Finalizada.

Prólogo



Oi, meu amor... Não é mais nenhum dos meus textos de amor ou uma das minhas confissões… Eu jurei que não ia te escrever mais, prometi que não iria mais gastar a minha criatividade com você e cá estou eu. Achei sinceramente que desta vez fosse ser diferente e eu fosse lidar com isso da melhor forma possível… Veja bem, eu sempre discursei sobre como é bom ser totalmente desapegada e livre de utensílios românticos ou arrependimentos na vida e mais uma vez estou pensando em você.
Talvez seja pelo motivo mais óbvio, o temido dia sete; talvez seja porque quando as luzes de casa se apagam fica um tanto quanto impossível não dar ouvidos ao meu subconsciente; talvez seja porque escrever me liberta, não me limita e me trás um desabafo sem julgamentos (já que dessa vez eu não posso falar); talvez eu siga sendo a mesma romântica incurável, sempre acreditando no nosso destino, ou talvez tudo isso seja a desculpa mais esfarrapada que eu já dei em toda minha vida. Então vamos à verdade: é impossível não pensar em você.
Digo isso com total propriedade de quem já tentou te esquecer de todas as formas, vagando por outras bocas, copos e corações e sem querer fincar raízes em mais nenhum outro lugar (eu queria ter tido a coragem de dizer que meu casamento foi pura fachada, mas eu sou uma covarde).
Eu ainda penso no que fomos e no que deveríamos ser, dá pra ouvir o destino puxando uma cadeira, sentado ao meu lado, pegando um copo e se embebendo às custas do meu sofrimento enquanto eu sorrio mais uma vez e pergunto "por que, ein?" Eu ainda não tenho essa resposta, amor, não sei se algum dia vou ter ou se algum dia vou ter coragem de ouvir todas as verdades vomitadas fora da minha cabeça... É uma luta aqui dentro, sabia? Daquelas que eu sempre ganho me perdendo um pouco mais...
Tá chovendo hoje e você sempre me disse que eu pareço o tempo, acompanho as estações e quando chove, embora eu goste tanto da chuva, é sempre meu coração chorando muito... Foram meses incríveis, eu me lembro de tudo! E sobre meu coração: ele chora todos os dias. Eu sinto tanto, sinto muito e não queria sentir nada!
Dessa vez você não vai ler esse texto, amor, não vou fazer isso conosco, não vou expor — mesmo que você pedisse sempre — para que eu desabafe com você, não é justo, nunca foi.
Acho que é isso que o destino me diz todos os dias: não é justo, minha criança, nunca foi.
Mas eu ainda acredito.
Queria que você pudesse me ajudar nessa bagunça toda sem que nós nos bagunçássemos mais, e queria você aqui...
Talvez isso não seja um texto de amor, seja uma carta de amor, mas você nunca vai ler pois eu sou covarde. Eu ainda me lembro do seu juramento no altar e peço que seja verdade.
Eu sinto que posso te amar por uma vida toda, , e talvez mais do que isso.

Me perdoe, eu sinto muito!

.


Capítulo Único



Lembranças.


If everyone cared and nobody cried
If everyone loved and nobody lied
If everyone shared and swallowed their pride
We’d see the day when nobody died


Anos antes.


Estou feliz por ser quem eu me tornei, ser capaz de gritar de alegria, ser capaz de ser feliz… ou quase totalmente feliz... Debaixo das árvores eu observo o céu e confundo as estrelas com os satélites (como fazia anos atrás). Essa noite eu sonhei com ele… de novo. Eu às vezes rezo por um mundo melhor e mais bonito, rezo para o que nós éramos e o que nós poderíamos ter sido, rezo para que todos se preocupem e que ninguém chore, para que todos amem e para que ninguém minta… Mas eu sinto o peso do meu próprio julgamento em meus ombros, e ele dói...
? — Logan passou as mãos pelos meus braços e sorriu. — Está se sentindo bem? — olhei Ísis e Zoe pelo retrovisor e sorri.
Apesar de ser domingo, o relógio não ter atingido as oito da manhã e não ser nenhum dia especial, as ruas de Liverpool estavam cheias. A cidade conta com mais de meio milhão de habitantes — “cidade do Beatles”, eles diziam — e ocupa a décima posição na lista das dez mais lindas cidades do Reino Unido. Porém o motivo de ser bom morar ali não era esse, era a distância de Nova Orleans.
Nós éramos umas dessas pessoas que passavam apressadas em seus carros, motos, bicicletas, a pé… Domingo era dia de missa, dia de me martirizar por todos os meus pecados e pelo maior deles: .
Foram três longos anos… Dolorosos anos.

