Finalizado em: 14/09/2018

Capítulo Único

Everybody knows I'm capable of breaking
Hearts like I've done


3 de setembro
Encarei a enorme faixa que estava pendurada na entrada do colégio, avisando a todos os alunos sobre o baile de boas-vindas, que ocorreria em um mês. Não era preciso entrar no colégio para saber que em todos murais, pilastras, paredes e até armários estariam colados os panfletos.
– Não sei qual é a necessidade de fazer um baile praticamente todo mês. – murmurei para Mandella enquanto arrancava o panfleto colado no meu armário. – É apenas uma comemoração idiota, onde as garotas disputam para ver quem é a mais bonita da noite.
– Para de ser tão reclamona, é o primeiro dia de aula do nosso último ano. – minha amiga sorriu. Eu revirei os olhos. – Ai, , vai me dizer que você não vai no primeiro baile do nosso último ano?
– Sim, eu não vou. – sorri irônica para Mand, fazendo com o que ela revirasse os olhos.
– E se alguém te convidasse? – perguntou, curiosa, enquanto eu apenas dava de ombros.
– Primeiro, eu diria não. – falei, começando a enumerar. – Segundo, eu não dou abertura para que alguém queira me convidar. – levantei o segundo dedo. – Terceiro, eu não iria nem se me pagassem.
– Juro que durante todos esses anos de ensino médio e amizade, não entendo o motivo pelo qual você age assim sempre que alguém fala a palavra baile. – Mand murmurou no mesmo instante em que entrávamos na sala.
– É uma comemoração fútil onde as garotas literalmente brigam para ver quem está mais bonita, mais elegante e quem possuiu o melhor par. – falei de modo calmo, o mesmo que adultos usam para explicar algo para as crianças. – Longe de mim gastar meu tempo pensando se a gravata do meu par combina com o meu vestido para que possamos ser os reis do baile.
– Não sei como ainda me surpreendo com a sua capacidade de acabar com a magia das coisas. – Mand resmungou, birrenta, enquanto virava para frente, cortando nosso contato visual, pois ela estava sentada na carteira da frente.
– É um dom, minha cara Mandella. – falei, rindo e fechando a cara assim que a sala começou a encher.
– E aí, , bom dia? Finalmente deu um sorriso. – Marcus sorriu e jogou-se na cadeira ao meu lado, fazendo-me revirar os olhos e virar o rosto minimamente para encará-lo.
– Não é pelo fato de que nós dois já trocamos saliva, que você tem liberdade para me chamar pelo meu apelido. – abri um sorriso irônico, vendo Marcus ficar sem reação.
– Mas eu pensei que...
– Marcus, foi só um beijo. – falei baixo, como se lhe contasse um segredo, e virei para frente, pronta para ignorá-lo pelo resto do ano.
– Não entendo a necessidade que você vê em ser tão seca e dura com as pessoas. – Mand virou para trás enquanto me encarava com uma expressão chateada. – O garoto não fez nada para você, e olha como você foi.
– Mand, é o meu jeito. – sorri sem mostrar os dentes, vendo Mandella arquear a sobrancelha. – Eu sou direta com as pessoas, apenas isso.
– Um dia alguém vai fazer isso com você. – Mand falou, e eu revirei os olhos. Mais uma vez ela falaria sobre o carma. – Vai chegar alguém que fará com você o que você faz com os outros.
– Eu sei, Mand, o carma é uma vadia. – cortei minha amiga, agradecendo ao ver o professor de geografia adentrar a sala. – Vire para frente, o Sr. Tomelin chegou.

10 de setembro
Terminei de pegar o material necessário para aquele dia e fechei a porta do armário, vendo parado ali, com um sorriso no rosto enquanto me encarava.
– Oi, eu sou . – ele falou com um sorriso no rosto.
– Eu sei quem é você. – murmurei e dei as costas para o garoto, pronta para sair dali, quando ele segurou meu pulso.
– Eu gostaria de saber se você não quer sair comigo qualquer dia desses. – falou assim que fiquei novamente de frente para ele.
– Não, não quero. – puxei meu pulso e saí andando, ouvindo uma risada do garoto. Idiota.
Caminhei apressada até o laboratório de ciências, agradecendo mentalmente ao ver Mand já sentada em nossa bancada. Tinha total certeza de que se fosse uma das aulas que tínhamos separadas, eu invadiria a sala dela.
– Você não acredita quem veio me convidar para sair hoje. – falei assim que joguei meu corpo na cadeira ao lado de Mand. – . – revelei antes que ela começasse a pensar.
– Ué, e qual o problema? – Mand perguntou, e eu arqueei minha sobrancelha, não acreditando que ela estava me perguntando aquilo. – Os jeitos de vocês são bem parecidos.
– Como é? – cruzei os braços abaixo do peito, tendo total certeza de que Mand estava louca.
– Vocês dois não ligam para nada e nem ninguém, fazem sempre o que querem, quebram o coração das pessoas. – Mand falou com um sorriso esperto enquanto enumerava nos dedos.
– Não acredito que você está me comparando com ele. – revirei os olhos, inconformada.

...


