Última atualização: 09/04/2018

Capítulo Único

Hey!
Feliz um ano do dia que nos vimos pela primeira vez, meu amor!
Queria que estivéssemos juntos para comemorar... Faz parte, né?
A Dinamarca é linda, mas estou sentindo sua falta. Te ligo mais tarde.
Amo você!
xx


sorriu para o papelzinho em suas mãos. O cartão e as flores (orquídeas, suas favoritas) que tinha recebido eram um ótimo jeito de começar a manhã. Levantou os olhos tentando se lembrar que dia do mês era. Chegava a ser irônico que ele se lembrasse e ela não. Um ano atrás, era ela quem fazia contagem regressiva para a data!
Releu o bilhete e deu uma risadinha: “... o dia que >nos< vimos pela primeira vez”. Não havia sido a primeira vez que o vira. Tinha ido a alguns dos shows de antes disso; tinha o visto por anos pela tela do seu celular e até ao vivo e a cores algumas vezes, passando por ela em um carro de vidro com insulfilm. Inalcançável.
De repente, foi transportada de volta para a van preta que atravessava Londres em direção ao prestigioso campo de golfe Wentworth. e muito possivelmente tinham memórias diferentes daquele dia.

Flashback
“Você espera aqui um minutinho, ok?” Uma moça gentil disse a ela, deixando sozinha na salinha daquele lugar que mais parecia um castelo.
Ela respirou fundo tentando se acalmar. Era a primeira vez que o veria de tão perto, que falaria com ele. Tossiu e limpou a garganta, se certificando que sua voz não sairia estranha quando conversassem.
E então seu coração parou. Ouviu passos e vozes vindos do corredor. E aquela risada inconfundível. Endireitou-se e tentou desamassar a camisa que usava.
3, 2, 1… De repente seu corpo todo reagia a presença dele ali. O coração na boca, as mãos suando. Como alguém que não era um vampiro de livro podia brilhar? Ou ter olhos tão bonitos? Ou ficar tão atraente em vestimentas tão obsoletas, como as de jogar golfe? Como?
Mas lá estava provando que tudo isso era possível, mesmo que não houvesse explicação.
“Oi!” Ele andou na direção dela sorridente, a mão esticada para frente para cumprimentá-la. queria um abraço, mas manteria a pose enquanto fosse possível. “Eu sou o !”
É claro que era. Ela era capaz de reconhecê-lo no escuro, estando sentada no pior lugar da casa de show; como não o reconheceria ali bem em sua frente?
“Oi, sou a !” Respondeu. A voz saindo fraquinha e tão diferente da confiança que tinha pretendido.
Ele apertou sua mão ainda sorrindo.
“É um prazer, ! Está um dia ótimo para golfe!” disse. “Você já jogou alguma vez? Tem alguma noção do jogo?”
fez que não com a cabeça, sem jeito.
“Não, nunca joguei… Mas eu sei quem é Tiger Woods, serve?”
Ele riu.
“Já é alguma coisa…” olhou em volta para as outras pessoas na sala, em busca de instruções. “E então? Podemos ir?”
Conhecer fãs era algo corriqueiro para , às vezes quase automático. Sorrir, ouvir o que elas tinham a dizer, sorrir, tirar uma foto, abraçar, sorrir. Normalmente não durava mais do que um minuto.
Porém, não estava acostumado ao tipo de encontro longo daquele dia. Apesar disso, tinha aceitado fazer parte principalmente por ser uma causa que valia a pena: “Doe para o Hospital da Criança com Câncer e concorra a uma tarde jogando golfe com !”. Estava sempre disposto a ajudar como pudesse.
Enquanto a van o levava para Wentworth, tudo o que tinha na cabeça era que pelo menos seria uma tarde jogando golfe e nada poderia ser tão ruim se estivesse jogando golfe. E, com alguma sorte, sua companhia seria uma fã agradável.
Já apresentados formalmente, os dois agora caminhavam lado a lado em direção ao primeiro buraco e pensou que tinha mesmo se dado bem. A garota devia estar na casa dos 20 anos e apesar de tímida, parecia ser bem tranquila. Não deveria ser de todo mal passar a tarde com ela.
“Você é de onde?” Perguntou.
“York.” respondeu, ainda parecendo um pouco travada.
“Ah sim, foi o que imaginei por causa do seu…”
“sotaque.” Disseram em uníssono e riram.
“Sim.” Ela falou. “Tenho um sotaque yorkshire bem carregado.”
“E está morando em Londres? Por que tão longe de casa?”
"Faço faculdade de Bioquímica na Imperial College."
Ele levantou as sobrancelhas espantado.
"Wow! A Imperial é uma ótima universidade, não é?"
fez que sim com a cabeça.
"É sim! Gosto muito de lá."
"E por que bioquímica?"
Pela primeira vez, ela pareceu acesa por dentro. Os olhos brilhando de uma forma bonita.
"Meu avô tinha uma farmácia em York. Eu costumava passar as tardes lá, quando saía da escola. Ele estava sempre me ensinando algo sobre os medicamentos, é um senhor muito inteligente! Acho que a experiência ficou comigo... E essa fascinação por componentes químicos, reações..." Contou, dando de ombros.
Por que estava falando de seu avô e a farmácia da família para ? Seu cérebro parecia ter abandonado o barco e a deixado no modo aleatório.
No entanto, por algum motivo, o assunto pareceu interessá-lo.
"É mesmo? Sabe de uma coisa, tinha essa farmácia na minha cidade natal, que eu morria de medo de entrar! Acho que em algum momento da minha infância devem ter me aplicado uma injeção lá. De qualquer forma, ela tinha esse cheiro característico e toda vez que eu sinto, ainda hoje, me dá um certo tremor, como se eu ainda estivesse prestes a receber uma picada ou um remédio com gosto de chulé." Tagarelou.
Ela riu e se deu conta que estava ouvindo falar de sua infância. Os dois estavam conversando normalmente como se a situação não fosse tão... Atípica.
Agradeceu seu cérebro por voltar à vida e pensar em algo legal para dizer.
“O lugar do cérebro onde os cheiros são decodificados fica muito perto das áreas responsáveis pelas memórias e pelas emoções. Os neurocientistas acreditam que é por isso que a memória olfativa é algo tão forte.”
"Sério? Isso explica muita coisa. Às vezes você sente um cheiro e parece até uma visão da Raven para trás, de tão vívido!"
Ela concordou com a cabeça, empolgada.
“Sim! Pensei o mesmo quando li sobre isso!” Respondeu.
estava genuinamente impressionado com . Ela não era só agradável; era inteligente, meiga e muito interessante também. Falaram sobre memória e a série que ambos estavam acompanhando. Sobre como ele era apaixonado por astronomia e ela por aeronaves. Música, Londres e suas cidades natais... De repente a melhor parte do dia nem era jogar golfe!
Tinha dito para si mesmo que, se a garota fosse um porre, pelo menos teria que fazer silêncio e se concentrar durante o jogo, mas a verdade era que agora não conseguiam calar a boca!
era espirituosa, tinha um senso de humor parecido com o seu e em determinado momento ambos riam tão alto, que dois senhores jogando golfe por perto se viraram com olhares zangados, repreendendo-os.
A equipe que os acompanhava, pessoas do time dele e representantes da promoção, eram figuras meramente ilustrativas. até tinha combinado uma palavra chave para que pudesse ser salvo se estivesse morrendo de tédio, mas nunca chegou a usá-la.
E era bem verdade que nunca seria um grande nome no golfe, mas o deixava feliz ver que ela ao menos estava tentando.
"Talvez eu seja melhor em boliche... Ou futebol..." Ela falou, depois de arrancar mais um tufo de grama ao errar a bolinha.
"É. Talvez tenha algo a ver com o tamanho da bola..." sugeriu, prendendo a risada e ajudando-a a colocar o pedaço de volta. Alguém de sua equipe apontou para o relógio. "Hm... . Acho que nosso tempo aqui acabou..." Ele falou, soando tão decepcionado quanto realmente estava.
"Aaah..." Ela fez, mandando pela primeira vez a postura à merda. Tinha passado tão rápido! "Bom, pelo menos o campo agradece."
Ele riu mais uma vez.
"Essa foi uma das minhas vezes favoritas aqui em Wentworth." confessou.
achou fofo, mas não acreditou muito. Parecia uma daquelas balelas que artistas dizem em todas as cidades que tocam: "Esse foi meu show favorito da turnê!".
"Me desculpe por ser tão ruim! Nem deve ter tido graça para você." Ela disse.
Estava tão enganada!
"É questão de prática."
Os dois guardaram os tacos e a moça gentil apareceu de novo, pedindo que eles posassem para algumas fotos. De volta à Terra, onde eram fã e ídolo.
O que aconteceu a seguir veio a em um impulso. Ele queria vê-la de novo. Naquele momento, não era nada romântico ou com segundas intenções… Só tinha conhecido alguém legal com quem queria voltar a conversar.
, você tem ingressos para o show de amanhã?” Ele faria o último show da turnê em Londres no dia seguinte.
“Tenho sim!” Respondeu animada. “Mal posso esperar, para ser sincera.”
Já que era para ser fã…
“Um bom lugar?” perguntou. Seu time já o olhava impaciente, esperando que ele terminasse logo com aquilo.
pareceu um pouco sem graça. Tinha perdido a hora para comprar os ingressos, sua cadeira era quase fora da arena.
“Hm… Não. Mas tudo bem, eu…”
Mas ele já estava balançando a cabeça.
“Não, passa esse ingresso para frente! Você vai ser minha convidada. Melhor lugar da casa e eu vou ver se convenço o pessoal a te deixar assistir a passagem de som.” Falou, piscando para ela e segurando seu braço. A perna da garota fraquejou um pouco diante do gesto.
Aquilo estava mesmo acontecendo?
“Ah meu Deus! Muito obrigada, , obrigada mesmo!” Dessa vez não tentou parecer descolada. Foi na direção dele para dar o abraço que estava desejando dar desde o primeiro momento. Ele sorriu e a apertou em seus braços. O melhor abraço de todos!
“Vou pedir para alguém pegar seus dados.” Falou, ainda muito próximo dela. “Foi um prazer conhecer você!
”Foi… Incrível! Muito obrigada mesmo!” respondeu, os olhos brilhando.
As pessoas ao redor deles começaram a se mover para encaminhá-los a seus devidos carros e de volta para suas vidinhas.
“Te vejo amanhã.” falou, acenando para ela por cima dos ombros. “Tchau, !”
Seu nome soava tão gostoso na voz dele!
E assim, do mesmo jeito que tinha começado… Acabou. Ele desapareceu para dentro da grande construção que parecia um castelo, a atenção já sendo pescada por outra pessoa.
De volta à van preta, ela mal podia acreditar na sua própria sorte. Ia e vinha nas fotos que tinha tirado com ele, sorrindo de volta para sua eu fotográfica que parecia não conseguir se conter de felicidade. sorria também. Tinha a cabeça tombada para o lado, tocando a dela, em uma das fotos. A sua favorita.
Se alguém naquele dia tivesse dito a que aquela mesma foto estaria em um porta retratos na sala de seis meses depois, ela soltaria a maior gargalhada do mundo e pediria o nome da fanfic para poder ler também. Coisas assim não aconteciam com pessoas como ela na vida real.
Mesmo as borboletas no estômago que sentia ao pensar no dia seguinte não eram nada mais do que a ansiedade por saber que veria seu artista favorito de novo, fazendo o que ele fazia de melhor. Tinha achado doce o convite dele para o show, mas pensou ser meramente um cantor sendo bacana com um fã, devia fazer parte do protocolo.
Seu celular vibrou.
Conta tudo!” Era Norah, sua companheira de casa e melhor amiga. “Ele é cheiroso?
sorriu e começou a responder a mensagem prometendo contar tudo com detalhes quando chegasse. Enviou também a foto, porque sabia que Norah a apreciaria tanto quanto ela.
Que casal!” Foi a resposta. Que era profética, mas ninguém ainda sabia disso.
Fim do Flashback

colocou o vaso com as flores que havia ganhado na mesinha de centro da sala e se sentou no sofá para tirar uma foto e mandar para . Elliott, o gato do casal, subiu no sofá também, todo preguiçoso, e se aconchegou perto dela.
Oi, amorzinho,
Amei as flores, muito obrigada! Você continua sendo a pessoa mais surpreendente que eu já conheci.
Queria que estivesse aqui em casa comigo, estou morrendo de saudades já.
Amaldiçoaria seu trabalho, mas foi ele que fez nossos caminhos se cruzarem, né?
Te amo, volta logo!
xx

