Última atualização: 18/05/2022

Capítulo Único

“Gosto de bala e cerveja, teto solar, zero queixas. Mentir que a gente se ama é tão bom... Órbita do teu pescoço, beijo e a língua tem gosto da brisa de algo que você usou.”

A cabeça dela escorada em meu peito enquanto nós dois vislumbramos o céu estrelado de São Paulo deitados no banco do carro, com o teto solar aberto. Eu estranhamente me sentia em paz, com as coisas eram assim. Ela fazia com que a minha mente congestionada e meu peito carregado se esvaziassem instantaneamente assim que nos encontrávamos. Aquilo me assustava, não importa quantas vezes acontecesse, eu me assustava com o quão em paz eu conseguia ficar na presença dela.
Eu sabia da conexão incrível que tinha com , mas ainda sim eu a sentia completamente minha quando nós dois estávamos juntos. Só que comigo parecia ser diferente, as coisas eram mais carnais… Enquanto que com e ela, as coisas pareciam envolver sentimentos um pouco mais profundos e eu fingia - muito bem, diga-se de passagem - que isso não me abalava, ou que eu não sentia uma espécie de inveja, ou ciúmes de . Eu jurei para ela e para mim mesmo que não queria mexer no que tínhamos, assim que soube que ela também saia com . E para ser bem sincero, no começo não me abalou em nada saber que ela estava confusa entre nós dois, afinal de contas o que nós temos nunca foi um compromisso, e eu estava satisfeito.
Eu me atrevi a desviar o olhar do céu para ela, que mantinha uma das mãos no meu peito, que agora, subia e descia com a respiração agora um pouco mais descompassada. Em alguns segundos o olhar de cruzou com o meu, e ela sorriu. Segurei seu rosto aproximando nossas bocas e então a beijei. O gosto das cervejas que nós havíamos tomado invadiu minha língua, enquanto eu sentia meu corpo todo reagir com um simples beijo.

***


“Nunca vai dar certo, não, mas eu gosto se a gente finge que sim.”