– Você não me disse se vai sair com ele ou não. – Mandella falou assim que entramos no estacionamento.
– Achei que essa resposta já era bem clara. – revirei os olhos. – É claro que não.
– E por que não? – Mand questionou, e eu a olhei rapidamente.
– Você só pode estar de brincadeira comigo. – murmurei.
– Não, eu só quero compreender toda a implicância que você tem com ele.
– Eu não tenho nenhuma implicância com ele. – falei, revirando os olhos, e Mand arqueou uma sobrancelha.
– Sério? – questionou, e eu apenas concordei com a cabeça. – Então não vai ter problema você saber que ele está escorado no seu carro. – Mand deu um sorriso de lado e afastou-se, enquanto balançava a mão, despedindo-se de mim.
Virei o olhar para frente, vendo encostado no meu carro. Respirei fundo, contando até três mentalmente e voltando a andar até meu carro. Parei de frente para a porta do motorista, consequentemente ficando de frente para .
– Dá para você sair do meu caminho? – perguntei com um sorriso irônico, vendo sorrir.
– Só se você sair comigo. – cruzou os braços na frente do corpo, fazendo seus músculos ficarem mais à mostra. Ridículo.
– Muito obrigada, vou para a casa a pé hoje. – ouvi a risada de e segurei a vontade de revirar os olhos. Já tinha feito bastante aquilo.
– Você está abalando minha autoestima assim. – fez um biquinho com os lábios e, daquela vez, eu não consegui conter o impulso de revirar os olhos. Aquilo era ridículo.
– Legal, eu não dou a mínima. – imitei a pose dele, ficando com os braços cruzados e demonstrando minha impaciência de estar tendo aquela conversa. – Agora você pode sair daí?
– Eu já falei, eu só saio daqui quando você aceitar sair comigo. – deu um sorriso de lado, e eu senti uma imensa vontade de socar a cara dele.
– Eu preciso falar não quantas vezes para que você finalmente se sinta rejeitado? – dei um sorriso com os lábios fechados, vendo negar com a cabeça.
– Se você acha que esse jeitinho ignorante que você usa com todos vai fazer com o que eu desista de você, você está totalmente enganada. – desencostou-se do carro, caminhando em minha direção. – Foi ele que me fez sentir-se tão atraído. – falou assim que passou ao meu lado, usando um tom rouco demais, bem próximo à minha orelha.
Maldita área sensível que se arrepiava facilmente. Droga.

11 de setembro
Estacionei o carro na vaga de sempre, sentindo-me completamente arrependida ao ver apoiado no carro ao lado do meu. Respirei fundo, apertando o volante, e peguei a mochila que estava no banco ao lado. Joguei-a em meu ombro e saí do carro, ficando praticamente de frente para .
– Bom dia, princesa. – ele abriu um sorriso assim que passei por ele, começando a caminhar atrás de mim.
– Nenhum dia é bom se eu estou vendo sua cara essa hora da manhã. – resmunguei, ouvindo rir. – Eu só posso ter jogado pedra na cruz para merecer isso. – revirei os olhos e pude ver que agora andava do meu lado.
– Não sei o motivo de tanta implicância comigo, eu só quero poder te conhecer melhor. – falou enquanto me seguia até o armário.
– Eu não quero conhecer ninguém, muito obrigada. – bati a porta do armário ao terminar, fazendo assustar-se.
– O que você vai perder ao sair comigo? – perguntou, me seguindo até a sala.
– Meu tempo. – exclamei em obviedade, ouvindo-o soltar um muxoxo ofendido.
– Se eu não estivesse tão interessado em você, já teria desistido.
– Querido, a intenção é que você desista. – sorri irônica, entrando na sala e sendo acompanhada por .
Maravilha, tudo o que eu precisava era estar na mesma sala que justamente quando Mandella não fazia parte daquela aula. Resolvi ignorar o garoto, sentando na minha cadeira de sempre e vendo sentar atrás de mim.
– Ficar me seguindo não vai fazer com o que eu aceite sair com você. – falei, o olhando por cima do ombro.
– Princesa, eu só quero prestar atenção na aula. – sorria enquanto falava, fazendo-me revirar os olhos e virar para frente.

...


