Última atualização: 31/07/2020

Capítulo Único

Então era isso, depois de faculdade sua vida mudaria. Não, isso não era um filme onde a moça consegue o melhor emprego depois que terminava sua universidade; estava na secretaria da faculdade, estava na espera do seu diploma com seu lindo nome estampado naquela linda folha branca com detalhes dourados.
— Aqui está. – A recepcionista entregou. – Seu diploma, e tenha muito sucesso.
— Eu agradeço, e bom trabalho.
Saiu toda feliz do atendimento ao aluno, passou em um restaurante e comprou para ela, seus pais e sua irmã mais nova uma marmita, para levar para casa.
A felicidade era tão grande que não se incomodava em comprar um almoço para a família toda, enviou uma mensagem para sua irmã avisando sobre a comida que estava levando; no meio tempo de faculdade para a casa, ela ficou pensando como seria sua viagem para Nova Zelândia. Era muito um sonho realizado, depois de passar dias trabalhando, pagando sua faculdade com a ajuda de seu pai, agora o dinheiro que tirou para a viagem ia ser bem gasto.

— Cheguei! Com o almoço, é claro.
— Oi, filha, cadê seu diploma? – A mulher estava tão empolgada quanto a primogênita.
— Aqui. – Entregou a pasta com um sorriso. – É lindo, olha esse dourado.
— O orgulho desta casa.
— Parece que nem tem uma caçula. – Laura, a mais nova, fingiu estar magoada.
— Hey, eu que fiz teatro aqui, eu que devia ficar fazendo esse drama. – Riram. – Mas logo é você, quanto tempo falta? – As garotas se sentaram a mesa.
— Dois anos, eu quero o fim disso logo.
— Calma, as coisas tendem a piorar.
— Com uma irmã dessa nem preciso de inimiga.
— Vocês duas, viu. – A senhora ria. – Me diga, como está a seleção de estágio? – Olhou para Laura enquanto ela se servia.
— Queria dizer que está mil maravilhas, como naquele filme da Anne Hathaway, O diabo veste Prada. Mas, infelizmente, o jornalismo e eu parecemos ET’s, de tão rejeitado que somos pelas empresas.
— Às vezes acho que a Laurinha faz faculdade errada. — As mulheres riram. — E sua viagem, filha?
— Tudo certo, mãe, vou daqui uma semana, exatamente quando todos estiveram na festa.
— Certeza que não quer um almoço para comemorar?
— Não, mãe, agradeço do fundo do coração, mas quero essa viagem, eu a desejei de uma forma absurda.
— Certo, espero que você não precisa fazer muita coisa nesse meio tempo. – Disse Laura, entre uma garfada e outra. – E que nada te chame, assim você pode ter mais tranquilidade nesse meio tempo. – Completou a frase com a mão na boca, uma forma educada para poder conversar enquanto almoçava.
— Nunca, rezo para isso não acontecer. – Olhava a Marmitex acabar. – Não quero ser chata, mas precisa deixar pro pai.
— Eu já separei enquanto vocês sentavam a mesa. – A mulher falou.
— Ah sim, eu amo esse restaurante, a comida é maravilhosa, não sei ficar sem. – comentou. – E estou farta, vou para o meu quarto, meus amores.
Estava cansada, passou um bom tempo esperando sua senha ser chamada apenas para um pedaço de papel – que vale tudo que passou pelos os longos quatro anos. Ficou em sua escrivaninha lendo as fanfics, assistindo vídeos e também olhando seus currículos enviados, esperava que uma das empresas a chamasse, de preferência a Globo, mas não se incomodava se a Companhia de Teatro Brasileiro a chamasse, pelo contrário, era o que desejava desde sempre.
sempre foi aquela menina que desejou começar do zero, se precisasse, ela trabalharia de auxiliar de limpeza só para pagar seus sonhos, e se fosse trabalhar no teatro iria fazer isso com todo o amor que havia em si.
A terça passou calma sem nenhum e-mail, seu pai chegou do trabalho tranquilo sem nenhum estresse a mais. Um dia normal para a família Paschoal.
E foi na quinta-feira, quando recebeu o e-mail da companhia de teatro brasileiro, uma organização que sempre ajudou na promoção de peças teatrais com um elenco para o roteirista escolher, nunca havia um ator que ficasse sem se apresentar.
A garota quase caiu para trás, sentiu todas as borboletas em sua barriga, era como se tivesse recebido a atenção do crush depois de mandar milhões de indireta.
Gritou pela casa toda, sorriu, dançou e até ligou para sua irmã, que estava a essa hora na faculdade, precisava contar para todos que o e-mail a aprovava na primeira seleção e que a segunda seria feita pessoalmente.
No e-mail as instruções eram claras, ela teria que passar por uma análise de atuação. Para a surpresa dela, teria que fazer uma cena, onde abordava o tema "A férias do sonho" e teria que fazer com leveza e plenitude; mesmo com um tema tão simples, seria difícil para ela, afinal, se apresentar para a C.T.B. não seria tão fácil quanto o tema.
Teria que pensar rápido, de organizar rapidamente de acordo com seu dia de viagem, que seria na segunda; pensou em algo, mas nada surgia como ideia, aquilo já estava a deixando perdida, não conseguia entender como foi que ficou daquela forma.
sempre foi uma menina que era enaltecida pelas brilhantes ideias nas apresentações, a forma que desenvolvida seus personagens no palco, para poder entreter os telespectadores e aquele bloqueio para o pequeno enredo que precisava desenvolver era algo muito incomum.
— Você tem certeza que vai? – Laura estava sentada na cama de sua irmã. – Você está ficando mais louca já.
— Preciso, e não sei como fazer esse tema.
! É sua viagem, para com isso, descreva sua viagem de forma verdadeira, com sentimento mais a flor da pele, não sei porque você está fazendo tudo isso.
— Ai que está o problema, eu não consigo! É como se tivesse um bloqueio, como se eu não conseguisse usar a viagem à Nova Zelândia para ser a base de tudo.
— Ok. – Laura respirou fundo. – Cadê o e-mail, mana?
— Aqui. – Entregou o celular.
Laura leu rapidamente, entendia o motivo da irmã está com esse pequeno bloqueio, ela queria viajar ela sempre sonhou com Nova Zelândia, além de desejar distância dos problemas que atormentou ela pelos quatro anos de faculdade.
— Certo, senta na sua cadeira. – Laura começou. – Vou usar um método contigo, ok?
— Confio de olhos fechados.
— Se imagine no avião, você chegando ao aeroporto com um sorriso largo, seus olhos brilhando, pois você é muito sentimental, quando vê alguns policiais indo em sua direção. Gentilmente, eles pedem para você os seguir, você carrega sua mala e sente o desespero bater em seu peito; agora, vocês estão na sala e ele pergunta o que você foi fazer lá, e nesse momento você fala...?
— Beber, dançar, nossa, quero sentir o calor da Nova Zelândia, poder fazer amigos e apenas curtir minha formação.
— Isso, eles falam que não é esse o objetivo e que você estava passando por uma investigação. Você e seus pertences, a viagem dos sonhos passa ser um desastre total, você toma água, engole em seco, se imagina no avião, voltando para casa. Consegue ver essas coisas?
— Sim.
— Pode abrir os olhos, só seguir essa linha ou a melhorar, . – Segurou a mão dela. – Você é incrível e sensacional, vai conseguir fazer algo bom e se bater o desespero, pode imaginar que estamos em seu quarto, e eu aqui no celular como sempre faço. – Sorriram.
— Agradeço, Laura, mas eu já falei que você devia fazer psicologia?
— Não começa, eu vou para o meu quarto, qualquer coisa grita.
— Grito! Pode deixar.
A mais nova saiu do quarto rindo e deixou a irmã planejar todo o esquema para a apresentação de teste. Escreveu inúmeras folhas até chegar no momento para se apresentar a todos.

