Finalizada em: 20/01/2018

encarou o envelope vermelho pela milésima vez aquela semana, retirando o papel grosso dentro dele, branco, com uma letra bonita em cor dourada, convidando-o para o casamento que aconteceria em dois dias.
Suspirou novamente, curvando-se sobre o parapeito da sacada, a lata de cerveja em mãos, enquanto olhava para a rua pouco movimentada naquele horário.
Os postes com as luzes alaranjadas iluminavam precariamente o bairro, o céu escuro não tinha nenhuma estrela, apenas a lua cheia, quase escondida pelas nuvens de chuva que se aproximavam. Tomou mais um gole de sua bebida, ainda olhando pensativo para o satélite;
“Você acha que é verdade que pisaram na lua em 69? Eu acho que é mentira. Com certeza fizeram depois, quer dizer, estamos em 2014, não? Mas eu duvido que Armstrong tenha feito isso em 69! Era só um jeito de humilhar a Rússia!” Riu sozinho, lembrando-se de uma das tantas teorias de conspiração que tinha, sempre disposta a discuti-las quando estava bêbada, ansiosa para fazer alguém pensar como ela, porque, afinal, em seu ponto de vista, era tudo muito óbvio. Ainda lembrava-se do dia que passaram a madrugada acordados, e ela falava sobre suas teorias do 11 de setembro, e toda a politicagem por trás do atentado. E da vez que ela queria a todo custo provar que a teoria de que Avril Lavigne, na verdade, tinha morrido, fazia o maior sentido do mundo. Assim como Michael Jackson estar vivo, aproveitando a vida longe dos holofotes em alguma ilha particular.
sorriu de lado, negando com a cabeça, antes de levar a latinha à boca mais uma vez, tomando um longo e demorado gole, ainda olhando para a lua, que começava a se esconder, deixando o céu ainda mais escuro.
Pouco depois pode sentir as primeiras gotas de chuva o atingirem, não demorando a engrossarem o suficiente para fazê-lo desistir de ficar na varanda e voltar a entrar na casa do casal de amigos, pigarreando assim que o fez, fechando a porta de vidro para evitar que a sala fosse molhada pela chuva.
- Procurem um quarto! - resmungou, deixando a latinha vazia sobre o balcão da cozinha americana, junto com o convite molhado.
- Cara, se você não percebeu, tudo aqui é considerado “quarto”. - respondeu, rindo malandro, fazendo o amigo rolar os olhos antes de jogar-se no sofá, no meio dos dois, evitando que voltassem a se beijar. - é ou não é o maior empata foda que já existiu? - Cala boca, .
- Muito bem, ursão, qual seu plano para o final de semana? - perguntou interessada, servindo-se de um pedaço de pizza sobre a mesinha de centro.
- Dormir e beber, provavelmente.
- Eu sinto muito, de verdade. - a garota suspirou, sorrindo triste para o amigo. - Queria dizer que vamos ficar ao seu lado, mas não posso faltar no casamento da ...
- Eu sei, . Tudo bem, não é sua culpa…
- E eu não posso perder a chance de beber algo caro sem precisar pagar, não é? - riu, passando o braço pelos ombros do outro. - É sério que você não vai se importar se eu for?
A madrinha é a , eu posso ficar aqui com você se preferir… Não fui convidado para estar no altar mesmo… - deu de ombros, ainda sendo possível sentir a pontada de chateação em sua voz por saber que tinha escolhido um primo para subir ao altar com , ao invés de , amigo de longa data da noiva e namorado da madrinha.
- Se você não for ela provavelmente vai fazer a sair com o , e não queremos isso, não é?
- Deus me livre , credo! - a garota gritou com a voz fina, fazendo o sinal da cruz.
- Até parece que você não queria beijar o ! - arqueou a sobrancelha, apontando o dedo para a namorada.
- Não é porque eu conversei com ele algumas vezes que quero ir para a cama com ele, . E se eu quisesse, já teria ido e você nem saberia.
- Você não ousaria!
- Eu estou dizendo, você tem um sono muito pesado!
virou-se para o amigo, concordando com a cabeça.
- Nós dois poderíamos transar todas as noites depois que você vai dormir, e você nunca nem desconfiaria, !
- Ótimo, agora não vou mais conseguir dormir sossegado. Parabéns aos envolvidos! - resmungou, cruzando os braços, e então jogando-se sobre o amigo - E me deixa ficar do lado dela, que agora eu não confio em vocês dois juntos!

