09. Que Ganó Olvidándote?

Finalizada em: 10/08/2020

Capítulo Único

“Eu te vi e entrei em acordo comigo mesma, alguma coisa aqui dentro você havia provocado. Mas eu não te vi apenas uma, duas ou três vezes, eu te vi por anos e anos...E todos os dias era como se fosse a primeira vez.
Era como se no fim só você pudesse mudar tudo”

“Você vem hoje?” A pessoa que mais sentia vontade de realmente conversar naquele momento havia deixado a mensagem na noite passada, a qual ela havia lido e não respondido, assim como as ligações que denunciavam uma certa resistência e provável preocupação.

“Parece que não”, essa havia sido enviada às três da madrugada. Ela havia lido apenas de manhã e o dia já havia começado doloroso. Se sentir fraca até mesmo para responder a pessoa que ela mais queria por perto era claramente o que mais a deixava mal.
, você sai desse quarto hoje? - A voz de ecoou pelo corredor através da porta. - Nem eu sei o que aconteceu com você. Eu tô começando a me preocupar...
, você precisa, ao menos, comer mais do que os salgadinhos que eu escondi pelo seu quarto. Vamos, eu levo vocês para comer hoje. - A voz de surgiu também.
— Qual é, ! Hoje é seu aniversário! Vamos! Você precisa espairecer. - Foi a vez da voz de a fazer perceber que todos estariam ali.
A garota respirou fundo e se levantou, encostando-se na porta, ainda sem a intenção de abri-la.
— Você não pode se trancar assim e não nos dizer nada. - A voz da mesma pessoa que a fez dezenas de ligação e a esperou para seus planos de cinema da madrugada em grupo, mandando mensagem a noite toda, tentando obter uma resposta surgiu. A voz da mesma pessoa que ela realmente esperava escutar. Ela se sentiu aliviada ao escutar que ele também estava ali. - Você tem todo o direito do mundo de se sentir triste e se fechar. Você sabe que nós te conhecemos o suficiente para saber que você faz isso quando precisa se organizar, mas você também sabe o quanto nos preocupamos.
Ela resolveu que sairia e ignoraria tudo aquilo que a fazia se sentir daquela forma. Não era uma tristeza em si, estava mais para uma confusão interna onde ela precisava se recompor, ela sabia disso.
Mas, no fundo, havia doído mais do que ela esperava.
— Certo! - Ela abriu a porta, vendo apenas uma pessoa ali e recebendo um sorriso caloroso vindo dele, .
Isso quase a fez bater à porta na cara dele mais uma vez, voltando para o próprio mundinho reflexivo. Entretanto, ele interrompeu, abrindo a porta por completo e a puxando pelo braço.
— Você precisa tomar um banho, porquinha. - Ele riu assim que recebeu seu olhar de reprovação pelo que havia dito.
— Eu tomei banho ontem! Tá bom?! – Retrucou, o fazendo rir mais.
— Eu fiquei esperando você aparecer. Não foi a mesma coisa sem você por lá. - Ele se referiu ao cinema. Caminhou em direção à cama da garota, se jogando em seguida, o que fez com que ela fizesse o mesmo.
— Eu aposto que não foi mais divertido do que a minha noite! - Ela retrucou outra vez. - Certeza que todo mundo aproveitou bem ontem.
— Esse seu rostinho inchado de quem chorou a noite inteira te entrega, bem. - Ele endireitou seu corpo de lado e pousou as duas mãos sobre o rosto da garota, que instantaneamente, ficou com os olhos marejados.
Ela notou sua expressão confusa e sentida, mas tentou ignorar, saindo de perto do amigo e pegando as roupas que estavam no armário para que fosse tomar banho.
— Por que você não foi? Seja sincera. - Ele perguntou, agora já sentado na cama, a observando, enquanto ela tentava se ocupar com as roupas para evitar responder qualquer coisa, já que não se sentia tão confortável em falar no assunto. Pelo menos não no momento.
— Não estava me sentindo bem, só isso. – Respondeu, tranquila. Não era de tudo mentira.

