09. Tomorrow

Última atualização: 14/10/2015

Capítulo Único


Para muitos poderia ser uma loucura e tanto sair de casa no meio da noite, e ainda por cima em um dia típico do frio londrino. Faltavam apenas duas horas para o natal. Como todo ano, eu não estava feliz. As pessoas sorriam como se fossem ganhar seus doces favoritos. Mais eu, nada me fazia sorri verdadeiramente nesse época do ano. Algo sempre me faltava. Todo ano, na mesma data "24 de dezembro" eu caminhava sem destino parando em frente á London Eye. Virou uma rotina de final de ano, ou apenas gostava de voltar ao lugar que o vi pela última vez. Apertei o sobretudo preto no corpo quando uma corrente de ar gelado passou. Me arrepiei mesmo sem estar sentindo frio. Parecia loucura, mas eu sentia a presença dele ali comigo, como se ele nunca tivesse partido.
Uma vontade de chorar se apossou de mim quando lembranças do dia que o conheci invadiu minha mente. Era incrível que mesmo depois de anos, nada me falhava a memória. , foi como um vício sem libertação, uma doença sem cura que entrou na minha pele e ali permaneceu. Encarei a roda gigante a minha frente, suas luzes refletiam sobre mim me fazendo chorar tudo o que segurei até o momento.

"Londres 12 de julho de 1993"

– Mamãe, por que eu tenho que ir também? – indaguei chateada.
– Você é a única que está comigo nesse momento, preciso cumprir a tradição da nossa família lembra? – ela ergueu sua sobrancelha bem delineada para mim. Eu sempre achei um mico essa tradição.
– Por favor mamãe?! – implorei juntando as duas mãos. Eu não queria ir, será que era difícil dela entender?!
não insista. Você vai e acabou. – foi em direção da cozinha me deixando emburrada para trás. Sempre fora assim, um vizinho novo chegava, e ela inventava de preparar um bolo de cenoura com cobertura de chocolate para dá as boas vindas. Me sentei de cara fechada no sofá esperando sua boa vontade de acabar logo com o meu sofrimento.
Depois de quase três horas "não foi tudo isso", mais mesmo assim foram minutos que me pareceram anos, ela voltou arrumada e com o bolo em mãos.
– Pronto, vamos? – perguntou me olhando da cabeça aos pés. – Você vai assim ?
Suba e coloque uma roupa de menina mais apresentável. – ela nem me deixou responder. Subi os poucos degraus que me levariam até meu quarto batendo os pés com raiva. Será que era difícil de entender que eu não queria ir?! Troquei de roupa rápido antes que ela subisse e me arrastasse pelos cabelos.

Enquanto ela falava coisas que eu nem se quer prestava atenção, meu estômago dava voltas e voltas de nervoso. Não gostava de visitar pessoas que nunca vi na vida. Eu era uma menina muito tímida e fechada. Chegamos enfim na casa rosa á 3 minutos de distância da minha. Mamãe tocou a campainha e 3 segundos depois um menino de olhos grandes abriu a porta. Tomei um susto quando ele me encarou. De repente passei a me preocupar com minhas roupas. Ainda bem que tinha me arrumado melhor. Logo uma mulher com feições angelicais e um sorriso acolhedor apareceu dando passagem para que entrássemos. Me sentei meio envergonhada no sofá, mãos tímidas sobre meu colo.
– Essa é minha filha . – minha mãe me apresentou a moça de rosto angelical. Ela sorriu e virou em minha direção.
– Olá, . Você é linda. Esse é , meu filho. – ela falou com minha mãe. – Fico feliz em receber visitas tão cedo. – olhei a sala e percebi que tinha muita coisa fora do lugar.
– Espero não ter incomodado Lana.
– Não se preocupe, não incomoda em nada. Tinha até parado de arrumar as coisas quando vocês chegaram. – sorriu mais uma vez.
– Trouxe esse bolo de cenoura, espero que gostem. – mamãe falou.
, ama bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Não é, filho? – ela perguntou ao menino que concordou fervorosamente com a cabeça. Ele me olhou e sorriu. Abaixei minha cabeça com vergonha.
– Vocês podem brincar enquanto eu e a Aurora vamos conversar lá na cozinha. – A moça que se chama Lana, disse. – mostre a casa para sua nova amiga, filho.
– Sim mãe. – falou pela primeira vez. Seria errado eu dizer que achei ele bonito? Mamãe diria que sou muito nova pra pensar nessas coisas. O segui em direção a uma porta que parecia ser a do seu quarto.
– Entra – pediu. – Não precisa ter medo de mim, eu ainda não mordo. – fiz cara feia, fazendo ele rir.
– Eu não tenho medo de você – disse nervosa.
– Ei, calma . Só queria te fazer sorri um pouco.
– Não achei graça.
– Vem, vamos conversar sobre isso. – sentei na ponta da sua cama. Ele me contou de onde era, o porque dos país terem indo morar ali, sua idade, data de nascimento, tudo sobre ele. Fiquei feliz em saber que tínhamos algo em comum. Relaxei e contei um pouco sobre mim também. era um menino muito legal e bonito. Tinha olhos , cabelos loiros, era franzino e muito educado.

