Fanfic Finalizada

Capítulo Único

“Há um modo de fugir que se assemelha a procurar.”

Alguém uma vez me disse que acasos e coincidências não existiam, e eu discordei disso com todas as minhas forças. Com o passar do tempo percebi que eles poderiam até não existir, mas às vezes os caminhos das pessoas se encontram de tal forma que não dá para negar que algumas histórias são realmente complementares.

As coisas podem não acontecer como queremos, todas as pessoas podem estar contra você, mas o importante é que você se encontre, olhe para si mesmo e decida sua vida e seus objetivos daquele momento em diante, pois toda ação tem uma reação e com ela vêm as consequências de suas escolhas. Eu aprendi isto com uma pessoa muito especial, em uma noite em que vagava sozinha pelas ruas de Londres, perdida e sem rumo. A madrugada me envolvia com a melancolia da solidão e então ele me devolveu toda a esperança que eu necessitava. Toda a luz que havia se esvaído. Eu me reencontrei, e foi ali que pude acreditar na verdadeira compaixão de um para com outro.


London street: Sábado, 10h27pm.

saiu de seu apartamento sem nada em mãos, não queria saber de coisa alguma, só queria esquecer-se de tudo que havia passado. Em uma noite todo o seu chão desabara e tudo que ela acreditava ser verdade foi revelado como mentira, ela estava longe o suficiente de toda a confusão, mas a distância não curava a dor que ela sentia, apenas lhe permitia uma fuga efêmera. Saiu pelas ruas de Londres fechando seu casaco, estava realmente frio naquela noite e todas as pessoas pareciam estar em suas casas. Caminhou, simplesmente, não sabia onde estava indo, na realidade, não estava indo para lugar algum, sua única vontade era espairecer e respirar. Sentir o ar que lhe permitia viver e deixar todo o redor inerte.

Olhou para cima, geralmente não era possível ver estrelas no céu londrino, mas naquele momento uma iluminava o lugar e isso a fez sorrir, por um pequeno instante. Mas depois se permitiu chorar, as lágrimas escorriam por seu rosto, mas não expressava nenhum tipo de desespero, apenas decepção, soluçava tentando reprimir o descontrole de seus olhos, contudo não estava dando muito certo. Com a cabeça baixa resolveu atravessar a rua, mas não percebeu que um carro tinha acabado de virar na esquina e vinha em sua direção. Levantou a cabeça quando ouviu o barulho do pneu tentar frear bem perto de si, porém parecia não haver mais tempo, só sentiu o baque do próprio corpo no chão.

[...]

A menina abriu os olhos devagar e viu um garoto extremamente aflito tentando fazê-la acordar.

-Graças a Deus você está viva! – Ele falou parecendo estar aliviado o que a fez rir minimamente levando a mão à cabeça.

-Ai. –Falou baixo.

-Desculpa! Eu freei, mas já estava muito em cima aí você caiu e bateu a cabeça. – Ele continuava a analisa-la com preocupação. – Você machucou mais algum lugar? Consegue levantar? Vou te levar para o hospital.

-Está tudo bem. Acho que desmaiei por causa do susto. – Ela falou. – Não quero ir para o hospital. – Disse tentando se levantar com a ajuda dele, mas quando seus pés pareceram se firmar no chão uma tontura lhe atingiu fazendo seus joelhos se vergarem e então ele a segurou. – Ops... Só estou um pouco tonta, eu acho, pode me soltar. – disse, mas tudo ao seu redor girava, tentou dar um passo, mas quase caiu novamente, se não fosse o menino lhe segurando provavelmente estaria com a cara no chão.

-Melhor eu te levar. – Falou pegando-a no colo e a colocou no banco de passageiro do carro. – Você não está bem.

-Só estou tonta, vai passar. – Ela virou a cabeça para o lado e fechou os olhos.

-Preciso me certificar disso, senão vou ficar com peso na consciência. – O garoto falou e ela achou fofo o modo dele de se preocupar com uma desconhecida. – Certeza que não machucou mais nada?

-Só estou com um pouco de dor na perna, nada demais. – Ela olhou para ele.

-Quer que eu ligue para alguém para avisar de você? – Questionou.

-Eu não tenho ninguém aqui, mudei para a cidade há pouco tempo.

-Qual o seu nome? – Ele fechou a porta do carro.

- Hills e o seu?

- . Então , vamos ver se você está bem. – Falou ligando o carro e saiu em direção ao hospital.

[...]

A garota havia dormido durante o percurso, a observou ali no banco de seu carro, estava quieta, mas ele estava realmente preocupado. Parou em frente ao hospital procurando onde estacionar. Então ela acordou.

-Oi. – Disse se ajeitando no banco e olhando ao redor para ver onde estavam.

-Oi, chegamos. – Ele falou.