– Pai, estou saindo. – falei alto ao descer as escadas e ir até a porta.
– Aonde você está indo? – pude ouvir a voz do meu pai assim que abri a porta.
– No show, eu te falei sobre isso há um mês. – revirei os olhos, por mais que soubesse que ele não estava me vendo.
– Ah, verdade. – sua voz soou em um tom mais baixo. – Use o seu carro e não beba. Não volte muito tarde...
– Tenha cuidado e não fale com estranhos. – completei a frase e ouvi meu pai resmungando. – Pai, eu já sei disso tudo. Boa noite. – falei e saí de casa, antes que ele começasse a falar novamente.
O local do show não era muito distante dali. Minutos depois, eu já estava na casa de shows. Perdi bons minutos procurando um lugar para estacionar, me arrependendo por não ter chegado antes. Desci do carro após achar uma vaga e tirei o celular do bolso, discando o número de Mand enquanto me aproximava da entrada.
– Você já entrou? – falei assim que o barulho indicou que Mand tinha atendido.
Oi para você também. – ela falou e, pelo silêncio do outro lado da ligação, eu sabia que Mand ainda estava no quarto.
– A senhora pode me dizer o motivo de você ainda estar em casa? – perguntei, tentando entender por que Mandella ainda não estava ali. Ela nunca se atrasava.
Eu estou mal, não vou poder ir. – ouvi a voz da minha melhor amiga e arqueei a sobrancelha. De manhã, ela estava ótima.
– Mas você estava bem de manhã. – rebati.
Eu sei, menina. Estranho, não é? – Mand falou e logo emendou. – Mas você não vai curtir o show sozinha.
– Claro que eu não vou, vão ter várias pessoas lá. – falei, risonha, ouvindo Mand resmungar.
Nossa, você é tão engraçada. – disse, e eu ri, fazendo-a resmungar novamente. – Eu dei meu convite para um amigo, ele é super fã da banda e não comprou seu ingresso porque não estava aqui.
– Legal, você é a boa samaritana. – interrompi Mand. – Tenho que ir, tchau.
Encerrei a ligação antes de Mand despedir-se e guardei o celular no bolso, pegando o ingresso e dando para o segurança na porta do local. Uma música animada ecoava pelo espaço pouco iluminado e parcialmente lotado. Dirigi-me para perto do palco e fiquei dançando as músicas aleatórias que tocavam. Um assistente entrou no palco avisando que logo a banda começaria a tocar, e eu aproveitei o momento para sair dali e ir até o bar. Sentei-me no banco vazio de frente para o balcão e não consegui conter o sorriso irônico ao ver sentado ali.
– Isso já está me cheirando a perseguição. – falei, virando meu banco e parando de frente para . Isso fez com o que ele me encarasse.
– Um cara não pode mais curtir o show da banda preferida dele? – apoiou o cotovelo no balcão e pousou a cabeça sobre a mão. Arqueei a sobrancelha, não acreditando no que ele tinha falado. – Não me olhe com essa expressão duvidosa, eu não posso ter um bom gosto musical?
– Desculpa se eu não espero nada bom vindo de você. – encarou-me com a expressão ofendida, me fazendo dar um sorriso de lado.
– Você poderia me dar uma chance para que eu mudasse esse seu pensamento. – ele deu de ombros como se não quisesse nada, e eu ri fraco, balançando a cabeça.
– Vai ter uma festa da escola, podíamos ir juntos. – dei de ombros. – É o máximo de encontro que você vai ter comigo. – virei-me para frente e acenei com a mão para o barman. – Uma água, por favor. – pedi para o homem assim que ele aproximou-se, pegando a água quando ele voltou e pagando-a. – Nos vemos dia 14, pode ir me buscar. – acenei com a cabeça na direção de e saí do bar, voltando para o lugar que eu estava antes.
– Sabe, poderíamos curtir o show juntos. – falou, e eu tombei a cabeça para o lado, vendo-o parado ali.
– Eu já te dei uma chance de usufruir da minha maravilhosa presença na sexta, não força a barra. – disse, virando minha atenção para o palco ao ver as luzes se apagando e a música chegando ao fim.
– Não estou forçando, é só que você está ainda mais linda hoje. – falou alto no exato momento em que a música parou de tocar, fazendo todos ao nosso redor nos encararem.
Balancei levemente a cabeça ao ver dando de ombros e sorrindo de lado, como se mostrasse que não se importava que as pessoas tivessem o escutado me elogiando.

12 de setembro
– E aí, como foi o show? – Mand perguntou assim que eu saí do carro, enganchando seu braço ao meu.
– Oi para você também. – repeti a mesma frase que ela tinha me dito na noite anterior, fazendo-a me dar língua.
– Oi, . Como foi o show? – Mand sorriu falsamente, fazendo-me revirar os olhos.
– Foi ótimo, a energia que a banda emanava era surreal. – comentei, boba. – Você parece muito bem para quem estava passando mal ao ponto de não conseguir sair de casa.
– Remédio milagroso, menina. – Mand sorriu.
– Aliás, eu acho que não encontrei o seu amigo no show. – falei ao lembrar do comentário de Mand durante a ligação.
– Na verdade, você encontrou sim. – Mand falou e soltou seu braço, afastando-se.
– Não, a única pessoa que eu encontrei ontem foi o... – parei de falar assim que tudo encaixou-se na minha cabeça e abri a boca, indignada, vendo minha amiga afastar-se. – MANDELLA, VOLTE AQUI, SUA TRAIDORA. – gritei, apressando o passo e segurando o braço dela, fazendo-a parar e virar de frente para mim, com um sorriso fechado nos lábios. – Como você ousa fingir estar doente e mandar aquele traste no seu lugar? Desde quando vocês são amigos?
– Acho que ele não é tão traste no final das contas, até porque você aceitou o convite dele. – Mand arqueou a sobrancelha e abriu um sorriso ao me ver sem reação.
– Você, argh, eu te odeio. – cruzei os braços igual uma criança mimada, e Mand riu, abraçando-me de lado.
– Você sabe que eu te amo, não é? – piscou os olhos repetidas vezes, fazendo-me abraçá-la também.
– Eu também te amo, por mais que você seja essa traidora. – falei, fazendo-a rir. – Não sabia que você e eram amigos.
– Querida, eu sou amiga de todo mundo. – Mand afastou-se, jogando o cabelo pelo ombro e fazendo pose.

