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Postada em: 09/08/2020

Capítulo Único

ergueu seus olhos cansados para a porta à sua direita, como fazia todas as sextas-feiras, quando o metrô passava por uma estação específica da zona sul carioca.
Ele retornava do trabalho, olhos moribundos em uma figura que se mexia em conjunto ao transporte. Nos outros dias da semana, sua viagem era sempre monótona, sempre cheia. Depois que passava por uma estação em que o tráfego desafogava, era um pouco mais suportável. Contudo, o verdadeiro momento de suportabilidade da sua rotina mundana era às sextas, naquela intersecção de corpos cansados e corpos renovados.
Às sextas, ele a encontrava.
A mulher das roupas caras, maquiagem perfeita, sorrindo para o seu celular.
Era com alguma ansiedade que ele pegava o metrô voltando do trabalho naquele dia da semana. Questionava-se se ele iria desencontrar com ela, atrasado ou adiantado demais. E, às vezes, ele realmente não a via. Podia ser por sua culpa, ou só porque ela decidira não ir para a tal festa ou boate que sempre ia.
não entendia como ela tinha tanta energia em seu ser para constantemente sair à noite. Talvez porque ele tinha se engajado no ritmo faculdade-trabalho-casa muito cedo, e a única energia que sobrava era usada para assar o seu bolo de cenoura com cobertura de chocolate.
Desde a primeira vez que a viu, sabia que era apenas uma mera coincidência estarem respirando o mesmo ar dentro do espaço fechado do metrô. Na verdade, não sabia por que ela sequer pegava transporte público. Era nítido que tinha dinheiro para pagar um Uber, até um motorista particular. Ele conseguia ver, mesmo à distância, que a menina só usava roupas e sapatos de marca.
Foi aquilo que o fascinou, se fosse sincero. Ela parecia uma boneca cara e delicada demais, que estava no lugar errado da existência.
O transporte lentamente parou na estação, e segurou sua respiração, à espera dela. Por alguma razão, ela sempre entrava pela mesma porta. Se o encontro entre os dois fosse ocorrer, é porque ela pegaria o vagão certo na hora certa.
Ele observou a porta se abrindo e alguns saindo para outros entrarem. Encostado na parede oposta, em um ângulo que o permitia ficar atento, mas não necessariamente olhando fixo, notou que, entre aqueles novos viajantes, não estava sua garota.
Quer dizer, não sua garota. Eles nem tinham trocado uma palavra, nem ao menos sabia o nome dela.
Deixou um suspiro escapar enquanto encostava-se novamente na parede, cruzando os braços. Tinha a impressão de que toda vez que a via podia ser a última e xingava-se mentalmente por não tomar coragem para falar com ela. Sabia que não era só porque ele reparado nela todas as vezes que haviam se encontrado que o inverso seria verdadeiro, mas, por Deus, como queria que fosse.
Ela parecia tão sem preocupações, sem problemas. Queria saber como era conversar com ela, ouvi-la, entender do que tanto ela ria no celular.
Vê-la sorrir para ele por alguma besteira que havia dito, completamente sem graça e com medo de estragar tudo.
Certo, aí ele já estava idealizando demais. sabia que, mesmo se arrumasse a cara de pau de importunar a mulher, isso não queria dizer que ela iria manter dois minutos de conversa com ele.
Estava deixando sua cabeça cair, mirando o chão do vagão, quando um vulto brilhoso capturou sua atenção na mesma hora em que a porta se fechava. Imediatamente ergueu novamente os olhos.
Era ela.
Fazendo uma entrada triunfal.
Mas é claro.
A mulher ainda arfava pela corrida que devia ter dado para chegar a tempo, apoiando-se na barra que estava imediatamente à sua frente. Usava seu tênis de formato levemente esquisito, mas que sabia que era um dos mais requisitados e populares, e um conjunto de mesma estampa de top e short.
Em qualquer outro, ficaria questionável. Nela, pelo menos aos olhos de , combinava bem.
Enquanto o metrô seguia seu rumo usual, ele iniciou suas danças mentais.
Fala com ela.
Mas e a vergonha? A chance de ser rejeitado era altíssima, fora o desconforto que poderia causar nela.
Cacete, , só puxa qualquer assunto.
Ela não precisava ser incomodada por um cara aleatório no metrô. Não ia fazer absolutamente nada.
E se você não a ver novamente?
Ela pareceu retomar seu ritmo normal da respiração e observou em volta, procurando um assento livre. notou quando os olhos dela vagaram lentamente até perto da onde estava em pé, como se fossem parar nele.
Eles iriam estabelecer contato visual?
Era isso?
O coração de fez-se presente para avisá-lo que não deveria ser negligenciado.
Eu pareço um adolescente.
Emocionado demais, de fato, . Tão envolvido em seus próprios pensamentos que não reparou na resposta óbvia.
Os olhos dele arregalaram um pouco ao verem a menina aproximando-se. Parecia que iria falar com ele. Não ousou se mexer.
Então, em um movimento sutil, ela parou a alguns centímetros e abaixou seu corpo, sentando-se.
No assento ao lado da estátua que era .
Ok. Ok.
Sem pânico.
Foco.
O que ele poderia fazer?
Da bolsa que carregava, ela tirou seu confiável celular. Encostou-se mais ao assento, e reparou que a tela de bloqueio era uma foto de dois gatos.
Seriam os gatos dela?
Aquilo era fofo demais para processar, mas, por sorte, a foto foi substituída rapidamente pela tela de mensagens do WhatsApp.
Ele não podia continuar olhando. Aquilo era passar de todo e qualquer limite. Fora que se não fosse discreto, ela perceberia que tinha um maluco aleatório encarando o que fazia no celular.
Talvez ela já tivesse percebido o maluco aleatório encarando toda vez que a via, também.
tinha que realmente parar de escutar suas paranoias e focar no que estava presenciando ali.
Ela estava perto, mais perto do que jamais esteve.
E digitando…