Flashback
Dia anterior, 10 am


— Um café gelado em frappé, por favor! - disse, sorrindo para a atendente, agradecendo, já que disse que chamaria assim que estivesse pronto. - Obrigada!
— Sim! - Escutou uma voz conhecida e pensou em virar-se para dizer “oi”. - Nós fizemos aquele trabalho juntos na semana passada, lembra?
Sua fala foi interrompida para fazer o pedido no balcão.
— Sim, esse mesmo! - a escutou rir. - Yeong! É . Você é péssima com nomes, não é? De onde raios você tirou esse outro nome? Nem sequer existe alguém no programa com esse nome. - Ela perguntou, rindo da situação. - Anyway, ele me convidou para passar a quinta na casa dele, já que o aniversário dela é esse dia. Ele disse que iria dizer que teria que ficar o dia todo na universidade.
— Aqui seu café! - Ela tirou a atenção da conversa que a garota estava tendo pelo telefone para agradecer a atendente.
— Sim!!! Incluindo à noite. – A garota disse, mais pousado, alto e rindo. - Eu disse que se nós fôssemos fazer isso, que fosse direito e proveitoso. Então, eu vou passar a noite lá. - Ela deu uma pausa. – Aí, amiga, só ela não se dá conta de que todo mundo é forçado perto dela, inclusive eu.
Naquele dia a garota havia escolhido a si mesma.

Flashback off



Sim, foi um conversa de celular que a fez perceber o quanto ela tinha receio daquilo acontecer.
E sabia o quão vulnerável estava.
? - Ela passou tanto tempo tentando evitar responder ele que nem se deu conta que ficou em branco por alguns minutos.
— Oi? – Disse, saindo do transe.
— Onde você vai com tanta roupa? - Ele olhou confuso e ela percebeu que trazia uma pilha de roupas na mão.
— Tomar banho! – Respondeu. - Agora, você vai dar uma voltinha lá fora que eu tenho que me arrumar também.
— Você que manda! - Ele sorriu e ela se repreendeu por contemplar aquele momento em sua cabeça.
Ele saiu pela porta, mas antes de deixar com que ela fechasse a porta, ele a segurou mais uma vez e ela prendeu a respiração.
— Por mais que você tenha feito falta ontem... - ela duvidou daquela informação. - ...eu estou feliz que você tenha decidido aproveitar o dia bonito que nasceu hoje, só para você e, melhor ainda, com a gente. - sorriu de novo e ela se repreendeu por pensar se aquilo era só o que ele sabia fazer, já que era uma das coisas que ela mais amava nele. - Agora vai se arrumar! A gente vai te esperar. Provavelmente comendo todos os seus doces reservas. - Ele despejou um beijo na bochecha da garota, a deixando sem reação.
— Eu também! – Respondeu, mas não passava de uma mentira. Ela queria mesmo era ficar na cama dela, remoendo coisas e dando de paranóica o dia inteiro. - NÃO SE ATREVAM A COMER OS MEUS DOCES! PRINCIPALMENTE VOCÊ, HEOCHAN!


***


— Finalmente! - disse, erguendo as mãos ao alto. - Você demorou um horror de tempo! Eles até comeram todos os…- recebeu um cutucão de e se calou.
— Eu não acredito que vocês realmente comeram meus doces! - Reclamou.
— Eu guardei esses para você! - disse, exibindo a mão cheia de docinhos, dando uma piscadinha em seguida. - Peguei antes que eles vissem.
— Obrigada! – Disse, guardando na bolsa. - Pelo menos uma consideração existiu nesse grupo de oito pessoas presentes.
— Ele sempre faz isso! - reclamou. - Cadê a lealdade com os amigos? Quando foi que você pegou esses doces?
tinha o dom de fazer as pessoas rirem. Obrigada, Deus, por isso.

***


— As garotas vão? - Perguntou a , se referindo às amigas que estavam faltando, enquanto os garotos decidiam no pedra, papel ou tesoura quem iria no carro de quem.
— Sim! - A amiga respondeu. - Elas disseram que nos encontramos lá.
— Safadas! Fugiram de dividirem o carro, né? - disse, rindo. - Deus me livre ir com no carro.
— Deus me livre mesmo! - concordou, rindo. Até que as duas se viraram ao mesmo tempo uma para a outra. - Você teve a mesma ideia que eu? - assentiu. As duas levantaram uma das mãos e disseram “ Eu quero ir com o Subin”

***


— O nome disso é traição! - diz.
— O nome disso é auto proteção! - Retruca .
— Tudo bem, baby! Você não é tão ruim assim! - Ela ri, quase falsamente, para o garoto.
— Para de mentir, ! - disse, rindo - Ele é péssimo dirigindo.
— Vamos? - Disse , chegando com as comidas que havia ido comprar na loja de conveniência do outro lado da rua.
— Toma! - joga a chave do carro na mãos do mais novo. - Hoje você foi requisitado para levar as princesas em segurança.
— Uh, isso soou brega demais, - disse, rindo.
— Até quando você vai permitir esse bullying comigo? - Ele disse para , em um tom cansado. - Quando você vai tomar a responsabilidade por mim?
— Será que podemos ir? - disse, desconversando, fazendo com que todos dessem risada daquele momento dos dois.

