09. Aftertaste

Finalizada em: 02/01/2018

Capítulo Único

Minha mente funcionava a mil. Todas as imagens de sexta iam e voltavam conforme os goles que eu tomava de um uísque barato da lojinha da esquina.
Todo mundo achava que eu iria quebrar o coração dela. “Ah, pobre Taylor, namorando o maior pé rapado da cidade.” “Uma anjinha namorando um demônio.” Quem diria que o demônio da vez seria ela?
Não que eu fosse um cafajeste quebrador de coração de menininhas virgens para ser chamado de demônio, longe disso, apenas nunca tinha me apaixonado e gostava de curtir minha vida. Mas tente ‘curtir a vida’ numa cidade com 12 mil habitantes e veja o que falarão sobre você.
O que eles falam também nunca me importou tanto assim, mas é uma merda quando as pessoas te subestimam. Mesmo eu me fodendo nessa história, pelo menos eles quebrarão a cara achando que quem iria sofrer era ela. Posso me animar com isso?
Ouvi um barulho na minha porta, mas não dei muita bola. Quem quer que fosse tinha conseguindo passar pela portaria sem ser anunciado então não precisaria me importar. A não ser que fosse Taylor.
- Você ‘tá um lixo – disse a invasora.
Não era Taylor.
Amém.
- Obrigado. Sempre carinhosa, bestie – afeminei a voz e a vi revirando os olhos.
- É sério, , levanta daí. – tentou me puxar do chão. Sem sucesso. – Gordo.
- Gostoso. Mas você não acha isso, já que se achasse não namoraria aquele Hulk que é seu namorado. – Eu estava realmente querendo apanhar ao provocá-la. Quem sabe com me batendo a dor emocional não iria embora?
- Lógico, namoraria uma vareta que nem você. – disse irônica e revirou os olhos novamente, mania chata essa. – Cala a boca. – me interrompeu quando viu que eu iria retrucá-la. – Não que seja da sua conta, mas Kevin já partiu pra França.
- Nós dois estamos solteiros, então? – perguntei, não aprofundando no assunto visto que era e ela provavelmente não me diria nada sem alguns copos de álcool no sangue.
- Você não sabe o quão sugestivo isso soa.
- Essa é intenção. – rimos. – O que você veio fazer aqui além de dar em cima de mim, ?
- Trouxe uísque de verdade. – disse, retirando uma garrafa de Black Label da sacola e dois copos de plástico.
- Minha verdadeira heroína. – disse com meus olhos brilhando ao olhar a garrafa. – Ficou tão mal assim pelo rompimento com o Hulk?
- Ficou tão mal assim com o pé na bunda que levou da Gabriella Montez? – devolveu.
- Outch. Achei que tinha vindo aqui pra me tirar da fossa, não me ajudar a afundar nela.
- Achou errado. Vim aqui beber, vai abrir essa merda ou não?

Em menos de 1/3 da garrafa, já chorava no meu colo. Eu sabia que apesar de não aprovar o namoro dos dois, ela gostava muito do idiota do Trapp.
- Você acredita que o escroto ainda me deu um beijo de ‘adeus’? O quão sem coração isso soa? E ainda disse: “é pra você não me esquecer enquanto eu estiver na França” – engrossou a voz, me fazendo rir. – Não ri, filho da puta.
- Sorry. Babe, não to defendendo ele nem nada, você sabe que sou Team , mas era a carreira dele. Eu entendo, se uma gravadora me chamasse pra fora do país eu não pensaria duas vezes. – Ela torceu o nariz, sabendo que eu estava certo, mas não querendo dar o braço a torcer.
- Tá. Que seja. Mas um beijo de ‘adeus’ é muito doloroso.
E foi com essa frase que conseguiu dispersar minha atenção. Eu queria vingança pela humilhação que Taylor havia me feito passar. Eu sabia que não adiantaria nada me fantasiar de Regina George e acabar com a reputação dela, porque é de Taylor que estamos falando. Filha do prefeito, cabelo loiro com cachos definidos, olhos grandes e muito azuis, e uma reputação mais limpa do que os pratos que eu lavo: um verdadeiro anjo. Ninguém acreditaria em nada que um pé rapado que arranhava um violão nos bares à noite pudesse falar da princesa da cidade. Se eu contasse a verdade sobre nosso término as pessoas provavelmente a apoiariam, mesmo que ela estivesse errada. Não havia muito que eu pudesse falar, por isso a atacaria emocionalmente. Eu sabia que atrás de toda a merda que aconteceu, Taylor gostava de mim. Eu não era burro, consegui perceber mesmo com todo o fingimento dela e isso viria a calhar muito bem no meu plano de vingança e de restauração do meu orgulho.
Por favor, não me ache o cara mais babaca do mundo por querer vingança, qualquer um no meu lugar também iria querer.
- Ei, ‘tá me escutando? – estalou os dedos na minha frente.
- Desculpa, me perdi – bufou.
- Tá, de qualquer forma já falei demais sobre mim e você ainda não me contou o que aconteceu naquela boate. – Foi minha vez de bufar e virar os olhos. – Por favor, eu fiquei me roendo a semana inteira de curiosidade. Eu nem sabia que você gostava tanto dela assim pra ficar mal.
- Eu gostava. Não era amor ainda, mas também não era algo para jogar pela janela como ela fez.
Quando viu que eu não iria mais falar nada, disse:
- Ok. Não vou te forçar a me contar se você ainda não está pronto. Posso lidar com isso. – suspirei com a chantagem emocional que sempre funcionava.
- Tá. Vou te contar. – comemorou e eu ri. – Mas por favor, cala a boca e me deixa terminar tudo sem me interromper?
- Ok. Mas a próxima vez que você me mandar calar a boca...
- Tudo começou quando... – a interrompi e ela fechou a matraca que chamava de boca, indignada.

