FFOBS - 09. The Good, the Bad and the Dirty, por nº92


09. The Good, the Bad and the Dirty

Postada em: 11/01/2018

Capítulo Único

III

Lucy não conseguia acreditar no que acontecia diante de seus olhos, suas pernas travadas não reagiam como seu desespero pedia e sua voz presa em sua garganta parecia queimar como fogo.
A sensação se espalhava por todo seu corpo à medida que ele perdia suas forças. Um pouco antes de perder toda a consciência, Lucy tem uma última visão de sua melhor amiga lhe abrir o abdômen com as mãos, devorando seu interior como um animal faminto.
A correria, os gritos e o sangue estavam por todos os lados. O caos havia se instalado e todos tentavam fugir de alguma maneira. Ninguém sabia como tudo tinha começado, mas de repente as notícias sobre uma estranha doença eram mais reais que nunca.
Kevin passava pelos corredores atento, uma mão segurando seu taco de beisebol e a outra a mão de Ashley, a garota com quem queria passar o resto da vida junto.
Porem já não sabia nem se sobreviveriam à noite.
As salas estavam desertas, tudo abandonado em meio a confusão que acontecia, mochilas e materiais estavam por toda parte, assim como diversos corpos.
Ashley sentia o choro preso em seu peito, lágrimas silenciosas desciam por seu rosto e o pânico era visível em seus olhos arregalados e atentos. Kevin a segura rente a parede de um dos corredores, eles escutam passos apressados e gritos bem próximos. As mãos de ambos suavam frio, tamanho o medo que sentiam.
- Quando eu disser três, nós corremos para a sala do diretor, ok? – Kevin sussurra tentando firmar a voz, os gritos ainda abafavam quaisquer outros sons.
Ashely apenas acena com a cabeça, não conseguia emitir nenhum som. Ela estava em pânico total.
O garoto sorri tentando reconfortá-la, acariciando seu rosto antes de lhe beijar os lábios da forma mais doce que conseguia.
- Eu te amo. E vou estar do seu lado até o final, entendeu? Mais um aceno positivo, Ashley corresponde silenciosamente a declaração de amor.
O tempo se torna pesado e lento a cada segundo contado pelo garoto, o aperto de mão fica mais intenso enquanto correm pelo corredor atravessando um banquete onde a comida ainda estava viva.
Kevin, juntando toda a sua força, impulsiona Ashley para frente ao ver que o caminho a frente estava livre. Colocando-se atrás de sua garota, eles correm por mais alguns metros.

Do outro lado dos corredores, escondidos no banheiro masculino, três alunos tentavam manter a calma.
- Que merda é essa?! – Sam andava às pressas de um lado para o outro, as mãos no cabelo pareciam prestes a arrancar todos os fios de sua cabeça - Para onde vamos agora?
Alexia podia sentir cada parte de seu corpo tremer, mesmo que estivesse tentando manter a calma. Observava Mark quieto, analisando a situação lá fora por uma das janelas, sem entender como o mesmo não parecia mostrar qualquer sentimento.
- Cala a boca, Sam. – cospe Mark, passando rapidamente para a porta.
Ele retira o bastão que usavam como trava, abrindo lentamente para ter uma visão dos corredores.
- Você ficou maluco! – Sam sussurra angustiado, correndo para tentar forçá-lo a trancá-la novamente.
- Deixa de ser idiota! – Alexia o segura pela jaqueta – Fica quieto! Os três brigam por segundos, mas que mais pareciam horas.
- Me solta, sua vaca!
De repente, Mark se desvencilha de sua jaqueta e fecha a porta com um baque alto.
- Você pirou, cara?! – Mark parte pra cima do amigo sem dó – Tá querendo matar todo mundo?!
- Mark... – Alexia murmura o cutucando – Mark.
- Agora não, Lexia, esse escroto quase matou a gente!
- MARK! – ela aponta tremula para uma ferida podre e escura no ombro do rapaz, expondo até camadas mais profundas de músculo.
- Ei, cara. - Sam engole seco, virando para seu amigo mais pálido que antes – Fica frio, nós damos um jeito nisso.
Mark aperta firme o bastão. Sam, sem pensar duas vezes, agarra Alexia pelo pescoço erguendo-a no ar, furioso.
- Sua puta! – ele sentia sua resistência, seu braço era arranhado com tanta força que chegava a sangrar, sua mão aperta mais um pouco...
E seu corpo cai mole no chão.
Alexia cai junto tossindo, afastando-se do garoto em um choro involuntário.
- Vem aqui. – Mark a levanta com facilidade, olhando um grande hematoma se formar rapidamente em sua pele. – Você vai ficar bem.
Ele a abraça com força, a adrenalina ainda mais rápida em seu sistema.
Os dois olham para o rapaz desacordado no chão.
- Vamos, eu já sei o que fazer.

