Finalizada em: 10/12/2020

PRÓLOGO

Desde que se entende por gente, só tem um objetivo na vida: ter a sua própria marca e mudar o mundo. Na metade do ensino fundamental, a menina percebeu que o mundo era muito grande. No ensino médio, decidiu que melhorar o país era o mais sensato. Ao fim da faculdade, viu que se conseguisse impactar a vida de apenas um ser humano positivamente já era o suficiente.
Os sonhos não mudaram. Entretanto, ela viu que sem a inocência da infância, os objetivos eram muito mais difíceis de alcançar. Mesmo não querendo assumir: ter dinheiro fazia toda a diferença. Se ela tivesse nascido uma Kardashian, não reclamaria, porém, como não aconteceu, precisava continuar sustentando a vida de proletariado.
Recém-formada, sem muita experiência, porém lotada de ansiedade e inseguranças, viu que talvez o mais sensato fosse arranjar um emprego fixo em que não exigissem qualificação para depois ir se inserindo com mais tranquilidade no mercado da Comunicação.
A mulher tinha voltado à vida de mandar currículos e a porcentagem de sucesso se equivalia à zero, pois nenhuma empresa retornava para dizer que não estavam procurando por novos contratados. Então, como em um passe de mágica, a luz no fim do túnel se fez existir: .



PARTE UM

Era quase hora do almoço e continuava presa na sala tentando adiantar alguns projetos. Enquanto aguardava o computador processar o arquivo pesado, os olhos dela pousaram no calendário de mesa personalizado ao lado do monitor. Quadradinhos preenchidos por listras diagonais indicavam finais de semana e feriados, enquanto que um xis demarcava mais um dia de trabalho e menos um dia no ano.
Contudo, o que chamou a atenção da mulher de verdade era um lembrete na semana seguinte: estaria completando um ano na Comunicações. Sorriu involuntariamente. Aqueles doze meses haviam sido quase o mesmo que nada.
- Passou rápido mesmo. – murmurou, sozinha e feliz.
Quando a melhor amiga surgiu um ano atrás perguntando se ela ainda buscava alguma vaga, acreditou que seria indicada para um escritório próximo, e não que dez minutos depois estaria contratada para um cargo alto na empresa da família dela.
O monitor refletiu uma cor diferente, denunciando que o projeto tinha sido atualizado. Uma nova sucessão de cliques aconteceu, até que ela se permitiu dar uma risadinha orgulhosa.
- Eu sou muito incrível mesmo. – concluiu em um sussurro ao ver diante de si os primeiros resultados de algo que estava sugando todos os esforços dela há tempos.
Havia um detalhe na campanha que não havia sido aprovado, ou seja, ela ainda não poderia dar o projeto como fechado. Conferiu os e-mails e as mensagens que tinha enviado de manhã mais uma vez e se estressou ao não ter a resposta dos clientes.
Bufou.
- É de cair o cu da bunda, viu? – resmungou, sozinha. – Depois querem as coisas prontas para ontem. Dane-se. – balançou a cabeça, aquilo não era problema dela. – A pressa de ter uma campanha nova nas redes sociais não é minha.
Antes que pudesse decidir se faria uma pausa para o almoço ou continuaria com a próxima pendência da lista, alguém invadiu a sala bruscamente. Assim que ela reconheceu quem era, prendeu o riso e voltou os olhos para a tela do notebook. Pelo canto dos olhos, pôde acompanhar a figura girar a cadeira do outro lado da mesa em 180 graus de forma barulhenta para então sentar com uma perna em cada lado da cadeira e se inclinar para frente, apoiando os braços no encosto de couro.
A dona da sala ignorou a chegada tumultuada e continuou mirando fixamente para a página inicial da internet que mostrava o tempo da semana, embora a mente estivesse dispersa.
Aparentemente, a pessoa logo a frente não estava gostando de não receber atenção, então a mesa tremeu com um soco repentino. O computador de e os outros objetos que estavam espalhados na área de trabalho haviam dado um leve pulo contra a superfície e isso bastou para que ela erguesse os olhos com um semblante mortal.
- , qual é a porra do seu problema? – indagou com um tom irritado.
não era a pessoa favorita de e o sentimento era recíproco. O único elo que os faziam conhecidos desde a infância era . Ela e foram da mesma turma no ensino fundamental e médio, acarretando em uma relação de amizade inseparável, enquanto que ele era o irmão mais velho e protetor de .
sentia que o ar ficava diferente no ambiente quando aparecia. Isso desde o primeiro dia que ela pisou na empresa e eles se reencontraram. No entanto, a aura era um pouco diferente dos tempos da universidade.
Havia tensão.
Às vezes, tesão.
Ou os dois juntos.
Geralmente, o casal preferia evitar o contato direto na empresa. Assim devia ser sempre. tinha a impressão de que se mantivessem um contato prolongado, acabaria enfiando uma tesoura sem ponta no homem, ou no pior dos casos: na mesa dele, pelada, implorando para ser comida.
Perturbador.
O mais chocante era que a impressão era recíproca. Quando ainda era uma novata na Comunicações, podia sentir os próprios sentidos irem para o espaço. Eles não conseguiam concordar em nada.

- Dourado ou prata para o tema? – ela surgiu na sala dele querendo saber, exibindo dois tubos de confetes metalizados.
- Prata. – respondeu após alguns segundos de pausa para uma análise séria.
- Hm, é melhor o dourado. – concluiu.
As mãos dele se fecharam em punhos.
- Então, perguntou para quê, caralho? – exalou indignação. Ele estava lidando com assuntos sérios até ser interrompido por um assunto supérfluo que no fim, a própria opinião não impactou em nada.
- Só para ter certeza de que a minha decisão estava certa.