Ela já tinha namorado antes, mas namorar foi como aprender tudo de novo. As regras que conhecia não se aplicavam e até os problemas eram outros. enxergava os obstáculos que tinham passado até ali como ondas de um mar violento, mas até que estavam indo bem.
A primeira tinha sido aprender a lidar com a atenção que a vida amorosa de recebia. sempre tinha estado do outro lado, o lado que consumia as fofocas. Não era tão divertido quando sua vida era virada do avesso por pessoas que não conhecia, porém. Foi ele quem segurou todas as barras, como se fizesse um escudo com o próprio corpo para defendê-la, e isso os aproximou ainda mais. Como era de se esperar, a mídia logo perdeu o interesse quando percebeu que era um relacionamento estável e sem escândalos. Então veio o fim da “lua de mel”, quando o casal passou a ver os defeitos uns dos outros com nitidez. Mas até isso foi diferente para eles, porque o “conhecia” a mais tempo e tinha o colocado em um pedestal e uma redoma de vidro que julgava inquebrável. logo se viu comparado a uma imagem dele mesmo, a qual não podia se igualar. Era só uma pessoa qualquer, não tinha nada de semi-Deus. Ficava de mau humor quando estava com sono, tinha um relacionamento difícil com o irmão, às vezes abusava da passivo-agressividade, era um bêbado chato quando bebia vinho… A lista era infinita. Teve medo que não fosse suportar a ideia de que seu príncipe encantado não era o que tinha em mente.
Mas para cada defeito que tinha, a garota descobria algo fascinante que não sabia sobre o namorado/ídolo. A primeira vez que disse “eu te amo” para ele foi depois uma briga. tinha virado a noite estudando e estava com sono e estressada. Acabou descontando em por um motivo idiota, mas em vez de piorar a situação, ele saiu de casa e voltou com café e sentou ao lado dela em silêncio até que terminasse o que precisava fazer. Era carinhoso, atencioso e não se importava em dar o braço a torcer de vez em quando para que ficassem em paz. Percebeu que o homem em sua frente era perfeito em toda sua imperfeição, não importando quem ele era na frente dos holofotes. Havia se re-apaixonado por .
A terceira fase foi breve, mas acertara em cheio. O AMAs seria a primeira premiação que iria com . Até então, tentava não fazer aparições públicas e odiava ser fotografada com ele. Nessa época, estava gravando seu álbum em Londres mesmo. Por isso passava o dia no estúdio, enquanto estava na faculdade, e a noite ou ficava na casa de e Norah ou os dois iam para a casa dele. Protegida entre a rotina e os amigos de que eram tão “normais” quanto ela, quase se esquecia que tinha um namorado famoso.
Mas em Los Angeles, esbarrando em celebridades a cada segundo, era difícil se esquecer que ele também pertencia a esse outro mundo. Durante a premiação, observou uma dezena de cantoras, atrizes e modelos se aproximarem dele para conversar e tirar foto. Elas eram todas tão bonitas! E não só isso. Eram divertidas, inteligentes, engajadas… conhecia todas as mulheres que ela já tinha desejado ser um dia.
tinha orgulho de dizer que sua auto-estima era ok na maioria dos dias, mas aquilo era um pouco demais e balançou sua segurança. Nunca poderia fazer com a brincadeira da lista de 5 celebridades com quem a traição seria perdoável.

Flashback
O prêmio de “Favorite Male Artist Pop/Rock” brilhava no criado mudo. estava andando pelo quarto de hotel, falando sobre um rapper que não conhecia, mas que havia estado na after party do AMAs que tinham atendido. Ele estava com a camisa aberta e tentava se livrar da gravata, tendo uma certa dificuldade por estar um pouco bêbado. Mesmo assim, era assustadoramente lindo.
relutava em tirar a maquiagem e o vestido, sentindo que ainda não estava preparada para voltar a ser comum. As palavras escaparam de sua boca quando ele despreocupadamente, e ainda na história do rapper, mencionou Selena Gomez.
, como você acabou comigo?”
O rapaz parou no meio do quarto e se virou para ela, franzindo a testa.
“Acabei com você? Ahn?”
“Sim. De todas as mulheres no mundo, você conhece as mais bonitas. É amigo delas, já saiu com algumas delas… E mesmo assim, acabou comigo. Não faz o menor sentido.”
Ele achava que o que estava falando é que não fazia sentido. Balançou a cabeça.
“Eu sou apaixonado por você.” Falou. Não fazia ideia que ela estava incerta sobre aquilo.
abaixou a cabeça, se sentindo um pouco derrotada.
“Eu só não sei bem o porquê. Eu não sou sua melhor opção.”
foi até a cama, se sentando de frente para a namorada. Sua voz soou urgente.
“Não faz diferença se existe no mundo alguém mais bonita ou inteligente ou engraçada que você, . Se apaixonar é como provar perfumes." Explicou, segurando suas duas mãos. "Todos eles são feitos mais ou menos das mesmas essências, mas em diferentes proporções. Sempre vai haver um mais doce ou mais cítrico, mas a gente sempre prefere um deles sobre os outros. E você é a minha proporção perfeita, o cheiro que eu quero na minha pele.”
A metáfora amoleceu seu coração e levantou a cabeça sorrindo. fez um carinho delicado em seu rosto antes de beijá-la.
“Você fica todo poeta quando está bêbado…” Brincou quando se separaram, fazendo-o rir. Também ergueu uma das mãos para mexer nos cabelos do namorado.
“Você me pegou em um dia inspirado…” Respondeu. “De qualquer forma, eu também não sou tão inteligente quanto os marmanjos da sua sala. Não sou o melhor cantor ou o melhor tocando violão ou o homem mais bonito do mundo. Devo me preocupar?”
Ela fez que não com a cabeça.
“Você nunca precisa se preocupar.”
“E você também não, sua teimosa.” Falou, dando um beijinho no nariz dela.
terminou de tirar a gravata, se aproximou de e a deitou na cama com cuidado, abrindo o zíper lateral de seu vestido.
“Eu amo tanto você!” Ela falou, sentindo os lábios de em seu pescoço.
Ele levantou a cabeça.
“Eu também te amo. Muito! E se você duvidar disso de novo, eu vou ser obrigado a aparecer na porta da sua universidade com um carro de som cafona!”
gargalhou.
“Não, não, não!” Exclamou, as mãos nos olhos.
, seu namorado queria te lembrar que está completamente apaixonado por você!” Ele imitou a voz do locutor fazendo-a soltar gritinhos de vergonha alheia. “E a caixa de som tocando uma música melosa em francês, porque francês parece mais romântico…”
“Para, para! Ok, eu nunca mais duvido!” Ela falou, acompanhando-o nas risadas.
“Estamos combinados então. Posso continuar aqui?” perguntou, apontando para o vestido.
“Por favor!” concordou, fechando os olhos e esvaziando os pensamentos de coisas ruins. Não tinha com o que se preocupar.
Fim do flashback

Depois de aprenderem tanto um com o outro em um ano, parecia que os dois agora navegavam em águas serenas.
estava em turnê pela Europa e era só o começo de um ano inteiro viajando… Tão diferente do ano anterior. Até ali, eles nunca tinham passado mais do que dez dias separados. Com essa mudança de cronograma, há pouco mais de um mês os dois haviam decidido morar juntos. Seria mais fácil quando ele estivesse na cidade e significava que Elliott não ficaria sozinho na casa de . A mesma casa que tinha visto tantas vezes pelo instagram. Era mais um item das coisas irreais que tinha acontecido em sua vida nos últimos 12 meses.
O celular vibrou com a resposta dele.
Vem me ver no fim de semana! Vou estar na Alemanha. Você já conhece Berlim?
suspirou e brincou distraidamente com as orelhas de Elliott.
Não posso. Estou estudando para as provas finais =/
O único problema da calmaria é que normalmente ela vinha seguida de uma tempestade...

***


Fazia um mês que não via o namorado. Não era um tempo absurdo, era verdade, mas tinha parecido anos! Ela ainda estava em provas, mas aproveitou que o show em Barcelona caía no feriado da última segunda-feira de maio e foi até lá encontrá-lo.
Estava estudando no quarto de hotel de , enquanto o rapaz passava o som, e planejava se encontrar com ele mais tarde na casa de show. Com os fones de ouvido e a música alta, nem ouviu quando se aproximou.
“Você está em BARCELONA e está estudando?” Ele perguntou, indignado, tirando os fones dela e a assustando.
“Ai, meu Deus, você está aqui!”
se levantou quase derrubando a cadeira e se jogou em , passando as pernas pela cintura dele, que riu.
“Você estava com saudade?” O rapaz perguntou, ainda rindo.
“Morrendo!” Ela respondeu, distribuindo beijos por cada pedacinho do rosto dele. “Achei que ia te ver só mais tarde.”
“Me falaram que você estava aqui. Não me aguentei muito tempo sem vir.”
Os dois se olharam por um longo minuto sem dizer nada, antes de se beijarem. Tinham quatro semanas de beijos e carinhos para colocarem em dia.
“Quanto tempo nós temos?” perguntou, levantando a sobrancelha de maneira sugestiva.
fez um biquinho triste.
“Não o suficiente, eu preciso voltar.” Falou. A garota soltou as pernas de sua cintura e parou de pé em sua frente, ainda abraçada a ele. “Você vem comigo assistir ao show?”
Ela abriu um sorrisão.
“Mas é claro! Primeira fila?”
O namorado riu.
“Não, acho que essa já se esgotou. Hoje você vai ter que assistir lá de trás.”
fez uma cara fingida de indignação.
“Eu tinha mais privilégios quando era sua fã!”
“Quando você ERA minha fã?”
Ela concordou com a cabeça.
“Era. Agora eu sou obrigada a gostar de você.”
deu de ombros.
“É melhor que nada…”
Os dois riram e se beijaram de novo. Ambos tinham memórias doces do dia em que , a fã, assistiu ao show de da primeira fila. E o que veio depois.

