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Capítulo Único

Teu olho despencou de mim
Não reconheço a tua voz
Não sei mais te chamar de amor
Não ouvirão falar de nós

A gente se esqueceu, amor
Certeza não existe não
E a pressa que você deixou
Não vem em minha direção


ANTES

A música estava muito alta, a ponto de atrapalhar a conversa. estava arrependida de ter concordado com sua amiga. Concordado é uma palavra forte, praticamente a obrigou a acompanhá-la para o social.
Vão ser poucas pessoas”, ela disse.
revirou os olhos ao olhar para cerca de 30 pessoas que lotava o apartamento pequeno do amigo colorido de e prometeu, sabendo que de nada adiantava, que não deixaria mais a amiga convencê-la a ir para esses locais.
Ela não gostava de festas.
E é normal alguém não gostar de festas.
Foi pensando assim, sozinha, que sentou em um canto na varanda, o único lugar que não estava lotado de pessoas, para tentar relaxar.
Ok, ela tinha que ser sincera.
Ela odiava festas.
Sentiu um cheiro familiar e o nariz coçar.
Já sabia o que viria a partir dali, vários espirros e o rosto super vermelho.
— Você está bem? - escutou uma voz rouca perguntar.
— Estou sim - e espirrou - é o cigarro - mais um espirro - sou alérgica.
O dono da voz rouca apagou o cigarro e o jogou, pegou algo que estava em cima da mesa e usou como abanador, para dispersar mais rápido o cheiro da fumaça.
— Peço desculpas - o rapaz falou - normalmente não vejo ninguém com alergia tão forte ao cheiro do cigarro, geralmente só gera uns pigarros, mas você ficou vermelha igual a um tomate. - ele diz, sentando de pernas cruzadas ao lado dela.
— É… - ela começou, agora os espirros já estavam mais controlados. - É bem forte mesmo, mas foi erro meu. Sempre presto atenção para não ficar perto de fumantes, acabei não vendo você aqui. - Ela concluiu, ainda com o rosto abaixado. O rapaz tinha uma voz muito bonita, não queria que ele visse seu rosto todo vermelho.
— Ainda bem que você não me viu, então. - ele disse e levantou os olhos, pela primeira vez, e o encarou. - Caso contrário, não nos conheceríamos. Sou , e você? - concluiu com uma pergunta.
o encarava. O homem, Samuel, era muito bonito. Aparentava salto e tinha olhos claros.
Ele era lindo.
— Meu nome é . - ela falou, de forma tímida.
. - ele repetiu. - Que nome lindo. Igual a você, amor.