Tudo pronto, sua mãe a levou até o lugar da seleção, a mulher ficou esperando no carro juntamente da sua irmã mais nova; entrou com as mãos suando frio, não era a melhor instituição, mas era uma das melhores que ela sabia que existia por São Paulo, e queria, sim, trabalhar por eles.
Paschoal.
Ouviu seu nome completo. Levantou-se da cadeira dos espectadores e subiu no palco, respirou fundo deu um gole na sua água e olhou para os avaliadores.
— Pode começar. – Uma mulher, com olhar sereno, pediu.
A atriz fez um gesto com a cabeça agradecendo e começou a encenar a primeira coisa que apareceu em sua mente. Com o único objeto que tinha no palco, improvisou uma pequena noite no bar, conseguiu conversar com os avaliadores. Ela estava com uma mesa a sua frente, bebendo uma cerveja em Nova Zelândia e ainda participando de uma discussão onde divergiam qual era o melhor jogador. E imaginando que via os outros amigos no bar, finalizou com uma ligação, nela informava que sua irmã havia conseguido um bom emprego no exterior.
— Nós agradecemos. – Dessa vez foi o homem que falou, sem olhar para . – Agora você poderia recitar essas falas?
Entregou a folha de sulfite, a menina não estava esperando, os outros participantes não fizeram a repetição das falas, ela foi a única – até aquele momento – e pegou a mesma, com a mão tremendo e tentando entender o que aconteceu, olhou para a folha, leu para não dizer nada errado e passou a recitar.
As expressões, entonação e até mesmo os gestos saíram ótimos como ela mesmo queria, só esperava que os avaliadores concordassem.
— Obrigado. – O mesmo homem falou. – Vamos entrar em contato com você daqui duas semanas.
"Duas semanas? Em duas semanas eu vou estar em Nova Zelândia!" – Pensou consigo.
— Estarei no aguardo, muito obrigada.
Desceu pegou suas coisas e foi para o carro. não foi a única receber a folha de sulfite.
— Como foi? – Laura veio para frente, entre os bancos.
— Se fosse para fingir de morta eu ia passar direto, eu estava quase morrendo lá.
— Olha o drama! – Laurinha riu.
— Daqui duas semanas eles retornam.
— Daqui duas semanas você estará na Nova Zelândia. – Sua mãe alternou o olhar entre ela e o trânsito. – Você não falou para eles?
— Mas você acha que eles iam compreender? – Laura falava, enquanto mexia no celular. – Eles não vão pensar nisso, só não marcarem o segundo teste enquanto ela estiver lá.
— Real. – concordou mais calma. – Podemos comer no restaurante?
— Podemos, avise seu pai que iremos chegar depois dele, por favor.
— Avisando. – enviou a mensagem para o patriarca.
— Você não vai ficar muito feliz. – A filha mais velha falou. – Papai disse que teremos uma reunião hoje e teremos que ir. – Viu sua mãe bufar.
— Que horas? Vou sair com as meninas hoje à noite.
— Então pode esquecer, você vai hoje à noite com a gente, é uma daquelas benditas reuniões desnecessárias que nem o papai gosta.
— Ótimo. – A irmã revirou os olhos.
A volta para casa foi silenciosa, elas só conversaram no restaurante e levaram uma marmita para o homem.

