Capítulo Único
null olhava para seu reflexo no espelho e pensava “ Que raios é o amor?”.
E tudo por causa daquela noite de sexta-feira onde o time de futebol americano da universidade em que estudava iria jogar contra o time de outra grande faculdade. null não entendia absolutamente nada mas uma pessoa importante estava no time então ela sempre fazia questão de ir a seus jogos e treinos.
Terça-feira pela manhã
— Aí está minha pessoa favorita — null disse sorrindo ao ver a garota se aproximando do grupo de amigos.
— Onde? — ela respondeu olhando para trás fazendo com que ele desse risada.
— Engraçadinha — ele a abraçou pela cintura enquanto ela cercava os braços ao redor dele — você vai ao jogo hoje, certo?
— É claro que vou — ela respondeu sorrindo enquanto notava a sacola de papel em cima da mesa com seu uniforme extra dentro.
Ela sorriu por aquilo, ele amava quando ela usava suas blusas no jogo e por isso deveria ter trazido consigo, então ela sequer o questionou, apenas esperou com que ele entregasse no momento certo.
— Ótimo! — ele respondeu soltando ela de repente, parecendo ver algo mais interessante atrás dela, sua mudança de comportamento foi nítida, então null estranhou no mesmo momento.
E, não foi a única, já que os amigos de null também tinham diferentes expressões naquele momento.
— Aconteceu alguma coisa? — ela perguntou analisando sua expressão.
— Nada — ele disse de forma rápida — eu só — ele fez uma pausa pegando a sacola de papel em suas mãos — preciso resolver algo.
Ele se levantou de repente.
— Eu preciso mesmo ir agora — ele disse deixando um beijo leve em sua testa — nos falamos mais tarde ok? antes do jogo.
— Certo — ela sorriu não podendo dizer mais nada, já que ele se retirou em seguida atravessando o campo com rapidez até o prédio onde as aulas de ciências naturais acontecem, levando consigo a sacola de papel e uma null confusa junto de seus amigos.
Alguns confusos e outros nem tanto assim.
null soube que havia algo errado mas, ela sempre achou que não pudesse cobrar nada de null. Eles não tinham estabilizado um status de relacionamento entre eles, tinham em comum acordo que aproveitavam a companhia um do outro, de que gostavam de estarem perto e terem o tipo de relacionamento que casais teriam, mas ela nunca chegou a perguntar o que eram e muito menos ele chegou a dar indícios que também levantaria a questão, então ela apenas esperou.
null demonstrava carinho, demonstrava que o que eles tinham era único e de fato, ele sentia isso mesmo que o começo deles tivesse sido conturbado, vindo de uma possível guerra entre duas mentes inteligentes em aulas que criavam conflitos.
O que podia ser dito não é mesmo? o amor e o ódio andam lado a lado.
Mas null nunca admitiu que a amava, nem mesmo que gostava dela, mesmo que assim se sentisse. Aquele sentimento o assustava, ele não podia estar longe dela por muito tempo mas também, estar dependendo de seu beijo da sorte antes de cada jogo que tinham ou de até mesmo vela para se sentir corajoso o suficiente para guiar seu time — sendo o capitão — o assustava de forma absurda e por isso ele procurou se detrair de outras formas como trocando mensagens com uma das amigas de null que vivia dando conselhos duvidosos sobre como ele deveria se sentir.
Era errado — ou não já que eles não haviam se proibido de coisas assim — ele sabia que algo poderia sair mal no final de tudo, mas ele precisava ter certeza que toda aquela dinâmica não passava de um caso de atração física por conta do tipo de relação que tinham antes, ele precisava entender seus próprios sentimentos e sim, por ser uma pessoa inteligente, ele sabia que aquela não era a maneira mais racional de fazer isso. Mas ele viu a oportunidade e não pensou necessariamente nas consequências.
A questão era que null havia sido deixada no escuro com tudo isso, apenas sabendo disso mais tarde antes de sair da universidade e se dirigir a sua casa para terminar suas lições e se arrumar para o jogo. Naquele dia por algum motivo ela havia esquecido seu livro para estudar uma das matérias que teria provas naquela semana então retornou do seu carro aos armários para pegá-lo.