Flashback
Era o fim do último show de naquela turnê e ele tinha dado tudo de si no palco. Da primeira fileira, um rosto agora conhecido sorria para ele e aplaudia.
estava em êxtase! Nunca tinha assistido um show de tão pertinho e era emocionante que o primeiro tivesse sido o dele, por convite do próprio. Infelizmente, não tinham tido oportunidade de conversar tanto assim, já que estivera ocupado a tarde toda e, mesmo antes da passagem de som, só conseguiram trocar algumas palavras. Mas ela jamais reclamaria! Tudo era muito mais do que já havia sonhado na vida!
Estava se certificando que tinha pego tudo que pertencia a ela, quando um segurança se aproximou da grade, parando em sua frente.
?”
Ela se assustou. Por que estavam a chamando pelo sobrenome?
“S-sim? Sou eu.”
“Você pode ficar por aqui por mais uns instantes, por favor?”
O que será que tinha feito de tão grave? Voltou a se sentar, mexendo as pernas inquietas. Quão encrencada estava? E pelo que?
A arena se esvaziou completamente e só ela continuou ali, olhando incerta para o segurança. O único som vinha dos rapazes que desmontavam o palco.
E então uma falação muito parecida com a do dia anterior no campo de golfe começou a aumentar de volume e tudo fez sentido. Seu coração acelerou ao mesmo tempo que seu estômago despencava. Reações que já pareciam comuns nos últimos dois dias.
surgiu do lado direito do palco, daquele seu jeito sorridente e pacato.
“Hey! Nem conseguimos nos falar hoje à tarde!” Falou ao vê-la, como se estivesse continuando uma conversa. “Passa para cá!”
Totalmente sem jeito e auxiliada pelo segurança, pulou a grade e o encontrou no espaço entre ela e o palco. Foi recepcionada por mais um abraço apertado. Como ele podia estar tão cheiroso depois de uma hora e meia de show?
“E aí? O que achou?” quis saber, os olhinhos ansiosos.
“Perfeito!” respondeu. Percebeu que as pessoas que tinham vindo com ele até ali estavam agora se dispersando e só ela, e o grupo de desmontagem permaneciam. “Vou sentir saudades dos seus shows…”
“É, eu também. É minha parte preferida.” Ele falou, enquanto olhava para o palco com um sorriso satisfeito. “Mas já era hora de um álbum novo, né?” Perguntou, se virando para observá-la.
“Eu mal posso esperar!” Ela exclamou, a excitação clara na voz.
Os dois sorriram um para o outro e sentiu algo estranho ao analisá-la. Aquela fascinação por ela, que havia se iniciado no campo de golfe, parecia crescer cada vez que a via. Além de tudo, a achava muito bonita. Um fato que estava sendo difícil de ignorar naquela noite.
Mais uma vez seguindo impulsos que não sabia bem de onde vinham, segurou uma das mãos de e a conduziu até o palco.
“Vem, quero te mostrar os bastidores!”
Os dois andaram por toda a área atrás do palco enquanto mostrava a coisas que julgava interessantes para ela. Parecia uma criança! Ela, por sua vez, desejava ter dez pares de olhos para poder absorver tudo ao redor deles. Tinha plena consciência da oportunidade única que estava tendo.
Terminaram, por fim, sentados com as pernas balançando para fora do palco. A conversa já se estendia por pelo menos uma hora, mas nenhum dos dois queria realmente deixar a companhia do outro.
“E foi isso… Eu nem consegui terminar a peça, nunca mais voltei a atuar e meu apelido até o ensino médio foi Mijona.” contou, dando de ombros, fazendo arcar para trás gargalhando. Tinham entrado em um papo sobre palcos e medo de se apresentar e, sem pensar direito, ela havia contado a ele sobre o dia que tinha feito xixi nas calças durante uma apresentação de Natal, quando tinha 9 anos. Ao finalizar a estória, sentiu que devia ficar constrangida, mas só sentia vontade de rir da risada dele. Como se não fosse nada incomum que estivesse falando disso com .
“Uma pena que tenhamos perdido um grande talento tão precocemente…” Ele brincou, fazendo-a mostrar a língua. Ainda estavam rindo quando se pegaram encarando um ao outro. “Eu poderia passar a noite toda ouvindo você.” disse, ainda observando o rosto da garota.
Pela primeira vez, o jeito como o coração de se agitou ao ouvir isso não foi como estava acostumada, se tratando dele. Se parecia mais com a vez que o cara gatinho de sua turma tinha a chamado para sair, no primeiro ano. Ou quando deu seu primeiro beijo.
Devia estar ficando louca. Só isso explicaria achar que estava mesmo tendo sentimentos “reais” por seu cantor favorito. E o mais absurdo: Que os sentimentos talvez não fossem platônicos.
“Eu ficaria aqui a noite toda falando com você.” Ela respondeu. Os dois sorriram e desviaram o olhar, que já se mantinha fixado um no outro por muito tempo. “Quando você começa a gravar?” Resolveu mudar de assunto.
“No final do mês que vem. Vou tirar duas semanas de férias antes e…”
? Precisamos ir, meu querido. Está ficando tarde.” Chris, a assistente pessoal de , apareceu atrás deles. Tinha uma expressão cansada de quem mal podia esperar para chegar em casa e dormir.
Ele e se levantaram.
“Claro, Chrissy. Me desculpa, perdi a noção da hora.” disse a ela e se virou para . “Vou pedir para alguém te levar.”
“Não, não se preocupa! Eu chamo um Uber.” A garota se apressou a dizer, tirando o celular da bolsa.
“Tem certeza?”
“Absoluta!”
Era chegada a hora de se despedirem de novo. já se sentia deprimida pela ideia de voltar a realidade das aulas, provas e ver apenas pela tela do celular.
Ele a acompanhou até a saída e esperou com ela até que seu carro chegasse.
“Eu nunca vou poder te agradecer por esses últimos dois dias, . Foram inesquecíveis!” falou, enquanto dava nele um último abraço.
Ele, porém, se recusava a se despedir permanentemente.
“O que você vai fazer no próximo sábado?” Perguntou, o cérebro trabalhando rápido.
o encarou confusa.
“N-nada, eu acho.”
“Quer vir comigo a um jantar beneficente?” convidou, fazendo o queixo dela cair. “Vai ser um evento do Hospital do Câncer, sabe? Da promoção
“Sei sim. Eu… Eu adoraria, .” Respondeu, sorrindo. Aquilo não era mais parte do protocolo, era? Não era como todos os fãs eram tratados. Estava diante do seu próprio conto de fadas ou de um banho de água fria?
Mas então ele abriu aquele sorriso que já havia a conquistado, antes mesmo dela o ver pessoalmente e tudo que conseguia pensar era que iria ter mais uma chance de ver aquele sorriso de novo. Os olhos… Sentir o cheiro dele.
“Me passa seu celular, para combinarmos.” pediu, tirando o próprio aparelho do bolso.
Seria a pior manhã de todas se isso fosse um sonho e ela acordasse agora, pensou.
Já dentro do uber, a garota digitava uma mensagem apressada para Norah. Não podia esperar até chegar em casa.
O que você acha? Eu estou ficando doida?” Indagou por fim.
A resposta veio rápido. Bem mais curta do que desejava.
Talvez não, talvez ele esteja mesmo interessado em você. Ou talvez só queira te comer.
Sempre simples e objetiva.
“Norah! Ele não é assim… Eu acho. Quer dizer, ele não tentou nada. Ele só… Me olhou diferente. Ugh! Me sinto com 12 anos de novo!”
“Qualquer que seja a opção, vai fundo, amiga. Isso só acontece em uma encarnação.”
“Não dá para falar sério com você!”
“Também te amo. Chega logo, Mrs. !”

Em outro carro saindo da casa de show naquela noite, descansava a cabeça no ombro de Chris enquanto o motorista os levava embora.
“Você está a fim dela?” A assistente perguntou.
Ele não respondeu de primeira. Estava, não estava? Não estava agindo daquele jeito porque era uma fã legal. Ela era, claro. Mas não era só isso. Seu desespero para vê-la de novo e de novo devia significar algo a mais.
é incrível!” Foi o que respondeu.
“Ela parece mesmo ser uma garota legal. Só… Toma cuidado. Para não ser mais uma aproveitadora.”
fez que não com a cabeça. Duvidava que fosse dessas. Ela parecia autêntica demais. Real demais.
“Ela não é assim. Eu acho…”
“Ok, então.”
Ficaram em silêncio por alguns segundos.
“Chris? Eu acho que estou a fim dela.”
Ela riu e levantou a mão para afagar seus cabelos.
“Isso vai ser interessante…”

Daí para frente, as coisas aconteceram como tinham que acontecer. Os dois começaram a trocar mensagens naquela mesma noite e nunca mais pararam.
Quando se encontraram no saguão do hotel onde o jantar beneficente aconteceria, nenhum deles soube bem como expressar a admiração pelo outro. usava um vestido azul marinho e parecia um anjo. Ela mal conseguia conceber a ideia de que um de smoking a esperava aos pés da escada. Ainda era difícil acreditar em sua própria vida.
A noite foi extremamente divertida. Ele a apresentou para seus amigos e membros mais próximos de sua equipe e todos também se encantaram por ela.
não conseguia tirar os olhos de , nem mesmo quando ele se levantava da mesa para ir atender alguém ou tirar fotos com os convidados. E era recíproco. O rapaz ou estava admirando de longe ou absorto em uma conversa com ela.
Mais uma vez a hora de se separarem chegou, mas não tinha dúvidas de como queria que a noite acabasse. Saiu alguns segundos depois dela e a encontrou no corredor que levava para a garagem.
“Obrigado por hoje. Eu me diverti muito!” Ele disse, quando a alcançou.
“Obrigada você, !” respondeu, se encostando na parede enquanto ele parava em sua frente. “Foi uma das melhores noites da minha vida!”
E ficaria melhor.
“Eu queria… Me despedir direito. Tinha muita gente no salão.”
O coração dela disparou. Ele queria dizer…? Sério? Fez que sim com a cabeça, completamente incapaz de produzir palavras.
sorriu e tirou as mãos dos bolsos, segurando a cintura dela. se desencostou da parede e passou os braços em torno do pescoço dele. Dentro de sua cabeça havia uma descrição clichê de fanfics sobre a eletricidade do toque dele e olhos faiscando e nem mesmo isso a fazia se sentir menos nervosa.
Ele inclinou a cabeça, tocando seus lábios com os dele. Eram macios como ela imaginava.
Só havia um jeito de descrever aquele beijo: Mágico. Como tudo que envolvia os dois. Ela seria velhinha e ainda se lembraria de como era passar os dedos pelos cabelos macios de e a sensação geladinha da língua dele na sua. Ambos queriam que durasse para sempre.
No entanto, ele precisava voltar para a festa e ela precisava ir embora… Mas dessa vez, pelo menos, a despedida vinha com a certeza de que não era definitiva.
tentava entender o que estava acontecendo, mas aquela noite estava muito além da sua capacidade de compreensão.
Apoiou a cabeça no banco e fechou os olhos, a imagem de se curvando para beijá-la impressa em sua retina. Seu celular vibrou e ela achou que pudesse ser Norah pedindo atualizações, mas seu coração disparou ao ler o nome dele.
"Li uma vez que quando lembramos de algo várias vezes, estamos regravando no cérebro cópias ligeiramente modificadas da memória por cima da original. O que significa que "danificamos" nossas memórias favoritas por pensarmos mais vezes nelas. Então eu vou tentar não pensar sobre hoje. Para manter intacto na minha cabeça como foi estar com você."
deixou escapar um suspiro. Ele era tão doce! Aquela mensagem não era só a coisa mais linda que alguém já tinha dito a ela, era muito fofa também porque remetia a conversa deles em Wentworth. se lembrava! Não tinha sido algo que só ela havia guardado.
tinha duas alternativas: Tentar ser blasé e fazer a linha difícil ou se jogar naquilo de peito aberto e olhos fechados. Não era preciso ser nenhum gênio para saber o que ela escolheria.
“Droga! Todas as minhas memórias que tem você já foram regravadas um milhão de vezes então.”
Mordeu o lábio inferior e releu a mensagem mil vezes antes de enviá-la. Quando apertou o “Send”, achou que precisava chegar logo em casa e extravasar aquela mistura de emoções com Norah. Queria pular e gritar de felicidade.
Mas não demorou muito e recebeu a resposta, que era simples mas deixava implícito tudo o que estava por vir depois daquele jantar.
“Quando eu posso te ver de novo?”
Fim do flashback