II

O corpo de Sam era mais pesado do que Alexia se lembrava, mas a raiva que sentia a ajudava a arrastá-lo pelos corredores com Mark. Eles escutam um barulho rouco, o garoto faz um sinal e eles se escondem no arco de uma das salas vazias.
Alexia volta, chutando Sam no saco com toda a força que tinha.
Duas figuras decrépitas surgem no cruzamento de corredores, avançando de forma animalesca sobre o corpo desacordado. Eles o abrem, espalhando seus órgãos por todos os lados, o sangue quente escorria pelo chão, assim como por sua boca. Seus olhos recém-abertos encaravam Mark enquanto ele e Alexia passavam em silêncio escorados nas paredes.
O dedo do meio de Alexia se repete em sua mente até ser desligada por completo.
Eles correm após se afastarem o suficiente, mirando alguma saída esperando não encontrarem com ninguém.

Faltava só mais um pouco e logo estariam seguros, pelo menos Kevin esperava que sim. Ashley escorrega nos resquícios de uma ceia, caindo no chão dando de cara com o rosto sem vida de Lucy.
- Não!
- Shh! – Kevin cobre sua boca por impulso.
Porém já era tarde.
A porta do banheiro feminino se escancara violentamente. Um garoto coberto de sangue sai bambeando do local, fitando os dois com a boca aberta. Sua garganta emite um estranho som.
- Ash, vai pra sala do diretor. Eu acho um jeito de te encontrar. – Kevin sussurra rapidamente e o tempo parece parar mais uma vez – Eu te amo.
Então ele bate com seu taco no extintor ao lado, gritando enquanto corria para longe, levando consigo a criatura.
Ashley sente seu choro se desprender, finalmente saindo livremente. Ela se levanta vendo Mark e Alexia entrarem juntos na sala para onde deveria ir. Reunindo ânimo para mover seus pés, Ash corre segurando a porta antes que eles a fechassem em sua cara.
- Wow! – Mark grita parando o bastão a centímetros de sua testa – Tá maluca, garota?!
Eles a puxam para dentro, fechando a porta com força.
Os três são pegos de surpresa pelo corpo inerte do diretor, a parede atrás de sua mesa coberta em sangue e pedaços do que parecia ser seu cérebro. - Cubram a porta, rápido! – ordena Mark.
Juntos eles arrastam alguns móveis, barricando a única entrada e saída do lugar.
Ashley perde as forças, caindo de joelhos no chão e se entregando ao choro.
- Vai ficar chorando ou vai nos ajudar com isso? – Mark aponta de forma rude para o diretor, olhando a garota no chão achando tudo muito patético.
- Deixa ela, eu te ajudo. – Alexia toca seu ombro, o guiando para longe de Ash.
Eles abrem uma das janelas da sala, o cheiro metálico de sangue era intenso, embrulhando o estomago de Lexia. Com uma certa dificuldade, eles carregam o corpo, jogando o diretor do segundo andar.
Os jardins da escola, assim como seu interior, pareciam uma zona de guerra. A grama parecia ter sido regada com sangue e as portas do ginásio pintadas com várias palmas de tinta vermelha.
Eles pareciam não ter escapatória.
Mark passa seu braço pela cintura de Alexia, puxando seu corpo para perto do seu. Eles se beijam rapidamente.
- Vocês podem não fazer isso, por favor?
A voz de Ashley sai abafada, as mãos em frente ao rosto, trêmulas.
- O que foi? Perdeu o príncipe encantado? – o rapaz zomba sentando em cima do scanner.
- Não seja tão babaca, Mark. – Alexia o repreende pegando a pistola do diretor do chão.
Ela ajoelha em frente a Ashley, retirando os fios loiros molhados de seu rosto. Olhar em seus olhos era tranquilizador e intimidador ao mesmo tempo.
Seu uniforme de ginástica, que já era curto, estava rasgado em diversos pontos e até a renda de seu sutiã estava a mostra. Ashley se assusta com uma enorme mancha roxa por todo seu pescoço.
- Não ligue pra isso. – ela sorri doce – Já demos um jeito no problema. Agora, o que aconteceu com você?
- O Kevin. – Ashley engole o choro que tenta vir à tona – Ele se foi.
Com um toque estranho, quase elétrico, Alexia a puxa para perto em um forte abraço.
- Você vai ficar bem.