Sua mãe colocou ele pra estudar na mesma escola que eu. Todos os dias íamos juntos pra aula. Como eu não tinha nenhum amigo, ele se tornou meu melhor amigo.

Fim do Flashback

O dia que conheci , foi sem sombra de dúvida um dos melhores da minha vida. Foram momentos bons e, ruins. Lembro da minha crise boba de ciúmes, o primeiro sinal de que eu estava apaixonada pelo meu melhor amigo.

"Londres – 8 de outubro de 1998"

– Ei , o que foi? Por que você está chorando? – perguntou meio desesperado.
– Me deixa – o empurrei com a mão. – Eu, só quero ficar sozinha, ok? – gaguejei nervosa. Meus olhos estavam embaçados pelas lágrimas teimosas que insistiam em descer. Eu era uma boba.
– Que merda ! – gritou frustado. Passou a mão no cabelo, ato que ele costumava fazer quando estava nervoso ao extremo. – Eu sou o seu melhor amigo, então você pode me dizer o motivo desse choro. – me olhou chateado. Ele era burro ou o quê?
– Não é óbvio seu idiota? – abriu a boca meio chocado.
– Eu te fiz alguma coisa? – limpei as lágrimas bobas dos meus olhos e o encarei.
– Não, você não fez nada. Só pegou a minha maior inimiga do mundo, só isso . – Olhei pra ele sorrindo irônica e com as lágrimas caindo desesperadamente.
– Quem? A Vic? Eu não...
– Tinha várias outras pra você ficar, e logo ela?! Eu não consigo acreditar nisso. – o cortei. Ele continuou me olhando incrédulo.
– Você está com ciúmes? Eu que não acredito nisso. – De repente soltou um riso, que se transformou em gargalhadas escandalosas. Me senti humilhada. Ele estava rindo de mim, de mim. Não esperei mais nada, sair dali o mais rápido que pude. Logo as lágrimas que eu tinha secado, voltaram a descer com força. Era meio difícil acreditar que meu melhor amigo estava rindo da minha cara.

Tentei correr, mas uma chuva passageira começou a cair. Ás lágrimas tapando minha visão, a chuva, tudo isso resultou em uma queda. Como meu uniforme era uma camisa branca e uma saia até o joelho, na queda eu consegui me machucar na perna. Doeu, claro que doeu. Chorei mais ainda. O dia já tinha sido uma merda mesmo, nada poderia piorar minha situação. Quando tentei ficar de pé, alguém me segurou pela cintura. Por reflexo, empurrei a pessoa.
, me perdoa, por favor. – era o idiota do meu ex melhor amigo.
– Já pedi pra me deixar em paz .
– Não posso fazer isso. Eu juro que não fiquei com a Vic. – fez nosso sinal da confiança.
– Eu não acredito em você. – voltei a andar meio mancando.
– Por que eu ficaria com a Vic se eu gosto de você? – ele falou rápido. Eu entendi direito? Olhei nos seus olhos .
– Que? – perguntei confusa.
– Mas que droga. Eu. Gosto. De. Você. – falou entre pausas. Acho que meu queixo foi ao chão com aquilo. Ele estava dizendo que gostava de mim era isso?! – Acredita em mim . Desde o primeiro dia que te vi, você me conquistou. Juro mais uma vez, que não fiquei com a Vic. Eu sei o que ela representa pra você. Com certeza ela espalhou essa mentira para te afastar de mim. Por favor? – Ai, meu Deus! De repente eu tinha parado de chorar e meu sorriso não cabia na minha boca de tão grande. Queria poder abraçar ele e não soltar nunca mais. se aproximou de mim, pois eu ainda estava em êxtase com aquela declaração. Envolveu seus braços na minha cintura, e sem esperar qualquer reação minha, me beijou. Eu nunca tinha beijado nenhum menino na boca antes e... Ele pediu passagem com a sua língua, e eu tímida cedi aos poucos. Logo estávamos nos beijando de verdade. Meu primeiro beijo com meu melhor amigo. Senti um frio gostoso tomar conta do meu estômago, meu coração bateu tão depressa que me assustei um pouco. Então isso que é estar apaixonada.