A noite enfim chegou, colocou uma calça jeans, um salto e uma blusa preta, passou uma maquiagem bem sutil e esperou seu pai na sala, juntamente de sua irmã tirando algumas fotos. Com a presença dos pais a família entrou no carro e foram para a reunião da empresa.
Não era bem uma reunião, era uma festa entre todas as equipes assim todos podiam interagir e ter um bom relacionamento, era assim que o chefe do senhor Paschoal via um bom rendimento para a empresa.
O salão estava fechado para a empresa, com mesas e cadeiras confortáveis, área de lazer para as crianças pequenas, para os fumantes e até mesmo Wi-Fi para os jovens, tudo que e Laurinha precisavam, porém elas ainda conversam com seus pais. Mais tarde um dos amigos do escritório do senhor Paschoal se aproximou da mesa e começou a conversar com eles, depois de puxar uma caldeira.
— Seu pai falo que você se formou em teatro, parabéns.
— Obrigada. – Estava acanhada. – Agora é só conseguir um trabalho. – Riram.
— Irá conseguir. – Bebeu sua cerveja. – Isso me lembra meu filho. – Começou a contar. – Ele morava na Alemanha, mas se mudou para a Austrália e não voltou mais. – Ele riu de saudades.
— Ele está grande já? – Paschoal questionou.
— Acho que sim, faz tempo que não manda fotos e não é de tirar muitas.
Mostrou a foto do filho para as pessoas na mesa. Não era cem por cento feio, o cabelo comprido, despenteado e algumas espinhas no rosto, o que mais destacava era os olhos castanhos naqueles fios meio arruivados.
— Bonito seu filho, deve estar um rapaz agora. – Ouviu sua mãe comentar, sabia que não era verdade e que estava sendo bem educada.
— Rosa insiste para mandar foto, mas ele acha desnecessário. – Guardou o celular. – Mas não façam isso com seus pais, é horrível não ter foto do seu filho.
— O que mais eles vão ter é foto da gente. – Laura comentou. – Vamos comigo, ?
— Sim.
Não precisava dizer, mas era nítido que iam ao toalete juntas. Entraram, esperaram cada uma usar e depois pararam de frente para o espelho para retocar a maquiagem.
— Você não acha meio estranho o filho dele ir para fora e não querer mandar uma fotinho dele?
— Não sei, Laura, as pessoas passam a se comportar diferente com tudo que acontece em volta deles, vai saber se algo aconteceu e ele resolveu tomar essa atitude.
— Ou ele pode ser só estranho mesmo.
— Também, mas você sabe que a tendência maior é a menina ser mais carinhosa com a família, os meninos tem que carregar a postura e a fama de frios. – Elas riram. – Pronta?
— Sim, vamos.
Passaram mais alguns minutos ali com todos e foram embora, Laura remarcou o dia com suas amigas e arrumou suas malas com a companhia da mais nova. Tudo estava devidamente arrumado, agora só faltava o dia chegar.

— Não está esquecendo-se de nada? – Laura perguntava encostada no guarda-roupa.
— Não está tudo aqui já, aqui tem todos os documentos que será necessário levar para a C.T.B., caso eles me chamem enquanto eu estiver lá, e como eu estou viajando você leva, por favor?
— É claro, nem precisa pedir duas vezes. – Pegou a pasta. – Tenho que falar algo?
— Acho que não, eu vou deixar tudo certinho no momento que eles entrarem em contato.
— Cento então, deixa eu ajudar você com a mala.
Desceram as malas e depois tiraram a última foto no espelho, de lá rumo aeroporto, Nova Zelândia em grandes milhas.
A família conversava de inúmeros assuntos, tudo de uma forma que pudesse deixar mais tranquila em relação ao avião; Esse era o maior obstáculo dela, sempre sonhou em viajar pelo o mundo, mas sempre teve medo de avião, vai entender.
— Por favor, envie fotos. – Laura disse brincando em frente ao portão de embarque.
— Claro pode deixar, envio sim: dos lugares.
— Não. – Elas riram. – Boa viagem e aproveite! E não volte grávida, não tenho idade para ser tia.
— E ela não tem idade para ser mãe. – A mãe falou, em tom brincalhão. – Certo, avise a gente quando chegar, não deixe nada por lá e não aceite nada de estranho.
— Deixa a garota se divertir. – O homem falou. – Só tenha juízo e use camisinha.
— Meu Deus, estamos no aeroporto. – Laura falou, acanhada.
— Pode deixar vou fazer tudo isso que vocês falaram. Vejo vocês daqui alguns dias, amo vocês.
— Também te amamos. – A mão comentou.
Subiu as escadas e procurou seu assento no meio do corredor, queria evitar de olhar o céu e a altura que estava, ajeitou tudo em sua volta, colocou os fones e foi ouvindo música até um bom tempo e o outro parou para assistir um filme da Fernanda Montenegro que havia levado em seu tablet.

Nova Zelândia. Olhava pela a janela do hotel toda a beleza do dia chuvoso, as pessoas com seus guarda-chuvas pretos e outras com transparente. Era inexplicável aquele momento.
Iria esperar a chuva cessar e depois sair pelos lugares, mas, antes, um banho quente e relaxante e comer no hotel seria sua maior prioridade.
Queenstown, uma cidade situada nas margens do Lake Wakatipu. Com suas lindas montanhas e águas cristalinas, cenário de filmes e aquelas lindas fotos que beira a surrealidade de tanta perfeição.
Andou pelas ruas, comprou algumas coisas, turistou devidamente o país. Apesar de sozinha e sem conhecer ninguém, ela não se incomodou, mesmo que sua última viagem foi ao lado de sua irmã e não foi tão longe assim.
Tirou as fotos em frente ao hotel – para mostrar aos pais que o lugar estava em perfeita condição e era seguro, e na frente dos pontos turísticos.
No hall, antes de subir ao seu quarto, ela questionou a mulher que, naquele momento, estava sozinha atendendo.
— Com licença. – Esperou ela a olhar. – Boa tarde, eu sei que perguntas assim não devem ser as mais comuns. – Sentiu as bochechas esquentarem. – Mas poderia me dizer se tem um bar, ou uma balada por aqui perto onde eu possa ir?
A mulher segurou o riso e pensou brevemente em algum lugar.
— Oi, existe um lugar a duas quadras daqui, o nome do lugar é Là Night, toca quase todos os estilos de música, mas principalmente latina.
— Agradeço. – Ainda estava envergonhada pela pergunta. – Salvou minhas noites. – Elas sorriram.
— Por nada, bom divertimento.
subiu procurando o lugar no Maps, decorou o trajeto e acessou a rede social do lugar, queria saber um pouco mais e se haveria uma atração para aquela noite. Escolheu a roupa e deixou dobrado em cima da cadeira, até o horário, ela passou o tempo no notebook e conversou com sua irmã por chamada de vídeo.
“Já terminou de se arrumar?”
“Ainda não, Laura, você sabe que eu demoro meia hora para colocar os cílios.”
“Olha a falta que eu faço em sua vida.”
“Eu não sou de ficar me maquiando todo dia, claro que vai ter falta.”
“Sabia! Anda logo daqui a pouco eu tenho aula.”
“Pronto.” – Apareceu na frente do computador. “O que acha?”
“Podia estar melhor seu eu fosse a maquiadora, mas dá pro gasto, talvez você fique com um cara.”
“Não preciso de inimiga, já tenho você.”
“Quando amor encubado por mim.” – Elas riam. “Pelo amor de Odin, por favor, não faça nada que eu não faria.”
“Claro pode deixar, até mais, amore, volto em breve.”
“Me chame no whatsapp.”
“Ok, beijos.”
“Beijos.”

