrita pela ex. Engoliu em seco, abrindo a gaveta do criado-mudo e pegando o caderno surrado de letras. Mesmo chorando um pouco, conseguiu escrever uma página inteira de uma letra dolorosa e esperançosa.


Epílogo

Atualmente

— Façam barulho. Com vocês, a banda de maior sucesso do momento: Double! Lembrem-se que já faz alguns anos que eles não faziam um show na terra natal deles, deem muito amor para essa banda. — a multidão foi a loucura. Toda a banda se posicionou e começou a fazer aquilo que eles melhor sabiam fazer: cantar e tocar.
não sabia, mas ali, no meio da multidão, a algumas filas de pessoas, estava uma garota que ele conhecia muito bem. A diferença era que os cabelos loiros agora eram castanhos e curtos, as roupas eram diferentes. Depois de alguns anos, ela havia mudado. Graças a aquela carta, ela descobriu-se e tornou-se uma pessoa melhor.
Depois de algumas músicas tocadas, o show estava chegando ao fim. , como vocalista da banda, posicionou-se em frente ao microfone mais uma vez naquela noite, arrumou o violão, que agora estava no lugar da guitarra velha.
— Bom, acho que todos nós já tivemos aquela pessoa, sabe, aquela pessoa que você ama, passa por dificuldades, mas que, infelizmente, tudo o que vocês construíram juntos por anos simplesmente morre. Eu tive essa pessoa. — ele pausou. Olhando em meio à multidão, conseguiu reconhecer a garota. Ele sorriu, não acreditava que a mesma estaria ali, então aquela era a hora. — Essa música é nova, espero que gostem, principalmente você, ! — o refletor mirou bem em . Todos a olharam.
A garota ficou surpresa com tamanha atitude. Sorriu brevemente e balançou a cabeça em negação. Ela não conseguia acreditar como ele havia a encontrado em meio a tantas pessoas, ainda mais depois da grande transformação dela.
começou a tocar o violão lentamente, dedilhando as cordas com suavidade. sorriu ainda mais. Logo a voz doce do rapaz começou a soar em meio a todos, e o coração de começou a aquecer. Ela sentia falta do rapaz, não importava quanto tempo tinham passado longe um do outro. Sem perceber, começou a empurrar as pessoas e caminhou até a frente.
Guess I was, guess I was lost in the moment, had to be, had to be, run out of time, our little hearts are quiet now… visualizou a garota, que andava em meio a todos. Sorriu e continuou a cantar, apenas focando em sua doce garota. — I feel the silence coming down, I hope you got what you came for, I hope you got what you came for, you've been standing outside in the cold air… reconheceu a frase que fazia parte do refrão, ela mesma havia escrito aquilo. Sorriu ainda mais e parou perto do palco. Nem havia percebido que as lágrimas caíam de seus olhos. Ela chorava de felicidade, mesmo achando que era apenas um momento de loucura entre os dois.
continuou a cantar a música como se sua alma dependesse daquilo. Ele não entendia por que estava daquele jeito, apenas seguia o que seu coração acelerado lhe mandava fazer. Os olhos já estavam molhados, a emoção era tamanha. Em um momento, ele olhou para . O amigo sorria, mandou um joinha e apenas disse “Desculpa” com a boca. sabia que ele estava se desculpando por dizer que a pequena era uma garota qualquer.
You and I, you and I, always the same thing, every time, every time you come around. — ele finalizou a música lentamente. Assim que todos os instrumentos pararam, o barulho da multidão foi ouvido. batia palmas enquanto chorava. tirou o violão e pulou para o chão. Os seguranças o seguraram, mas ele disse que estava bem.
correu um pouco para chegar mais perto da grade que os separava. ficou parado, esperando a garota dos sonhos dele. Assim que parou, ele sorriu, segurou o rosto da garota e depositou um beijo em seus lábios. Todos começaram a aplaudir ainda mais.
Eu espero que você tenha o que veio buscar! — antes de tomar os lábios de para si, ele finalizou dizendo a mesma frase que estava na música e na carta.


Fim



Nota da autora: Oi, unicórnios, tudo bom? Bom, eu tive alguns problemas para escrever essa songfic. Na minha opinião, essa foi a short mais difícil da minha vida, eu tive muitos contratempos durante esses meses, então, as coisas não estavam fluindo como eu queria, eu espero que a short agrade a todos, pessoalmente falando, eu gostei do que eu escrevi, apesar de tudo o que aconteceu. Bom, espero que gostem, um beijo! Não esqueçam de entrar no grupete:





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