I

O relógio mostrava que duas horas já haviam se passado desde que tudo estourara na escola, provavelmente em toda a cidade. O trio observava em silêncio uma pequena horda se formar próxima da pista de corrida. Eles pareciam agressivos até entre o bando, atacando uns aos outros sempre que se esbarravam.
Alexia bufa cansada, desencostando da estante de livros e mirando a arma travada para um dos quadros do diretor com sua família.
- Foi o Bob. Vocês sabiam?
- Do que você tá falando? – Mark para de fingir interesse em sua ficha.
- O Bob quem trouxe essa desgraça pra escola. – ela confessa finalmente os encarando.
Ashley também se interessa.
- Como você sabe?
- Ele me mostrou. Estávamos alongando quando eu reparei num arranhão enorme, bem na canela dele. A meia não escondeu direito. – ela ri em desgosto – Disse que um bêbado que foi atropelado o arranhou mais cedo.
- Mas que merda. – solta Mark.
- Quando dei por mim todo mundo estava correndo e o professor estava com a garganta aberta. O Bob pegou ele de jeito.
- Nossa. – Ashley sente seus batimentos acelerados, a imagem de Lucy volta a sua mente – Eu... Deve ter sido horrível.
- Humph, já passei por coisas piores. – a garota murmura, logo aumentando a voz – Só quero acabar logo com isso.
Ela leva a mira mais uma vez para a imagem do diretor, contendo um sorriso nervoso.

Ashley sente uma pontada em sua perna, levantando do chão para se esticar um pouco. Seu estomago ronca, já era tarde e eles continuavam na mesma. Estava começando a se cansar de esperar sabe-se lá o que. Andando pela sala tentando não dar atenção a conversa sussurrada entre Mark e Alexia, Ashley passa pela grande mesa do diretor, sempre muito bem organizada, agora banhada em sangue como tudo do lado de fora.
Lembrou-se dos gritos desesperados em todos os corredores e como agora tudo estava estranhamente silencioso.
- Kevin, seu idiota...
A garota para em frente a janela, a horda já tinha desaparecido, porem uma figura movimentando-se pelos jardins chama sua atenção.
- Kevin!
Ashley grita em espanto, batendo no vidro pegando os dois na sala de surpresa.
- Hey! Tá querendo morrer, garota? – Mark a segura com facilidade.
- É o Kevin! Ele tá vivo! – ela se entrega ao choro mais uma vez, agora de alívio.
- Tá, isso é ótimo! Lindo! Mas dá pra não fazer tanto barulho!?
- Eu... Eu. – seus olhares se encontram, o garoto parece se animar também.
Ele sinaliza o ginásio, Ashley concorda, virando-se decidida para Alexia.
- Eu tenho que ir. Não posso, não quero deixar ele de novo.
- Não é problema meu, gracinha. – Mark entra no meio – Se você quer ir, ótimo! Mas não nos meta nessa.
Ash parecia não saber o que fazer, sua vontade era de correr para Kevin, porém estaria completamente sozinha.
Ela sente algo frio e leve em sua mão.
- Já usou uma dessas? – Alexia tinha lhe passado a pistola, Ashley concorda – Ótimo. Agora vai logo! Ah, e vê se fode o Kevin... por nós.

As garotas se despedem como se fossem amigas de longa data. Alexia, novamente com aquele ar estranho e magnético, abraça Ashley, a pegando desprevenida ao selar seus lábios rapidamente. Ela sorri ajudando Mark a tirar as tranqueiras da frente da porta.
O rapaz apenas acena com a cabeça, sem dar muita atenção para sua saída.
Logo eles voltam a barricada para seu lugar, finalmente ficando a sós.
Alexia senta em uma mesa pequena de apoio, Mark se enfia no meio de suas pernas.
- E agora? – ele pergunta olhando a sua volta – Nós morremos aqui?
- Tem jeito melhor de ir? – ela sorri agora maliciosamente.
- Bom, então o que vamos fazer até lá? – Mark devolve o sorriso, apertando a cintura de Alexia, pressionando seus corpos.
- Eu tenho algumas ideias...