14 de setembro
– Pai, eu vou sair hoje. – escorei-me na porta da sala, vendo meu pai sentado no sofá.
– Segunda vez que você sai, e ainda por cima na mesma semana. Acho que finalmente os deuses ouviram minhas preces. – ele falou, fazendo-me arquear a sobrancelha enquanto fingia estar ofendida.
– Não faça essas piadinhas, senão eu saio de casa e não volto mais. – forcei uma voz fina, fazendo-o prender o riso.
– Glória, isso é tudo o que eu mais quero. – papai disse em um tom aliviado, fazendo-me rir. – Brincadeiras à parte, sabe que eu te amo, não é?
– Claro que sei, é impossível não me amar. – fingi-me de soberba, causando risadas no meu pai.
– Metade da sua escola não concorda com isso. – ele acusou, fazendo-me dar de ombros.
– Vou para uma festa da escola hoje. – mudei de assunto.
– Você sabe, não aceite bebidas de estranhos e nada de beber se for dirigir. – falou, começando a citar tudo o que sempre falava quando eu saía.
– Eu sei, pai, mas eu não vou dirigir. Vou de carona. – disse, cortando seu monólogo.
– Mandella vai vir te buscar? Ela nunca mais veio aqui. – meu pai resmungou. Às vezes eu chegava a pensar que os dois gostavam mais da amizade entre os dois do que de mim.
– Não, vou com um amigo da escola. – falei e vi meu pai franzir o cenho, enquanto uma buzina chamava minha atenção. – Ele chegou, pai. Tchau. – mandei um beijo em sua direção e saí apressada da sala.
– Não sabia que estava tão desesperada para me ver. – falou após eu praticamente jogar-me dentro de seu carro.
– Não faça com o que eu me arrependa de ter aceitado isso. – resmunguei, ajeitando-me no banco.
– Certo, não está mais aqui quem falou. – levantou as mãos em sinal de rendição.
– Vamos logo, eu preciso de álcool para te aturar essa noite. – encostei a cabeça no estofado, começando a me arrepender de ter cedido aos pedidos de Mand sobre a festa. Maldita Mandella e seus olhos do gato de botas, que conseguem tudo o querem.
Eu não sabia se realmente tinha levado a sério o papo de não falar comigo enquanto eu não tivesse álcool no sangue ou se ele apenas não queria conversar, mas eu realmente não me importava com o silêncio de dentro do carro.
Não é como se nosso bairro fosse muito grande, então não demorou muito para que estacionasse o carro próximo à casa de Pablo. Descemos do carro e passamos por umas três casas até estarmos na frente da casa que queríamos. As grandes paredes de vidro, que iam praticamente até o chão, mostravam que a casa encontrava-se lotada, e, naquele momento, eu cheguei a duas conclusões. A primeira era que eu nunca acharia Mand ali, e a segunda era a de que eu realmente deveria estar em casa.
– Vou ali pegar uma coisa para você beber. – falou, e eu concordei com a cabeça, vendo-o dar as costas e sair dali. Fiz o mesmo que ele, porém indo para o caminho contrário.
– Olha quem finalmente resolveu dar o ar das graças em uma festa escolar. – Pablo puxou-me pelos ombros, passando seu braço por eles. – Percebeu que não é tão superior a nós? – riu, sendo acompanhado por seus amigos, e eu peguei o copo que ele segurava, virando-o de uma vez. Se eu quisesse aguentar aquele pessoal sem sentir vontade de socá-los, eu precisaria beber. – Vai com calma, princesa. – empurrei Pablo para longe ao ouvi-lo pronunciar o apelido irritante que me chamava. – Parece que realmente conseguiu. – murmurou para os amigos enquanto eu me afastava.
Senti minha cabeça rodar e ri debilmente. Que caralhos de bebida forte era aquela?! Bebi mais uns copos de pessoas aleatórias, escutando a voz do meu pai ecoar baixo em minha cabeça, falando para que eu não pegasse bebida de estranhos. Eu não estava desobedecendo seu conselho, não estava pegando bebida de estranhos. Eu conhecia todos de vista por causa da escola, quase todos, na verdade.
Uma música animada demais fez com o que eu começasse a dançar com um grupo desconhecidos de garotas. Santa bebida que me fazia ficar mais sociável e amigável. Quando eu achei que não podia ficar melhor, minha música favorita começou a tocar. Meu raciocínio lento devido a bebida funcionou de modo surpreendentemente rápido, dando-me uma brilhante ideia. Afastei-me do grupo de meninas, ouvindo-as protestarem e caminhei até a mesa de sinuca. Quem nunca sonhou em fazer uma performance musical em cima da mesa que me atirasse a primeira pedra.
Apoiei-me nos garotos próximos à mesa e subi nela, interrompendo a partida de sinuca. Fala sério, era uma festa, ninguém devia jogar sinuca em festas. Comecei a mexer meu corpo no ritmo da música, vendo tudo desfocado ao meu redor. Dancei o mais sensual que meu corpo me permitia, ousando até mesmo a ficar deitada na mesa enquanto acariciava meu corpo. Levantei novamente, pronta para finalizar a música em grande estilo, e tropecei em uma das bolas, sentindo meu corpo tombar para frente. Fechei os olhos, tentando preparar-me para o impacto do meu corpo no chão, porém a queda não veio. Abri os olhos, vendo me encarando com um semblante preocupado.
– Eu estou te procurando há tempos, não suma assim. – repreendeu-me como se eu fosse uma criança, causando-me uma crise de risos, que o deixou confuso.
– Aonde estamos indo? – perguntei ao ver que passávamos pela cozinha.
– Lá fora, você precisa de ar livre. – falou e botou-me no chão enquanto me apoiava com uma mão e abria a porta com outra.
– Mas eu quero curtir a festa. – resmunguei, fazendo-o rir.
– Você fica bem mais divertida estando bêbada. – riu ao ver minha cara de ofendida e me sentou no balanço, fechando minhas mãos na corda do balanço para que eu me segurasse. – Não solta. – falou e parou de apoiar-me, fazendo com o que eu começasse a cair para trás. Levantou-me rapidamente e só soltou-me segundos depois, quando meu corpo já estava firme o bastante para ficar ereto sozinho.
– Você está dizendo que eu sou chata sóbria. – virei meu rosto de modo que eu conseguisse ver .
– Não, eu estou dizendo que você é mais sociável e amigável bêbada. – rebateu, fazendo-me dar de ombros.
– Tanto faz. – murmurei, encarando os olhos de . – Seus olhos têm umas pintinhas cinzas pela íris. – falei baixo, ainda presa em toda a intensidade que seus olhos me passavam.
– Você está ainda mais linda do que no dia do show. – sorriu, aproximando seu rosto do meu e fazendo um carinho em minha bochecha com o polegar. Fechei os olhos para apreciar aquele carinho e senti meu estômago revirar, fazendo-me virar rapidamente o rosto para frente e vomitar tudo o que tinha ingerido.
– Ei, você está bem? – perguntou enquanto acariciava minhas costas com a mão livre, que não estava segurando meu cabelo.
– Sim, só acabei de vomitar meus órgãos. – resmunguei, sentindo o gosto azedo impregnar-se em minha boca.
– Já está bem, está até sendo irônica. – disse, fazendo-me rir.
– Não tente tirar minha paciência, eu posso muito bem vomitar em você. – ri e virei a cabeça para o lado, vendo parado ali em pé, encarando-me com uma expressão de nojo.
– Você sabe como chamar a atenção de um cara, né? – falou, irônico, e eu ri.
– Essa é a minha missão na vida. – dei um sorriso fechado, fazendo-o balançar a cabeça negativamente.
– Acho que eu deveria te levar para casa. – segurou meus pulsos, ajudando-me a levantar.
– Tudo o que eu quero é me jogar na cama e me enrolar naquele edredom quentinho. – fechei os olhos, imaginando já estar lá, e ouvi a risada de . – Saiba que é muito errado você rir de uma garota bêbada, okay?!
– Eu não estou rindo de você, estou rindo para você. – falou, e eu revirei os olhos.
, eu estou bêbada, não sou estúpida. – resmunguei, e riu novamente, fazendo-me olhá-lo de modo irritado.
– Certo, não está mais aqui quem riu. – levantou as mãos em sinal de rendição, e eu ri de sua bobeira, parando de prestar atenção e tropeçando, sentindo segurar-me pela cintura.
– Já é a segunda vez que eu te salvo de um tombo hoje. – falou enquanto andávamos, porém sem tirar o braço da minha cintura.
– Quer que eu te dê parabéns? – encarei-o, e resmungou.
– Ignorante.
– Obrigada, ‘tá? – ri fraco. – Você me salvou de ficar roxa, e eu sou grata por isso. – sorri, encarando-o e vendo-o sorrir também, notando todas as ruguinhas que formavam no canto de seus olhos.
– Perdeu alguma parte do corpo ao me agradecer? – questionou em tom de brincadeira.
– Sim. – falei, séria, fazendo-o encarar-me. – Tá desfazendo o gelo do meu coração. – fiz careta, e riu.
– Tá bom, princesa de Frozen. – riu e abriu a porta do carro para que eu entrasse, fechando-a quando eu já estava acomodada e dando a volta no veículo e fazendo o mesmo.
– Não pensei que poderia passar um momento agradável com você, mas aqui estamos nós. – falei após alguns minutos de silêncio, enquanto cruzava as pernas sobre o banco do carro.
– Obrigado pela parte que me toca. – resmungou brincalhão e olhou-me rapidamente, voltando a atenção para o trânsito logo em seguida.
– Sabe, esses momentos sem odiá-lo gratuitamente fizeram-me perceber que você até que é bonitinho. – apoiei o cotovelo na minha coxa e deitei minha cabeça na palma da mão, encarando .
– Obrigado? – sua voz saiu em tom duvidoso, fazendo-me rir. – Agradeço por ter uma autoestima muito boa, porque você só me pisa.
– Eu acabei de te elogiar, poxa. – defendi-me, ofendida.
– Chegamos. – falou, ignorando-me completamente e parando o carro na frente da minha casa, virando o rosto na minha direção.
Eu poderia culpar meus pensamentos confusos, o álcool correndo em meu sangue, o cheiro inebriante de , que parecia me abraçar, ou até mesmo seus olhos com as pintinhas cinza que me deixavam em transe. Eu poderia dizer que tudo aquilo foi o que fez com o que eu aproximasse meu rosto do de enquanto encarava fixamente seus lábios, porém a maior culpada daquilo era eu, por mais que os outros fatores ajudassem.
– Eu não acho uma boa ideia, . – falou ao afastar seu rosto e virar para frente, fixando seu olhar na rua vazia. – Ainda tem uma boa porcentagem de álcool correndo pelo seu sangue. Eu quero te beijar quando você estiver totalmente sóbria.
Levei bons minutos para aceitar que tinha recusado meu beijo e, quando eu finalmente aceitei, saí do carro igual um furacão, sem nem mesmo olhar ou agradecer.

