Finalizado em: 10/10/2019

Capítulo Único

- , por favor. - a mulher pediu, massageando as têmporas. - Eu te pago o dobro, hum?
A loira riu baixo, deixando a pequena papelada que trazia consigo na mesa da CEO.
- . - disse, balançando a cabeça.
- O triplo? - rebateu, antes que sua amiga conseguisse continuar.
- Eu já disse que não é por dinheiro. - continuou, cruzando os braços e olhando para a mulher. - Eu quero aproveitar a minha bebê e a infância dela e a minha vida aqui na empresa é maluca.
- Mas você já vivia assim com o Eric faz anos. - murmurou, formando um bico nos lábios.
- Juro que as vezes você parece uma criança. - retrucou, rindo. - Às vezes é difícil ouvir seu apelido sabendo como você realmente é.
revirou os olhos diante o comentário.
- , essa é a décima semana e o décimo candidato que não sabe trabalhar! - exclama, rodando a cadeira em direção à janela. - Eu não sei mais o que fazer, o tempo diminui a cada segundo e esses incompetentes não prestam pra nada! Sem falar que todos são homens, acho que esse é o problema.
- … - começou a loira, com cautela, contornando a mesa. - Eu não vou dizer que não entendo. Eles vêm aqui com uma expectativa e acabam encontrando algo diferente. Eu não sou apenas a COO da Crystal Entertainment Inc., eu sou sua secretária. Cuido de diversas coisas pra você e ainda faço meu trabalho.
A morena suspirou, voltando o corpo para sua amiga. sabia que o cargo era importante e muito mais difícil do que os candidatos imaginavam, já trabalhava consigo faz tantos anos e a mulher se acostumou com a cumplicidade e confiança entre ela e sua COO. Ela estava ciente que substitui-la seria quase impossível, mas não estava muito longe de acontecer.
- Eu sei. - suspirou, sentando-se novamente. - Eu preciso me acostumar com alguém não sabendo nada sobre a empresa e como as coisas funcionam, só espero encontrar alguém logo, enquanto você ainda está aqui.
- Vai dar tudo certo, amiga. - sorriu em sua direção, reconfortando-a. - Eu sei que você vai achar alguém.
- Tudo bem, de volta ao inferno. - murmurou, fazendo a loira rir e se retirar.
era uma pessoa fácil de lidar, bastava fazer o que lhe era pedido corretamente e tudo estaria um mar de calmaria. Mas isso não vinha acontecendo desde que os novos candidatos vinham para suas semanas testes. os acompanhava na maioria das vezes, quando não estava resolvendo nada relacionado a empresa, mas cada um deles continha algo que incomodava profundamente.
Jensen não sabia a diferença entre chegar no horário e se atrasar. Cole chorou por ser cobrado. Alan achava que Chirstie era o Google. Rick não entregava o café com duas colheres de açúcar. Will não se vestia apropriadamente para o trabalho. A lista é longa.
Talvez a CEO procurava defeitos para não os contratá-los com a esperança de que mudasse de ideia, mas ela preferia ignorar isso. Depois de dar o último ok e assinar o documento para o novo celular que estavam desenvolvendo, a mulher recostou as costas na cadeira, esticando o braço para alcançar o resto dos currículos.
Tinha o total de seis currículos, mas ela apenas tinha quatro semanas até sair da empresa. Jogou a papelada na mesa quando ouvi o celular tocar. .
- Alô? - atendeu o celular, olhando pela janela. A cidade se abria em seus olhos, com o sol iluminando os prédios e ruas. Era um lugar bonito, apesar da falta de verde.
- Hey, baby. - ouviu a voz do noivo do outro lado da linha. - Venha para o lobby, estou te esperando para almoçar.
- , eu falei que tenho um- - cortou sua fala no meio quando escutou o barulho do telefone desligando. Respirou fundo com os olhos fechados e contando até três. Era típico de fazer isso, vinha a hora que pretendia e tinha que contornar seus compromissos por ele. A CEO já estava começando a ficar irritada e sua paciência esgota dificilmente, mas agora seu nível de estresse estava acima da média.
Pegou sua bolsa saindo de sua sala e indo em direção ao elevador.
- Srta. , a sua reunião é daqui 10 minutos. - sua COO relembrou na porta da própria sala, enquanto via a mulher passando com um semblante de poucos amigos.
- Eu sei, srta. . - respondeu, dando uma leve balançada de cabeça para a outra e entrando no elevador já aberto.
Cinco minutos depois já estava caminhando em direção ao noivo, o qual estava escorado na recepção conversando com dois de seus funcionários. era um homem bonito, com seus 1,80 de altura, cabelos pretos levemente grisalho, dentes perfeitamente alinhados, ainda era inteligente e conseguia ter conversas produtivas com o mesmo. Mas era isso. A CEO não lembra o que a levou a dizer sim ao pedido de casamento quando eles estavam saindo há apenas 6 meses. Mas ele faz bem para a imagem dela e também não é tão insuportável como companhia.
- Minha menina. - disse o homem quando enxergou a noiva. se segurou para não revirar os olhos, ele tinha essa mania de a chamar como se fosse uma adolescente, sendo que o mesmo possuía apenas três anos a mais que ela.
- , eu falei pra você que hoje eu teria uma reunião importante para fechar a colaboração com a companhia do Japão. - foi direta, deixando os funcionários que estavam por perto com os olhos arregalados.
- Ah! É verdade, não é? Eu tinha me esquecido, desculpe, meu bem. - retrucou com seu sorriso intacto e lhe dando um beijo estalado na bochecha. - Te vejo no jantar, então.
não teve tempo de responder porque já estava a caminho da saída. É sempre assim, pensou dando as costas e voltando para o elevador, sem deixa passar despercebido os olhares dos funcionários, ele sempre a faz parecer a coração de cristal que todos me chamam.
Mas como sempre, esqueceu-se de todo o drama e romance quando pisou dentro da sala de reuniões, aquele sim era seu lugar.
- Boa tarde. - disse se curvando para a fileira de empresários sentados do outro lado da mesa. - Podemos começar.
~~*~~

A pele bronzeada depois de dias no sol dava um toque a mais na beleza do homem. Depois de largar seus pertences em seu quarto e de um belo e merecido banho, o moreno jogou-se no sofá com a sacola de take out que havia pego no seu restaurante japonês preferido.
Surfou pelos canais até encontrar o que passava o programa sobre os lugares mais incríveis do mundo, estava para levar a comida até a boca quando o celular tocou. Secretário . Suspirou ponderando se atendia ou fingia que estava morto.
- Secretário ! Quanto tempo, não? - exclamou, assim que atendeu o celular. Estava ciente de que o homem deveria estar à sua procura desde a última semana, quando resolveu passar uns dias em Santorini, na Grécia, sem avisar ninguém e, pior ainda, sem atender o celular.
Era típico de , o homem de 29 anos não precisava se preocupar com o preço de nada que comprava, era um espírito livre, como gostava de se intitular. Sempre despreocupado, viajando às custas de seu pai e não dando devida importância para seus deveres.
Afinal, é o CEO da empresa YouBeauty Inc. e filho do chairman.
- Sr. , o chairman o está esperando em sua sala. Sugiro que venha. - o tom do secretário estava mais sério que o normal, o que deixou um pouco preocupado.
Ele sabe que seu pai não está nem um pouco satisfeito com seu comportamento, mas também, nunca havia dito que queria a empresa de seu pai. Tudo piorou depois da morte de sua mãe. Suspirou, levantando do sofá.
- Fale para ele que estou ocupado. - murmurou, tacando a comida no lixo, sem tocá-la, já havia perdido a fome mesmo.
- Sr. , não acho que seja uma boa ideia ignorá-lo. - retrucou o secretário. era o mais próximo de família que considerava, o conhecia a sua vida inteira, já que ele costumava ser o secretário de seu pai, e depois, quando já tinha idade o suficiente para assumir os negócios, se tornou seu secretário.
Depois de dois minutos de discussão, desligou o celular, frustrado. Mas, se seu pai o conhecesse bem como achava, saberia que ele não se intimidaria com esses avisos.
Pegou as chaves de um de seus carros, decidido a gastar alguns dólares de seu pai. Estava precisando de um novo blazer da mesma maneira. Sorriu para si mesmo. Havia se tornado uma rotina irritar seu velho e evitar ter uma conversa sério com o mesmo por mais de cinco minutos. Era motivo de orgulho para o homem.
Chegou no shopping em menos de meia hora. Escolheu um blazer cinza e outros cinco de cores diferentes, comprou três camisas sociais branca, azul e preta e, por fim, dois pares de sapatos pretos. Não satisfeito, resolveu passar no café que havia começado a frequentar não muito tempo. Não havia almoçado e já estava perto das cinco horas da tarde. Entrou no café, sentindo vários olhares se virarem em sua direção. Ele não era uma celebridade, mas sua beleza era estonteante e muito visível, sem contar que muitas pessoas o conheciam por conta de ser o herdeiro de Henry . Não que ele se importasse.
- Seriam… 10 dólares e 55 centavos. - a atendente falou, lançando um sorriso magnifico e branquinho. Se não estivesse focado em gastar o dinheiro, provavelmente teria a cantado. Entregou um de seus cartões, com um sorriso de canto e voltou sua atenção para o celular que vibrava em sua mão. - Hum… Senhor?
- Sim? - voltou seu olhar para a ruiva, esperando receber algum tipo de cantada.
- Seu cartão foi negado. - sorriu, sem graça. piscou algumas vezes e quando a atendente repetiu o ato, o mostrando que realmente havia sido, puxou o segundo cartão da carteira. Dois minutos depois, pegou o terceiro. E o quarto. E o quinto. Você só pode estar de brincadeira comigo, pensou enquanto vasculhava os bolsos em busca de dinheiro. Felizmente continha 12 dólares amassados no bolso dos jeans. Não tendo coragem de olhar a mulher nos olhos, pegou a sacola com muffins e o copo de café e virou-se para sair de lá.
Mas acabou chocando-se com o próximo cliente, que soltou um grunhido horrendo.
- Você não olha por onde anda, seu imbecil?! - rugiu a mulher de lábios pecaminosos, ao menos foi isso que passou na mente de .
- Ou era você que estava colada em mim? - retrucou, revirando os olhos e notando a mancha do café em ambos. - Você desperdiçou meu café.
- Você arruinou minha camisa. - cerrou os olhos e respirou fundo. - Apenas… Apenas saia da minha frente.
não ficou para discutir, estava estressado o suficiente e mesmo notando os seios marcados pela mancha e os olhos de onça o encarando, começou a caminhar para fora. Deus, aquele olhar, ele nunca esqueceria aquele olhar.
- Me desculpe por isso. - a mulher disse para a atendente, levemente envergonhada. - Um cappuccino, por favor.
- Seu nome, senhora? - a ruiva sorriu em compreensão.
- .
~~*~~

