Fanfic finalizada

Capítulo único

- Por quanto tempo ele vai ficar aqui?
Entortei os lábios para o tronco seminu que respirava tranquilamente no sofá do meu apartamento, falhando em disfarçar o olhar colérico na direção do homem.
- ...
- Eu já moro com você, Nate. É difícil o suficiente – desencostei do batente da porta e esbarrei levemente em seu braço antes de ir para o meu quarto.
Meu amigo balbuciou algo em protesto, mas eu já havia batido a porta com força o suficiente para que o estrondo sobressaísse sua voz e, talvez, acordar o delicioso sono de .
Seria ótimo se ele levasse um susto e caísse no chão. Talvez pudesse até quebrar alguns dentes.
Nate e Scott estavam na minha vida antes mesmo de eu nascer. Literalmente. Nossas mães eram melhores amigas e vizinhas desde a época de faculdade. Cresci com os dois apenas a uma porta de distância de mim.
E, se a vida havia me feito melhor amiga de Nate, ela também havia contribuído para que eu e , eventualmente, tentássemos ser algo a mais. Depois disso, o destino fez seu trabalho trouxe tudo de volta à normalidade. Éramos, novamente, apenas amigos.
Ou algo parecido com isso.
Eu sabia que ele estava de volta à cidade, mas sob o mesmo teto que eu? Era um pouco demais pra mim. É só até ele encontrar um lugar pra ficar – tentei me apoiar no argumento de Nate.
Era difícil não me sentir nervosa na presença dele. Existia algo em seus olhos , sempre tentadores, que fazia meu coração bater mais rápido. Algo no jeito que ele balançava os cabelos com as mãos e fazia com que o mundo parecesse mais lento. Algo em suas palavras, que sempre escorregavam de seus lábios com altas doses de uma deliciosa provocação.
Era fácil morder a isca. Quase impossível não cair em tentação.
E, por isso, era uma péssima ideia dividir um apartamento com .

-


Fiquei na ponta dos pés para selar os lábios de Aaron e tive que conter um sorriso quando ele piscou os lindos olhos verdes para mim.
- Nos vemos hoje à noite, sim? – Ele me abraçou pela cintura enquanto eu o acompanhava até a porta.
Tentei abrir a boca para respondê-lo, mas a voz de e toda sua inconveniência fora mais rápida ao interromper meus pensamentos, vibrando diretamente da bancada da cozinha:
- Por que está usando minha camiseta?
A camiseta dele?
Olhei instintivamente para baixo, apenas para checar o que eu já sabia; e, quando voltei o olhar pra cima, me encarava com um sorriso astucioso.
Ele era mesmo um idiota. Ele sabia que aquela camiseta era do irmão dele.
- Não é sua camiseta – esbravejei entre dentes e espalmei as mãos no peito de um Aaron com semblante confuso, empurrando-o em direção a porta.
- Eu tento mantê-la longe das minhas coisas, mas aparentemente ela adora meu cheiro – ele apoiou a xícara de café que estava segurando na superfície de mármore e levantou, dando alguns passos em nossa direção - Não é mesmo, ?
- . Cala a boca – rolei os olhos, determinada a ignorá-lo e alcancei a porta – Até mais tarde, Aaron – dei um sorriso um tanto sem graça para ele que ainda franzia o cenho para a cena ao sair de casa.
Eu havia esquecido de compartilhar o pequeno detalhe de que a casa tinha um novo morador.
Não que eu precisasse. Afinal, Aaron era apenas... Ocasional.
- Isso era mesmo necessário? – Fechei a porta e apertei os olhos na direção de , que mantinha o sorriso provocante tão conhecido por mim nos lábios.
- Não. Apenas divertido – ele parou em minha frente, cruzando os braços.
- O que acha de não se divertir às minhas custas? – Repeti o gesto dele - Essa casa ainda é minha. Por que você está aqui, aliás?
Por mais que eu soubesse que não se abalasse por nada, pude jurar que vi o vestígio de um semblante triste em seu rosto.
- Não seja injusta, . Somos uma família.
- Eu e Nate somos uma família. Você é o equivalente a um parente distante e indesejado.
- Está tentando me magoar?
Soltei uma inevitável risada de escárnio.
- Sabemos que isso não é possível – encostei a mão suavemente em seu peito e quase me arrependi pela reminiscência do toque familiar – Não existe nada aqui.
sorriu - e apesar dos lábios curvados para cima, dessa vez eu tive a certeza de que sua expressão era pura tristeza. E então colocou a mão sob a minha e a tirou dali antes de sussurrar e virar as costas para mim.
- Você tem razão.
-