Era nesses momentos que ele sentia vontade de acabar com ela.
Na cama preferencialmente, até ficarem sem voz.
Tinha outros dias em que o homem nem sabia como ainda conseguia dirigir, de tão cego de ódio que ficava. havia sido indicada pela irmã aos investidores para se juntar ao cargo dele, sem ele saber, pois se soubesse nunca concordaria.
Na opinião dele, ela era uma das pessoas mais difíceis de impor limites. Por ansiedade, sempre o atropelava nas reuniões, acarretando na unânime decisão de que se um estivesse no ambiente, o outro não poderia estar e teria que sair por livre e espontânea pressão.
Estreitando o acordo, concordaram que contato físico seria apenas em casos extremos, sendo o restante tratado em mensagens no Whatsapp ou e-mails cordiais.
E mesmo com todos os artifícios, não entendia por que tinha o azar de toda a desgraça que o rondava incluir no meio, ainda que, desta vez a culpa por estar onde estava agora fosse inteiramente dele. O só precisava colocar os pingos nos i’s antes que algo saísse ainda mais de seu controle.
Ele não estaria em paz até que conseguisse se explicar.
- Nem vem! Você sabe qual é o meu problema, , eu vi a cara de deboche e o sorrisinho desgraçado que fez quando cheguei.
A fala fez com que ela abrisse um sorriso sem mostrar os dentes, denunciando-se.
- Hm, pode refrescar a minha memória? – fez uma pausa fingindo processar. – Eu sou uma mulher muito ocupada, cheia de coisas na cabeça, . – explicou em um tom formal que nunca existiu entre eles – Diferente de você que aparentemente não tem nada... Em nenhuma das cabeças. – ela falhou em prender o riso.
- Eu não sou brocha! – reiterou, elevando o tom, dando outra batida na mesa, fazendo os objetos ali dispostos ricochetearem de leve. o olhou feio mais uma vez.
- Não é o que você me disse ontem, sabe... – o fino sorriso que exibia apenas deixava mais irado. – E se não quiser que a empresa inteira comente sobre isso, sugiro que baixe o tom. – olhou sugestivamente para as paredes de vidro que compunham todo o escritório.
Nervoso, se levantou da cadeira, andando até a porta para puxar um fio branco que tinha ao lado do interruptor. Quase que no mesmo instante, persianas caíram como cascata. Depois, o homem voltou a se jogar na cadeira, na mesma posição de antes, fazendo a diretora se limitar a um rolar de olhos.
- Idiota. Eu estava olhando para a equipe lá fora, não as paredes em si. As persianas não deixam as pessoas verem através do vidro, mas todo mundo continua ouvindo, sabia? – zombou. – Mas voltando ao assunto... É sério que não conseguiu ir para frente na última relação que teve? – fez um bico, forçando uma tristeza no semblante. – Você quer conversar sobre isso, né? É por isso que está aqui. – os dedos finos e compridos dela buscaram os dele para oferecer consolo.
retirou a mão antes que o contato acontecesse. Se eles estivessem em uma animação, os olhos dele soltariam faíscas. Aquela reencarnação de bruxa no corpo de colega de trabalho estava achando graça à custa da reputação dele.
- Vai tomar no cu, . É óbvio que eu não sou... – não quis proferir o termo por receio de atrair. – Aquilo que você acha que eu sou. – virou o rosto para o lado, recusando-se a manter contato visual ao mesmo instante que cruzava os braços, emburrado.
- Brocha? – soltou, brincando com fogo, cruzando os braços também. Danasse os trabalhos que ela queria adiantar, caçoar do com motivos reais era um deleite que não tinha sempre.
virou o rosto para ela com uma velocidade surreal que estranhou não ter ouvido nenhum osso estalar. Ambos se encararam por longos segundos em silêncio. Ainda havia um maldito sorriso nos lábios vermelho-alaranjados da cretina.
- Escuta, aqueles áudios que você recebeu... Esquece. Não é o que parece, estão fora de contexto. Você não pode usá-los contra mim.
só soube arquear as sobrancelhas.
- Foi você que escolheu enviá-los para mim, querido. – replicou prontamente. – Mas sabe: a aceitação é o segundo passo e você precisa trabalhar isso para que não afete a sua vida daqui para frente.
Na noite anterior, estava bebendo no próprio apartamento para aliviar o estresse. Uma mulher com quem tinha ficado uma vez em alguma festa tinha o contatado para avisar que sabia onde trabalhava e inclusive que ele era um dos sócios-diretores. Ela estava exigindo algum tipo de retratação, caso contrário espalharia aos funcionários que ele era incapaz de ter uma ereção e por isso, não tinha nenhuma namorada apesar da aparência e das mil e uma habilidades que dizia ter no ramo da comunicação. Sem saber o que fazer, o começou a pedir conselhos aos amigos em um grupo que tinham. Ele só não sabe em que ponto, ou garrafa de álcool, se confundiu e começou a mandar a história em uma conversa para .
- E você tem mesmo disfunção? – ela perguntou interessada na fofoca, com uma mão em frente a boca para esconder o choque, ignorando todo o resto da história e contexto que ele havia acabado de narrar.
- Para começo de conversa, eu não tenho que passar por nenhuma fase de aceitação, porque tudo não se passa de uma mentira de bosta de alguém querendo me afetar. E caso você ainda não tenha entendido... Eu. Não. Tenho. Nenhuma. Dessas. Coisas.
era indiferente.
Ela não tinha nada a ver, mas mesmo assim, não podia deixar passar a chance de pisar no ego ferido de .
A verdade é que o achava ridículo. Como ele havia garantido anteriormente, conseguia funcionar bem em todos os sentidos, então não havia com o que se preocupar, correto? insistia em dar atenção ao assunto, porque aquilo feria a masculinidade dele e isso, sim, era motivo para deboche. Sem se controlar, acabou por cair em gargalhada.
- Você é otário demais. – caçoava, contornando as pálpebras de baixo dos olhos com a ponta dos dedos para limpar as lágrimas que se acumulavam, antes que borrassem o delineado. – Mas espera aí... – se endireitou na cadeira e foi mais para frente, até o abdômen encostar na margem da mesa, entrelaçando os dedos das duas mãos, como se estivessem tratando de negócios formais – Se é mentira mesmo, o que essa mulher tem para usar contra você?
engasgou com a própria saliva.
- O que... Como assim?
cerrou os olhos, suspeita, mas explicou mesmo assim:
- Ela não insistiria tanto para nada e nem você se doeria tanto por uma mentira. Se o que ela está alegando é uma farsa, sairia perdendo muito. Ou a mulher é sem-noção, ou é tudo verdade, ou você fez algo para deixá-la muito brava e agora ela quer vingança. – cruzou os braços sobre a mesa - Eu sinceramente acredito nas duas últimas opções. Já não colocava a mão no fogo por nenhum homem antes, por você então, presidente...
Ele trancou o maxilar.
Presidente.
Aquela era a posição dele na empresa, algumas pessoas o chamavam assim de verdade. Contudo, ele não queria a boca suja de se dirigindo a ele daquela maneira, havia um teor de deboche que mandava a sua paciência para o inferno.
- Interprete como quiser, diretora, mas meu pau funciona bem. Essa sua cisma com ele deve ser vontade de conhecer. – alfinetou, ignorando as demais suposições dela.
- Se enxerga, presidente! Assim como os estudos de Galileu Galilei já haviam apontado: você não é o centro do mundo. Tenho mais o que fazer ao invés de ficar sonhando com as suas misérias.