-Ah não, não quero ir ao hospital. Já estou bem melhor, a tontura passou. – Falou passando a mão na cabeça.

-Por favor, você não vai ter gasto nenhum, só quero que te examinem, meu tio trabalha aí.

-Ok, tudo bem. – Ela deu-se por vencida, pois sua cabeça estava mesmo doendo.

saiu do carro e abriu a porta dela.

-Eu posso andar. – A mesma falou.

-Certeza?

-Uhum. – falou pisando no chão. – Viu, estou bem.

-Ok, venha. – Ele segurou em sua mão, a guiando até a entrada na enfermaria. - Joe está aí? Diga que é o sobrinho dele. – O menino perguntou no balcão.

-Só um momento. – A mulher pegou o telefone e ligou para alguém. – Pode entrar, ele está sem pacientes no consultório, a terceira sala.

-Obrigada. – Agradeceu e o olhava com atenção.

Entraram na sala.

-, quanto tempo. – O tal Joe foi lhe cumprimentar com um abraço sem perceber a presença da garota.

-Pois é tio, ando ocupado e o clima lá em casa também não está muito bom.

-Seu pai de novo? – Perguntou e o menino afirmou com a cabeça.

-Bom, não vim aqui para falar sobre isso. Essa é , queria que você a examinasse. Porque eu... Bem, eu quase a atropelei. E ela bateu a cabeça e não queria vir ao hospital.

-Não tinha a visto. – O homem falou. “Estou com sono.” A menina pensou consigo. –Sente-se ali querida. – Apontou para uma cadeira e foi pegar algo.

-? – Falou por impulso.

-Oi? – Ele se aproximou.

-Nada não.

-Levante a cabeça. – O médico colocou uma luz em seus olhos e observou. – As pupilas estão normais, só um pouco dilatadas. – Falou. – Sente dor aqui? – Falou pressionando um pouco seu pescoço.

-Não. – Ela falou.

-E aqui? –Perguntou.

-Aí. – Gemeu se estremecendo na cadeira.

-Essa região está um pouco inchada, provavelmente por conta do impacto. Dói só quando encosta?

-Minha cabeça está doendo um pouquinho, mas fora isso tá normal.

-Eu vou te passar uma medicação para a dor, mas quero que passe a noite aqui no hospital em observação.

-Por quê? – Ela arregalou os olhos.

-Para ver se você vai continuar com dores na cabeça ou não.

-Ai meu Deus. – Falou baixo olhando para o chão segurando as lágrimas, além de tudo, ainda tinha que acontecer aquilo?

-Ei, tudo bem. Eu fico aqui com você. – O garoto abaixou-se ao seu lado e segurou sua mão.

-Vou procurar um quarto disponível. – Joe falou saindo pela porta e percebeu que ela estava chorando.

-Desculpa te fazer passar por isso. – Falou apreensivo.

-Não, não é culpa sua. – Ela enxugou as lagrimas com as costas da mão. – É só que minha vida tá uma bagunça, nem te conheço direito, mas obrigada por estar aqui. – O olhou nos olhos.

-Não faço mais que minha obrigação, afinal você estar aqui é minha culpa.

-Não se culpe, também fui muito idiota ao atravessar a rua sem olhar para os lados.

Ficaram em silêncio, depois de um tempo foram para o quarto que o tio do garoto havia indicado.

-... Você vai ficar ai nessa cadeira?

-Não se preocupe, só descanse. – Ele falou sorrindo para ela pela primeira vez.

-Boa noite.

-Boa noite .

[...]

A menina acordou pela manhã e ao olhar para o lado viu na cadeira, ele estava dormindo, com certeza a posição era desconfortável, sentiu uma parcela de culpa por aquilo. A dor em sua cabeça havia desaparecido e ela agradeceu silenciosamente a Deus por isso, porém o garoto ao seu lado teria uma bela dor nas costas.

Levantou-se da onde estava e colocou sua bota. O dia continuara com o frio da noite, pegou o lençol que até então a cobria e colocou em cima dele. Caminhou até a porta e a abriu, olhou no corredor em busca de alguém pudesse lhe informar sobre Joe e então chamou uma mulher.

-Moça. – Falou.

-Olá. – Uma enfermeira com o cabelo preso em coque se aproximou dela.

-O Senhor está aqui?

-Sim, o turno dele acaba daqui alguns minutos, mas ele informou que viria lhe examinar novamente.

-Obrigada. – sorriu em agradecimento e voltou ao quarto, muita coisa podia acontecer em uma noite, primeiro a tão impactante notícia que viera por telefone, depois ser atropelada nas ruas de Londres e depois dar de cara com uma pessoa desconhecidamente gentil. A verdade é que ela não queria pensar naquilo, não naquele momento. Observou a janela e o os raios fracos do sol no lado de fora, passou um tempo ali, só sentindo a calmaria quando alguém bateu na porta e a abriu. Olhou para , mas o garoto não havia acordado, provavelmente estava tão cansado quando ela.