- Você está na minha cama – deu um tapinha de leve em minha perna ao se aproximar do sofá e eu revirei os olhos, fazendo menção de levantar – Tudo bem, pode ficar.
- tem um osso sentimental em seu corpo. Quem diria.
- Como consegue ser tão engraçada? – Foi a sua vez de rolar os olhos ao se jogar no espaço vazio ao meu lado – O que está assistindo?
- Rear Window. Acabou de começar.
- Parece chato.
- Não diga isso. É brilhante! Jeff – usei o controle para apontar para o cara de pijama azul e muito gel no cabelo na televisão – Quebrou a perna e precisa ficar em casa de repouso. Ela – apontei para loira deslumbrante – É Lisa, a namorada dele. Ele é um fotografo profissional e começa a observar os vizinhos da janela do seu apartamento pela sua câmera. Você sabe, uma forma normal de passar o tempo. Então ele começa a desconfiar que um dos vizinhos dele assassinou a própria esposa e...
- E ele assassinou? – indagou, inteiramente compenetrado na TV. Era meio bonitinho de ver.
- Acho que você vai ter que assistir pra descobrir.
- Acho que já assisti esse filme – ele estreitou as sobrancelhas, provavelmente tentando reconhecer alguma das imagens.
- Não. Você assistiu uma refilmagem relapsa. Estamos falando de Hitchcook, James Stewart e Grace Kelly. É arte.
- Você fica uma gracinha falando sobre as coisas que gosta – ele virou o rosto em minha direção, um sorriso charmoso nos lábios que faziam os olhos ficarem apertados de uma forma adorável.
- Eu sou uma gracinha. Você que não soube aproveitar.