O vestido paetê prata refletia as luzes de Là Night, os cabelos bem penteados e o batom realçando o desenho dos lábios dela, estava deslumbrante aquela noite. Se aproximou do bar e pediu um copo de rum, era impossível beber e não lembrar dos piratas, principalmente da peça onde a mesma fazia a pirata mais temida dos sete mares.
Ainda ali, sentada de frente para o bar ela olhava cada pessoa que estava conversando dançando ou bebendo. Desta forma ficaria mais fácil saber como se aproximar das pessoas e fazer novos amigos, sempre foi de olhar e aprender observando.
— É nova por aqui, estou certo? – O barman questionou. Ela concordou. – Devia se soltar, está bonita e bem produzida, não devia ficar aqui.
— Eu não faço a mínima ideia de como chegar lá. – Sorriu. – Nem sei dançar, só sei atuar.
— Temos uma atriz entre nós. – Ele apoiou-se no balcão e riram. – Olha, hoje não é o dia mais animado, sempre é de sexta, então pode ficar comigo aqui, meu namorado ainda não chegou.
— Certeza? Não precisa se preocupar em fazer companhia para uma estranha.
— Acredite, é melhor do que para pessoas bêbadas. – Tirou risadas da garota. – Veio a passeio ou morar aqui?
— A passeio, Queenstown é lindo demais se eu tivesse oportunidade eu trabalharia aqui, mas pelo o curso que eu me formei... – Deu a entender que seria bem complicado.
— Queria poder te ajudar, mas não tenho conhecimento.
— Sem problemas. Me diga, qual bebida você indicaria?
— Quais seus gostos, cítrico, doce, um pouco apimentado? – Zac falava olhando para os ingredientes do bar e separando um copo.
— Doce, mas com um leve refrescância parecido com o da menta.
— Tenho o drink ideal para você, ah e pode me chamar de Zac.
— Sou , porém pode me chamar de .
Ele sorriu para a moça e começou a preparar a bebida, colocou as bebidas alcoólicas depois de questionar se ela preferia com muito ou pouco, adicionou o doce com um pouco de refrescância, e mexeu tudo na frente de .
— Aqui está. – Entregou o copo com um guarda-chuva.
— Nossa, é muito bom. – Tomou um outro gole. – Me lembre de pedir esse drink todo dia que eu vier aqui.
— Se eu estiver aqui, pode ter certeza que eu vou servir você.
— Agradeço desde já.
e Zac ficaram conversando por muitas horas, até o namorado dele chegar. Foram dois bons amigos que ela fez, a partir daquele dia, ela frequentou a boate todas as noites e conversava com eles e pela manhã, seguia o itinerário nos lugares que o cônjuge de Zac a indicava.

Aquela tarde de sexta prometia uma boa turistada por Alexandra, faria uma longa caminhada pelos vinhedos de Pinot Noir, aproveitou o verão maravilhoso de Alexandra, e degustou as frutas mais faladas pela a população.
E não podia deixar de concordar com eles, as frutas eram doces e bem suculentas, pensou até levar algumas para casa. Entretanto só levou um vinho para o Brasil, mesmo sabendo que teria que fazer uma burocracia toda.
Como já tinha sido avisada, sexta-feira no Là Night era quente. Com um vestido todo soltinho de franja o salto alto combinando com o nuance do vestido, enviou uma foto para a irmã e foi respondida rapidamente:
“Perfeita, só falta conseguir beijar alguém.”
“Agradeço pelo elogio, mas não pretendo beijar ninguém.”
“Claro, a menina que viaja e não quer beijar outras bocas, vai logo e não beba muito.”
“Isso pode ser que eu faça um pouco mais do padrão.” – Enviou, saindo do hotel.
Guardou o celular na bolsa e saiu rumo a casa noturna. O som alto, todos dançando não parecia estar um calor imenso em Queenstown, se aproximou do bar e sentou no mesmo banquinho que ficava com Zac, pediu um refrigerante e esperou ele terminar de atender um grupo de amigos.
— Oi.
— Oi, gata, veio toda produzida hoje.
— Você disse que sexta é mais cheia, e eu pretendo me enturmar mais.
— Eu vou sair daqui mais cedo, ficarei por aqui, podemos dançar depois, isso se você não sair com algum boy nesse meio tempo.
— Não eu espero você, mesmo se eu estiver flertando com alguém.
— Precisamos de mais amigas assim.
— Eu vou dançar, volto logo.
— Me dê sua bolsa para guardar, pode confiar não vou ver nada e não vou deixar ninguém pegar.
— Aqui, e agradeço.
Zac sorriu para a moça e foi atender outros clientes; andou até a pista, começou dançar sozinha com o seu copo de refrigerante bem protegido. Dançava como se não houvesse amanhã, sentia a música passar pelo seu corpo junto com o ar fresco do ar condicionado – já que estava debaixo dele. Sentir o ar da liberdade era prazeroso.
Enquanto dançava, podia sentir alguém olhando para ela, procurou discretamente, porém não achou da onde vinha aquela sensação. Com isso voltou para o bar, procurou por Zac porém não achou, estranhou pois o mesmo não saia dali.
— Deixa o copo aí em cima vamos dançar. – Zac apareceu atrás dela. – Sua bolsa.
— Obrigada, não achei que você ia sair tão rápido.
— Mas não foi tão rápido. – Andavam até a pista. – Já faz três horas que você estava lá na pista.
— Tudo isso? – Se espantou. – Parece que faz cinco minutos.
— Aqui é assim, tem essa magia do tempo passar rápido. – Eles começaram a dançar. – E você não percebeu ninguém te olhando, não?
— Sim, porém não achei, você viu quem é?
— É um dos garotos que vem aqui sempre, ele e um que veio da Alemanha, o inglês dele é todo embaralhado. – Ele mostrou para .
— Hm, interessante.
— Não vai até ele?
— Não, acho que não.
— Se joga, você precisa aproveitar, não só os dias aqui, mas o amor também, não é sempre que viajamos muito menos quando temos um gato nos olhando, Joseph que não escute eu falando isso.
— É você está certo. – Respirou fundo. – Daqui a pouco vou até ele.
— Por que?
— Porque eu falei que ia dançar um pouco com você, promessa é dívida.
— Maravilhosa!
O garoto, que a olhava de longe, só se aproximou quando o namorado de Zac chegou e foi exatamente o momento em que ela se afastou. Ela pedia uma bebida enquanto ele se aproximou sedutoramente passou a mão no seu topete ajeitando o mesmo que já estava bem arrumado. Parou ao lado dela e pediu uma bebida.
— Oi. – Ela sorriu em cumprimento. – Vem sempre aqui no Là Night?
— Desde o dia que comentaram comigo sobre o lugar.
— Hm, foi a primeira vez que te vi longe do bar.
— Eu só tenho o Zac de amigo, então eu ficava conversando com ele, enquanto ele trabalhava.
— Bom, vejo então que está na hora de fazer novas amizades.
— Sim. – Bebeu seu drink. – Quer dançar? Tenho algumas horas ainda aqui. – Ela convidou.
— Quero. – Segurou ela pela a mão. – Você já vai embora?
— Tenho que acordar amanhã cedo para tomar café e tudo mais.
— Entendo. – Dançavam juntos. – Eu nem me apresentei sou .
.
E depois de se apresentarem o assunto morreu, um silêncio entre eles pairou e apenas as vozes das pessoas conversando – as mais pertos deles é claro, e o som contagiante, dançavam muito próximo um do outro, os olhares de passeavam pro aquele rosto. Os olhos, até mesmo os fios castanhos ruivos, ele era familiar, mas... Da onde?
por outro lado, não conseguia deixar de apreciar a beleza de , encantadora, o sorriso marcante e seus longos fios. Queria conhecer mais ela, poder passar mais alguns minutos ao lado dela e estava disposto de ir até ela todos os dias que ela estivesse ali.
— Eu preciso ir.
— Já?
— Sim, eu falei tenho que acordar cedo amanhã.
— Bom, eu te vejo amanhã se você vier aqui? – Se aproximou mais.
— Pode ser, se eu estiver aqui amanhã. – Sorriu de lado.
— Estarei te esperando. – Deu um beijo no canto dos lábios dela.
— Até amanhã. – Caminhou com um sorriso meio bobo nos lábios até Zac, se despediu dele e do namorado e foi para casa.
Estava boba com o encanto do homem – que aparentava ser mais velho que ela, que por um minuto se esqueceu que já tinha passado pelo o hotel. Entrou cumprimentando todos que estavam na recepção e foi para seu quarto, estava boba com o quase beijo, boba por ter tomado uma iniciativa fora do Brasil, afinal sabia como se livrar de um homem por lá, quanto mais fugir dele.