***


— Carteirinhas? - Perguntou e todos checaram para ver se traziam. - Comida? - assentiu, entregando a ela um pacotinho de sua batatinha favorita. - Todo mundo sabe que daqui até o parque são quase uma hora, então se quiserem ir no banheiro, algo assim, especialmente vocês, e , por favor vão rápido.
— Banheiro check! - Eles disseram juntos, rindo.
— Ok! Nos vemos em uma hora. - Disse para , , , e , que iriam no outro carro. - E vocês! - Apontou para , e . - Para o carro.
— Ela tá mandona hoje, né? - brinca.
— Se reclamar fica sem comida até chegar no parque. - O ameaçou, brincando e ele se calou.

***


Era engraçado o quanto uma viagem de carro com os amigos a estava fazendo bem e eles mal haviam começado. Avistar toda aquela paisagem era algo que realmente a fazia bem.
Hey! - Ela escuta a chamar e o olha imediatamente. - Tá tudo bem? - Sua mão buscou pela mão dela, a encontrando bem mais fria do que esperava. - Você tá com frio?
A forma com que cuidava e a olhava era sempre surpreendente para qualquer um que os vissem. Se conheciam há alguns anos e também se amavam há alguns anos sem saberem.
No primeiro ano, se descobriram Soulmates. No segundo, , o já declarado ex de , tirou toda oportunidade que ambos teriam.
— Eu estou bem! - Ela sorriu. - O friozinho tá gostoso. Vou acabar dormindo lo, logo.
— Se você sentir muito frio, me avisa que eu desligo o ar. - Ele sorriu. Não largou a mão dela e nem pretendia, afinal, eles eram assim, um só.
— Obrigada. - Ela disse, sem olhar para ele, apertando um pouco mais suas mãos.
— Por? - Ele a olhou por uns instantes, mas ela continuou vendo a paisagem pela janela.
— Por tudo isso! - Ela disse, simplesmente.
— A partir do momento em que você não responde uma mensagem minha ou ligação, eu já sei que alguma coisa aconteceu, mas também sei que você precisa do seu tempo. - Ela sorriu ao ouvir aquilo. - Você precisa de tempo. - Ele diminuiu a voz, mas foi bem mais audível do que esperava. - Eu preciso de você.
Ela também sorriu, novamente, ouvindo àquilo.
deu graças que e já dormiam feito anjos no banco de trás.

***
2 Month’s later

2 meses depois

— Cinema da madrugada em ordem? - entrou na sala, perguntando a , que assentiu. Apenas os dois se encontravam lá, nenhum dos amigos haviam chegado ainda e ambos haviam concordado em ficarem responsáveis pela organização.
— Eu acho que vamos precisar de mais salgadinhos. - Ela comentou, olhando para a quantia em cima da mesa. Ele logo se colocou de pé, agarrando a carteira para ir buscar mais.
— O que você quer? Eu vou buscar. - Disse o garoto.
— Não! - Ela riu fraco. - Eu vou. Você já foi da primeira vez. Termina de organizar as coisas e espera eles chegarem. Não deixe com que comam tudo assim que pisarem nessa casa.
— Você que manda! - Ele sorriu. - Tenha cuidado.
! - Ela riu. - A loja de conveniência é exatamente a uma porta de distância.
— Certo, mas mesmo assim... - Ele disse, sem terminar a frase.
— Prometo não demorar! - Ela disse, saindo pela porta.

***


— Isso seria tudo? - A atendente perguntou.
— Ah! - se lembrou que o leite da casa já estava terminando e era mais fácil já comprar de uma vez. - Um minuto.
A atendente sorriu e saiu para buscar o leite nas geladeiras no fundo da loja.
— Aqui! – , que havia pego o leite e voltado para a fila, entregando para a atendente, disse. - Mais fácil levar de uma vez. - A atendente riu e concordou.
, então, recebeu um cutucão fraco no ombro e também ouviu seu nome ser chamado.
? - A voz masculina disse.
— Meu nome! - prestava atenção nas compras, então não notou quem a chamava quando respondeu - ?
— Quanto tempo! - Ele disse fazendo mensão em abraçá-la, mas ela acabou recuando um pouco.
— Não tanto assim! - Ela disse, sorrindo, um pouco desconfortável.
— São 10 reais. - A atendente disse, interrompendo aquele momento e agradeceu aos céus por aquilo.
— Como você tem estado? - Ele continuou perguntando.
— Bem e você? - Ela respondeu educadamente.
— Sentindo sua falta! - Ele disse na lata.
— Ah, que legal! - Foi a única resposta plausível que ela achou para aquele momento. se virou para caminhar até a saída da loja e ele a seguiu assim que deixou as notas para a atendente com toda falta de educação que existia nele.
— Pode ficar com o troco. - Ele gritou e ela ficou visivelmente irritada, assim como por ele a seguir.
— Escuta! - Ele a puxou pelo braço, a parando antes que continuasse seu caminho para casa. - Eu sei que errei e que…
— Te achei! - A voz de surgiu de trás dela e ela se virou rapidamente para ele, fazendo com que soltasse seu braço. Imediatamente, o garoto se colocou entre ela e , ficando de frente para ela, ignorando a presença do outro ali - Você esqueceu de pegar o casaco.
O garoto vestiu o casaco esportivo vermelho com seu nome gravado por cima da garota e sorriu piscando.
— Você não viu que estamos em uma conversa importante agora? - disse, visivelmente irritado.
— Ah, estão? - Ele disse, perguntando a e ela sacudiu a cabeça negativamente. - Já que não estão, você não se importa se eu a roubar por definitivo, não é?
Aquelas frases com certeza traziam muitos significados, o que irritou .
— Roubar? - Ela interrompeu. - Você não precisa roubar nada. Minha atenção sempre foi sua. - A garota sorriu tão terna para que o garoto tinha certeza de que seu coração falhou naquele momento.
! - disse incrédulo.
— Agora vamos, porque se chegarmos lá e as comidas tiverem acabado eu vou colocar a culpa em você. - Ela disse, entrelaçando o braço no dele.