-Senhorita Hills. – O médico falou.

-Oi, como sabe meu sobrenome? – Perguntou para Joe.

-Meu sobrinho colocou em sua ficha ontem, ele só sabia o nome. – Falou sorrindo.

-Ah. – Ela disse.

-E onde ele está? – O senhor perguntou e então a garota apontou com os olhos.

-Ele vai ficar todo torto. – Ela falou torcendo o nariz. – Tenho que me desculpar por isso, eu só complico a vida das pessoas. – Disse para si.

- não se importa, é um garoto forte e parece ter gostado de você. – Joe disse e a menina arregalou os olhos. – Mas o importante é a senhorita, vamos examiná-la.

-Ok. – Disse sentando-se na beirada da cama enquanto ele procurava algo que não estivesse normal.

-Bom, o inchaço está menor e, como a dor ficou amena, você já pode voltar para casa.

-Sério? – Falou feliz.

-Claro. – Respondeu.

-Fico feliz por isso. – Uma voz atrás deles falou.

-Bom dia criança. – Joe falou para o sobrinho.

-Tio, não me chame assim. – Ele riu limpando os olhos. – Então quer dizer que a senhorita está bem? – Perguntou em direção a ela.

-Seu tio disse que sim. – Sorriu intimidada.

-A moça já pode ir para casa, a noite foi tranquila.

-Que boa noticia tio. – Ele levantou despedindo-se do homem. – Já está de saída?

-Meu turno já acabou. Espero te ver mais vezes.

-Pode deixar. – Ele deu um sorriso torto.

-Fica bem, as coisas se ajeitam aos pouquinhos. – O homem falou como se estivesse dando algum conselho a ele, então saiu da sala.

olhou para e a viu procurar algo no bolso do casaco.

-Suas chaves? Eu peguei ontem quando você desmaiou. – Falou esticando-as para ela.

-Ah, obrigada por guardar.

-Já percebi que você gosta de agradecer. – Falou e suas duas bochechas coraram.

-Só quando me convém. – Respondeu.

-Vamos? – O garoto perguntou.

-Para onde?

-Vou te levar para casa. – Falou de modo óbvio.

-Não, não precisa. – Ela saiu do transe. – Eu pego um ônibus. – Falou colocando as mãos dentro do bolso do casaco e então revirou os olhos lembrando-se que saíra de casa só com as chaves em mãos, sem dinheiro ou qualquer outra coisa.

-Venha, eu faço questão. – Insistiu fofo.

-Na verdade, não estou muito a fim de ir para casa, vou andar um pouco. Pode ir. –Falou.

-Que tal um café? Também não estou com ânimo para voltar para casa. – falou com uma expressão de tristeza, o que fez a menina se identificar com o rapaz, ambos pareciam estar atormentados com algo que guardavam para si.

-Pode ser, é uma boa ideia. – Disse sincera e bocejou. – Suas costas estão doendo? –Questionou ao ver o menino esticando os braços.

-Não, está tudo bem. – Respondeu. – Então vamos, Hills. – Posicionou o braço para ela entrelaçar-se a ele.

-Vamos. – Sorriu tímida aceitando o braço e saíram. Ambos tinham consciência de que eram estranhos um para o outro, mas estavam mais confortáveis em meio à estranheza do que convivendo sozinhos com seus pensamentos.

[...]

Foram de carro até uma Starbucks que ficava próximo dali. Entraram no estabelecimento conversando aleatoriedades e sentara-se em uma mesa perto do vidro que permitia ver o movimento do lado exterior. Fizeram seus pedidos. A conversa entre os dois fluía de forma fácil e leve. Ambos tinham uma curiosidade, mas guardavam para si. Um percebia a angustia no outro, com simples gestos. Eles eram bem parecidos, ao ponto de saberem ler suas expressões.

-Então, . –Falou com o novo apelido que havia dado para ela. – Você só mora aqui na cidade há quatro meses?

-Exatamente. – A menina respondeu bebendo frappuccino de caramelo.

-E está gostando?

-Bastante, consegui um estágio logo nas primeiras semanas.

-Que legal. Eu moro aqui desde que me entendo por gente e eu amo esse lugar.

-Aqui é bom, muito bom na realidade. Mas não sou boa em conquistar amizades. Considero-me uma pessoa pouco sociável. – Disse olhando em seus olhos e corando logo depois, o que o garoto sorrir.

-Então eu sou seu primeiro amigo aqui? – Perguntou fofo.

-É? – Falou com um tom de interrogação o olhando ao sorrir.

-Prazer, posso ser seu amigo? – Ele esticou as mãos o que a fez gargalhar encolhendo-se em seu casaco.

