10. Good In Bed

Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo 1: Em terras quileutes

I've always been the one to say the first goodbye
Had to love and lose a hundred million times
Had to get it wrong to know just what I like
Now I'm falling
You say my name like I have never heard before
(Dua Lipa – Break my heart)


Mais uma vez em Seattle, mais uma chance de encontrar quem eu não queria. Dez anos haviam se passado desde que pisei nessa terra, e as lembranças... Ah, não eram nada boas.
- Será que dá pra desmanchar essa cara? - me repreendeu, bufei e a olhei feio.
- Se eu desmanchar a cara fico sem, agora será que podemos ir logo pra Port Angeles? - Minha voz estava baixa, ameaçadora, um traço da personalidade ancestral que rugia dentro de mim.
- Uh tá nervosinha. Isso tudo é medo de reencontrar...
- Não começa. - Adverti vendo se calar, não era minha intenção ser rude com ela, mas aquele lugar, aquele cheiro, aquelas lembranças e a mais remota ideia daquela presença me desestabilizavam. - Desculpe, eu só... Quero ir embora, podemos? - Um aceno de cabeça foi dado em coletivo. Me encaminhei para caminhonete que alugáramos em Port Angeles e bati a porta com mais força do que planejada atraindo alguns olhares, sorri amarelo e me afundei no banco. Com mais de mil anos de vida nunca me sentira assim, receosa em reencontrar alguém, mas a ideia de não vê-lo era desoladora, eu sabia que havia sido covarde ao fugir quando percebi o que se passava, mas o que poderia fazer? Ele era um garoto, não fazia sequer ideia do poder que tinha, estava sendo ordenado por quem deveria ser seu beta e tudo isso ligado ao fato de que minha vida se resume em proteger os seres mágicos, tudo estava contra nós.
- Pronto, podemos ir. – parecia estranhamente feliz, olhei para praia e percebi que havia uma pequena movimentação, três figuras de pele avermelhada e cabelos pretos caminhavam lado a lado e acenavam para o carro. Senti meu coração acelerar, eu conhecia muito bem aqueles três, pelos céus, o que eles faziam em Clallam Bay?! Vi minhas amigas acenarem de volta e me afundei no banco traseiro com a cabeça baixa de forma que não ficasse identificável para quem olhasse de fora. – O que você tá fazendo aí embaixo? – notou minha tentativa de passar despercebida, bati em seu ombro para que olhasse parta frente.
- Eles são os quileutes. – Sussurrei esganiçada, vi sobressaltar-se e fechei os olhos. – Por favor, vamos logo. – Não foi necessário um segundo pedido, no momento seguinte picape manobrava e seguia rumo a cidade ao lado. Só consegui respirar aliviada quando estávamos na rodovia.
- Você já pode começar a falar. – Cantarolou , me ajeitei no baco traseiro e concordei. Elas eram minhas melhores amigas e irmãs de profecia, não havia a menor possibilidade de manter algo escondido delas por muito tempo, ao menos, não tudo escondido. Fechei os olhos e deixei que minha mente viajasse até o dia em que me deparei pela primeira vez com esta geração de quileutes.