O casal ria do episódio, mesmo já tendo o visto por diversas vezes, e também estaria rindo se estivesse prestando atenção em Joey e Chandler, mas por mais que se esforçasse em focar sua mente em alguma outra coisa, sempre acabava pensando em e em seu casamento que aconteceria em poucas horas.
- Eu preciso fazer alguma coisa. - declarou em voz alta, chamando atenção dos amigos.
- O que? - perguntou distraído, dividindo sua atenção entre o amigo e a cena que passava na televisão.
- O casamento. Eu preciso fazer alguma coisa. Quer dizer, eu não posso deixá-la casar, não é? Uma coisa é estarmos separados, sabendo que podemos estar juntos a qualquer hora, mas, se ela casar… Acabou.
O casal se entreolhou por alguns instantes, antes de virarem-se em sua direção quando ele levantou parecendo decidido, os punhos fechados e o olhar brilhando, quase como se os desafiasse a impedi-lo de tentar fazer alguma coisa.
- E você vai fazer o quê, ursão? Correr mil e quinhentas milhas atrás da ?
- Eu… Eu… - respirou fundo, clareando sua mente - Vou comprar uma passagem, talvez ainda tenha no voo de vocês, não? - comentou, sacando o celular do bolso, procurando no navegador passagens aéreas. - Merda! Todo mundo resolveu ir para Seattle esse final de semana?
- Você não está realmente pensando em ir para lá, está?
- E por que não?
respirou fundo, aproximando-se do amigo.
- , você sabe o quanto eu te amo e o quanto eu queria que tivesse dado certo entre vocês dois, mas você não pode, agora, resolver que quer voltar com a ! Você teve três anos, , três anos! Você sabe do casamento há seis meses e, agora, faltando menos de 48 horas você resolveu que vai falar com ela?
- Eu sei… Mas… - suspirou, passando a mão pelos cabelos claros - É diferente agora, eu sempre achei que a gente fosse voltar, que ela terminaria com o
- Eu sei, , mas pensa bem antes de fazer alguma coisa. Você está disposto a dar para a o que ela quer? Ou só quer garantir que ela ainda vai estar lá quando você precisar? Você quer mesmo estar com ela, ou só quer saber que seu estepe vai estar ali te esperando quando tudo der errado?
O rapaz encarou a amiga, sem saber o que responder de imediato, baixando a cabeça por alguns instantes. cruzou os braços, negando com um aceno, enquanto sorria triste para ele;
- Se você está hesitando para responder, acho que sabemos o que isso significa, não? Eu te amo, , mas se você fizer algo para machucar a de novo…
- Eu não vou… - soprou em voz baixa, olhando para os próprios pés, antes de vê-la se retirar da sala, entrando no quarto instantes depois.
respirou fundo, levantando-se.
- Cara, você sabe que é como um irmão pra mim, - começou, colocando a mão sobre seu ombro - mas, talvez, esteja certa, não é? Você precisa pensar bem no que vai dizer para a , e mais ainda se vai ser o que ela precisa. Se você no fundo não a quiser da forma certa, é melhor seguir em frente. Agora, se você me disser que está cem por cento pronto para tudo o que ela quer, eu sou o primeiro a te apoiar! Mas pensa bem antes de tomar qualquer decisão, não faça nada que possa machucá-la depois, nem a você mesmo.
deixou o amigo sozinho pensando em tudo aquilo.
O rapaz jogou-se no sofá, focado em saber com toda a certeza o que sentia, e o que estava disposto a fazer para tê-la ao seu lado, se, é claro, ela ainda o quisesse.

Drive there in my car
(I heard the radio)


deixou o casal de amigos no aeroporto, desejando uma boa viagem, mesmo que ainda parecesse chateado com toda a situação.
Tinha passado a noite em claro, tentando definir seus sentimentos, mas não tinha chego a conclusão nenhuma, achava que só saberia realmente quando se encontrasse com . Já faziam alguns meses que não se viam, não sabia como reagiria se ela estivesse em sua frente. Precisava ter certeza.
E, apenas por isso, resolveu ser um pouco mais egoísta do que o normal, e assim que saiu do Sky Harbor Airport, pegou a I-10W em direção a Rota 303N, não sem antes fazer uma rápida parada na KFC e comprar um balde de frango frito, além de um copo grande de Coca-Cola e mais um sanduíche. Era uma viagem longa, e sempre que estava ansioso precisava comer; talvez fosse por isso que tinha ganhado alguns quilos desde que o convite de casamento tinha chegado.
Sentiu-se extremamente tentado a parar em Las Vegas, mas forçou-se a apenas abastecer o carro, usar o banheiro e voltar para a estrada, fingindo não perceber alguns dos seus locais favoritos na cidade, quase o chamarem.
Queria ter alguém ao seu lado para conversar, e no fundo começou a desejar que aceitasse voltar de carro com ele na segunda-feira.
Ou talvez, .

