Finalizada em: 02/02/2021

Capítulo Único

8 DE DEZEMBRO DE 1941.

Massageava as costas do marido enquanto os pensamentos vagavam para o almoço que teria no clube da cidade com as amigas no dia seguinte. amava esses momentos só com as mulheres. Colocavam todos os papos em dia, trocavam novas receitas e dicas de como serem excelentes esposas - era ótimo colocar tudo em prática e receber incontáveis elogios de Gerald. Sentia que estava no lugar certo.
Enquanto isso, o homem prestava atenção ao jornal que assistia todos os dias. Não gostava de assistir tantas desgraças serem noticiadas e tinha uma certa preferência por novelas, mas havia encontrado no noticiário uma maneira de se encaixar no ambiente de trabalho, onde todos os homens só sabiam falar sobre a guerra que acontecia e sobre quais seriam os próximos passos de Hitler.
Cada um mantinha-se preso em seus próprios pensamentos, o silêncio prevalecia na sala de televisão, sendo o único som audível o do apresentador. Não se incomodavam com a situação, podiam dizer até mesmo que era um silêncio confortável.
Foram puxados de suas mentes quando Franklin Roosevelt, atual presidente dos Estados Unidos da América, pausou a programação para fazer um pronunciamento ao vivo. Todos sabiam que boas notícias não sairiam dali, era notável pela aparência do presidente.
— Aumenta o volume, Ge. - o pediu e o rapaz procurou pelo controle remoto. - Parece importante.
Roosevelt começou o discurso informando sobre o ataque à base naval de Pearl Harbor no Havaí, realizado no dia anterior pela marinha japonesa. Ainda não tinham números oficiais com a quantidade de mortes, nem mesmo conseguiam mensurar o prejuízo obtido, mas uma coisa era certa: o país não aceitaria o ataque de bom grado.
O presidente, com todo seu discurso patriota, pedia e convencia as pessoas a se alistarem no exército. E, então, informou o que todos já previam: Estados Unidos entraria na segunda guerra mundial.
Gerald desligou a televisão e respirou fundo, sendo abraçado pela esposa logo em seguida. Ela imaginava como ele se sentiria, sabia do amor pelo país que o homem nutria. Por um momento, sentiu muito por ele.
— Se não fosse pela minha perna, eu me alistaria amanhã mesmo. - Gerald comentou enquanto olhava para cima, tentando evitar que as lágrimas caíssem. Havia sofrido um acidente quando há cerca de dois anos quando ainda era do exército e levado um tiro de canhão no membro inferior. Gerald viu parte da perna ser destroçada. - Merda.
— Não fique assim, amor. - Ela se agachou ao lado do homem e o acariciou no rosto. - Não é culpa sua.
— Eu sei e é exatamente isso que me deixa dessa forma. - Suspirou. Lamentar-se não era seu perfil. Trocaram um rápido beijo e sorriu, na tentativa de o passar conforto.
— E se eu fosse no seu lugar, querido? Te representar e representar nossa família. - O olhou com expectativa. Se ele não conseguiria, ela o faria por ele.
Gerald gargalhou. Ela pôde jurar que viu até mesmo algumas lágrimas rolarem pela face dele de tanto que ria. Se ofendeu com a ação. Não havia contado piada alguma, afinal.
, você tá falando sério? – Disse, quando viu que ela não o acompanhou nos risos. - Eu me sairia melhor que você mesmo nas minhas condições atuais. Você mal consegue andar pela casa sem esbarrar nos móveis, imagina correr e se esconder num combate? Seria morta na primeira semana.
— Eu não seria morta na primeira semana não. - Era perceptível a raiva no tom de voz dela, que logo suavizou para que o marido não achasse ruim.
— É verdade, querida, seria nos primeiros dez minutos. - Balançou a cabeça, ainda rindo. - Fico feliz com sua atitude, mas não é necessário.
Os dois voltaram para o silêncio e ainda o massageava, agora com mais força, propositalmente.
— Supondo que você fosse, o que iria fazer? Cozinhar? Os soldados recebem comida enlatada. - Quebrou o silêncio depois de alguns minutos. se mostrava patética às vezes. Ele jurava que era apenas para irritá-lo.
— Eu poderia atirar, Gerald, você sabe como minha mira é ótima. Talvez pilotar tanques e aviões também fosse algo excelente. Você sabe como eu aprendo rápido.
— Você fala sobre tudo e sobre tudo o que poderia fazer como se fosse uma viagem de férias. - Revirou os olhos. - Não seja imatura, baby. Você não vai.
respirou fundo e o olhou com ódio, dando o sorriso mais irônico possível. Ela se alistaria e nem Gerald nem ninguém a impediria disso.