Era sete horas, estava chegando no ponto de encontro para poderem irem as montanhas com a roupa adequada e uma pequena mochila levando poucas coisas que sabia que seria necessário, ela chegou com um sorriso tímido no rosto passou seus dados e foi para a pequena salinha que foi designada para ela.
Na espera, ela mexia no celular já que estava toda paramentada depois que recebeu o kit, envia as fotos para o grupo da família das paisagens, percebeu que um homem sentou a sua frente tirava a bota de escalar fornecida pela a agência de turismo e colocava dentro de uma caixa própria para ir a lavanderia junto com os equipamentos. levantou o olhar e viu que era ninguém menos que . Parou de mexer no mesmo e sorriu pela coincidência, depois que o homem higienizou suas mãos com o álcool em gel – que ele havia levado por conta da escalada – ele a viu que estava na sua frente.
— Você. – Ele falou, sentindo os burburinhos de alegria em seu coração. – Não esperava encontrar você aqui.
— Muito menos eu. – Viu o homem mudar de assento. – Como você está? – O cumprimentou.
— Bem. Você marcou para às dez a escalada?
— Sim, sei que pode estar um sol muito forte, mas eu vim preparada. – Tirou o protetor solar da bolsa.
— Claro. – Ele riu. – Então, se não se incomodar, eu vou com você.
— É instrutor?
— Não, mas meu amigo trabalha aqui, então digamos que uso como regalia.
— Meu Deus. – Ela riu. – Seu amigo deve sofrer.
— Um pouco, mas eu trago clientes para ele.
— Ah sim.
— Vamos? – Ele se levantou.
— Já?
— Robert já está saindo ele não chama as pessoas as pessoas que tem que ir até ele. – Nitidamente não gostava do Robert.