-


Meu coração estava batendo tão rápido que parecia facilmente poder rasgar minha pele e saltar do meu peito. As lágrimas escorriam grossas e quentes pelo meu rosto e eu já havia desistido de controlá-las. Entre meus dedos trêmulos, um cigarro pela metade exalava a fumaça direto pro meu rosto.
Quando parei em frente a adega que ficava bem embaixo no meu apartamento, o nó em minha garganta pareceu apertar gradativamente. Estava ficando mais e mais difícil de respirar.
Eu não sabia pra onde ir. Não queria subir. provavelmente estaria em casa e eu, certamente, não queria que ele me visse assim.
Destruída. Desesperada. Vulnerável. Completamente engolida pelos meus sentimentos.
Tentei conter a instabilidade dos meus dedos ao buscar meu celular no bolso e deslizei-os pela tela no caminho tão conhecido por eles.
Quando Nate atendeu do outro lado da linha, minha voz simplesmente sumiu.
Eu queria falar. Queria desesperadamente. Mas as palavras pareciam se agarrar com força ao fundo de minha garganta, apenas para me sufocar um pouco mais.
- ? O que aconteceu?
Tirei instintivamente o celular do ouvido e olhei para trás, onde me observava com as mãos no bolso e uma expressão preocupada no rosto.
Limpei as lágrimas desajeitadamente de meu rosto em um ímpeto, tentando conter os soluços que insistiam em escapar pelos meus lábios.
- Nada. Eu estou bem – minha voz não era nada além de um sussurro.
- Não faça isso. Não minta pra mim... – ele estendeu a mão em minha direção, tentando tocar meu braço.
- É sério, ... – dei um passo para trás, me desvencilhando de seus dedos – Não se preocupe.
Não o dei tempo para responder. Apenas pendurei o cigarro entre meus lábios e saí em disparada pela escuridão da rua.
As tragadas desesperadas e a nicotina não pareciam fazer o trabalho de sempre, relaxando meus músculos. O gosto do cigarro se misturava com o salgado das lágrimas e eu só queria ir mais e mais rápido. Quando dei por mim, estava correndo pela rua, sem saber ao certo quando parar.
Era o que eu queria fazer. Fugir.
E talvez eu conseguisse - se não tivesse ouvido os passos bem atrás de mim.
Soltei a fumaça e, um pouco ofegante, girei em meus calcanhares e encontrei um descabelado e de bochechas rosadas.
- Não precisava vir atrás de mim. Eu disse que estava bem.
- E eu escolhi não acreditar em você – ele respirou fundo e se aproximou. Dessa vez, quando tentou apoiar gentilmente as mãos em meus ombros, eu deixei – Não faz isso. Não me afasta assim...
- Foi você quem me afastou primeiro – a voz chorosa parecia uma súplica arranhando minha garganta.
- . Eu estou aqui, não estou?
Levei alguns segundos apenas encarando seus olhos. E então as lágrimas vieram ainda mais rápidas e mais pesadas; em instantes, eu era apenas lamento. Sem pensar direito, joguei meu corpo de encontro ao de e seus braços me receberam em um abraço forte e aconchegante.
E eu nunca imaginaria, mas era aquilo o que eu precisava.
A pressão dos braços de à minha volta fez com que meu choro fosse, aos poucos, ficando mais baixo. O cheiro, no qual eu tentava não me perder, parecia ir anestesiando meus sentidos e devolvendo a calma para o meu coração.
Quando me desvencilhei do seu abraço, encontrei seus olhos me encarando em agonia ao procurar por uma resposta.
Respirei fundo, tentando me obrigando a tomar coragem. Dizer a situação em voz alta tornava tudo mais real; e eu não sabia se estava pronta para isso.
Segurei em sua mão e o guiei até a calçada, onde nos sentamos lado a lado no meio-fio. Joguei o cigarro que agora era só uma ponta no chão e prontamente peguei outro.
- Vou precisar de um também?
Assenti com a cabeça, tirei um branquinho do maço e coloquei em suas mãos. Acendi os dois da forma mais vagarosa o possível, tentando, ao máximo, postergar aquela conversa.
- , eu... – precisei respirar fundo antes de continuar, para ter a certeza de que não estava sonhando e as palavras prestes a saírem da minha boca eram reais - Eu estou gravida.