Nós dois adentramos o quarto do hotel e eu me joguei na cama exausto e ainda com o zumbido do som da boate ecoando em meus ouvidos, e vi caminhando rumo ao banheiro. Quando adentrei o cômodo, ela já se banhava de olhos fechados e cantava baixinho uma canção qualquer. Meus olhos passearam pelo corpo nu dela, e eu conseguia a achar ainda mais atraente e bonita a cada vez que a via nua. Ela me encarou e então se aproximou do box.
- Não vai entrar? Vai ficar só olhando? - o sorriso que surgiu nos lábios de me acendeu.
Joguei a camisa no chão do banheiro mesmo e rapidamente, também já nu, me juntei a ela no chuveiro. Os braços de me envolveram no pescoço e eu a abracei pela cintura. Fechei meus olhos quando senti a água quente do chuveiro atingir minha cabeça, cabelos e rosto. afundou a cabeça em meu peito. Aqueles momentos entre nós, eram raros, normalmente nós dois já estaríamos nos beijando e nos provocando. Resolvi deixar ela ali, e me permiti aproveitar o momento. Quando nossos narizes se encostaram, eu explodi: a beijei com força.
Deixei que minhas mãos descessem pela lateral do corpo de , que agora ficava na ponta dos pés para colar ainda mais o corpo no meu. A segurei firmemente pelo bumbum e pude senti-la rir vagarosamente entre o beijo, e eu fiz o mesmo. Desci meus lábios por seu pescoço molhado enquanto sentia meu membro endurecer debaixo da água quente. As unhas dela deixavam deliciosos arranhões por toda a extensão de minha nuca, enquanto ela suspirava baixinho, próximo ao meu ouvido.
Mordi o lóbulo de sua orelha enquanto descia as unhas por minhas costas. Voltei a colar a boca dela na minha enquanto segurava sua nuca com precisão.
- A gente podia terminar isso num lugar mais confortável, não? - ouvi ela sussurrar contra um dos meus ouvidos.
Logo as pernas dela já estavam envolvidas nos meus quadris e eu caminhava com ela de volta para o quarto. Meu corpo parecia querer pegar fogo todas as vezes em que nossas peles nuas encostam uma na outra.
Com o meu corpo sobre o dela, nossas bocas se encontraram outra vez e eu senti as mãos delicadas dela apertarem a minha cintura e nossas línguas disputavam pelo comando.
- Porque todas as vezes que eu toco você, parece sempre a primeira? sorriu com os olhos fechados e os lábios vermelhos, e então eu voltei a deixar beijos molhados por seu pescoço.
Fui descendo com os lábios até que alcancei um de seus seios, já intumescido e então envolvi o mesmo com a minha língua quente. Ouvi soltar um gemido que logo foi abafado por ela mesma, mordendo o próprio lábio enquanto arqueava as costas. Deixei que minha boca e língua trabalhassem por lá enquanto me deliciava com os gemidos que saíam da boca de . Vislumbrei as mãos dela agarradas ao lençol da cama e então deixei que meus lábios abocanhassem agora o seio direito. Os gemidos dela ficaram mais audíveis e fizeram meu membro pulsar. Senti as mãos dela suavemente subirem o meu rosto para colar nossos lábios novamente.
As pernas dela abraçaram minha cintura e eu entendia os sinais que o corpo dela dava ao meu, eu sabia o que ela queria… E queria tanto quanto ela. Apertei com força uma das coxas de , e então soltamos nossos lábios.
- Preciso de você, , eu já aguentei a noite toda! Quero você dentro de mim! - as mãos dela puxaram meus cabelos pretos com força .
Apertei os olhos com a intensidade do puxão, mas não consegui deixar de sorrir. Me desvencilhar das pernas de e procurei pelos preservativos dentro da mala. Quando voltei com o mesmo, o arrancou com pressa de minhas mãos, abrindo o pacote do mesmo com os dentes, me fazendo olhá-la com ainda mais desejo.
Rapidamente ela já vestia meu membro enquanto mantinha os olhos dentro dos meus. Nós nos beijamos outra vez, com ainda mais urgência um do outro, e eu me sentei na cama, trazendo-a comigo. Os nossos lábios não se desgrudaram nem enquanto ela se sentava sobre o meu colo. Com o meu membro já posicionado em sua entrada, eu a ouvi gemer outra vez enquanto entrava dentro dela, bem devagar.
Com meus olhos fechados eu sentia a intimidade dela, molhada, me engolindo aos poucos. Deixei que um gemido rouco e sôfrego saísse dos meus lábios, eu sabia que ela gostava quando eu os soltava. As mãos dela se apoiaram em meus ombros, e gradativamente aumentava o ritmo dos quadris, me fazendo enlouquecer aos poucos.
- Eu nunca me senti assim com ninguém, ! - encostei os lábios aos dela enquanto confessava. Ela apenas gemeu em resposta enquanto aumentava as investidas em cima de mim, me fazendo apertar ainda mais os olhos. Minhas mãos, que antes estavam em suas costas, desceram para sua cintura fina e delicada. Eu apertei com força o lugar enquanto ela mordia o lóbulo de minha orelha. Os quadris dela ainda agora se moviam lentamente, como se ela quisesse me torturar e eu sentia que não aguentaria e poderia gozar a qualquer momento. Com o rosto dela ainda próximo ao meu ouvido, eu a ouvia gemer.
- O que a gente tem é muito especial para mim! - segurei o rosto dela entre as mãos forçando-a a me encarar.
Os olhos dela se fecharam e encostou a testa na minha, logo nossos lábios já estavam colados enquanto ela voltava a rebolar gradativamente mais rápido, me fazendo perder a sanidade.
- ! - ela gemeu enquanto afundava o rosto na curva do meu pescoço - Eu estou quase!
Segurei seus quadris com força, passando a ajudá-la com os movimentos, sabendo que logo eu também chegaria lá. Quando senti as paredes úmidas dela me apertarem, dando indício de que ela estava chegando, eu confessei:
- Eu não vou deixar ninguém separar a gente!
E juntos, nós dois chegamos, não sem antes colarmos os lábios um no outro outra vez.
Deitada em meu peito, e já prontos para dormir. Eu senti as mãos dela me acariciarem o rosto.
- O que a gente tem é muito especial para mim também !
Eu engoli seco, me lembrando das coisas que havia confessado enquanto transavamos. Quando olhei para ela, já dormia. Eu sussurrei para que só eu pudesse ouvir:
- Nunca acredite no que eu te juro quando você tá em cima de mim…

***


“Hoje eu acordei tão cedo, pra falar que eu quero abrigo... Mas não posso ser seu, oh. Hoje eu acordei tão cedo, pra poder fugir comigo, eu não posso ser seu, oh!”