Estavam de frente para a montanha o pequeno grupo, e quando Robert viu novamente , a expressão de poucos amigos surgiu no rosto moreno do rapaz.
Ele explicou como era o processo para escalar, e como funcionava o mosquetão, tudo fuzilando pelo o olhar.
— Vocês não se gostam mesmo. – comentou, escalando ao lado do mais novo amigo.
— Tivemos uma rivalidade particular. – Assumiu. – Mas nada de mais, é bem pessoal.
— E depois de tudo ele não aceitou, não é? – Escalava com cuidado.
— Sim, ele ainda acha que a irmã dele ficou grávida de mim. – arregalou os olhos. – Mas não foi eu.
— Como posso ter certeza?
— Teste de DNA. – Disse em tom lógico. – Eu fiz quando a criança nasceu, mas não culpo ela de ter transado e ficado grávida.
— Isso é uma raridade.
— O que?
— Um homem não chamando a mulher de puta, só porque ficou grávida e não saber quem é o pai.
— É, meu pai ensinou tratar as mulheres como fosse minha mãe, nem é como irmã, porque mãe é um nível inigualável, espero que tenha compreendido.
— Sim, compreendi. Todos deviam ser assim. – Travou o mosquetão. – Quer água? – Bebeu.
— Aceito. – Entregou.
— E então, quem é o pai?
— Ela não sabe, mas ela se afastou dele e de toda família dela por terem julgado, então ela ficou sem saber. – Entregou a garrafinha e continuam a escalar. – Ou sabe e não quer dizer.
— Assim se torna tudo complicado. Falta muito?
— Sim. – Ele riu. – Está cansada?
— Não, é o calor mesmo, está muito quente o calor do Brasil é pior, mas não consigo comparar com uma montanha sendo escalada.
— Brasil? – Ele falou a palavra meio abrasileirado.
— Sim, eu sou de lá, estou aqui apenas a passeio.
— Isso explica tudo.
— O que?
— Você ser nova lá. – Se referiu onde eles se conheceram.
— Ah sim, amém que falta pouco.
— E quando você volta? – Estava interessado mais em saber sobre a volta dela do que terminar a escalada.
— Semana que vem, eu só vou ficar duas semanas aqui.
— Mas alguns metros e chegamos. E tem planos para esses dias?
— Não mais, eu já fiz tudo nessa semana, acho que só vou ver um dia que Zac tiver um dia de folga para podemos sair juntos e depois voltar para a casa dos meus pais.
— Eu não pretendo voltar para a casa dos meus nem tão cedo. — Terminavam a escalada.
— Por que?
— Estamos quase no fim, vem vamos mais rápido.
Com a mudança drástica do assunto eles continuaram a escalar a montanha sem trocarem uma palavra. Chegaram no topo e ficou admirando tudo lá de cima, depois de uma pequena sessão de fotos sentou ao lado de ; O olhar fixo no horizonte, a respiração profunda, ele estava pensando em muitas coisas e ela tinha quase certeza que foi pelo o assunto antes de terminarem a escalada.
— Oi. – Sentou ao lado dele e não obteve nenhuma resposta. – Está tudo bem?
— Você já teve vontade de sumir? Esquecer tudo até mesmo sua família?
— Não a esse ponto, sumir para espairecer tudo, me reconectar isso sim, mas com a família não.
— Nem quando estava com tanta raiva?
— Não. – Respirou fundo. – Não é bom guardar um sentimento assim, independentemente do que seja.
— Ele duvidaram de mim antes de vir para Queenstown, era só questão deles acreditarem, eu nunca usei uma droga sequer na minha vida e as drogas que foram colocadas no meu carro não eram minhas. Aí eu decidir vim para cá.
— Mas se foi comprovado que não eram suas então não vejo lógica... Bom eu não posso julgar, não tenho esse poder. Faz tempo? – Ele concordou com a cabeça. – Bom, sou péssima em conselho para essas situações. – Escolheu as palavras certas, além de sentir que o conhecia, não acha o certo com essa dúvida e sem amparo. – Mesmo com eles duvidando e demorando para aceitar, você precisa continuar sorrindo, existem decisões que são as melhores a tomar, as vezes precisamos dela para saber o que pode acontecer outras, para apenas viver o dia de hoje como se fosse último dia. Fazendo um adendo, essa última frase é a base da minha viagem, eu peguei um avião morrendo de medo, subi uma montanha, e queria nadar no lago ou um rio, mas acho que não teria coragem.
— Se é péssima em conselhos queria dizer que deu certo, então. – Ela sorriu. – Sobre o lago, acho que posso ajudar você com isso.
— Certeza? – Se virou para ele.
— Claro, acho que se você não for, não vai fazer sua frase ter sentido.
— É, você está certo, quando vamos nos encontrar?
— Depois de amanhã, eu estou terminando de resolver alguns documentos aqui em Queenstown.
— Certo, te espero em frente a Là Night, de manhã?
— Ok, pode ser, às oito horas?
— Marcado.
Eles sorriam iguais bobos, e ficaram admirando aquela bela vista no topo da montanha. Quando ouviram Robert chamar todos para descer a montanha, eles desceram conversando sobre o Brasil, escondia algo em suas perguntas, podia sentir, mas passou ignorar quando pensou que podia ser apenas curiosidade sobre o país.
De volta ao estabelecimento, tirou os equipamentos que foi dado a ela e higienizou suas mãos com o álcool em gel, devolveu para o atendente e foi de encontro com na frente do local.
— Então é isso, nos encontramos no Là Night, as oito em ponto.
— Eu te espero lá. – segurou minha mão acariciando-a. – Não se atrasa.
Devagar se aproximou de segurando ainda a mão dela, seus olhos passeavam por cada pedacinho do rosto delicado dela, sua mão livre acariciava o rosto dela com intuito de beijá-la. Estava tão perto que podia sentir a respiração dela batendo contra seus lábios; Tão perto e fechando seus olhos, virou o rosto deixando sem reação depois do quase beijo.
— Eu tenho que ir, até mais.
se soltou e saiu andando com sua mochila, não olhou para trás e não queria pensar naquele quase beijo. Não estava preparada para beijar um desconhecido com sensação que já tinha visto em algum lugar, assim em menos de vinte e quatro horas.

O dia passou e a certeza que iria encontrar com só aumentava suas incertezas com relação a ele, não sabia o motivo porque concordou que ele a levasse para um rio.
Bom, chacoalhou seus pensamentos e focou apenas no lago ou mar, era tantas possibilidades que ela não sabia onde ele a levaria. Colocou seu biquíni por debaixo do vestido liso.
Passou protetor solar e guardou em sua bolsa, a água também estava junto de si. Toalha e óculos de sol também entraram na bolsa.
Entregou o cartão para a recepcionista e foi até o Là Night; chegou quinze minutos antes das oito, e com um belo sol viu como o lugar era calmo, bonito e cheio de flores nas frentes das casas, parecia um livro de tão lindo que era.
Não demorou muito e logo apareceu com café pra ele e para ela, chegou exatamente às oito horas em ponto.
— Pontual você. – Ela sorriu ao vê-lo. – Bom dia.
— Sempre, ainda mais com uma mulher bonita me esperando na rua. Bom dia. – Tirou um sorriso tímido dela. – Para você.
— Obrigada, bom então vamos. – Andavam. – Eu tinha que trazer alguma coisa?
— Não, a não ser que você queria entrar na água, ou fazer algumas fotos.
— Fotos só para família. – Pararam ao lado de um carro. – Agora entrar na água, quem sabe.
— Bom, eu vou. – Abriu a porta para ela. – Só não sei se você vai comigo. – Já estava dentro do carro.
— Convite tentador.
— Eu concordo. – A olhava colocar uma mecha atrás da orelha.
— O que foi?
— Nada. – Engoliu a seco. – Pode abrir a janela caso queira.
— Ok obrigada.
— Eu vou levar você até o Wakatipu, mesmo sendo um dos mais famosos pelos os turistas, é um dos mais lindos. Eu conheço uma parte dele que não fica com muitos turistas, espero que goste.
— E tem como não gostar das surpresas de Nova Zelândia?
— Realmente não tem. – Admirou brevemente , que olhava o horizonte.