Os corredores estavam vazios, a escola parecia deserta. Não havia qualquer sinal de perigo e isso trazia uma sensação ruim de conforto. Alguns alunos se arrastavam pelo chão incapacitados de ficarem de pé, grunhindo ao verem Ashley passar rapidamente pelos corredores. Mas ela não precisava se preocupar com eles e, na verdade, nem conseguia.
A porta principal estava estilhaçada, um enorme rastro de sangue indicava que todos tinham saído para as ruas. Agora não tinha nada entre ela e Kevin.
Ashley se prepara para correr, mas uma pontada em sua barriga a segura por uns instantes.

Os beijos ficavam mais intensos, o ambiente mais quente e o casal com menos roupa. A tensão era quase palpável, o ar parecia pesado e as respirações urgentes assim como os toques. Eles tinham pressa, a entrada é forte e incrivelmente excitante.
A mesa batia violentamente contra a parede, mas eles não ligavam para o barulho que fazia. Seus ouvidos pareciam entupidos, tamanho o desejo.
Ambos se sentiam como animais, deixando-se serem levados por seus instintos mais primitivos. Eles tinham ânsia, tinham fome.

Com dificuldade, Ashley chega ao ginásio, seu pé parecia que iria explodir, provavelmente uma torção feia da queda no corredor com Kevin.
A dor ficava insuportável, mas precisava andar só mais um pouco. Se forçou a entrar, procurando o namorado por todos os lados.
E lá estava ele, no centro de tudo a esperando com um grande sorriso de alívio. Com uma insensibilidade repentina, Ashley corre em sua direção pulando em seus braços.
Para só então notar que Kevin não estava lá.
Tudo não havia passado de uma brincadeira de mal gosto do seu cérebro. Ela queria Kevin mais do que tudo no mundo e ele tinha lhe dado isso. Mas não era real.
Não era ele.
Sua visão fica turva, as dores aumentam e Ashley desmaia.
Segundos depois a porta se escancara, Kevin adentra o local coberto de sangue, mancando e cansado.
- Ash! – ele larga seu bastão, correndo até a garota desacreditado.
Não podia ser.

Eles nunca tinham se entregado de tal forma, nunca tinham sido consumidos por uma chama que vem de dentro, que cresce e queima cada nervo, arrepia cada pelo do corpo. Aquilo era indescritível, era impossível.
Cada investida era mais forte, cada apertão, cada arranhão.
As costas de Mark ardiam como álcool em uma ferida, mas ele não se importava... Ele queria mais.
As unhas pontiagudas de Alexia desciam cortando sua pele, abrindo ferida atrás de ferida e seus gemidos de prazer a incentivavam a continuar mais e mais.
Mark pressionava sua cintura com tanta ferocidade que os nós de seus dedos estavam vermelhos, ele podia sentir o estalar de suas costelas e como isso não parecia afetá-la em nenhum sentido.
Ele avança para seu colo, era como se pudesse sentir os feromônios em sua pele. Sua língua percorre o caminho até seu pescoço onde seus dentes se cravam com força.
Alexia grita em um mix de dor e prazer, Mark ergue seu olhar, seus lábios cobertos em sangue fresco. Eles param, fitando um ao outro em um curioso silêncio.
Alexia morde seu próprio lábio, sorrindo perversamente antes de lamber o sangue no rosto de Mark.
Ela morde sua orelha arrancando seu lóbulo com facilidade.
Eles voltam com ainda mais força, mais excitados e mais fora de controle.
A sensação era quente e boa, como chá em uma noite fria.
Não sentia mais dor, agora que estava com Kevin tudo iria ficar bem.
Ashley afunda o rosto na curva de seu pescoço, sentindo a satisfação tomar conta de seu corpo.
Estava leve e pronta para amá-lo até que o fim chegasse.
Kevin tenta chamá-la, mas sua voz estava abafada.
Ashley sai de cima do garoto, passando sua mão por seu rosto enquanto o observava engasgar em seu próprio sangue.
Ela solta um pequeno e quase imperceptível sorriso, refletido no terror nos olhos de Kevin.
Ela iria amá-lo até o último pedaço.


Fim.



Nota da autora: Sem nota.

Ficstape Death Of A Bachelor

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


CAIXINHA DE COMENTARIOS:

O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.


comments powered by Disqus