-Eu adoraria. –Respondeu estendendo a mão para fazer o cumprimento.

-Quem diria hein?

-O que?

-Que em uma noite eu quase atropelei uma pessoa numa rua que parecia fantasma de tão vazia, fiquei com um imenso remorso, dormi no hospital com ela e na manhã seguinte ganhei uma nova amiga. – Disse contando nos dedos e riu.

-Minha noite também foi bastante cheia, nunca pensei que tantas coisas poderiam acontecer em um período tão curto de tempo. – Os dois olharam-se analisando um ao outro, procuravam saber o que estavam sentindo.

-Porque você está... – Falaram em uníssono.

-O que? – Ele perguntou.

-Não, fala você primeiro. – Ela disse e o garoto pareceu pensar por um momento mais logo respondeu.

-Nada não. – A coragem de questionar havia se esvaído.

-Pode perguntar. – Falou sincera, parecia previr o que viria a seguir, mas ela precisava de alguém para conversar, para não ficar doida, e estava sendo uma companhia muito boa, tinha que dizer.

-Vamos andar um pouco? – Perguntou levantando-se e segurando o copo.

-Vamos. – Ela concordou e então saíram do lugar.

-Eu queria saber por que você está triste.

-Quem disse que estou triste? – arqueou as sobrancelhas.

-Eu consigo ver no seu rosto. – Disse.

-Muita coisa aconteceu ontem antes do acidente e aquilo já estava me atormentando. Você também está triste... – Ela falou olhando em sua direção.

-Posso dizer que muita coisa ocorreu antes do nosso encontro ontem, também. – Sorriu com uma expressão cansada. – Se quiser pode conversar comigo, guardar as coisas para si só causa mais tormento, e acho que ambos já estamos meio melancólicos. – Ele disse e ela pareceu ponderar por um momento olhando para algo além deles enquanto continuavam a andar, distraída pelo vento frio que percorria sua face.

-Ontem... – Começou a falar. – Eu recebi uma ligação e aquilo acabou comigo. A vida toda fui criada por minha mãe por um homem que eu achava ser meu pai, ele me desprezava, nunca gostou de mim e nem demonstrou algum tipo de afeto, mas eu o amava, afinal, desde criança eu acreditava que ele era meu pai. – Falou pausando e fechou seus lábios em uma linha fina. – Ontem fiquei sabendo pela minha mãe que os dois estavam em processo de divórcio e as coisas estavam bem complicadas lá na minha casa. Mamãe gostava dele, mas não aguentava desaforos. Até aí, tudo bem. Eu a compreendi, porém à noite, quem me ligou foi ele e me contou uma história maluca, que de inicio eu não acreditei, mas foi confirmada pela minha mãe. – Ela dizia se lembrando de tudo e mexendo no canudo de seu copo freneticamente, estava irritada, a tristeza parecia ter se esvaído e no lugar dela estava a decepção.

-Que história? – Olhou para a menina. – Ei, você está tremendo. – Ele a observou;

-É só que... – Ela tentou falar com a voz embargada. – Está sendo difícil pra mim.

-Ei. – Colocou a mão em seu rosto. – Está tudo bem, se você não quiser falar nada, não precisa. – Secou uma lágrima que caiu sem que a mesma conseguisse controlar.

-Eu quero falar... – Levantou o rosto, sua vista estava embaçada devido às lágrimas que se acumulavam. – Então ele me ligou e me falou que não era meu pai, que nunca foi. Que minha mãe havia escondido isso por toda vida de mim, ocultando o fato de que eu era filha de outro homem que nunca sequer eu conheci, falou que não queria saber mais de nada que nos envolve-se e iria sumir das nossas vidas. E então eu desabei, não compreendi nada, liguei para minha mãe e pelo silencio que ela fez quando terminei de contar tudo, conclui que era verdade. – chorava enquanto contava ao menino a história, ela tremia por conta do frio e do nó que estava em sua garganta. – E então estou aqui, nessa cidade enorme, completamente sozinha e me sentindo vazia, como ontem. –Falou e ao ver o estado da garota não pode fazer outra coisa senão abraçá-la, e ela deixou levar por aquele aconchego enquanto chorava tudo o que havia segurado no dia anterior, permitiu-se sofrer por aquilo e derramar suas magoas no ombro de um quase desconhecido. Mas no fundo, ela se sentia reconfortada por aquele gesto, e estava ali, no momento em que mais precisava de alguém.

-Quer sentar-se? – Ele perguntou para menina que ainda estava envolta em seus braços e ela concordou com a cabeça.

Caminharam até um banco que estava próximo dali enquanto a mesma se acalmava e limpava o rosto, ele mantinha sobre um olhar preocupado, sentira algo pela garota desde o dia anterior quando havia saído desesperado do carro para ver o que tinha acontecido, ela era linda e amável.