Eu, que tão bem o conhecia, não conseguia definir o que sua expressão havia se tornado naquele instante. Tão de perto como eu estava, pude observar sua íris cintilar apenas para transfigurar-se em duas bolas opacas. Seus dedos compridos escorregaram entre os fios ; como era de costume ele fazer quando estava preocupado com algo.
Em busca de conforto, meu corpo se encolheu instintivamente quando vi que ele estava tão amedrontado quanto eu.
Um suspiro sonoro escorregou entre seus lábios antes que ele conseguisse dizer alguma coisa.
- Por que não começa apagando isso?
- Tem um na sua boca também – dispersei a fumaça no ar com as mãos. Não me cobre sensatez agora, .
- Eu me importo com você. Não comigo – ele estendeu a mão para tirar o cigarro dos meus lábios e o apagar no chão – Especialmente agora.
Abaixei o rosto, com a certeza de que um pequeno sorriso desenhava meus lábios.
- Bem... – repeti seu movimento, tirando o cigarro ainda aceso dos dedos dele – Eu me importo com você.
E ele não precisava dizer nada. Eu podia ver em seus olhos o agradecimento silencioso pelas minhas palavras.
- O pai é...
- Aaron – tentei convencer meu rosto a não se contrair em uma careta.
- Ele já sabe?
Uma pequena risada cínica reverberou de minha garganta.
- Eu acabei de contar. E ele pode até ter fingido bem, mas tenho certeza de que se eu o procurar amanhã, ele vai arrumar alguma desculpa pra não falar comigo. E então outra no dia seguinte. Até ele não me atender mais.
Meus olhos embaçados foram do chão para , em tempo de vê-lo fechar os seus com força, contrair a mandíbula e algum músculo pulsar em seu maxilar.
Ele estava furioso.
- Filho da puta...
- Independente de Aaron, vamos ser realistas, ... Eu tenho vinte e cinco anos, divido um apartamento com seu irmão em cima de uma adega. Eu trabalho como garçonete. Quais são as minhas chances? E dessa criança? – Apontei para a minha barriga, fazendo todo o esforço possível para engolir as minhas lágrimas.
Eu não estava preparada para os braços de passando por minha cintura e me trazendo para perto, deitando minha cabeça em seu peito e me apertando contra seu corpo. A resposta veio do meu coração, que acelerou e fez questão que minhas veias se enchessem de uma adrenalina que eu nem desconfiava ainda ser existente em meu corpo.
- Vai ficar tudo bem. Eu e Nate estamos com você, como sempre foi. E chegamos até aqui, não chegamos?
E em um instante, suas palavras sussurradas fizeram o desespero dar lugar ao conforto. A mão de escorregou para minha barriga, em um carinho delicado, hesitante - quase com medo de fazer algum mal ao que quer que estivesse ali. Me peguei em meio a uma suplica mental, implorando silenciosamente aos céus para que ele não me deixasse. Não novamente.
Eu quase havia me esquecido o quão bom era estar nos braços de . Quase.
E talvez eu repousasse ali noite afora, sem noção de que o tempo estava passando e com a ilusão que meus problemas estavam tão longe que mal podiam me tocar. E me perdesse na forma que seus dedos afagavam meus cabelos. Assim como no jeito que nossos corpos pareciam imãs, determinados a se aproximar até quando não mais havia espaço.
Mas foi a voz inesperada de Nate, ao passar em nossa frente, que me trouxe de volta para realidade.
- Ah, não. Vocês não voltaram, né? – Um sorriso divertido brincou em seus lábios até seus olhos encontrarem os meus – , está tudo bem?
Olhei para , e sabia que ele entenderia, no silêncio do meu olhar, que eu precisaria de ajuda para contar para Nate e, quando meu corpo pensou em reclamar por estar se afastando do dele, a surpresa tomou todos meus sentidos com a mão dele envolvendo a minha, em um lembrete discreto de que ele estava do meu lado.
E, céus, aquela sensação era boa.
era assim. Sempre fora. Sempre me surpreendia – na maioria das vezes, de um jeito bom.
E enquanto eu repetia para Nate o que eu havia acabado de lhe contar, os nossos dedos entrelaçados me deram a certeza de algo que eu não havia sequer desconfiado.
Eu sentia saudade de . Ele havia se tornado uma parte de mim. As palavras dele, a maneira como ele costumava me tratar e as nossas memórias. Mas, muito além disso, o jeito que ele fazia eu me sentir.