— Criança a bordo!!!
Logan tentava abrir espaço entre as pessoas com Zoe no colo, o que os fazia receber olhares mal educados em resposta.
Zoe... Ah! A minha preciosa Zoe, tão linda, tão amada e tão iluminada. Por um tempo eu não consegui olhar para ela e não me sentir culpada… Observar seu cabelo castanho e o brilho de seus olhos era como farpas em minhas unhas…
— Mamãe, você não vem?
— Claro, querida, vá com a tia Íris e o tio Logan que a mamãe vai se confessar, tudo bem? — recebi um beijo molhado em meu rosto e sorri, indo para o confessionário

Três longos anos longe da igreja, do confessionário, do padre e de qualquer coisa que me lembrasse . Três anos mentindo e fingindo ser uma pessoa que no fundo não existia… Três anos que a perdida — como eu era chamada — ficou ainda mais perdida, e isso parecia tão distante e inimaginável agora, mas eu ainda conseguia me lembrar de todos os detalhes. Eu me lembro da forma que a cidade parou quando descobriram a minha presença, me lembro do horror e do choque nos rostos das mesmas mulheres amargas e hipócritas ao me verem carregando uma mala atravessando a rua e indo até a minha antiga casa.
Era uma grande piada do destino que aquela parte de Nova Orleans, uma cidade tão humana e fantasiosa, fosse tão conservadora e preconceituosa — e usar esses dois adjetivos era leve demais. Eu me lembrava da primeira vez que o observei em cima do altar, os lábios carnudos e desenhados em uma linha de irritação, o cabelo completamente bagunçado e revoltado que não combinava com os brilhantes e carinhosos de seus olhos. A primeira coisa que eu pensei quando vi rezando a missa foi que eu deveria estar chapada de novo, era impossível que um homem como ele fosse virar padre, e só confirmou quando eu o conheci.
E, ao me lembrar, a dor voltava com força. Como eu tinha coragem de entrar daquela forma em um local sagrado? As perguntas não paravam de surgir em minha cabeça e o teto da igreja estava quase me sufocando. Eu não queria me dar o trabalho de pensar tanto, pois eu sabia que estava a um passo de dar meia volta e ir para casa, onde era seguro.

— A bênção, padre! — eu não conseguir reprimir o gosto ruim na boca ao me lembrar que anos antes era dirigida a outra pessoa.
— Que Deus te abençoe, filha. O que te traz aqui?
Eu pigarreei duas vezes para retirar a rouquidão da voz e a forcei da melhor forma que pude.
— Um dos mais graves pecados, padre… Se não o pior!
A maior verdade era que, nestes três anos, eu não tive tempo para me preocupar em contar a minha história, porque, no fim, não seria perigoso. Não até agora, não dessa vez. Eu estava a um passo de confessar coisas que jurei nunca falar em voz alta, não por vergonha, mas por medo…
— Eu imagino que sim, filha. ― ele respondeu tão calmo e sereno como uma brisa suave. — O que aconteceu?
Eu me apaixonei por um padre… — despejei apertando as mãos ainda mais no colar. — Bom, na verdade ele não era um padre verdadeiro, não posso nem dizer que tinha vocação, mas estava no caminho.
A lembrança me atingiu estrondosamente e eu não tive controle mental para não desabar em lágrimas. Eu sentia meu coração pulsando e meu sangue bombeando mais rápido do que o normal.
Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará! Conhece essa passagem? — murmurei algo incompreensível em concordância. — Essa é uma das passagens da Bíblia que mais me fala do coração. Deus é a verdade, Ele é o nosso libertador e seu filho, Jesus, é aquele que revela a verdade, o caminho e a vida. A verdade que nos aproxima mais de Cristo… Mas, filha, você sabe por que a verdade nos aproxima mais de Cristo?
— Não!
— Porque ela nos aproxima ainda mais de nós mesmos, para que assim possamos entrar naquilo que fala Santo Agostinho: “Quanto mais humanos, tanto mais divinos”... Me conte a história toda, hoje a missa vai ser um pouco diferente…
— Minha história é longa, padre, e difícil de ser compreendida, mas vou me esforçar para te contar...