Era o domingo pós show em Barcelona e tinha acordado antes de . Andou pelo quarto pegando as várias peças de roupas dos dois que estavam jogadas pelo chão e as colocou dobradas na cadeira. Depois foi até a sacada e respirou um pouco daquela maresia boa que sempre a deixava com o coração leve e a bateria recarregada. Só voltou para dentro quando ouviu o serviço de quarto chegando com o café da manhã dos dois.
Se deitou ao lado do namorado na cama e passou um braço por ele, se inclinando e beijando-o desde o braço até o pescoço. Observou um sorriso nascer nos lábios de e o sentiu segurando sua mão.
“Tão bom acordar assim…” Ele disse.
“Vamos preguiçoso, ou vai ficar muito tarde para irmos à praia!” disse.
se virou, deitando as costas no colchão, e puxou-a para se deitar sobre ele. estava doida para tomar um pouco de sol catalão, mas definitivamente trocaria tudo por mais uns minutinhos preguiçosos ali.
O rapaz também tinha sentido falta dela no último mês. Chegava a ficar um pouco chato se passava mais de dois dias sem conversar com a namorada. Ela tinha esse jeito doce de falar e os dois estavam sempre rindo quando estavam juntos. Também sentia falta de momentos assim: silêncios que não precisavam ser preenchidos e contato físico. Abraços, beijinhos, dedos passeando por pedaços de pele desnudos...
Every time you have to go, shut my eyes and you know… I’ll be lying right by your side in Barcelona…” Cantou baixinho, fazendo a namorada apertar mais os braços ao redor dele.
“Será que alguém vai notar se ficarmos para sempre deitados aqui?” perguntou, arrancando dele uma risadinha.
“Talvez a camareira…”
“Merda!”
“Chris e Janet me pediram para dizer que adoraram seu cabelo.” se lembrou e levantou a cabeça e se reposicionou na cama para poder olhá-lo.
“Vindo da sua assistente e da sua cabeleireira… Significa muito! Agradeça as duas por mim.” Falou, dando um beijinho no peito dele onde estava com o queixo encostado. “Quando começa a turnê na Austrália? Você vai passar a semana toda em casa antes de viajar?”
A turnê europeia estava chegando ao fim, mas ainda viajaria para a Oceania e América do Sul antes do longo período nos Estados Unidos. Era um pouco por isso que estava ali, tinha que aproveitar enquanto ele estava perto o suficiente. Também precisava compartilhar uma ótima novidade sobre seu verão com o namorado, mas que comprometeria seu tempo de folga.
“Então, eu precisava mesmo falar sobre isso com você.” começou. “Surgiu essa ideia de já gravarmos o próximo álbum esse ano.”
franziu a testa.
“Já?”
“Já! Eu estava reouvindo algumas demos de músicas que não entraram nesse CD de agora e dá para trabalhar legal nelas. Surgiram umas ideias boas durante as últimas passagens de som também.” Ele contou, com um sorriso contagiante no rosto e os olhos brilhando. Ficava assim quando falava das coisas pelas quais era apaixonado. “Eu estou empolgado, Mark está empolgado e nós falamos com a gravadora. Devo ir para LA na minha semana de folga fechar os detalhes… E trabalhar nisso durante a turnê na América do Norte.”
“Ah… sim.”
Como fã, estava muito contente! Álbum novo era igual a músicas novas e turnê nova… O sonho de qualquer admiradora. Como namorada, porém, viu a ampulheta que marcava o tempo dos dois juntos ser quase esvaziada e se sentiu um pouco frustrada. Tentou disfarçar, mas o sentimento que predominou em sua expressão facial foi o segundo. Foi a vez de franzir a testa.
“O que houve?”
Ela balançou a cabeça.
“Não… Não é nada.” Tentou, mas ele continuou aguardando a resposta verdadeira. “É sério, adorei a ideia do álbum. Já estou ansiosa pelas músicas novas! Mas... Também estou só sendo um pouco mimada e fiquei triste porque vamos passar tanto tempo sem nos ver.” Confessou por fim.
“É, eu sei. Essa parte é desgraçada…” falou. “Mas você vai estar de férias em julho e agosto… Pode vir comigo para a turnê! Chama a Norah, vocês podem ficar na casa de LA se não quiserem viajar. Eu estarei por lá gravando em todos meus dias de folga.”
quis chorar. Isso tinha que acontecer bem agora? De repente, sua grande ótima notícia era o que a impedia de passar um mínimo de tempo com o namorado.
“Eu não vou poder viajar nessas férias.” Contou, cabisbaixa. “Consegui um estágio no laboratório do Professor Greenfield. Lembra que te falei dele? É o coordenador de curso da Bioquímica e tem as linhas de pesquisa mais fodas da universidade.”
abriu a boca em surpresa, mas depois soltou uma exclamação de felicidade.
“Conseguiu? Você fala desse estágio desde o ano passado, ! Estou tão orgulhoso de você!” Disse, a abraçando.
“Eu queria muito te contar, estava tão animada! Mas agora… É um motivo para me prender em Londres no verão.” Ela fungou, levantando o tronco e se sentando na cama.
fechou o sorriso, mas tratou de abraçar e a trazer de volta para perto dele.
“Hey, não se preocupa com isso, tá? Nós vamos dar um jeito.” Ele disse, com convicção. Beijou o topo da cabeça da namorada e a manteve ali por perto. Os dois em um silêncio chato. “Mas e aí? Vamos para a praia ou não?” Indagou, depois de um tempo. Estava desesperado para mudar de assunto.
Também se sentia apreensivo com a quantidade de meses separados que estava por vir, mas não queria demonstrar. Porque aquela era só mais uma onda que precisavam enfrentar, certo?
E eles passariam por ela como das outras vezes. Não havia dúvidas.

***


“Quando começa seu estágio?” Norah perguntou, tomando mais uma colherada de sorvete. Ela e estavam comemorando a última prova antes do verão naquela sexta-feira.
A amiga não respondeu de imediato, tinha os olhos focados no celular. havia enviado uma foto com os braços abertos em frente ao Cristo Redentor e a mensagem “, come to Brazil!”, fazendo-a sorrir. Sua turnê na América Latina se iniciaria no dia seguinte. Seria mais um mês sem vê-lo e nem sabia direito como tinha passado pelo anterior.
“Ahn?” Fez para Norah, levantando os olhos.
“Presta atenção em mim, Mrs. !” Sempre que queria irritá-la, a chamava de Mrs. . Puxou o aparelho de e o guardou na própria bolsa.
“Me desculpa, Norah! Sou toda ouvidos!”
“Claro que é, eu confisquei seu celular!” Disse, fingindo estar brava. “Te perguntei quando começa seu estágio.”
“Ah sim. Sem ser nessa segunda, na próxima.” respondeu, também se servindo de mais sorvete.
Aquela era a sorveteria favorita de e ela não pode deixar de sentir um certo aperto no peito por ele não estar ali em um dia tão agradável de verão. Sabia que o namorado amaria o clima da capital naquele momento.
“Você está nervosa?”
“Estou.” Ela respondeu, sincera. “É um laboratório de ponta, né? Apesar da ideia do quanto eu vou aprender ser super excitante, também dá um pouco de medo saber que vou entrar em um lugar cheio de gênios.”
Norah balançou a cabeça.
“Você é super inteligente também, . Logo vai estar no mesmo patamar deles.”
sorriu para a amiga e se sentiu extremamente grata por tê-la por perto. Estaria miserável se não fosse por Norah.
“E você? Vai ficar por aqui? Andrew está na cidade?”
Ela fez que sim.
“Consegui um emprego naquela Topshop perto de casa. Vou aproveitar para ganhar uma graninha. E Andrew vai ficar por aqui também… Comigo!” Ela completou, abrindo um sorriso enorme. Estava tendo encontros com o rapaz fazia dois meses e, pelo jeito, começava a ficar sério. Ela merecia aquela felicidade toda, achava. “Aliás, semana que vem é aniversário dele e vamos fazer algo em casa. Você vai, né?”
concordou com a cabeça.
“Claro!” Respondeu, sorrindo.
Norah abriu a bolsa.
“Toma, pode responder seu bonitinho agora.” Falou, devolvendo o celular para a amiga. “Tem sido difícil para vocês, né?”
não queria admitir, mas… Sim, estava sendo horrível.
“Um pouco. É só… Muito fuso horário, sabe? E eu nunca sei se ele está descansando ou no meio de uma coletiva, passagem de som… Não é só um namoro a distância. Parece pior!” Acabou confessando.
“Você tem uma semana de folga até o estágio, . Por que não vai encontrá-lo?”
A amiga pareceu derrotada, fazendo que não com a cabeça.
“Na América Latina ele não faz tour de ônibus. Ficaria caro comprar todas as passagens aéreas tão em cima da hora. Sem contar que é uma viagem longa daqui até lá para passar tão pouco tempo…” Falou, como se já tivesse pensado sobre essa opção várias vezes.
Norah entendeu e alcançou a mão dela, oferecendo solidariedade.
“Vai ficar tudo bem, esse tempo longe vai passar rápido…”
sorriu, disfarçando seu pessimismo sobre isso.
Não iria passar rápido. E quando passasse, eles começariam tudo de novo no ano seguinte.


fazia o caminho entre o metrô e a casa de Norah naquela sexta-feira, um caminho que ela conhecia bem. Sorriu para a senhorinha passeando com o cachorro. A mesma que sempre encontrava quando ainda morava ali e estava voltando da faculdade.
O tempo continuava bom demais para ser verdade e ela estava genuinamente feliz em estar andando por aquelas ruas. Tinha passado a semana toda sozinha estudando, só indo ao supermercado ou, no máximo, até a lojinha de caridade no final da rua.
Pegou o elevador até o sexto andar e, quando estava no corredor da amiga, percebeu que a ligava em uma chamada de vídeo. Atendeu enquanto o coração estava entre o “graças a Deus, eu só queria te ver e ouvir sua voz!” e o “Bem agora que eu finalmente estou fazendo algo fora de casa?”.
“Hey!” Cumprimentou. O coração em seu peito decidindo pela primeira opção ao ver aquele rosto sorridente que ela amava com cada fibra do seu ser.
“Oi, amorzinho!” Ele falou animado. “Finalmente uma folguinha aqui! A América do Sul não é para iniciantes!” Brincou.
“Onde você está hoje?” perguntou, se sentando no chão encostada na parede, de frente para a porta de Norah.
“Acabei de chegar ao Chile. Tenho o resto da noite de folga e estou mesmo precisando! Nem conseguimos nos falar direito essa semana, como você está?”
Como estava? Era seguro dizer que não estava tendo a melhor semana de sua vida:
A ansiedade para o estágio que começaria em três dias estava tirando seu sono;
Ela não via o namorado há 6 semanas;
Adorava a casa de , mas 1) A casa sempre seria dele, não deleS e ela se sentia mais “em seu lugar” no caminho que tinha acabado de fazer e naquele prédio e 2) Para ter privacidade, a casa ficava um pouco isolada… O que também isolava (que não dirigia).
“Tudo bem…” Mentiu, forçando um sorriso. Queria poder conversar com ele, falar sobre como vinha se sentindo, mas não faria isso sentada em um corredor. Não era hora, nem lugar. “Vi a foto que você me mandou de Buenos Aires… Lugar lindo!” Comentou, mudando de assunto.
abriu um sorrisão. quase se esqueceu do que a deixava agoniada enquanto observava sua covinha e ouvia sua voz e seu sotaque.
“Bonito, né? Se chama Caminito. Temos que dar um jeito de você vir comigo ano que vem!” Ele disse, a lembrando que estariam ali outra vez, se caçando pelo mundo no Facetime, no ano seguinte. Então ele franziu a testa. “Onde você está?”
“Na porta de casa, quero dizer, da casa da Norah. É aniversário do namoradinho dela.” Explicou.
“Hmm… Eu o conheci?” quis saber, forçando a memória. “Não me lembro!”
“Não, acho que não. Foi quando a tour europeia começou.”
“E ele é um cara legal? Digno da Nors?”
sorriu. Achou bonitinho que ele se preocupasse com sua melhor amiga.
“É, é sim. Você iria adorá-lo!”
E iria mesmo. Se algum dia conseguissem se encontrar, seriam grandes amigos.
Os olhos de vagaram do celular para um ponto acima da tela. Alguém falava com ele em um inglês com sotaque de estrangeiro e ele concordava com a cabeça parecendo preocupado.
“É… ? Me desculpa, mas vou precisar desligar. Surgiu um negócio aqui, acho que minha mala não chegou.”
“Como não?” Ela o acompanhou na expressão facial perplexa.
“Não sei, não entendi direito. Preciso procura a Chris.”
“Claro, vai lá! Espero que não seja nada.”
“Eu também.” falou, soltando o ar e parecendo frustrado. observou enquanto ele andava pelo quarto pegando seu cartão e um casaco. Devia estar bem frio onde estava. Nem teve tempo de perguntar. “Até mais tarde, amor. A gente se fala. Eu te amo!”
“Eu também t-” Mas a ligação já estava encerrada.
continuou sentada no corredor, ainda olhando para onde agora só via seu protetor de tela. A sensação de solidão a invadindo de novo. Se recusava a chorar ali. Tinha tido uma semana inteira só com Elliott para fazer isso. Agora estava maquiada, prestes a encontrar vários amigos e conhecidos! Mas o nó em sua garganta parecia não se importar muito. Colocou os dedos com cuidado perto dos olhos para amparar as primeiras lágrimas teimosas e então ouviu a porta se abrir e Norah surgir por ela. A amiga parou com as mãos na cintura.
“Você sabe como as campainhas funcionam, certo? Elas só fazem barulho se você apertar.” Zombou, mas ao ver o estado de fechou a porta atrás de si e se sentou no chão com ela. “Hey, o que houve?”
“Sabe o que é o pior de tudo?” falou com a voz embargada, como se continuasse um assunto. “Eu me sinto tão culpada por me sentir assim! Como se eu não tivesse o direito de ficar na merda desse jeito.”
“Do que você está falando, querida?”
.” Explicou, levantando o celular. “Um trilhão de casais tem relacionamentos a distância, Norah. Porque eu não consigo? Porque eu tenho vontade de desistir cada vez que ele desliga? As pessoas fazem funcionar! Mas eu não consigo...”
Norah passou os braços por ela, a abraçando.
, fica calma. O que você está sentindo é normal e eu acredito que todo os casais nessa situação passem por isso, talvez a gente de fora é que não saiba.” Tentou. “E você não pode dizer que não faz funcionar! Enquanto vocês estiverem juntos, estão tentando e conseguindo!”
“É tão difícil!”
“Eu nem consigo imaginar o esforço que vocês dois estão colocando nisso. Andrew é meu vizinho, eu nunca passei por algo assim! Por isso admiro muito vocês e você não devia se cobrar tanto, . Você sente falta do e isso é natural. Seria estranho se não doesse, isso sim!”
Fazia sentido. Mas não adiantava muito.
se endireitou e tentou limpar o rosto mais uma vez, respirando fundo para se acalmar.
“Me desculpa pelo papelão, Norah. Eu não sabia que ele ia ligar.”
“Não precisa me pedir desculpas, fala sério! Tem certeza que quer ficar? Vou entender se você estiver com vontade de ir embora…”
Mas balançou a cabeça vigorosamente. A ideia de voltar para aquela casa enorme e ficar sozinha de novo a apavorava. Se levantou rápido.
“Não, está tudo bem! Vou só correr para o seu banheiro e retocar a maquiagem, ok?”
Norah se levantou também e sorriu para a amiga.
“Claro! Sinta-se em casa. Quer dizer, sinta-se em ex-casa.” Brincou, fazendo rir.
“Posso dormir aqui hoje?” Pediu. “Se não for atrapalhar muito…”
Norah a abraçou de lado.
“Não atrapalha nem um pouco. Vou falar para o Andy que hoje eu vou dormir de conchinha com você.”
“Aniversário do cara e eu já chego dando um cockblock de presente.” entrou na brincadeira.
“É, você não vai ser uma séria candidata ao primeiro pedaço do bolo.” Ela respondeu e as duas riram.
Esse clima de descontração era exatamente o remédio que precisava para tudo o que estava sentindo!