Era impressionante como ninguém havia os interrompido. sabia bem que esse fenômeno podia ser explicado em três palavras: hora do almoço. Era ainda mais chocante saber que eles tinham corpos de adultos, e mantinham conversas em nível de adolescentes. Aquela discussão iria longe e se dependesse do casal, prolongariam-na até o inferno.
- Minhas misérias? – subiu o tom, levantando da cadeira e se inclinando para frente para intimidá-la. – Você engoliria as palavras e até a própria saliva se eu baixasse as calças aqui.
- É só isso mesmo, Presidente-do-Pau-Murcho? – fingiu estar entediada. – Se não tiver nada que acrescentar, pode sair. – indicou a porta com uma das mãos.
Cada poro dela sentia o prazer entrando quando via que havia conseguido tirar o do sério.
- Duvido que seria capaz de pedir isso se eu te levantasse agora dessa porra de cadeira e te fodesse alucinadamente em cima da mesa!
crispou os lábios e engoliu seco. Estavam entrando em um campo perigoso. A simples menção do que poderia acontecer fez o íntimo dela contrair. Aquela oferta parecia memorável, mas ela nunca verbalizaria aquilo, ainda mais para o traste.
Amaldiçoou-se internamente pela carne ser fraca.
Para o seu azar, havia sido esculpido em um corpo que cumpria totalmente com todos os gostos pessoais. Era só o olhar dela se esbarrar nele que a mente começava piscava “DAR” incessantemente. O sangue quase borbulhava em ebulição de tanta expectativa, fazendo o corpo ficar quente só de imaginar como seria ter aquelas mãos, cheias de veias transparecendo, tocando-a em todas as regiões possíveis e a língua molhada a invadindo, sem delicadeza, nas regiões mais sensíveis.
Precisou pressionar uma perna contra a outra para aliviar o calor que estava querendo nascer no ventre.
Todavia, o que o presidente tinha de gostoso, tinha de insuportável. Afinal, ninguém podia ser perfeito.
- Alucinadamente? – riu sem humor. – Como você é um desgraçado de convencido. Quem descreveria o próprio sexo com esse termo?
- Eu te faria gemer tanto que veria por si só, bonitinha.
Muito diferente de como havia chegado à sala dela, conseguia sustentar um sorriso agora, cheio de si. , por outro lado, estava tensa ainda sobre a cadeira. Os traços convencidos que o homem exibia eram o suficiente para despertar os maiores instintos violentos dela. O problema é que a distância de voar até o pescoço e esganá-lo para a vontade de puxá-lo para um beijo era um passo e ela não sabia se tinha autocontrole para manter o pouco da dignidade que restava.
Suspirou, angustiada.
A camisa social azul clara contrastava muito bem com a pele do homem. Cada dobra do tecido nobre fazia ir longe, imaginando a extensão de músculos que ele insistia em esconder em baixo, mas ficava levemente marcado com qualquer mover de braços.
Os braços também eram outro tópico para a perdição dela. Eles pareciam se encaixar bem em sua cintura e muito capazes de carregá-la no ar para em seguida jogar contra qualquer parede.
Suspirou mais uma vez.
Definitivamente era uma vitória e também um mistério o fato de como ainda não tinha se atracado com, ou atacado, pelos cantos. não entendia muito bem o que acontecia. Na maior parte das vezes, eles discutiam e no momento seguinte, ela queria as mãos dele de baixo da roupa dela, sentindo tudo.
O famoso tesão e tensão que já havia sido mencionado.
- Sinto muito, mas duvido muito que isso vá acontecer. – replicou, por fim, na maior mentira descarada, em um tom vacilante.
Mirou as próprias pernas, constrangida, ao perceber que a própria resposta dava margem para duas interpretações.
- Duvida do quê? – ele inclinou ainda mais o tronco sobre a mesa, buscando aproximação dos rostos. - Nós dois fodendo loucamente ou você gritando como se não houvesse amanhã? - perguntou baixo, fazendo a voz ficar mais rouca para o delírio da mulher.
Então os olhos deles se encontraram.
Tão perto.
- Dos dois. – ela devolveu em um fio. – Essa conversa não faz sentido, . Você está escondendo alguma coisa, por isso não quer deixar a mulher enfrentar a justiça depois: você tem algo a perder.
O optou por ficar em silêncio.
Da mesma forma que a mentira, a verdade também não trazia pontos benéficos para si.
- Talvez a mulher esteja falando a verdade e você me mandou aqueles áudios de propósito na esperança de achar uma pobre coitada para cair na sua conversa. – desdenhou.
Aquela afronta bastou para que a mão dele se movesse rapidamente em direção do queixo dela, puxando-o alguns centímetros para frente.
- Se eu ainda não tivesse o resquício de sanidade comigo, eu com certeza faria você pagar por todas as palavras aqui mesmo, . Eu te invadiria tantas vezes que você não ia mais conseguir sentar nessa postura de arrogante por vários dias só para mostrar que está errada.
“Sim, por favor!” foi o que o íntimo dela berrou, ignorando o fato dele ter desviado da verdade outra vez.
acreditava estar doente por estar ficando animada com aquilo, porém nada disse. Não conseguiu. Ela gostava das coisas mais brutas e para o seu desespero, aparentava entregar isso sem falhas. Os olhos continuavam presos nos dele. Sem perceber, havia prendido a respiração. O viu sorrir vitorioso para em seguida chegar mais perto.
O toque dele em seu queixo não era forte, ela podia facilmente se desvencilhar, então por que isso não acontecia?
Os orbes traidores desceram para os lábios dele curvados em uma linha de satisfação. Instintivamente, molhou os lábios.
A quem ela queria enganar?
Ela precisava daquilo.
Ela queria muito.
Engoliu seco.
Sem perceber, foi inclinando pouco a pouco para antecipar o contato.
A respiração quente de um se chocava contra o rosto do outro. Gradativamente, os olhos foram se fechando e um simples roçar de lábios foi o suficiente para que as entranhas de se virassem e revirassem várias vezes. As bocas se tentaram um pouco até decidir que era hora de usar a língua para invadir a boca daquela atrevida.
- O almoço estava muito bom hoje, cara!
Os estagiários gritavam do outro lado do vidro, chegados do almoço, assustando-os de repente.
estava um pouco ofegante, com o coração acelerado. O que teria acontecido se ao invés do susto, alguém tivesse entrando na sala naquele instante? Ela mal conseguia explicar a si mesma sobre o descontrole hormonal.
De repente, pareciam loucos no cio querendo transar na primeira oportunidade.
era um ímã perigoso de atrativo.
Quase toda a população feminina da Comunicações arrastava montanhas por ele e ela não se excluía do grupo. era um verdadeiro colírio para os olhos e suas qualidades não se limitavam aos visuais: essa era uma constatação unânime. não se orgulhava de ser mais uma da lista, uma como todas as outras.
Por isso e pelo trabalho, tinha se comprometido a não se envolver dentro do escritório. Ela era preguiçosa demais para ter que lidar com o que vinha depois. No entanto, era mais fácil falar do que fazer na maioria das vezes.
limpou a garganta e se preparou para sair, atraindo um olhar distante de . Se antes ele estava indeciso sobre revelar a verdade, agora ele sabia que tinha mesmo é que jogar lenha no fogo, se quisesse ser consumido pelas chamas dela por inteiro.
- O motivo... – puxou a gola da camisa social para baixo, um pouco sufocado. – Você quer mesmo saber o motivo de ter uma lunática furiosa atrás de mim? – questionou, sério, já com uma mão na maçaneta da porta.
Sem saber se conseguia formular uma frase decente, balançou um positivo de leve com a cabeça.
- O motivo dela estar possessa comigo é porque eu deixei o seu nome escapar enquanto fazíamos sexo. – saiu.