Os documentos em minha mãos eram a prova concreta de que três coisas inimagináveis acontecem: Eu tinha a guarda de minha irmã. Eu estava casada. Eu estava grávida. E era apenas a cadeira que me mantinha firme em algum lugar para que eu não sucumbisse ao chão, ou descesse direto para o inferno. Eu estava grávida. Grávida de . Grávida de um padre. GRÁVIDA. Era sábado de manhã, nove e quarenta e cinco da manhã e eu me perguntava onde foi exatamente que eu errei ou o motivo do amor ter sido tão tóxico e mortal quanto foi em minha vida. E era isso que mais me deixava puta, despertava minha fúria e me frustrava. Minha vida começou a dar errado desde o momento em que minha mãe engravidou, as coisas pioraram quando eu fui deixada com meu pai e minha irmã. Eu me lembro da sensação do toque dele em meu corpo, do nojo que eu sentia toda vez que ele me chamava de filha, de como eu desejava a morte todas as vezes que ele estava completamente dentro do meu corpo. Eu jamais vou esquecer da dor angustiante que eu sentia e de todos os tapas e socos que levei para proteger minha irmã, e não me arrependo de nada disso. Eu nunca vou esquecer a dor que sentir quando minha irmã foi tirada de meus braços… Assim como jamais vou esquecer do alívio e euforia que senti quando soube que ele havia se matado, quando soube que, após tantos anos de abuso, ele enfim tomou coragem e tirou a própria vida, que Deus me abençoe, mas aquilo foi a minha esperança. E por anos tentei esconder a minha história, tentei fugir e me manter distante de toda bagunça que a minha vida foi. Mas não de novo, eu não tinha o direito de continuar me escondendo ou fingindo uma história que não era minha. A decisão de voltar para minha cidade não era só pra deixar claro que, por mais que as pessoas fossem poderosas, elas não eram nada, literalmente nada, comparado a toda minha força e resiliência. A confiança da maioria em meu pai só serviu para reforçar o quanto uma confiança extremista era a maior arma para cegá-los.
As coisas começaram a desandar quando eu o vi a primeira vez, quando eu o observei por mais tempo que o normal na missa, quando eu recorri em meio a uma crise a ele, às palavras dele, ao apoio dele, quando eu passei as noites o ouvindo falar sobre sua vida, seus medos, seus sonhos, quando eu abri todas as páginas da minha vida a ele e em troca ele me entregou sua devoção, sua esperança e seu amor… As coisas passaram a desandar quando eu assumi publicamente que estou completamente apaixonada por ele, sem me importar muito com os olhares criminosos, as piadas hipócritas e toda carga negativa que aquilo me trazia. E puta que pariu, nós fomos muito felizes, fomos tão felizes que eu esqueci a vida de merda que eu tive e me entreguei a ele de todas as formas possíveis…

Pensar nele me fez lembrar da nossa primeira noite. Nós estávamos literalmente grudados em cima da cama quando começou a distribuir beijos por meu pescoço e desceu até meus seios abocanhando o máximo de carne que conseguia, arrancando um gemido longo de meus lábios. Eu sabia que ele estava há um tempo considerável em uma abstinência restrita assim como eu, que há anos evitava o toque de qualquer homem, mas naquele momento qualquer toque mínimo se tornava o suficiente para nós deixar em ebulição. Eu estava mais quente do que o inferno.
levou uma de suas mãos para a região úmida e quente entre minhas pernas que implorava por algo a mais.
— Você é tão… Porra, ! — ele gemeu ficando sem fôlego.
Deslizei minhas mãos para dentro de sua cueca e comecei com os movimentos de vai e vem firmes do jeito que eu sabia que ele gostava, os gemidos dele aumentaram e para reprimi-los ele grudou com força nossas bocas. Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios quando eu levei meus dedos para minha boca e lambi em um ato um tanto quanto erótico pelo calor do momento. Seus olhos focaram nos meus e um misto de sentimentos ficou estampando ali, e eu estava vidrada na forma que suas pupilas dilataram e voltavam ao normal em questão de segundos.
— Eu te amo! — ele sussurrou chegando a boca ainda mais perto da minha e sorrindo.
Eu queria gritar a plenos pulmões e dizer que o amava mais do que possa existir estrelas no céu, mas não conseguia pronunciar qualquer coisa ou esboçar qualquer outra reação que não fosse absorver o prazer que suas palavras me causavam, a forma que ele deslizava dentro do meu corpo e como chamava meu nome cada vez mais alto. Puxei seus cabelos com um pouco mais de força e um gemido de satisfação escapou por nós dois antes de começar a se movimentar cada vez mais lentamente, me envolvendo ainda mais em seu calor.
Eu sentia minhas pernas se apertando cada vez mais ao redor dele ao mesmo momento em que seu pênis pulsava dentro do meu corpo. Nossas testas estavam coladas, nossos olhares presos um no outro, nossas mãos entrelaçadas e nossas bocas se tocando a cada movimento nem que fosse minimamente… Eu nunca me senti tão grudada em alguém de forma tão íntima e leve. E eu gostava disso. fechou os olhos por um breve momento e eu senti um tremor passar por seu corpo e ir de encontro ao meu. Ele abriu os olhos e sorriu, entendendo o recado, e se movimento ainda mais rápido e mais fundo.
Eu nunca acreditei que pudesse ver estrelas ou imaginar fogos de artifícios, mas tinha certeza que todas as vezes que atingi meu orgasmo eu conseguia encontrar no fundo dos de seus olhos um caleidoscópio apresentando a cada movimento infinitas combinações e variáveis agradáveis de cor que brilhavam como um arco íris.
— Eu te amo tanto… — respondi e juntei ainda mais nossas testas.