“A caminho, amada. Quase perdi o abençoado, mas já tô chegando.”

Amada? Será que era sua namorada? Ou era só um cumprimento amigável?
Meu Deus, será que ela tinha namorada ou namorado?
Não seria uma surpresa, mas esperançosamente queria que não tivesse.
Pelo canto do olho, ele viu que a potencial namorada-mas-por-favor-só-amiga tinha respondido.

"Relaxa, . Estamos te esperando de qualquer forma. Boa sorte!"

Duas coisas importantes surgiram na cabeça de naquele momento. A primeira era que finalmente sabia o nome dela, depois de tantas semanas se perguntando qual seria. . Gostava dele, tinha uma boa sonoridade. Combinava com ela.
A segunda, no entanto, lhe dava um pouco mais de apreensão.
Boa sorte com o quê?
apertou onde ficaria o botão de início – seu celular era daqueles que pareciam só uma larga tela – e abriu o bloco de notas.
Peculiar, bastante peculiar. estava interessado. Será que ela tinha o costume de anotar o que acontecia durante seu dia? Ou tinha acabado de se lembrar de algo que precisava prontamente colocar por escrito?
Para sua surpresa – ou para sua confusão –, digitou apenas duas letras.

“Oi”

Estaria começando uma carta para si mesma? Fazendo um rascunho de um e-mail? O que ela…

“Meu nome é , mas acho que você chegou a ler a mensagem da minha amiga com essa informação”

O choque no rosto de era nítido, se tirasse seus olhos do teclado e olhasse para cima. Algo que, aparentemente, não iria fazer. Ele conseguia ver um sorriso surgir de seus lábios pintados com um batom de cor forte e escura.

“Qual o seu nome, homem misterioso do metrô?”

Aquilo simplesmente não poderia estar acontecendo.
Estava acontecendo?
Era real?
não sabia mais como respirar ou existir, mas tentou forçar uma naturalidade e espontaneidade inexistentes de seu corpo quando segurou com a mão direita a barra de ferro que o separava de , usando-a como apoio para descolar da parede. Dando alguns passos, sentou-se ao lado dela, em um assento que tinha acabado de vagar.
Se foram coincidências que fizeram a rotina dos dois se entrelaçarem, seriam coincidências que iriam fazê-los se conhecer.
Pegou seu celular do bolso e, tal como ela, abriu o aplicativo de notas. Com seu coração ainda querendo se fazer presente e arrepios passando por todas as extremidades do corpo, ele digitou:



O perfume dela estava ainda mais forte naquela distância, e ele teve que se segurar para não ficar tão óbvio o quanto estava enfeitiçado por aquela burguesa usuária de transporte público.

, você deveria ser mais discreto”

Ah, merda.

“Se você quiser, saio agora mesmo daqui e p”

foi impedido de continuar digitando a mensagem ao ser surpreendido pela mão de no seu braço, apertando-o de leve, em um aviso silencioso de que não deveria sair dali. Por reflexo, virou sua cabeça para o lado, encontrando os olhos da mulher mirando os seus.
Notou sua boca ficando seca e qualquer pensamento coeso sumindo de sua mente. O toque dela queimava como se fosse a brasa de uma intensa fogueira. Seus olhos, contudo, passavam uma mistura controversa de seriedade e divertimento. Pareciam brilhar sob aquela luz artificial.
— Não sai. — A voz baixa dela preencheu seus ouvidos, fazendo-o ficar alheio ao que quer que acontecesse no metrô. Se a única coisa que olhava era ela durante o pequeno trecho de sexta-feira em que estavam no mesmo movimento linear, na mesma ocasião, sua atenção era dela naquele momento.
Delicadamente, ela tirou a mão da pele de e retornou-a para o aparelho. Não percebeu quando o homem assentiu com a cabeça, como se a assegurasse que não iria sair do lugar.