PARTE DOIS

Quando eram crianças, sempre estava arrancando a cabeça das bonecas dela “sem querer”, nas tardes que ia para a casa dos , brincar com . Em contrapartida, sumia com as peças principais do lava-rápido da Hot Wheels dele quando descobriu que as tragédias com as Barbie’s falsificadas não eram tão sem querer. Talvez o fato dos acidentes acontecerem pelo menos quatro vezes em um único dia tivesse relação com a dedução dela.
No ensino médio, eles fizeram parte de grupos diferentes. andava com os populares e ela com o Conselho Estudantil, não menos popular. Mesmo que não tivessem nenhuma atividade em comum, ou justificativa para terem contato, estavam sempre se esbarrando e tornando as coisas mais difíceis para o outro quando possível.
Agora, como adultos formados, dentro da Comunicações, percebeu que sempre houve muito mais envolvimento e atração do que eles quisessem assumir. Pensativa com os acontecimentos há pouco, optou por pedir comida no aplicativo e comer no escritório mesmo.
Ainda não sabia como proceder com aquela informação: havia chamado por ela enquanto estava metendo em outra. deveria ficar feliz, agradecida ou constrangida por isso?
Não importasse as voltas que a mente dava para esquecer, ela sempre acabava no mesmo denominador comum: .
Estava virando uma dor de cabeça.
Agora ela sabia que ele a queria tanto quanto ela o queria. Antes ela apenas suspeitava, reparava em alguns olhares de cobiça em poucos momentos e nada mais que isso.
Só havia dois caminhos óbvios no ponto de vista dela: ou eles entravam em um comum-acordo de apagar o acontecido e sufocar a atração, ou se uniam para apagar o fogo, até não restar mais nenhuma faísca.
O celular vibrou.
empurrou a marmita e os hashis para o lado e pegou o aparelho para espiar a tela.

Três novas mensagens de CRETINO

Os dedos ágeis deslizaram pelos numerais, gerando o código de que destravava tudo.

[14:02]: Hoje eu estou tão generoso que resolvi rebater as baboseiras que saem dessa sua boca suja com provas.
[14:02]: Segue em anexo a saúde do meu filho.
[14:03]: LINK

encarou as mensagens com estranheza. não estava falando nada com nada, para variar, e ainda ousava chamá-la de boca suja.
Riu descrente e apertou o link.
As imagens criptografadas carregaram em um piscar de olhos.
Em um segundo, os olhos da mulher estavam se arregalando.
No próximo, estava engasgando sozinha.
batia contra o próprio peito para se acalmar.
Encostou as mãos nas bochechas, pois as sentiu subitamente quentes.
- Ele não pode estar falando sério... – sussurrou para si mesma.
Em movimentos lentos, buscou mais uma vez o celular, receosa de que ele pudesse criar vida, pois o que tinha na figura ela tinha certeza de que estava bem vivo. A senha já decorada demorou muito mais para ser digitada na segunda vez.
Encarou as duas fotos recebidas e molhou os lábios automaticamente.
A primeira foto mostrava sem roupa, estirado na cama, de barriga para cima, com a cueca boxer puxada para baixo e o membro visivelmente duro para fora.
mordeu o lábio inferior com os palavrões que queria soltar. Estava se sentindo imoral por ver aquelas coisas no meio do ambiente de trabalho, mas não conseguia parar.
Os dedos pinçaram a tela, buscando uma ampliação dos detalhes. Os olhos dela começaram analisando o rosto ridiculamente esculpido por deuses dele, descendo das linhas do maxilar para o pescoço e finalmente o tronco.
Arfou.
A qualidade estava tão alta que as pequenas veias que saíam da base até morrer na cabeça pareciam estar em alto relevo, na cara dela.
Envergonhada, olhou para os lados, mas as persianas estavam no mesmo lugar desde que havia invadido a sala alvoroçadamente. Devagar, levantou-se da cadeira e foi até a corda. Puxou sem nenhuma pressa ou ânimo, temendo que todos estivessem a par do que olhava no celular, prontos para lhe apontar o dedo.
Ilusão.
Parte dos funcionários ainda não havia voltado do almoço, os demais pareciam compenetrados nas próprias tarefas.
Suspirou em alívio.
Então, os olhos mudaram de foco e foram em direção à sala de : vazia, que permaneceu assim pelo resto do dia.
estava ficando louca de raiva. Deixou a Comunicações com um humor insuportável a ponto de não ter conversado e se despedido direito de ninguém. Como pode ter sumido depois de mandar aquelas fotos?
Jogou os pertences no sofá com força assim que chegou em casa. Os sapatos foram sendo largados, cada um em um ponto diferente do apartamento. Tudo o que ela mais queria era um banho quente para aliviar.
À medida que ia tirando as roupas, ia se analisando pelo espelho. Talvez o ato de ficar se admirando fosse um pouco narcisista, mas ela gostava do que via e ainda mais de se amar. As mãos escorregaram da barriga para as laterais do corpo, subindo até os peitos ainda cobertos pelo sutiã, onde encheu as mãos e apertou. Do banheiro retornou à sala para buscar o celular na bolsa, ela gostava de música acompanhando os banhos.
Todavia, ao invés de buscar a playlist da vez, a insistência a fez abrir naquelas malditas fotos mais uma vez, mesmo acreditando que já tinha decorado todos os detalhes delas. Ao mesmo tempo, as falas de vieram à tona.
- Se eu ainda não tivesse o resquício de sanidade comigo, eu com certeza faria você pagar por todas as palavras aqui mesmo, . Eu te invadiria tantas vezes que você não ia mais conseguir sentar nessa postura de arrogante por vários dias.
A mão que estava livre do celular foi em direção ao sutiã, entrando por baixo da taça. O contato dos dedos um pouco gelados com o quente da carne fez os pelos do corpo todo se arrepiarem.
Massageou com alguns apertos e depois o dedo indicador foi ao bico.
Um suspiro ansioso escapou.
Os dedos então saíram de dentro e traçaram uma linha invisível pela barriga até adentrar a calcinha. fez movimentos circulares na intimidade úmida e mordeu a boca com o prazer.
Dentro do próprio quarto, rolava de um lado para o outro na cama. Estava sem sono. Depois do almoço, não quis voltar para a empresa. Talvez fosse errado largar tudo no meio do dia. Poderiam reclamar para o chefe, entretanto o ponto alto estava em que ele era o chefe.
Sem muito que fazer em casa, forçou-se a dormir a tarde toda até agora. Com os olhos um pouco fechados ainda, saiu de baixo do cobertor e andou até o interruptor para acender as luzes. O incômodo dos milhares de feixes de luz veio.
Coçou os olhos e voltou para a cama.
Estava frio.
Ou era ele quem estava apenas de cueca?
Procurou o celular perdido entre os panos e lembrou que havia escondido debaixo do travesseiro antes de cair no sono.