AGORA

estava esgotado, havia tido um dia ruim no trabalho e a briga de ontem a noite com a ainda martelava em sua cabeça.
Nem lembrava o motivo.
Ou se tinha realmente tido um motivo.
Nos últimos dias, eles discutiam até mesmo se um respirasse mais alto.
Respirou fundo.
Não sabia para onde o relacionamento estava indo, mas tudo indicava que não para muito longe.
Ele nem sabia se queria que fosse mais longe.
E acreditava que a sentia o mesmo.
Suspirou novamente e colocou a chave na fechadura.
Por mais que trabalhar fosse cansativo, voltar para casa parecia o fim do mundo.
Sabia o que esperar: brigas ou simplesmente ficar cada um em seu canto sem olhar para cara do outro.
Tomou coragem e abriu a porta.
não estava na sala, caminhou para o quarto e a encontrou sentada na cama com a cara fechada.
— Boa noite. - ele disse.
— Eu não acredito que você fez isso, . - A disse ao jogar uma caixa na cama.
xingou mentalmente ao ver a caixinha de cigarros que escondia. - Você jurou que tinha parado. - Ela falou de forma dura
— Eu parei… - Ele disse.
— Ah, parou? E isso aqui é o quê? Uma lembrancinha. - Ela falou, levantando da cama e alterando a voz.
— Claro que não… Eu guardo por que as vezes eu preciso… Não é sempre. - Ele retrucou, também mais alto do que o normal.
— Ah, você precisa?
— Claro, porra! - Ele gritou. - Olha a nossa situação! Brigas o tempo inteiro, você quer que eu fique como? - esbravejou.
— Ah, então agora a culpa é minha? - Ela grita, quase chorando.
— Eu não falei isso, . - Ele diz, suspirando cansado.
— Para bom entendedor, meia palavra basta. - ela fala, passando a mão no rosto, para limpar as lágrimas que caiam. - Você sabe como me sinto em relação a fumar, mas não faz o mínimo esforço…
— Eu não faço esforço? - grita. - Eu não fumo perto de você, eu só preciso disso para aliviar a tensão.
— Não é só sobre fumar perto de mim. Já te falei o que eu vejo no hospital. O que isso faz com as pessoas. Mas você não me dá ouvidos. NUNCA! - gritou.
— Não deixar você controlar minha vida é não te dar ouvidos?
— Você está sendo ridículo. Eu não quero controlar a droga de sua vida. Caralho, ! Eu não te reconheço mais, você grita com tudo, não conversa comigo e agora voltou a fumar. - fala .
— Ah, então sou só eu que grito com tudo? Eu que não te reconheço! Você vive procurando motivo para brigarmos e o errado sou só eu? Fica bem mais fácil para você, né? Coloca toda culpa em mim e sai como a coitadinha. - ele diz. - Você sabe como tá as coisas no trabalho e não tenta me compreender, me ajudar…
— Eu não tenho culpa se você tem um trabalho merda e que odeia que te faz ter essa vida de merda e que odeia! - grita, mas se arrepende na mesma hora. Sabe que isso é um ponto sensível da vida do . -
— Não! - ele diz. Vai em direção a cama e pega o maço de cigarros. Depois se dirige a porta do quarto. - Talvez em breve você não precise conviver comigo e minha vida de merda, .

Parece que o tempo todo
A gente nem percebeu
Que aqui não dava pé não
Que tua amarra no meu peito não se deu
Te vi escapar das minhas mãos
Eu te busquei, mas
Não vi teu rosto não
Eu te busquei, mas
Não vi teu rosto
Não


ANTES

, você está eufórica. Se controla, mulher. Você vai entregar o jogo todo para o . - diz, rindo.
— Eu não ligo, amiga. Nós não temos isso de joguinho. Nos amamos e mostramos e fazemos questão de mostrar a todo instante. - diz, sonhadora. - Parece impossível isso, sabe? Encontrar alguém que esteja na mesma sintonia. Que não curta joguinhos e seja honesto sobre o que sente…
— Ai, assim eu fico até com inveja… Ao que parece, você pegou o último da espécie que presta. - fala, rindo.
Escutam a campainha do apartamento tocar, levanta, ainda rindo.
Abre a porta e se depara com o . “Ele é ainda mais lindo do que no primeiro dia”, ela pensa. E na cabeça dele, se passa a mesma coisa.

XxxxX


Eles andavam de mãos dadas pela rua iluminada, tinham acabado de jantar, agora caminhavam em direção a praça que tinha por ali.
Um local que adoravam ficar, já era marca registrada.
Adoravam sentar no banquinho e olhar as pessoas que passavam e inventar histórias para as vidas delas.
Adoravam olhar os pais com as crianças.
E, acima de tudo, adoravam qualquer lugar que pudessem ficar juntos.