***


— ONDE ESTÁ A COMIDA DE QUALIDADE DESSA CASA? - Disse , gritando da geladeira.
— Viu! - disse, logo que entraram no apartamento, vendo a cena de cada um deles procurando as coisas pelos armários. - Eu escondi tudo para que eles não achassem.
— Onde você colocou? - Ela perguntou, rindo.
— No seu quarto! - Ela riu e saiu para buscar as coisas no quarto. Assim que as tinha, colocou sobre a mesa e foi em direção a mais um vez, dando um beijo na bochecha do garoto.
— Obrigado, você é muito mais do que eu poderia pedir! - Ela disse, saindo para se juntar aos outros no tapete da sala.

***


— Ei! - chamou , que tirou sua atenção do filme para olhá-la imediatamente - Tá todo mundo dormindo. - Ela disse, rindo, e ele fez o mesmo, observando os outros ao redor. - Você quer aquele doce? - Ela perguntou, referindo-se ao doce que ele tanto gostava e ele assentiu, animado.
— Vamos para a cozinha! - Ela disse baixinho para não acordar os amigos, que a esse ponto dormiam bem mais profundo do que ela imaginou.

***


— Como você anda se sentindo? - Ele perguntou, pegando uma colherada do doce.
— Bem! - A garota respondeu, observando-o. – Por quê?
— Não sei, senti vontade de perguntar. - Ele deu de ombros. - Você não pareceu abalada ao ver ele na loja.
— Ah, então essa é a razão da pergunta! - Ela riu. Estavam sentados lado a lado, seus ombros tocavam confortavelmente, mas notou a tensão no amigo, assim que especulou sobre terem visto mais cedo. - Eu realmente fiquei bem. Eu sei não foi tanto tempo assim, mas foi o suficiente para que eu o esquecesse por completo. Uma pessoa em especial tem me ajudado com isso.
claramente percebeu a mudança abrupta na postura de e sorriu, ao notar a cara de preocupação que ele havia colocado no rosto enquanto comia. Reflexivo talvez poderia definir sua expressão.
— Você anda saindo com alguém? - Ele perguntou como se não fosse nada.
— Sim! - Ela respondeu o garoto, testando ainda mais como seriam suas reações corporais. - Mas eu acho que ele não sabe.
— Ele não é igual aquele babaca não, né? - Ela riu ao escutar a pergunta. Apoiou um dos braços sobre o balcão, inclinando sua cabeça em direção a ele.
— Na realidade, eu não acho que ele seja um babaca igual ao , mas nós podemos clsssificar ele como lerdo. - Ela respondeu.
— Por quê? – Perguntou, bebendo um pouco de sua água em seguida.
— Porque eu gosto dele, explicitamente. - Ela começou falando e pôde ver ele engolir em seco. - Mas eu acho que ele ainda não percebeu.
— Você é a pessoa mais óbvia do mundo gostando de alguém, como ele não saberia? - Ele virou em direção a ela, que o encarava e sorriu um tanto quanto falso.
— Então ele sabe? - Ela perguntou, tentando fazer com que ele entendesse as entrelinhas.
— Como eu saberia? - Ele perguntou, inocente. - Você tem que perguntar a ele. Com certeza surge algo na conversa que te responda isso.
— Você é mesmo lerdo! - Ela disse, incrédula, se levantando da cadeira e levando seu prato até a pia.
O click que veio nele no momento foi absurdamente espontâneo. O garoto nem mesmo tinha uma reação, não sabia se dizia algo ou se apenas se calava, processando a informação, que tinha uma leve certeza de ter entendido errado.
— Vou para o quarto. - Ela disse, se encostando na pia. - Se você quiser dormir pode ir para o quarto da !