Fim do Flashback


Senti uma lágrima solitária descer pela minha bochecha que logo secou devido ao vento forte da noite. Apertei o casaco mais ao meu corpo, tentando me proteger das sensações tristes que estavam tomando conta de mim. Ali, de frente para a London Eye, quase sem ninguém ao redor, eu me vi sozinha mais uma vez. Como na véspera de natal de 2002, dia em que foi embora sem mim. O dia em que ele me deixou...

"Londres – 24 de dezembro de 2002"


– Pai, isso é errado. Pelo amor de deus, não estamos no século 18. – eu olhava para meu pai com tanta raiva. Isso era insano da parte dele. – Você só pode estar de brincadeira comigo, né? – um riso misturado com lágrimas saiu de mim.
– Estou falando sério . Enquanto você morar debaixo do meu teto, vai fazer o que eu disser. E nem tente fugir, eles vão te achar. – Não. Isso não podia ser verdade.
– Pai. Eu estou apaixonada pelo , eu o amo tanto. Por favor. – meu pai, ainda estava meio bêbado. Seus olhos vermelhos devido a bebida e quem sabe algum remorso que ele colocou pra fora. – Não arruíne minha vida dessa maneira, você não tem esse direito de fazer isso com sua filha só porque a sua vida é miserável. – Eu não conseguia falar direito, estava tremendo de tanto chorar.
– Filha... – ele tentou tocar em mim. Me afastei. Naquele momento raiva e mágoa dominavam o meu peito. – Eles são poderosos. Não pude fazer nada, me perdoe meu anjo.
– Anjo? Agora sou seu anjo? Não! Você destruiu minha vida quando me apostou naquele jogo maldito. Eu te odeio! – meu pai era um viciado em jogos, apostou todo nosso dinheiro e como ele chegou ao fim, resolveu me apostar para o filho do dono do cassino. Eles eram de uma gangue muito ruim, matava sem dó nem piedade. Disseram que se eu não aceitasse o casamento, matariam o . O que eu poderia fazer? Era a vida do homem que eu amava que estava em jogo. Se ele morresse, pra mim não faria sentido viver. ainda era muito novo, estava terminando a faculdade de medicina que tanto lutou para entrar. Meu peito doía tanto. Parecia que já tinham cravado uma faca e arrancado meu coração fora.
– Me perdoe , só isso que te peço. Não tive escolha. Eles iriam tomar nossa casa, sua mãe está tão mal. Ela talvez não suportasse tudo isso...
– E você acha que ela vai aguentar o que você fez comigo? – Olhei para ele com nojo e com um ódio que não cabia no meu peito, eu estava tendo um colapso de raiva. – Ela vai te odiar como eu te odeio agora. – precisava ver o , ele precisava saber de tudo antes da minha decisão final. Dei as costas ao meu pai, caminhei até a porta.
– Aonde vai? – perguntou. Sua voz saiu baixa e rouca, como se estivesse segurando as lágrimas. Não me importava. Ele me destruiu. Saí dali o mais rápido que consegui. Meu pai, não merecia minhas palavras nunca mais.