“Antes de mais nada, eu preciso que você me diga uma coisa. Você votou 17 na urna?”

Controlou a vontade de rir com a pergunta.

“Não sou bolsominion, . Não se preocupe com isso”

“Todo cuidado é pouco”

“Você tem toda a razão”, ele digitava e iria encerrar sua vez com isso. Contudo, rapidamente teve a ideia de acrescentar: “E, por acaso, você votou? Todo cuidado é pouco”.

Ouviu rindo com gosto, como se o questionamento fosse completamente absurdo de ser feito. Isso o fez sorrir de leve e olhar seu rosto. Levou outro susto quando percebeu que fazia o mesmo.
— Acho que estamos perdendo tempo digitando quando poderíamos apenas falar um com o outro. — disse delicadamente, a frase mais alongada denunciando que tinha uma voz fina. — Não votei 17 também.
— Ufa. — fingiu que limpava a testa para sinalizar o alívio. Estava, de fato, suando de leve com a interação, mas ainda tentava fingir que aquilo era a coisa mais natural que já aconteceu com ele. — Não sei o que faria se descobrisse que você votou nele.
A voz automática do metrô denunciava que faltavam duas estações até o destino que ele sabia que era o dela. Apesar de ter visto que tinha gostado da gracinha e parecia perfeitamente confortável com ele, sabia que não poderia perder tempo algum.
… — ele começou, pigarreando de leve. Viu-a erguer uma das sobrancelhas, esperando para ver o que ia dizer. — Eu ainda não tô acreditando que realmente estamos conversando, então só queria pedir desculpas desde já se você se sentiu desconfortável com todo esse tempo que passei te encarando.
— Engraçado você dizer isso.
Quando viu que ela não iria terminar o pensamento sem um incentivo, a questionou:
— Por quê?
Algo nas feições de indicou para ele que estava envergonhada com alguma coisa. Sem conseguir colocar muito bem em palavras, pegou seu celular de novo e, naquela vez, abriu a galeria de fotos. Havia uma pasta intitulada “I see it, I like it, I want it”, que ela abriu. Clicou na primeira foto, e percebeu que sabia o que era aquilo.
— E-Essa é… — ele balbuciou, em choque.
— É uma foto sua da primeira vez que nos vimos. — confirmou, mas se apressou em completar: — Nunca tirei alguma mostrando seu rosto. Só dá pra ver a sua roupa.
Ela tinha uma foto dele desde o início? Pior: ela tinha reparado nele desde o início? pensava que ela estava imergida no seu celular e nunca nem tinha notado quantas vezes se cruzavam fazendo aquele caminho no metrô.
— Você tirava fotos minhas? — Ainda parecia surreal para os seus ouvidos. — Por quê...?
bloqueou o celular e guardou-o, virando-se novamente para . Ele percebeu que sua postura levemente embaraçada com as fotos havia mudado. Seus olhos cintilavam com uma convicção que era quase inebriante.
— Porque eu te vi, e gostei, e te quis. — Abriu um sorriso lascivo e tocou sua bochecha com uma das mãos, fazendo um carinho sutil. Mesmo que delicado, aquele toque acendeu todo o seu corpo. Não havia mais exaustão, cansaço ou vontade de retornar para casa. — E tudo o que quero, , eu consigo.
Engoliu em seco e perdeu qualquer trilha de raciocínio coesa que estava tendo. A única coisa que ele conseguia pensar era que poderia tê-lo, à vontade, de qualquer forma que quisesse.
Apesar de ela ter a mão no seu rosto, não queria tocá-la ainda. Eles estavam conversando há pouquíssimo tempo, e, por mais que parecesse que não haveria problema, não queria que achasse que estava forçando algo. Fechou as palmas perto de si, como em um claro sinal ao seu sistema nervoso de que não era para se mexer indevidamente.
Estava sendo cauteloso demais? Talvez. Mas não arriscaria que ela não o quisesse mais.
Em meio aos seus pensamentos conflituosos e sem qualquer conexão entre si, ouviu a voz automática mais uma vez.
A próxima estação era a dela.
acompanhou com os olhos quando percebeu aquele fato e tentou formular alguma frase para ela. Contudo, por mais que soubesse que teria que sair em breve, só conseguia perceber o quanto o rosto dele era macio. Os cabelos, brilhosos. Os olhos, doces. A boca...
Convidativa.
— Você sabe que vou sair em pouco tempo. — murmurou, focando no que lhe parecia tentador fazer. , transtornado e em conflito, não percebeu o que ela insinuava com o olhar. Sabia, contudo, que tinha uma chance com ela.