— Vou vestir a camisa dele hoje — o riso de ambas pessoas eram conhecidos, null estava pronta para fechar seu armário e entrar na conversa para fazer alguma brincadeirinha mas ouviu seu nome ser citado no momento, se calando na mesma hora para escutar — Quero ver a cara de null quando ela descobrir, quer dizer, eu me sentiria mal se estivesse no lugar dela. Fui uma ótima amiga todos esses anos mas eu não aguento mais sempre estar na sombra dela — ela sentiu a pontada em seu peito por escutar aquelas palavras — primeiro o clube, depois o insuportável amor dos professores por ela e aquela aura angelical que ela exala por ajudar o projeto de tutoria e agora null? ela acha mesmo que eu deixaria com que ela ficasse com o melhor quando eu tentei por anos? Ela sequer é uma boa pessoa, muito superestimada e se presta a ter aquele tipo de relacionamento com ele, que obviamente apenas a usou para chegar em mim.
— Deve ser por aquele motivo, sabe? Ela é muito pobre e por isso se presta a essas coisas já que manter esse tipo de relacionamento com o capitão do time traria seus benefícios, obviamente ninguém se meteria com ela e o mesmo para ele — a outra voz conhecida mas não familiar disse.
— Será que ela está chantageando ele? — a outra disse colocando a sua mão sobre a boca em expressão de choque.
— Ela não teria te contado se estivesse fazendo algo assim? — a outra perguntou — será que ela fez um acordo com ele sobre ensinar a ele matérias que ele estava com dificuldade e ela podia andar com ele e seus amigos.
— Eu escutei rumores de que ele estava quase reprovando em uma das matérias — a que supostamente deveria ser a melhor amiga de null disse.
— Eu apenas sei que nós conversamos a algum tempo, o suficiente para saber que ele não sente nada por ela, ou, pelo menos que eu posso ser uma relação estável e melhor — null soltou um grito baixo animado que fez com que null sorrisse amargamente — acho que hoje é a noite que tudo muda — null comentou — ele vai me ver com aquele uniforme carregando o nome dele enquanto nós torcemos e vai perceber que ela precisa cair na real, que ele precisa se afastar dela o mais rápido possível e vim para os meus braços. Afinal, foi ele quem me escolheu para usar o uniforme dele hoje, poderia ser qualquer pessoa, mas ele me escolheu.
Realmente doía escutar aquelas palavras e não poder retrucar apenas piorava a situação. Ela já havia escutado coisas parecidas, mas vindo de null sua melhor amiga e null alguém que conhecia vagamente fazia com que a situação se escalasse a mil dentro de si, ainda mais quando ouviu sobre a camisa do time de null.
Tudo fazia sentido se ela pensasse que ele agia estranho de duas semanas para aquele dia e principalmente pelo fato dos amigos dele que também haviam se tornado seus amigos estarem mais sensíveis e cuidadosos com ela.
Eles sabiam e outra vez, ela não poderia cobrar ninguém, eles não pertenciam um ao outro em nenhuma forma e de qualquer maneira, os amigos de null seguiam sendo amigos dele. Então ela decidiu aplicar a melhor coisa naquele momento, o famoso “gosthing”. Já havia feito isso antes, exatamente por conta disso não costumava se envolver romanticamente com pessoas como null, mundos diferentes, personalidades diferentes, focos diferentes.
Seu único arrependimento naquele momento era pensar que ele era diferente.
null fechou seu armário com força não ligando se null e null escutariam, percorreu o corredor principal com os olhos lacrimejando, no caminho se encontrando com null que foi em sua direção sorridente, mas, ela continuou andando, se movimentando apenas para enxugar a pequena lágrima que acabou escapando assim que o viu. null era uma das pessoas que null mais agradecia de ter em sua vida assim que começou a sair com os amigos de null, não queria pensar que talvez ele sabia de algo e simplesmente não a alertou, então por isso, resolveu que pensaria antes de realmente fazer algo a respeito.
Mas também se manteria longe.