-


Fazia cinco semanas que eu havia descoberto a gravidez. Segundo o médico, eu estava grávida de oito semanas. Minha barriga ainda não tinha crescido quase nada, o que contribuía para que eu ainda duvidasse da realidade da situação.
Alguns dias eram mais difíceis que os outros. Às vezes, apenas encarar o meu reflexo vestido no uniforme da lanchonete era o suficiente para que eu passasse a manhã tomando meu café junto às minhas lágrimas. Eram os dias em que eu me sentia incapaz e com medo do futuro.
Em outros, parecia que o pedacinho de vida dentro de mim me dava forças inimagináveis para acreditar que tudo ficaria bem. Assim como e Nate, é claro.
Aaron, como esperado, havia sumido. E eu tive que segurar algumas vezes para que ele não tentasse “acertar as contas” com o garoto.
... ele havia sido a grande surpresa. Eu esperava que Nate ficasse ao meu lado, mas desenvolvera uma espécie absurda de senso de proteção sob mim e o bebê que era quase engraçado de assistir.
- Não é estranho pensar que tem alguém crescendo dentro de você? – Ele passou os dedos suavemente pela minha barriga e eu tentei disfarçar o arrepio.
Ele estava sentado no sofá e minha cabeça repousava em seu colo. Ao menos uma vez por dia, ele me convencia de deitar e deixar minha barriga a mostra para que ele pudesse fazer carinho e conversar com o bebê. O que quer que isso significasse.
- Um pouco – sorri, observando o caminho que ele dedilhava em minha pele – Ouvi dizer que eles conseguem abrir os olhos e ver a luz do lado de fora da barriga. Acha que é verdade?
- Claro. Bebes são incríveis – ele disse, distraído, e eu tive vontade de apertá-lo – Já pensou em um nome?
- Não é muito cedo?
- Eu estava pensando em algo em homenagem ao tio – ele estufou o peito e eu não pude conter uma gargalhada.
- Você quer que eu dê o seu nome para o meu filho? – Lancei um olhar incrédulo em sua direção – E se for menina?
- Aí damos o seu.
- ... – ri mais uma vez, o repreendendo.
Nossos olhares se encontraram e eu me senti incapaz de desviar a atenção. O sorriso fixo nos lábios, claramente refletido nos dele, e uma sensação quase incontrolável de abraçá-lo e agradecer por tudo o que ele vinha fazendo por mim.