... – O abracei com força. Minha dor molhando sua camisa. – Eu te amo! Nunca se esqueça disso, aconteça o que acontecer.
? O que foi meu amor? – segurou meu rosto com suas mãos.
– Meu pai – solucei. – Ele me vendeu naquele jogo do cassino . Eu vou ser obrigada a casar com o Robert. – O abracei de novo.
– Isso não é possível meu amor. Não se pode apostar pessoas nesses jogos e... – o interrompi
– Claro que podem . Meu pai perdeu todo dinheiro da família, até a casa perdeu. Disse que o filho do dono me pediu como troca para poder devolver minha casa. Ele aceitou. – continuei chorando. me olhava confuso, chocado e triste por algum motivo.
, e o que eles fariam se você não casasse com esse homem?
– Disseram que iam te matar. Eu não posso suportar isso, eu te amo demais . – Ele me olhava preocupado mas estranhamente calmo.
– Você acreditou nisso? Vai abrir mão da gente? – ... O que eu poderia fazer? Tenho que salvar sua vida.
– Sim. – sussurrei. – Não posso deixar que tirem sua vida meu amor. – passei a mão no meu rosto enxugando minhas lágrimas.
– Não. – ele pronunciou em silêncio. Segurei seu rosto e beijei seus lábios.
, eu quero que me faça sua essa noite, e vá embora daqui por bastante tempo. Te imploro. – ele me segurou pelos braços me afastando dele.
– Você só pode estar maluca, não vou a lugar algum sem você . Nem ouse aceitar essa merda de ameaça. Entendeu? – balancei minha cabeça negando.
– Já é tarde . Aceitei isso porque você é o amor da minha vida, sempre vai ser. E te perder seria minha morte. – voltei a chorar quando ele se jogou de joelhos no chão chorando desesperadamente, perdendo toda a calma que tinha antes. Fiz o mesmo. Abracei o homem que eu amava talvez pela última vez.
Ele me beijou na boca com força. Sua frustração, raiva, dor no seu beijo. Me deixei levar aprofundando nosso beijo. tirou minha blusa enquanto ainda devorava meus lábios. Nenhum de nós dois paravam para respirar com medo do que poderia acontecer. Me deitou no chão da sua sala, enquanto tirava minha roupa, ele beijava meu pescoço, colo, barriga. Quando enfim estávamos nus, me fez dele. Eu já era dele e sempre seria. Nossos corpos estavam em sintonia e naquele momento era só eu e ele. Nada mais importava, nosso sentimento era eterno e nada nem ninguém mudaria isso. Fizemos amor a noite toda sem se preocupar com o mundo afora e eu adormeci em seus braços, braços do homem que eu amava e sempre iria amar.

Fim do Flashback

Quando eu acordei no dia seguinte, não estava mais lá, imediatamente senti um vazio no peito. Sei que mandei ele ir embora para sua segurança mas não esperava que ele iria tão rápido e de que doeria tanto. Pareceu tão fácil pra ele me deixar. Chorei no quarto por dias, até casar com Robert e morar na capital. A London eye, não foi o lugar que o vi pela última vez, e sim onde venho todos os finais de ano desde o dia que ele se foi esperando o encontrar. Uma vez combinamos que se nos desencontrássemos, aqui seria nosso ponto de reencontro. 12 anos se passaram, e eu prometi a mim mesma que esse seria o último ano que viria aqui.

Estremeci quando outra brisa gelada tocou o meu rosto. Um perfume conhecido invadiu meu ofato me fazendo fechar os olhos com certa força. A vida estava me pregando peças. Abri os olhos rapidamente e me virei encontrando a última pessoa do mundo que imaginei que fosse encontrar ali.
...
...