Flashback
Eu odiava boates. Preferia os barzinhos da esquina, o famoso ‘copo sujo’ com litrão por 9,00, mas era aniversário de um amigo do namorado da e eu como o melhor amigo dela fui intimado a vir. Taylor iria para uma despedida de uma amiga que iria para Londres, então entre sair com um bando de patricinha para falar da nova coleção da Barbie eu preferi vir para a boate encher a cara com . Isso se ela parasse de se agarrar com o panaca do namorado dela.
Olhava ao redor vendo muitos casais fazerem o que eu gostaria de fazer no momento e pensei em Taylor. Eu gostava dela, apesar de na maioria do tempo ela tentar me controlar e por cor no meu armário, ela era uma garota legal, muito diferente do que pensei que ela fosse. Nos conhecíamos desde criança, sempre estudando na mesma sala, porém sem nunca termos tido nenhum contato além de cumprimentos formais. Ela não gostava de e também não era a maior fã dela depois de um incidente com uma bolsa Chanel. Como eu sempre estava com , nosso contato era ainda mais limitado, até o dia que ela ficou bêbada no bar que eu toco e eu como o cavalheiro que minha mãe me criou para ser, resolvi ajudá-la. A partir daí as coisas evoluíram e 4 meses depois eu resolvi pedi-la em namoro, o que quase levou sua mãe à um enfarte, mas ela aceitou mesmo assim. Eu estava cansado de ter que ir para cima e para baixo com e Kevin e me sentir um intruso no relacionamento dos dois, mesmo que dissesse contrário, então por que não namorar também? Durante tempo que eu fiquei com Taylor não sai com mais ninguém e a companhia dela era algo que me fazia bem, parecia certo pedi-la em namoro.
Domingo iríamos completar nosso primeiro mês juntos oficialmente e eu queria preparar uma surpresa para ela. Nada muito elaborado, afinal é de mim que estamos falando e criatividade não veio no pacote se não tiver a ver com música, por isso qual opção melhor do que uma composição? Tudo já estava preparado – pelo menos na minha mente – e iria ser uma noite inesquecível.
- Ei, aquela não é sua namorada? – escutei o namorado de dizer e olhei na direção de 6 garotas e alguns garotos no camarote reservado que ficava acima da pista.
- Ela não te disse que estaria aqui? – me perguntou.
- Eu acho que sim, mas não prestei muita atenção.
- E depois você reclama que ela dá piti por que você não dá atenção pra ela. – e seus sermões. Virei os olhos.
- Que seja, . Vou lá fazer uma surpresa pra ela. – disse, já me preparando para sair.
Quando alcancei uma distância razoável da mesa para não me matar, joguei uma camisinha na direção do casal e gritei:
- Arrumem um quarto e não tenham bebês. – ficou vermelha e Kevin gargalhou dizendo:
- Não é uma má ideia.
Fiz uma careta com o comentário. merecia mais. Não que Kevin fosse um péssimo namorado, mas ainda assim, ela era especial demais pra mim e eu tinha certeza que ele iria quebrar o coração dela um dia.
Resolvi espantar os pensamentos sobre e subi em direção à Taylor.
Meu plano só não contava com um segurança me barrando na entrada do camarote. O olhei e o cara parecia um armário. Ok, minha surpresa foi por água a baixo e o jeito era chamar por Taylor para que ela viesse liberar minha entrada.
- Taylor! Taylor! – gritei mais algumas vezes quando ela finalmente me olhou.
Sorri e não a vi fazer o mesmo. Sua cara era de surpresa, mas não era nada boa. Ficou branca de repente e todas suas amigas começaram a se olhar e rir um pouco. Fiquei confuso e desfiz meu sorriso quando ela começou a andar em minha direção, um pouco apavorada.
- Você conhece ele, senhorita? – O brutamontes perguntou quando Taylor chegou perto de nós.
Ela assentiu e o segurança liberou minha entrada. Quando ia andando em direção à mesa, Taylor me puxou pelo braço me fazendo parar no lugar.
- O que você tá fazendo aqui, ? – perguntou séria. – Quando eu te contei que viria você me disse que iria para um lugar com sua melhor amiga. – fez uma cara de desdém.
- Coincidiu o aniversário do amigo do Kevin ser aqui. Os meninos te viram e eu resolvi subir para te fazer uma surpresa. – tentei abraçá-la e ela rapidamente se esquivou, olhando para suas amigas.
Olhei na mesma direção e vi que todas suas amigas riam. Voltei meu olhar para Taylor que mordia o lábio inferior apreensiva.
- Você precisa ir agora, .
- Por quê? – Interroguei-a.
- Taylor, algum problema para dar o pé na bunda do fracassado ai? – Um de babaca qualquer que estava na mesa com Taylor falou ácido.
- Cuida da sua vida, Sam. – Taylor respondeu de volta, perdendo um pouco da sua compostura.
- Que porra ‘tá acontecendo, Taylor? – Levei as mãos à cabeça, arrancando alguns fios de nervoso.
- , por favor... Só vai embora, não precisamos fazer disso uma cena – disse ansiosa.
- Eu não dou um passo enquanto você não me explicar que merda é essa.
- Você não achou mesmo que uma garota como a Taylor iria namorar um merdinha como você, né?! Faça-me o favor, foi tudo uma aposta e o tempo acabou. – disse uma amiga de Taylor que eu tinha certeza que tinha um crush em mim.
- Taylor, que porra de história é essa? – A olhei nervoso.
- É tudo verdade, – disse enquanto abaixava a cabeça. – Foi tudo uma aposta. – ergueu novamente a cabeça e arrebitou o nariz. – 1 mês namorando você para provar pra todo mundo que eu consigo conquistar qualquer um. – olhou nos meus olhos e eu pude perceber que ela estava triste apesar do tom prepotente em sua voz.
- Só que você acabou enrolando demais o pedido, bobinho. – continuou a megera ao lado. – Era para você estar fora de jogo há muito tempo, mas ela te aturou. Vamos, Tay, temos que te pagar o Cosmo da aposta e você tem que voltar para aquele gatinho do bar.
Segurei o braço de Taylor antes que ela seguisse as cobras.
- Isso tudo, querer destruir uma pessoa, por causa de uma bebida? – Ela assentiu. – Bem que disse que você não vale a Dior que ela usa. Sua vida deve ser mesmo uma merda como você me disse várias vezes depois de gemer meu nome na cama.
- Você não sabe nada da minha vida. Foi tudo fingimento e você caiu perfeitamente. – tentou sair por cima.
- Quem disse que não foi você quem caiu na própria armadilha, Taylor? – pisquei e sai daquele lugar sufocante.
Ignorei qualquer conhecido que ainda pudesse estar ali e segui direto pra casa.