Havia chegado há dois dias na terra dos Frios, o lugar por si era perfeito para este nome, levando-se em conta que só chovia e não havia um momento ininterrupto de Sol a maior parte do ano. Estava designada a encontrar os Cullen e conhecer a tal Bella, a garota por quem meu grande amigo se apaixonara. Edward finalmente arranjara um amor pra chamar de seu e tinha que ser uma humana, claro, ele não facilitaria a vida da pobre Escolhida.
Ri com o pensamento, ele com certeza sabia dos riscos e de tudo o que precisaria abrir mão para viver aquele amor, e se Carlisle, que era o mais consciente dentre todos estava de acordo, só me cabia averiguar por puro protocolo. Dirigi o Mustang pela longa e úmida estrada até a cidadezinha e suspirei ao sentir o cheiro de terra molhada. Era agradável, e seria perfeito, se um cheiro amadeirado não tivesse cruzado meu olfato no exato momento em que me vi obrigada a frear com rapidez, pois alguém aparecera de repente na frente do carro.
- Pelos céus! – Gritei já soltando o cinto e deixando o veículo para saber o que se passava, me deparei com um garoto jogado no chão, o corpo próximo demais dos pneus e uma expressão de dor. – Menino, você está bem? – Abaixei-me para ver melhor os ferimentos que, assustadoramente, começavam a sumir diante dos meus olhos.
- Você não olha pra estrada enquanto dirige? – Sua voz era grave e rouca, balancei a cabeça descrente de sua fala. Ele não era humano, ou com certeza estaria chorando de dor, mas não sabia quem eu era. Quase ri quando, ao tentar se erguer, gemeu de dor. No entanto algo me fez refrear, seus olhos, que ainda estavam presos no asfalto, voltaram-se para mim.
Eu poderia dizer que ele era bonito demais e por isso meu coração acelerou a ponto de me faltar o ar. Ou, quem sabe, fosse a forma como seus olhos esquadrinharam meu rosto e corpo. Definitivamente poderia ser o jeito como o calor que vinha de sua pele emanava e parecia me acalentar, ainda que não o estivesse tocando mais. Havia mil e uma explicações, e ainda assim nenhuma era boa o bastante, não quando tudo o que existia eram os olhos castanhos, pequenos, brilhantes e avermelhados que pareciam estar chorando momento antes.
- Você... – Um arrepio perpassou meu corpo ao ouvi-lo mais uma vez, aquilo era loucura, mas eu me sentia presa naquela situação. Era como se ao menor movimento tudo fosse se dissolver, tudo o que eu precisava fazer se diluiu em querer ajudá-lo, cuidar de seus ferimentos, ouvir sobre sua vida e a história da família que desejei, mais do que nunca, ser a minha também. Agachei-me novamente e parei perto o bastante para sentir sua respiração bater em meu rosto, voltei minha atenção para seu corpo e percebi que seu braço estava apoiado sobre a pista em um ângulo estranho, com certeza havia quebrado.
- Vem, você precisa levantar. – Ajudei-o a se erguer e ouvi o primeiro resmungo de dor quando apoiei seu corpo ao meu. Quente, absurda e assustadoramente quente. – Onde mora? – A pergunta deveria soar despretensiosa, no entanto, não fora. Eu queria tanto saber onde aquele desconhecido e absurdamente bonito garoto morava que soaria ridículo se mais alguém pudesse ouvir meus pensamentos.
- La Push. – A resposta veio baixa, um sussurro de dor. Assenti e o ajudei a entrar no carro, fiz o mesmo assim que o deixei acomodado e segui com rapidez para reserva. Conhecia aquele lugar como a palma da minha mão, o berço das lendas indígenas do país, fora meu lar por três anos antes de minha partida para reencontrar as garotas na Noruega, muitos anos atrás.
Estacionei o Mustang em frente a pequena casa vermelha que me fora indicada. Como se sentisse nossa presença um homem sentado sobre uma cadeira de rodas despontou pela porta, olhos estreitos, pele avermelhada, cabelo comprido, algumas rugas ao redor dos olhos e, ainda assim, eu o reconheci. Destravei o cinto do garoto e saí do veículo para dar a volta e ajudá-lo a sair também.