Minhas pernas começaram a tremer, meu corpo ficou mole, meu coração disparou, os olhos embaçou me levando ao chão. Quando dei por mim, braços fortes me seguravam pela cintura. Olhei em seus olhos, saltando a pergunta que queria fazer por anos.
– Por quê? – ele sustentou meu olhar.
– Eu tive medo, . – sussurrou meu nome. – Naquela noite, muitas coisas passaram pela minha cabeça. Não tive outra escolha se não ir embora sem me despedir. Doeria muito menos, ou pelo menos foi o que eu achei. Ficar longe de você todos esses anos foi uma tortura , eu já imaginava que você tinha esquecido de mim.
– A dor foi muito grande pra mim, . Foi tão fácil para você me deixar. Eu nunca seria capaz de te esquecer, ainda mais depois daquela noite. – saí de seus braços.
– Claro que não. Minha ruína veio quando saí pelas portas da minha casa sem olhar para trás.
– Engraçado, esse tempo todo que se passou não tive um sinal sequer de você. Se doeu tanto, por que não mandou uma carta? Por que nunca ligou?
– Nunca duvide do meu amor . E se o Robert pegasse?. Eu só queria te proteger. – sorrir sarcástica. Meu peito dolorido das batidas incessantes do meu coração.
– Tudo bem, se você diz. – olhei pro céu buscando forças que não tinha.
, por favor. – suplicou.
– Por favor o que ? Como soube que eu estava aqui? – perguntei curiosa.
– Esse sempre foi o nosso lugar de reencontro. Senti que você estaria aqui hoje. Como todos os outros anos não te encontrei...
– O quê? Todos os anos eu vim aqui na esperança de encontrar o amor da minha vida, mesmo sem saber se ele ainda me amava então não diga o que não sabe .
– Acho que nos desencontramos – encarei seus olhos que estavam mais escuros naquela noite.
– Eu te amei por tanto tempo – Minha voz estava embargada e as lágrimas que tanto segurei, caíram livres pelo meu rosto. – Um amor tão grande que eu achava que jamais poderia amar outro alguém o tanto que eu te amava, eu te amava tanto que eu morreria por você, eu te amei tanto que eu casei com um homem que eu não nutria nenhum sentimento só para protegê-lo e eu sei que eu mandei você ir embora, sei que você sentia medo, mas quando se ama, quando se ama o tanto que eu te amei, nada, nenhum medo, atrapalha isso, eu estaria disposta a me arriscar, fugiria com você para qualquer lugar do mundo para sermos felizes se você me pedisse isso, mesmo se não tivéssemos nada, mesmo se passássemos fome, eu faria isso com você e me doeu tanto por todos esses anos saber que você jamais faria o mesmo por mim, doeu tanto saber que o nosso amor não era suficiente para você.
– Eu só... Eu não... – Ele respirou frustrado e passou as mãos pelos cabelos, sua expressão era desolada – Eu era tão imaturo , tão medroso, você sempre foi tão mais corajosa do que eu, você exploraria o mundo se te pedissem. Durante todos esses anos você dominou meus pensamentos a cada segundo, eu me perguntava se você estava bem, se você estava feliz, se você amava seu marido... Dizem que com o tempo a gente supera tudo, mas eu nunca superei você, nunca me perdoei por ter deixando o meu medo ser maior que o meu amor, porque eu te amava , meu Deus eu te amava tanto e eu nunca irei me perdoar por ter deixado você aqui. – Passei as mãos por meu rosto tentando enxugar minhas lágrimas e suspirei.
– Tantos anos se passaram , mas você nunca se passou com eles, eu me sentia uma idiota por ainda pensar em você, por cada dia imaginar que você me procuraria e me resgataria da vida que eu levava, imaginava você como um cavalheiro e esperava todos dias que você aparecesse, me roubasse e me levasse para bem longe – Ri sem humor – Sempre fui tão tola, o meu problema sempre foi sonhar de mais.
– Essa era a sua melhor qualidade , você sonhava e eu também tinha vontade de sonhar, de não esperar o amanhar para realizar meus sonhos e todos eles estavam voltados para você, eu queria casar com você, ter filhos com você, construir uma linda vida ao seu lado, você foi a única que me impulsionou a ter esses sonhos e eu digo com todo o meu coração que se eu pudesse voltar no tempo eu não pensaria duas vezes em ter me arriscado por você, eu não iria embora, eu ficaria ali te olhando dormir, esperando o momento que você acordaria e reclamaria por eu estar te olhando, então mesmo com medo eu enfrentaria tudo, eu correria o risco por você porque você merece alguém que corra risco pela pessoa maravilhosa que você é, e eu sinto muito