Muito álcool e conversa fiada depois, a festa de Andrew estava tão animada que as pessoas não quiseram abaixar o volume da música ou das próprias vozes quando deu 22h. Por isso, numa decisão unânime, resolveram ir em grupo para um bar de karaokê no Soho.
estava agora sentada entre Latisha, a nova moradora da casa de Norah, e Jane, colega de universidade de ambas, assistindo Andrew e dois amigos cantarem Flying without wings no karaokê e serem acompanhados por todo o bar, em um momento quase espiritual. Ela se sentia alegre como há um bom tempo não vinha se sentindo. Era revigorante!
Mas involuntariamente, pensou no namorado. Em como se encaixaria ali, naquele cenário, sem esforço algum.
Até Andrew entrar na vida delas, sua roda de amigos era basicamente feminina. Por isso, quando saía sozinha ( evitava lugares cheios) no ano anterior, não sentia tanto sua falta. E o rapaz estava sempre a esperando em casa, de qualquer forma.
Agora, porém, parecia inconcebível que o rapaz não pudesse estar ali. Ele e Andy eram muito parecidos, se dariam bem de cara. Quase podia ouvi-lo rindo mais alto do que todo mundo de algo engraçado que o namorado de Norah tinha dito no metrô ou discutindo fervorosamente os resultados da Premier League.
Mas sendo realista, essa imagem formada em sua cabeça se parecia mais um daqueles Imagines do Tumblr. Uma situação fantasiosa, impossível.
estava em turnê e estaria longe por boa parte do resto do ano; quando estivesse na cidade, duvidava que iriam querer sair de casa e, claro, o namorado não podia simplesmente ir beber e acabar dando uma palinha em um karaokê.
Ninguém tinha dito a ela como essa parte era complicada. A parte de esperar sem saber bem o que e de se sentir tão distante, não só fisicamente, da pessoa amada. queria que isso passasse, que ela conseguisse relaxar e aproveitar com seus amigos no presente, sabendo que um dia (não importando quanto demorasse) estaria ali com eles. Ou que também era ok se ele não estivesse.
Nunca na vida tinha precisado exercitar tanto sua paciência e começava a achar que essa era uma virtude que não possuía.
***


Era uma sexta a tarde no meio do infinito mês de agosto e estava deitada totalmente sem energia em sua cama.
Tinha acabado de chegar do estágio e se sentia cada vez mais desanimada com ele. Nada do que tinha imaginado para o seu tempo no laboratório do Professor Greenfield vinha se concretizando. Para começar, o professor era um idiota! Tinha um ego completamente inflado e tratava todos seus alunos como lixo. Os estudantes trabalhavam exaustivamente para atendê-lo e, por terem tanto o que fazer, não tinham tempo para ajudar ou mesmo explicar suas pesquisas aos iniciantes como . Sua função era basicamente lavar as vidrarias sujas. E ficar andando como uma sombra atrás dos pós graduandos, na esperança de que no meio do caminho entre um aparelho e outro, eles fossem de repente dividir algum conhecimento com ela. Decepção parecia pouco para nomear como se sentia.
Para ajudar, sua mãe tinha ligado mais cedo para contar que o avô estava internado. E o prognóstico não era nada bom.
Quando foi que sua vida tinha virado essa lamentação toda? Parecia completamente sem controle, um vagão de trem sem freios, indo de encontro a um abismo.
O celular em sua mão de repente passou a mostrar o único rosto que queria ver.
"Quinze diaaaaas!" cantarolou assim que estabeleceram a conexão na chamada de vídeo. "Oi, amorzinho!"
"Oi!" Ela disse, sorrindo. "Que bom te ver! Você está ocupado?"
Era a primeira vez que se falavam desde domingo.
"Agora não. Está tudo bem? Você está com uma carinha triste..." Ele franziu a testa quando a observou melhor. parecia prestes a cair no choro.
Ela deu de ombros. Deveria gastar os poucos minutos que tinha com o namorado reclamando? Mas ao mesmo tempo, se não pudesse conversar com ele, com quem falaria?
"Papa está doente." Contou e depois deu uma risadinha sem humor. "Não lembro de ter colocado a vida no modo 'Difícil'."
mordeu o lábio inferior. Sabia como era apegada a ele.
"O que ele teve? Está no hospital?"
"Está sim, acho que teve um derrame. Minha mãe parecia nervosa..."
"Vai ficar tudo bem, tenho certeza. Seu avô é um senhor muito forte! Vai me dando notícias, ok?"
fez que sim com a cabeça.
"E você? Como está?"
"Contando os dias para te ver..." Ele respondeu. viria ao Reino Unido no feriado do fim de agosto, pois seria padrinho no casamento de Mark, seu manager. Seria só um fim de semana, mas era tudo o que tinham.
"Eu também estou. E as gravações?" A namorada perguntou. tinha estado ocupado a semana inteira, aproveitando seu tempo antes da turnê americana começar, para adiantar o máximo possível do novo álbum. Trabalhava nisso o dia todo, de manhã até a noite.
"Estou aqui no estúdio, praticamente morando nessa sala. Mas estou satisfeito com o que tem saído... Mal posso esperar para te mostrar!"
sorriu. Era bom fazer planos que envolviam se verem pessoalmente.
"Estou ansiosa!"
"E o estágio? Você não tem falado nada sobre isso, estava tão empolgada!"
Ela olhou para baixo.
"Então, o problema é que..."
Mas foi interrompida por uma terceira voz do outro lado da ligação.
"? Rooty está aqui, para a sessão de composição."
Nunca conseguiam completar uma conversa. Ela soltou o ar, frustrada, enquanto o rapaz se virava para a tela com um olhar de quem pedia desculpas.
"Amorzinho, eu... Preciso ir."
"Claro!" Ela disse, forçando um sorriso. "Nos falamos depois."
"Me conta do estágio antes, posso enrolar mais uns minutinhos..." Pediu. Não era a primeira vez que algo do seu lado das coisas a interrompiam.
Mas balançou a cabeça.
"Não, está tudo bem. Não é nada..." Mentiu, se lembrando porque estava em dúvidas sobre falar do que ia mal em sua vida ou não. Deixava sempre esse sabor amargo em seus "encontros" quando não podiam conversar direito. "Se cuida aí, tá? Até mais..."
"Eu te amo!" disse.
"Eu também..."
E desligou.
deixou que a mão segurando o celular tombasse no lado de da cama. Era tão enorme, que mesmo com o braço esticado, não alcançava a borda do outro lado. A garota costumava amar aquela cama e como era gigante, mas agora ela só representava o vazio gigante que era a ausência de . A cama era grande demais sem ele, assim como todo o resto da casa.
Respirou fundo e fechou os olhos, tentando bloquear uma nova onda de pensamentos que a faziam reavaliar sua vida toda. Porque estava morando ali? Porque namorava alguém com quem mal podia ter uma conversa completa? Porque ainda estava indo naquele estágio estúpido se esse era o motivo que a impedia de ir passar mais tempo com ?
Porque ninguém ainda tinha inventado um jeito de silenciar pensamentos?

Em Los Angeles, parecia um pouco distraído. Digitava coisas no celular e as apagava em um movimento contínuo. Estava preocupado com . Não era a primeira vez que ela parecia ter tanto para dizer, sem nunca chegar a colocar para fora. Sabia que estava devendo como namorado e se sentia mal por não poder fazer mais.
"Me desculpa por hoje. Prometo que a próxima vez não vai ter ninguém que me tire do Facetime quando estivermos juntos. Eu só quero que você saiba que, qualquer que seja o problema, eu estou do seu lado. Amo você! Xx"
As palavras da mensagem que tinha acabado de digitar dançavam em sua cabeça. Naquela tarde, escreveu uma música sobre como doía ver alguém que se ama sofrendo, mas que ela precisava se abrir, porque ele estava lá para apoiá-la em todos os momentos. Mal podia esperar para mostrá-la para .
***


O celular tocou, fazendo se assustar e tatear à procura do aparelho. O quarto ainda estava escuro, o que devia significar que havia feito o cálculo do fuso horário errado. Não seria a primeira vez.
Com os olhos semicerrados, ela nem leu o nome na tela e atendeu. “Eu acordo em duas horas, amorzinho!” Debochou.
Porém, não foi a voz alegre de que a respondeu. Ouviu primeiro uma fungada e então sua mãe disse:
?”
A garota se sentou na cama imediatamente. O coração parando antes mesmo de ouvir o que ela tinha a dizer. Só havia um motivo forte o bastante para fazê-la ligar as 4h da manhã.
“Não! Mãe… Não!”
, ele… Não resistiu.” As duas estavam chorando.
tinha tanta certeza que seu avô ficaria bem, ele tinha melhorado nos últimos dias! Fazia uma semana que tinha sido internado e ela estava planejando ir para casa vê-lo no fim de semana. Mas agora…
Cobriu a boca com as mãos, tentando não passar todo seu desespero para a mãe. “Eu estou indo para casa, vou pegar o primeiro trem para York.” Falou, assim que conseguiu se controlar um pouco.
“Vem, filha, por favor. Sua avó precisa de companhia enquanto eu e suas tias resolvemos tudo.”
“Vou comprar as passagens e a gente vai se falando.” Ela tinha que ser rápida. Sua mãe parecia estar tentando ser forte por todo mundo. Precisava dela.
As duas se despediram e desligaram. se levantou da cama, totalmente transtornada e sem conseguir completar os pensamentos.
Precisava de uma roupa preta, comprar as passagens, avisar o Professor Greenfield que estava indo para York e precisava que alguém alimentasse Elliott enquanto estivesse fora.
Se sentou no chão do closet para tentar respirar. Encostou a cabeça na prateleira e fechou os olhos. Aquilo não podia estar acontecendo! Seu avô não estaria na ponta da mesa no almoço de Natal, não a veria se formar… não fazia ideia do que era uma vida sem ele. Uma nova crise de choro se apossou dela. Uma tristeza que nunca tinha experimentado antes.
Colocou as mãos no rosto, tentando se acalmar. Tinha coisas a fazer, precisava direcionar todas as suas forças para chegar em York.
Pegou seu celular para comprar as passagens e, em um movimento involuntário, abriu a janela de conversa com .
?
Precisava tanto conversar com alguém. Conversar com ele.
Mas o rapaz não estava online e a última vez que tinha aberto o whatsapp tinha sido há 1 hora. Onde ele estava mesmo? Quantas horas para trás? Estava gravando? Fazendo show?
estava tão cansada disso! Só queria poder desabafar com o próprio namorado sem ter que abrir cinco abas em seu navegador para achá-lo e saber se estava disponível. Bufou de frustração, o sentimento que infelizmente mais vinha associando a nos últimos dias.
Alguém parecia ter ligado um ventilador ao lado do seu castelo de cartas. De repente sua vida toda estava desmoronando ao mesmo tempo e ela sabia que não seria capaz de salvar todas as peças. Talvez fosse castigo, por tudo de tão absurdamente maravilhoso que já tinha vivido. Era o preço que estava pagando.
Enquanto tentava não pensar demais nisso, comprou as passagens e se levantou procurando algumas roupas e a casinha de transporte de Elli. Seria mais fácil levá-lo, não tinha tempo para procurar alguém às 4h30 da madrugada para tomar conta do gato. Ligaria para Norah do caminho. responderia quando pudesse.
A hora era de ação, não de comoção.