Naquela noite, null não foi ao jogo e também naquela noite o time da faculdade havia perdido o jogo, algo que não acontecia a um bom tempo. O motivo sequer havia sido null e toda essa situação que descobriu sem querer, ela na verdade, por alguma razão do destino ficou doente — ou não — ficando dois dias seguidos sem aparecer na faculdade e literalmente ignorando mensagens e ligações de qualquer um que não fosse sua mãe ou as amigas de infância que moravam em outra cidade naquela época. Coisa que deixou não apenas null, mas todos seus amigos preocupados — com exceção de null que ficou irritada por não poder se exibir para a garota com o uniforme de null.
null foi inúmeras vezes ao seu apartamento, mandou mensagens antes de ir, ficava mais de uma hora esperando para que null aparecesse ou que ao menos abrisse a porta, mas nada acontecia, o silêncio dela o corroía. Claro que ele sabia que ela poderia saber sobre a história do uniforme — já que inúmeras notícias nas redes sociais da universidade apareceram comentando sobre o caso — mas ela sempre havia sido muito vocal com ele, com toda certeza ela o questionaria ou diria algo, mas não dessa vez, a única coisa que havia recebido era um gelo que não esperava.
E sim, aquilo machucava! mais do que se ela gritasse com ele, questionasse ou até mesmo avisasse que ela o estaria deixando.
Sexta-Feira pela manhã
— Bom dia professor, Kim! — null chegou na sala onde apenas o professor de literatura ocidental estava.
— Bom dia, null! — ele respondeu subindo o olhos do livro que lia enquanto esperava o horário da aula — você chegou cedo, tinha outras aulas antes dessa?
Ela negou com a cabeça.
— Eu precisava ver quais matérias tinha perdido nesses dois dias que não vim às aulas, então pensei em chegar um pouco mais cedo para estudar e fazer uma revisão — ela respondeu se sentando em uma das cadeiras do meio da sala.
— A senhorita perdeu matérias importantes para a prova que temos daqui duas semanas — ele disse arrumando seu óculos — posso saber o porquê da falta? Se você tiver uma boa desculpa eu posso dizer os exatos pontos para serem estudados.
null riu, o professor que estava nos seus sessenta anos sempre era amigável e tentava ajudar seus alunos da melhor forma possível.
— Eu estava doente, professor! — ela respondeu — não senti os sintomas na aula pela terça de manhã mas de noite não estava aguentando me levantar.
— Então agora sabemos o motivo do time ter pedido no jogo passado — ele comentou rindo e ela sorriu triste.
— Mas ainda que eu ache que esse “doente” teve um motivo a mais, vou ser bonzinho — ele respondeu — eu já tinha pedido para a representante de classe da minha turma fazer um resumo da matéria que nós tivemos nos últimos dois dias e ela me entrou ontem na parte da tarde — ele disse pegando uma pasta amarela de dentro de sua maleta — aqui, você pode levar para fazer cópias na secretaria a meu nome, assim não seja prejudicada nas próximas provas.
— O senhor realmente é um anjo — ela disse se levantando e indo em direção a ele rapidamente — não demorarei.
— Temos tempo até a aula começar, você pode ir agora — ele disse e ela imediatamente se virou para sair — ah, null — a chamou antes que saísse — você não deveria ligar para comentários maldosos ou rumores, converse com ele primeiro, seu senso de julgamento é melhor que boa parte dos meus alunos — ele disse rindo — você é uma garota inteligente e ele também por ter te escolhido.
Ela agradeceu com um sorriso tímido e saiu em direção a secretaria.
— null querida! — a bibliotecária que normalmente deixava com que null ajudasse em alguns afazeres disse se aproximando dela enquanto ela esperava que as cópias fossem feitas — como você está? Ouvi dizer que estava doente.
— Aposto que foi Annie quem contou — a garota disse se referindo a recepcionista a quem null levou seu atestado.
null realmente era alguém que tratava todos bem naquela universidade, sempre foi meio reclusa mas nunca deixou de ser simpática e educada. Por essa mesma razão a garota era conhecida por muitos na direção ou em outras salas e professores que nem mesmo tinha aulas.