por não ter dado valor a isso, eu sinto tanto . – Mordi o lábio para tentar controlar as lágrimas, algo que foi em vão, devo frisar, nunca fui boa nisso e admiro quem seja. – Eu tenho uma noiva – Pisquei atônita com a sua frase e eu não sabia mesmo porque ele estava falando aquilo, não era algo que eu gostaria de saber. – Mas percebi com o tempo que só estou com ela para suprir algo que me acompanha a tanto tempo, eu realmente achei que poderia amá-la, mas eu nunca serei capaz de amar uma mulher que não seja você, por isso eu vinha aqui durante todo esse tempo, eu tinha a esperança de encontrá-la e fazer aquilo que eu deveria ter feito naquela noite... Pegar você para mim, roubá-la e enfrentar todas as consequências. – Abri a boca em choque, aquilo sempre foi tudo que eu quis ouvir, mas hoje não sei mais se isso me agrada. Balancei a cabeça em negação.
– Anos se passaram , tanta coisa aconteceu, eu, eu gosto do meu marido, ele não é o homem mais carinhoso do mundo, mas mesmo assim eu gosto dele e nós temos uma filha, uma filha que ele ama mais que tudo no mundo. – Sua expressão mudou pouco a pouco e percebi lágrimas alcançarem seus olhos, senti um aperto forte no peito ao ver seu rosto angustiado. Ele aproximou-se de mim e segurou meu rosto carinhosamente, instantaneamente arrepios tomaram meu corpo, aqueles velhos arrepios que só me causava, somente ele, e eu percebi que por mais que tenha se passado 12 anos, meu sentimento por ele continuava intacto, ali, olhando em seus olhos de tão perto, parecia que tinha sido ontem que eu me apaixonei pelo meu melhor amigo de olhos cinzentos.
– Eu sou capaz de amar sua filha como se ela fosse minha, na realidade acho que já a amo só de saber que ela foi gerada pela melhor pessoa desse mundo. Eu fui covarde , mas hoje estou aqui sendo forte, disposto a tê-la sobre qualquer preço, estou disposto a reconquistar o meu amor, a enfrentar o seu marido se assim for necessário, porque todos esse anos eu só foi um corpo, um corpo que comeu, dormiu, andou e viveu porque isso era essencial, mas eu cansei e quero volta a ser um alguém, um alguém que ama , que vai se casar com ela, ter filhos com ela, que vai sonhar sonhos bons e não esperar o amanhã para realizá-los e ter uma linda vida ao lado dela... Ao seu lado e se for para mover o mundo para te ter ao meu lado, assim o farei sem pestanejar. – Meu coração estava acelerado, batendo fortemente sem pausas, o mundo parecia ter sumido, 12 anos pareciam não ter se passado, ali em minha frente estava o grande amor da minha vida, o cara que não foi capaz de lutar por mim, mas que mesmo assim teve meu amor por todos esses anos.
Fechei os olhos e levei minhas mãos até as suas, suspirei e logo depois voltei a olhá-lo vendo em seus olhos tudo que eu precisava para realizar meu sonho, para não deixá-lo mais para amanhã.
– Você não precisará mover o mundo, você terá apenas que fazer minha filha amá-lo porque ela é uma parte minha e se ela odiar você, bem, as coisas vão ficar complicadas. – O rosto dele iluminou-se e ele abriu aquele sorriso maravilhoso que deixa minhas pernas bambas.
– Vo-você vai ficar comigo?
– Sempre acreditei que as pessoas mereciam segundas chances, que um erro não as rotulam se elas consertarem as coisas, e você está concertando e eu te amo e vivi meus dias esperando por esse momento, esperando pelo seu resgate – Ele encostou sua testa na minha e eu fechei os olhos sentindo sua respiração quente em meu rosto.
– Eu te amo, e vou honrar todos os dias a segunda chance que você está me dando e vou fazê-la muito feliz, você e sua filha – Apertei sua mão e senti seus lábios rosando os meus, então eu não mais sentia o vento gelado e nem o tempo glacial porque era meu sol particular, ele sempre fora e quando seus lábios finalmente tomaram os meus para si eu senti que de repente tudo no mundo estava em seu devido lugar e que o nosso amanhecer já estava ali.

Don't wait til tomorrow, oh we're gonna get there together ...




Fim.



Nota da autora: Então amores, espero que tenham gostado. Sei que a fic saiu bem pequena, mas foi de coração. Essa é a primeira fic que escrevi sozinha. Queria agradecer a Alice, Kercia e a Juliana por terem me ajudado na construção dessa história. Sem elas nada teria saído. Hahaha Muito obrigado girls!! <3

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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