If your time to you is worth savin'

The Times They Are A-Changin começou a tocar, fazendo-o sentir-se ainda mais estúpido. Por algum tempo quis desistir daquilo, dar meia volta e perder-se em algum cassino em LA, mas ao invés disso continuou a dirigir pela estrada pouco movimentada.

Then you better start swimmin' or you'll sink like a stone
For the times they are a-changin'

Aquilo era tão real que sentiu quase como se esbofeteasse seu rosto.
“Se para você seu tempo vale ser salvo, então comece a nadar ou você irá afundar como uma pedra”
.
Era óbvio para ele que aquilo valia à pena, valia, e muito.
Já deveria ter feito aquilo antes, mas era egoísta demais.
Preferiu continuar todos aqueles anos pulando de cama em cama, ao invés de parar ao seu lado, como ela queria. Ele a amava, o conhecia melhor do que ninguém, sabia todas as suas vontades, todas as suas estranhisses, e o aceitava exatamente daquele jeito.
nunca pediu para que ele parasse de arrotar na mesa, ela apenas rolava os olhos e fazia o sinal na testa e gritava “arroz”, impedindo-a de levar um leve tapa, como a brincadeira mandava. nem mesmo entendia qual era a razão da palavra “arroz”, mas era dito da mesma forma. nunca pediu para que ele se exercitasse mais, para que perdesse alguns quilos, ela o aceitava mesmo com a barriga de cerveja que já crescia.
Ela nunca duvidou do sonho do rapaz de ser pianista, ela o incentivava e tinha ido em todas as suas apresentações.
sempre esteve ao seu lado, mas na maioria das vezes não eram bons momentos;
Era estava lá quando ele precisava desabafar, quando precisava de apoio. estava lá sempre que se sentia um lixo, sua moral estava no fundo do poço, fosse por levar um “não” em um teste, ou tomar o fora de alguma mulher no bar.
E, só naquele momento, percebeu que tudo o que a mulher tinha lhe dito quando “terminaram” era verdade; Ela sempre esteve ali como seu estepe, mas nunca foi a primeira opção do .
sempre pensou que merecia mais.
Não que ela não fosse boa, era uma pessoa incrível, uma princesa.
Mas sempre desejou mais, ele sempre quis uma rainha.
achava que lhe faltava algo, que deveria destacar-se da maioria e precisava de uma pessoa que se destacasse ao seu lado, era maravilhosa, mas era apenas mais uma na multidão, e foi por isso que ele nunca a olhou da forma que a mulher queria.
Eles tinham transado diversas vezes, a mulher era ótima na cama, e fora dela também, mas não era a pessoa que achava que um dia se comprometeria. Pelo menos não até aquele momento.

Cause she's in my head
And I can't take it


Parecia que uma luz tinha sido acesa em sua cabeça, do momento que não atendeu suas ligações ao ponto que ela, finalmente, o deixou de lado e seguiu com sua vida.
não parecia uma pessoa ruim, muito pelo contrário, mas nunca achou que a mulher falava sério quando dizia que o amava, e que já tinha esquecido o .
tem tudo o que eu preciso, tudo o que eu quero. Nós estamos juntos agora, . e eu estamos dando os mesmos passos, seguindo o mesmo caminho. Não é mais uma relação unilateral, nós dois buscamos nosso melhor, juntos.”
Recusou-se a acreditar naquilo, achava que era apenas um drama qualquer, na busca de conseguir convencê-lo a largar a vida de solteiro e resolver aceitar ter um compromisso sério com ela, mas não foi aquilo que aconteceu.
As semanas rapidamente viraram meses, e um ano depois a mulher já estava anunciando o noivado, o qual quase foi rompido depois de entrar na sala e ver beijar , em um tipo de despedida que ele mesmo inventou e a mulher tentou recusar, mas não foi forte o suficiente para evitar ao sentir o perfume do homem tão próximo. , sabendo de toda a história entre os dois, surtou e quis terminar tudo no mesmo momento, para ele estava claro que nunca iria superar , e ele não seria feito de palhaço daquela forma.
, sendo ainda mais egoísta e filho da puta, sorriu, contente com o que ouvia.
voltaria a estar a sua disposição, voltaria a ligar e mandar mensagens e iria para sua casa sempre que ele a convidasse.
Infelizmente, para ele, não foi o que aconteceu.
ficou realmente desesperada com a possibilidade de terminar seu recém-anunciado noivado. Passou horas trancada em um quarto com , tentando convencê-lo de que não tinha sido nada significativo, que ela o amava e não queria mais nada com .
Demorou, mas eles voltaram juntos para a festa.