— Espera! - Ele se levantou. - Você ficou brava? Por quê? – Fingiu-se de desentendido para não passar vergonha com a melhor amiga, achando que entendeu uma coisa que não esperava até então.
A garota não respondeu. Ela atravessou a cozinha, passando ao lado dele, que a segurou com leveza mas impedindo que ela saísse de lá.
— Você não sai daqui sem me dizer por que ficou brava. - Ele disse, a pegando pela cintura e a colocando sobre o balcão. - Assim é melhor. Eu mal consigo falar com você sem sentir dor no pescoço. - Brincou sobre a estatura baixa da garota, levando um tapa leve no braço.
— Eu não estou brava! – Disse, sem olhar para ele.
— Você nasceu com a cara fechada, eu sei. - Ele riu. - Mas também sei quando você fica assim.
Suas mãos se apoiaram ao redor da garota, que prendeu a respiração com a proximidade dele.
— Assim como? - Ela disse, um pouco fora de ar. - Eu já disse que não estou brava.
— Realmente. - Ele disse, soltando um sorrisinho não esperado por ela. Era o típico sorriso que ele dava quando planejava aprontar algo. - Sua expressão mudou um pouco.
Era incrível, ele sabia como prender a atenção dela.
— Deve ser porque eu estava em direção a meu lindíssimo e silencioso quarto, mas alguém me interrompeu. - Ela desceu o rosto para perto do rosto dele, o que fez com que ele prendesse o ar por alguns segundos. - Será, que teríamos uma boa razão para isso?
— Eu não me importo mais. - Ele disse baixinho, para si mesmo.
Naquela noite, depois de anos conhecendo um ao outro como ninguém mais, e deram o primeiro de muitos beijos não comprometidos. Ela sob o balcão, o prendendo com suas pernas, foi uma cena mais do que desejada por ele. Estar com seus lábios nos dela, os dedos das mãos entrelaçados, as respirações tão unidas que já nem mesmo podia-se distinguir qual era qual em realidade, era bem mais do que ele imaginou.
Ter ela para si era tão necessário quanto ele pensou ser.

***
4 Months later

4 Meses depois


— Eu realmente acho que ele não quer algo sério comigo! - disse jogada no tapete da sala.
As garotas, que se encontravam reunidas na sala assistindo ao filme tranquilas, olharam surpresa para ao mesmo tempo, já que o assunto surgiu do nada.
— Do que você está falando, ? - perguntou, pausando o filme.
! - A garota respondeu, se sentando imediatamente de frente para as meninas. - Eu acho que ele só vê nossa relação como provisória, algo de melhores amigos com benefícios.
! - chamou a atenção da garota. - Não pira, amiga! Ele é louco por você. Eu só acho que ele, talvez, tenha medo de fazer isso sem nenhum preparo.
— Você tá dizendo que eu assusto ele? - A garota brincou e fez ameaçar dar-lhe um tapa na cara.
— Eu concordo com a . - disse, se endireitando no sofá. - Todo mundo sabe o quanto ele te respeita e te leva a sério. Talvez seja apenas medo de que as coisas não saíam como ele espera.
— Ou talvez você só assuste ele demais. - brincou. - Você sabe que ele é uma criancinha no fundo.
— Eu não to entendendo por que vocês estão do lado dele. - A mais nova rolou os olhos, rindo. - Cansei dessa conversa.
— Graças a Deus! - Disse . - Porque de drama já basta dizendo que não leva ele a sério. Vocês deveriam sentar para conversar qualquer dia.
— Eu não daria cinco minutos para os dois saírem no tapa, Gabriela! - disse, rindo.
— Eu aposto que não dariam nem dois minutos. - disse, rindo junto. - E eu começaria tirando sarro daqueles óculos horríveis que ele carrega pra lá e pra cá.