- ? – A voz grave de Billy me saldou antes que pudesse completar a missão. – , é você mesmo? – Sorri ao me virar e assentir. Billy Black continuava o mesmo, exceto pela nova forma de mobilidade, mas eu conhecia aquela história, ficara sabendo em uma de minhas passagens por Forks, infelizmente um acidente de carro o deixara paraplégico e ceifara a vida de sua esposa Sarah, a mãe dos pequenos Rachel, Rebecca e Jacob, o último eu sequer chegara a conhecer.
- Você está ótimo. – Me aproximei para abraçá-lo e o senti retribuir.
- Você é que não mudou nada. – Dei de ombros, rindo da piada interna. Ele sabia que eu jamais mudaria. – Quanto tempo, a última vez que te vi foi no...
-... Hospital, me lembro. Que bom que você está bem. – Tentei não tocar no assunto, sabia o quão doloroso ainda podia ser.
- O que faz aqui em... – Um gemido interrompeu a fala de Black, só então me fazendo lembrar do rapaz que trouxera quase desacordado no carro. – Jake? – A pergunta do ancião me fez franzir o cenho.
Sem dificuldade alguma tirei o tal Jake do banco e o levei para dentro da casa, que como me lembrava, era quente e aconchegante assim como os braços do jovem que se prendiam ao meu redor.
- O que aconteceu com ele? – Billy indagava preocupada. – Jacob, acorde. – Pedia com desespero na voz. Arregalei os olhos ao perceber o que se passava ali.
Jacob, ou Jake como ele o chamara, era seu filho, o pequeno garoto que nunca conheci. Engoli em seco e tentei me erguer da cama e contatar Carlisle, era a melhor opção naquela situação, todavia um braço pesado envolvia minhas pernas mantendo-me sentada sobre o colchão. Bill havia saído para chamar um tal de Sam. Aproveitei para analisar o estado real da fratura e, verdade seja dita, parecia feio. Eu poderia colocar os ossos no lugar, só não sabia se queria isso.
- Faça. – A voz sofrida do garoto me fez pular de susto, ele teria rido se a dor não fosse lancinante. – Você pode, então faça.
- Como você...? – Não concluí a pergunta, pois seus olhos se fecharam e o corpo amoleceu. Uma onda de desespero me tomou forçando-me a reagir. Verifiquei sua pulsação, fraca. Os batimentos, baixinhos. Engoli em seco e levantei da cama para arrumar seu corpo de forma que pudesse mexer sem prejudicar mais nada; apoiei minha mão sobre seu ombro e com a outra segurei a dele, inspirei todo o ar que podia e puxei o braço de uma única vez, o som dos ossos se alinhando era aterrador, mas nada superaria a dor que tomou meu corpo ao ouvir seu grito ressoar pelo cômodo. Lágrimas grossas deixavam seus olhos, e curiosamente os meus. A porta foi aberta com violência e cinco figuras gigantes surgiram na soleira, todos com cortes semelhantes e expressões amedrontadoras. Eu teria medo se não fosse quem sou, e se não soubesse de quem se tratava.
- O que você fez? – O mais alto do grupo rosnou em minha direção, não movi um centímetro, apenas sequei o rastro úmido em meu rosto. Jacob tinha uma expressão tensa e sua mão ainda estava na minha. Vi Billy passar por entre os recém-chegados e olhar a cena.
- Coloquei o braço no lugar, duas fraturas quase expostas. Ombro e cotovelo. – Apontei com a mão livre os locais citados. – Não se preocupem, em dois dias ele não sentirá mais nada, dada a velocidade com que se recuperam os transmorfos. – O choque passou pelo rosto de todos, exceto de Black, que sorriu minimamente. – Estou certa, Billy? – Era uma pergunta retórica, mas ele concordou. – Acho que agora podemos conversar. – Arqueei a sobrancelha em direção aos presentes, ninguém se manifestou. Bufei. – Vá até a farmácia e traga esses medicamentos, ele vai dormir e deve acordar melhor. – Escrevi os nomes em um pedaço de papel que trazia no bolso da jeans, a esta altura já soltara-me do aperto do jovem Black. Um garoto que aparentava entre treze e quatorze anos se precipitou para comprar os remédios, sobrando apenas os quatro que vieram com ele e o dono da casa, que olhava com carinho para o filho desacordado.