-Olha, desculpa. – Dizia ela fungando. – Eu não queria te incomodar mais.

-Não é incomodo nenhum ficar em sua presença. – Respondeu sincero, o que a fez curvar levemente os lábios em um esboço de sorriso.

-Agora me conta. – Olhou para ele. – O que te atormenta? – Perguntou e o menino suspirou.

-É complicado também. É com meu pai. Eu já tentei ajudá-lo, mas ele não quer. E não acho que minha mãe se importe muito com o que penso, ela é bastante individualista, quando eu era criança, sempre foi difícil de ter sua atenção, eu a amo, mas ela é do tipo de pessoa que só pensa no próprio umbigo, também amo meu pai, mas não consigo o compreender, ele insiste em não aprender com erros e quer sempre repetir. – Pausou a olhando.

-Pode falar. – Ela firmou com a cabeça e sua mão foi involuntariamente até a do mesmo, apertando, ela queria transmitir a mesma confiança que ele havia lhe passado.

-Eu soube há muito tempo que ele acorda para beber à noite, porque ele sumia de madrugada e voltava bem tarde, sempre alterado e falando coisas sem nexo. E ontem eu explodi, eu não aguentava mais ficar naquela casa, não suporto mais viver assim.

#Flashback On

-! Onde está sua mãe? – O homem gritou no andar debaixo.

-Não sei pai, acabei de chegar do cursinho. – O garoto respondeu na parte de cima.

-Essa mulher nunca está em casa! Vive na rua, só pensa em trabalho. – O pai do menino resmungava escandaloso e aos escutar aquelas palavras não se conteve.

-O senhor não pode depositar toda a culpa em cima dela! Porque uma grande parcela disso acontece por sua causa! – Retrucou. – Não é ela que passa todas as noites fora de casa para vagar sem objetivo algum, ao invés disso ela passa a madrugada trabalhando e você só torra o dinheiro com bebidas. Não percebe que está destruindo sua própria vida! – O tom de voz aumentou.

-Seu moleque, quem você acha que é para se dirigir assim a mim? – Falou alterado para , que fechou seus olhos com força respirando fundo.

-Sou seu filho e estou te mandando a real. Eu tento fazer isso todos os dias, mas você ignora e leva tudo na base errada. – Ele respondeu para o pai, entrou em seu quarto e em questão de segundos saiu de lá somente com a mochila em seus braços, desceu as escadas rapidamente em passos pesados.

-Aonde você pensa que vai? – Esbravejou.

-Não sei, para longe daqui, fugir dessa bagunça. Passou a mão em seus cabelos, nervoso, enquanto procurava pela chave de seu automóvel.

-Você vai sair por quanto tempo? – Questionou.

-Bem, pai, não me espere de volta essa noite. – O menino falou passando pela porta com o objetivo de não retornar por um bom tempo.

#Flashback Off

-Foi ontem? Ai meu Deus, que barra eim.

-Acho que nós dois temos muita coisa na cabeça agora. – Ele falou sorrindo. – Mas temos que aprender a lidar com os problemas que surgem.

-É difícil. – Ela falou.

-É, mas iremos conseguir, eu sei. Acho que ontem, apesar de tudo, você entrou na minha vida com um propósito. Eu não sabia para onde estava indo, meu pensamento estava vago, só queria sair, fugir, e quase atropelar você mudou minha direção.

-Pensando nisso, eu também acho agora que eu precisava daquele susto. Pra acordar e tentar lidar com a realidade.

-Então eu acho que devo te agradecer. Obrigada , por permitir-me falar sobre isso contigo, é algo que ninguém sabe, só meu tio Joe. E eu precisava muito mesmo jogar isso para fora. Mas o importante é que saibamos quem realmente somos.

-, eu que lhe devo um enorme obrigado. Sério, por tudo mesmo. Acho que eu precisava desabafar com alguém mais do que você. – A garota sorriu e os dois se entreolharam com um peso a menos da consciência, o peso de guardar as angústias só para si.

-Eu tive uma ideia. – O garoto levantou do banco e a puxou também. – Que tal usarmos o dia de hoje para passear por Londres? Eu não quero voltar para casa ainda e acho que você também não.

-Eu topo, senhor . – Ela disse, afinal, não tinha nada a perder e queria dispersar um pouco a negatividade que estava em si.

-Senhor não, pelo amor. Parece que está falando com meu tio. – Fechou a cara.

-Tudo bem, .

[...]

Por volta das quatro da tarde o menino deixou em frente ao seu pequeno apartamento, tinham rodado a cidade em museus e pontos turísticos, brincando de estrangeiros. Divertiram-se, apesar de não se conhecerem tanto, pareciam saber o suficiente e aquilo os distraia dos problemas reais, ao menos naquele dia. Então ele desceu junto com a menina do carro para se despedir.