6 DE JUNHO DE 1944.

Quase três anos haviam se passado. Diferente do que o marido, e até ela mesma pensou, havia sobrevivido mais que dez minutos. E, se não bastasse isso, a mulher se tornou uma das melhores franco-atiradoras do exército. Quase todos os soldados a conheciam e comentavam sobre suas habilidades, mesmo com um só mês de treino nos Estados Unidos. Ela era realmente muito boa.
se orgulhava por ser competente e preparada. A confiança em si mesma tinha crescido com o tempo e não havia nada no mundo que ela não conseguisse lidar - a não ser com Gerald, seu marido.
Recebia dezenas de cartas do companheiro dizendo coisas terríveis sobre ela e sobre sua escolha. Tão terríveis que a fazia questionar-se às vezes e era capaz de destruir toda a confiança em si mesma construída em anos. Não compreendia como alguém que dizia amá-la a tratava dessa forma, mas tinha certeza que o homem o fazia apenas por preocupação.
Preocupação essa que até ela mesma sentia, principalmente agora ao saber que a vida do general dependia dela e de seu melhor amigo, George. Foi dada para ambos a missão de protegê-lo no desembarque da Normandia, o conhecido Dia D. fazia questão de observar os soldados de perto, mesmo em combates grandes - queria sempre ter uma visão privilegiada sobre tudo para saber onde precisavam melhorar no próximo, e, por isso, seria transferido do navio para um esconderijo.
A mulher conteve o suspiro que soltaria quando o viu se aproximando. era um homem extremamente inteligente e disciplinado. Sabia como liderar um exército e fora responsável por recuperar inúmeros territórios, além de ter sido o general que causou mais baixas ao inimigo na história dos Estados Unidos. A queda que sentia por ele era muito mais que uma atração física, ela o achava simplesmente incrível.
estava agora no meio de e George, também atirador de elite, em um navio a caminho da praia de Omaha.
O clima do navio não era dos melhores, já que todos os soldados estavam tensos, tanto com a presença de , quanto da situação. Alguns rezavam baixinho, outros contavam piadas com mortes numa tentativa de aceitar algo que poderia ser o futuro de todos ali. Não funcionava, mas os fazia rir.
Algum tempo de viagem depois, o general se irritou com as lamentações e murmúrios que ouviu e pediu a atenção de todos, que prontamente o olharam e ficaram em silêncio.
— Vocês estão fazendo isso errado. - O homem se levantou e caminhou pelo compartimento que estava. o acompanhou prontamente, sempre com o fuzil engatilhado e a cara de poucos amigos. - Roosevelt dizia besteira quando pediu para que morressem pelo nosso país e toda aquela conversa furada na televisão. Esse não é e nunca foi o objetivo de uma guerra. - Parou em frente à um dos soldados encolhidos de olhos fechados, enquanto rezava com um terço em mãos e o tocou no ombro. — O objetivo real é fazer o imbecil do país inimigo morrer pelo dele.