- Você atropelou um deles. – Constatou ao se jogar na cama do hotel em que estávamos hospedada, as molas rangeram e ela revirou os olhos. – Isso é ruim, mas não justifica a cena de mais cedo.
- Muito menos o medo de encontrar alguém. – concordou saindo do banheiro.
Havíamos chegado há pouco mais de dez minutos, o caminho até Port Angeles fora repleto de lembranças e pequenos fragmentos de uma longa história a ser contada, elas me matariam quando soubessem de tudo, isso era certeza.
- Vocês realmente prestaram atenção no que eu falei? – Perguntei na tentativa de não xingá-las, elas me fariam falar com todas as letras o que se passava. Ouvi um coro de “cada palavra”, e enfim bufei. – Pelos céus, vocês dormiram nos ensinamentos de madame Edith? – Indaguei retoricamente, elas deram de ombros. – As lendas norte americanas, os lobos quileutes, homens que herdam no sangue o poder se transformar em lobos gigantescos... – As duas ainda me olhavam a espera de que eu dissesse mais. – Eles tem lendas mais complexas do que as dos Frios, meninas. Lembram-se do Imprinting? – A palavra certa havia sido dita e agora dois pares de olhos arregalados me fitavam.
- Você teve um...
-... Imprinting com o filho do Billy Black? – completou a fala de uma perplexa, conhecíamos os Black há anos, desde a primeira linhagem, então era claro que o choque de algo assim ter acontecido logo com o neto de Efraim as fez surtar. O maior líder que o lugar já tivera, o homem que marcou a história de seu povo e revolucionou o mundo que nós três protegíamos. Efraim fora nosso discípulo, alguém com quem convivemos por um curto espaço de tempo, mas o bastante para ensiná-lo tudo o que ele sabia sobre os frios e os segredos da floresta. O que quase ninguém sabia é que Jacob era muito mais do que o neto do grande líder, ele levava consigo um dom ainda maior, talvez mais forte que a liderança dos quileutes e da matilha, Jacob era predestinado e, segundo uma lenda muito antiga, quase esquecida pelo tempo, meu nome estava ligado ao dele. E com o olhar de compreensão de minhas irmãs soube que elas haviam recordado desse fato.
- Pelo amor de Deus, como você pode ir embora? – pulou da cadeira em que se sentara minutos antes e agora me encarava como se eu fosse um alienígena, foi a minha vez de ocupar o colchão barulhento da cama velha. – nós sabemos o que o imprinting causa, toda dependência, dor e medo de perder. Como, e eu digo com a maior tranquilidade que posso no momento, você com a sua experiência conseguiu abandonar aquele garoto?
- Talvez por que ele era exatamente isso, um garoto. – Retruquei esgotada dando ênfase a palavra, o dia havia sido longo e parecia longe de acabar. As duas me olharam com cara de quem estava prestes a cometer assassinato. – Ele tinha só dezoito anos, não era sequer o Alfa ainda e não sabia da importância que tem pra nossa história. – Tentei justificar minhas ações e tudo o que recebi foi uma careta em troca.
- Nada explica, . Ele podia ter morrido e você também. – bronqueou, balançando a cabeça em seguida. – Não poderíamos seguir sem você, não por que é a primeira Escolhida ou algo do tipo, mas porque é nossa irmã. E esse garoto... Pelos céus... – Ela sequer conseguiu concluir a fala. Mordi o lábio inferior. estava quieta, eu sabia que no momento em que se manifestasse as telhas daquele lugar poderiam voar e não era no sentido figurado; ela, mais do que ninguém, sabia sobre as noite em claro, os choros e todas as vezes em que me questionara sobre o motivo eu sempre dizia que se apaixonar dava trabalho, mas não revelara a verdade por trás daquela frase. Nesse momento tudo fazia sentido, finalmente, e em momento algum isso tornava as coisas melhores.
- Não o deixei completamente. – Retorci os dedos num sinal de nervosismo que, apesar dos séculos, ainda me acompanhava. Seus olhos focalizaram neste pequeno gesto antes de voltarem para meu rosto. – Posso senti-lo, na verdade nunca deixei de ouvir seus pensamentos e acompanhar seus passos. – Suspirei pesadamente evitando as lágrimas com muito custo. fechou os olhos por um momento, evitando dizer algo que me magoasse mais.
- Projeção. – Foi a única palavra que saíra de seus lábios, assenti. Projetar, como chamávamos, era um dos inúmeros poderes que tínhamos como Escolhidas e protetoras do mundo sobrenatural. A capacidade de deixar uma parte de nossa consciência assumir nossa fisionomia e aparecer em qualquer lugar do mundo, no momento em que quiséssemos. Diversas vezes vi a matilha reunida conversando sobre o que fazer para tirar Jacob da depressão. Sam tentara de tudo; Leah, a única mulher do bando, cogitara até mesmo me rastrear e, se eu não voltasse, me matar. A menção desta ideia, ainda que fosse impossível, fez Jacob saltar da pequena varanda de madeira e pousar no chão como o enorme lobo avermelhado do qual eu tanto sentia falta.
Ele me amava, mesmo dez anos tendo se passado. Mesmo quando todos diziam que eu jamais voltaria, ele sabia que isso não era verdade.
- Estar aqui novamente me faz recordar que é uma questão de tempo até encontrá-lo novamente, e sinceramente não sei o que pode acontecer. – Eu estava sendo sincera, total e completamente honesta sobre o que sentia, por esse motivo deixei que minha mente se abrisse relevando os pensamentos que me rondavam, e esperando que, assim, tudo ficasse mais claro para elas. Os anos que passei evitando falar, pensar ou sequer passar perto dos Estados Unidos destruíra uma parte importante de mim, e esconder isso de minhas melhores amigas não ajudara em nada. A verdade é que eu sempre soube que estivera errada em fugir, fui covarde e isso quase matou a nós dois, mas ficar com Jacob naquele momento poderia ter trazido um dano ainda maior. Nossas forças unidas num momento em que seu coração estava tão frágil devido ao fracasso de seu primeiro amor o tornaria perigoso e destrutivo, poderia ser a ruína dos quileutes e das Escolhidas. Eu o amava, mas não colocaria tudo em risco, mesmo que tudo o que me sustentasse na Terra fosse sua existência.
- Como você pretende solucionar o problema se tudo está diretamente ligado a ele? – finalmente se manifestara, seus olhos estavam marejados e eu quis me bater por isso. Ela era minha irmã mais nova, odiava vê-la triste, e tudo se tornava dez vezes pior quando o motivo era algo relacionado a mim.
- Está mais do que na hora de resolver isso, . – Foi quem respondeu, interrompendo minha voz. – Você fugiu por tempo demais, e eu sei que apesar de não ter sido fácil, os seus motivos são justos. Mas chega disso, é hora de fazer valer o seu chamado e tornar realidade a profecia.
- ....
- Não, nada de . – Suas sobrancelhas uniram-se em direção ao centro de seu cenho onde uma ruga ameaçava aparecer. – Você é a Primeira Escolhida, suas ações estão diretamente ligadas a nós e tudo o que conhecemos.
- Não precisa me dizer o óbvio . – Engoli em seco. – Eu ia dizer que, a esta altura ele já sabe que estou por perto, é uma questão de tempo até me encontrar.
- E isso quer dizer... – insistiu e eu fiz careta.
- Que vamos resolver o que viemos resolver. – Levantei-me assumindo a fala como a líder que estava designada para ser. – Vamos até os Cullen averiguar o que Alice sabe, em seguida colheremos informações pela cidade e por fim iremos até a reserva. – Engoli em seco e ergui a cabeça, sentindo a energia milenar que nos cercava começar a correr em minhas veias. – Falarei com cada um dos lobos, dos anciãos aos mais novos, precisamos saber o que eles sabem ou sentem. Isso vai nos direcionar para o que estamos procurando, e quem quer que seja que ousou tentar burlar as leis vai pagar bem caro por isso.
- Essa é a que a gente conhece. – bateu palmas animada, acabei rindo. No fim esse era o objetivo, reencontrar meu Imprinting, fazer valer a lenda, aumentar o poder de um povo e acabar por definir o destino de minhas melhores amigas era uma consequência, mas é claro que eu não diria isso a elas. Ao menos, não agora.