Era fim de tarde em York, de um dia que havia durado uma semana inteira, e estava de volta em casa. Tinha trazido sua avó do funeral para comer e descansar um pouco, sob muitos protestos da pequena senhora. Ela tinha sido tão forte o dia todo!
A garota tinha ido até a cozinha para conferir como seu gato estava, mas acabou se distraindo ao perceber que Elliott não tinha comido nada desde a hora que haviam saído de manhã.
Norah, que tinha pego o primeiro trem ao acordar para dar uma força para a melhor amiga, entrou no cômodo e parou observando-a.
tinha Elli no colo e o pratinho de ração em uma das mãos, enquanto o alisava com a outra.
“Você precisa comer, meu amor. Eu não posso ficar com você, tenho que cuidar da vovó.” Sua voz transbordava cansaço e tristeza.
O celular dela, apoiado no chão e com a tela virada para cima, piscou e vibrou mostrando uma foto de . , com um suspiro de pesar, apenas rejeitou a chamada.
“Se você quiser, eu fico com o Elliott para você falar com ele…” Norah se ofereceu, fazendo a amiga se assustar. Não tinha percebido sua presença ali até então.
Mas balançou a cabeça.
“Não, está tudo bem. Eu não tenho tempo agora.”
Aquilo não era nada característico.
“Está tudo bem?” Nors perguntou, ainda que soubesse que naquele dia, a resposta era óbvia. “ sabe o que aconteceu?”
“Sabe. Nós nos falamos de manhã. Rápido. Ele mandou uma coroa de flores bonita para o meu avô.”
Mas seu tom não era nem um pouco convincente.
“É sobre ele não estar aqui?” Perguntou, indo se sentar ao lado da melhor amiga.
não respondeu de pronto, se limitou a dar um suspiro parecido com o primeiro.
“Também.”
“Você não pode puni-lo ou tratá-lo com frieza, . Eu tenho certeza que ele queria estar aqui.”
“Eu não estou tentando punir o …” Se defendeu.
Mas estava. Sabia que estava. Sabia que era irracional, mas não tê-lo por perto no dia que mais precisava dele a deixava furiosa.
“Vocês precisam conversar, . Ele pelo menos sabe como você tem se sentido?”
“Nós não temos tempo de conversar. O problema é justamente esse! E eu só…” Apertou um lábio no outro, evitando começar a chorar. Respirou fundo antes de continuar. “Eu só queria ele aqui. Eu só queria que fosse mais fácil, que nós tivéssemos algum tempo juntos, que a casa dele não me engolisse, que a falta dele não me engolisse.” Confessou.
Norah deu um abraço na amiga e a trouxe para mais perto. Ao menos Elliott tinha resolvido comer enquanto estava no colo da dona.
“Vocês tem que se resolver, querida. E dar um gelo nele não é a solução. Ele não sabe que você está brava.”
“Eu sei.”
Talvez o problema fosse a ideia romantizada que tinha de relacionamentos a distância desde sempre. Pelas histórias que lia ou assistia em filmes, tinha começado aquela jornada esperando que todo mês fosse viver algo como o que ela e tiveram em Barcelona. Encontros em hotéis pelo mundo, beijos demorados para matar a saudade, quartos desarrumados e cafés na cama, visitas inesperadas, frio na barriga em aeroportos...
Devia ter percebido desde o início que isso não condizia com seu estilo de vida. se sentia culpada em sair mais cedo da aula para ir assistir shows em outra cidade, quando ainda era fã! Sua dedicação aos estudos era o que mais gostava em si, era o que mais gostava nela... Esse era o tipo de pessoa que ela era.
Por isso, cada vez mais admirava os casais que faziam funcionar... Chegou a pensar em procurar alguém que estivesse no mesmo barco que ela para conversar e lhe dizer palavras de apoio, mas a ideia de que acabaria tendo mais uma pessoa para decepcionar, quando não aguentasse mais, a fazia desistir toda vez.
Achava que seu caso já estava perdido, de qualquer forma. Se não estava falando com , se não estavam cara a cara pelo Skype ou Facetime, ela só enxergava solidão e o sentimento crescente de que era melhor acabar logo com aquilo.
Enfim, se sentia incomodada por estar pensando nisso e sofrendo por isso quando devia estar pensando no avô ou consolando sua avó.
Precisava urgentemente colocar a vida e suas prioridades em ordem. E sabia por onde tinha que começar, mas seu coração se desfazia em pedaços só de imaginar.
Sorriu para Norah, se desvencilhando do abraço da amiga. Sua fiel escudeira.
“Nors, quando você disse mesmo que Latisha pretende se mudar?”

deixou Elli com Norah e foí até a sala checar como sua avó estava. Granny estava sentada na poltrona em frente à grande janela da sala e tinha o olhar perdido.
“Vózinha? A senhora está bem? Está precisando de alguma coisa?” Perguntou, se aproximando.
Ela se virou e deu um sorriso sereno, abanando a cabeça.
“Não, minha filha. Mas muito obrigada pela atenção. Eu estava com saudades de você.”
se sentou aos pés da poltrona, dando um beijo nas mãos da avó.
“Eu também estava.”
“Você veio sozinha? Cadê seu namorado cantor bonitão?” A senhora perguntou, levantando as sobrancelhas.
A neta riu. Granny tinha uma amor incondicional por desde o dia que havia o conhecido.

Flashback
“Então ele é famoso?” Granny perguntou, um tanto mais alto do que o necessário, deixando exasperada quando rostos curiosos em outras mesas se viraram para elas.
Era aniversário de 60 anos de casados de seus avós e estava em York para a festa. Quando contou a onde estaria no fim de semana, o rapaz se auto convidou para conhecer a família dela. Os dois ainda estavam bem no início do relacionamento e ainda era estranho para ela chamar de “meu namorado”, mas não pode dizer não ao seu olhar pidão. Carregou-o para a festa de família.
“É, vó. Mas shhh… Não vamos chamar atenção para isso.”
Por sorte, estava longe e não ouviu a avó dela sendo tão indiscreta.
A senhora fez que sim com a cabeça, séria.
“Claro, claro. Mas olha… Além disso, ele é um gato! Estou orgulhosa de você!” Falou, dando tapinhas nas costas da neta, que ria.
“Ele é adorável também. Menino de ouro!” A mãe de se juntou à conversa.
“Tão educado! E sorridente!” A avó completou.
, pelo visto, tinha o coração de todas as mulheres .

Quando o jantar acabou e os convidados foram embora, apenas a família mais próxima continuou na casa dos aniversariantes.
estava na cozinha, ajudando a mãe e as tias, e colocou a cabeça pela porta para bisbilhotar o namorado.
estava sentado na sala, violão no colo, tendo o que parecia ser uma conversa profunda com um de seus tios e seu avô. Observou quando sua priminha mais nova, que havia ensaiado a aproximação a noite toda, parou na frente dele e pediu uma foto. O rapaz sorriu e, todo solícito, fez o que a menina pedia.
Aquela cena derreteu o coração de . era mesmo de ouro, como a mãe havia dito. Era capaz de encantar garotinhas e senhoras de idade e entreter até seu tio mais ranzinza. Tinha assunto com todo mundo, tratava todo mundo com a maior atenção.
Voltou a tocar violão, a pedido de Papa , e soltou sua risada alegre e alta quando o ouviu dizer.
“Você é bom, menino! Devia se inscrever no X factor.”
Fim do Flashback

“Ele está trabalhando, vó. Nos Estados Unidos…” Não precisava continuar o assunto, mas talvez fosse um jeito de distrair a avó. “Mas acho que não está dando muito certo. Vou me mudar da casa dele.”
Granny franziu a testa.
“Vocês não se gostam mais?”
“Nos gostamos sim. Como nos gostamos! Mas tem sido difícil. Eu não sei bem como lidar com a ausência dele… Tenho medo de perder o que sinto pelo por isso. De chegar ao ponto em que nos separamos porque eu sinto raiva dele ou algo assim. Eu sei que é fraqueza da minha parte desistir, mas eu...” Parou de falar ao perceber que estava, mais uma vez, desabafando até o ponto das lágrimas. “Eu prefiro assim.”
A senhora fez que sim com a cabeça e deu um beijo nas mãos da neta.
“Não é vergonha nenhuma abandonar algo que de algum modo está te fazendo mal, minha querida. Além disso, a única pessoa que devia estar sofrendo com a ausência da pessoa amada aqui sou eu.” Ela disse, com simplicidade.
se levantou e a abraçou. Granny era tão incrível que estava ali a consolando quando devia ser a pessoa consolada. Guardou as palavras dela em seu coração, se sentindo mais em paz do que estivera em muito tempo.
Deu um beijo demorado no rosto da avó.
“Eu prometo vir mais vezes ficar com a senhora, tá? Não vamos mais sentir saudades uma da outra, combinado?” falou, fazendo-a sorrir.
“Combinado, docinho.”
***


estava distraído escrevendo em seu caderno de letras, quando sentiu alguém se sentando ao seu lado.
“A boa notícia é que nós chegaremos a tempo para o casamento. Em cima da hora.” Chris falou, fazendo-o levantar os olhos. “A má notícia é que eu não vou ter tempo de ir ao cabeleireiro.”
Ele sorriu.
“Lava na pia do avião.” Sugeriu, de brincadeira, fazendo-a rolar os olhos.
“Queria ser homem nessas horas!” A assistente bufou e se endireitou na cadeira.
Os dois estavam no aeroporto de Atlanta, esperando para o voo que os levaria de volta para Londres, para irem ao casamento de Mark. Como tinham ficado para trás para que conseguisse terminar uma gravação, eram os únicos presos no aeroporto correndo o risco de se atrasarem.
“Preciso avisar a .” O rapaz se lembrou, puxando o celular do bolso.
“Como vocês estão?” Chris perguntou. Vinha reparando na escassez de conversas entre os dois nos últimos dias e em como parecia aflito sempre que finalmente se falavam.
Ele suspirou.
“Não sei, Chris. Honestamente não sei. O avô dela faleceu semana passada e nós quase não nos falamos desde então. Acho que ela ainda está muito abalada… Eu não sei. tem estado mais calada que o normal recentemente, é difícil saber o que acontece.” Explicou, parecendo exasperado.
A assistente fez carinho no braço de , tentando confortá-lo.
“Vai ficar tudo bem…”
“Eu espero que sim!”

Era uma manhã bonita de verão e não havia uma nuvem no céu. Parecia o dia perfeito para um casamento de jardim. já estava pronta, usando um vestido de renda rosa bebê até os joelhos e sandálias sem salto para conseguir andar na grama.
Seu estômago estava embrulhado enquanto ela observava a porta, sentada no sofá da sala. O namorado chegaria a qualquer momento, já tinha avisado que havia pousado. Sua ansiedade era causada pela expectativa de finalmente revê-lo e a incerteza das decisões que esperava compartilhar com ele naquele feriado.
Ouviu barulho de carro e a risada tão conhecida. Se levantou instintivamente ao ver a maçaneta se mexer.
abriu a porta, entrou e colocou a mala e a mochila no chão, parecendo exausto. Quando levantou o rosto e a viu, porém, sua expressão se desanuviou. Estava em casa e a primeira visão que tinha era da mulher que amava parecendo deslumbrante. Sorriu e abriu os braços.
sentiu como se estivesse voltando a respirar depois de passar três meses prendendo o fôlego. A força invisível que pressionava seu peito se afrouxando. Deu passos largos para atravessar a sala e o encontrou onde estava, se jogando em seus braços.
Sentiu uma vontade desesperada de chorar, mas já estava maquiada para o casamento. Se limitou a dar nele o abraço mais apertado que conseguia.
“Eu sinto muito pelo seu avô, meu amor. Eu sinto muito!” disse. Queria mais do que tudo beijá-la, mas precisava antes se certificar de que estava bem. Colocou as duas mãos uma em cada lado de seu rosto, examinando-o. “Como você está? Quer falar sobre isso? Tem certeza que quer ir ao casamento? ”
fez que sim com a cabeça, sorrindo e analisando o rosto do namorado também. Era tão bom vê-lo pessoalmente! Senti-lo. Entretanto, definitivamente não queria conversar e estragar aquele momento. Porque independente do alívio que estivesse sentindo, nunca tivera dúvidas de que se sentiria assim quando estivesse com ele. O problema não era quando estava a centímetros de distância. Seu dilema nunca tinha envolvido se o amava ou não. Ela o amava. Com toda a certeza do mundo. Isso não havia mudado e não mudaria.
“Deixei suas roupas em cima da cama.” Falou. “Estamos atrasados, mas não muito. Ainda.”
Como se sua preocupação com o casamento fosse o sinal de normalidade que procurava, ele se curvou para beijá-la. Finalmente. Depois de meses desejando fazê-lo. Era tão maravilhoso quanto ambos se lembravam. Fazia todas as borboletas em seus estômagos se agitarem novamente.
Antes de se distanciar, o rapaz ainda distribuiu diversos beijinhos pelo rosto dela.
“Obrigado por deixar tudo pronto! Vou ser bem rápido, tá?”
então o observou se abaixar para coçar as orelhas de Elliott e entrar correndo no banheiro da suíte. Suspirou e olhou de volta para o fundo da sala, onde algumas de suas caixas estavam. Não seria fácil, mas quando não estava sob o efeito entorpecente da presença do namorado, conseguia concluir que estava tomando a decisão correta.