Henry já esperava que isso acontecesse, então, quando seu filho adentrou o escritório parecendo um furacão, permaneceu calmo. Observou-o aproximar-se da mesa e bater as mãos grandes no metal. Pegou a xícara de café em uma mão e encostou as costas na grande e confortável cadeira preta que estava sentado. Notou a mancha de café pela camiseta de seu filho e arqueou a sobrancelha.
- O que você está fazendo? - perguntou , visivelmente irritado. - Porque meus cartões estão bloqueados?
Henry permaneceu calmo, o homem já estava na beira de seus 60 anos. Com a barriga avantajada e barba alinhada. Por mais velho que estivesse ficando, continuava vaidoso com sua aparência e cuidadoso de sua saúde, principalmente depois da morte de sua mulher.
- É um prazer tê-lo em meu escritório, . - a voz de Henry soou séria, como sempre, e não era seu filho que iria mudar isso. - Digo, é um prazer ter sua presença em minha empresa. Infelizmente não é todo dia que vemos o CEO por aqui.
fechou os olhos, respirando fundo. Não era como se ele quisesse a empresa do pai, nunca havia se interessado pelo ramo de negócios, mas o mais velho o obrigou a seguir o caminho traçado por ele por toda sua vida. Destruindo, literalmente, seus sonhos quando quebrou seu piano quando tinha 17 anos. O obrigando a frequentar Harvard quando o seu sonho era cursar música, em qualquer outro lugar. Sim, ele era inteligente e tinha suas próprias opiniões, mas viver com o bom e o melhor que o dinheiro que seu pai tinha havia o tornado mal-acostumado.
- Me desculpe. - forçou as palavras a saírem de sua boca, observando o sorriso presunçoso de seu pai se espalhar pelo rosto.
- Mhm. - murmurou, deixando a xícara de volta ao apoio. - A partir de amanhã, você estará sendo chamado para entrevistas, espero que não me decepcione.
- Entrevistas? - perguntou confuso, vendo o homem levantar-se da cadeira.
- Seu currículo foi enviado para algumas das empresas mais bem-sucedidas e famosas dos Estados Unidos. - continuou, jogando seu paletó nas costas. - Deverá ter um cargo importante, devido sua experiencia e inteligência, mas não espere muito. Limpe seu escritório essa tarde, Paul estará assumindo a partir de amanhã.
- O quê? - perguntou, incrédulo. Henry caminhou até parar ao lado do filho, terminando de vestir o paletó e fechando dois botões.
- Eu estou te demitindo, . - disse, com o olhar fixo nos olhos do moreno. - Eu não tenho tempo nem paciência para lidar com sua infantilidade o tempo todo, eu já havia avisado e depois de incontáveis ultimatos, esse é meu último. Prove que você é merecedor de todo o dinheiro que vem gastando à toa, sem ter responsabilidades e sem consequências. A partir de hoje, seus cartões estão bloqueados até eu decidir o contrário. Secretário ficará com você, por pedido dele. Espero que tenha alguma reserva na manga, se não vai descobrir o que é não ter o que comer.
piscava várias vezes pensando que nada disso era real. O próprio pai poderia fazer isso com ele? Porém, não era surpresa, sua relação com o pai havia mudado drasticamente desde a morte de sua mãe. Anna era como uma ponte que conectava os dois polos. Sempre dizia que os dois eram muito parecidos, e que por isso, brigavam tanto.
- Se você não provar que é bom o suficiente para retomar o cargo na minha empresa dentro de seis meses, pode dar adeus a sua vida de luxo. - finalizou o mais velho, andando até a porta. - Tenho uma reunião, quando a mesma acabar, espero que sua sala já esteja vaga.
foi deixado sozinho na sala, recuperando o fôlego e pensando que não havia nada de dinheiro guardado. Depois de alguns minutos, Secretário entrou na sala, com uma caixa em mãos o que ele percebeu carregar seus pertences.
- Já recolhi suas coisas, sr. . - disse, parando ao seu lado e, sem que o mais novo percebesse, olhando-o com certa pena.
- Eu não tenho dinheiro nem pra comer. - murmurou o homem, respirando fundo e encarando o teto. - Quando começarão minhas entrevistas?
- A primeira está marcada para as 8 horas da manhã, na IntelYou Entertainment. - respondeu o outro, seguindo o moreno pelo corredor.
- Qual o cargo? - perguntou, apertando o botão do elevador.
- Interno. - murmurou, esperando a exata reação que recebera.
- Meu pai deve estar brincando. - riu com escárnio ao adentrar o pequeno espaço de metal. Observou o secretário carregando as suas coisas e sentiu uma enorme culpa se instalar no peito. Ele nem mesmo teria dinheiro para o pagar, porque ele havia se voluntariado? Pegou a caixa de suas mãos com um leve obrigado deixando seus lábios.
- Quais são as outras opções?
~~*~~

- É impossível que das 10 entrevistas você tenha sido rejeitado em todas. - disse , desacreditado. Enquanto preparava o almoço para os dois. acabou adotando um colega de quarto, já que o secretário não possui família, apenas a gata persa chamada . Os dois estão temporariamente em seu apartamento, mas incrivelmente não sentiu nenhum desconforto tendo outra pessoa debaixo do mesmo teto. E como estava reformando sua casa, então havia sido conveniente para ambos.
- Eu não tenho culpa, tá legal? - resmungou, acariciando o pelo de , que estava jogada em seu colo. - Eles não sabem apreciar o meu valor.
Era parcialmente verdade. Sendo sincero, sabia que havia sido mesquinho na maioria delas e que havia arranjado briga em pelo menos duas. Seu temperamento não estava acostumado a ser domado, quando estava na empresa de seu pai, suas demandas eram acatadas e suas ordens não questionadas por ninguém. Não estava acostumado a receber ordens. Sem contar o Chairman, claro.
- , você não está em posição de escolha. - suspirou, virando-se para o mais novo. - Se eu não estivesse por perto e com algum dinheiro guardado, onde você estaria?
- Deve ter algo. - disse convicto, mais para se convencer do que seu colega de quarto. - Eu só preciso pesquisar.
- Você fazendo o trabalho? - riu o mais velho. - Essa é nova.
revirou os olhos, mas sorriu. O clima era sempre mais leve com o secretário do que com seu próprio pai. sempre lhe transpareceu segurança, sempre estava ali quando o mesmo precisava. E não como obrigação. Era assim mesmo antes de sua mãe ter falecido.
- , você não acha que é uma boa hora para conhecer novas pessoas? - perguntou, voltando a cozinhar. O moreno percebeu a cautela em sua voz.
- . - alertou, com o semblante sério.
- Você precisa seguir em frente. - continuou, fazendo com que apenas o barulho das batatas fritando fosse ouvido, além da respiração pesada de seu patrão. - Já faz anos do acidente, esse medo constante só o faz mal.
- , se eu tivesse medo de algo, eu seria o primeiro a saber. - retrucou, deixando a gata no sofá e levantando-se. - Somos família, você sabe que sempre o considerei parte da minha, mas isso não lhe diz respeito.
- Somos família. - concordou , desligando o fogo quando os bifes ficaram prontos. - E é exatamente por isso que estou te dizendo isso. Você se fechou para as pessoas no momento que sua mãe deixou esse mundo. Cheguei a pensar que iria me bloquear da sua vida também. Eu sei que seus momentos mais escuros já passaram, mas tudo foi com a ajuda de sua terapeuta. - pausou por um momento, olhando para trás para se certificar que o mesmo ainda estava ali e o encontrou parado de frente para a janela. - Se você acha que não está pronto para conhecer outras pessoas, você ao menos deveria voltar com as suas sessões. Sebastian tem ligado com mais frequência e…
- Não. - vociferou, mudando a postura.
- … - chamou, porém não obteve resposta.
- Vou procurar alguma empresa que precise de novos funcionários. - declarou, depois de um tempo em silêncio. - Tenho certeza que meu pai não colocou todas.
Trancou-se no quarto por pelo menos duas horas, excluindo a maioria das empresas por conta de qual seria seu cargo. Até deparar-se com o site da empresa mais promissora da atualidade, segundo . Enquanto rolava a tela a procura, observou que eles estavam com vagas abertas para o COO.
achou estranho pelo fato de que normalmente a empresa tende a escolher alguém de dentro, que esteja há anos e seja confiável, para assumir um cargo importante como esse. Mas não iria desperdiçar a oportunidade, enviando um e-mail com seu currículo e uma saudação educadíssima.
Sorriu satisfeito, ao receber uma resposta 15 minutos depois, enquanto almoçava.
“Você foi selecionado para uma entrevista, esteja na empresa Crystal Entertainment Inc. às 10 horas da manhã na próxima segunda feira.”
~~*~~

As últimas três semanas haviam sido um completo caos para a CEO da Crystal Entertainment. Dois candidatos por semana e nem um era capaz de acompanhar o dia corrido da empresa. Nenhum dos seis homens tinha experiencia no ramo, quase todos saíram da faculdade há pouco mais de um ano. se perguntava se o cérebro de estava sendo gravemente afetado pela gravidez. Não era possível que não havia uma única pessoa que já tinha experiencia de pelo menos um ano na área.
A mulher já estava cansada, fisicamente e psicologicamente, com o novo projeto que estavam criando, sendo o primeiro do estilo que a empresa está desenvolvendo e finalmente a área que a CEO já sonhava durante alguns anos. E mesmo com a ajuda de , que por sinal já estava mais cansada que o normal, lidava com candidatos durante todas as horas de seu expediente.
Ela sabia que seria muito mais difícil conseguir alguém de fora, ninguém a questionava, mas ela sabia que todos estavam intrigados do porque não promover alguém da própria empresa. Como William. Ele era um de seus funcionários mais dedicados e sempre dava bons resultados em qualquer tarefa que lhe era dada. Mas preferia escolher seu braço direito a dedo e com olhares severos. Will era bom no que fazia e ela não queria arriscar tirá-lo de lá. Ainda mais com o novo projeto, o qual sempre foi sua especialidade, em andamento. E ele sendo um dos poucos que tinha conhecimento do projeto, era essencial para a empresa, sempre contatando a CEO diretamente sobre o andamento.
Então, quando lhe encaminhou um e-mail que a empresa havia recebido, foi como uma luz no fim do túnel. E por coincidência, no fim da penúltima semana, na tarde de sexta feira.
Agora na última semana de , a segunda-feira se inicia de maneira calma, como o oceano sem ondas. Comparado aos últimos dias, era um completo paraíso. Quando o relógio bateu nove horas da manhã, estava retornando de uma reunião quando recebeu um e-mail de William, atualizando sobre um defeito que o produto continha e que precisariam atrasar o lançamento em pelo menos seis meses. O previsto era no início do ano que vem. Suspirou fundo, sentando em sua cadeira e logo ouvindo a batida na porta de sua sala.
- Seu café. - deixou a bandeja com uma xícara de café e o pequeno bule ao lado, com um vidro de açúcar, junto ainda continha um sanduíche da cantina.
- Obrigada, . - sorriu a CEO, apontando a cadeira em sua frente para a outra sentar-se. - Seja sincera, você acha que esse vai dar certo dessa vez? Eu já estou perdendo as esperanças. Não seria mais fácil eu contratar um secretário? Ou secretária? Eu confesso, a maioria dos candidatos eram situados para o cargo, mas… Talvez eu os sobrecarreguei? - continuou, franzindo a testa ao colocar duas colheres de açúcar. - Eu a sobrecarreguei, não é? Cristo, eu devo ter sido um horror de chefe pra você, . Como ainda é minha amiga?
- Deus, , relaxa! - exclamou, pegando a outra xícara e preparando seu café. - Eu nunca me importei de ser endereçada esse tipo de tarefa e você sabe. Quer saber a verdade? - questionou, encarando os olhos da CEO. - Eu sempre admirei o quanto você dá duro pela sua empresa, é surreal o quanto de dedicação você tem. Não entrega seu trabalho para os outros e sempre está disposta a receber algum funcionário com questionamentos ou problemas. - continuou, mordendo sua metade do sanduíche. - E veja só, dividindo seu café comigo. - riu, com a boca cheia. - Eu sou sua amiga porque sei que tudo que você me pediu é porque sua cabeça estava sobrecarregada e suas mãos ocupadas.
- O que é praticamente todo dia. - murmurou a CEO, mastigando o sanduíche.
- E esse é o ponto, também, . - interrompeu-a, para continuar seu pequeno monólogo. - Você não pode esperar que o próximo COO esteja ciente disso tudo. Ele vai aprender conforme estiver ao seu lado e ver que não, você não tem nada de coração de cristal e abusa da boa vontade da grávida aqui. - disse, com um sorriso reconfortante. - Ele, ou ela, será seu braço direito e eu tenho certeza que tudo vai dar certo uma vez que ele se acostume com o ritmo da empresa… E o seu. - sorriu, observando a amiga franzir a testa em preocupação.- Vai ser um processo pra você também, amiga. Se acalme, respire e encare de frente.
Depois da conversa, as duas terminaram o café em silêncio, apressou-se em escovar os dentes, já que o candidato, que ela esperava ser o último, estava prestes a chegar. Estava voltando do banheiro quando apareceu na porta da própria sala, dizendo que haviam avisado que o candidato estava subindo, mas como a CEO estava no banheiro, ele já a esperava dentro do escritório.
Assentiu, sorrindo e seguindo para sua sala. Girou a maçaneta e plantou um sorriso no rosto. Pensamento positivo, mentalizou, abrindo a porta.
- Bom dia, você deve ser , meu nome é , CEO da Empresa Crystal Entertainment Inc. - cumprimentou assim que fechou a porta da sala e o encarou.
Oh, merda, pensou .
Só pode ser uma brincadeira, pensou .
~~*~~