***
6 months later

6 Meses Depois

— Sabe de uma coisa…- Ela riu, nervosa. - Dane-se você e toda essa atitude cínica. Você é bom ator mas esquece o quão bem eu te conheço. O que é uma pena, porque não é recíproco.
Eis o problema: era um pouco mais impaciente do que o normal. Ambos já se conheciam suficientemente há anos e ela sentia que, por ter nenhum tipo de pedido de namoro oficial, ele simplesmente não queria nada. Isso acabou gerando uma briga entre os dois ou melhor, dela com ele.
Do outro lado, fazia o seu máximo. Sabia que precisava de tempo para fazer com que tudo saísse perfeito. Também sabia que a “namorada” era impaciente e sensível a esse tipo de coisa, mas precisou manter um pouco mais aquilo com ele do que queria.
A surpresa do garoto seria dali três dias. No dia e mês exato em que se conheceram há cinco anos atrás. Estava quase tudo pronto com as ajudas dos amigos.
. - Ele disse em tom de súplica por não aguentar aquela situação. Queria mais que tudo contar para ela, mas também queria que tudo fosse uma surpresa que ela se lembrasse e guardasse com ela sempre. - Será que a gente pode só parar com isso?
A garota soltou uma risada triste e respirou profundamente alto. Aquilo o assustou e pesou seu coração.
— Escuta, . - Ela o olhou. - Se você não queria nada sério, deveria ao menos ter continuado sem entender o que eu disse naquele dia na cozinha. - O sorriso triste que ela deu com certeza doeu nele na mesma hora. - Mas tudo que tivemos foi de longe as melhores memórias que eu guardei. Obrigada por tudo. Te vejo por aí.
sabia quem era melhor do que qualquer pessoa. Ele sabia que provavelmente aquele não era um bom dia para ela e aquilo gerou todo esse incidente. ele sabia que ela precisava de um tempo para ela e respeitou isso.

***
No dia seguinte


— Alô? - Ele disse, assim que atendeu a ligação. - , você sabe por onde a anda? Eu ligo e ela não atende. Mando mensagem e não responde. Já passei pela casa dela e ela tão pouco saiu para fora. Ela se chateou comigo ontem, mas você sabe que eu tenho uma boa razão para não ter feito nada do que ela quer até agora.
— Primeiro: calma! - Ela disse. - Você está dirigindo e muito agitado! - Ela respondeu. - Segundo: eu achei que você tinha ficado sabendo que ela estava indo para Jeju hoje.
— O quê? - Ele disse sem entender. – Por quê? Para quê?
, você tem exatos 40 minutos para chegar aqui antes que ela embarque. - Ela abaixou o tom de voz. - Se você deixar com que ela vá pensando que você não se importa, talvez você não a veja mais.
— Estou a caminho. Ganhe tempo por mim. - Ele disse, desligando a ligação em seguida.

***


— Já tá quase na hora. - disse para as amigas que a acompanhavam.
— Claro que não, ! - disse imediatamente.
— Ainda faltam 10 minutos – , que estava ciente da situação, disse.
— Credo! - disse. - Até parece uma despedida. - Ela riu. - Eu vou mais cedo para não pegar uma fila gigante.
— Filas são legais. - disse qualquer coisa, recebendo olhares aleatórios das amigas.
— Só se for para gestante e idosos, né?! - disse, rindo.

“Onde você está?”, mandou para .

— Bom, eu vou indo. A gente se…- A fala de foi interrompida por um subin ofegante a chamando.
! - a chamou, demonstrando cansaço.
, o que você…- Ele não deixou com que ela terminasse.
— Espera! Eu odeio te interromper e sei que você também não gosta, mas eu preciso que você me escute primeiro. - Ele disse ofegante. - Eu não sei por que você tomou essa decisão. Eu pensei que fosse só um desentendimento que se resolveria em um dia, no máximo. Desde que nos conhecemos só tiveram algumas ocasiões que fizeram isso acontecer e claramente eu ainda não sei identificar quais são. - Ele parecia nervoso e se embolava um pouco com as palavras, o que fazia com que ela quisesse dar risada. - Mas eu não achei que seria motivo suficiente para que você fosse embora no dia seguinte.
— O quê? - Ela perguntou, confusa, e ele continuou falando.
— É óbvio que eu quero e sempre quis algo sério com você. - Ele coçou a nuca, agora demonstrando seu nervosismo fisicamente por tocar no assunto outra vez. - Eu quis, desde o primeiro dia que nos vimos, desde o dia em que você derrubou o bolo de aniversário da em mim. É por isso que eu ainda não fiz nada. Eu queria que fosse especial, como naquele dia. Eu queria que aquela data não fosse apenas marcada pelo dia que nos conhecemos, mas também por várias lembranças que criamos durante todo esse tempo. - Ele deu pulinhos de nervosismo. – Ah! Se você tivesse aguentado mais dois dias isso não estaria acontecendo... Eu não queria um dia aleatório. Queria um dia com significado para que ele aumentasse cada vez mais. - Ele passou os dedos pelo cabelo e continuaria seu discurso se a notificação de vôo não o interrompesse.