17 de setembro
Vesti minha melhor expressão de ‘fodam-se tudo e todos’ e entrei na escola, ignorando os olhares e comentários sobre minha pequena perda de controle na festa. Fui até o armário e fiz a troca de material necessário, querendo bater em Mand por sempre sumir quando eu precisava dela. Fechei o armário e vi escorado no armário ao lado, me encarando.
– Você vive cansado? – questionei sobre o fato dele viver escorado nas coisas, mas a expressão confusa deixou claro que ele não tinha compreendido. – Esquece. – murmurei e dei as costas, seguindo o mesmo caminho de toda segunda-feira.
– Como você está? – perguntou enquanto me seguia.
– Bem. – falei, e ouvi bufar.
– Também estou bem, se você quer saber. – disse, e eu revirei os olhos.
– Não quero, não me interessa. – falei de modo grosso, fazendo com o que bufasse outra vez.
– Sabe, acho que já passamos dessa fase, . – parou na minha frente, fazendo-me parar também.
– E em qual fase nós estamos? – cruzei os braços enquanto o encarava.
– Na que nós dois agimos como dois adolescentes normais e fazemos o que queremos. – explicou com um sorriso irônico, e eu revirei os olhos.
– E o que nós queremos? – perguntei e retribuí seu sorriso irônico.
– Nos beijarmos. – falou, e eu ri de modo irônico, vendo fechar a cara.
– Acho que você está louco, querido. – sorri ao ver sua expressão fechada.
– Acho que quem está louco é você, que ficou atordoada sexta quando eu recusei te beijar. – sorriu irônico ao ver minha expressão indignada.
– Como você ousa...
– Pode deixar que eu vou compensar. – interrompeu-me e aproximou-se, segurando meu rosto com suas mãos e colando nossos lábios. Nos primeiros segundos, não passou de um simples encontro de lábios, mas não demorou muito para que o beijo se aprofundasse. – Bem melhor do que bêbada, hm? – falou assim que partimos o beijo.
– Não sei, você não me beijou enquanto eu estava bêbada. – sorri irônica e afastei-me, notando o olhar curioso de algumas pessoas ao redor. – Nem ouse fazer isso novamente por aqui.
– Eu sei que você adorou. – comentou, soberbo, e eu balancei a cabeça negativamente. Onde eu tinha me enfiado?