Duas novas mensagens de

Soltou o celular sobre o peito e tratou de esfregar as mãos no rosto para despertar melhor.

[20:34]: Fiquei lisonjeada com a sua consideração e estou retribuindo.
O que vinha em seguida era um áudio de quase um minuto.
esperava vários palavrões sendo disparados, sem ordem ou sentido nenhum, até mesmo um sermão, mas nada como o que recebeu.
Os primeiros segundos foram de silêncio absoluto, o que o fez acreditar que talvez ela tivesse pressionado o ícone do microfone e mandado sem querer.
Poderia ainda ser uma faixa de silêncio para que ele refletisse as próprias ações.
Riu baixo ao se lembrar do dia que ela realmente fez isso.
Após os primeiros cinco segundos, um gemido baixo pode ser ouvido, depois outro mais agudo e os sons grutais tornam-se constantes.
O corpo de despertou.
Ela estava se masturbando.
Até o fim da faixa, o membro coberto apenas pelo tecido da cueca começou a latejar.
A cereja do bolo veio com os últimos segundos, onde ela parecia estar chegando ao ápice e o nome dele escapou, dando tudo por encerrado logo em seguida.
praguejou mentalmente por ter que ser aliviar por aquela mulher outra vez.



PARTE TRÊS

estava atrasada. Com exceção dos primeiros dias da menstruação, que eram os mais sofridos para ela, o fenômeno de perder a hora não acontecia.
Era proposital.
Escolheu um horário que considerou seguro, onde sabia que já estaria na empresa, para que ele a visse chegar deslumbrante e nada abalada com o conteúdo do dia anterior. Não havia nada de diferente em seu rosto, ou nas roupas, no entanto ela queria que ele sentisse a energia e o poder que estava emanando no dia: ela queria ser admirada, como sabia que tinha sido ontem a noite quando ele ouviu o que ela mandou.
Sorriu com os próprios pensamentos.
Do trajeto do elevador até a sala, foi cumprimentando todos com o usual tom amigável.
Com a chave na fechadura, prestes a destrancar a sala, o celular vibrou.

Bela calça, bonitinha.
Ela me faz questionar como deve ser a calcinha que você vai molhar pensando em mim hoje.

tratou de responder, segurando um sorriso:
Você deveria se tratar,
Aliás, você me deve uma nova.
A de ontem ficou tão encharcada imaginando no estrago que o seu pau poderia fazer.
Mal tinha conseguido entrar e colocar a bolsa na cadeira que a resposta veio:

Por trás do seu rosto sério sempre existiu uma grande safada
Posso te dar quantas quiser...
Se me deixar estar presente quando as tirar.

riu, subindo o olhar em direção à sala do homem que, como o esperado, o tinha sentado, encarando de volta.
Ela arqueou as sobrancelhas.

Eu sou reservada.
Gosto de um pouco de privacidade.

Começou a tirar a agenda e algumas pastas da bolsa, para organizar a mesa do dia, sem tirar os olhos da tela brilhando sobre a mesa.

Você não parecia nada reservada quando gritou o meu nome ontem.
Eu prometo não fazer muito barulho quando estiver te comendo por trás.