Depois de alguns segundos de choque, piscou, focando no que estava fazendo ali. Ele não poderia arruinar essa oportunidade, era o único cargo que pagava o suficiente para que conseguisse continuar no seu apartamento e gastando algumas coisas consigo, pagar e, basicamente, sobreviver.
- É um prazer, Srta. . - sorriu, propositalmente mostrando seus dentes brancos e bem alinhados. - Sim, sou .
Observou a morena dar a volta na mesa, sentando-se em sua cadeira e, enquanto apoiava os braços e juntava as mãos até sua boca, o encarava.
- Então, sr. , o que o leva a crer que tenha as requisições necessárias para ser contratado? - questionou a mulher, com a expressão calma intacta.
Maneira chique de dizer que eu não sirvo para o trabalho, pensou o homem.
- Bom, eu passei pra entrevista, certo? - retrucou, com um sorriso sacana, em tentativa de fazer graça.
não sorriu, apenas ergueu a sobrancelha direita.
- Ahem. - limpou a garganta, sentindo-se intimidado. Parecia que todo o ar de superioridade e ordem vinham da pessoa do outro lado da mesa, e por mais que ele não estivesse acostumado, sentiu uma estranha vontade de seguir o que quer que a mulher falasse. - Eu acredito que minha experiencia como o CEO da Empresa YouBeauty Inc., traria grande lucro e vantagem para a Crystal Entertainment.
- Me corrija se estiver errada, - interrompeu-o, focando o olhar na tela de seu computador por um momento, antes de voltar os olhos de onça para o moreno. - mas você foi demitido há duas semanas, poderia falar sobre o que aconteceu?
- Três. - retrucou, franzindo os lábios. É claro que ela iria perguntar. - Veja bem, o Chairman é…
- Henry , seu pai. - assentiu, encostando-se na cadeira.
- Hum… Isso e, bom, por mais dedicado que eu fosse, as vezes ao olhar de seu pai, nada é bom o suficiente. - respondeu, sentindo-se mais confiante conforme se acostumava com o olhar observador da CEO. Não era uma total mentira, sempre sentiu isso com relação a Henry, apesar de nunca ter dado tudo de si para a empresa do pai. pode se identificar, seu pai era amoroso, mas podia ser um tanto quanto difícil o agradar. Ele fora um dos motivos da sua resposta ser sim para quando o mesmo a pediu em casamento. - E sempre achei que a Crystal Entertainment fosse uma das empresas mais bem-sucedidas, acredito agora, conhecendo a CEO, que entendo o porquê.
- Bajular não garantirá seu emprego. - respondeu, rápida e direta.
- Não era o objetivo. - respondeu, com um sorriso relaxado.
Um momento de silêncio entre os dois, contemplando sobre sua decisão e tentando focar em qualquer coisa sem ser na beleza estonteante da mulher. Ridículo, pensava. Como, durante todos esses anos, nem uma mulher o fez se sentir como um garoto da maneira que o faz sentir? Era como ver a definição de perfeição em sua frente. O desconcertava e o fazia sentir-se envergonhado. Apesar de estar cuidando da situação sem deixar transparecer seus pensamentos.
, por outro lado, não estava nervosa. Havia sido um choque, claro, o homem desastrado e mal-educado do café ser o mesmo que está sentado à sua frente e quem talvez venha a ser seu braço direito.
A CEO não tinha tempo para procurar já que daqui uma semana não estaria mais na empresa. Claro, não a impedia de continuar com entrevistas, mas sua agenda não a deixava tempo para muitas coisas e, definitivamente, não conseguiria cuidar sozinha de entrevistas durante o trabalho.
- Me diga, o que você acha que uma empresa precisa para ser bem-sucedida? - questionou, relaxando seu semblante e apertando um botão no telefone.
- Uma chefe que está disposta a trabalhar junto. - respondeu, de imediato, com um sorriso de lado. Queria impressioná-la ou desarmá-la, só não fazia ideia se funcionaria ou não. A expressão continuava impenetrável. Talvez ele estivesse sendo mais informal do que deveria, mas não conseguia sair da estrutura de CEO. Seria engraçado se conseguisse enxergá-lo por dentro, era uma batalha intensa entre seu eu intimidado e envergonhado e o seu eu intimidador e desafiador, cada um tomando as rédeas quando bem entendesse, causando a pequena bagunça que era no momento.
A entrevista seguiu por mais 20 minutos, era frustrante para o homem ver como a CEO não se deixava levar pelas suas brincadeiras e descontraídas. Muitas vezes, não eram tentativas de gracinhas, apenas momentos de descontração completamente ignorados pela mulher.
- Você será contatado caso tenha passado na entrevista. - comunicou a CEO, erguendo a mão para o cumprimentar.
estendeu a sua e agarrou a da mulher, notando que a pele da mesma era macia. olhou para suas mãos por um breve momento, então, desconectando-se.
- Tenha um bom dia. - disseram um ao outro, dando um fim naquela entrevista estranha, mas interessante.
jogou-se na cadeira, passando a mão pelo rosto e soltando um suspiro. Não conseguia acreditar na tamanha má sorte que tinha. Quando recebeu o currículo, já havia feito uma pesquisa sobre o candidato, continha informações sobre o pai e a empresa, mas não havia foto. Seria uma coincidência ridícula ou uma perseguição?
Serviu outra xícara de café, voltando os olhos para a janela atrás de si.
Não, provavelmente não era perseguição. Por mais mesquinho que ele tenha sido no café, o filho do Chairman da Empresa YouBeauty Inc. não teria motivos para isso. Lembrou de sua arrogância transbordando durante a entrevista, mas ao mesmo tempo uma tentativa de dominação. Tsc, estalou a língua, como se ela fosse deixar alguém tirar sua autoridade na própria empresa.
Estava acostumada a homens assim, afinal, uma CEO mulher no mundo corporativo era o alvo de vários homens com síndrome de superioridade. Já havia sido tratada como burra, incapaz e louca. Mas nunca abaixou a cabeça. Havia aprendido isso desde cedo que se quisesse entrar no mundo dos negócios, teria que ser firme. Infelizmente, estava ciente de como mulheres fortes, decididas e líderes eram tratadas e vistas como mandonas, cabeça dura e mal-amadas.
Não a impedia de querer mudar isso, também.
Então, quando entrou em seu campo de visão, sabia que se o aceitasse, seria o mesmo que aceitar viver no inferno. Ele tinha o típico estilo de garoto mimado e sem escrúpulos. Ou que não tinha interesse em nada.
Mas quando o mesmo mudou sua postura, mesmo que minimamente, parecia que talvez tinha uma pequena porcentagem, bem pequenininha, de funcionar. Lembrando das palavras de sua amiga, repetiu que levaria tempo para ambos se acostumarem.
Sendo sincera, era o primeiro candidato com tanta experiencia e que parecia entender o mínimo da loucura que seria o dia a dia na empresa. Talvez, pensou ela, talvez poderia lhe dar uma chance.
entrou no escritório carregando duas pastas e um olhar esperançoso.
- Precisa da sua assinatura. - falou, entregando para , que havia se virado. - Como foi?
- Lembra do babaca que encontrei no café? - perguntou, abrindo uma das pastas e assinando os papéis. A COO confirmou com a cabeça. - Era ele.
- Eu sabia que a deveria ter impresso outra foto. - resmungou, com descontentamento.
- Não, tudo bem. - interveio. - Foi… Foi interessante. - falou, fechando a segunda pasta. - Vamos ver como essa semana segue.
Segundas à noite eram reservadas para jantares com . Não que fosse algo sagrado para , mas pelo menos assim, ela sabia que seu noivo não iria a importunar constantemente, como da última vez. Suspirou, rodando as chaves do seu apartamento. O cheiro de comida já chegava à entrada, fazendo o estômago da mulher doer.
estava em frente ao fogão, assoviando enquanto uma música clássica tocava ao fundo. Revirou os olhos, levemente. O homem se virou, revelando o sorriso branquinho.
- Boa noite, nenê. - beijou os lábios da mulher. - Está quase pronto.
- Vou tomar banho primeiro. - respondeu, sorrindo.
Seguiu para o quarto, jogando a roupa que usava no cesto e adentrando seu banheiro. Não, eles não moravam juntos, mas havia feito uma cópia da chave de seu apartamento. Algo que havia a incomodado profundamente, mas acabou por não trazer o assunto à tona. A água morna relaxou o seu corpo assim que encostou em sua pele, era sua parte favorita do dia. Mas não durou muito.
Ouviu seu nome ser chamado pelo menos três vezes depois de 15 minutos no banho. Respirou fundo, saindo do chuveiro e colocando uma roupa confortável.
- Ah! Finalmente, achei que ficaria o resto da noite lá. - riu o homem, sentando em uma das cadeiras. - Eu já falei que você gasta muito por conta dos seus banhos demorados, meu bem.
- Devo ter esquecido. - respondeu, levando a boca um pedaço do bife. - Está bom.
- Bom? - retrucou, franzindo a testa e provando. - Ah, uma delícia! Querida, você deveria comer mais dessa salada, está ótima.
serviu duas colheres para a mulher que apenas o encarou por cinco segundos. Sorriu.
- Ouvi que está contratando alguém novo. - seu noivo disse, após alguns minutos em silêncio. - Que é um homem. Ele vai ocupar o lugar de ?
- Como você sabe disso? - perguntou, largando o garfo.
- É o assunto mais falado em sua empresa, nenê. - sorriu, bebendo do seu vinho predileto.
- Não está nada decidido ainda, ele vai começar na semana teste amanhã. - retrucou, engolindo sua raiva junto com o tomate e rúcula. Ugh, ele ainda não sabe que odeio rúcula?
- Hum. - murmurou, remexendo na comida. - Ele vai passar muito tempo com você, não vai?
- É o trabalho dele, claro que vai. - exclamou, balançando a cabeça. - Estou satisfeita, vou pra cama.
- Oh? Tudo bem, em alguns minutos estarei lá. - sorriu de lado e sabia o que significava.
Encarou seu reflexo no espelho enquanto escova seus dentes. E foi então que ela percebeu o quanto estava cansada. Não do dia, não do trabalho. Algo estava errado. E a mulher sabia, mas parecia estar de olhos vendados.
Deitou na cama, vestindo sua camisola que usava apenas com ele. Logo sentiu um braço envolver sua cintura. Fechou os olhos, pensando quando iria visitar o abrigo novamente. Sentiu os lábios percorrerem seus ombros e nuca. Talvez semana que vem? Quando não estivesse tão afundada no assunto do novo funcionário. Os dedos de afastaram sua calcinha para o lado, fazendo-a abrir os olhos. É, semana que vem seria uma boa. Ela não precisava falar nada, ele sabia que ela não estava no clima pelo fato de não sentir um pingo de excitação. Mesmo assim, o barulho da camisinha foi ecoado pelo quarto. Talvez logo na segunda feira, ela poderia ver se ainda estava lá, por sorte o gatinho já teria achado algum lar. Soltou um suspiro surpreso ao senti-lo em si. Nada conseguia fazê-la gostar daquilo, era estranho como sempre foi com , os dedos dele agora estavam em sua cintura enquanto estocava de forma rápida. era um gatinho de três patas, era uma das coisinhas mais lindas desse mundo, mas não podia ter gatos em casa pelo fato de que o noivo era alérgico ao pelo dos bichinhos. Seus olhos estavam fixos na janela que cobria toda a parede de seu quarto, seu corpo balançava levemente. Ela não reclamou, sabia que estava quase no fim. Será que semana que vem não está muito longe? Depois de alguns minutos, já havia se livrado da camisinha e dormia ao seu lado.
Essa semana. Ela precisa ir essa semana.
~~*~~
Terça havia começado agitada. Logo pela manhã a CEO se encontrava dentro da sala de reuniões acompanhada de e . O homem se mostrou pontual, o que já era um ponto positivo. Quando podia, observava o candidato, que anotava coisas no seu bloco de notas ou prestava atenção no que era discutido. Atualmente estavam com dois projetos simultâneos: o novo celular e o novo produto que metade dos que estavam naquela sala ainda não tinham conhecimento.
Outras duas reuniões se seguiram depois daquela, a última não sendo necessária a presença da COO, então aproveitou o tempo livre para introduzir a outra parte de seu trabalho.
- Espera. - murmurou, depois de alguns minutos arrumando papelada e franziu a testa. - Isso não foi mencionado antes.
- Sim. - concordou, terminando de separar os papéis em sua mesa. Olhou para o homem por alguns segundos antes de endireitar a postura e voltar sua atenção completamente para ele. - Olha, eu entendo que pode parecer muita coisa, mas eu gostei de você, é o primeiro que vem com experiência e já toma notas na primeira reunião. Não é inocente para pensar que a CEO jogaria trabalho por gostar de infernizar a vida dos outros. Você já a conheceu e já deve ter percebido como a vida dela parece se resumir a empresa, não?
- Sim, mas… - começou a falar, até que ouviu passos pelo corredor. Os dois sabendo de quem se tratava. A mulher falava ferozmente no celular, o qual estava apoiado entre a cabeça e o ombro, enquanto fiscalizava algo em uma pasta grossa de papéis. Passou reto na porta da COO, mas acabou voltando nem um minuto depois.
- Tudo certo por aqui? - perguntou, olhando por entre seus óculos. Era a primeira vez que a via de óculos, ao menos que ele se lembrava. E, deus, ele estava cada vez mais de quatro por essa mulher.
- Estou introduzindo algumas novas tarefas para o sr. . - disse e os três podiam ouvir algumas vozes no outro lado da linha do celular que a CEO estava equilibrando.
- Ótimo. Como está indo? - perguntou para o homem que apenas assentiu com a cabeça. - Ok, srta. , poderia me trazer o novo contrato para a…
- Empresa do Japão, já está em mãos. - pegou a pasta que estava organizando a poucos minutos. A CEO sorriu genuinamente, esquecendo do candidato.
- Eu estaria perdida sem você. - sussurrou para os clientes do telefone não ouvirem. - Obrigada.
Depois disso, saiu porta afora continuando a conversa. olhou de canto para , vendo que o mesmo parecia contemplar algo silenciosamente. Resolveu que não traria o assunto novamente por enquanto, sabia que apenas aquele encontro já estava sendo algo novo para o mesmo processar. Esperava que desse certo para os dois.
A verdade é que ela sabia. Sorriu minimamente. Ela sabia quem era e sabia sobre a fama que o mesmo carregava. tinha a cabeça afundada demais no trabalho para sequer se importar com fofocas ou qualquer coisa do tipo em redes sociais e mídia.
Quando a CEO voltou do café naquela tarde, explicando como aquele homem era um idiota e que se não tivesse que voltar para a empresa teria gritado ainda mais em sua cara, sabia de quem se tratava apenas pela descrição do homem e de suas atitudes. Não tinha ideia de como surgiu esse plano, mas sabia que seria bom para sua amiga.
Ela nunca entendeu como conseguia viver sua vida sem um pingo de sossego e diversão, sempre focada em novos projetos e trabalho e empresa. A única coisa que ela sabia que a amiga fazia para relaxar era visitar o abrigo de animais. Então, ela pensou, talvez um desafio como viesse a trazer alguma mudança em sua vida.
A loira não gostava de , sempre o achou muito abusivo, mesmo que pareça passivo. E ver como o humor de sua amiga muda perto do homem apenas comprova sua teoria. Suspirou baixo, entregando alguns papéis para analisar na mesa ao lado da sua.
espera que tenha feito a decisão correta, pois quando tirou a foto de de seu currículo e entregou para a CEO, sabia que tudo iria mudar. A questão é se mudaria para melhor ou não.
Era seu primeiro dia teste e já estava exausto. Faltava menos de meia hora para o expediente acabar e recebeu uma ligação do marido pedindo para vê-la, dizendo que era um assunto urgente. Observou a loira sair da sala para, provavelmente, conversar com a CEO e pedir permissão para ir.
Voltou os olhos para a pasta novamente. Algo dentro de si queria dar o seu melhor e era um sentimento novo para o homem, talvez pelo fato de finalmente estar engajando e ficando a par dos assuntos de uma empresa. Ou talvez por conhecer duas mulheres incríveis que dão o melhor de si em tudo. e o inspiraram de alguma forma. Pra falar a verdade, quando recebeu o e-mail sobre a entrevista, estava feliz pelo fato de que o salário era ótimo. Não pretendia passar horas perdendo a cabeça por conta de um contrato ou analisando papeladas. No máximo fazer o que lhe era mandado da maneira mais simples que encontrasse.
Então quando o celular tocou, ele olhou para o relógio e viu que marcava 8:30 da noite, piscou surpreso. Estava terminando toda a pasta quando sua barriga roncou de fome. havia ligado e mandado mensagem, sentiu-se um pouco culpado por não tê-lo respondido e por fim, mandou uma mensagem falando que teria que ficar até mais tarde, quando na verdade, não havia sido pedido.
Levantou-se da cadeira desligando o celular, dirigindo-se para o elevador. Depois de alguns minutos, já estava no lobby da empresa, cumprimentou o segurança e o entregador. Logo pegando a sacola e adentrando o elevador novamente.
Antes que pudesse chegar à sala de , ouviu um barulho vindo do escritório ao lado e percebeu a luz acesa. Ao chegar perto da porta entreaberta, pode ouvir a voz da mulher falar. Checou o horário no celular novamente, vendo que realmente já havia passado mais de duas horas do final do expediente. Observou a mesa da CEO cheia de papéis e apenas um copo de café. Duvido que ela tenha comido, pensou e olhou para sua sacola. Estreitou os olhos. Não sabia se gostava de comida chinesa, mas ao ver a silhueta da mulher e o olhar cansado, pensou que valeria a tentativa.
Voltou ao escritório, escrevendo um bilhete no bloco de notas e fechando a pasta recém-finalizada, colocando-a em cima da mesa de . Caminhou até a porta novamente, que agora estava totalmente aberta, vendo que a mulher não se encontrava lá. Deixou a sacola em cima da mesa e virou-se para sair quando deu de cara com a mesma.
- ? O que está fazendo aqui? - perguntou, checando o relógio na parede. - Já passou do seu horário, vá para casa!
- Você deveria ir também. - comentou, observando a mulher buscar algo por entre as prateleiras. A morena virou-se para o encarar.
- Tenho muitas coisas para fazer ainda. - não que ela precisasse se explicar, mas mesmo assim, o respondeu. - Já estou saindo.
- Não acredito em você. - retrucou o homem, cruzando os braços e escorando-se na mesa. - Se não for passar dos limites, posso lhe perguntar uma coisa?
ponderou por alguns segundos, ainda chocada com a audácia da resposta. Por fim, assentiu com a cabeça.
- Quando foi a última vez que você voltou para casa antes das nove da noite? - pendeu a cabeça para o lado e a mulher pode ver que ele estava genuinamente curioso. Suspirou, escorando-se na poltrona atrás de si.
- Talvez… No aniversário do meu pai. - contemplou, pensando que realmente fazia uns bons oito meses. - Oito meses atrás.
assoviou, arqueando a sobrancelha.
- O que me deixa mais surpreso é o fato de você lembrar. - retrucou, erguendo o corpo e seguindo para a saída.
- . - chamou a mulher e o homem virou o rosto, já na porta. - Você esqueceu sua sacola.
- Não é minha. - deu de ombros e sorriu de lado. - Boa noite, chefe.
Dito isso, saiu do campo de visão de , que ficou confusa porque definitivamente o viu entrar em sua sala com a sacola, enquanto voltava do banheiro. Voltou a atenção para a mesma, andando até sua mesa e virando-a. O cheiro estava delicioso e ouviu sua barriga roncar.
Lembre-se de se alimentar.
Era o que dizia no bilhete preso na mesma. Abriu a boca sem saber o que fazer, acabou por espiar dentro da sacola e ler o nome do restaurante. Será que ele realmente é um stalker?, pensou, não é possível que seja coincidência que ele goste do mesmo restaurante que eu em toda Manhattan.
~~*~~