Eu me lembro que aquele foi o nosso último dia bom, foi a última vez que eu estive com ele de todas as formas possíveis. Eu não me arrependo da escolha que fiz quando soube os termos da advogada para me conceder a guarda da minha irmã, não me arrependo de ter aceitado o casamento de fachada com meu melhor amigo — gay — para salvá-lo da família dele, não me arrependo de todos os passos que dei até chegar no altar, até olhar nos olhos do meu grande amor e dizer "sim" a outro. Eu nunca vou esquecer sua frase em meu ouvido: Alguma coisa em mim me diz que vou te amar para sempre…
Eu não sabia se essa promessa iria prevalecer para sempre, eu não sabia se daqui a dois anos ele ainda ia se lembrar de nós, mas eu jamais me esqueceria dele. Eu jamais me esqueceria da forma que seus lábios se curvaram ao sorrir, ao sussurrar meu nome, não me esqueceria do sorriso caloroso que ele dava toda manhã e toda noite, não esqueceria da sensação de dormir em seus braços e acordar ao seu lado e muito menos vou esquecer da primeira vez que ele disse que me amava. Na verdade levaria mais que uma vida para que eu pudesse esquecer de .
E isso se concretizou quando eu fiz o teste e descobri que estava grávida… Eu não precisei fazer um teste de DNA ou recorrer a qualquer outro método por dois motivos: não existiu outro homem, não dessa forma.
E o maior motivo de todos: Zoe era a própria personificação do pai, desde os cabelos castanhos, ao temperamento tempestuoso e enfim o mais marcante: os terríveis olhos .
E durante três anos eu tentei seguir a minha vida da melhor forma que eu pude, ao lado de Logan, que, além de melhor amigo, se tornou um excelente companheiro de equipe; de minha irmã, que me apoiou e enxugou todas as minhas lágrimas; e do meu maior tesouro, minha filha. A junção do meu amor e do dele. Na época em que eu tomei coragem para contar sobre Zoe, descobri que , depois de dois anos, ficou no lugar de John na igreja e desempenhou um papel tão bondoso e caridoso quanto o tio. Naquele dia eu achei que meu peito fosse explodir de sentimentos ao observar — mesmo de longe — o sorriso caloroso que tinha em seus lábios ao servir a mesa de ação de graças para os fiéis. Eu senti meu peito se recuperar de todo o buraco do vazio que existiu durante esses anos, todos os cacos sendo colados ao mesmo tempo e trazendo a sensação de lar… Mas eu fui covarde mais uma vez. Fui covarde ao perceber que na nova vida dele eu não me enquadrava mais uma vez, covarde por não querer estragar toda sua trajetória novamente e mais covarde ainda por não deixar ele saber que tinha outra pessoa que o amava tanto quanto eu.



Eu não sabia ao certo quanto tempo passei falando e muito menos quantas lágrimas tinha derramado, mas eu sabia que o peso em meu peito se suavizou e eu me sentia um pouco mais relaxada. Todavia, o silêncio no confessionário me deixava ansiosa, não que eu buscasse perdão ou permissão, mas eu não buscava julgamento, e demorou incontáveis segundos até que a voz controlada do Padre soasse bastante impactada aos meus ouvidos.
— Filha… Não há ninguém tão ruim que não possa ser salvo.
Ele recitou calmamente uma das frases mais recitadas por mim durante todos esses anos e eu assenti em concordância, mas, embora a frase me trouxesse paz, me trazia também um arrepio na espinha ao me lembrar do prosseguimento.
Não há ninguém tão ruim que não possa ser salvo. E ninguém tão bom que não possa ser corrompido.
— Em Coríntios nós aprendemos que o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta; em Cânticos aprendemos que nem muitas águas conseguem apagar o amor, que os rios não conseguem levá-lo na correnteza e mesmo se alguém oferecer todas as riquezas para adquirir o amor seria totalmente desprezado... — ele deu uma pausa e eu sentia meu coração batendo cada vez mais forte em meu peito. — Mas, filha, a pessoa que ama decide amar porque quer amar. O amor é uma decisão poderosa, e se você ama tão intensamente este homem não serei eu a te recriminar.
Precisei de alguns minutos em silêncio para processar todas as palavras dele, para processar todas as lembranças que eu guardei durante três anos, para processar todas as emoções que me sufocavam e me puxavam para baixo para enfim conseguir balbuciar alguma coisa em concordância, já que minha cabeça estava bem longe nesse momento.
— E o que eu faço, padre? Eu preciso de uma luz, de um caminho, de uma verdade. Eu fiz tudo que eu pude para salvar aqueles que eu amei, para tornar a vida de todos eles mais feliz, para não atrapalhar a vida de nenhum deles…
— Esse é o grande problema, filha. Você esqueceu de amar uma pessoa mais importante… Você! — o choque das palavras dele fizeram o efeito que eu busquei durante anos: ficar desperta. — Você precisa se libertar e só assim vai conseguir ser feliz…
— Obrigada, padre!
Eu busquei a felicidade para todos eles, mas eu fui contra tudo aquilo que eu queria, que eu precisava, que eu ansiava. Eu me troquei e me coloquei em último lugar, e foi isso que me deixou pior. Esqueci de olhar para a primeira pessoa que deveria importar: Eu.
Eu não esperei mais para interromper a conversa e sair o mais rápido possível do confessionário, e, mesmo que o certo fosse acompanhar o restante da missa, eu simplesmente rompi porta afora, pois precisava de ar, precisava ficar sozinha e pensar. A vontade que habitava meu peito era esmagadora, a forma como minha mente não me ouvia e me retornava ao passado era enlouquecedora.