soltou o ar.
Não era nem dez horas da manhã e ela já estava ficando molhada.
Pelo resto do dia, nenhum dos dois mandou mais nenhuma provocação. tinha ficado presa em reuniões agendadas, revezando entre encontros presenciais e onlines. , por outro lado, ficou acompanhando e produzindo ao lado dos estagiários, para passar alguns ensinamentos e acelerar os resultados.
O volume de trabalho tinha sido tanto, que não se lembrava dos dedos terem largado o teclado só por um instante no dia. Se a jogassem em uma sala sem ruídos, ela ainda poderia ouvir o som das teclas sendo pressionadas com agilidade.
E então vieram batidas na porta.
- Entra! – anunciou sem desgrudar do e-mail que mandava.
- Oi, ...
- Só um momento!
Mais umas palavras e alguns cliques e...
- Pronto! – exclamou, feliz. – Do que precisam? – encarou, sorridente, os dois estagiários que supervisionava.
- Viemos avisar que estamos indo. – isso a fez olhar por cima dos ombros deles, as luzes estavam parcialmente apagadas, eles eram os últimos na empresa. – Precisa de alguma coisa de urgente para amanhã?
A diretora pensou por breves segundos e negou.
- Amanhã conversamos melhor. Os outros já saíram?
- Vai ficar só os chefes. – um deles indicou uma direção com o queixo, seguiu e constatou que estava na mesma que a dela: com coisas até o cu para entregar.
- Ah, tudo bem. – voltou a olhá-los. – Bom descanso e até amanhã, garotos.
- Valeu.
- Tchau!
Saber que estaria, muito em breve, sozinha com no prédio fez a mente dela desacelerar com as obrigações e ficar acesa em expectativa.
Espiou mais uma vez pelo canto dos olhos e viu que o homem continuava na mesma posição, ainda trabalhando arduamente.
Começou adiantando o próprio caminho. Desligou todos os aparelhos e garantiu que todas as janelas estavam fechadas. No final, sobre a mesa só restou um catálogo que haviam trazido para conferência a tarde. Ela o pegou e andou até a estante que tinham com as demais amostras e catálogos de outros fornecedores.
Estava escuro.
As únicas fontes de luz partiam das salas dos diretores.
Tudo que podia enxergar era o contorno dos objetos. Quando, por fim, conseguiu se esticar para posicionar o exemplar no lugar correto, virou para retornar à sala e reparou na ausência de .
- Onde foi que ele se meteu? – indagou, sozinha, franzindo o cenho.
Talvez tivesse ido ao banheiro ou buscar água, não era nenhum crime, mas ela tinha que tirar o chapéu para os movimentos sorrateiros dele.
De repente, o som de algo caindo no chão a atraiu.
Será que os meninos ainda não tinham saído?
Com passos pequenos, foi até onde acreditava ter vindo o ruído.
O alarme da casa dos pais havia disparado, preocupado, saiu da sala para fazer uma ligação com mais privacidade, a fim de conferir se estava tudo certo. Acabou que tinha sido um alarme falso, teste da empresa de segurança.
Retornando a sala, encontrou perambulando pela sala dos estagiários, no escuro.
Sorriu maldoso.
tinha se assustado à toa. Alguém havia esquecido a janela aberta, então alguns itens de papelaria foram soprados pelo vento.
Com uma mão no peito, ela respirou, aliviada.
A cabeça fértil já tinha considerado que ladrões haviam invadido o prédio e que se fosse esse o caso, ela teria que arrancar uma das luminárias de mesa para quebrar a cabeça deles.
Próxima da porta, sentiu as costas queimarem, virou depressa e encontrou tudo como estava antes.
Franziu o cenho.
Ao desvirar, entretanto, algo a puxou para trás com tanta força, que cambaleou, o grito de susto foi abafado pela mão grande posta sobre a boca.
Suou frio.
Desprevenida e pega com a guarda baixa, só soube se debater, movendo os braços para frente e para trás, até que conseguiu acertar o alvo.
foi de encontro ao chão com a dor aguda que tinha invadido a região das costelas.
- PORRA! Você tem facas no lugar dos cotovelos? – reclamou, de cara feia, em posição fetal.
Assim que o cérebro de processou quem era e o que estava acontecendo, a mulher não pensou duas vezes em avançar sobre a figura caída no chão e mal iluminada para desferir mais dois chutes desengonçados.
- Filho da puta, estava querendo me matar? – pôs as mãos na cintura, esperando por uma resposta que não veio.
O ainda rolava de um lado para o outro, gemendo de dor.
- Você quer fazer o favor de parar de drama e levantar?
- Está doendo! – justificou-se, enfezado, ainda procurando uma posição confortável junto do piso. – Acho que você deslocou uma costela minha. – acusou entre arfadas.
Nada abalada, só soube revirar os olhos.
- É bom que você continue onde está quando eu voltar.
Ela teve que passar pelos corredores dos elevadores, depois as escadas, para encontrar a discreta porta branca onde havia uma cozinha improvisada.
Nem todos tinham orçamento para ficar comendo fora. Montaram um local confortável para que guardassem lanches e esquentassem as refeições. Na parte de cima da geladeira, encontrou uma forma com gelos. Faltando um saco apropriado, ela optou por juntar os cubos em uma caneca e retornar.
- Toma, esfrega isso aí. – empurrou a peça de cerâmica, com a logomarca da empresa estampada, para o homem, depois de levá-lo até a própria sala e colocá-lo sentado.
- Vai ficar marcado. – reclamava dolorido, com as mãos sobre a região afetada.
- Mais do que merecido pela ideia estúpida. Queria ver o que você ia dizer para a segurança, se eu tivesse tocado o alarme. – cruzou os braços. – Brincadeira de criança.
- Jurava que você tinha cinco anos. – voltou a provocar, enquanto abria a camisa para ver a situação.
- Idiota. – limitou-se a falar, sentando na poltrona branca do lado oposto da mesa dele.
- Ah, desculpa. – ele virou para encará-la. – Você já fez aniversário este ano, então são seis anos na conta. – os dedos nervosos foram até a boca da caneca, saindo com dois cubos de gelo.
Inesperadamente, ele gemeu de satisfação.
se remexeu na cadeira, incomodada, tentando ignorar que o homem estava com a camisa aberta e gotas de água escorrendo pelo tórax.
Gostoso.
A água, a mente completou depois.
Estranhando a falta de respostas e o silêncio repentino, se virou a tempo de ver a mulher olhando para todos os cantos, menos ele.
- Você está nervosa com o meu excesso de gostosura? – riu, debochado. – Ou é só vergonha de secar um homem indefeso?
Foi a vez dela rir, descrente com o excesso de amor próprio.
- Você realmente merece o Cretino de sobrenome que tem no contato.
Ele não entendeu.
- Você imagina ao menos o que eu passei ontem quando descobri que você não ia mais voltar para a empresa? – iniciou o assunto, removendo a própria blusa, arremessando-a para trás, ficando apenas com um sutiã tomara que caia preto na parte de cima, para a surpresa dele.
arregalou os olhos.
- Tive que ficar vendo você de pau duro enquanto fingia trabalhar. – relatou cada vez mais exaltada e foi a vez da calça pantacourt de listras brancas e pretas escorregar no chão.
Os olhos não conseguiam desviar do corpo dela, quase nu, do outro lado da própria mesa. se atreveu a usar os pés firmes no chão para empurrar a cadeira com rodinhas para o lado, a fim de vê-la por inteira. Passou a mão por cima do membro, massageando o local na tentativa de mantê-lo contido.
Molhou os lábios.
- Ainda bem que tinha os meus dedos para fazer o trabalho que você não fez, presidente. – as pernas dela se abriram, mostrando o pedaço de renda, quase transparente cobrindo a intimidade.
Os dedos dele se moveram em um tique nervoso, formigando por contato.
Os olhos revezando entre a expressão brava no rosto e o volume dos seios apertados pelo sutiã, agora descendo devagar para as pernas.
Maldita mulher gostosa.
Levantou-se em direção dela. Próximo o suficiente, foi empurrado para trás pelos pés femininos, que alisaram o membro por cima da calça antes.
O homem não entendeu.
- Você não vai me tocar até eu te mostrar como se deve fazer, está entendendo? – a ordem fez o pau pulsar.
Ele retornou à cadeira como uma criança obediente, de frente para ela, de pernas abertas para deixá-la ciente da situação em que tinha metido os dois.
- É pedir demais que me comam direito? – choramingou, olhando nos olhos do homem, que balançou a cabeça em negativo – A maioria não sabe, mas eu sinto muita sensibilidade nos peitos. – as mãos dela puxaram o tomara que caia para baixo, fazendo os seios sobressaltarem.
tinha começado a cena a fim de provocar , mas agora apenas aproveitava o prazer que estava se proporcionando. As mãos passaram pela base da carne e depois começaram a fazer movimentos circulares, fazendo o contorno. Os dedos médios roçaram nos bicos, enrijecendo-os instantaneamente.
O primeiro gemido da noite saiu.