“Ok, tenho um drinking game para nós!” Janet disse, se sentando na cadeira vazia ao lado de . O casamento (que havia sido lindo e emocionante) já tinha acabado e os convidados agora iam ocupando seus lugares no lugar preparado para a festa. “Cada vez que Mark falar que essa é a tenda do The Great British Bake Off, a gente bebe!”
, sentado do outro lado da namorada, se virou para entrar no assunto.
“Quando foi que ele disse isso?” Perguntou, franzindo a testa.
Bem nessa hora, uma voz vinda de algum lugar ali perto exclamou:
“Estou te falando, essa é a tenda onde gravam Bake off! Só tiraram o cenário!”
Janet ergueu as sobrancelhas, levando o copo à boca e apontando para as taças de champagne na mesa em frente ao casal. Eles riram e a acompanharam.
“Vai ser uma tarde e tanto, crianças!” Ela falou e se levantou. “Vou espalhar o jogo por aí e já volto.”
Quando ficaram sozinhos, passou o braço pelos ombros de e deu um beijo demorado em sua bochecha.
“Já falei como você está linda hoje?”
Ela sorriu e se virou para ele.
“Já, mas obrigada mesmo assim!” Respondeu e alisou sua gravata. “Você está lindão também.”
Adorava vê-lo de roupa social. A fangirl que ainda morava dentro de sempre se assanhava mais quando o via de terno e gravata.
Ele se distraiu mexendo no cabelo dela por alguns segundos.
“Fiquei preocupado com você nas últimas semanas.” Confessou.
mordeu o lábio inferior. Se sentia grata pela preocupação dele. Não deixava de ser um alívio depois dos vários dias que passou sem conseguirem ter uma conversa decente que fosse. Não podia negar que às vezes, no auge de uma crise de angústia, tivesse duvidado daquilo. Retribuiu o beijo na bochecha que ele havia lhe dado.
“Tem sido uma época muito mais difícil do que eu poderia prever.” Contou. Aquele, contudo, não era o ambiente certo para terem uma conversa séria. só queria celebrar o amor de Mark e sua esposa, fazer drinking games com Janet e se divertir com como se ainda estivessem no início do relacionamento. Queria um dia sem sentimentos complexos, para variar. “Mas hoje nós dois estamos aqui juntos e, hoje, só isso importa. Não existe nenhuma preocupação.” Falou, puxando-o para beijar seus lábios.
“... Sim, do Bake off. Dá um Google aí que você vai ver que é igual!” Mark disse, em sua voz grave, acima da cabeça dos dois.
e quebraram o beijo, gargalhando. Mesmo na ausência da cabeleireira, tomaram mais um gole de champagne.
Jan estava certa, seria uma tarde daquelas!

A tarde foi passando e tanto quanto já estavam naquele estado alcoólico em que tudo parecia muito mais engraçado do que realmente era.
A garota agora estava sentada à mesa sozinha, tinha se perdido de . Ele provavelmente havia sido puxado para uma conversa de adultos com algum cara importante da indústria musical.
Cadê você?” Escreveu em uma mensagem, apertando os olhos para conseguir enxergar a tela direito.
Não demorou 10 segundos e recebeu uma ligação do namorado. Atendeu rindo. “Onde o senhor se meteu?”
“Oi, gatinha, você vem sempre aqui?” Ela olhou em volta procurando-o, mas sem achá-lo.
!”
“Você fica linda com o cabelo para cima desse jeito que está agora.”
“Onde você estáááá?” Perguntou, ainda olhando ao redor.
“Qual sua música de casamento preferida?” Ele ignorou a pergunta mais uma vez.
“Eu não sei…”
“Me fala uma música e eu te falo onde estou.”
pensou um pouco e respondeu:
“Murder on the dancefloor.”
“Uh, boa escolha!”
“Agora me fala ond-” Mas antes de conseguir terminar a frase, a música que havia escolhido começou a tocar e ela se virou para onde a mesa do DJ ficava.
Talvez fosse a embriaguez, mas podia jurar que a multidão se afastou em câmera lenta para que ela o visse. Parado com uma das mãos segurando o celular e a outra no bolso, sorria de lado. Ela se levantou e caminhou até lá sem pensar duas vezes. Ainda carregava o aparelho próximo ao ouvido, mesmo que não fizesse o menor sentido. Parou de frente para o namorado.
“Oi!” O cumprimentou, ainda no telefone.
“Oi, gatinha. Você me dá o prazer dessa dança?” pediu, desligando o próprio celular e o de .
Ela riu.
“Não tem ninguém dançando junto, .”
“Então nós seremos os primeiros.” Disse, a segurando pelas mãos e levando para o meio da pista de dança.
Eles estavam bêbados demais para serem graciosos. Ao em vez disso, era só dois bobos tentando fazer passos de dança obsoletos e falhando miseravelmente. Pelos menos estavam se divertindo e divertindo as pessoas em volta.
Enquanto a fazia girar de um jeito muito desajeitado, desejou que aquele dia perfeito nunca terminasse.

e entraram em casa gargalhando e quase se atropelando, quando ele finalmente conseguiu abrir a porta. A garota tinha as sandálias na mão e usava o paletó do namorado.
Soltou os sapatos de qualquer jeito no chão e se virou para ele, abrindo os braços.
“Enfim, sós!” Disse, sorrindo de um jeito insinuante.
O rapaz entendeu o pedido silencioso e se aproximou dela. Se beijaram por longos minutos no escuro da sala, matando a saudade como ainda não tinham tido oportunidade durante aquele dia. tirou seu paletó dela e o jogou no sofá, beijando o ombro e o pescoço de .
Foram caminhando ainda abraçados um ao outro até o quarto.
Ao chegarem lá, se ajoelhou no colchão, de frente para o namorado que estava parado aos pés da cama, e começou a desabotoar sua camisa. Na ansiedade de despí-lo rápido, no entanto, acabou puxando sua gravata para cima sem afrouxá-la direito.
! !” a chamou, rindo, com o nó da gravata parado na altura do nariz. “Espera aí.”
Ela não o escutou e deu um último puxão sem sucesso, se desequilibrando e caindo deitada para trás. Soltou uma risada alta, sendo acompanhado pelo rapaz, que deu a volta na cama e se sentou ao seu lado.
“Amorzinho? Eu acho que não estou em condições de fazer…” Sua frase foi interrompida por um soluço bêbado e os dois riram. “... Nada.”
“Tudo bem, eu acho que eu também não.” respondeu, se abaixando para dar um selinho na namorada. “Fica aí, vou pegar seu pijama e te trocar.”
Ele se livrou da gravata, da camisa e da calça e caminhou até o closet para buscar as roupas de .
Talvez por estar embriagado, levou 5 segundos a mais do que levaria normalmente para perceber que havia algo de errado ali.
O lado de no armário estava vazio.
Ele franziu a testa e pensou se tratar de algum engano. Mexeu nas próprias roupas tentando achar as roupas dela entre as suas. Talvez fosse um caso de umidade. Ou cupim.
Mas não. Não havia nada que fosse de no closet. A única peça que estava do lado dela, dobrada com cuidado, era uma camiseta dele que a namorada costumava usar como pijama.
engoliu com dificuldade, se sentindo repentinamente sóbrio. O que estava acontecendo? Por que estava descobrindo que o deixaria daquele jeito? Ela estava, não estava? Mas qual era o motivo?
Ouviu uma risada além da porta e respirou fundo, pegando a camiseta e saindo do closet. Encarou a garota sentada na cama, olhando algo no celular. Ela virou a tela em sua direção.
“Acho que essa é a nossa melhor foto!” Falou, ainda rindo. A foto, do casamento mais cedo, tinha os dois curvados e gargalhando no meio da pista de dança.
estava tão bêbada que tinha se esquecido completamente do que encontraria (ou não encontraria) no closet. Estava mesmo comprometida com a ideia de não lidar com sentimentos complexos naquele dia e pareceu não perceber a diferença na expressão dele.
O rapaz foi até a cama e se sentou, de frente para ela. Observou enquanto a namorada tirava o vestido e colocava a camiseta. Se lembrou da primeira vez que havia a usado:
Era a primeira vez que os dois sairiam juntos publicamente, iriam ver a final masculina de Wimbledon. Depois do jogo, o casal e o resto da turma que estava com eles resolveram continuar o social na casa de e, ao final da noite, só havia sobrado os dois ainda conversando na sala. Tinham essa coisa de nunca ficarem sem assunto desde o dia que haviam se conhecido. Ele ofereceu para que ela dormisse lá. Ela aceitou sem pensar duas vezes. Foi a primeira vez que passaram a noite juntos.
“O que foi?” perguntou, franzindo a testa para o jeito como ele a olhava. Jogou o vestido no chão e se aproximou mais do namorado.
balançou a cabeça. Deveria falar? Deveria deixar para o dia seguinte?
“Eu só… Eu só quero que você saiba que eu estou aqui para você. Sempre.” Disse, dando um sorriso triste. “Sempre que você quiser conversar. Eu sei que tem sido complicado nos últimos meses, mas eu… Eu sempre estou disponível para você.”
De repente, ela pareceu entender qual era o problema e seus olhos se encheram de lágrimas. Abraçou sem dizer uma palavra.
"Eu te amo tanto!" Disse, depois de um tempo, a voz abafada pela proximidade de sua boca com o pescoço dele.
Mas a declaração soou mais como um pedido de desculpas, fazendo o coração de apertar de um jeito desconfortável. O que estava havendo? Ele queria desesperadamente saber.
Mas não sabia como perguntar, porque não estava dizendo "eu não te amo mais como antes" ou "acho que precisamos conversar sobre nós". Diante do eu te amo sincero (mas triste) dela, só podia responder "Eu também te amo. Muito!" e continuar com aquele sentimento de que as coisas estavam escorrendo por seus dedos, fora de seu controle.
Ele a abraçou mais forte, como se tentasse asfixiar qualquer coisa ruim que estivesse sentindo. Se pudesse tirar com as próprias mãos, o faria. Mas não sabia se era suficiente.
Quando se separaram, secou os olhos com as mãos.
“Será que nós podemos conversar sobre isso só amanhã?” Pediu e ele fez que sim com a cabeça.
Em silêncio, se deitaram abraçados no quarto escuro. repousou a cabeça sobre o peito de e ele logo percebeu a respiração dela abrandar até ser serena como a de alguém adormecido.
O rapaz não conseguia dormir, porém. Ficava indo e vindo em tudo o que tinha acontecido entre os dois, tentando achar os buracos, os detalhes que havia perdido. Por mais que soubesse que sua rotina nos últimos tempos tinha feito dele um namorado um pouco relapso, não podia acreditar que terminariam por isso. Não queria acreditar, pelo menos.
Talvez não fosse assim tão grave, talvez ela estivesse só se mudando. Era mais aceitável pensar assim.
Estar abraçando e fazendo carinho em seus cabelos o faziam achar que tudo se resolveria. Porque aquilo bem ali eram os dois, aquele dia inteiro tinha sido uma confirmação de como eram perfeitos um para o outro. Desde o primeiro dia, desde a primeira conversa. Tinha fé naquilo, na veracidade do que significavam juntos.
Aquela faísca de esperança preencheu os espaços de dúvida no coração de . Se sentiu calmo de novo, o suficiente para tentar dormir também.
“Você é a pessoa mais incrível que eu já conheci.” Sussurrou, abraçando mais forte.