— Eu estou bem — ela disse, assegurando que estava bem — foi apenas um resfriado inesperado.
— Resfriado inesperado — a mais velha comentou olhando por cima de seus óculos — você acha que eu sou boba? eu sei muito bem que você não está bem querida, você é forte mas eu sei que deve ter ficado surpresa com as notícias sobre o jogo.
— Quais notícias? sobre perdermos ou sobre null estar usando o uniforme reserva de null? — ela riu triste — eu realmente não estou dando a mínima nesse momento, Hally.
— Como não? — ela pergunta preocupada — sua melhor amiga e seu namorado?
— Esse é o problema — ela respondeu — ele não era meu namorado, eu realmente tenho o direito de cobrar alguém?
— Não era sobre nenhum dos dois motivos, mas sim sobre isso — ela disse mostrando o celular com a notícia nas redes sociais de fofocas anônimas da universidade, onde o primeiro post fixado tinha uma foto em que null e null se beijam escondidos na área dos armários.
null riu amarga, realmente não tinha visto aquela noticia que havia sido postada naquela mesma manha.
— Por isso ele parou de insistir — ela comentou consigo mesma.
— Aqui estão suas copias — a assistente da secretaria disse balançando a cabeça negativamente para Hally — não liga para ela, pode muito bem ter sido um mal entendido.
— Obrigado — null disse para as duas — eu tenho aula agora, preciso ir.
— Hally! — A garota escutou a assistente chamar atenção da outra que a olhou como se não entendesse o problema — você não deveria ter se intrometido, foi muito brusco, ainda mais que ela não sabia.
— Ela precisava saber, não fiz nada de ruim! — Hally respondeu vendo null se afastar — ela não merece uma traição dessas.
— Eu espero que eles se resolvam — a outra disse se juntando a Hally observando null se afastar.
null não chorou ou sequer esboçou alguma reação, ela apenas continuou seu caminho até a sala que estava antes, chegando quando já haviam alguns alunos separados pelo local.
Ela odiava a sensação de todos estarem olhando para ela, então apenas deixou as folhas que havia pego emprestado em cima da mesa do professor, agradeceu e se sentou em seu lugar colocando seus fones de ouvido enquanto lia o que estava em suas mãos.
Mas deixar com que null continuasse ignorando a existência de null e todos os outros em sua vida não estavam necessariamente nos planos de null, de seus amigos ou de null.
— Posso me sentar aqui? — null surgiu do nada e null apenas olhou para cima tirando seus fones esperando que ela repetisse — posso me sentar aqui?
null deu de ombros o que a surpreendeu já que ela sempre era amigável mesmo que não fossem próximas.
— Sinto muito — null começou dizendo com um pouco de desdém visível em seu tom, ela odiava ter que executar aquela parte do plano de null.
— Pelo que necessariamente? — null perguntou.
— Pelo que aconteceu com você e por null — ela disse segurando para não dar risada — eu nunca imaginei que null fosse desse feitio — ela comentou — eu em particular acho que nos daríamos muito melhor do que você e ela como amigas. Então se você quiser se distrair mais tarde nós podemos…
— Não, obrigada — null a cortou — não quero que você pense que eu sou pobre e por isso gosto de tirar proveitos das minhas amizades. Bom, isso se fossemos amigas — null concluiu rindo e null arregalou os olhos — com licença.
A garota se levantou e desceu alguns degraus passando por um dos amigos de null, null junto de outros dois também amigos dele.
— null! — ele disse segurando o braço dela com cuidado assim que viu que era a garota e também a cara fechada que trazia com suas coisas em mãos — tudo bem?
— Tudo, null — ela disse dando um passo para trás — estávamos preocupados com você, todos tentamos mandar mensagem, ir ao seu apartamento mas você não deu sinal de vida.
— É — Ela respondeu — eu estava doente.
— E você já está melhor? — ele perguntou olhando preocupado para a garota.
— Estou bem obrigada por perguntar, com licença, preciso arranjar um novo lugar, a aula já vai começar — ela respondeu.