-Então é aqui. – Falou.

-Uhum. – Ela concordou. – Foi prazeroso passar a manhã com você, .

-Gostei muito de você também, . E sobre a sua mãe, posso falar uma coisinha?

-Pode...

-Liga pra ela, tenta entender, escute a outra versão, às vezes teve algum motivo sério. –Disse e a garota só balançou a cabeça em afirmação. – Obrigada por cruzar o meu caminho. – Olhou-a nos olhos e as bochechas da mesma coraram.

-Disponha. – Sorriu.

-Guardou aquele guardanapo né? Não perca meu número, estarei aqui para o que você precisar. – Beijou próximo a sua boca. – Tchau .

-Está aqui. – Colocou a mão sobre o bolso do casaco. – Tchau . – Despediu-se.

[...]

A semana havia passado de maneira veloz, ela seguiu o conselho do quase desconhecido e ligou para sua mãe novamente. Por trás de toda a história existiam diversos motivos, ela pode compreender, mas ainda não conseguia aceitar a mentira que a mãe guardara por tanto tempo, sentia-se machucada por aquilo, porque também acabou por afetar muito em sua vida. Decidiu então dar um tempo a si mesma, focou-se em seu estágio e estudos. Trocou algumas mensagens com o garoto que conhecera naquela noite e perceberam que tinham interesses em comum, ele era legal e a fazia bem.

Encontraram-se para almoçar na quarta e tristezas não foram o assunto desta vez. Passaram a se conhecer em descontração, conhecendo outras partes de cada um. O interesse e amizade ali contidos pareciam ser recíprocos. Esta não foi a única vez, saíram juntos outras vezes, por pouco tempo, mas estavam se tornando amigos, unindo diferenças e compartilhando experiências, um sempre tinha um bom conforto para o outro. Apesar de tudo, percebeu que algumas das vezes tinha uma expressão abatida, mas preferia não questioná-lo e tentar o fazer sorrir.

O primeiro mês fora de novas descobertas para ambos os lados, perceberam que influenciavam muito um ao outro e tinham uma enorme paixão por cinema, então as noites vagas eles utilizavam para discutirem sobre filmes e assistir as estreias. “Haja dinheiro para isso.” gostava de falar. “Quando o investimento é bom, não importa.” sempre retrucava. E assim que desenvolveram uma grande cumplicidade.

[...]

Um mês depois...


A noite estava chuvosa e no seu quarto escutava todos os trovões que viam logo após os clarões dos relâmpagos no lado de fora, no escuro do lugar, fechou os olhos permitindo sentir o silêncio que a envolvia ali dentro, pegou seu caderno de poemas ao lado do abajur e o abraçou, a chuva lhe inspirava e ela gostava muito de toda aquela sensação, de ouvir a água batendo no telhado e escorrendo pelo vidro das janelas, algo plenamente puro. Em meio ao som da tempestade outro barulho envolveu sua audição... O interfone estava tocando, mas na tentativa de atender ela acabou por desliga-lo, decidiu então descer para ver quem era que estava debaixo de toda aquela chuva à meia noite.

Desceu as escadas com cuidado, pois estava com medo de escorregar com suas pantufas. Chegou até a porta com a chave na mão. Pelo vidro da porta viu alguém dar as costas indo embora, mas aquela camiseta preta do Guns n’roses conhecia bem. Girou a chave na maçaneta com pressa e se encolheu em sua blusa de frio que era a única coisa que lhe aquecia mesmo que minimamente, pois o pijama não colaborava. Ao abrir a porta gritou.

-! – O garoto se virou e ela pode ver que seus olhos estavam vermelhos. Estava mesmo? Ele estava chorando. –Vem pra cá, sai dessa chuva, você está encharcado. –Disse preocupada e saiu, ficando na última parte em que a água ainda não atingia.

-! – Ele falou com a voz embargada indo até a mesma, que o fitou com intensidade e o abraçou subitamente, sem importar-se dele estar a molhando ou não, o menino começou a soluçar em meio ao pranto.

-Vai ficar tudo bem. – Ela acariciou os cabelos dele que estava com a cabeça em seu ombro. – Eu estou aqui...

Ficaram ali por alguns minutos, enquanto ela reconfortava o garoto sem saber o motivo de sua angustia. entrou no lugar com ele ao seu lado e foram para dentro de seu apartamento. Estavam encharcados, a garota então o deixou na sala e foi procurar algo, voltando segundos depois com duas toalhas.

-Ei, aqui. – Entregou uma para ele. – Acho melhor você tirar essa blusa; pode pegar um resfriado. – Falou baixo.

-Desculpa, eu te molhei, pode ir se trocar.