“Senhoras e senhores passageiros, primeira chamada para embarque do vôo 765 para Jeju”

— Oh! - exclamou, olhando para o relógio. - É o meu vôo.
, você realmente vai me deixar assim? - Ele perguntou e todos que estavam por lá deram risada, inclusive ela, o deixando sem entender nada.
— Eu estou indo ficar de olho na minha sobrinha por dois dias, bobinho. - Ela disse, rindo e ele olhou para com os olhos semicerrados. - A vovó não tem como chegar até amanhã e a mãe dela tem que viajar para fora do país, então eu estou indo ficar com ela até a chegada da vovó.
não tinha família no país mas tinha pessoas bem próximas dela que haviam se mudado para jeju a alguns meses atrás, a sobrinha era a filha caçula da família, filha de uma de suas amigas de faculdade na realidade. Quando chegou ao país ela e sua família foram seu primeiro contato com a cultura, se tornando também parte de sua família.

— Vovó está morando em outra província e não conseguiu comprar as passagens a tempo e minha “irmã de criação” me pediu esse favor com urgência, eu ia te ligar chegando lá - ela riu sem graça - eu achei que você estivesse bravo comigo então tomei isso como te dar um tempo para pensar.
— Então você não está indo embora? Ou me deixando por raiva?- ele perguntou aliviado e olhou para mais uma vez - mas ela…
— Ehe! Eu nunca disse que ela estava indo embora - disse.
— Realmente - falou - ela disse que ela estava indo para jeju.
— E que você não deveria deixá-la ir pensando que você não se importa - completou.
— Mas você disse que eu poderia nunca mais ver ela - ele disse confuso.
— E você acha que em Jeju não existem homens bonitos meu querido? - foi a vez de falar e fazer com que todos desse risada.

“Senhoras e senhores passageiros última chamada para embarque do voo 765 para Jeju”

— Eu tenho que ir - ela disse pegando suas malas mais uma vez - vejo vocês em dois dias e você - ela disse apontando para e dando um beijo no mesmo em seguida - cumpra com seu discurso quando eu voltar, obrigado!

***
2 Day later

— I am Back! - lay disse entrando na casa e se deparando com uma escuridão - ? ? ? ? Não vão me dizer que estão dormindo.

Eram exatas 22h e não haver ninguém em casa quando ela disse que estava voltando era algo completamente estranho para ela, sem contar que as mensagens que enviou antes mesmo de embarcar de volta e de quando chegou não serem respondidas por ninguém, nem mesmo no grupo onde era incapaz de parar de perturbar, era completamente fora do comum para ela.

— Vou acender a luz e não me responsabilizo se algum de vocês estiverem no chão da minha sala seminus - ela disse assim que escutou um barulho.

A garota acendeu a luz e buscou pelo local alguma coisa escandalosa ou até mesmo alguém esperando para assustar ela mas não viu nada, passou os olhos pela cozinha, corredores, banheiro de visitas e por final a sala e nada anormal havia aparecido. Escutou então o barulho mais uma vez, tentou identificar de onde poderia vim e tirou a conclusão de que sua visão do carpete da sala era coberta pelo sofá então resolveu se aproximar.

era medrosa? Era!
Ela estava com medo nesse momento? Óbvio!

Tudo, exatamente tudo de ruim que havia pensado no momento que agarrou uma das frigideiras de cima do fogão para poder conferir a sala se foi assim que presenciou a cena mais fora do alcance de sua imaginação, no carpete, todo encolhidinho estava dormindo segurando algumas coisas na mão.

— Ei, ! - ela o cutucou pela primeira vez e ele se remexeu - amor, acorda!
— Uhm...você chegou? - ele disse sonolento - que horas são? Você não ia chegar só às 22h?
— Amor - ela riu - são 22:30!
— O que? - ele disse se levantando rápido e procurando pelo celular - não, não! Eu me deitei para tirar um cochilo não eram nem três da tarde, como pode ser 22:30? E porque diabos eu estou no carpete?
— Como você quer que eu saiba? - ela riu mais uma vez ajudando ele se levantar - eu quase te acertei com uma frigideira.

Ele riu e olhou para as coisas em suas mãos lembrando de algo.

— Ah não! A surpresa já era - ele disse batendo as mãos na própria testa.
— Surpresa? - ela perguntou se fazendo de desentendida.
— Não se faça de desentendida - ele disse cerrando os olhos para ela.
— Não está mais aqui quem perguntou! - ela disse rindo - não tem problema se a surpresa não deu certo, eu sei o quanto você anda cansado esses tempos e sei que se esforçou para que fosse uma surpresa agradável, você pode fazer ela outra vez.

se levantou e avisou que colocaria suas coisas no quarto e já voltava.