— Sim. — afirmou. — E acho que você poderia… me dar seu número? — pediu, ainda incerto, franzindo o cenho. Viu quando soltou outra risada, apesar de, naquela vez, não ter entendido o porquê.
— Ah, … — O jeito como falou seu nome naquele momento fez o homem finalmente acordar de seu nervosismo e perceber como tinha se aproximado dele, os olhos mirando seus lábios. Percebeu que as batidas de seu coração aumentaram de velocidade, cada célula de seu corpo acordada para o que parecia que iria acontecer. — Eu e você vamos nos dar muito bem.
A mão dela, que ainda estava em sua bochecha, deslizou vagarosamente para a sua nuca. não apresentou qualquer resistência quando sentiu puxando seu rosto para perto do dela. Com a mesma convicção de quem sabia o que queria e iria tê-lo, os lábios dela capturaram os dele, uma aura de desejo e ânsia transformando aquele beijo em algo que não poderia caber no curto espaço de tempo que os dois tinham. segurou a face dela para aprofundar o contato, tentando aproveitar tudo o que poderia naquele instante e percebendo que não conseguiria deixá-la ir com tanta facilidade. Senti-la ali, inalando seu perfume, fazia-o ficar ainda mais cativado.
, sendo afetada por uma sensação deliciosa de não sair do enlace de , teve que reunir todo o seu lado racional para se distanciar dele e tentar se levantar, já que sua estação tinha chegado.
, ao reparar no movimento, colocou uma das mãos no pulso dela, da mão que começava a deslocar-se de sua nuca para ir embora.
— Não sai. — ele pediu enfaticamente, como o havia feito antes. A turbilhão de sensações que estava experienciado era mais do que o homem poderia compreender, mas de algo tinha certeza: queria-a ali.
Queria conhecê-la, ouvi-la, descobrir daquilo que gostava, que odiava, que lhe fazia rir.
também não queria sair. Gostaria de ir até o final da linha, descobrir, finalmente, em qual estação saía. Ficar o pouco de tempo que podia com ele para aprender tudo a respeito dele. Não tivera tempo para dizer a ele como tinha um semblante tão tenro, calmo e bonito que a fazia querer olhá-lo e não desviar em nenhum momento. Gostaria de saber o que ele iria pensar da explicação para ela ter começado a pegar o metrô para ir à casa da melhor amiga.
Mas tinha que sair. Havia pessoas esperando-a, afinal. E ela sabia muito bem onde, a que horas e em qual vagão estaria quando o visse novamente.
— Preciso ir, . — afirmou, em um tom triste. Percebendo que não fazia sentido impedi-la, e também que ela não parecia ter mudado seu interesse por ele, liberou-a de seu enlace.
Viu de costas indo em direção à porta e, de repente, foi acometido por uma sensação de pânico. Rapidamente, levantou-se do assento e foi atrás dela, ficando parado de frente a ela, porém ainda dentro do vagão. estava já em pé na estação. Tinha seu olhar voltado para , contudo, no limite entre o metrô e a plataforma.
— Você não me deu seu número! — ele exclamou, os olhos arregalados. A possibilidade de nunca mais vê-la aterrorizava-o da mesma maneira que o fazia todas as vezes que, por um mero acaso, pegava o mesmo metrô que ela. Entretanto, depois do que acabara de acontecer, a sensação tinha se intensificado. Quando percebeu um sorriso encantador se formando no rosto de , aquilo pareceu relaxá-lo.
— Até semana que vem, homem misterioso do metrô. — Foi a última coisa que ouviu antes do sinal de que o metrô sairia da estação ser acionado. Então, as portas se fecharam entre os dois, fazendo com que ficasse para trás enquanto ia para frente.
Vendo seu reflexo nos vidros, ele percebeu que seus lábios estavam borrados com o batom escuro de . Imediatamente começou a rir, sem acreditar que qualquer coisa ali fosse real. Ao tocar a boca levemente com os dedos e vê-los também ficando manchados, aquilo pareceu ser a prova de que não haveria qualquer chance da sua próxima viagem de metrô na sexta-feira ser algo além de inacreditável.


Fim



Nota da autora: Olá, pessoal! Espero que vocês tenham gostado.
Não sei se todas aqui já tiveram algum/a crush no transporte e, sinceramente, queria que os meus tivessem chegado perto de terminar assim. Cogito fazer uma continuação (ouviu, Pedra?), mas ainda não sei. Obrigada por terem chegado até aqui <3
Beijos no core iluminado de vocês,
Caroline.





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