chegou em casa e foi recebido por que miou assim que o homem acariciou sua cabeça. Adentrou a cozinha vendo um bilhete preso na geladeira. Havia comida pronta e o estômago de agradece. Já passava das nove da noite e o moreno pegou-se pensando se já estava em casa. Lavou o pouco de louça que tinha e direcionou-se para o banheiro.
O banho foi curto, porém prazeroso. Não muito depois já se encontrava deitado na cama com aos seus pés. Riu fraco, a gata havia se acostumado com o apartamento e presença do outro rápido demais para um gato, mas não reclamaria. Gostava de gatos muito mais do que admitiria e apenas não teve um até agora porque não passava muito tempo no apartamento. Sempre viajando ou dormindo em casa de mulheres, casos de uma noite.
chegou em casa ao mesmo tempo que pegou no sono. Perto das 10:30 da noite. Jogou as chaves na bancada da cozinha, indo direto para o banho. Não conseguiu deixar de pensar no candidato, era como um imã para seus pensamentos. Desde que o conheceu, o mesmo fica rondando seus pensamentos, seja pelo desastroso encontro no café, pela entrevista ou por como ela consegue lembrar de todos os detalhes do abdômen do homem. Sim, ela não tinha ignorado como sua camiseta ficou colada ao corpo quando o café foi derramado ou como ele ficou extremamente sexy no terno que usou na entrevista e hoje. Céus, ela precisa esfriar a cabeça, afinal, é noiva.
Foi dormir com os pensamentos nas atitudes contraditórias de .
~~*~~

O segundo dia estava indo de mal a pior. O novo contrato não agradou o grupo japonês, causando novamente uma discussão sobre mudanças em algumas cláusulas. O humor da CEO estava de acordo com os acontecimentos, o que deixava estressado. havia entregue uma boa quantidade de trabalho para enquanto resolvia outros problemas que surgiram durante a manhã.
Uma de suas tarefas era garantir que o café de fosse entregue, vendo a bandeja já pronta em sua frente. Depois de revisar um documento de urgência, caminhou até a sala da CEO para sua assinatura. Não era seu trabalho até então, mas como aparentava ser importante e já que iria lhe entregar seu café, foi assim mesmo. Equilibrando a bandeja e o documento em uma mão, bateu na porta duas vezes coma outra, antes de ouvir um “entre”.
- Sim, sr. Yashima, estamos cuidando disso agora. - respondeu no celular, observando o homem que adentrou a sala. - A srta. marcou uma reunião para amanhã ao meio dia, reservamos um restaurante também.
A CEO gesticulou, pedindo para que deixasse em sua mesa e saísse.
E foi então que aconteceu a catástrofe da manhã. deveria saber mais sobre si mesmo antes de querer carregar um documento importante e uma bandeja com sanduíche, frutas e café. Quando tentou equilibrar a bandeja em uma mão para colocar o papel na mesa, o peso do prato de sanduíche fez com que a mesma pendesse para o lado.
E tudo que foi ouvido no momento seguinte foi o barulho da bandeja chocando-se contra a mesa, esparramando o café não só no documento que acabara de trazer, como em três outras pastas que estavam na mesa da mulher. O sanduíche foi parar em cima do teclado do computador e havia frutas perdidas pela mesa.
- Desculpe, sr., terei que ligar mais tarde. - a morena falou, num tom mais calmo do que o esperado, fazendo com que relaxasse. Bem, um pouco. - Que merda você fez?!
O grito da CEO ecoou por todo andar, se duvidar, por todo o prédio. Os óculos estavam quase na ponta do nariz, fazendo com que os olhos ficassem cravados no homem à sua frente. sentia o corpo borbulhar de raiva, voltando a atenção para as pastas que estavam em sua frente, encharcadas de café. Pegou uma em mãos e a abriu, arrependendo-se logo em seguida. Fechou, jogando de volta na mesa com um baque alto. E então seus olhos pousaram no documento na ponta da mesa, quase enrugado, já que havia sido o mais atingido. Arregalou os olhos escuros, vendo do que se tratava.
- Saia. - disse, quase em um rosnado.
- Me descul… - começou o homem, sentindo que poderia ser atacado a qualquer minuto.
- SAIA! - gritou a mulher, lançando um olhar feroz em sua direção.
Sem dizer mais uma palavra, saiu da sala, dando de cara com com uma expressão preocupada.
- Eu fodi tudo. - murmurou, saindo da frente da loira.
~~*~~