— Aquela ali é arquiteta, casou com o namorado da faculdade assim que concluiram, mesmo que o seu maior desejo fosse primeiro conhecer o mundo. - fala, apontando para uma mulher a frente.
— Ai, , que cruel. - diz. - Pois eu acho que ela é extremamente feliz, independente e apaixonada. - termina.
— Apaixonada por quem? - ele indaga.
— Pela vida, ué! Tem que ser por alguém?
— Não. - ele diz e fica pensativo. - E você?
— Eu o quê? - retruca.
— É apaixonada por quem?
— Por ninguém. - ela diz, com um risinho na voz.
— E é? - ele fala. E começa a fazer cócegas nela.
— Por você. É por você. - Ela diz, em meio as risadas, se rendendo.
Ele segura o rosto dela e encosta os lábios.
Depois, ficam lá, sentados e de mãos dadas, olhando o céu e felizes por estarem juntos.
… - começa. - eu acho que devemos fazer.
— Ham? - ela diz.
— Devíamos morar juntos. - ele diz.
— Você acha? - ela pergunta, animada.
— Claro, estamos junto há quase 10 anos, é o ciclo natural das coisas. - fala.
— Seu bobo! - ela diz, aos risos. - Não estamos juntos nem há um ano! - faz uma pausa. - Mas você acha isso mesmo? Por que eu sinto isso. Sinto que temos que ficar junto e nunca senti essas coisas com tanta intensidade. - ela conclui.
— Eu sinto a mesma coisa. Com você todas as emoções são mais fortes, mais intensas. Eu não saberia seguir agora, sem você. - ele fala.
Lágrimas molham os olhos dos dois.
Uma intensidade de amor tão lindo que emociona. Não imaginavam que um dia pudessem sentir algo tão forte.
Se abraçam e se beijam novamente.
Um beijo apaixonado em plena rua.
A confirmação de um novo passo na linda história de amor que estavam vivendo.

AGORA

— Amiga, eu não aguento mais. Sério, eu não sei no que erramos. - fala, aos prantos.
, vocês não erraram, todo relacionamento tem brigas… - diz, tentando acalmar a amiga.
— Mas não são só as brigas, . Nós nem nos falamos e quando falamos é para discutir. - fala, em meio às lágrimas.- Não sei, acho que não damos mais certo… Talvez tudo tenha sido intenso demais.
— Não fala isso, ! - a amiga diz - vocês se amam e vão passar por isso. é são o casal perfeito, você sabe disso. Tudo vai se arrumar, é só uma fase. Vocês estão juntos há quase 4 anos, amiga. Seria estranho não terem um momento assim. Não pode resumir todo o relacionamento ao que estão passando nessas semanas. O amor de vocês é maior que isso, confia em mim. - conclui e abraça a amiga, que continua a chorar.
O que ela não sabia era que a situação não começou só há semanas, vinha se prolongando há meses, pensou.

XxxX


estava jogando videogame, tinha pedido uma pizza e deixou metade na caixa para , que ainda não tinha chegado da casa de , quando ouviu os barulhos das chaves e em seguida a porta abrir.
entrou e parecia triste.
Porém, nada novo sob o sol. Ambos sempre pareciam tristes nos últimos meses.
pausou o jogo e olhou para ela.
— Tem pizza na mesa. - ele disse, olhando para ela.
— Ah, sim. Obrigada. - responde, de forma mecânica. Pareciam dois estranhos. - vou me trocar primeiro. - ela continua.
Foi em direção ao quarto para trocar de roupa.
E tentar relaxar.
O clima entre os dois estava tão pesado que poderia ser cortado por uma faca.
Entrou no quarto e fechou a porta, fechou os olhos e respirou fundo.
Tudo ia ficar bem.
Olhou para a cama e viu a toalha molhada em cima da cama.
Bufou. As vezes o inimigo realmente tentava.
Pegou a toalha e foi ao banheiro, tomar um banho para relaxar.
15 minutos depois saiu, muito mais relaxada. Saiu do quarto e foi em direção a cozinha, para jantar.
continuava no sofá, mas não estava mais jogando videogame, mexia no celular.
— Oi - falou. - Vou jantar agora. - disse. assentiu. - Ainda tem refrigerante? - ela perguntou.
— Tem sim, na geladeira. - ele falou.
pega o refrigerante e vai em direção aos armários, pegar sua caneca.
É uma coisa engraçada sobre ela, só conseguia tomar qualquer coisa nessa caneca. Ganhou do no primeiro encontro oficial dos dois. Depois disso, virou um hábito. Não a encontrou no armário e nem no lava louças.
, você viu minha caneca? - ela perguntou. Mas não teve resposta. - ?
Ele se aproxima da cozinha e olha para ela.
— Ér… Eu quebrei. - ele diz, sem jeito.
— Você o que? - fala, quase berrando.
— Foi sem querer, - começa, mas o interrompe…
— Aham, claro… - ela diz virando de costas para ele e apoiando os braços no balcão, enquanto respira fundo.
— Ah, peraí. Você acha que eu quebrei de propósito? Quantos anos acha que eu tenho? Você deixou o negócio no canto do balcão e eu só…
— Ah, sim. Agora está tudo certo. A culpa é minha. - fala.
— Eu não falei isso. - fala, enquanto passa as mãos pelo cabelo. - Só estou falando que não fiz de propósito. Não precisa disso tudo só por uma xícara.
— Não é pela xícara, ! É por tudo! É por você não me respeitar, por estarmos nessa situação, é por estarmos vivendo nesse eterno copo cheio d’água, que qualquer gota o faz transbordar. - ela desabafa, em meio às lágrimas.
— E eu, ? Você já parou pra pensar se eu também não sinto tudo isso? Se não estou vivendo no limite? Se também não aguento mais brigar por qualquer coisa? Caramba, , estamos brigando porque quebrei uma xícara! Em que ponto chegamos? - ele fala, com lágrimas nos olhos.
De repente, começa a rir. olha para ela sem entender, mas enquanto o tempo passa mais ela gargalha. De repente começa a gargalhar também.
São risos no meio das lágrimas.
— Eu não acredito que estávamos brigando por uma xícara. - fala.
a puxa para um abraço. Se abraçam forte por minutos, enquanto as lágrimas dos dois escorrem.
— A gente precisa conversar, . - fala, com a voz sofrida.
— Eu sei. - concorda.