Capítulo 2: Novo alguém

I got new rules, I count 'em
I got new rules, I count 'em
I gotta tell them to myself
I got new rules, I count 'em
I gotta tell them to myself
(
Dua Lipa - New Rules)

Dizer que tivemos uma noite mal dormida seria eufemismo perto de todo desconforto e irritação que passamos, o colchão era duro, a cama barulhenta, havia muita poeira e pouca paciência. reclamara a noite inteira, se limitava a resmungar e mandá-la calar a boca e eu, bom, ria sempre que alguma das duas começava a discussão do real motivo de estarmos dormindo ali e não na casa dos Cullen, como era costume.
- Pelo última vez, , não vamos para casa onde moram dois ex da , e ponto final! – Me exaltei em determinado momento, já passava de três da manhã e a briga ainda persistia.
- Como assim dois? Quem mais ela namorou além do Edward? – rapidamente sentou-se sobre o colchão e nos encarou espantada. Mordi o lábio inferior e olhei para , que fitava suas unhas com mais atenção que o necessário. – Vamos, falem de uma vez.
Sabendo que não iria abrir a boca, pigarreei e me sentei também, ficando de frente para elas.
- ficou... Ou melhor, teve um breve affair com Rosalie, logo depois da transformação dela. – O choque que passou pelo rosto de me fez rir e quase cair do colchão. Um “Como assim?” soou alto e assustou a própria , que agora nos olhava escondida embaixo do lençol. – Logo depois que Rose foi transformada ela teve aquele período sombrio e tudo mais e Carlisle decidiu que ir para Islândia com ela era uma boa ideia. – Deixei a história no ar esperando que a garota terminasse.
- Eu estava verificando um covil de súcubus por lá e a encontrei, não foi nada sério, nós saímos para jantar, nos tornamos amigas e, como os jovens de hoje dizem, ficamos algumas vezes. – bufou ao ver a cara de , que agora tampava a boca com a mão para evitar o grito de surpresa. – Não foi nada demais, passei apenas dois dias por lá antes de ir encontrar vocês em Dubai, pronto.
- Como assim pronto? – sentou-se sobre as pernas, puxando o lençol da amiga e esperando a continuação da história. Que não veio. – Quando você ficou com Edward, então? Foi só um “affair” ou foi sério? Conta tudo!
Eu já havia desistido de dormir e agora ria abertamente de cada suspiro pesado solto por , que vez ou outra mandava em meus pensamentos frases como “você e sua boca grande” ou “onde eu fui me meter?”.
- Vamos manter a calma. – Pediu ela. – Eu namorei com Edward por alguns meses, cheguei a morar com os Cullen na época, mas com a nossa vida louca decidi que mantê-lo preso a mim não era algo saudável. – Nossos olhares se encontraram, por esse motivo eu sabia que ela entenderia minha situação melhor que ninguém. – Então, depois de oito meses em que vivemos com os Denali e dois que passamos com os Cullen, época essa em que Rosalie estava na lua de mel com Emmett. – Ela esclareceu antes que pudesse perguntar. – Nós resolvemos terminar. estava enfrentando aquele caso de rebelião dos lobisomens em Paris, e você estava presa no caso dos elfos na Groelândia, eu não podia estagnar minha vida e esperar que lutassem sozinhas. – A vi coçar a pontinha do nariz e torcer os lábios, mania que trazia desde a infância quando se sentia acuada. – Conversei com ele, e apesar de ter sido muito doloroso, concordamos que nossa amizade era mais importante. Alice, que era fã número um de nosso relacionamento, não se opôs e eu sabia que esse era o maior sinal de que, apesar de sermos incríveis juntos, não éramos perfeitos como deveria e alguém chegaria para ele, assim como espero que chegue para mim um dia. – Ela sorriu tristinha e eu me levantei para abraçá-la, a vontade de contar que havia, sim, alguém para ela e estava mais perto do que se podia imaginar era imensa, mas sabia que se o fizesse atrapalharia o curso das coisas, então me limitei a apertá-la num abraço lateral que logo foi completado por , que sorriu complacente.
- Mas verdade seja dita, tu é um safada hein , pegou os mais bonitos de uma família só. – se pronunciou depois de alguns minutos em silêncio, eu desatei a rir enquanto a via ser bombardeada com travesseiros.
- Os dois são lindos, isso é verdade. – Comentei depois de me recuperar parcialmente da crise de riso. – Mas acho que o jeito misterioso de Jasper tem lá o seu charme. – Dei de ombros.
- Deixa Alice ouvir isso. – apontou pra mim, ergui as mãos como se não tivesse falado nada demais e acabamos rindo o resto da madrugada e dividindo histórias de décadas atrás.