Os lábios de eram ainda mais doces do que eu pensei. Eu o comparava a um oásis no meio do deserto, e seu beijo me trazia essa sensação, somente ele era capaz de matar minha sede. Era a primeira vez que nós íamos dormir juntos e eu o senti arfando em surpresa com olhos fechados e um sorriso tímido e mínimo em seus lábios ao sentir o toque de nossas línguas que rapidamente se sincronizam.
Eu tinha certeza, ele aspirava certeza de que nós havíamos esperado isso por tempo demais. E nossas necessidades eram sobrepostas por seus toques sem jeito em minhas coxas tentando me aproximar cada vez mais junto de seu corpo e me encaixar entre suas pernas. A primeira coisa que eu fiz foi inclinar o tronco para continuar com toda a proximidade e intensidade de nossos toques e nossos beijos. Minhas mãos pousaram em seu pescoço e só precisei de segundos para sentir o crucifixo queimar em minhas mãos me trazendo de volta à realidade. sorriu e balançou a cabeça murmurando um "tudo bem, amor", arrancando o crucifixo do pescoço e colocando na cabeceira. Uma parte de minha consciência ficou arrasada ao saber da licença que pediu ao tio do celibato, e a parte egoísta e pecadora ficava ainda mais aliviada.
Eu me sentia sedenta por ele, e mesmo meu corpo completamente entregue a seus toques, não parecia o bastante. Eu queria mais, eu precisava de mais...


— Gosto da forma que seus olhos brilham quando pensa em ! — a voz de Logan me chamou a atenção e me trouxe de volta. — Está se sentindo bem?
— A missa já acabou? — ele balançou a cabeça e sorriu se sentando ao meu lado. — Onde estão as meninas?
— Íris está com Zoe tomando a bênção do padre. Como foi?
Libertador! — senti seus braços me envolvendo e me aproximei ainda mais. — Às vezes eu não consigo controlar as lembranças dos meses que tivemos…
— Por que não o procurou quando entramos com o pedido do divórcio? Você poderia ter explicado que o casamento nunca existiu de fato, que tudo não passou de um acordo com o advogado para a guarda de sua irmã. Você poderia explicar que eu sou gay, eu tenho certeza que isso seria esclarecedor. — fechei meus olhos no momento em que uma brisa leve tocou meus ombros, me deixando um pouco mais calma.
— Eu o procurei, retornei a Nova Orleans para contar tudo o que tinha acontecido… Uma parte sabia que era ridículo esperar que ele ainda estivesse esperando por mim, mas… Enfim, está quase concluindo as etapas para o celibato, ele ficou no lugar de John quando o mesmo ficou doente e inaugurou um projeto novo na cidade… Eu não tive coragem, Logan… — passei as mãos pelo rosto e continuei. — Reaparecer depois de três anos, com uma filha e todas essas desculpas…
— Poucas pessoas têm o privilégio de amar tão intensamente e ser retribuído, mas você teve essa sorte!
— E do que adiantou? — Logan ergueu meus olhos e ergueu a sobrancelha em sinal de ironia.
— Te fez a mãe mais amorosa e dedicada do mundo, uma irmã totalmente cuidadosa e altruísta, uma amiga necessária para minha vida e uma das melhores pessoas que eu já conheci… Isso é pouco para você?
— Eu te devo uma vida…
Antes que Logan pudesse esboçar qualquer reação, a risada de Zoe surgiu a poucos metros de distância. Ela vinha correndo ao meu encontro e chocou seu corpo contra o meu, me agarrando cada vez mais.
— Onde você estava, mamãe?
— Mamãe precisou resolver umas coisas… — os dedinhos frágeis foram até o cordão em meu pescoço e eu senti meu rosto esquentar em resposta. — Você gosta? — ela balançou a cabeça em concordância, sorrindo. — É um relicário, todo cordão assim guarda uma foto.
— Tem uma foto do meu papai aí dentro?
Olhei nos olhos de Logan e recebi um sorriso terno em resposta, senti o aperto forte de Ísis em meu ombro em sinal de força, mas antes mesmo de eu falar já tinha minha decisão tomada. Abri o fecho do cordão e o trouxe ainda mais perto, Zoe por outro lado o puxou com força para suas mãozinhas e franziu a testa sem conseguir conter a ansiedade e enfim abriu o relicário, revelando a foto que eu mantive comigo durante todos esses anos.
— Esse é o papai, mamãe? — balancei a cabeça e limpei uma lágrima teimosa que desceu. — Não chora, mamãe, senão eu choro junto!
Senti os bracinhos frágeis ao redor do meu pescoço e soltei uma risada baixa ao ouvir o alento da minha filha em meu ouvido e aquela foi toda a força e certeza que eu precisava para tomar coragem e contar a história verdadeira sobre e eu, e repeti-la por toda a vida.