Três horas se passaram desde o ocorrido e tudo estava quieto. havia acalmado a CEO e já providenciava novas cópias de tudo. O homem se sentiu um idiota durante esse tempo e pensava em alguma coisa para que pudesse se redimir com a mulher. Realmente não tinha sido sua intenção e muito menos estava agindo com desinteresse. Queria que ela soubesse disso.
Então, quando voltou com os papéis no horário de almoço, disse que cuidaria de tudo e que ela deveria ir almoçar. Depois de uma leve discussão, a loira acabou cedendo e o deixando cuidar do restante.
O moreno procurou algum restaurante que vendia comida mexicana, que segundo , era uma das culinárias que a CEO gostava. Encomendou para os dois e depois focou em terminar tudo antes que a comida chegasse.
Demorou por volta de uma hora para a comida chegar e faltava apenas o documento que antes ele havia revisado. Desceu o elevador, pegando sua encomenda e sorrindo para o nada. Estava confiante de que iria mostrar à CEO que não tinha más intenções.
Voltou a sala e terminou o ultimo documento, empilhando os quatro e segurando as duas sacolas na outra mão. Mas quando chegou na sala da mulher, acabou por presenciar algo inesperado.
o encarou por alguns segundos antes de soltar a cintura da mulher, que só então havia notado a presença do mais novo. Seus olhos focaram no documento e nas pastas. Franziu a testa levemente, havia lhe dito que cuidaria de tudo, então o que estava fazendo com isso?
- Desculpe interromper. - disso o homem, limpando a garganta e lançando um sorriso descontraído logo em seguida. - Trouxe os documentos para a srta.
- Pode… Pode os deixar na mesa. - assentiu, voltando o olhar para algo que ele parecia estar escondendo. - Obrigada.
Por mais esforçado que tenha sido, o cheiro havia começado a se fazer presente e a comida escondida já não era tão invisível.
- Oh! Veja, meu bem, ele trouxe nosso almoço. Você pediu para ele? - indagou , andando até o rapaz e pegando as sacolas sem cerimônia. trincando a mandíbula para não responder e sentiu o olhar de em si.
- Eu não acho que… - começou a dizer, mas fora interrompida pelo noivo.
- Muito obrigado… - disse, esperando o nome.
- . - murmurou, com o semblante sério. - .
- Um prazer, sou , noivo dessa beleza aqui. - retrucou, com um sorriso de lado e abraçando a mulher.
- . - alertou a mulher, franzindo o cenho e se soltando dos braços do outro. - , posso falar…
- Desculpa, srta. , eu marquei de encontrar um amigo pro almoço e já estou meio atrasado. - interrompeu , sorrindo sem graça. - Poderia ser depois?
- Oh… - murmurou . - Claro.
não esperou, saindo do escritório e pensando onde iria comer. A raiva borbulhando no sangue, o tanto de arrogância no homem que acabara de conhecer era surreal. E o fato de que era noivo de sua chefe o deixava mais intrigado ainda, como uma mulher como ela, acabou com ele? Balançou a cabeça, tirando-os de seus pensamentos e seguindo para o restaurante mais próximo da empresa.
olhou para o noivo que comia a comida calmamente e depois voltou os olhos para o seu prato. Novamente, havia acertado no que escolher. Não sabia se ele havia trazido para ela, mas não podia deixar de pensar no desapontamento que vislumbrou em seu olhar, quando o mesmo os encontrou no escritório.
- O que está pensando? - perguntou o homem, fazendo-a erguer os olhos.
- Hum? - murmurou, dando um gole em sua bebida. - Só estava pensando na papelada que recebi.
- Claro. - respondeu e a ironia presente era palpável. - Quantos anos o garoto tem mesmo?
- 29. - a morena não estava interessada em discutir sobre seu possível novo funcionário com , mas sabia que ele não deixaria de lado.
- Ah, é mesmo? - sorriu, parecendo relaxar. - E eu pensando que teria problemas! Ele não se interessaria em você, mesmo sendo apenas dois anos mais velha.
Piscou várias vezes processando o que ele acabara de falar e graças a duas batidas na porta, ele não precisou a ver irritada. entrou logo que respondeu, lançando um breve olhar para .
- Com licença, preciso da sua assinatura. - disse, parando em frente a mulher que agora já recolhia as coisas de seu almoço.
- , eu preciso trabalhar, se me der licença. - pediu, levantando e jogando os restos no lixo.
- Eu prometo ficar quietinho. - recostou as costas na cadeira e a noiva lançou-o um olhar descontente. - Ok! Tudo bem, estou indo.
Deu-lhe um beijo nos lábios que fez revirar os olhos. Quando apenas as duas se encontravam na sala, não conseguiu conter sua curiosidade para saber o motivo que passou os documentos para .
- A ideia foi dele. - a resposta a surpreendeu. - Ele disse que não queria que você pensasse que ele havia feito de propósito ou algo do tipo, então insistiu para que eu fosse almoçar e disse que cuidaria de tudo. - continuou, passando os olhos pela mesa da CEO. - E pelo que vejo, conseguiu. Não acreditei que ele conseguiria fazer tudo em apenas uma hora e meia e muito menos ter tempo para almoçar.
Almoçar. A CEO se deu conta de que talvez não tivesse tido tempo para comer, já que tinha quase cem por cento de certeza que roubou o seu almoço. Assinou o documento que segurava e saiu da sala.
Não demorou para chegar no restaurante, entrando e ponderando o que deveria comprar. Sabia que o mesmo gostava de comida chinesa e mexicana, mas o único restaurante perto da empresa era português. Mesmo assim, colocou algumas comidas variadas e voltou para Crystal Entertainment.
Entrou na sala de depois de uma batida, encontrando apenas o homem.
- Hum… Pensei que poderia estar com fome. - falou, depois de pigarrear e estendeu a sacola para o mesmo.
não teve coragem de dizer que já havia almoçado, aceitando o que ela lhe entregava. Foi a primeira vez que ela sorria genuinamente para ele e ele gostou da sensação. virou-se para voltar ao seu escritório, mas escutou-o chamar.
- Sim? - voltou os olhos para o homem. - Tem alguma dúvida sobre o trabalho?
- Não, não é isso. É… - arrependeu-se de chama-la no exato momento. Ela o acharia invasivo se perguntasse o que tinha em mente e ele já causara problemas demais para um dia.
- Não pense em desistir da pergunta. - interrompeu seus pensamentos. - Eu conheço esse tipo de expressão. Não tem problema, pode me falar, eu estou aqui pra isso. - continuou, aproximando-se da mesa. - Eu sei que deve estar sendo um pouco corrido para você, muitas coisas para assimilar e sem contar que preciso de ajuda extra como secretário. Sendo sincera, eu achava que você não duraria um dia. - olhou para o quadro na parede ao lado. - Estava errada e admito. Talvez isso possa funcionar, mas tenho que ter certeza que as duas partes estão cientes do trabalho e que estão dispostas a se dedicar a ele.
- Porque você é noiva do esnobe daquele programa culinário? - interrompeu, sentindo que explodiria se não perguntasse.
piscou algumas vezes antes de responder. Realmente não esperava pela pergunta.
- Ah… Bom… - e novamente percebeu. Ela não sabia o porque estava com . Não entendia porque havia dito sim ao pedido. Bem, talvez pelo seu pai.
- Normalmente as pessoas respondem “porque eu o amo”. - comentou , levantando da cadeira e contornando a mesa, apoiando-se na mesma e ficando de frente para ela.
- Bom, isso também. - mentiu. E podia ver em seus olhos. - É complicado.
- Não deveria ser. - retrucou e notou a diferença de postura e como a conversa estava ficando mais íntima do que gostaria. - Você ao menos se sente atraída por ele?
Silêncio. Os olhos negros encaravam os lábios rosados do homem e algo dentro da CEO deu um pulo. Engoliu em seco, desviando o olhar.
- Preciso fazer uma ligação, com licença. - ignorou a pergunta e retomou o caminho para sua sala.
Mas seu braço foi segurado antes. Virou-se para trás, encontrando o homem muito mais próximo do que antes, podendo se afogar no cheiro que emanava de sua pele.
- O jeito que ele te trata. - murmurou , encarando os olhos enigmáticos da mulher. - Eu não preciso te conhecer por anos para saber que você nunca deixaria alguém te tratar dessa maneira. Mas mesmo assim está com ele.
- Não é da sua conta quem é meu noivo, você está passando dos limites. - afirmou a CEO, a voz menos estável do que gostaria.
- Você merece muito mais do que isso. - continuou, afrouxando os dedos no antebraço da mulher. O arrepio que subiu pelo corpo de ambos foi sutil, os dedos de mal a encostando. - Pela manhã, quando acorda, você acorda feliz?
- E você? - retrucou, entrando na defensiva. - Está tão interessado na minha vida pessoal que posso apostar que não tenha nada de melhor para focar.
- Se você me deixasse te mostrar como o mundo pode ser diferente. - murmurou, sem perceber o que acabara de falar em voz alta. Seus pensamentos escapulindo aos poucos.
- Até onde eu saiba, você não sabe o que é ter responsabilidade e comprometimento. Não me admira achar que isso torna a vida mais prazerosa. - retrucou, afastando-se do mesmo.
- Talvez. - concordou, dando de ombros e se dando conta que talvez ela saiba de seu histórico como CEO da YouBeauty Inc. - Mas e você? Você não sabe o que é ter diversão. Não sabe o que é sair sem preocupações. Seu celular nunca está desligado, eu aposto. Está sempre à espera de mais e mais trabalho, fugindo da própria vida. Tem medo de chegar em casa no fim do dia e encarar sua realidade.
- Cuidado. - alertou, parando na porta. - Continuo sendo sua chefe e minha paciência com garotos espertinhos está se esgotando. - respirou fundo, arrependendo-se de ter lhe trazido comida. - Você afirma coisas como se soubesse quem eu sou. A questão é: você não sabe. Não sou uma das mulheres que você conhece durante suas saídas. Eu tenho meu trabalho e é o que me faz feliz. Não preciso sair pra encontrar felicidade, como você. E aposto que mesmo assim, continua um vazio quando se encontra sozinho. Eu não sou idiota, já vi vários como você. O único motivo que está aqui é porque eu percebi como acha que irá funcionar. E eu realmente espero que sim, porque estava começando a acreditar. Mas não pense que é insubstituível. Ninguém é.
Com isso, a CEO deixou-o sem mais delongas. Assim que chegou em sua sala, fechou a porta e escorou-se na mesma. Respirou fundo, sentindo o peso das palavras que lhe foram ditas. O pior era o sentimento de entendimento, porque ela sabia que era verdade. Mesmo que nunca admitisse para o mais novo. não estava diferente, sabia como era e que tudo que ela havia dito era verdade, mas o que mais o fez se odiar foi o fato de ter colocado em risco o emprego que tinha. Precisava provar para seu pai que podia se virar sozinho e nada melhor do que se tornar o COO de uma empresa desse porte.
Subestimou sua importância por pensar estar construindo algum tipo de laço com a mulher. E as palavras da mesma foram como um balde de água fria. Os dois precisavam escapar de seus próprios pensamentos e já tinham em mente do que fariam.
~~*~~