Todavia, agora que caminhávamos pela floresta em direção a gigantesca construção de vidro que se abria como um monumento em meio a vegetação, sabia que deveria ter dormido mais. Apesar de todos os dons, vivíamos o mais humanamente possível, noites em claro não eram exatamente divertidas se o motivo fosse um quarto de hotel péssimo. Respirei fundo e não precisei terminar de subir os degraus para notar que todos já sabiam de nossa presença.
Pela janela superior vi Rosalie parada nos fitando, na porta estavam Carlisle e Esme. Edward aguardava nossa aproximação vendo tudo pela janela da sala. mordeu o lábio para não rir da coincidência que se desdobrava em nossa frente, os “ex” de a fitavam exatamente na mesma posição, com braços cruzados e olhar fixo, de janelas sobrepostas. Ignorei a vontade de rir e foquei no rosto de nossos velhos amigos.
- Ah , que maravilha ter você por aqui. – Esme se adiantou para me saldar com um abraço materno típico, era o traço mais marcante de sua personalidade. Além da doçura e da beleza, é claro. Ela era carinhosa, gentil e maternal.
- É maravilho revê-la também, Esme. – Retribuí o abraço e sorri ao ver o rosto de Carlisle se abrindo naquele sorriso sábio e contido de quem já vira muita coisa nesta vida, seus braços foram os próximos a me receber. Sempre cordial e prestativo, era o típico pai das propagandas de margarina.
- Você está ótima. – Elogiou-me ao se afastar e me olhar. – Vocês todas estão. – Seu sorriso não diminuía ao passar os olhos de uma a uma, o abraçou apertado antes de seguirmos para dentro da casa.
Era claro que todos ali aguardavam nossa chegada, e não surpreendente, fora Alice a primeira a surgir para nos abraçar. Quase da minha altura, ela se pendurou em nossos pescoços fazendo um abraço triplo com exclamações de “Nossa que saudade”, “Finalmente terei uma companhia para as compras, além de Rose, é claro” e “, eu senti muito sua falta”. Essa última frase pareceu despertar a atenção da vampira mais nova, Bella Swan, a filha do xerife e atual esposa de Edward Cullen, mais conhecido como meu melhor amigo – barra – ex crush secular da .
- Como é exagerada, parece que tem uma década que não nos vemos. – Falei séria ao me afastar de seus braços, os olhos cor de topázio examinaram meu rosto antes de cairmos na risada.
Cumprimentamos a todos com abraços, onde Emmett teria me quebrado ao meio se eu fosse humana, e beijinhos no rosto, exceto a ex-Swan que ainda parecia temerosa com nossa presença. Talvez ela soubesse sobre o passado que tivera com seu marido, ou talvez fosse apenas a força sobrenaturalmente predatória que impúnhamos involuntariamente. De qualquer forma, ignoramos a forma como ela nos encarava e sentamos no imenso e branco sofá de couro, Alice tagarelou sobre todos os assuntos possíveis enquanto Esme sumiu pela porta da cozinha com Carlisle e Emmett em seu encalço, Edward levara Bella para o andar superior e restou, por fim, apenas Jasper, Alice, Rosalie e nós. Deixamos a vampira falar sobre tudo o que queria, afinal, as garotas não a viam há mais de vinte anos. Esme voltou minutos depois com uma bandeja digna de um hotel cinco estrelas, repleto de coisas maravilhosas para o café da manhã. Vergonhosamente, o estômago de roncou e acabou nos fazendo rir.
Tomamos café em meio as histórias mirabolantes da pequena Cullen, as piadas de Emmett, os palpites de Rose, e até mesmo Jasper ousou fazer comentários. Carlisle, Esme e Edward, que voltara minutos depois sem a esposa, ouviam e riam das loucuras que compartilhávamos. Como da vez em que fugimos de algumas lhamas no Tibet, ou de quando acabamos presas no topo de uma árvore no Brasil e precisamos criar uma história mirabolante para não levantar suspeitas.
- Elas voltaram do Brasil cantando um funk nada atraente. – disse depois de Emmett perguntar o que havíamos trazido da América do Sul. – Sério, é péssimo.
- Nem começa, você mesmo estava dançando. – rebateu me fazendo balançar a cabeça e rir da cara ultrajada que nos direcionava.
- É verdade, . – Concordei e ouvi os Cullen rirem com vontade. – Na raba toma tapão nunca mais foi a mesma depois daquela noite na Avenida Paulista. – Suspirei ao me lembrar das maluquices que fizéramos em nossa última noite no maior país da América latina. Imagens nossas aprendendo e reproduzindo a coreografia dessa e de outras músicas surgiram em minha mente, e pela cara que Edward fizera ele também vira. Trocamos um olhar cúmplice e prendemos o riso.
- Certo, eu me rendo, foi bom. – Tudo o que a Escolhida se limitou a dizer foi isso, e o bastante para fazer Ed rir abertamente e me influenciar a fazer o mesmo. Demorei alguns minutos para me acalmar e poder prosseguir com o objetivo real de estarmos ali.
- Bom, a conversa está ótima, mas viemos aqui por um outro motivo. – Decidi que era hora de começar a falar sobre problemas, e infelizmente este não era nada fácil de resolver.