Zoe.

And in the air the fireflies
Our only light in paradise
We’ll show the world they were wrong
And teach them all to sing along


Pedi licença para as pessoas que ainda estavam entrando na igreja e procurei um assento livre e distante. Tudo o que menos queria no momento era dividir o assento com pessoas contagiadas pelo clima natalino de felicidade, eu estava coberta de ansiedade e nervoso. Meu celular vibrava a cada instante com mil mensagens de minha mãe, mas agora não tinha volta.
Para minha sorte, a última fileira do assento não tinha ninguém. Me sentei e fechei os olhos, fazendo o sinal da cruz. Comecei a observar toda a beleza da igreja que cobriu meus sonhos durante a infância e suspirei frustrada ao perceber que tudo isso era proveniente de memórias que eu infelizmente não vivi.
Hoje era natal. O natal costumava ser uma das minhas épocas preferidas do ano, mas com o tempo a imagem de uma família quebrada começou a me quebrar no meio...
O movimento começou devagar e logo as pessoas murmuravam e sorriam. Levantei a cabeça e senti todo o sangue do meu corpo gelar e bombear ainda mais rápido. Era ele. Eu reconheci os olhos, os meus olhos... Seu olhar veio de encontro ao meu meio segundo depois e seu semblante deu lugar a inúmeras reações: dúvida, surpresa, horror e o mais importante... (e talvez) reconhecimento.
Bem em frente ao púlpito da igreja estava o meu pai, o padre .

A missa havia acabado há vinte minutos e eu esperava silenciosa e tensa no mesmo canto afastado e distante da igreja, a fila de fiéis ia diminuindo gradativamente e isso me deixava cada vez mais nervosa. Eu sentia todos os nervos do meu corpo gelarem e tremerem, cada passo que eu dava parecia o equivalente a mais um metro em minha frente até que eu cheguei… Ele estava de costas e terminava de guardar as suas coisas. Eu cheguei cada vez mais perto e sussurrei baixinho “Com licença, padre”. Ele demorou alguns segundos até ter coragem de se virar em minha direção e a primeira coisa que eu observei foi o colar semi escondido em seu pescoço: era o mesmo colar que minha mãe usava, que eu usava agora.
Todos os santos ao meu redor me encaravam, e eu me sentia prestes a cometer o maior pecado de todos. Ele continuou em silêncio e sorriu em seguida, olhando em meus olhos, e percebi que eles estavam brilhando mais do que o normal: choro, talvez?
Eu apenas me ergui um pouco e acabei com toda distância entre nós, chegando ainda mais perto, e beijei sua testa vendo seu sorriso aumentar ainda mais.
— As semelhanças respondem qualquer pergunta, acredito eu! — ele falou baixinho, abaixando a cabeça e balançando. E só aí eu percebi que em meu rosto rolavam algumas lágrimas.
O que eu significo para você? — o sorriso dele aumentou ainda mais e eu senti meu coração bater ainda mais forte.
Antes que eu pudesse processar, senti os braços dele — do meu pai — ao meu redor… Ali eu me senti em casa, me senti abrigada. Ele me olhou com doçura, com um brilho mágico no olhar e me abraçou ainda mais forte, e ele também chorava. Eu fechei os olhos ainda mais porque só queria sentir os seus abraços e ficar ali para sempre, ele encostou os lábios em minha testa e sussurrou como se fosse a mais bonita das orações. Dentro de meu peito sempre existiu algo que eu nunca conseguir por significado, e isso passou dentro do abraço do meu pai. Eu sentia como se cada ferida da minha alma fosse curada, cada dor amenizada, e só restava uma simples, pura e verdadeira paz, misturada a uma sensação de felicidade… de amor.
Vida… Você significa vida!


40 anos depois.