Quando adentrou o recinto, eram 6:30 da tarde. A senhora quase soltou um gritinho ao reconhecer o homem. Faziam pelo menos três anos que o mesmo não visitava o lugar e os funcionários sentiam falta de um dos dois voluntários mais queridos por ali. Ela mostrou todos os novos animaizinhos que se encontravam ali, enquanto contava a história de como Ginger, o cãozinho que resgatou anos atrás, havia conseguido encontrar uma família maravilhosa.
ficou feliz em saber que a maioria havia encontrado um lar, mas ao mesmo tempo ficou triste de quantos novos estavam ali, à espera. Seu olhar encontrou com um gatinho, era uma das coisas mais adoráveis que ele já havia visto.
- Ah, vejo que encontrou o ! - exclamou Dorothy, a senhora que cuidava do estabelecimento, com um sorriso. - Foi encontrado em uma casa abandonada e em condições horrendas. - continuou, adquirindo uma expressão triste ao lembrar-se. - Se não fosse por não sei o que seria dessa figurinha.
- ? - perguntou, arqueando a sobrancelha. - Pensei que não houvesse nenhum funcionário novo.
- é voluntária aqui, vem quando pode, já que é muito ocupada. - explicou, acariciando a cabeça do gato. - Ela se apegou bastante ao pequeno, não entendo por que não o leva de uma vez.
- Imagino que ele tenha se apegado a ela também. - murmurou, aproximando a mão do serzinho, deixando-o cheirar antes. - Ele perdeu a perna?
- Tivemos que amputá-la. - falou, enquanto pegava as rações, já que estava na hora da janta dos bichinhos. - Como eu disse, se não fosse pro , ele não teria sobrevivido, a perna estava quase completamente cortada e havia perdido muito sangue. Ela achava que ele já estava morto, mas antes que fosse embora, ouviu o miado.
suspirou, não entendia como as pessoas conseguiam ser tão cruéis com bichinhos tão amorosos. O homem ajudou Dorothy a colocar comida e encher as tigelas de água, estavam a algum tempo ali, enquanto os outros dois estavam na recepção. Escutaram a sineta tocar, avisando que alguém havia entrado no abrigo quando já era quase 7:30 da noite.
- ! - escutou Joanne exclamar e remexeu-se do chão. Queria conhecer a voluntária que todos pareciam adorar e não paravam de falar.
- Oi, Jo. - respondeu a voz extremamente conhecida. - Desculpa não ter vindo nessas últimas semanas, tem sido uma loucura.
- Tudo bem! Nós sabemos como você é ocupada. - foi a vez de Kyle falar, com entusiasmo na voz. Dorothy olhou para que brincava com enquanto olhava, de vez em quando, para a porta da ala onde os animais ficavam.
- Vocês já os alimentaram? - perguntou e os dois escutaram passos.
- Ah! você não sabe! - disse Jo, com uma animação fora do comum, enquanto caminhava com Kyle e até a porta onde Dorothy estava.
- achou um lar? - retrucou, depressa.
- Não, infelizmente… Mas você lembra do homem que eu sempre te falei que costumava ser voluntário? - olhou para a mulher com um sorriso.
- O que não aparece há uns três anos? - viu Joanne assentir. - O que tem ele?
- Ele apareceu! Está aqui hoje, foi alimentar os bebês com a Dorothy! - chegaram à porta e Joanne a abriu com pressa.
- Oh, é mesmo? Isso é bom. - riu do entusiasmo da mais nova. Joanne era a funcionaria mais nova, com 24 anos, já trabalhava no abrigo por cinco anos. - Vou finalmente conhecê-lo.
Adentrou o espaço depois de Kyle e o barulho já era mais audível. Agachou-se como pode quando um novo cachorro estava vindo cheirá-la. Estava usando sua roupa social, já que veio direto do trabalho.
- Oi, bebê. - falou com a voz que todos riam quando ela fazia. - Quem é você?
- Dorothy disse que ainda não tem nome. - ouviu a voz do homem e paralisou. - Não sabia que você gostava de animais.
A mulher levantou os olhos encontrando ninguém menos que sentado com em seu colo. Abriu a boca duas vezes, mas acabou por não saber o que dizer.
- ? - perguntou, franzindo a testa.
- Saiu mais cedo hoje, chefe. - sorriu de lado, voltando a atenção para o gato que agora saía de seu colo e corria em direção da morena.
- Oi pra você também. - o sorriso da CEO foi genuíno enquanto encostava a cabeça em sua mão. - Não foi dessa vez que você conseguiu uma casinha, meu anjo?
Era incrível de ver a relação dos dois. Era como se o gato entendesse o que a mulher dizia e a respondesse com miados. E o amor que emanava fez sorrir novamente.
- Espera um pouco. - disse Joanne, confusa. - Então vocês dois se conhecem e é sua chefe?
riu da expressão dos três amigos. E explicaram que estava fazendo uma semana teste em sua empresa, enquanto brincavam com os bichinhos. Depois de uma hora, o expediente havia acabado, obrigando os dois a saírem, depois de colocarem os animais de volta em suas casinhas. não estava de carro, já que morava perto da empresa, então pegou o metro para chegar ao abrigo que ficava do outro lado de Manhattan. Os dois caminharam lado a lado até a saída e antes que pudessem falar qualquer coisa, ouviram o estômago da CEO roncar.
olhou-a, acabando por rir.
- Ainda não jantou? - perguntou, colocando as mãos no bolso.
- Não, queria vir para cá primeiro. - a mulher riu baixo, olhando para a faixada do prédio.
- Se não tiver nenhum plano, eu conheço um restaurante ótimo. - os dois se entreolharam, mas por fim, assentiu. - Tudo bem, meu carro está logo ali.
Caminharam em silêncio. O clima continuava tenso desde mais cedo e nenhum dos dois tinha coragem de começar uma conversa. Ambos sabiam que precisavam desculpar-se, não importa com quem está lidando, você nunca sabe o que a outra pessoa está passando, então qualquer coisa pode acabar ferindo os sentimentos. E mesmo não admitindo e sabendo da verdade, tanto quanto haviam se magoado.
Entraram dentro do carro e dois segundos depois do homem o ligar, uma música alta começou a tocar, assustando ambos.
- Desculpa, é… Eu… - começou a apertar os botões rapidamente sem mudar coisa alguma. A CEO observou o homem desesperadamente tentar desligar o pop que ouvia, se não se enganava era uma das novas músicas da Ariana Grande. Depois de duas tentativas, na terceira, a mulher não conseguiu segurar a risada.
- Você não conhece o próprio carro, não? - perguntou, alcançando o botão do volume e diminuindo a música. - Ou está envergonhado da música?
- Minha… Hm… Minha prima estava no carro antes e…. - começou a inventar uma desculpa, mas foi interrompido pela risada da mulher e os olhos vidraram naquela expressão.
- Não precisa ficar com vergonha, não estou rindo de você. - disse, depois de se acalmar. - Ela é supertalentosa e as músicas são incríveis. Não se envergonhe dos seus gostos, .
- Ah… É, eu sei. - murmurou, colocando o cinto e rindo baixo. - Você gosta?
- Não costumo ouvir muita música, mas gosto dela. - respondeu, olhando pela janela.
- Não, calma aí, você não escuta música? - olhou-a perplexo. - Meu Deus, !
- ? - arqueou a sobrancelha, levemente envergonhada por ter descoberto seu apelido no abrigo.
- Sim, vou chamá-la de de agora em diante. - tirou sarro, fazendo-a revirar os olhos. Mas sorrir. - Mas falando sério, você não costuma ouvir música porquê?
- Não tenho tempo. - deu de ombros.
- Mas… - murmurou, concentrando os olhos na rua, já dirigindo até o restaurante. - Música é uma ótima maneira para relaxar os nervos.
concordou com a cabeça e o resto do caminho foi silencioso, mas agora o clima não estava tenso.
~~*~~

ouviu um barulho irritante, se repetindo, sem parar. Sua cabeça estava doendo e percebeu que o sol já entrava por entre suas cortinas. O que era estranho porque normalmente as seis horas da manhã costumava ter menos claridade dentro de seu quarto. Novamente escutou o barulho e notou ser seu despertador. Não gostava de ouvir seu alarme tocar, significava que um novo dia estava começando, mas que seria como todos os outros. Mas hoje foi diferente. Era como se fosse um aviso que o veria. A mulher balançou a cabeça e se livrou dos pensamentos. Os olhos se arregalaram quando viu que já passava das nove da manhã.
Quando levantou da cama, quase caiu por conta das suas roupas e sapato da noite passada estarem esparramadas ali. Felizmente estava sozinha, não lembrava de nada depois de ter saído do abrigo com . Oh meu Deus, com !, pensou a CEO, enquanto ligava o chuveiro para tomar banho rapidamente, já aproveitando e tirando a maquiagem do rosto para poder fazer a nova. Esperava que nada tivesse acontecido ou que ela não tivesse falado nada de estranho, nem que tenha comentado sobre o novo projeto. Deus, ela estava enlouquecendo e aquilo só aumentava sua dor de cabeça.
Depois de colocar o primeiro conjunto que achou e maquiar-se o melhor que pode, pegou sua bolsa e correu para o elevador. Desde que fundou a empresa, nunca havia se atrasado, nem uma única vez. Não acreditava que tinha sido tão inconsequente, parecendo uma adolescente de 16 anos.
Chegou na empresa como um furacão, acumulando olhares surpresos em sua direção. já havia ligado mais de 20 vezes e estava ligando mais uma quando viu a CEO saindo do elevador.
- ? O que aconteceu? Eu já estava preocupada! - exclamou a loira, guardando o celular.
- Não se preocupe, estou bem, só… Me atrasei. - falou, acariciando a barriga da amiga. - Bom dia, preciso de um Advil.
- Vou pedir para levar junto com seu café da manhã. - retrucou e notou os olhos da amiga se arregalarem.
- ? Não, não precisa, pode ser você mesmo. - sorriu, voltando a caminhar. - Me lembre da reunião no restaurante com o grupo japonês.
- Pode deixar. - respondeu, ainda convencida de que algo havia acontecido. A aparência de não parecia afetada por qualquer coisa que tenha feito na noite anterior, mas ele certamente estava inquieto.
Voltou para sua sala onde o mesmo se encontrava e avisou que a CEO havia chegado. relaxou instantaneamente. Estava preocupado já que ela não tinha aparecido e ele lembrava-se de boa parte da noite anterior.
Eles acabaram bebendo demais enquanto comiam, nunca pensou que teriam tanto em comum, sendo tão diferentes. Pareciam uma máquina de conversas, sempre que um assunto acabava, outra já era iniciado. Seja sobre paraquedismo ou o novo jogo de terror que seria lançado e ambos estavam animados. Estava tudo sobre controle até eles começarem a falar sobre gatos e o abrigo. Os dois são extremamente apaixonados pelos bichinhos e voluntários no mesmo abrigo, que era uma coincidência incrível, ambos concordaram. Em toda Manhattan, ambos voluntariaram no mesmo lugar. Ironia do destino.
A partir daí, não lembra quantas taças (ou garrafas) de vinho haviam ingerido. Algumas das conversas eram ainda abstratas, mas várias ele lembrava com detalhes. Compartilharam sobre suas famílias e ele ainda não acreditava que havia lhe contado sobre sua mãe e o acidente. Ele estava presente com ela.
Fechou os olhos por breves segundos antes de ouvir o chamar para levar o café para a CEO.
Sua culpa pela morte da mãe nunca havia se dissipado por inteiro, por isso tinha suas sessões com Sebastian. Ele costumava ser um amigo próximo da família e é psicólogo, estava mais que disposto em ajudar. Mas preferia lidar com isso sozinho, mesmo que isso signifique ignorar. Lembrou de como o olhar de mudou quando o mesmo estava contado sobre aquela noite. Ela sentiu pena e ele sabia disso, mas nunca considerou um sentimento ruim. Ele via como empatia. sentia-se triste com ele e mesmo vendo seu lado mais vulnerável, continuou ali, escutando.
Talvez tenha sido o vinho.
Depois que o café da manhã estava pronto, pegou os comprimidos e um copo d’água, seguindo para o escritório. Bateu na porta duas vezes antes de ouvir um fraco “entre” da chefe. Os olhos de se ergueram encontrando os de que caminhava em sua direção.
Era estranho, pensava que se sentiria envergonhada ou desconfortável estando no mesmo ambiente que ele hoje. Sabia que pelos seus sintomas, eles haviam bebido mais do que deveriam em uma quarta à noite. Mas ao mesmo tempo sentia-se confortável na presença do homem e sentiu a cabeça doer por forçar-se a lembrar dos acontecimentos da noite passada, não tendo sucesso mesmo assim.
- Bom dia. - cumprimentou o mais novo, recebendo um aceno de cabeça em resposta. - Não se force a lembrar agora, trouxe o medicamento que pediu. Tome e tente focar na reunião ao meio dia, eu sei que é importante pra você. - continuou, fazendo a mulher olhá-lo nos olhos, com dúvida estampada neles. - Eu posso te contar tudo que aconteceu ontem hoje à noite, mas antes que você force ainda mais essa cabecinha, não aconteceu nada entre nós. Eu tenho plena consciência que você tem um noivo e também nunca forçaria nada que você não quisesse.
- Tudo bem, mas hoje, nada de bebidas. - concordou a CEO dando um sorriso de lado. - E eu vou escolher o restaurante.
~~*~~