...


Foi preciso que metade do dia se passasse para que eu contasse para Mandella que tinha beijado e, quando eu finalmente tomei coragem para contar, me arrependi amargamente.
– Eu não acredito. – Mand falou novamente, fazendo-me rolar os olhos.
– Eu sei, já é a milionésima vez que você repete isso. – sorri irônica para Mand.
– Desculpa se minha mente acha muito chocante você ter ficado com o garoto que você odiava até uma semana atrás. – resmungou, e eu senti vontade de revirar os olhos novamente. Maldita hora que decidi contar.
– Eu já te falei que não o odiava. – resmunguei. – E para de agir como se isso lhe chocasse tanto, você já queria que isso acontecesse.
– Eu queria, mas não esperava. – Mand falou, e eu a encarei com o semblante demonstrando toda minha confusão. – Você é imprevisível, , ninguém nunca sabe o que esperar de você. Você é um mistério, ninguém consegue te desvendar.
– Eu sou uma personagem da Agatha Christie. – pisquei o olho para Mand. – Vou nessa, tchau. – acenei com a mão enquanto caminhava na direção do meu carro, vendo escorado ali.
– Que tal um passeio? – perguntou com um sorriso no rosto assim que eu parei à sua frente.
– Pensei que tinha lhe dito que aquela festa seria nosso primeiro e último passeio. – cruzei os braços na frente do corpo e dei um sorriso de lado.
– Pensei que tinha lhe feito mudar de ideia. – imitou meus gestos, e eu ri, dando de ombros.
– Nós podemos sair, se depois disso você me levar para comer. – sorri de modo infantil ao ver concordar com a cabeça.
– Vamos até a sua casa e você deixa seu carro lá, aí eu te levo no meu. – falou, e eu apenas concordei com a cabeça, sentindo seus lábios selarem os meus rapidamente.

25 de setembro
– Eu não acredito que você quer eu vá nessa merda de baile. – falei ao ver as duas entradas para o baile no porta-luvas do carro de .
– Não fale assim, eu participo do comitê de arrumação do baile. – resmungou, fazendo-me rir.
– Certo, desculpe-me, querido. – sorri falsamente, e balançou a cabeça levemente de modo negativo.
– Você nunca foi a um baile, . Vá pelo menos no primeiro baile do seu último ano. – insistiu novamente.
– Você está falando igual a Mand. – revirei os olhos ao lembrar do primeiro dia de aula.
– É porque nós dois estamos certos, . – respondeu. – Não custa nada você ir.
– Meu tempo, talvez. – resmunguei, e riu.
– Você falou o mesmo sobre me conhecer e olha onde estamos agora. – parou o carro no sinal vermelho e selou rapidamente nossos lábios. – Não custa nada você ir comigo. Se você pisar lá e não gostar, eu te trago para casa no mesmo minuto.
– Você promete? – suspirei, rendendo-me.
– Sim. – olhou rapidamente em minha direção com um sorriso sincero. – Você precisa pelo menos ver com os seus próprios olhos o que acha sobre ele.
– ‘Tá, eu vou. – revirei os olhos, e apertou minha coxa, fazendo-me sorrir. Peguei um dos convites e joguei na minha mochila.
parou o carro na entrada da minha garagem e saímos do carro, seguindo para dentro de casa e encontrando-a em total silêncio. Era sempre difícil saber quando meu pai estava em casa. Seu período nos bombeiros era totalmente flexível, porém ele não recusava nenhum chamado.
– Pai, está em casa? – gritei no hall de entrada, não obtendo respostas. – Estamos sozinhos. Sabe o que isso significa? – encarei com um sorriso enorme nos lábios.
– Sei. Significa que eu vou ter que fazer sua comida. – revirou os olhos teatralmente, e eu ri. – Se minha mãe me mandar qualquer mensagem, me avisa. – entregou-me o celular e selou nossos lábios, indo para a cozinha em seguida.
– Filme ou série? – falei em um tom de voz mais alto para que pudesse me escutar.
– Série. – falou no mesmo tom de voz que eu, fazendo-me rolar pelo catálogo do Netflix.
– Vamos começar a ver Van Helsing. – abri o sofá, transformando-o em um sofá cama e acomodei-me, vendo o celular de apitar repetidas vezes.
– Mas você já não viu essa série? – questionou enquanto eu pegava seu celular e rolava a aba para baixo, vendo as mensagens de Pablo.