Eles não sabiam sobre o que null andava pensando ou fazendo nos últimos dias, eles notaram que ele andava afastado e estranho, parecendo estar confuso e de fato todos do grupo de amigos se surpreenderam com a foto naquela manhã, mas não pela questão do uniforme, já que havia sido algo que eles foram avisados pelo próprio treinador. Tudo não passava de uma questão de publicidade, a direção disse que o clube de jornalismo da escola precisava fazer algumas fotos significativas do time e das torcedoras e como null era uma delas, eles imaginaram que null ter escolhido a garota por ser a melhor amiga de null na reunião era algo normal.
Mas não era, ou pelo menos, não parecia.
null por outro lado, no outro lado do campus estava querendo se esconder de todos que o cumprimentavam, aquela manhã estava uma loucura e na realidade a ansiedade de poder
ver null o mais rápido possível para se explicar era enorme.
Ele nunca havia sentido aquilo, uma angústia que era tão incontrolável.
null definitivamente era a primeira pessoa que fazia com que ele se sentisse nessa urgência de se explicar, algo que não acontecia nem mesmo com seus amigos com algum mal entendido como quando eles o questionaram sobre null.
— Finalmente te encontrei — a voz de null surgiu assim que null saiu da sala com suas coisas.
Todos do corredor olharam em sua direção, inclusive os professores que trocavam de salas, curiosos pela repentina atenção dos alunos nos dois em questão.
null fechou os olhos com força quando escutou a voz da garota, ele não queria ter que lidar com ela naquele momento, ele apenas queria ir para o prédio onde sabia que null estava saindo de sua aula de literatura naquele exato momento.
Mas ele não sabia que o professor Kim havia liberado a turma de null mais cedo, fazendo com que null e os outros seguissem null com os olhos cuidadosamente e guardassem suas coisas com rapidez para poderem ir atrás dela, que ia em direção ao mesmo prédio que null e null se encontravam.
— Eu estive te procurando desde o jogo — ela disse sorrindo — precisava te entregar isso.
Ela estendeu a mesma sacola com o uniforme reserva de null dentro.
— Limpinha como nova em folha e com um toque especial para você não sentir minha falta — ela disse mais baixa na última parte, sorrindo para o garoto que não esboçava emoção alguma.
— Escuta null — ele disse massageando as têmporas — eu sei que no começo pode ter parecido algo a mais, porém não passou…
— Oh! — ela exclamou olhando através dele, por cima de seu ombro — olha quem resolveu aparecer na escola.
null disse sorrindo de forma falsa fazendo com que null se virasse curioso para ver com quem ela falava.
— Você está melhor? — ela se aproximou — ouvi dizer que você estava doente, você não respondeu minhas mensagens.
— Preciso pegar minhas coisas, com licença — ela disse passando reto por null, apenas lançando um olhar para null que a esse ponto se encolhia.
— null — ele a chamou baixo indo atrás dela.
— Pelo visto você já ficou sabendo — a risada de null surgiu atrás de si chamando a atenção de todos ao seu redor e o parando em seus passos — eu achei que iria poder me divertir mais um pouco.
null parou de mexer em suas coisas e respirou fundo.
— Sabe, você não tem graça nenhuma — null continuou dizendo andando em direção a null que estava um pouco mais à frente — mas sabe o que é engraçado?
Ela caminhou e sussurrou.
— Você pensar que poderia ter tudo o que quisesse — null disse rindo — sinceramente, uma bolsa que pague todas as suas despesas aqui, boas notas, ser a queridinha dos professores, ter uma amiga como eu — ela se afastou — não era o suficiente para você né? Você tinha que tentar ganhar o coração do capitão do time principal desta universidade — null riu sarcástica — mesmo tendo noção de que você — ela respirou fundo de forma dramática — nunca seria suficiente.
O sangue de null ferveu.
As coisas que ela estava falando eram coisas que lhe havia contado em confiança, sobre não se sentir confiante, sobre não saber se era suficiente para as pessoas ao seu redor.
— null, nunca seria seu de qualquer modo — dessa vez ela disse sussurrando.
— Ele nunca foi, não é? — null se virou de repente e disse atraindo os olhares de todos ao redor.