- Parabéns! - disse , saindo do próprio carro e sorrindo para a mulher. - Finalmente fechou o contrato.
- Obrigada. - respondeu , rindo. - Ainda não acredito que te contei sobre o projeto.
- Seu segredo está guardado. - brincou o homem, cruzando os dedos e beijando como prova, fazendo-a revirar os olhos. - Então, comida brasileira? Não achava que você gostasse.
- Uma das minhas preferidas, pra falar a verdade. - riu, ajeitando a bolsa no ombro e seguindo o homem até a entrada.
- Outra coisa em comum? Já estou quase te pedindo em casamento. - falou, abrindo a porta para a mesma. sentiu as bochechas esquentarem.
- Tarde demais. - murmurou e riu baixo.
Sentiu a presença de atrás de si e sua mão em suas costas enquanto acompanhavam a mulher que os levavam até uma mesa contra a janela. Depois de fazerem seus pedidos, começou a contar sobre tudo que ele lembrava, regando a noite de risadas e acontecimentos vergonhosos sendo trazidos à tona.
- Deus, eu não acredito que disse isso! - riu a CEO, escondendo o rosto.
- Assim, eu sabia que era lindo, mas ouvir isso de você foi outro nível. - sorriu sacana fazendo a mulher lhe jogar um guardanapo.
- Ok, pelo que entendi, compartilhamos a vida de cabo a rabo. - assentiu. - Bem, isso é estranho.
- É. - riu sem graça. - Agora você tem a confirmação de que eu sou um garoto mimado.
observou-o remexer a comida no prato. Durante o jantar, sua memória foi voltando aos poucos, com a ajuda do homem descrevendo as conversas e histórias. E ela não tinha dúvida de que fora uma das noites mais divertidas da sua vida. Não acredita e nem sabe o porquê de ter compartilhado tanto para alguém que ela considerava tão irresponsável. Riu com o nariz. Não, ela não o considerava aquilo. Ao menos não mais.
- Tiraram seu sonho de você. - ela deu de ombros, focando no seu prato. - Sua mãe não estava mais lá e você não sabia o que fazer. Não é sua culpa que sua vida acabou virando algo regado a dinheiro e não ter o poder de escolha. Mas agora… Você poderia pegar essa oportunidade e tomar sua vida de volta.
Não obteve resposta e tudo bem, sabia que não era fácil porque em certos pontos, se sentia da mesma maneira.
- Você também. - respondeu, depois de um tempo. - Está com medo de se lançar totalmente no design de jogos quando deveria estar orgulhosa. Você está não só realizando um sonho seu como dando oportunidade para várias outras pessoas. Como Will. - continuou e a olhou, mesmo sabendo que não estaria o encarando porque ele a conhecia. E era assustador para ambos perceberem. - Você… Você me falou algo ontem.
- Hm? - murmurou, confusa. Achava que ele já tinha lhe contado tudo que conversaram.
- Você… Você me falou sobre . - disse e agora, tinha os olhos da morena em si. - Eu sei que você não quer falar sobre, mas eu preciso te dizer uma coisa. A sua felicidade vem primeiro sempre. Eu entendo que seu pai quer te ver casada e que você achou conveniente estar com . Mas ele é um babaca e não só no geral. Com você é pior e nada no mundo vai me convencer que você merece isso. - concluiu, franzindo a testa. - Você é uma mulher incrível e dona de si. - suspirou, olhando para o próprio prato e desfrutando do silencio por uns segundos. - Já percebeu como todo dia parece o mesmo? Eu me sinto assim. Bem, pelo menos me sentia até entrar para Crystal. - riu baixo. - Era como se todos os dias fossem cinzas e eu só estava ali existindo. Não importava o lugar que eu fosse, as praias que eu visitava ou as trilhas que fazia. O vinho que estivesse bebendo ou a mulher que estivesse na minha cama. Nada era algo que me fazia realmente… Eu não sei. - olhou para a CEO que agora o encarava intensamente. - É só que eu não me importo de ouvir o despertador tocar as seis horas da manhã. Eu gosto. O mundo começou a ganhar cor de novo e eu sinceramente não entendo nada do que está acontecendo. Eu só quero que continue assim. Porque eu não aguentaria voltar a viver em um mundo sem isso.
descolou os lábios para falar algo, mas seu telefone tocou. O nome de na tela. Olhou para por breves segundos antes de desligar o celular. Surpreso não era suficiente para descrever o que o moreno estava.
- Você está certo, sabe? - riu a mulher, escorando as costas na cadeira. - odeia . Ela não precisa me falar para eu saber. Acho que ela é uma das únicas pessoas próximas a mim. E o pessoal do abrigo. E agora… Agora você. - olhou para as mãos sem saber o que falar em seguida, tentando relaxar novamente. - Eu sempre fui focada nos meus objetivos. Não saía muito para festas, nem encontrava muitos garotos. Não me fez falta, pra falar a verdade. É… É estranho pra mim. Me aproximar de pessoas. E então tem meus pais. Eles não são pessoas ruins, sabe? Eu sei que meu pai tem todas as boas intenções do mundo. Mas ele não entende que tenho o peso de uma empresa nos meus ombros que quase não me deixa ter uma vida social normal. - fez uma pausa, balançando a cabeça. - Ok, eu sei que sou obcecada com trabalho. Eu deveria mudar isso também. - remexeu no anel de noivado. - E por fim, apareceu na minha vida. Não me lembro como, talvez em uma das festas de parcerias que a empresa tem. E parecia a oportunidade perfeita para acabar com dois de meus problemas. A imagem de CEO mal-amada e meu pai querendo que eu casasse.
- Vamos fazer um pacto? - perguntou , depois de um tempo e os dois se olharam. - Vamos nos permitir ser felizes e fazer o que gostamos.
Ela sorriu e o sorriso se abriu ainda mais quando o viu estender o mindinho. Riu, estendendo o seu, mas antes que pudessem se tocar, disse.
- Concordaria sob uma condição. - disse a mulher e ergue uma sobrancelha. - Escreva uma música para trilha sonora do jogo.
Surpreso pela segunda vez na noite.
- Eu… O què? - murmurou, desnorteado. - Eu não toco piano há anos e eu… Não… eu…
- Porque você não volta pra faculdade? - ignorou-o e pendeu a cabeça pro lado. - , você não precisa voltar para o seu pai. Trace o destino de sua vida você mesmo. Agora você tem trabalho e pode se sustentar sozinho.
- Mas e depois… E quando eu me formar? Você não vai ter ninguém e… - foi interrompido novamente.
- Isso vai ser daqui há alguns anos. - riu a mulher. - E eu garanto que encontraria alguém.
apareceu nos pensamentos de , mas preferiu não dizer. Tudo estava indo muito mais rápido do que o previsto e teriam tempo para discutir. Olhou para a mão da mulher, que continuava no mesmo lugar, e respirou fundo.
- Ok. - concordou e os dois entrelaçaram os dedos mindinhos.
~~*~~

Seis meses. Seis meses se passaram desde o jantar que mudou a vida de duas pessoas. estava com a agenda lotada desde que havia retomado a faculdade. Equilibrava o trabalho com os estudos e acabou se aproximando bastante de Will, que era o designer do jogo que lançariam daqui alguns meses. Com a ajuda dele e de seus outros amigos, os quais incluíam , e , voltou a fazer terapia. O que o ajudou muito também, mesmo tendo seus momentos difíceis. Não falava com o pai há bastante tempo e esperava que algum dia a relação deles pudesse voltar a ser o que era quando o mesmo era criança. E tinha sua chefe. Foi impossível negar o sentimento que crescia cada vez mais dentro do peito de . Ele estava completamente apaixonado pela morena. Era uma tortura vê-la todo dia e não poder beijá-la. Sua agonia já havia ultrapassado a parte que doía não poder lhe contar. Agora era uma batalha interna vê-la e não poder tocá-la da maneira que ele gostaria. Céus, ele sempre soube que ela era linda. Mas parece que a cada dia ele encontra uma nova característica ou uma nova parte de seu corpo que é lindo.
decidiu contratar um secretário. O que diminui o trabalho que tinha, assim fazendo com que o mesmo conseguisse balancear entre o trabalho e a faculdade. Terminou seu noivado com e várias revistas estamparam sobre a notícia. não havia aceitado numa boa e passou pelo menos dois meses perturbando-a, mas já fazem três que não o viu mais. Isso ajudou o público a ver como o homem era manipulador e vários sites de fofoca acabaram desmascarando a imagem de queridinho que ele pregava. também era vista diferente dentro da empresa. Talvez por ela ter começado a sorrir mais. Ela não sabia. Mas tudo parecia ter mudado. Seus pais a visitaram, já que haviam se mudado para a Flórida alguns meses atrás e foi quando tiveram uma conversa franca. Seu pai não tinha ideia de como colocava pressão na filha e isso só comprovou como a falta de diálogo afetava na vida dos dois. No fim, ele entendeu a escolha dela e ficou feliz em ver sua filha buscando a própria felicidade. visitava bastante com a bebê que era madrinha e alegrava vários dias dos funcionários da Crystal Entertainment. Se apaixonar por foi inevitável. E parecia que a cada dia ele a torturava de uma forma diferente. Seja pela sua personalidade ou pela sua beleza e isso já estava deixando a CEO de cabelo em pé.
Nas últimas semanas os dois estão em pé de guerra. Era quase como se tivessem voltado para o dia que se conheceram no café e revivessem todo o santo dia. Discussões e alfinetadas durante o trabalho, mas ainda assim se encontravam quando saíam com os amigos. falava que todo esse estresse era tensão sexual. E podia pular no pescoço da amiga, porque ela não tinha como concordar mais. Mas o que ela poderia fazer em relação a isso? Nada.
Hoje teriam outro jantar, mas seria a primeira vez que iriam ao apartamento de . Todos os outros já haviam sido usados diversas vezes e finalmente os convenceu de fazer no seu. havia voltado para a casa e sentia-se um pouco sozinho, já que havia se acostumado com o colega de quarto e sua gatinha.
finalmente tinha um lar. Foi uma das primeiras coisas que fez depois da promessa que fez com . Adotou o gatinho e está pensando em adotar Judy, uma gata que acabou de ser resgatada e está em processo de cura dos ferimentos e de acompanhamento antes de poder ir para uma nova casa. Foi o que fez perceber que algo havia mudado e uma semana depois entregou o anel de volta para o homem. Não gosta de lembrar ou pensar nos acontecimentos daquele dia ou dos dois meses seguintes porque não era agradável e muito menos importante. Estava feliz agora e era tudo o que importava.
Faltava menos de duas horas para o jantar e decidiu se arrumar. Tomou um banho, lavando o cabelo e ouvindo o novo álbum de Taylor Swift. Lover tocava e ela se encontrava em paz.
Era engraçado pensar em sua rotina atualmente. Todos os dias ela acordava gostando do som do seu alarme. E nos primeiros meses era completamente estranho se sentir dessa maneira porque fazia tantos anos que não sentia algo parecido. Fazia sua higiene matinal escutando música e com sentado na pia a observando. Preparava um chá antes de sair e colocava em um copo térmico que havia ganhado de , sorriu ao lembrar do dia que recebeu o presente. E então mantinha toda sua rotina no trabalho intacta, mas agora saía do trabalho no final do expediente, às seis da noite, como os outros funcionários e se ficasse até mais tarde, nunca passava das sete da noite. Durante a noite, eram diferentes rotinas.
Descobriu seu amor por pintura, então sempre que podia, aprendia algo a mais sobre o assunto. Algumas noites tirava para descansar e curtir dentro da banheira com uma taça de vinho, ou apenas vendo alguma série. Outras decidia sair para passear, seja uma caminhada no parque, um bar ou uma visita a sua amiga. Podia dizer que estava vivendo o melhor momento de sua vida.
Mesmo que sentisse que falta algo. Alguém. .
Saiu do chuveiro e logo pode ouvir o miado de vindo da sala. Trocou de roupa pelo menos três vezes até decidir que usaria um vestido bordô soltinho e sem mangas. Era leve e bom para uma noite agradável. Calçou sua sapatilha preta e parou no espelho decidindo que não faria maquiagem. Afinal, era uma noite de amigos, não um jantar de negócios. Secou o cabelo e colocou o colar que ganhou de presente no seu aniversário. De . Sorriu, passando os dedos por cima do mesmo.
~~*~~