Pablo: Levou bem a sério a aposta, hein.
Pablo: Fiquei sabendo que ela caiu na sua direitinho.
Pablo: Se você realmente conseguir levá-la para o baile, você ainda ganha mais.
Pablo: Aproveita sua chance e a fode o máximo que conseguir.
Pablo: Porque se ela ousar desconfiar disso, você está morto.


Pisquei atônita ao terminar de ler aquelas mensagens. Não queria ter pensamentos precipitados e exagerar, mas a voz de Pablo parecia ecoar por minha mente sussurrando “parece que realmente conseguiu”. Qualquer pessoa conseguiria ligar aqueles pontos, mas mesmo com eles ligados e todas as verdades bem ali, jogadas na minha cara, eu não conseguia acreditar.
, o que foi? – perguntou, fazendo-me encará-lo apoiado no arco que juntava a cozinha e a sala. – ?
– Então quer dizer que eu sou uma aposta? – murmurei baixo, porém, ao ver os olhos arregalados de , eu sabia que ele tinha me escutado.
– Como você...
– Todo esse tempo eu era só a porra de uma aposta? – meu tom de voz aumentou, e negou fervorosamente com a cabeça. – Era tudo o caralho de uma brincadeira de mau gosto? – questionei, tentando controlar meu tom de voz. – Você estava fingindo a merda desse tempo todo?
– Não, , não é isso. – passou as mãos de modo nervoso pelo cabelo enquanto começava a se aproximar.
– Não ouse dar mais um passo na minha direção, muito menos fale o meu apelido. – exclamei, nervosa, e parou onde estava. – Eu não quero mais te ver. Saia da minha frente.
– Mas, ...
– AGORA. – gritei, perdendo o pouco controle que eu tinha e tacando seu celular na sua direção.
Levantei-me rápido do sofá, subindo as escadas correndo e trancando-me no meu quarto. Sentia as lágrimas embaçarem minha visão e rolarem pelo meu rosto, formando uma trilha por ali. Joguei-me de qualquer jeito na cama e deixei que as lágrimas molhassem meu rosto.
Eu nunca tinha deixado que ninguém se aproximasse e, justamente quando eu deixava, eu me machucava. Agora eu entendia como os garotos se sentiam quando eu os tratava assim. Mand estava certa, o carma é uma vadia.

And I'm no cry baby
But you make me cry lately


30 de setembro

Cinco dias desde que eu descobrira que passara praticamente um mês me enganando, cinco dias que eu tinha descoberto o que era um coração partido e como ele doía, cinco dias desde que eu havia descoberto ser apenas uma aposta.
– Eu nunca esperei te ver assim. – Mand falou enquanto acariciava meus cabelos, que estavam jogados sobre o seu colo.
– Você sempre me jogou praga de que isso aconteceria. – funguei, tentando conter as lágrimas.
– Não era praga. – resmungou, ofendida, fazendo-me rir fraco. – Sabe, eu acho que você deveria ir nesse baile. – Mand falou do nada, e eu encarei-a com a sobrancelha arqueada. Ela só podia estar louca.
– Você não está falando sério, né? – questionei enquanto fechava os olhos com o carinho que ela fazia em meus cabelos.
– É claro que eu estou falando sério. – bufou. – Eles apostaram que conseguiria sair com você e que se ele te levasse ao baile, o valor da aposta aumentaria.
– E? – perguntei, tentando entender o que aquilo tinha a ver.
– Eu acho super justo você chegar lindíssima pisando neles para mostrar que você não se importa com eles e que se você decide ir a um lugar ou não, a decisão é somente sua. – Mand parou de mexer em meu cabelo, passando a fazer carinho em minhas bochechas ainda úmidas, fazendo-me abrir um sorriso sincero e sentar na cama.
– Acho que precisamos achar um vestido maravilhoso, então. – sorri para Mand, vendo-a abrir um sorriso ainda maior.

...