O percurso foi rápido, ele deixou o carro no estacionamento e caminhou com ela ao seu lado, sem nenhuma conversa só escutando os pássaros cantando e o som da água contra a margem.
Já no lugar que ele falou, realmente não havia ninguém, principalmente por ser um lugar onde as fotos não saiam como “Perfeita para postar”. Entretanto, ver aquela água e o sol refletindo sob a mesma foi um dos momentos mais lindos que presenciou. Ao seu lado, tirava a roupa e colocava tudo em cima uma da outra, correu e pulou na água.
— Não vai entrar? – Saia da água.
— Acho que não.
— Está muito boa, não está gelada, devia aproveitar. – Se aproximou dela.
— Não, obrigada.
— Vem. – Estendeu a mão. – Por favor.
— Certo. – Tirou o vestido e jogando em cima da bolsa. Segurou a mão dele com um sorriso tímido nos lábios.
a olhou de cima a baixo, ela era perfeita, até mesmo a pequena tatuagem das máscaras gregas na costela dela, os fios loiros soltos se enroscando no vento. Seu coração estava disparado era como se um amor guardado tivesse tomado força subitamente sem ele mesmo perceber. Já caminhando ao lado dele, escutou seu celular tocar e sabia que não podia recusar ou ignorar qualquer ligação.
— Eu já volto, pode entrar na água.
ficou a olhando de longe apenas observando-a, a felicidade da moça no telefone era indescritível, o sorriso de orelha a orelha, a mão trêmula; Desligou o celular e colocou na bolsa, a felicidade era tanta que não cabia em seu coração, se jogou na água indo em direção dos braços dele.
— Eu passei! – Falou com toda felicidade.
— Passou onde?
— No teste, do teatro, agora preciso só fazer um etude e entregar para eles.
— Etude?
— Sim, é um estudo com base na cena, pode ser em falas sons, objetos e afins. Você não sabe o quão feliz eu estou. – Sentiu a pequena onda bater nela.
— Percebo sim.
— Isso explica a tatuagem.
— Meu grande amor, o teatro, as falas, figurinos, tudo!
— Espero um dia ver você se apresentar.
— Também. – Ainda estava nos braços dele. – Mas tenho que voltar antes do dia, vou ver com a agência de viagem.
— É uma pena.
— Por que? – Estranhou, afinal ele estava feliz por ela alguns minutos atrás.
— Não vou poder conhecer você por mais tempo. – A puxou mais perto, segurando o rosto dela. – Eu queria te conhecer mais, ver seu sorriso e ouvir sua voz, mas agora não vai ser tão fácil assim.
. – Respirou fundo. – Eu também, mas quem sabe o que pode acontecer? Quem sabe mais para frente a gente então se encontra, não precisamos ter nada, as coisas vão acontecer devidamente.
— É, como você disse: viver hoje como se fosse meu último dia.
— Sim e inclui isso.
o puxou pela nuca e o beijou intensamente, não queria que fosse o último beijo deles, queria encontrá-lo já que a primeira sensação quente ao olharam foi que o conhecia.
O beijo molhado com as pequenas gotículas do lago deixava o beijo mais intenso e caloroso. se afastou dos lábios dela com dificuldade já que a desejava desde a noite que a viu pela primeira vez no Là Night.
. – Soou tão brasileiro. – Eu prometo que te encontro mais uma vez.
— Espero que seja no melhor teatro do mundo. – O fez rir.
— Vai, e terei que brigar com os seguranças para deixar eu entrar. – Selou brevemente seus lábios.
— Você vai ter passe vip.
Ficaram por mais horas lá, depois de uma guerra de água os dois saíram, se secaram e foram para um restaurante. fez questão de pagar tudo, era um presente dele para ela por ter conseguido a segunda etapa.
Na mesma noite, conseguiu mudar o dia do seu voo, contou aos seus pais e irmã o motivo de voltar mais cedo, e os documentos que estava com Laura iria ser levados pela mais nova. fez de tudo para os últimos dias dela em Queenstown fossem os melhores e inesquecíveis.

Dia do embarque. a levou para o aeroporto, depois do check-in, ela sentou ao lado dele nos banquinhos cinzas e apoiou sua cabeça no ombro dele, recebendo um afago nos fios loiros.
Até o segundo que seu voo foi anunciado pela voz masculina.
— É minha hora.
— Eu queria ir com você. – segurava o rosto dela. – , eu sinto que...
— Me conhece há um tempo? – Viu ele concordar. – Eu também, como se eu já o conhecesse há tantos anos, só minha memória que não se recorda.
— Será que é isso a famosa alma gêmea?
— Não sei. – Ria. – Só vamos saber se nós encontrarmos novamente.
— Vamos sim, agora vai, seu voo daqui a pouco sai, me avise ao chegar.
— Mandarei mil mensagens.
a beijou, com gosto de saudades, desejo e vontade de conseguir fazê-la ficar, as lágrimas de umedeceu os lábios dele.
— Eu sou uma manteiga derretida mesmo. – Parou o beijo.
— Com o tempo eu me acostumo. – Sorriram. – Até mais, eu prometo.
— Até.

Metade do voo e seu medo já havia passado. As lembranças de Nova Zelândia ficava rodando seus devaneios, queria voltar e passar mais tempo com ele e em Nova Zelândia, conhecer todos os pontinhos daquele país maravilhoso. O café da noite chegou com o silêncio no avião, não via a hora de poder colocar os pés no chão e dar Graças a Deus que o avião não caiu.
— Que horas ela chega mesmo?
— Daqui a pouco. – A mãe respondeu. – Não vai demorar.
— Espero, nossa que demora.
— Tenha calma, Laura. – Ouviu seu pai pedir.
Ela tinha calma, só não conseguia mais conter a saudades da irmã. Algumas horas e Laura viu a mais velha sair pelo o portão de desembarque, foi até ela abraçá-la juntamente de seus pais, se abraçaram, beijaram e conversaram tudo isso no meio tempo que foram pegar as malas da garota.
contou tudo para eles durante o caminho, bom quase tudo, não falou sobre muito menos que as fotos tiradas em Wakatipu foi pelo o homem que a levou ao céu.