-Não, não se preocupe comigo. O foco aqui é você. – Ela falou entendendo a mão para pegar a camisa do mesmo. –Vou ver se acho algum moletom para você, espera. – Virou e saiu de novo em direção ao seu quarto, enquanto ele permaneceu e se sentou em uma cadeira no balcão da cozinha.

[...]

Nesse meio tempo, ela havia se trocado, encontrou também um moletom para e falou para ele vesti-lo, enquanto isto preparou um chá para os dois e quando o viu no sofá se sentou ao seu lado.

-O que houve? – Ela perguntou olhando em sua direção, mas não obteve resposta, ele continuava com o olhar vago e triste, como se buscasse algo, uma escapatória do que sentia. – Você pode contar comigo... – Continuou e colocou sua mão sobre a dele por instinto, fazendo com que finalmente o garoto direcionasse o olhar a ela.

-Eu fui criado para ficar quieto, para não me meter nas confusões entre meus pais, mas eu cansei, estou exausto, não aguento mais, . – Dizia e os olhos avermelhados evidenciavam seu profundo cansaço. – Toda semana se repete a mesma coisa e não adianta, meu pai não vai mudar, ele não quer ajudar. Eu já tentei inúmeras vezes, eu juro. – Colocou a mão sobre a cabeça.

-Dessa vez foi pior né? – Falou apreensiva.

-Sim. E eu sei o que eu quero fazer. Eu quero fugir. Eu quero fugir com você.

-, não tome decisões precipitadas. Você está com a cabeça quente. – Disse olhando em seus olhos. – Sei que tudo isso é muito confuso, te deixa para baixo, mas fugir só piora as coisas, a escapatória não é solução para nada e toda a sua vida está aqui.

-Mas eu não estou a vivendo. Isso consome minha mente.

-Presta atenção aqui. – Segurou suas mãos. – Você é dono da sua mente, e me ajudou muito com minha mãe, mesmo que não perceba. Eu quero te ajudar com seu pai, nós vamos enfrentar isso, juntos, as coisas vão se resolver. Eu era uma jovem sozinha nesta cidade enorme e você mudou minha vida em um mês, quero muito lhe retribuir tudo isso.

-Você não precisa retribuir nada. – Apertou suas mãos. – Quem mudou completamente minha rotina foi você e te agradeço imensamente por eu ter te encontrado aquela noite todo santo dia. Mas é que eu não sei o que fazer , estou perdido.

-Estou aqui para o que você precisar, se você está perdido vou te ajudar a se reencontrar, como fez comigo. É isso que amigos fazem né? – Sorriu recebendo um sorriso dele também, o que a alegrou. – Vem cá. – Fez deitar em seu colo e começou a fazer cafuné em sua cabeça.

-Estar com você é tão bom... – Fechou os olhos.

-Eu tive uma ideia! – Disse.

-O que?

-Ficar naquela casa está te fazendo mal... Então que tal mudar-se? O dinheiro do estágio dá pra pagar um aluguel?

-! – Ele se levantou subitamente e a abraçou. – Você é incrível. – Disse fazendo a garota gargalhar. – Acho que já chegou a hora de ser independente, eu não te contei, mas enviei o meu currículo para o escritório do Falconi e eles marcaram uma entrevista!

-Aaaaaaaaaaaah! – se levantou. – Por que não me contou antes? Parabéns. – O puxou para um abraço. — Fico feliz por isso.

-Calma. – Falou com a voz abafada. – É só uma entrevista.

-Que eu já tenho certeza que vai dar certo, você é super esforçado, sei que vai conseguir. – Disse rápido.

-É bom ter alguém que acredita em mim. – Sorriu um pouco tímido. – Obrigada . Por toda força que você me transmite.

-Disponha, não é esforço algum.

-Vou fazer isso, vou procurar um lugar para mim. Mas não vou abandonar meu pai, não posso. Tenho que ter fé, vou conseguir o ajudar, amanhã irei procurar aquela clinica de reabilitação novamente e dessa vez vou ter uma conversa definitiva com ele. – Disse a olhando.

-Esse é o que eu conheci! Vai dar muito certo, acredite. – Respondeu.

-Mas antes, chegou a hora de eu fazer algo que espero há um mês... – Fitou-a.

-Então faça. – Fixou seu olhar nele que passou uma mão por sua cintura, enquanto entrelaçava a outra em seu cabelo, o que fez eriçar os pelos de sua nuca.

-Eu gosto de você...

-Eu também gosto de você. – Falou e então ele a beijou, lenta e suavemente, com todo o carinho que sentia e toda a vontade que tinha. Separaram-se lentamente.

-Isso foi muito bom. – disse e beijou sua bochecha uma, duas, três vezes.

-Não vejo a hora de repetirmos...

-Pode ser agora mesmo. – Selou seus lábios novamente e a abraçou em seguida depositando um beijo em sua testa.

[...]

Três semanas depois...