– Eu não acredito que você finalmente vai a um baile escolar. – meu pai falou, sorrindo assim que me viu descer as escadas. – Alguém chame os médicos, acho que minha filha não está bem. – brincou, fazendo-me rir. – Ainda por cima está de maquiagem. Mandella, você fez uma lavagem cerebral na minha filha? – questionou, risonho, fazendo-nos rir novamente. – Você está linda, filha. – sorriu sincero e beijou minha testa. – Pose para a foto, isso vai ficar guardado para sempre.
– Você é um pé no saco. – falei enquanto sorria e fazia as poses.
– O grupo da família vai adorar essas fotos. – falou enquanto mexia no celular. – de maquiagem, salto, vestido longo e indo para um baile escolar. Que dia, meus amigos. – meu pai riu enquanto eu revirava os olhos. – Agora sim é você. – mostrou-me a tela do celular, na qual uma foto minha revirando os olhos estava. – Vai virar meu papel de parede.
– Okay, pai, tchau. – segurei a mão de Mand e saí o mais rápido que aqueles saltos me permitiam.
– Eu adoro o seu pai, ele é uma figura. – Mand riu, e eu concordei com a cabeça.
– Nós vamos no seu carro? – Mand apenas negou com a cabeça, fazendo-me encará-la confusa.
– Nossa carona já está chegando. – ela mal terminou de falar e uma limusine parou à nossa frente.
– Você só pode estar brincando comigo, que coisa brega. – resmunguei enquanto seguia Mand até o veículo. – Não acredito que você gastou seu dinheiro com isso.
– Eu não gastei meu dinheiro.
– Não acredito que você gastou o dinheiro dos seus pais com isso. – reformulei, fazendo Mand rir.
– Não foi o dinheiro deles. – Mand falou enquanto servia o champanhe para nós duas.
– Não acredito que você se prostituiu só para alugar essa limusine. – Mand riu enquanto balançava a cabeça negativamente.
, faça-me o favor de calar a boca e beber. – levantou a taça em minha direção, bebendo o conteúdo praticamente de uma vez.
Eu já tinha virado algumas taças quando o motorista finalmente avisou que estávamos no ginásio onde ocorreria o baile. Saí do carro com um sorriso no rosto, sentindo meu corpo completamente leve e não me importando com o motivo que estava me fazendo chorar por cinco dias.
– Só se controla para não subir novamente em uma mesa. – Mand falou assim que saiu do carro, fazendo-me rir. – Acho que não foi uma boa ideia deixar que você bebesse.
– Eu estou ótima. – resmunguei e enganchei meu braço de Mand. – Vamos entrar antes que eu mude de ideia.
Assim que entramos na quadra, eu pude confirmar minhas opiniões sobre o baile. Era igual ao de todos aqueles filmes clichês adolescente que eu via na minha TPM. Ri ao constatar que a decoração do baile era igual a de um dos seus organizadores, uma bosta, e Mand cutucou-me com o cotovelo.
– Se controla, mulher. – falou baixo próximo ao meu ouvido.
– Estou me controlando. – resmunguei. – Se eu tivesse descontrolada, já estaria rodando esse salão atrás do e do Pablo para socar a cara deles.
– É por isso que eu te amo. – Mand deitou a cabeça no meu ombro, fazendo-me rir.
– Eu sei que vocês estão esperando a banda começar a tocar, mas preciso fazer algo antes. – a voz de ecoou por toda a quadra, e eu olhei imediatamente para o palco, vendo-o perfeito em um smoking preto. Filho da puta. – Eu estou aqui hoje porque eu sou um otário. Eu participei de uma brincadeira super sem graça e acabei magoando a pessoa que se tornou a mais importante para mim nesse mês.
– Eu não quero ficar aqui. – falei, porém o olhar fixo de ao meu impedia-me de dar as costas e sair dali.
– Eu me aproximei de você por causa da aposta, mas continuei por causa de você. A aposta que fizeram não era nada comparado a aposta que eu mesmo me fiz. – ele deu um longa pausa enquanto abria um sorriso de lado. – Eu queria te conhecer completamente, desvendar cada mistério seu. Mas cada vez que eu descobria algo, mais coisas surpreendentes e desconhecidas apareciam. – desceu do palco, caminhando em minha direção e fazendo meu corpo transpirar de modo desesperador, enquanto todos os olhos viraram em nossa direção. – O que eu nunca senti por ninguém você conseguiu fazer com o que eu sentisse em menos de um mês. Eu não continuei com você por causa da aposta, continuei com você porque você é fascinante, e eu não consigo ignorar seu corpo chamando o meu. – parou na minha frente, abaixando o microfone. – Eu não estou falando isso para que você me perdoe, por mais que essa seja minha vontade. Eu estou falando isso para que você não pense que o que tivemos foi uma mentira.
– Você foi um idiota. – falei com a voz fraca, segurando a vontade de chorar. – E eu te odeio. – disse ainda mais baixo. – Mas eu odeio ainda mais não conseguir te odiar. – joguei-me contra o corpo de , enlaçando meus braços em seu pescoço e beijando seus lábios de modo ofegante, tentando demonstrar todos os sentimentos presos em mim.
– Isso significa que você me perdoou? – questionou assim partimos o beijo, porém continuando com as testas coladas.
– Isso significa que você é um idiota, e que eu sou mais idiota ainda. – ri fraco, selando nossos lábios novamente.

I, I, I, you and I
Get along like thunder and the rain



Fim



Nota da autora: Um típico clichê nunca perde a graça haha Espero que vocês tenham gostado de ler pessoal, se vocês gostaram, deixem um comentário aqui em baixo e deixem o dia dessa autora mais feliz. A história foi baseada no melhor filme de todos, 10 coisas que eu odeio em você, se você nunca viu esse filme, veja, você não irá se arrepende. E sobre a série que a pp fala, assistam, Van Helsing é maravilhoso #dicadodia.



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MV: Give Me Love
MV: Criminal
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E alguns ficstapes espalhados pelo site, haha

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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