Os Cullen ouviam com atenção os motivos que nos levaram a fria e saudosa Forks com atenção e em silêncio. começou contando que em sua última viagem à Transilvânia boatos de que um ataque estaria sendo organizado contra os vampiros e lobisomens. O mesmo aconteceu com em sua rápida passagem pelo Marrocos, onde elfos e fadas lhe contaram aflitos sobre uma possível agressão a comunidade élfica. E por fim, contei que havia sido contatada pelos Volturi que, para minha não surpresa, estavam informados sobre ameaças aos vampiros e seres mágicos do mundo todo. Nossos celulares não paravam, não conseguíamos sequer dormir, já que enquanto dormíamos algum ser invadia nossos sonhos e exigia resposta, fui obrigada a tomar medidas drásticas. Tudo o que conseguimos descobrir é que quem quer que estivesse levantando tais rumores não era um ser sobrenatural comum.
- Não descartamos nenhuma possibilidade, mas sabemos que precisamos de ajuda. – reconheceu, balançando a cabeça em desânimo. – A criatura que está fazendo isso sabe esconder seus rastros melhor que ninguém.
- teve sonhos borrados há algumas semanas, e todos eles nos trouxeram até aqui. – continuou.
- Alice, talvez você tenha visto algo que me passou despercebido. – Retomei a palavra. – Em cada sonho que tive vocês estavam nele, isso significa que algo está para acontecer.
- Aqui? – Bella surpreendeu-nos ao surgir com os olhos arregalados. – Você quer dizer que Forks está sob ameaça? – Assenti. – Mas vocês não são as Escolhidas ou qualquer coisa do tipo? É dever de vocês cuidarem disso, não nosso. – Seu tom de voz subiu sete oitavas, o bastante para fazer e colocarem-se de pé. Permaneci sentada observando com cautela o rumo que aquilo poderia tomar.
- Bella, se acalme. – Pediu Carlisle com carinho, pude sentir Jasper usando seu poder na tentativa de apaziguar o humor sombrio que se estabelecera.
- É, Bella. – deu um passo à frente, os olhos faiscando. – Melhor se acalmar. – Alertou.
- Me acalmar? Vocês estão na minha cidade, pedindo ajuda para minha família para descobrir uma ameaça com capacidade desconhecida que é responsabilidade de vocês. – As palavras cuspidas como veneno me fizeram bufar.
- Meça suas palavras, vampira. – Foi a primeira coisa que disse ao me erguer. As garotas estavam prontas para atacar, não havia a menor dúvida que Isabella Swan era, definitivamente, a pessoa menos favorita naquele lugar. – Antes de você sequer existir, eles já eram a nossa família. – Caminhei lentamente até estar parada diante dos olhos apavorados da mulher que conquistara o coração do meu melhor amigo. – Não estaríamos aqui se não fosse importante, jamais colocaríamos qualquer um em perigos. Talvez você não tenha dimensão do nosso poder, mas não vai ser hoje que vou lhe mostrar. – Assegurei vendo-a recuar um passo, Edward estava parado atrás da esposa, com os olhos presos em mim e a feição aflita. – Alice, nós estamos de saída, se lembrar de algo pode nos ligar. – Falei ao voltar minha atenção a vampira pequenina que assentiu de pronto.
Todos os presentes, exceto minhas irmãs e Rosalie, pareciam tensos. Eles sabiam o quanto nós os amávamos, entretanto, não toleraríamos uma afronta sem revidar.
- Ela não quis dizer que... – Esme tentou argumentar, mas a cortou.
- Não se preocupe, Es. – Com um sorriso gentil, minha irmã tomou as mãos da vampira nas suas. – A prioridade aqui é encontrarmos o culpado de toda essa loucura.
Antes que qualquer um de nós pudesse dizer algo Alice paralisou, com os olhos focados em nada além do futuro, Jasper apressou-se em entregar-lhe um papel e um pedaço de carvão apontado, a moça começou a rabiscar com rapidez. Aproximamo-nos para ver do que se tratava, mas não precisei olhar para o desenho, a mente de Edward projetou na minha e foi automático o ato de recuar um passo, dois e então meu corpo estava sendo amparado por Rosalie, Emmett e Edward já se apressava em minha direção.
- Não pode ser, ela está morta, nós vimos isso acontecer! – gritou.
- Isso é loucura, não pode ser real. – começou a andar de um lado para o outro enquanto Alice e Jasper tentava falar alguma coisa coerente para ela.
Nada fazia sentido para mim, tudo ao meu redor se tornou um pandemônio. Minha mente apagou por alguns segundos, apenas para projetar-se fora do meu corpo, eu via os Cullen e minhas amigas falando, todavia não compreendia suas palavras. Algo soava mais alto que isso, mais alto que qualquer outra coisa. Uma voz de comando ditava ordens e separava grupos de homens com cortes de cabelo iguais, pele avermelhada e uma tatuagem redonda e com desenho intrínsecos no ombro direito. Eu sabia de quem se tratava.
- Espero que tenha aproveitado a vista querida, por que vai ser a última. – Alguém surgiu em minha frente, com os olhos esmeralda gritando poder, os cabelos loiros presos parcialmente e um sorriso diabólico capaz de botar medo no mais corajoso dos seres. Claire Romani, a Escolhida do fim, como era conhecida entre os seres sobrenaturais do século dois.
- O que... – Não pude concluir a pergunta, o medo me tomou de assalto ao ver a forma como ela olhava para figura imponente de cabelos compridos e sobrancelhas escuras, Jacob... Ela o queria, mas por quê?
- Você é tão ingênua, . – Claire voltou a falar. – Você é a Escolhida líder, o início, a detentora do poder supremo do mundo sobrenatural. – Ela ergueu um dedo e depois o outro. – Eu sou a Escolhida da morte, a última na hierarquia, se você morrer... – O tom sugestivo seguiu-se de mais uma olhava para Jacob.
- NÃO! – Gritei, ela riu em escárnio. – Não ouse chegar perto dele ou daquela aldeia, eu vou matar você, Claire, juro que vou. – Ameacei avançando em sua direção.
- Então é melhor correr, por que eu estou mais perto do que pensa. – Por um segundo vislumbrei uma casa de madeira em tons de azul, eu sabia a quem pertencia. Apressei-me em sua direção, mas acabei desperta no sofá da sala de estar dos Cullen, com todos os vampiros me fitando e minhas irmãs prostradas ao meu lado.
- Ela está aqui.- Falei em um fio de voz, sentindo o ar voltar aos poucos para meus pulmões.
- Aqui onde? Na floresta? – correu para perto das janelas tentando localizar a intrusa, neguei.
- Precisamos ir, ela vai atacar a aldeia. – Consegui dizer ao finalmente recuperar o fôlego, olhei rapidamente para Edward e ele assentiu, silencioso e prestativo. Corri para porta com minhas irmãs ao lado e partimos rumo a La Push, o percurso que deveria durar vinte minutos foi feito em cinco. Entramos na aldeia e um misto de sentimentos me tomou em cheio, como um soco no estômago. Aspirei a maior quantidade de ar que pude antes de focar meus sentidos nos pequenos detalhes ao redor, o farfalhar das folhas, o som de aves pequenas sobrevoando as casas, seis homens correndo na mesma direção em que estávamos.
Não precisei virar para saber que haviam estavam parados nos observando. Senti sua presença antes de vê-lo, seu cheiro inundou meus sentidos, paralisou meu cérebro por alguns segundos e permitiu que, mais uma vez, tudo o que me ligasse a Terra era sua presença. Seu coração batia tão rápido quanto meu.
- ... – Um sopro, surpreso, dolorosamente amoroso e cheio de saudade. E então, seus olhos encontraram os meus.