End of Flashback

- Eu vou esfolar aquela cara de mongol dessa menina no asfalto. – berrou , se levantando nervosa. – Como ela ousa?
- , eu tô legal, sério. Só um pouquinho de dor no ego, mas está tudo bem, de verdade.
- . – segurou minhas mãos. – Não me importa se você amava ela ou não. Ela não tem esse direito de brincar com as pessoas. Principalmente com você que é a pessoa mais doce que eu já conheci na vida. Ela merece uma lição bem dada.
- Relaxa, ok? – abracei-a. – Eu vou passar legal por essa. Fica tranquila.
- Mas você escreveu uma música pra ela! – voltou a gritar e eu ri.
- Já escrevi para você também. Até pra menina que eu não sei o nome eu já escrevi, . Não é nada demais.
- Você já escreveu música pra mim? – disse surpresa.
- É... Quem sabe um dia eu te mostro? – pisquei e ela me olhou indignada.
- Você vai deixar o monstro da curiosidade me matar? – Ri da cara fofa que ela tentou fazer.
- É um favor que ele me faz.
- OK, tô vazando – levantou-se, fingindo que realmente iria embora.
Puxei-a pelo pé, fazendo com que caísse ao meu lado. Ri enquanto ela me estapeava e me xingava de todos os palavrões conhecidos.
- Sua boca é muito suja. – disse em meio aos tapas que ela distribuía pelo meu busto.
- Kevin nunca reclamou. – disse sapeca e piscou quando fiz uma careta de nojo.
- Eca. Sai da minha casa. – gargalhou.
Deitou-se em meu ombro e comecei a fazer carinho em seu cabelo. Depositei um beijo no topo de sua cabeça e a agradeci.
- Obrigada por tudo, , de verdade.
- Eu que te agradeço. – devolveu o beijo em minha bochecha. – Agora passa essa garrafa de uísque pra cá, quero ficar bêbada com meu melhor amigo.
Sorri e voltei a beber com , que era minha melhor amiga desde quando a separei de uma briga com Taylor, minha ex namorada de 1 mês. As duas brigavam por causa do suco que Taylor derramou na bolsa de . Foi a briga mais hilária que já vi na vida e confesso que demorei alguns minutos antes de puxar para longe da loira, só para poder rir.
Se Taylor soubesse o quanto eu era grato à ela por ter brigado com e me feito separar aquela briga ridícula, talvez pensasse duas vezes antes de meter o pé na minha bunda.