— Assim como nada que você tem — null disse sorrindo — sua bolsa, seus amigos, null ou qualquer coisa que você tenha — null respirou fundo — você é bem conveniente de ser amiga, para ser sincera. Mas como eu já te disse antes, até seus pais pensaram que você não é o suficiente — a outra cruzou os braços rindo — ou que você conseguiria se manter aqui, sua mãe só voltou a falar com você porque provavelmente ficou com dó do quão solitária você deveria estar se sentindo. Se bem que ela não é muito melhor do que…
null deu um tapa no rosto de null no mesmo momento.
— Tudo bem você falar de mim já que o meu erro foi ter confiado em você — null disse — mas não deles.
null a encarou com pura raiva estampada em seu rosto junto da bochecha avermelhada e null pareceu voltar a respirar naquele momento atento com a situação que antes apenas observava, afinal, null sempre odiou que ele interferisse.
— Sua…— null avançou para cima de null desferindo um tapa em seu rosto e segurando seu cabelo com força em seguida — você pensou mesmo que iria se safar? Até parece que você não estava usando null como escudo, foi algum tipo de acordo? Ou melhor chantagem? É bem o seu feitio, você é podre, você sabe que eu cheguei primeiro…
— Já chega! — null disse fazendo com que null se assustasse — o que você pensa que está fazendo?
— Eu…— null soltou o cabelo da outra no mesmo momento — ela me ba…
— Você está bem? — ele disse se aproximando de null que tinha os olhos lacrimejando de raiva.
null levou sua mão com cuidado na cabeça da garota arrumando os fios de cabelo enquanto olhava em seus olhos, depois, acariciando sua bochecha que havia ficado com uma coloração pelo tapa.
— Está doendo muito? — ele disse ainda acariciando — me desculpa por isso, eu posso explicar.
— Eu só quero ir embora — ela disse baixo e ele enxugou as pequenas lágrimas que caiam de seu rosto.
— Tudo bem! — ele disse dando um beijo leve em sua testa — eu te levo, só espera por mim alguns minutos, certo? aqui — ele disse entregando a chave de seu carro — você pode ir colocando suas coisas no carro, Eu preciso resolver isso primeiro.
null se virou para null que parecia bem magoada com a situação e ver null saindo do lugar para sair do local apenas a enfureceu.
— Escuta null — null começou dizendo — quando eu comecei a perceber que realmente tinha sentimentos por null eu me apavorei e você se aproveitou disso, não te culpo por completo porque eu deveria ter conversado sobre isso com ela e não com você.
— O que? — ela disse olhando ao redor.
— Eu amo a null — ele disse de repente parando null em seus passos já perto do grupo de amigos que a recebia com olhares preocupados, principalmente null que se importava muito com a amiga — eu não me isento de culpa porque não deveria ter continuado em contato com você depois que você me disse que gostava de mim, mas quando eu tentei me afastar você foi quem tentou me chantagear e me forçar a qualquer custo estar com você — ele passou a mão de forma nervosa entre os fios de cabelo — a partir do momento em que eu deixei isso bem claro, você me obrigou a te escolher para usar o uniforme, você me encurralou para aquele beijo ridículo e eu não queria que null se envolvesse em confusão por causa da bolsa e porque seria um choque ela descobrir quem você realmente era assim do nada — ela piscou algumas vezes segurando o choro — null nos conhecemos a anos, antes mesmo de você e ela se tornarem amigas, você sabe muito bem que a única pessoa com quem eu realmente me envolvi foi a null e como isso me assustou de início, ela é doce, inteligente, retruca tudo o que eu falava mas aulas, é amiga de cada um dos meus amigos, tenta ajudar quem precisa sempre que pode, ela é incrível — ele respirou fundo — ela é tudo e mais um pouco do que eu poderia pedir em uma pessoa e eu fui extremamente estupido por deixar minhas inseguranças ou não sei como se chamaria isso, medo talvez? — ele riu cabisbaixo olhando para o lado, onde null ainda estava parada observando a cena — me afastarem dela de pouco em pouco colocando-a em tamanha situação.