I need you by my side
Yeahh
So i'll take the chance and i'll drive 'till dawn
To show you i'm the one

estava acabado, depois de horas dirigindo, parou em um motel à beira de estrada, não era o mais confortável do mundo, mas pelo menos garantiu um banho com água quente, exceto por aqueles pingos gelados que insistiam em cair em suas costas, e pode cochilar por algumas horas. Cochilar, porque estava agitado demais para dormir de verdade, ansioso em saber o que aconteceria no dia seguinte.
Chegaria pela manhã em Seattle, o casamento de e seria no final da tarde, teria algumas boas horas para conversarem.
Imaginava qual seria a reação da mulher quando o visse lá, pronto para fazê-la perceber que ele era mesmo o homem ideal para ela. sabia daquilo, ele tinha certeza.
Aquela ideia de casamento era apenas um sinal de desespero, por achar que nunca iria querer nada sério com ela, mas no momento que ele a chamasse, tudo voltaria ao normal. voltaria para seus braços, e poderia procurar outra pessoa para casar.

A mulher encarou-se por alguns instantes, tentando controlar a respiração descompassada.
Não poderia começar a chorar, ou estragaria toda a maquiagem que Adelaide tinha demorado mais de duas horas para fazer. Isso sem contar o penteado, que foi a parte mais trabalhosa, já que seus cabelos não fixavam nos cachos volumosos que deveriam estar, e os fios curtos continuavam arrepiados, mesmo com a quantidade de laquê que passavam.
Depois de muito tempo, muitos grampos, um pouco de gel e quase uma lata de laquê, finalmente essa parte estava pronta.
Agora era só esperar mais alguns minutos antes de trocar-se.
Aproveitou quando suas amigas e madrinhas entraram em sua suíte, também já maquiadas e com os cabelos arrumados, para chamar o fotógrafo, continuando o book fotográfico dos bastidores de seu casamento. Mas podia esperar para ver como as imagens ficariam, queria lembrar-se de tudo, nos mínimos detalhes, mesmo o que nem sabia que estava acontecendo ainda, como na área em que seu futuro marido estava junto dos padrinhos.
Faltando pouco mais de duas horas, todas tornaram a se separar, para trocarem-se antes de saírem do hotel e irem para o local da festa. Estava sentada no canto na cama, admirando por incontáveis minutos o vestido branco com pequenos detalhes e pérolas, quando alguém entrou apressado. Por um momento gritou assustada, considerando que o homem de costas fosse , mas para sua total surpresa, os olhos que a encararam eram verdes.
- ? - sobrou sem fôlego, parecendo incapaz de dizer aquele nome em voz alta.
- Oi… - sorriu sem graça, sem realmente saber o que fazer a seguir.
- O que faz aqui? - perguntou depois de alguns segundos, recuperando a respiração falha.
- Eu queria te ver… - olhou para baixo, respirando fundo antes de fazer sua melhor cara de coitado, sabendo o quando ela se sensibilizava com aquilo.
cruzou os braços, olhando-o desconfiada. Quando deu passos em sua direção, a mulher afastou-se, mantendo uma distância segurado do homem que, por anos, foi a razão de suas insônias.
- , o que você está fazendo aqui? - pediu novamente, forçando a voz para que soasse confiante.
- … - chamou sorrindo de lado, dando mais um passo em sua direção. - Eu… - parou por um segundo, vendo o vestido de noiva sobre a cama de casal - Você não pode casar com ele.
- Como é? - questionou descrente, a voz aguda.
- Você não pode casar com ele. Você me ama. - disse colocando as mãos nos bolsos, querendo soar confiante e, ao mesmo tempo, desinteressado.
piscou duas vezes, abrindo a boca, perplexa com o que tinha acabado de escutar.
- Você não está falando sério…
- Você sabe que é verdade, você me ama demais para casar com esse cara. Não é isso que você quer.
- E você agora sabe o que eu quero? - questionou irônica, segurando a risada.
concordou com um aceno, sorrindo pequeno.
- Você quer ficar comigo, . Isso - apontou para o vestido, dando de ombros -, é só para me fazer ciúmes. Funcionou, eu confesso.
sentiu a mão coçar com a vontade de acertar o rosto de . Como ele se atrevia a falar daquela forma com ela?