-! Venha, já coloquei tudo o que faltava no carro.

-Claro que não! - Trancou a porta e caminhou até ele. - Está faltando isto. - Mostrou um pingente pendurado em sua mão. - Antes de ir trabalhar, sua mãe falou para mim que você ganhou isso no seu primeiro aniversário e nunca largou.

-Nossa, eu havia esquecido, acho que passei dessa fase. - Ele riu pegando da mão da garota. – Obrigada, amor. - A beijou.

-Hum... - Continuou com os olhos fechados após separarem os lábios, o que fez rir.

-Você é linda.

-Vai visitar seu pai na clínica hoje? - Questionou. – O movimento lá deve estar mais calmo.

-Acho que vou sim, estou tão feliz, finalmente eles estão obtendo resultados.

-Graças a Deus, sabia que você conseguiria. - O abraçou. – Vamos, então?

-Agora.

Nas semanas em que se passaram muita coisa havia acontecido, tivera uma séria conversa com o pai e esta era para ser definitiva, ficou por horas tentando o convencer, até que chegou para lhe ajudar e ficara sozinha com o senhor, passaram um tempo lá e o garoto não pudera ouvir o que ela havia dito, mas a garota conseguira fazer o que há muito ele tentava, convencer seu pai. O homem saiu de lá chorando e abraçou o filho pedindo perdão, decidido que iria buscar se recuperar, a buscar melhoras e largar o vicio pelo álcool, o que fez o menino ficar muito contente.

Ligou para Joe e contou sobre as mudanças e que ele iria procurar por um lugar próprio também. O tio se surpreendeu e falou que iria ajudar a encontrar um lugar, acabaram encontrando um apartamento no centro que cabia dentro das despesas do garoto. tinha mudado sua vida completamente, passara a ser mais alegre e comunicativa, fez novas amizades e estava mais confortável no lugar. Ela e começaram a “namorar”, entre aspas porque nunca ocorreu um verdadeiro pedido, mas não precisava disto, eles sabiam.

Ele fora bem na entrevista com Falconi e passou para a próxima fase, na qual estava trabalhando e estudando constantemente para conseguir. E naquele momento estava levando para sua nova moradia seus pertences. Não era tão distante assim de sua casa, levava uns 10 minutos de carro, e como agora passava boa parte do seu tempo com a menina, a curta distancia não seria uma dificuldade para os dois.

Estacionaram em frente ao lugar e saíram. Ele olhou para frente, o inverno estava indo embora, dando lugar a um sol radiante que iluminava seu rosto, aquilo era felicidade.

-Olhe . – Falou e ela direcionou o olhar ao céu.

-O que? – Perguntou. -Não. – Ele riu. – Olhe para mim. – Disse e ela sorriu.

-Você está tão feliz, isso me alegra pra caramba. – A menina falou o abraçando, os braços dele por volta de sua cintura, não tinha coisa melhor.

-Eu sei que em pouco tempo ficamos bem próximos e, , você significa muito pra mim. – Beijou sua bochecha. – Quer ser minha namorada? – Falou em sua orelha.

-Eu já sou, há algum tempo. – Concluiu e o beijou.

É... A vida é assim, cheia de altos e baixos, dificuldades e soluções, lutas e conquistas, mas existe algo que é fato, depois da chuva sempre vem sol, depois da escuridão, sempre há luz para iluminar a vida de volta, para tudo existe um aprendizado e vivemos para isso, para sentir intensamente, amar imensamente, chorar quando preciso, sorrir sempre quando tiver vontade, para dar um pouco si aos outros e receber um pouco dos outros para si, cada ser que passa por sua vida deixa uma marca e todas essas marcas fazem de você quem realmente é. Guarde as coisas boas, as ruins deixe que o vento leve.





Fim



Nota da autora: Parabéns para quem chegou até o final e obrigada por lerem, espero que tenham gostado da história! Quero agradecer a Isadora que me incentivou a continuar, se não fosse ela essa história não teria saído do papel. Ficou curtinha por conta da falta de tempo em que estou, não sei ficou digna desse ficstape lindo, mas tá aí. Aproveitem e apreciem as outras fics que estão maravilhosas. Beijos, e até a próxima! :*





Outras Fanfics:
- 03. It Was Always You (Ficstape Maroon 5)
- 12. Shoot Love (Ficstape Maroon 5)


Nota da Beta: Surprise! Nem eu, muito menos Lara, sabíamos que eu iria betar essa fic, mas aqui estou! E eu tinha que dizer o quanto amei, também, essa fic. É um amor que só, to apaixonada ♥ Muita lindeza. Parabéns Lara, meu bem, ficou ótima. Esse ficstape é maravilhoso (leiam todas as fics, dica de amiga) e Runaway ficou digna sim, viu! Não se esqueçam de comentar e até a próxima. xoxo-A

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