— Hey, quer ajudar para arrumar tudo?
— Não precisa, Laura, está tudo certo já.
— Certeza? – Fechou a porta.
— Sim.
— Eu sei que você esconde uma coisa, você não contou tudo. – Se jogou na cama da irmã.
— Pior que não vai ter como esconder de você, enquanto eu estava naquele lugar que eu ia toda noite, eu conheci um homem, ele era bem legal. Escalou comigo, me levou ao Wakatipu, almoçamos conversamos fizemos quase tudo antes que você pergunte. – A mais nova riu. – Aí eu vim para o Brasil e deixei ele lá.
— Gente, um amor de viagem.
— Para com suas alucinações e só não conte os pais.
— Pode deixar, eu vou pro quarto só vim tirar essa informação mesmo, quando é seu teste?
— Daqui dois dias, amore.
— Certo, vou contigo de lá vamos comer fora.
— Ok! Boa noite, Laura.
— Boa noite.
Os dois dias que ela se programou para a segunda etapa parecia uma eternidade; Arrumou-se olhou para o espelho e pegou sua bolsa, passou no quarto da sua irmã e a chamou.
As duas foram conversando e cantando, Laura a esperou no carro novamente pouco tempo dessa vez. A menina voltava pulando de felicidade com o contrato assinado e com um belo elogio do seu etude, de um simples objeto, foi única aquela sensação.
Almoçaram no shopping e fizeram algumas compras, só voltaram de noite. Seus pais já tinham jantado, mas mesmo assim gostaram do pequeno mimo que as meninas levaram para eles e para elas.
— Vamos a uma festa semana que vem.
— Que festa? – Eles comiam seus lanches.
— De aniversários do filho do Marcelo.
— Ah, não sabia que ele ia fazer festa.
estranhou já que normalmente o um homem a essa idade não gosta de festas, ainda mais com a família toda e os amigos do pai.
— Ele quis fazer uma festa surpresa para o menino. – Sua mãe explicava. – Conversei com a Rosalinda e ela disse que ele não ia se sentir meio imaturo, se é que vocês entendem.
— Sim, sim. – Laura concordou. – Mas disse que tipo de festa é? Casual ou formal?
— Casual, mas vamos bem vestidos. – O patriarca falou. – Se precisarem de roupa vocês doam a que não servem mais e comprem novas.
— Certo, pai, eu vou ser com a Lala para levar as roupas que não servem.
— Isso, e obrigado pelo lanche. – Todos riram.
As meninas subiram, tomaram seus banhos deitaram. estava tão cansada que não desejava ir à festa.

A semana parecia um flash ao passar, e Lala compraram suas roupas depois de doar as que já tinham.
Aquele ânimo de sempre, não gostava de fazer parte de festas de alguém do trabalho do seu pai, mas não podia dizer não a ele, afinal, ainda morava na mesma casa que o homem.
Esperavam o filho chegar, Laura e estavam cansadas de apenas comer os quitutes e ter que esperar o aniversariante para comer o bolo que estava com uma cara ótima.
— Vou na cozinha pegar algo, quer também? – Quando Lala terminava sua frase, ela, , viu o filho deles – aniversariante – passar pela porta; O ar sumiu, suas mãos começaram a suar e o coração parecia que estava no meio de uma escola de samba de tão acelerado estava.
— O que foi? – Indagou a irmã preocupada.
— É ele.
— Ele quem?
— O cara de Queenstown, eu te contei sobre ele.
— Aquele gato? Menina que sorte, vai falar com ele.
— Não, agora não, eu vou fazer isso depois dos parabéns.
— Não seja lesada, por favor, não perca um pedaço de mal caminho como esse.
— Não vou perder, quer dizer. – A mais nova ria. – Vou conversar com ele.
Ela foi, mas depois dos parabéns, ainda não acreditava que ele era o que o homem tanto falou, mas o motivo, as fotos, não fazia sentido o que contaram na mesa no dia da reunião.
— Não achei que ia te encontrar. – foi sincero.
— Você está mais bonito, fez a barba. – Se lembrava que era mais volumosa.
— Eu quis ficar apresentável para minha festa surpresa. – Eles riram.
— A sensação de te conhecer é explicável, você é filho do melhor amigo do meu pai.
— Mas eu não lembro de você. – Ele foi sincero.
— Lembra daquela garotinha que seu pai deu uma tartaruga gigante de pelúcia?
— Meu Deus. – Viu a menina rir. – é você.
— Pois é. – Deu de ombro.
— Que mundo pequeno, você está mais linda... Só que eu preciso saber de uma coisa? Posso te conhecer melhor? – A envolveu em seus braços. – Senti tanta falta sua. – Sussurrou.
Who Knows.
Se beijaram, ali no corredor da cozinha para o grande salão do buffet.
— Na reunião que teve, seu pai falou , mas pelo o que ele disse você não é o .
— Não. – Riu pelo nariz. – É o meu irmão, ele tá agora na Austrália, o que eu fiz foi aceito há um bom tempo, afinal, eles têm que entender que tenho trinta e cinco anos. Posso voltar a te beijar agora?
— Claro.
, ops não sabia que estava ocupada, mas queria avisar que o pai e mãe estão indo e vamos ficar se quiser sair com o carro. – Jogou a chave.
— Obrigada, maninha.
— Por nada. – Deu uma piscadinha.
— Quer ir para um lugar mais tranquilo, onde só tenha eu e você? – Ela perguntou.
— Vamos, sei o lugar ideal.
segurava a mão dela a guiando para fora daquele mar de gente, foram até o apartamento de , onde passaram quase a noite toda juntos, afinal, estava tão cansada que não desejava ir à festa mesmo se fosse em tempos que desejava ir a festas.
ela ainda tinha que levar sua irmã para casa.




Fim!



Nota da autora: Oi! Queria agradecer por você ter lido a fic até aqui, e espero que tenha gostado dos nossos personagens e da fanfic.
Realmente espero que tenham gostado da fanfic ❤
“Comentem o que acharam, obrigada pelo seu gostei, e nos vemos no próximo capítulo” – Alanzoka.







Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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