— null, não! — null protestou choramingando — ela só está te usando, é óbvio, só você não vê — a garota estava extasiada com o que estava acontecendo — eu vi, eu — ela gaguejou — ela estava em um café com null — ela se aproximou do colega que tinha null escondida atrás de si — eles estavam rindo e se encontrando pelas suas costas — pegou o celular com rapidez do bolso mostrando a foto onde null ria sentada ao lado de null mostrando algo em seu celular enquanto dividiam o fone de ouvido em um café — viu? como você vai explicar isso, anda null — ela disse se aproximando da garota que foi trazida mais para trás de null e null.
Então ela ouviu uma risada cínica vinda de null e aquilo o quebrou.
— Você ao menos analisou a foto antes? — ele perguntou.
— Esse — ele apontou para o celular nas mãos de null na foto — é o meu celular, tem uma foto dela e de null atrás se você nunca notou — ele mostrou o celular sendo tirado do bolso mostrando a foto de null e seu próprio cachorro — eu havia saído para buscar as coisas que íamos comer já que perdi a aposta de qual dos nomes seria chamado primeiro o que me fez ir buscá-los sozinho, enquanto eles viam um vídeo de Maeumi no meu celular.
— Certo, isso foi na segunda-feira passada — null se pronunciou — logo após null buscar as coisas null chegou com os outros — ele disse tirando o próprio celular do bolso — aqui, nós tiramos essa foto com todos no mesmo dia.
A foto no bloqueio de tela continha o grupo de amigos junto de null e null que faziam caretas para a foto. Um pouco antes disso null já tinha suspeitas de que tudo que queria era entender seus sentimentos por null, ele não queria machucá-la de forma alguma e muito menos arriscar o que eles tinham.
Foi o mesmo dia em que null lhe enviou uma mensagem pedindo-lhe um favor.
— null não…— ela tentou dizer mas ele apenas balançou a cabeça negativamente.
— Por favor, null — ele disse ficando em silêncio em seguida fazendo ela engolir em seco todas as mentiras que pretendia dizer — apenas deixe null, meus amigos e principalmente eu, em paz.
Ele caminhou em direção a null pedindo desculpa aos professores que assistiam curiosos e estarrecidos com o que havia ocorrido, com o olhar. Professor Kim que também chegou a ver o que aconteceu apenas disse silenciosamente para que eles saíssem dali e foi o que null fez sendo seguido por seu grupo de amigos.
— A gente se vê depois — null disse assim que eles chegaram ao estacionamento — fica bem!
— É bom você cuidar dela, null — null disse dando tapinhas no ombro do amigo — não estraga tudo outra vez.
— Não vou — ele disse mostrando um sorriso cabisbaixo para os amigos.
Todos os amigos se despediram e seguiram juntos até o campo de treinamento.
— null — ele a chamou baixinho, vendo que a garota encarava o chão — null, você pode olhar para mim por um momento?
Ela subiu o olhar aos olhos dele e suspirou.
— Escuta eu errei, não vou me ausentar de algo que realmente tive culpa — ele segurou o rosto da garota com as duas mãos — mas não vou deixar com que a gente se deixe levar por algo assim, aquele beijo não foi real, foi algo armado eu nunca faria isso com você. O uniforme também foi algo que ela já sabia que aconteceria, ela me disse que faria a sua cabeça a todo custo se eu não escolhesse ela para usar o uniforme — ele passou uma das mãos de forma nervosa no cabelo — eu fiquei com tanto medo de você entender tudo errado, de você não querer mais me ver ou conversar comigo se ela te falasse algo, fiquei com tanto medo de você não acreditar em mim que eu sequer pensei direito — ele disse juntando suas testas — eu fiquei com medo de te perder null, eu juro que foi a coisa mais irracional da minha vida.
— Eu não posso te cobrar de nada, null — ela respondeu com os olhos lacrimejando — nós nunca tivemos nada sério, certo? E no primeiro pensamento fora do lugar você recorreu a outra pessoa.
Ela ainda estava chateada com a situação então tudo o que queria fazer era sair dali o mais rápido possível.