- , você acha mesmo que eu aceitei me casar com , que passei todo esse tempo com ele, para te fazer ciúmes? Você é tão auto-suficiente para acreditar nisso? Seu ego é assim tão grande para pensar que o mundo gira apenas ao seu redor, e que eu passaria minha vida te esperando? - sorriu maldosa, negando com um aceno - Você teve sua chance, , e você jogou fora. Eu passei anos esperando por você, colhendo suas migalhas, acreditando que era tudo o que eu conseguiria. Mas, veja só. Eu consegui alguém melhor, que me dá o que eu mereço. Que está disposto a compartilhar sua vida comigo, em todos os momentos, não só nos quando ele precisa.
forçou o sorriso, engolindo em seco. Talvez tivesse se expressado mal, deveria ter dito outra coisa.
- Você não entendeu… - passou a língua pelos lábios secos - Não é isso que eu quero dizer…
- Então me explique, porque você veio até aqui ? O que você quer de mim?
- Eu… Eu… Eu amo você.
novamente negou com um aceno, parecendo até triste com aquilo. Suspirou antes de dar um passo na direção do homem.
- Você não me ama, . - negou tocando-lhe o ombro - Você ama a ideia de ter alguém a sua disposição vinte e quatro horas por dia. Você ama saber que, independente de qualquer coisa, era só me ligar e eu estaria te esperando. Você não me ama, , você só precisa de alguém para dizer que vai ficar tudo bem, para te fazer se sentir importante.
- Isso não é verdade…
- Não?
- Eu gosto de passar o tempo com você.
- , me diz uma coisa; - mordeu o lábio inferior, antes de prosseguir - O que você veio me pedir?
- Para você não casar com ele! - explicou como se aquilo fosse óbvio.
- Por que?
- Porque… Porque… Eu amo você, eu…
- Tudo bem, vamos supor que isso é verdade. O que você vai me oferecer? Você está disposto a largar tudo por mim? A assumir um relacionamento?
- Eu…
- Você…? - incentivou, notando a incerteza em seus olhos.
- Eu… - suspirou, olhando para o lado por um momento, fechando os olhos antes de tornar a falar - Eu não sei. - confessou, passando a mão pelos cabelos - Eu achei que quando te encontrasse, acontecia naturalmente, sabe? Eu gosto de você .
- Eu sei que gosta, . Eu tenho um carinho enorme por você, mas eu amo o . Eu vou casar com ele porque eu o amo, e porque eu sei que ele me ama.
O concordou com um aceno, sem saber o que dizer. Parte de si sentia-se aliviada por saber que não precisaria ter a responsabilidade de um compromisso sério, mas outra metade estava triste com aquilo, esperava que as coisas mudassem. A ideia de ter algo com o agradava, mas ela estava certa; gostava da ideia de tê-la ao seu lado, porque sabia que ela o amava, mas não era algo recíproco.
Aproximou-se o suficiente para abraçá-la apertado, desejando felicidades e outras coisas boas, pois ela merecia ser feliz. E aproveitou também para se desculpar por tudo o que tinha a feito passar.

O casamento foi muito bonito e elegante, todos reparam em de calça jeans e camisa, mas ele não importou-se. Sentou-se ao lado de enquanto assistiam a cerimônia.
estava linda naquele vestido, mas olhava a reação de ao vê-la entrando pela igreja; o sorriso enorme em seu rosto, os olhos brilhando como se fosse chorar. Aquilo foi o suficiente para fazê-lo entender que era a melhor escolha para , ele a faria feliz como ela merecia e, se não fizesse… Bem, era um cara grande o suficiente para deixá-lo com alguns hematomas espalhados no corpo magrelo.
Estava sentado na mesa virando taças e mais taças de champagne, enquanto todos pareciam se divertir na festa, dançando animados ou simplesmente conversando em voz alta.
tinha acabado de jogar o buquê, de uma forma teatral e claramente combinada, para que caísse diretamente em - o que fez engasgar-se com a taça de vinho e ficar extremamente vermelho -, quando notou uma das madrinhas sorrindo para a multidão, sentada em uma mesa afastada da bagunça, parecendo querer esconder-se da maioria. Analisou-a por alguns instantes, sabendo que era seu tipo de mulher, antes de levantar-se, andando em sua direção;
- Aceita uma dança?




FIM.




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