Acordei com a campainha estourando na porta. Minha cabeça doía e eu sabia que era consequência de todo uísque da noite passada. ainda dormia jogada igual uma pedra ao meu lado e eu a invejei por ter um sono tão profundo e não acordar com aquela histeria do lado de fora. Porra, era terça-feira de um feriado prolongado, ninguém dorme nessa cidade, não?
Abri a porta sem camisa mesmo e até me esqueci de olhar no olho mágico, mas não importava.
- . – Qual a minha surpresa ao ver Taylor, como sempre tão irritantemente perfeitinha, parada na porta?
Quando já ia fechando a porta na cara dela, ela entrou no apartamento se aproveitando da minha lerdeza de quem acabou de acordar.
- Eu acabei de acordar. Mete o pé, Taylor.
- Eu já te dei tempo suficiente, . Precisamos conversar.
- Sobre o quê, exatamente?
- Sobre sexta.
- Taylor. – suspirei cansado. – Você mesma disse que foi tudo fingimento. Vamos só superar, ok? Só some da minha vida, por favor.
- Vejo que você superou rapidinho. – disse com desdém olhando para o corredor de onde saia usando a minha blusa.
Charlottie olhou para Taylor, olhou para mim e gargalhou quando percebeu a situação.
- Não é como se fosse difícil te superar, Taylor. Qualquer pessoa é melhor que você. – respondeu, sorrindo docemente. Ri com a cara de ultraje que Taylor fez. Sem dar nenhuma chance de réplica, continuou: - Essa briga não é minha. Depois entrego sua blusa, babe, apesar de achar que você fica melhor sem. – piscou enquanto eu ria.
Mandou um beijo no ar para Taylor, pegou sua bolsa no sofá e me deu um selinho para o gran finale de sua saída dramática. Filha da puta. Adorava por lenha na fogueira.
- Não acredito que você dormiu com ela! – gritou Taylor.
- Tudo que eu escuto é blá, blá, blá. – revirei os olhos. Não dormi com , mas não é como se Taylor merecesse satisfação da minha vida. – Vai falar o que veio fazer aqui ou vai dar no pé?
- Tudo bem. – Se recompôs. – Eu quero voltar.
E aí eu gargalhei. Alto.
- Tá. Próxima – desdenhei.
- , é sério. No começo foi tudo fingimento, mas eu passei a gostar de você de verdade. Eu sei que não fui a melhor namorada do mundo...
- Não mesmo. – interrompi.
Não era mentira, Taylor mesmo falando que gostava do meu jeito de levar a vida, sempre tentou me moldar de acordo com a vida que ela levava. Era exaustivo.
- Tudo que eu fiz foi tentar te encaixar no meu mundo, ! Porque eu gostava de você e queria que você fosse perfeito...
- Como é? Queria que eu fosse perfeito?
- , por favor... – suplicou.
- Essa é sua forma de pedir desculpas? – encarei-a.
- É a minha forma de tentar te fazer entender!
- E as desculpas vêem quando?
- Eu não me arrependo, . Se não fosse essa aposta ridícula, eu nunca teria me aproximado de você com esse intuito.
- Você tá dizendo que nunca seria capaz de aproximar de mim só por que eu não sou o Mr. Perfeição?
- , não distorce tudo. – seu tom de voz me incomodava e eu só conseguia pensar em onde eu estava com a cabeça pra aguentar aquela voz por 5 meses. – Você nunca fez meu tipo e você sabia disso, mas eu gosto muito de você e sei que se a gente se esforçar, se você se esforçar, a gente pode ficar junto.
- Eu me esforçar mais do que já me esforcei? Não jogue a culpa pra mim, eu carreguei esse relacionamento nas costas!
- Você demorou 4 meses pra fazer a porra de um pedido! – admito que segurei a risada ao escutar a anjinha falando um palavrão.
- Lógico, você sempre dizia que eu tinha que melhorar isso, que eu tinha que melhorar aquilo, eu nunca senti a confiança necessária para fazer o pedido!
- E você tentou melhorar, não tentou? Por que não tentar de novo?
