Última atualização: 20/10/2021

Capítulo Único

Em algum lugar do que já foi a Coreia do Sul, ano de 3210



Myu, em cima da pequena caixa de madeira que ela se encontrava, prestava atenção em cada palavra que sua mãe pronunciava; as pessoas a sua frente pareciam fazer o mesmo. A garota, apesar de ser nova, já entendia muitas das coisas que estavam para serem explicadas ali. Crescera nesse mundo onde decisões importantes precisavam ser tomadas todos os dias; era como uma rotina, na qual um erro os colocava em um prejuízo enorme de comida, água ou qualquer outra coisa importante. Myu sentia que sua figura materna já estava cansada daquilo tudo, de como tudo parecia ficar cada vez pior.
A garota não havia presenciado, mas escutava histórias diariamente sobre como o fim do mundo havia sido. As pessoas passavam aquelas histórias por gerações e, de tudo que ela escutava, só ficava o sentimento de surpresa por ainda restarem sobreviventes. Esses eram divididos em diversas tribos pelo mundo - não tinha como ter o reconhecimento de todas, eles sabiam da própria e das que ficavam mais próximas. E era uma delas que estava causando todo o alvoroço no pequeno povoado de Myu. Um informante disse que uma tribo estava se aproximando e que as intenções daquele povo não eram nada amigáveis. Isso os fazia pensar o que era melhor a se fazer: ficar onde estavam onde tinham desenvolvido uma certa estabilidade ou se aventurar pelo mundo atrás de um novo lugar para chamar de lar. Em ambos os casos existiam perigos e as duas opções implicavam neles enfrentando inimigos.
Myu se levantou silenciosamente, passou por onde sua mãe se encontrava adormecida - finalmente, depois daquele dia caótico -, saiu do complexo de barracas e seguiu pelo pequeno caminho escondido na areia. Ela era uma exploradora, sempre fora assim por onde passavam; havia descoberto aquele lugar ali perto três noites atrás e sua curiosidade tinha se aflorado. Myu abriu a porta velha de metal, fazendo um rangido que se tivesse alguém por perto com certeza teria escutado. Já tinha vasculhado grande parte da frente do local, mas estava criando coragem para seguir até a porta que se encontrava aos fundos. A menina conseguia ter uma visão boa de tudo que tinha ali: havia janelas que deixavam a luz da lua entrar, lhe permitindo enxergar a sua frente.
Cinco minutos depois, decidiu por criar coragem e seguir em direção à porta, depois de se encontrar entediada em mexer nas mesmas coisas que já havia vasculhado bastante nos dias anteriores. Myu foi andando devagar, segurando com força suas roupas rasgadas. “Exploradores tem medo às vezes também”, era o que ela repetia para si mesma até chegar em frente à entrada. A menina colocou a cabeça dentro do local, dando um olhar geral - com toda certeza, ali estava muito mais escuro do que o restante do local. Suspirou duas vezes antes de colocar o corpo todo na nova sala de uma vez. Ela esbarrava em várias coisas, sem saber ao certo o que eram cada uma delas; não sabia a quantos segundos estava dentro do novo local quando a luz do objeto que ela tinha recém esbarrado iluminou uma parte do chão a sua frente.
As vozes começaram a soar do aparelho não totalmente conhecido pela garota; um conjunto de papéis se encontrava embaixo do objeto retangular, esses formavam um tipo de livro desgastado pelo tempo. Continham dentro deles fotos de garotos, que, pelas feições, pareciam ser daquele lugar como ela, mas de épocas completamente diferentes. Myu começou a folhear, completamente vidrada e interessada no conteúdo presente ali. Só desviou seu olhar quando as vozes desconexas, saindo do eletrônico, foram substituídas por uma melodia.
A melodia era calma, não como algumas músicas clássicas que alguém do seu povo havia lhe mostrado, mas assim calma, o tipo de calmaria para ainda transmitir paz. A primeira voz que soou era mais puxada para o agudo e ela prestava atenção em cada pequena palavra pronunciada. O idioma era o mesmo falado por ela e sua mãe, elas aprenderam outros com o passar do tempo, mas aquele sua mãe chamava de “idioma de nascença” delas. Era bom escutar ele assim, junto com uma música de fundo.
A canção ecoava alto por todo o lugar; eram sete garotos, pelo o que ela conseguira identificar. A letra falava sobre se sentir sobrecarregado, mas dizia que no final você iria ser feliz. A música falava também sobro logo ser meia noite e ela sorriu com a coincidência quando olhou o seu relógio e percebeu que ali, no contexto real, também logo seria o início de outro dia.
A música trouxe à tona as coisas que a estavam assombrando nos últimos dias e toda preocupação em volta da sua mãe. As coisas pronunciadas lhe faziam refletir sobre tudo, mas também lhe traziam um sentimento de conforto e, no meio daquela reflexão, ela decidiu o que queria fazer.
Myu levantou, saiu correndo em direção ao lugar que estava antes. Correu pela trilha e, sem se importar, chegou gritando quando já estava perto da barraca que dividia com sua mãe e onde a mulher já se encontrava dormindo. A mais velha acabou acordando com os falares altos da sua filha, preocupada que algo grave poderia estar acontecendo, já que a garota não estava ao seu lado na cama e falava alto o suficiente para acordar todo mundo ao redor. Saiu desnorteada do seu local de repouso, já apalpando a filha inteira para saber se algo estava machucado. “Mãe, está tudo bem”, Myu repetia, mas ela parecia não escutar a garota de quatorze anos.

— Está tudo bem, sério. – Ela disse, segurando suas mãos.
— Por que chegou desse jeito? Onde você estava? – Sua mãe ainda esboçava uma feição preocupada.
— Isso não é importante, o importante é que agora eu tenho certeza.
— Certeza do que, filha?
— Que devemos ter coragem e arriscar.

Seu sorriso mostrava confiança, sensação essa que acalmou um pouco mais o coração da sua figura responsável em frente.
Antes que sua mãe pudesse responder, ela continuou:

— Arriscar sair mundo a fora, arriscar tudo em buscar de um novo lugar, porque hoje eu arrisquei e conheci uma coisa muito boa. – Ela sorriu, se lembrando das sensações que os sete garotos produziram nela com sua música.
— Você é mesmo uma garota de ouro, Myu.

O abraço foi dado no final, com uma reconfortando a outra com os tempos difíceis que estavam por vir, mas Myu estava certa de que elas deveriam arriscar tudo. Sua líder e mãe só estava precisando que alguém dissesse isso para ela em voz alta e ficava feliz que tivesse sido sua filha.
A menina de quatorze anos olhou seu relógio e viu os ponteiros se juntarem, indicando que era meia noite. Ela sabia que no final de tudo elas iam ser felizes de qualquer forma; estava decidida a saber mais sobre aquele grupo de meninos no futuro, mas, naquela noite, Myu só conseguiu ser grata por eles terem entrado na sua vida, e terem entrado e encontrado ela na hora certa.




Fim!



Nota da autora: Oiiii gente, tudo bem? O que falar dessa música? Confesso que quando comecei a escutar BTS eu pulava Zero O’Clock (a Ingênua) hoje é uma das minhas músicas favoritas <3 Espero que vocês tenham gostado de ler como eu gostei de escrever <3 Muto obrigada quem leu até aqui, a gente se vê em breve <3 😊
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Nota da Beta: Que história mais gostosa de ler! A gente explorou e sentiu junto com a Myu e foi uma delícia! Torcendo por ela e pela mãe, tenho certeza de que elas ainda viverão diversas aventuras <3
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