Ausência quer em sufocar
Saudade é privilégio teu
E eu canto pra aliviar
O pranto que ameaça

Difícil é ver que tu não há
Em canto algum eu posso ver
Nem telhado, nem sala de estar
Rodei tudo, não achei você


ANTES

— Eu amei! - fala, dando pulinhos de felicidade, ao redor da sala ainda vazia.
— Graças a Deus! - fala. - Esse já é o quarto apartamento que visitamos. - ele diz.
— Mas eu te falei, , quando fosse o local certo, íamos sentir. - ela fala. - Fala sério, você não sentiu nada de diferente aqui? - ela pergunta.
— Ér… não. - ele diz rindo e o encara, emburrada. - Tô brincando. Ele parece diferente mesmo. Como se fossemos construir uma vida aqui.
— Alerta de spoiler: Nós vamos! - fala, de forma divertida. - Inclusive já estou pensando em toda decoração. Quero tudo com a nossa cara!
— Vamos fazer tudo, sim. Vai ficar tudo lindo e perfeito. Igual você.
Os dois se abraçam e se beijam.
Naquele momento nada no conseguiria separar os dois.

AGORA

parou no lado de fora da porta, criando coragem para colocar a chave e girá-la.
Sabia o que encontraria ali. Girou a chave e abriu a porta, encarando a sala vazia.
Um misto de sensações o dominou.
Tristeza, por terminar tudo que viveram até ali.
Alívio, por sair daquela situação que estava matando o carinho que um tinha pelo outro.
A conversa que tiveram há uma semana foi a mais difícil que teve na vida. Lágrimas rolaram, desculpas saíram e a conclusão óbvia para toda aquela situação: o fim.
O fim de um amor lindo, que foi sentido e vivido de uma maneira incrível, mas que, como a situação mostrava, não era pra ser para sempre.
se orgulhava, ao menos, de ter demonstrado todo o amor que sentia, enquanto sentia.
Também se sentia feliz, por ter se sentido amado todo o tempo pela .
Ele pensava nisso enquanto rodava por todos os cômodos do apartamento, cada cantinho dali tinham vivido algo especial.
Algum momento único.
Ficava feliz de ter vivido aquilo com ela.
Com alguém tão autêntica, tão cheia de vida e brilho.
Ele riu.
Sentindo-se completo.
Foi a cozinha, pegou uma cerveja na geladeira, que tinha ficado no apartamento, e dirigiu-se para a sala.
Sentou no chão e sentiu-se leve.
O fim, infelizmente, parecia muito certo.

Parece que o tempo todo
A gente nem percebeu
Que aqui não dava pé não
Que tua amarra no meu peito não se deu
Te vi escapar das minhas mãos
Eu te busquei, mas
Não vi teu rosto não
Eu te busquei, mas
Não vi teu rosto
Não








Fim!





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