— Eu estava confuso — ele disse mais alto, fazendo ela parar no meio do caminho — não sobre nós ou o que eu sinto — ele riu de forma nasal — mas sobre ser o suficiente para você, sobre merecer você, eu — ele engoliu seco antes de continuar — eu não queria te machucar.
— Machucar? — ela questionou.
— Sim — ele afirmou — nós começamos com o pé esquerdo, eu já te vi passar mal de estresse por coisas que nós discutíamos sem motivo, eu já te deixei desconfortável antes, essa foi uma das maiores razões para eu parar com essa nossa relação de cão e gato que existia. Quando nos aproximamos, quando eu me desculpei pelas coisas que eu disse sem pensar naquela época algo mudou — ele suspirou — eu jurei que nunca mais ia te machucar e bom, quando eu percebi que na realidade eu te amava, o que foi logo após a festa do null quando nós realmente nos envolvemos, eu fiquei com medo.
Ele deu uns passos à frente.
— Eu fiquei com medo desse sentimento louco que você me faz sentir — ele sorriu — você null — ele mais uma vez segurou seu rosto com cuidado e amor — não sai da minha mente por nada. Quando eu tenho um jogo parece que preciso de você lá para me dar ânimo, seu beijo é como amuleto da sorte e você é a única que eu sinto a urgência de ver assim que a partida termina — ele colou seus narizes — você é familiar null, você é lar.
null na realidade não sabia como reagir aquilo, mas seu coração pulsava rapidamente, ela sequer sabia que desejava escutar aquilo a um tempo.
— Você não precisa conversar comigo, não agora pelo menos — ele disse dessa vez envolvendo ela em um abraço terno — só de já ter me ouvido é o suficiente, era tudo que eu precisava, eu sou grato por ter tido a oportunidade ao menos.
— Você deveria ter conversado diretamente comigo sobre isso — ela respondeu amolecendo em seu abraço, fazendo com que o coração dele acelerasse pelo seu tom de voz.
— Eu sei, meu amor! — ele disse baixinho abraçando-a um pouco mais forte — eu não queria te machucar e acabei fazendo isso de qualquer forma. Mas agora eu só posso pedir pelo seu perdão e tentar te compensar da melhor forma possível.
— Nós ainda vamos precisar conversar sobre isso — ela o alertou — eu não te perdoei totalmente.
— Claro que sim — ele respondeu se afastando um pouco — e você não precisa me perdoar tão cedo, eu vou dar o meu melhor para recuperar sua confiança e finalmente te ter como minha pessoa.
— Sua pessoa? — ela o questionou.
— Sim — ele balançou a cabeça positivamente — pelo menos eu espero que você pelo menos tenha em mente que eu penso sério sobre a gente e que eu posso esperar o tempo que for possível para que você seja minha pessoa, minha namorada.
— Você está me pedindo em namoro, null? — ela perguntou arqueando a sobrancelha.
— Se você aceitar sim, se não aceitar, também — ele respondeu rindo.
— Talvez se eu receber um bubble tea de taro em mãos e uma maratona de filmes de terror nas próximas horas — ela disse rindo — eu possa pensar no seu caso.
— Me lembre o motivo de você gostar de filmes de terror e eu saber disso e ainda sim querer te namorar, por favor? — ele brincou.
— Porque você odeia, é óbvio! — ela respondeu rindo enquanto ele revirava os olhos.
— Se um dia eu enlouquecer a culpa será totalmente sua — ele disse, roubando um selinho beijo da garota que riu escondendo seu rosto na curva do pescoço dele.
FIM
Nota da autora: Gente pelo amor de deus era para ser uma fic mais curta mas esse pp atormentou minha menteeee! Eu to triste demais com esses dois e confesso, odeio essa talarica da ex bff da pp, me subiu um ranço horrivel!!!! enfim, espero que tenham gostado e que deixem um comentario me dizendo o que acharam na caixinha do link ali embaixo.
Xoxo Caleonis <3
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Nota da Scripter: Essa fanfic é de total responsabilidade da autora, apenas faço o script. Qualquer erro, somente no e-mail.
Xoxo Caleonis <3
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