De olhos fechados, ainda com as mãos passeando pelo corpo, em carícias calmas, ouviu o som de zíper e em seguida algo se chocando contra o piso.
- Eu imaginei você lambendo os dois por inteiro, para depois chupá-los com tanta vontade que ficariam marcas no dia seguinte.
Ela começou a puxar o bico de um dos seios, para soltar no instante seguinte e depois repetir o ciclo. A outra mão desceu para a calcinha, adentrando o pedaço pequeno de renda negra, tocando no ponto inchado e sensível. As pernas ameaçaram a fechar pela sensibilidade.
precisou esquecer os seios para se apoiar ao mesmo tempo em que se masturbava. Quando abriu os olhos, viu com as mãos em movimentos de vai e vem com o próprio pinto. Gemeu com a vista privilegiada. Então, aumentou o ritmo dos toques, jogando a cabeça para trás.
Os cabelos voaram para trás com o movimento e sentiu sede de descobrir o gosto da pele dela.
O pescoço exposto pedindo por atenção.
Os sons que ela fazia foram ficando mais altos e finos, atraindo a atenção dele outra vez, de olhos bem atento.
Os dedos cada vez mais rápidos.
A fricção dos próprios dedos na intimidade, acertando em cheio os pontos de prazer, a fazia ter espasmos pelo corpo todo. A mão livre foi até o braço da cadeira, onde apertou com tanta força que os dedos ficaram embranquecidos.
Ora movimentos mais rápidos, ora movimentos circulares mais lentos e ela sentia a ponta dos dedos um pouco melados. Lembrou-se do cenário, então abriu os olhos, sem interromper as carícias.
Deixou um gemido arrastado e sofrido escapar com a imagem de na cadeira, tão doado à ela.
- Goza para mim, . Goza. – o ouviu pedir, com a voz rouca.
Com o estímulo, sentiu as costas arquearem. Sentindo as paredes internas contrair, como se estivessem se fechando, ela impulsionou o quadril para frente e pressionou ainda mais o clitóris para cima e baixo e a explosão veio.
Mesmo tentando manter o contato visual, sentiu os olhos se fechando com força. Ela não segurou os sons de satisfação e aproveitou a deixa para acelerar os próprios movimentos com a visão dela se desmanchando.
manteve o clitóris pressionado por mais alguns segundos até sentir o corpo amolecer aos poucos. Respirando pesadamente, abriu os olhos a tempo de ver chegando lá quase junto, apenas de meias, cueca e camisa aberta.
No momento que os olhos dela pousaram nele, ele perdeu. O olhar somado ao movimento sexy dos peitos dela subindo e descendo o fizeram gozar.
Os sons foram tão roucos e primitivos que foi se sentindo mais encharcada.
Sem esperar mais, se livrou da própria cueca e avançou em direção da mulher, puxando-a para ficar de pé. Os braços dele a envolveram pela cintura, puxando-a para perto com tanta força, que acreditou que poderiam se fundir. Em resposta, as mãos dela voaram até os cabelos dele na nuca, puxando-os com violência.
Faminto, a boca dele buscou a dela. O desespero misturado ao desejo era tanto que grunhidos satisfeitos escapavam entre o beijo. Como se estivessem em uma dança sem música, os dois iam para frente e para trás, tamanha intensidade da troca de carícias.
O nariz dela começava a puxar ar com mais força. As línguas se entrelaçando com vontade, somado ao contato dos bicos duros se esfregando no peito dele e o membro batendo sendo pressionado contra a barriga a fazia se perder de tão entorpecida.
Com a respiração tão pesada e falha quanto à dela, deslizou a língua para o pescoço, lambendo toda a extensão de forma lenta, descendo e subindo até os ombros, onde fez um carinho com o nariz. Uma das mãos desceu pela lateral do corpo até chegar à coxa, dedilhando a pele desnuda para alcançar a bunda e assim apertar com vontade, para em seguida desferir um tapa, arrancando um suspiro quente dela direto em seu ouvido.
Ele queria arrancar mais.
ainda tentava recuperar o ar que tinha perdido quando sentiu o bico do seio ser apertado com força, causando prazer e dor ao mesmo tempo. Suas pernas tremeram. Aproveitando-se disso, a içou para cima, carregando-a pelas coxas até conseguir sentar na própria cadeira, com por cima. Afobado, buscou o feixe do sutiã nas costas para ter apenas a calcinha os separando, que era praticamente nada também.
Naquela posição, o colo ficava mais exposto. A boca rápida dele abocanhou o seio direito dela e ali ficou o sugando só para a visualizá-la fechar os olhos de prazer outra vez, enquanto uma mão apertava o outro com força, dando a atenção que tanto queria. Atiçou-a, roçando a língua de leve e de maneira lenta no bico rijo ao mesmo tempo em que mantinham contato visual.
se contorceu, esfregando a boceta sobre o pau ereto e levando as mãos desesperadas para os cabelos dele mais uma vez.
soltou o ar com pesar.
Ela roçou a intimidade mais algumas vezes até puxar a calcinha para o lado e posicionar o membro na entrada, preparada para abraçá-lo por inteiro.
- Espera. – ele disse com dificuldade, girando um pouco a cadeira, até conseguir esticar os braços para uma gaveta e de lá tirar o tão conhecido pacotinho metalizado.
- Cretino. – desferiu um soco no mesmo lugar machucado de antes, achando inacreditável ele ter aquilo na gaveta do escritório.
- Preparado. – corrigiu, capturando o rosto dela com as mãos e os lábios em seguida.
Depois de conseguirem colocar a camisinha, posicionou o membro duro na entrada da boceta e enfiou tudo de uma vez.
Os dois gemeram alto com a fricção, quebrando qualquer possiblidade de continuarem os beijos.
sentiu a cabeça bater no encosto com a sensação de estar dentro dela por completo.
Com os dedos cravados nos ombros do homem, começou com o trabalho de sobe e desce. O estava se concentrando ao máximo para postergar o gozo. Quando sentiu que estava próximo, ajudou ela, acelerando os movimentos.
já havia perdido o controle sobre os movimentos. Só o que conseguia fazer era gemer com a cabeça para trás enquanto sentia a invadir cada vez mais forte e fundo.
- Não para, não para... – gemeu em súplica, sentindo as pernas voltarem a querer fechar.
Ele chegou primeiro dessa vez, precisando de alguns segundos para voltar a estocar, compenetrado em trazer o orgasmo.
estava tão sensível que sentia o membro dele roçando em todas as paredes, como se a cada minuto surgisse um novo ponto de prazer.
Dividindo o espaço com os gemidos, também tinha o baque dos corpos que se chocavam com violência. Ela estava tão molhada que o membro dele escorregava com facilidade. Quando a sentiu apertá-lo com mais força nos ombros, soube que precisava intensificar ainda mais. Usou o fôlego que tinha e começou a meter com uma vontade além do usual.
O formigamento começava a nascer nas entranhas. sentiu o sangue subir a cabeça e o corpo esquentar.
Com os dentes trincados e uma camada fina de suor cobrindo a testa, o continuou as estocadas até sentir uma pressão maior contra o pau, usou uma das mãos para apertar a cintura dela contra si e a outra para encher com o peito.
soltou um grito sofrido e com ele todo o ar que tinha preso no pulmão, passando as mãos desesperadas por todo o corpo. Rebolou incontáveis vezes tentando ampliar a gostosa sensação até sentir que tinha melado o pau dele.
foi parando os movimentos gradativamente, mas não saiu de dentro dela. Percebeu ela apoiar a cabeça contra o próprio peito enquanto regularizava a respiração.
- Espero que não tenha acabado ainda, . – soprou no ouvido dela. – Eu ainda nem te dei uma chamada de atenção pela agressão de antes.
Ela deu um riso fraco.
- Podemos chamar isso de acidente de trabalho?
Em um rompante, ele a puxou para cima, obrigando-a a ficar de pé. se livrou da camisinha e imediatamente buscou outra. Sem delicadeza, puxou-a pelo antebraço e em seguida a jogou contra a parede de vidro, chegando por trás.
O contato da pele quente do colo contra a superfície gelada do vidro fez se arrepiar por inteira.
O a prensou ainda mais, roçando o membro entre as pernas entreabertas dela. Com uma mão, puxou os dois braços dela para trás e os segurou, enquanto a outra moveu para os fios de cabelo, embolando-os de qualquer jeito para em seguida puxar.
- Você sempre fala demais. – a invadiu sem avisos.
gemeu em aprovação.
- Vamos acabar quebrando o vidro assim. – recobrou a razão por breves segundos, encostando a cabeça para trás, até encontrar o corpo dele, ao mesmo tempo em que recebia as estocadas.
- Ainda bem que como você disse, eu sou o presidente. – exibiu um sorriso presunçoso que pôde ser visto por ela pela superfície transparente e levemente embaçada – É só uma ligação e um novinho vem. – garantiu, mordendo a boca, entrelaçando os próprios dedos com os dela e os levantado para o alto até apoiarem na superfície.