As risadas contagiavam o ambiente, já haviam terminado de comer e se encontravam na sala, bebendo cerveja. preferiu ficar no refrigerante, já que o marido estava bebendo e alguém precisava cuidar do bebê. trouxe e quase morreu de amores ao conhecer a gatinha. Estavam em sete adultos e um bebê. Will trouxe sua namorada, Hanna, para finalmente conhecer seus amigos e todos adoraram a garota.
Não demorou muito para que começassem a ir embora. Já passava da 1:30 da manhã. e a família foram os primeiros e riu dizendo um “boa sorte” ao ver a amiga carregando um bebê adormecido e um marido quase desmaiado. tem um lugar especial no céu, certeza, pensou a morena.
Em seguida e sua gatinha, e por fim, Will e Hanna.
Quando voltou do banheiro, notou ser a única pessoa que restava no apartamento de e suspirou. Eles tinham uma regra de que a última pessoa que fosse embora, deveria ajudar o dono da casa a arrumar a bagunça.
Procurou pela sala, mas não o encontrou, dando de ombros e começando a pegar as garrafas vazias.
- Não precisa fazer isso, eu dou um jeito amanhã. - murmurou , fazendo a mulher dar um pulo.
- Regras são regras. - a mulher deu de ombros, voltando-se para a mesa de centro novamente.
Sentiu a mão do homem segurar seu cotovelo. Virou-se para encará-lo.
- Não precisa. Pode ir embora. - afirmou e percebeu que ele não queria sua companhia.
- O-Oh… Tudo bem. - respondeu, olhando para o chão, largou as garrafas na mesa e quando endireitou-se o viu ainda na mesma posição. Poucos centímetros da mesma.
sentiu-se pequena. Já era difícil o suficiente nutrir sentimentos por um homem mais jovem, com todas inseguranças e incertezas, agora se apaixonar por um funcionário? Era uma batalha todos os dias. Talvez seja por isso que os dois briguem tanto. já não sabe mais o que fazer para afastar esses sentimentos.
Moveu-se para o lado e caminhou até a entrada, onde sua bolsa estava pendurada no cabide.
- Você vai simplesmente ir? - perguntou o homem, visivelmente incomodado.
- Ok, , chega. - disse se virando, seu coração apertado. - Caramba, eu não entendo você! Uma hora estamos ok, na outra brigamos. Me manda embora e me pergunta porque estou indo. Eu não leio mentes, merda. O que você quer?!
Silêncio. fechou os olhos contando até três. Não queria outra briga, já lutava contra as lagrimas e era o suficiente. Quando os abriu novamente, estava em sua frente. Droga, pensou ela,*perto assim ele vai perceber.
viu seus olhos marejados e o instinto de protegê-la gritava em seu peito. Apesar de ter quase certeza que essa agonia era causada pelo mesmo. Ao menos agora. Olhou para as próprias mãos, incerto se o que estava prestes a fazer arruinaria tudo ou não.
- Você. - murmurou. - Eu… Eu quero você.
estava com a boca entreaberta de surpresa. Ele a queria e acabara de confessar, sua falta de resposta fez o homem a encarar. A CEO conseguia ver todas inseguranças dançando nos olhos do moreno, mas estava estupefata demais para responder.
- Eu entendo, hum, que você não sinta o mesmo. - continuou, olhando para o chão. - Porque uma mulher como você se apaixonaria por mim, não é? E… Sim, não é apenas querer, eu… Droga, eu estou apaixonado por você, . - sentiu a mão pequena da mulher em seu antebraço.
- Eu… - começou a falar, mas ele a interrompeu.
- Não precisa… Eu sei que agora você provavelmente está com pena ou algo do tipo e hum… Eu não estou pedindo para me amar também, sabe? Eu só… Estou cansado de esconder. Eu tinha medo de que estragaria tudo, digo, nossa amizade. E até mesmo o andamento das coisas na empresa. - mordeu o lábio, olhando para o lado. - Mas eu percebi que estou fazendo isso mesmo não confessando que estou apaixonado. Nossas brigas constantes por motivos banais… Eu estou no limite e… Me desculpe,
- Eu estou apaixonada por você. - falou, rápido, mas em alto e bom som. Os olhos de voltaram-se para a mulher.
- O quê? Você… - o sorriso crescente no rosto do homem fez com que a CEO corasse.
- Eu estou apaixonada… - começou a falar, mas fora interrompida.
Não que ela fosse reclamar.
Os lábios de chocaram-se contra os da morena. Ela quase podia ouvir os fogos de artificio. Iniciou-se um beijo calmo e cheio de sentimentos, sorrisos entre mordiscadas nos lábios. passou as mãos envolvendo a cintura de e a mulher deixou a bolsa cair no chão, envolvendo o pescoço do mais novo.
O beijo foi se tornando cada vez mais urgente, todos os meses de espera e agonia se unindo em um só momento. notou estar descalça quando o homem apertou suas coxas de modo que conseguisse a levantar, colocando-a no balcão da cozinha e abrindo suas pernas, encaixando-se ali. O som dos beijos era obsceno e o ambiente esquentou em questão de segundos. estava com as bochechas avermelhadas, o peito subia e descia depressa pela ansiedade de estar em contato com ela mais e mais.
grunhiu quando roçou os dentes em seu pescoço, espalmando a mão em sua bunda. Levou as próprias mãos para a barra da camiseta do homem, adentrando-a e sentindo a palma da sua mão em contato direto com a pele quente de , soltando um gemido manhoso. Traçou as costas do homem, conforme sentia os beijos molhados no pescoço, até que a camiseta estivesse praticamente fora de seu corpo.
entendeu o que a mulher queria e sorriu, descolando os lábios da pele cheirosa da mesma e retirando a camiseta por completo, revelando seu torso definido. Sentiu as pernas da CEO forcarem para fechar.
- Nope. - disse, trazendo as mãos para os joelhos da mesma, separando-os e acariciando suas coxas, cada vez mais perto de sua intimidade. - Eu quero você assim para mim.
- . - murmurou a mulher, jogando a cabeça para trás quando sentiu os dedos do homem erguerem seu vestido. Era um sentimento prazeroso demais e não pode deixar de comparar como a fazia sentir tudo enquanto não a fazia sentir nada.
- Droga, , você é tão quente. - sussurrou contra o pescoço da mesma, enquanto puxava a calcinha para baixo. - Levanta pra mim, bebê.
Merda. Porque ele falava de uma maneira que a fizesse querer ouvir de novo e de novo? Nunca havia gostado desse tipo de apelido, mas saindo da boca do homem a fez gemer baixo.
Apoiou-se nas mãos para erguer o corpo e livrou-se da peça intima. Os olhos se encontraram e num pedido silencioso, queria a permissão para poder tocá-la, mordeu os lábios assentindo. As mãos grandes do homem percorreram o abdômen da mulher, carregando consigo o vestido e sentindo que a mesma não usava sutiã. Grunhiu, jogando o corpo para frente e ouvindo o gemido manhoso de em seu ouvido, ao sentir o atrito causado pela proximidade.
- Porra, . - murmurou a mesma, depois de passar as alças pela cabeça, atirando vestido com as outras roupas.
Mas estava muito ocupado para responder, sua boca chupava o seio esquerdo da morena enquanto uma das mãos provocava o mamilo direito. A partir daí os gemidos da CEO não foram mais contidos. Era uma sensação gostosa demais para não aproveitar cem por cento. Enroscou os dedos nos fios macios de , enquanto a outra mão puxava a cintura para ter mais contato.
- Eu vou fazer você se sentir tão bem, amor. - ronronou contra o peito da mulher e trilhou beijos por toda sua barriga, até chegar em sua intimidade. Onde parou e encarou os olhos da morena.
O arrepio que subiu na espinha de ambos fora prazeroso. podia ver a mulher entregue para si, arfando e com o rosto avermelhado pelo tesão do momento. Já , tinha a visão mais obscena que já presenciara, entre suas coxas, com um sorriso faminto e sabia que ele iria fazê-la esquecer do próprio nome.
- Por favor, gatinho, anda logo. - murmurou, ainda com os olhos cravados no do homem e viu como o apelido agradou o mesmo.
E então ele a beijou. Um beijo lento e preciso, fazendo a mesma arfar, sem nem ao menos conseguir gemer. E continuou, não parando nem para tomar ar. Os barulhos que sua boca fazia contra a intimidade de só mantinha o ambiente quente e excitante. O quadril da CEO começou a movimentar-se involuntariamente, conforme acertava a velocidade e o ponto de prazer.
Quando o homem sentiu que ela estava relaxada, introduziu um dedo, lentamente.
- Oh, , por favor… - gemeu baixo.
- Hm? Falou alguma coisa, gatinha? - perguntou, repetindo o apelido usado antes.
- Eu preciso de você dentro de mim. - sussurrou, com a cabeça jogada para trás.
- Eu quero te fazer gozar com minha boca primeiro, bebê. - não contestou a isso, sentindo a língua de voltar ao seu lugar e o dedo dentro de si movimentar-se novamente. Logo três dedos se encontravam dentro da mesma e a velocidade aumentava a cada segundo.
- Isso, bem aí, oh, isso, eu… - o homem não deu espaço para a mesma finalizar a frase, aumentando ainda mais a velocidade e achando o lugar que lhe era mais sensível. Olhou para cima apenas para ver que já estava sendo encarado.
O gemido de combinado com todas as suas ações foi demais para a CEO, que arqueou as costas sentindo o orgasmo chegar com toda força. O homem não se moveu e continuou até sentir que a mulher havia voltado a si.
- Deus… - murmurou a mesma, enquanto sentia os beijos do homem subirem pelas coxas, barriga, pescoço até chegarem ao seu rosto. Sorriu, beijando os lábios do moreno e sentindo o próprio gosto.
- Deus? Nah, assim eu vou ficar me achando. - sorriu de lado, abraçando o corpo da mulher e mesma riu, batendo em seu braço. Sentiu o volume dentro das calças do homem. Não é possível que eu já estou excitada novamente, pensou ela, sentindo sua intimidade pulsando.
Cruzou as pernas entorno da cintura do homem e abraçou seu pescoço, beijando-o em seguida.
- Vamos para o quarto, gatinha. - afirmou, carregando o corpo da morena como se fosse uma pena.
Sentou-se na cama com em seu colo e conectou seus lábios novamente. A mulher já estava impaciente, havia meses que sonhava com ele estocando com força dentro de si. Desceu de seu colo e agachou-se em sua frente, abrindo a calça e o olhando, esperando que o mesmo a ajudasse.
ergueu o corpo e o despiu rapidamente, arfando ao ver o volume em sua cueca. Passou a boca por cima e ouviu um grunhido escapar por entre os lábios do homem.
- Droga, , eu estou tão duro… Eu preciso de você. - murmurou manhoso, fazendo a CEO sorrir.
Arrancou a cueca de uma vez, vendo o membro ereto ser liberto. Deus. Abocanhou-o sem delongas, ansiando senti-lo. perdeu o ar ao sentir a língua de provocando-o, lambendo sua fenda enquanto os lábios cobriam seu membro tão bem. Os movimentos eram lentos, mas precisos. Deixando cada vez menos são. Empurrou o quadril para frente, fazendo a mulher engasgar levemente, mas a mesma continuou, até sentir seu cabelo ser puxado gentilmente para cima. Levantou-se do chão, aproximando-se do homem e beijando seus lábios. Empurrou-o para a cama, passando as pernas entre seu tronco e debruçando-se sobre o mesmo.
A mão direita de procurava a camisinha no criado mudo, enquanto a esquerda apertava a bunda maravilhosa da CEO. Assim que achou, desenrolou em seu membro, enquanto sentia os beijos em seu abdômen. Então alinhou-se e sem avisá-lo, afundou em seu membro. Ambos soltaram gemidos sôfregos.
pensava estar no paraíso. Ver quicar em cima de si, era como se estivesse transando com uma deusa. Parecia bom demais para ser verdade.
- Estou perto… - murmurou minutos depois, a mulher já cansando do esforço. trocou suas posições, ficando por cima do corpo da CEO. Estocando fundo e lento, enquanto seus dedos massageavam o clitóris da mesma. - Oh,
- Vem pra mim, gatinho, goza pra mim. - sussurrou , mordiscando o pescoço do homem.
- Eu te amo! - se desfez dentro da camisinha, sendo seguido por ela momentos depois. Os dois respiravam pesadamente, tentando acalmar as batidas dos corações. piscou rapidamente, enquanto sentia o mesmo sair de dentro de si e jogar-se ao seu lado. - Desculpa, foi… Hum… Foi calor do momento, eu não deveria…
beijou seus lábios, o calando.
- Eu também te amo. - sussurrou, ambos sorrindo enquanto trocavam carícias. abraçou-a, sentindo a cabeça da mulher apoiada em seu peito e pensou que poderia viver o resto da vida apenas nesse momento.
- Vamos fazer uma promessa? - perguntou depois de um tempo em silêncio.
- Que tipo de promessa? - perguntou a mulher, erguendo a cabeça para o encarar. ergueu o mindinho e aproximou-o do rosto da morena, que riu.
- Que sempre vamos tentar de tudo para que o outro se sinta como estamos nos sentindo agora. - disse com um dos sorrisos mais lindos que já viu.
- Exaustos? - brincou a morena.
- Apaixonados. - retrucou, beijando a ponta do nariz da chefe.
- Apaixonados. - concordou, entrelaçando o seu mindinho com o do homem.
~~*~~

- Antes que você durma… Isso significa que agora eu sou seu namorado, certo? Porque eu não gosto de relacionamento aberto e eu disse que estou apaixonado e…
- Sim, , somos namorados…. Agora por favor vamos dormir, já são quatro da manhã.




Fim.



Nota da autora: Primeira fic que mando pro site e estou supernervosa, mas empolgada! Espero que gostem!



Nota da beta: Ah, eu amei demais essa história, Carol! Sério, a evolução dos personagens é ótima e estou simplesmente apaixonada! Amei demais mesmo e fico muito feliz por você ter participado do meu ficstape! Obrigada!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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