Eu me encontrava andando sem rumo pelas ruas de São Paulo próximas ao hotel em que estávamos hospedados, não havia acordado , pois eu precisava de um tempo para mim. Mesmo que quinze minutos sozinho! Eu havia sonhado com um casamento: o meu e de e aquilo havia me feito perder o sono. Durante a madrugada a minha cabeça ficava repassando as cenas de nós dois e eu me ouvia falando as coisas que havia dito no auge da luxúria.
Me peguei pensando até que ponto aquelas frases ditas por mim eram de fato pelo êxtase do tesão que ela me fazia sentir e até que ponto elas realmente significavam aquilo que foi dito. Me distraí com as pessoas andando de bicicleta pela Avenida Brasil, e eu subitamente quis que estivesse ao meu lado, ali, para que pudéssemos andar juntos. Abri nossa conversa no Whatsapp e então liguei para ela. Enquanto ela não atendia, sussurrei para que só eu pudesse ouvir mais uma vez:
- Hoje eu acordei lembrando do que o amor já fez comigo... Eu não posso ser seu, !
“Onde você tá ? Acabei de tomar meu café, procurei por você rapidamente aqui pelo hotel e me disseram que você tinha saído! Quer ficar sozinho? Eu espero por você no quarto se quiser meu bem!”
****


“Na Brasil de capuz não me sinto sem você na garupa, tão vivo. Deixa o tempo provar. Eu sou a soma do que eu não consigo... Algo em mim ainda tá perdido e eu preciso encontrar.”
O quanto eu amava quando ela me chamava de “meu bem”...
- Me encontra aqui na Brasil! To pertinho do hotel, não tem erro! Quero te ver, agora, ! Vem para cá! Não demora!
“Eu não posso ser seu, eu não posso ser seu, eu não posso ser seu.” repeti na minha mente enquanto tentava me controlar.
***


“Ah, mas uma coisa eu senti mudar, desejo súbito de te encontrar, verde-limão, várias cores, na onda do doce, estrelas do mar.”

Juntos, nós dois andamos de bicicleta pela ciclovia da Brasil, com ela na minha garupa, já que ela não sabia andar de bicicleta. Depois paramos para almoçar em um restaurante típico de comida coreana. Há quanto tempo que não comia minha comida natal? Enquanto ela olhava o cardápio eu me pegava pensando em como nós dois riamos juntos um do outro, e em como de fato em alguns momentos ela parecia me conhecer de outras vidas… Droga! Aquilo tudo me assustava! Mas eu queria estar com ela o tempo todo quase…
- Que foi? - perguntou, me tirando dos meus devaneios.
- Você é linda! - me contentei em responder.
As bochechas dela ficaram levemente coradas, e eu sorri.
- O que você me recomenda?
- Que tal de entrada a gente pedir o pastel de guioza?
Ela avaliou o cardápio outra vez , e voltou a me olhar.
- Pode ser! Parece uma delícia! E de prato principal? Ah, eu quero beber soju!
A empolgação dela me fez rir e sentir meu coração palpitar dentro da blusa de frio.
Como ela era realmente linda! A mais linda que meus olhos já haviam visto…
- Tenho certeza que você vai amar o Bibimbap! - os olhos dela vasculharam o cardápio de novo.
- Você realmente me conhece, ! - ela sorriu.
Me atrevi a erguer a mão e acariciar sua bochecha com o polegar. Meu coração dava piruetas dentro do peito, e eu não entendia aquelas reações direito.
Nós fizemos nossos pedidos, conversamos sobre meus planos para finalmente me tornar promotor de justiça, e eu pude ver os olhos de brilharem quando ela disse que eu certamente conseguiria porque era um advogado brilhante. Assim que nós dois comemos ela alegou que agora sentia ainda mais vontade de conhecer os países da Ásia, e eu sorri, contente.
Depois nós achamos melhor voltarmos a pé para o hotel, então entrelaçou a mão na minha e caminhamos assim. Eu nunca havia caminhado de mãos dadas antes, e meu corpo havia gostado daquilo: a mão pequena dela entrelaçada na minha enquanto ela tagarelava sem parar. Porque ela estava despertando todos aqueles sentimentos em mim? Assim que adentramos o elevador, me beijou com força: e eu só sabia pensar: “Eu não posso ser seu, eu não posso ser seu, eu não posso ser seu!”
Quando nossos lábios se desgrudaram com a porta do elevador sendo aberta no nosso andar, ainda de mão dadas nós dois caminhamos até a porta do nosso quarto. Eu a envolvi pela cintura, grudando a testa na dela. Eu ainda estava assustado com os sentimentos que ela vinha despertando em mim.
- Eu não sei se existe reencarnação, mas se existir, eu não tenho dúvidas de que em todas as minhas outras vidas eu encontrarei você !
Eu fechei meus olhos enquanto sentia nossos lábios se chocarem outra vez.
Eu quis dizer para ela, que mesmo não acreditando muito nisso de reencarnação, ela me fazia acreditar que sim: que a conhecia de outras vidas, assim como eu havia pensado mais cedo no restaurante. Droga !
Nossos lábios se separaram, e eu repeti mentalmente: Eu não posso ser seu, eu não posso ser seu, eu não posso ser seu.


Fim.



Nota da autora: Oi amores! Tudo bem? E aí? Não me matem por esse final, se quiserem os detalhes leiam Inevitável haha! Beijos :*



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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