Capítulo 04

estava radiante naquela manhã, totalmente renovada apesar da noite anterior agitada.
Estava tão satisfeita que tinha vontade de ficar rindo por qualquer coisa. passaria o dia fora por conta de algumas reuniões, mas se mostrou disposto a repetir tudo quando ela quisesse.
Viu um dos estagiários bater à porta.
Agitada, fez gestos com as mãos, convidando-o para entrar.
- Chefe... – ele começou olhando para todos os lados.
constatou que ele parecia perturbado, talvez incomodado com algo.
- O que aconteceu? – franziu o cenho, começando a ficar preocupada.
- Ontem, Theo e eu fomos pegar o ônibus para casa, como fazemos todos os dias depois que saímos daqui, lembra? Demos tchau.
Ela ainda não tinha entendido o que aquilo tinha de relevante, acenou com a cabeça e pediu para que prosseguisse.
- Então, só dentro do ônibus, no meio das paradas aquele retardado percebeu que tinha esquecido as chaves de casa no escritório. – nesse ponto ele buscou fugir de contato visual com ela a todo custo - Como Theo mora sozinho, ou voltava para pegar o molho, ou dormia de baixo da ponte... Voltamos para o escritório um tempinho depois.
tinha aberto a boca para questionar o que tinha demais na história e se era só isso mesmo até a ficha cair e conseguir juntar todos os pontos.
Os olhos dela quase saltaram para fora.
- Ai, meu Deus!





FIM.



Nota da autora: Oie! Seja bem-vinda a minha primeira restrita (e talvez última?). Espero que tenham gostado de acompanhar os personagens nesta montanha-russa de humores. Conseguiram se identificar com alguma coisa? Espero ter conseguido arrancar alguma expressão genuína sua durante a leitura, ainda mais em meio a esses tempos loucos... Se não, que a fic tenha ocupado um pouco a sua cabeça e deixado o coração levinho? Hahaha Obrigada por reservar um tempinho para a minha história e por acompanhá-la até o fim. Fazia muito tempo que eu não escrevia de verdade, então perdoem os vícios na escrita e principalmente pelas cena cômicas... É MAIS FORTE DO QUE EU!
Espero pelas opiniões e críticas! Tem horas que até eu acho que essa fic foi um surto fjskalfakl
Até a próxima!







Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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