- Porque eu não tenho nada pra melhorar, Taylor. – falei mais calmo, percebendo a veracidade nas minhas palavras. – Se não me incomoda, eu não preciso mudar, e você que diz gostar tanto de mim, deveria aceitar e não se incomodar.
- . Por favor. Me perdoa. Eu não consigo te esquecer e olha que eu tentei.
- Agora você se arrepende?
- Eu tô fazendo o meu melhor. Eu não quero te perder. – disse chorosa. Suspirei e passei a mão no cabelo, tentando me acalmar inutilmente.
- Taylor. Me responde só uma coisa e eu repenso tudo que aconteceu. – Me olhou esperançosa. – O que te fez mudar de ideia?
- . – espantei-me.
- Como é que é?
- Ela passou lá em casa ontem à noite, pelo jeito antes de vir aqui. – suspirou antes de continuar. – Disse que não sabia o que eu tinha feito, mas era melhor eu ter a decência de nunca mais te procurar já que eu não sou mulher suficiente. Uma mulher de verdade nunca faria isso com ninguém. Que eu sou só mais uma mimada que sente falta do pai e desconta nas pessoas. E não é que ela tá certa? Menos a parte de eu nunca mais te procurar. Eu sinto muito que você tenha passado por isso tudo por culpa minha, mas eu já te disse que não me arrependo de tudo, só do jeito que as coisas terminaram.
- Você não mudaria nenhuma vírgula? Nadinha? Me faria de trouxa de novo?
- Só o final. E eu não te fiz de trouxa.
E ai minha ficha caiu. Taylor realmente não era a mulher certa pra mim, como ela achava que era ou eu mesmo achei. Tudo que ela falava agora era por pura carência, já que não tinha mais nenhum otário para bajulá-la. Como disse, ela não passava de uma criancinha mimada que precisava de todos ao seu redor. Ela não mudaria nada, porque achava que tudo estava certo, que brincar com os sentimentos das pessoas era certo caso elas não descobrissem. Não sei quem foi mais burro, eu de não perceber esse tempo todo com quem eu estava ou ela de achar que eu nunca descobriria.
- Um casal de patéticos. Isso que nós somos. – ri mesmo que não houvesse graça nenhuma.
- Somos? – sorriu. E tudo isso me relembrou a ideia da noite passada, quando chorou em meu colo.
Sorri de volta, mas guardando um sorriso malicioso por trás. Andei em direção à ela e a tomei pelos braços grudando nossas bocas. Logo fui arrastando-a em direção à parede ao lado da porta sem quebrar o beijo. Abri a porta sem que ela percebesse e finalmente cortei o beijo. Taylor me olhou ofegante e sorriu, mas logo seu sorriso foi desmanchado quando viu que já estava no corredor, do outro lado da porta.
- O-o q-quê...?
- Isso foi para você aprender que não se brinca com os outros, Taylor, eu não sou qualquer um como você disse naquela noite. Esse beijo foi pra te mostrar que não vai ser tão vai ser fácil me esquecer e eu espero do fundo do meu coração que você não consiga. Quem sabe assim, você não pensa melhor ao fazer outro de trouxa?
Me senti um pouco mal ao ver lágrimas pelo seu rosto não tão angelical assim. Talvez eu tivesse ido um pouco longe demais com o beijo, mas agora já era.
Esperei pelo tapa na cara, que não veio. Taylor apenas secou as lágrimas, se recompôs, arrebitou o nariz e disse:
- Não foi só pela aposta. Eu também quis acabar com aquele protótipo de gente que é sua melhor amiga. Não que você tenha percebido, tapado do jeito que é, mas ela sempre foi apaixonada por você. Eu sempre te achei muito pra ela, mas agora vejo que vocês não passam de farinha do mesmo saco.
E saiu me deixando estático.
era apaixonada por mim?


Fim.



Nota da autora: Sem nota.



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