— Onde estão todos? - perguntou do do banheiro enquanto amarrava seu cabelo de frente para o espelho antes de entrar em seu quarto.
— Eles...uhm, tiveram que sair de última hora! - disse inventando uma desculpa.
— Todos juntos? - caminho até a porta de seu quarto.
— Sim! - ele respondeu olhando-a.


entrou em seu quarto e imediatamente acendeu as luzes, assim que abriu a porta já havia notado um cheiro diferente partir de lá, algo como essências de flores. Mas foi só acender a luz mesmo que pode saber o porque daquilo, seu quarto estava repleto de rosas azuis, cada uma delas trazia uma foto em forma de polaroid dela e de ao longo de todos esses anos, a primeira que notou foi a que tiraram assim que se conheceram, com a camisa toda cheia de bolo e ao lado com alguns pontos de glacê sobre o rosto por culpa de . Ambos sorriam e aproveitavam o momento em que se conheceram.

eu sei que você é desastrada, emburrada e um pouco desequilibrada às vezes. - Ele riu dela, fechando a cara. - Mais desastrada e emburrada se é que melhora a situação. - Ele fez com que ela desse risada. - Mas também sei o quanto você gosta de sorrir para pessoas que você não conhece e como odeia não receber esse sorriso de volta. Só eu sei como o seu mau humor de três minutos pode ser fatal. - Ele disse, rindo. - Eu sei o quanto você gosta de puxar assuntos aleatórios em filas só para fazer com que o ambiente fique mais confortável e menos estressante pela espera. Eu sei o quanto você se sente culpada quando escuta uma música e percebe que não deu a devida atenção a ela, voltando desde o começo apenas para mentalizar e dar a devida atenção. - Ele sorriu ao lembrar das vezes em que a garota reclamava consigo mesma por fazer coisas assim. - Eu sei o quanto você gosta daquela lojinha virando a esquina, parte porque vendem coisas que te interessam, mas também porque a dona da loja te trata bem. Eu sei que você acaba se sentindo na obrigação de sempre estar por lá. Eu sei como você contorce a cara quando você vê tomar café sem um pinguinho de açúcar…
— É horrível! - Ela diz, contorcendo a cara, fazendo com que ele desse risada e levasse suas mãos até uma das mechas de cabelo da garota que caíam sobre seu rosto.
— E, principalmente, eu vejo e amo como você não precisa das pessoas para ser você mesma. - Ele respirou fundo e desceu a mão, agarrando a dela. - Eu amo saber que desde que nos conhecemos eu sabia que um dia você teria que ser minha, não imediatamente mas, nosso tempo. Eu preciso de você como nunca precisei de ninguém e eu claramente nunca havia pensado em fazer nada disso antes de você chegar na minha vida.
Ele pegou uma bolsinha branca e entregou a ela.
— Feliz 5 anos de “Thaina, eu derrubei o seu bolo no garoto bonito das festa”.
- Eu não disse isso. - Ela retrucou, abrindo a bolsinha.
— Disse sim! - Ele riu.
— Eu não acredito. - Ela disse, pausadamente. - Você não comprou aquele colar caro que vimos outro dia não, né? - Ela disse, olhando a marca do presente.
— Eu acho que é melhor do que aquele colar. Aqui, deixa que eu abro. - Ele disse, pegando a caixinha aveludada de cor azul em formato de rosa e abrindo.
— Isso…? - Ela não terminou a frase e ele sacudiu a cabeça positivamente.
— Eu sempre senti que você fosse minha. - Ele disse. - Mas precisava ser oficial, certo? Você mesma disse.
balançou a cabeça positivamente.
— Então, você me aceita como seu namorado, oficial e, se Deus quiser, o último e definitivo? - Ele perguntou, fazendo graça. - Porque claramente a pergunta aqui é se você me aceita, porque eu já te aceitei há muito tempo.
A garota o abraçou sorridente e levemente chorosa, sussurrou um “sim” na orelha do garoto e o beijou em seguida.
— Você sempre será o meu raio de sol! - Ele disse.
— Eu sou e sempre serei o seu raio de sol! - Ela disse, sorrindo. - Você leu isso naquele livro da outro dia, não foi?
— Fala se eu não sou super romântico! - Ele se gabou.
— Foi fofo. - Ela disse, apertando as bochechas do garoto. – Mas, cuidado para não elevar isso a um nível ou eu te largo no dia seguinte.





Fim



Nota da autora: Oii, eu planejei essa fic de uma forma tão inesperada e acabei gostando do resultado, o jeito que os dois se conheceram e como levam em consideração um ao outro é simplesmente a melhor coisa do mundo...espero que vocês também tenham pensado assim! Obrigado por terem lido, me diz o que você achou nos comentários, quero saber.
Xoxo Lay!!



Nota de Beta: Fiquei apaixonada pelo pedido!! Se não for assim, não quero hahaha!! Adorei!

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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