-


- Não consigo dormir, estou desconfortável e com fome. Então, por favor, pense duas vezes antes de fazer qualquer piada.
segurou uma risada e levantou as mãos em sinal de rendimento. Eu respondi com um sorriso amarelo e puxei a tigela de sucrilhos com leite que estava pronta em cima da bancada da cozinha.
- Ei!
- Não negue comida a uma mulher grávida – sem desfazer a cara de brava, dei uma enorme colherada.
- Nem pensei em fazer isso – ele riu mais uma vez, cruzando os braços e girando na cadeira para ficar de frente para mim – Só ia dizer que hoje você está mesmo com minha camiseta.
Dei um sorriso um tanto sem graça.
- Elas são maiores... São mais confortáveis que as de Nate.
E foi a vez dele sorrir.
Droga, . Por que você tinha que ser tão bonito?
E por que eu tinha que lembrar tão bem da reminiscência do seu gosto adocicado em meus lábios? Por que eu tinha que sentir falta dos seus dedos percorrendo meu corpo e conhecendo tão bem meus sentidos?
- Tudo bem – ele estendeu os braços e tirou a tigela da minha mão, apoiando-a novamente na bancada. Sem me dar tempo para pensar, colocou dos dedos na barra do tecido preto e me puxou para perto, me posicionando entre suas pernas – Caiu bem em você.
- ... – minha voz saiu em um fio. Talvez eu tenha esquecido de como respirar.
Sua mão deslizou para o meu rosto e seus dedos me envolveram em uma carícia suave e indescritivelmente gostosa.
- Você é tão linda... Caralho.
Prendi o lábio inferior com os dentes, com a certeza de que havia chamado sua atenção para ali.
Eu sabia o que ele estava pensando. Nós dois, juntos novamente?
Não seria prudente.
Mas seria delicioso.
- Não me olha assim... – fiz uma voz manhosa, inclinando a cabeça para o lado ao dedilhar seus ombros.
- O que estou fazendo? - E seus dedos continuaram, agora escorregando para o meu pescoço e me fazendo arfar.
- Você sabe.... Está me olhando daquele jeito que faz meu corpo inteiro gritar por você.
O sorriso atravessado recém formado em seus lábios me dizia que ele acabara de se transformar em puro desejo.
- E o que ele está dizendo?
- ... – minha voz quase falhou ao tentar ouvir minha consciência. - Seria um erro.
- Nunca fomos um erro.
- Parece tão simples colocando assim – coloquei minhas mãos sobre as suas, que agora apertavam suavemente minha cintura - Mas você sabe que não é verdade.
Ele me puxou um pouco mais pra perto de si, apoiando o rosto na curva de meu pescoço e causando todas aquelas deliciosas explosões de volúpia pelo meu corpo.
- O que seu corpo está dizendo, ? – O sussurro, absurdamente provocante, fez algo se mexer em meu ventre.
Fechando os olhos, respirei fundo. Era inútil tentar me convencer que não mexia comigo. Que não causava uma sensação arrebatadora em meu corpo; e, principalmente, em meus sentimentos.
E, céus, como era difícil lutar contra o que eu sentia.
- Que ele quer você. Seu toque... – segurei sua mão e a guiei até meu colo, encostando-a suavemente em minha pele – Seus beijos... – me inclinei levemente e rocei meus lábios no canto dos seus – Apenas você.
E então estávamos ali. Olhos nos olhos e corpo com corpo. Aquela sensação conhecida de nossas respirações se misturando e nossos corações, praticamente grudados, batendo em descompasso e sincronia.
Era sentimento puro.
Era perfeito como apenas eu e ele poderíamos ser.
E eu queria estender aquele momento para a eternidade. A ansiedade em saber se o gosto dele era como eu me lembrava. Se nossos lábios ainda se encaixavam perfeitamente. Se, depois de três anos, ainda conhecíamos os pontos extasiantes do corpo um do outro.
- Estou com medo – sussurrei, incapaz de desviar o olhar.
Mais palavras não eram necessárias, ele entendia o que eu estava tentando dizer. O medo não era só do que podia acontecer entre nós naquele momento; e sim do que minha vida estava prestes a se tornar.
- Eu prometo, vai ficar tudo vem. Estou aqui. Sempre estive e sempre estarei.
O encontro dos nossos lábios veio com um misto de saudade e felicidade. E ele era tão doce quanto eu lembrava. Seus lábios escorregavam nos meus com a maciez de sempre e era quase como se o tempo não tivesse passado. Suas mãos apertavam minha cintura, me puxando mais e mais contra seu corpo, como se quisesse nos fundir em um só.
Gostaria de dizer que clareei minha mente e apenas aproveitei a colisão de toques e almas que a tempos eu ansiava. Mas fora impossível não pensar no quanto aquilo era novo e familiar ao mesmo tempo. Como eu e , hoje, éramos outras pessoas.
E mais significativo do que aquele beijo fora o sorriso sincero que transbordara dos seus lábios para os olhos assim que nossas bocas se separaram. Com as testas encostadas, os lábios quase grudados e a respiração acelerada, eu me senti no céu.
Era um daqueles pequenos momentos onde a ansiedade e todos os problemas desapareciam por alguns segundos e o tempo parecia congelar. Aquele momento em que você não pensa em nada, apenas vive de acordo com os sentimentos, tentando fazer com que aquela sensação fique para sempre gravada em seu corpo.
Era o jeito que fazia eu me sentir.
Era o cara que estava sempre ao meu lado, me confortando entre as tragédias e os triunfos. Era o cara que, apesar de estar sempre presente em minha vida, se juntava a mim no medo de admitir abertamente o que sentíamos um pelo outro.
Era o cara que me enlouquecia e me fazia mergulhar profundamente em todos os mais belos e conturbados sentimentos que eu mal sabia que existiam dentro mim.





Fim.



Nota da autora: : Oi, meninas! ♥
Eu não sabia muito bem como abordar a letra dessa música, pois o significado pode ser bem amplo, eis que estava assistindo Friends e a cena da Rachel insegura por estar grávida e fazendo o teste de gravidez me deu essa luz hahaha
Lana é a minha cantora preferida da vida e eu não poderia deixar de participar desse ficstape. É a terceira história minha em que o título se refere a alguma música dela e, com certeza não será a última hahaha. Aliás, as letras dela foram um incentivo enorme para eu começar a escrever.
Espero que tenham gostado de conhecer um pouco desse casal! Me contem aqui embaixo!
Beijos!







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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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