Na manhã seguinte, se mexeu na cama, mas não sentiu o corpo de ao seu lado. Abriu os olhos com dificuldade e levou a mão à cabeça, percebendo que estava com uma ressaca desgraçada. De repente, relembrou a última conversa que tiveram e todos os sintomas de quase morte que já estava sentindo se intensificaram. Havia sido tão cuidadosa na manhã anterior para que ele não entrasse no closet antes que pudessem conversar! Sua eu bêbada tinha mandado tudo às favas.
Ouviu um barulho de panelas vindo da cozinha e respirou fundo, se preparando para aquele diálogo, que seria o mais difícil que já tivera.
Saiu do quarto e o encontrou fazendo o café da manhã. Usava uma calça de moletom e tinha o cabelo todo bagunçado. sorriu instantaneamente para a imagem.
“Bom dia!” Falou, se sentando no sofá, mas ainda sendo capaz de olhá-lo de onde estava. Não podia negar que estava um pouco apreensiva em se aproximar.
“Bom dia!” Ele respondeu, dando um sorriso breve. “Café ou chá?”
“Café, por favor!”
“Muita ressaca?”
“Minha cabeça está pesando 50 quilos!”
Estavam sendo demasiadamente formais um com o outro, o que era quase impensável se tratando dos dois.
terminou os ovos e caminhou até a sala com as duas xícaras e os dois pratos.
Comeram em um silêncio ensurdecedor e desconcertante. Quando terminaram, levou as louças até a cozinha e, de lá, o viu se endireitar no sofá e respirar fundo. Seu coração pareceu diminuir de tamanho.
Sentou ao seu lado e fez carinho em seu braço.
“Nós precisamos falar sobre o elefante branco no cômodo, certo?” Perguntou.
“Eu vi que o closet está vazio.” falou, se virando para ela. “E as caixas.” Apontou.
Ela fez que sim com a cabeça.
“Antes de tudo, queria te pedir desculpas por ontem. Eu queria que nós conversássemos antes que você visse que minhas roupas não estão mais lá.”
“Me fala o que está acontecendo, . Por favor!”
Ela não respondeu de imediato. Colocou as mãos sobre a boca e fechou os olhos, pensando em como abordar todas as aflições que sentira no tempo que passaram separados e o que tinha decidido.
, eu… Eu acho que preciso de um tempo. De nós.” Soltou, certeira como um golpe de espada. “Eu sei que parece do nada, especialmente depois de ontem, que foi perfeito… Mas eu… Eu não sei se existe outra opção.”
continuou encarando-a, sem saber o que dizer. Não podia ser. Como tinham chegado na pior alternativa tão repentinamente?
“Eu não entendo...” Foi só o que conseguiu balbuciar.
“Eu não estou vivendo um bom momento da minha vida.” começou a explicar. “Meu avô faleceu e eu não me despedi dele. Eu vou precisar voltar a York com mais frequência, para passar mais tempo com a minha avó, que agora está sozinha. Meu estágio é difícil demais, o professor é arrogante demais e as pessoas são fechadas demais. Eu chego em casa tão cansada fisicamente quanto mentalmente. E quando eu chego aqui… Não tem ninguém para conversar. Nem para desabafar, nem para tirar minha mente de tudo que vem dando errado. E eu estou me mudando de volta para onde morava, principalmente por essa razão. A ideia parecia boa, . Mas ficar aqui sem você não faz sentido. Eu me sinto presa em uma torre, esperando meu príncipe encantado que não pode vir me resgatar porque está trabalhando.”
Ele fez que sim com a cabeça. Entendia o lado dela. Quando pensaram nela indo morar lá, parecia perfeito. Seria mais fácil quando o rapaz estivesse na cidade, exatamente como naquele fim de semana. No entanto, não tinham parado para pensar em como seria entre um encontro e outro. Nem cogitaram que seria um problema.
“Mas ainda podemos continuar juntos morando em casas diferentes, . Não me diz que estamos terminando.” Sua voz estava embargada. “Nós funcionamos juntos. Eu… Nunca senti por ninguém o que eu sinto por você.”
parecia próxima às lágrimas também. Mas tentava não transparecer toda a tristeza que estava sentindo.
“Começar a namorar com você e tudo que nós vivemos juntos ano passado foi o momento mais perfeito da minha vida. É possível que eu passe o resto dela tentando viver algo parecido e nunca mais consiga.” explicou. Tentava ser o mais racional possível ao explicar sua decisão, mas dizer aquilo olhando nos olhos de a faziam esmaecer um pouquinho a cada palavra. “Mas ir desse topo da montanha para onde eu estou agora tem sido tão cansativo e frustrante! E não é culpa sua ou minha ou de ninguém… É só a vida e suas fases boas e ruins. O problema é que tem sido muito difícil passar por tudo isso e ao mesmo tempo tentar manter o prato do nosso relacionamento a distância girando, sabe? E talvez eu tenha idealizado demais como seria e no fim não é nada do que eu imaginei, mas de qualquer forma, eu não quero mais sentir como se namorar você fosse um peso do lado negativo da minha balança.”
“Você se sentia assim?” Ele perguntou, parecendo chateado.
fez que sim com a cabeça.
“Ir embora, dar um tempo disso que a gente tem vai ser horrível no começo. Vai doer mais do que está doendo agora. Mas uma hora eu vou me dar conta de que não me decepcionar toda vez que você não pode estar ao meu lado foi um jeito de salvar as nossas memórias boas. E elas são as memórias mais valiosas que eu tenho. Vai ser mais fácil se eu não estiver esperando algo de você, entende?”
fez que não com a cabeça e passou as mãos pelos olhos, impaciente. Ele entendia o problema, mas não podia e não queria deixar que ela colocasse tudo a perder assim.
“O que você quer que eu faça, ?” Perguntou exasperado. “Me diz e eu faço. Você quer que eu cancele algumas datas da turnê para passar mais tempo em Londres? Adie o lançamento do álbum?”
deu uma risadinha triste.
“Você se esquece que antes de tudo eu sou sua fã… Jamais pediria algo assim para você!” Disse. “Além disso, me ofenderia se fosse o contrário e você me pedisse para largar o estágio. Não pode existir dois pesos, duas medidas aqui.”
“Me dá outra alternativa, então. Eu não quero perder você!” As lágrimas desciam pelas bochechas dele, tornando aquela conversa quase impossível. “A turnê logo acaba. Vai voltar a ser como era antes.”
“E aí começa de novo no próximo ano. E depois na próxima turnê. E em todas as próximas que eu espero que você faça e me mate de orgulho em te ver em cima de um palco.” falou, incapaz de esconder a dor que ela também sentia.
Se um ano e meio atrás, dentro da van preta que ia para Wentworth, alguém dissesse que ela um dia estaria terminando com , certamente acharia loucura. Era ! Imagina só se ela tivesse a chance de tê-lo, de namorá-lo? Ficariam juntos até que ele se cansasse dela ou viveriam felizes para sempre! Só havia essas duas opções.
Mas as malas no corredor e suas coisas embrulhadas em caixas eram a vida real e cruel. Ergueu a mão, fazendo carinho no rosto do namorado, que fechou os olhos.
“Eu vou esperar você voltar para a turnê amanhã à noite para ir para a casa da Norah, ok?” Falou. Não estava mais conseguindo prender o choro. Seu coração estava em pedaços. “Nós ainda temos hoje e amanhã.” Completou, tentando sorrir para o que deveria ser o lado bom de tudo aquilo, mas se parecia mais com um prêmio de consolação fuleiro. Como as próximas 30h poderiam ser boas, sabendo o que viria a seguir?
, em um ato desesperado, se aproximou dela no sofá e a beijou. Com todo seu amor, com toda a dedicação que tinha por ela e pelo namoro dos dois. Como se tentasse dizer “Eu estou aqui, eu sempre estive aqui. Você não precisa ir a lugar nenhum”.
Doía nele saber como ela havia se sentido nos últimos meses. Para ele também não era fácil estar distante, mas pelo menos todo o resto de sua vida ia bem. Estava fazendo o que mais amava, com pessoas maravilhosas ao seu redor.
Mesmo assim, não conseguia dar o braço a torcer. Aquele não podia ser o fim do namoro dos dois, não queria ir para os Estados Unidos sabendo que, quando a turnê acabasse, não voltaria para os braços de .
“Não vai. Por favor, não vai embora.” O rapaz pediu, por fim, quando se separaram. Segurava a mão dela em sua bochecha e sua voz era urgente e tão suplicante quanto seus olhos. “Por favor!”
A garota não respondeu. Apenas fez que não com a cabeça. Ela já havia decidido guardar de volta em seu pedestal e redoma de vidro.
Só queria poder amá-lo como sempre amou, sem sombras da realidade no sentimento puro que nutria desde muito antes de conhecê-lo. Daria replays infinitos nas memórias dos dois juntos sempre que a saudade apertasse. Até que seu cérebro corrompesse aqueles “arquivos” e já não soubesse mais o que havia sido real e o que era só uma passagem de alguma fanfic clichê que tinha lido anos e anos atrás.




Fim!



Nota da autora: : [respira fundo] A primeira coisa que eu queria dizer é: Não me culpem por esse final. Culpem o Niall, que escreveu essa música triste pra cacete! Eu juro que pensei várias vezes que devia ter pego The Tide e ter dado um jeito do final ser feliz, hahahaha…
Falando sério, meu Deus! Que responsabilidade escrever uma fanfic pra essa música! A música que o próprio Niallconsidera tanto, tanto que deu o nome dela pro primeiro álbum solo dele. Pra quem não me conhece, eu sou Niall girl fervorosa e, além da responsabilidade, foi também uma grande honra transformar Flicker em uma história. Confesso que fiquei um pouco obsessiva, hahahaha… Eu queria MUITO fazer a melhor fanfic que essa música poderia ter. Não faço ideia se alcancei o objetivo, mas morri tentando, podem ter certeza.
Eu espero também que vocês tenham entendido a Penny (a personagem principal). Eu passei muito tempo com ela na cabeça, então me sinto um pouco super protetora. Eu tinha essa ideia de uma fic fã-ídolo que fosse um pouco além do que a gente normalmente lê. Em que fosse menos fácil para ela se ajustar à vida dele, mesmo que aquilo tenha sido tudo o que ela sempre quis (e o que a gente, leitoras de fanfic, sempre quis). Eu tenho muitos e muitos pensamentos sobre isso (como eu disse, fiquei obsessiva com o enredo) e não vou aborrecer vocês agora. Mas comentem aqui embaixo o que vocês acharam e a gente pode conversar mais sobre! Comentem sobre a playlist também. Vocês ouviram? Gostaram? E se quiser conversar mais ainda, eu também tenho um grupo no facebook pras minhas fics: https://www.facebook.com/groups/945481665618167 ou me chama no twitter: @lary_aku.
Para quem leu com o nosso irlandês favorito, espero ter feito justiça ao que é possível “ler”da personalidade dele nas redes sociais/entrevistas/shows. A propósito, o 1D não foi mencionado para que as pessoas pudessem ler com qualquer outro cantor. Não foi por maldade, tá?
E a gente se vê em julho nos shows do Niall, né? Me procurem lá! (Se a fic for publicada depois dos shows, comentem aqui também como foi!)
E pra encerrar, eu queria agradecer IMENSAMENTE às minhas queridíssimas Thatha, Liih e Fran, que foram conhecendo a Penny e o Niall a medida que eles iam ganhando vida. Que me ajudaram e me incentivaram durante todas as 30 e poucas páginas. Não teria saído sem vocês! <3
E obrigada a você também, que leu Flicker! Espero que tenha valido a pena!

Antes de ir, vou deixar aqui uma lista de fanfics que escrevi.
On the third floor se passa na faculdade e tem os meninos do 1D fixos. O Niall, claro, é o principal. Trap é interativa, mas também foi escrita com o Niall como principal. E pra quem já leu Trap, eu finalmente estou escrevendo Trap2! Ou estava, até eu parar para viver de Flicker, hahaha…






Outras Fanfics:
Trap (1D/Finalizada)
When you’re ready (Atores - Noah Centineo/Finalizada)
On the third floor (1D/Em Andamento)
04. When we were young (Ficstape 25/Finalizada)
Daydreamer (Outros/Finalizada)
Someone like you (Outros/Finalizada)
06. Glasgow (Ficstape Catfish and the Bottlemen/Finalizada)
08. Sound of Reverie (Fictape Lovely Little Lonely/ Finalizada)
09. Then there’s you (Ficstape Nine Track Mind/Finaliada)
10. Here we go again (Ficstape Turn it up/Finalizada)
While my guitar gently weeps (Outros/Finalizada)


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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