Capítulo 3: Finalmente você. Finalmente nós.

I been thinking it'd be better
If we didn't know each other
Then you go and make me feel okay
Got me thinking it'd be better
If we didn't stay together
Then you put your hands upon my waist
(Good in bed – Dua Lipa)

Jacob Black

Dez anos e ela ainda era a mesma, o cheiro, a pele, os cabelos, os olhos. era a mesma que eu conhecera anos atrás, o jeito como seus olhos esquadrinhavam cada canto da aldeia enquanto andávamos apressados em direção a minha casa fizera-me lembra do dia em que a conheci. Mesmo alucinando conseguia sentir seu cheiro, de longe fora a melhor coisa que já sentira na vida.
- Ele é mais bonito do que eu pensava. – Escutei uma das garotas que a acompanhava dizer.
- Na verdade, ele parece o Billy quando era mais novo. – A outra respondeu, não pude conter o riso e percebi que não fui o único, todos os lobos menores que me acompanhavam em seus treinamentos também ouviram.
- Não sei se lembram, mas estamos perto de lobos, meninas. – falou pela primeira vez desde que colocara os pés ali, as duas se calaram de imediato. Por um instante achei que fosse devido a fala de , mas ao olhar para frente dei de cara com Seth, Paul, Embry e Quill esperando por nós na varanda ao lado de Billy. Os dois primeiros estavam, literalmente, de boca aberta e olhos arregalados fitando as duas mulheres que prosseguiam atrás de nós.
- Ah não. – Embry resmungou.
- Imprinting? Sério? – virou-se para mim, depois para as amigas e, por fim, para meu pai. – Bem-vindas ao clube. – A frase deveria ser cômica, mas soou como uma provocação. Minhas mãos coçaram para tocá-la, puxar seu corpo de encontro ao meu e fazê-la minha como na última noite em que ela esteve aqui.
Enquanto os novos casais se conheciam do lado de fora da minha casa, nos colocava a par dos acontecimentos. Todos os anciãos foram convocados, inclusive Sam, que ouvia tudo atentamente. Sua narrativa nos deixava completamente atônito a cada palavra solta, no fim da explicação o silêncio reinou por alguns segundos. Todos precisavam pensar em estratégias, confabular para chegar a melhor conclusão e, enfim fazer uma armadilha.

-


A noite caíra há muito, as garotas estavam ao redor da fogueira ouvindo lendas e contando histórias, exceto , que contrariando tudo que eu acreditava, estava em minha casa, mais precisamente em meu quarto. Havia esperado o momento de vê-la sozinha. Corri para casa e entrei sorrateiro, vestia uma camiseta de malha grande e azul.
- Não foi exatamente discreto. – Saudou-me ainda de costas para porta.
- Dez anos, . – Sentei-me sobre a cama de casal recém-comprada. – Não houve um telefonema, uma mensagem de texto, nada. Mas eu sonhei com você, te defendi enquanto alguns se voltavam contra você, mas eu sabia que voltaria.
- Eu não te abandonei como pensa, Jake. – Neste momento ela se virou para mim, os olhos reluziram sob a luz da lua que adentrava a janela. – Te visitei sempre que pude, em sonhos ou mesmo quando estava sozinho e pensativo fitando o mar. Não fui embora por que não te amava ou qualquer uma das bobagens que você ouviu, precisei partir para continuar minha jornada e deixar seu caminho livre para seguir o curso que precisava tomar. A profecia que Billy lhe contou mais cedo é real, o auge do meu poder unido ao seu nos fará derrotar um grande mau. Naquela época você não estava pronto, seu coração fora partido e seu chamado não estava valendo.
Ela deu de ombros, suspirei.
- Jake, eu sei o que fez, sei que ficou depressivo. – ergueu os olhos até os meus mais uma vez. – Sei da garota em Port Angeles, Black. – Senti meu rosto queimar, ela, por outro lado, não esboçou reação alguma.
- ...
- Nós não fomos bons um para o outro naquela época, eu tinha um dilema e você um coração partido. Mas isso não significa que não nos amamos, eu voltei, vou ficar. – Aquela afirmação fez meu coração bater extremamente rápido.
- Talvez devêssemos ser bons na vida, como somos na cama. – Arregalei os olhos diante de suas palavras e ri quando ela gargalhou. Levantei-me para, enfim, beijá-la e senti meu peito apertar quando o Imprinting nos tomou fazendo o beijo se tornar algo mais que um encostar de lábios, o encaixe da boca, o calor do corpo e a forma como se derretia em meus braços enquanto a puxava para mais perto de mim na tentativa de fundir nossos corpos.
O grito que ressoou do lado de fora da casa nos fez pular o mais distante possível e correr porta afora, aparentemente a profecia estava se cumprindo. Não havia nada. Teríamos que guardar toda saudade para depois. Ela iria se vingar sobre minha noitada em Port Angeles com aquela garota, mesmo que não tivesse sequer comparação com o que ela era capaz de fazer comigo; mas tudo bem lidaríamos com isso depois. Agora, eu precisava ser o Alfa que fora designado para ser, e ela, a Escolhida líder.
- Se não me bastasse ter um Imprinting, me sinto um matusalém quando olho pra ele. – dizia enquanto se preparava para receber um ataque. Elas estavam no meio de um círculo formado com Quill, Jared e Embry. Ouvir aquela frase me desconcentrou e fez rir.
- Pelo menos seu namorado não vai ser o Zamgado. – devolveu e mordeu o lábio para não rir. Graças a sua habilidade de projeção, eu tinha completo acesso a cada detalhe do que se passava.
- Não sei se sabem, mas eles podem ouvir tudo isso. – interveio. Um farfalhar nas árvores nos fez ficar alerta, era, finalmente a hora de botar fim à maior ameaça que já existiu sobre a Terra para todos os seres sobrenaturais.


Fim



Nota da autora: Olá lindinhas, estou aqui apenas para agradecer a oportunidade de participar desse ficstape lindo. Torço para que gostem, peço que comentem e amem essa short tanto quanto eu. Até breve.
Beijos da tia Donna.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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