And as we lie beneath the stars
We realize how small we are
If they could love like you and me
Imagine what the world could be


Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
João 3:15


Eu costumava pensar em vários tipos de amores, tem amores que são como cervejas, tem amores que são como vinhos… Depende do seu gosto pelo amor.
Eu costumava pensar em vários tipos de pessoas, tem pessoas que, se deixarmos um tempo longe, no final conseguimos ver o amor derreter igual ao o gelo de uma cerveja gelada ao meio dia, fica quente e estranha, o gosto fica horrível. Existem aquelas pessoas que, se deixarmos um tempo longe uma da outra, no final veremos o amor crescer e envelhecer igual ao sabor de um vinho, a bebida melhora, não estraga e o gosto fica ótimo.
Eu costumava pensar sobre o tempo, principalmente quando meus cabelos obtiveram uma coloração branca e minhas rugas se tornaram minhas melhores amigas. A gente pode não gostar do tempo, se tornar inimigo dele por acharmos que ele nos rouba a vida, mas, se tivermos bastante paciência, ele vai nos mostrar o que dura e o que acaba. E eu não estou falando mais de bebidas, eu tô falando de amor e de pessoas e o que o tempo faz com elas.
Por muitos anos eu colecionei feridas… Feridas fundas que precisaram de pontos, de enxertos, de vírgulas e de pontos finais. Essas feridas precisaram de um tempo consideravelmente longo e doloroso, precisaram de longos cuidados, eu precisei trocar os curativos, precisei da atenção e precisei de amor. E por outro lado, após todo cuidado, toda atenção e todo amor, restou uma ferida maior. Profunda. Inesquecível. É o tipo de ferida que eu mantive aberta por mais de quarenta anos, a ferida que se restaurou e se tornou parte de um grande amadurecimento, ferida que eu tentei curar sozinha e percebi que nem o tempo foi capaz de cicatrizar. Foi um processo longo e dessa vez foi eu quem roubei tempo. Existiram noites que minha cabeça vencia essa luta e me recompensava com tranquilidade, alívio e noites calmas sabendo que eu fiz o melhor. Existiam aquelas noites que meu coração venceu e eu fui recompensada com amor… Muito amor e saudade.
E hoje foi um desses dias, posso dizer que hoje foi o dia mais triste da minha longa e conturbada vida… Hoje foi o dia que eu perdi o meu grande amor, o meu único amor.
Eu não acreditei quando a paróquia me ligou às pressas de madrugada e pediu minha presença, já havia passado tantos anos que meu coração se cobriu de mentiras e aceitou que aquele era o fim… Qual era o ponto disso tudo? Qual a razão de continuar declarando um sentimento que não mudaria mais nada? Que não ia trazer benefício nenhum?
Mas, para o tempo e para o destino, os anos não significaram nada.
viveu 68 anos levando bondade, amor e esperança, e sua morte foi tão bondosa quanto ele foi. Terna. Suave. Serena. morreu segurando a mão de sua filha amada, morreu sabendo que ela o amou por todos os dias, principalmente ao conviverem cada vez mais, morreu sendo amado da maior forma que qualquer outro humano pode ser amado. Ele morreu em meu colo, morreu enquanto eu sussurrava que estava tudo bem e que o amava mais do que as estrelas do céu, eu estava ao seu lado da forma que sempre estaria.

Promete me encontrar do outro lado?
— Para todo sempre, meu amor.


A lágrima que escorria em meus olhos agora me provou tudo… Eu não mudei os fatos, mas mudei a forma de reagir a eles. Eu não mudei o mundo, não salvei o planeta, mas mudei o mundo dele e isso concluía toda a minha promessa. Mas a dor veio, angustiante, dolorosa… Ela me atingiu e eu quis senti-lá sozinha e reclusa.
Andei até a varanda do meu quarto e me debrucei no parapeito observando a lua da mesma forma que fazia quando queria me lembrar dele. Era inimaginável o quanto minha vida tomou rumos e decisões, mas me trouxe de volta ao lugar de origem: . Quarenta anos era um longo tempo, uma longa vida e ao mesmo tempo eu sentia como se tivesse passado em um piscar de olhos, passado rápido em um estalo de dedos. Mesmo após sua morte eu ainda o sentia ali. O quarto dele ainda era o mesmo quarto, a janela tinha a mesma vista, a mesma cidade, nossa foto ainda estava no mesmo lugar mesmo após ter se tornado padre, e mesmo tudo igual, eu sentia o vazio enlouquecedor em meu peito. Eu sentia todo meu coração começar a definhar aos poucos, fraquejando a cada batida e pulsando em um único nome. De todas as nossas promessas, juntos ou não, ele havia quebra uma: jamais me deixar.
Me olhei no espelho, em seu espelho, e sorri ao me observar, quase conseguia me lembrar daquela noite juntos sorrindo em frente a ele. A vida é frágil e rápida, e como eu queria mais tempo. Pelo espelho eu consegui observar nossa fotografia mais uma vez, ele me olhava com os mesmos olhos , brilhantes, amorosos de sempre. Exibia o mesmo sorriso aberto e caloroso e me abraçava com o mesmo chamego que eu tanto amava… era uma das nossas poucas fotos, significava muito. Senti mais uma lágrima descer por meus olhos e com ela toda saudade, todo amor e toda dor que sentia desceu junto. Larguei a foto no criado mudo e me deitei em sua cama, sentindo todo o seu cheiro invadir meu corpo e me deixar ainda mais extasiada.
— Eu me lembro que há anos atrás você me disse que me amaria por toda sua vida… — minha voz saiu baixa e sufocada. — E jurou que quando eu chamasse você vinha em meu encontro… Queria que você estivesse aqui, meu amor. Será que sua promessa ainda vale?

Tudo aconteceu muito rápido e meus olhos não conseguiram acompanhar. Primeiro senti um vento invadir o quarto, depois ouvi um barulho próximo ao pé da cama, foi quando eu o vi… Diferente do dia anterior, ele não estava fraco, abatido ou descuidado. Em seus lábios o velho sorriso alegre e aberto pelo qual eu era tão apaixonada, seus olhos vidrados em minha direção bem abertos com as sobrancelhas erguidas, ele ergueu a cabeça e levantou a mão em minha direção.
Meu corpo não esperou comando algum de meu cérebro e não esperou mais do que segundos para se levantar e ir de encontro com . Eu segurei sua mão com medo e ela estava sólida, tão sólida quanto qualquer outra coisa. O vento gélido passou mais uma vez pelo quarto e atrás dele a imagem se dispersou, foi ali que eu tive certeza.
Sentindo minha falta, preciosa?


F I M.



Nota da autora: Uau!!!! A carga emocional que me causei ao escrever algo tão… profundo, me deixou inúmeras noites morrendo em lágrimas, digo isso pois alguns textos que usei são desabafos de minha alma com um relacionamento não tão bom como o de (minha história não tem nada haver com o tema.)
If Everyone Cared é uma música linda, de uma banda linda, com uma letra linda e aqui eu uso as palavras de minha amiga Belle para confirmar que eu realmente não sei escrever nada alegre. Essa é a continuação de "Snowchild", e ao contrário da primeira parte, essa história fluiu mais rápido do que eu achei que fosse fluir (pela falta de tempo). E hoje agradeço por não ter abandonado. Quando peguei para escrever na primeira vez eu conseguia ouvir a voz de em minha cabeça contando todos os detalhes de sua história e pedindo que eu desse vida a seu amor altruísta… Acho que poucos são os personagens que eu tenho tamanha intimidade e tamanha semelhança com o misto de sentimentos e evolução. Foi incrível escrever essa história por outros olhos, foi gratificante saber que a mesma história tomou um proporção diferente do final da primeira… Foi uma descoberta!!!
Antes de mais nada queria agradecer imensamente a minha amiga e amor da minha vida Camilla por embarcar não só nessa, mas em todas junto comigo, entender meus surtos de escrita as 02 da manhã, minha insegurança com cada frase, me compreender quando eu falo que Y + 9 = Um ficstape maravilhoso, e agradecer ainda mais por me ajudar a ajeitar todos os pensamentos, toda minha rotina (estudar e trabalhar é duro) e apesar de ser tão cheia de compromissos como eu, me apoiar e sempre receber todas as minhas histórias com um amor e uma alegria tão grande que me faz muito, muito feliz. Cami, minha preciosidade, nem todas as palavras do mundo vão por significado no papel importante que você desempenha em minha vida. Obrigada, obrigada e obrigada. Te amo, amo nosso grupo (casinha) e amo a Bella também!
Por fim e bem importante: Obrigada a todos vocês que leram até aqui, que gostaram, que dividiram opiniões porque eu sei a carga emocional e trajetória de um assunto difícil, que embarcaram nessa comigo mais uma vez. Vocês são o meu combustível para que eu nunca pare de escrever, então muito obrigada. Eu espero de verdade que vocês gostem tanto quanto eu (apesar do tema) foi feita com muito amor e carinho para o ficstape do Nickelback.
As minhas outras ficstapes (E SÃO MUITAS) ainda não foram todas postadas (ou eu não tinha o link) e eu vou disponibilizar todas no meu grupo do facebook, venham! Então sejam bem vindas a esse mundo louco que eu me meti e vou esperar ansiosa os feedbacks!!!

Com muito amor, carinho e respeito, Analua.



Outras Fanfics:
Between Secrets (Originais — Em andamento — Restrita).
The Take (Baseado na música de Tory Lanez — Finalizada — Restritas).


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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