•••


Era fácil. Respirou fundo. Fácil, fácil. Repetia para si mesma diversas vezes. Tudo que precisava fazer era acompanhar o general até o esconderijo. Seus colegas estavam unicamente preocupados em invadir e recuperar o território. Ela precisava assegurar que um dos homens mais importantes do exército chegasse vivo em uma caminhada de um quilômetro. Um quilômetro no meio de bombas, de tiros, de tanques atropelando pessoas.
— General, chegou a hora. Precisam sair depressa. Não podemos correr o risco de te deixar aqui com grandes chances de jogarem bomba em nosso navio. — assentiu e olhou para como quem queria passar-lhe coragem. Ele dependeria dela, afinal, precisava que ela se sentisse confiante.
George ficaria afastado de ambos, olhando de outro ponto de vista, a fim de deixar ainda mais seguro.
e colocaram os pés para fora do navio e assustaram-se com o barulho próximo de uma bomba. Foi o necessário para que começassem a correr. Correram como se a vida dependesse disso - e dependia mesmo. agradecia todas as vezes em que alguns tiros passavam perto deles e não os acertava, apertando com um pouco mais de força o terço que tinha guardado no bolso. Reparou que olhava para o céu o tempo inteiro, provavelmente preocupado com a chance de aparecer algum avião inimigo atirando, não saberia dizer, porém, isso os atrapalhava.
— Olhe para frente, General. - Gritou e quase não foi ouvida por ele. O barulho dos tiros era ensurdecedor, os gritos causavam pânico. - Não se preocupe com o céu, se preocupe com o chão. Cair aqui é suicídio. - Ele não a respondeu, mas concordou e fez o que ela pediu.
Pulavam alguns corpos, sendo muitos deles de americanos, escondiam-se atrás de barricadas e construções destruídas. O percurso durou, ao todo, trinta minutos, mas parecia uma eternidade.
Chegaram ao esconderijo com o pulmão queimando, com o peito ardendo e uma falta de ar absurda pelo esforço feito. queria desesperadamente sentar-se em algum lugar para descansar e conseguir respirar direito, mas manteve a pose e permaneceu em pé ao lado do general, que sentou assim que viu um banco disponível.
— Correr nunca é uma boa ideia. Eu tenho asma. - O homem respirava com dificuldade e puxou uma bombinha do bolso. - Ufa, muito melhor. - permaneceu em silêncio, limitando-se a abrir um sorriso.
Sentia algo errado ali. Uma sensação ruim. Parecia que… Estavam sendo observados. Escutou um pequeno barulho, como se a porta tivesse se mexido. Era para estar somente os dois ali, George ficaria do lado de fora, não era ele. Olhou rapidamente o quarto e viu que não tinha nenhuma janela, não tinha como entrar uma corrente de ar para que a porta se mexesse sozinha.
— Você é sempre tão quieta assim?
— Geralmente, não. - A mulher respondeu sem prestar atenção para o que ele dizia, passando o olhar por todo o lugar atentamente. Precisava agir rápido. - General, posso colocar meu capacete em você? Sempre quis ver como o Senhor ficaria.
— Hum, ok. - A mulher tirou rapidamente o adereço e colocou na cabeça de , sempre olhando pelo canto do olho para a porta do armário. pensou que talvez ela fosse louca pelo pedido estranho e para essa louca resolveu bater palmas, quase rindo da situação. Não a questionou de forma alguma e ficou feliz quando a viu sorrir satisfeita.
— Cai-lhe muito bem. Posso te dar um abraço também? - E sem esperar por alguma resposta, o abraçou. se assustou de início, mas lentamente entrelaçou seus braços pela cintura dela, meio sem graça.
E, pensando que não tinha como ficar mais surpreso, arregalou os olhos quando sentiu um pé passar por trás de suas pernas, o fazendo cair no chão. caiu por cima dele, com uma perna de cada lado do corpo do homem. Rosto com rosto quase colado. O coração de estava quase na boca, em completo choque. A atiradora o olhou nos olhos e sorriu. não teve tempo de fazer um mísero comentário
Tudo aconteceu muito rápido. Em questão de segundos, levantou o tronco o suficiente para que conseguisse atirar. Atirou sem parar na porta e se antes tinha suas dúvidas, agora ele tinha certeza - ela era mesmo louca.
Rapidamente o chão antes bege claro foi tomado por sangue e o ajudou a se levantar do chão, abrindo a porta em seguida e conferindo os corpos. Eram dois homens do exército inimigo. Sorriu satisfeita. Antes eles que eu.
— Pronto, estamos sozinhos. - Ajeitou o uniforme e encarou o homem, que a olhava com admiração.
— Como sabia que eram nazistas?
— Eu não sabia. — Deu de ombros.
— Você os teria matado mesmo se fossem americanos. - Não foi uma pergunta e ela sabia.
— Tipo isso. Eu não poderia arriscar, Senhor. Nenhum de nossos soldados sabem desse lugar. - Ele assentiu e ficaram em silêncio. Queria agradecê-la por ter salvado sua vida, mas não o fez. Preferiu a admirar em segredo e ser grato ao universo por tê-la colocado ali.
— Como você sabia? - Ele quebrou o silêncio.
— Aqui não tem vento e vi a porta se mexer. Era nazista ou fantasma. - a olhou, sorrindo.
— Acho que a primeira opção é bem mais assustadora. - Gargalharam.
— Foi exatamente isso que pensei.

Inquieto, levantou-se e perambulou pela sala. Mexeu em uma um dos móveis, abriu cada gaveta e porta. Não gostava e não aceitava ficar parado sem fazer nada. Esperava um sinal de George para que pudesse sair e olhar seu exército, porém, ele estava demorando muito. permanecia quieta, olhando para um ponto fixo na sala, vez ou outra o olhando pelo canto dos olhos.
— Sabia que eu nunca matei uma pessoa? - riu e o olhou, desacreditada quando não viu nenhuma mudança de expressão.
— Talvez não com suas próprias mãos, mas já matou muitas indiretamente. - A mulher não se importou se estava ou não sendo inconveniente.
— Nunca tinha pensado por esse lado, . - Sorriu. - Prefiro pensar que nunca matei ninguém com a minha própria arma.
— Por que nunca o fez? Nunca foi necessário? - Não queria realmente conversar sobre qualquer coisa, mas era melhor que ficar em silêncio. Ele, por outro lado, parecia interessado no diálogo.
— Nunca consegui. - A olhou no rosto, como se a analisasse. - Até precisei uma vez, mas o máximo que eu fiz foi atirar na mão do rapaz.
— Ele deve ter ficado feliz, pelo menos ficou vivo. – Comentou, sem pensar.
— Meu amigo atirou na cabeça em seguida. Acho que não ficou tão feliz assim. - Quiseram rir, mas sabiam que era errado. Compartilhavam um olhar risonho e bem mais intimista que o primeiro. Quebraram o contato visual quando George apareceu, dizendo que era a hora de agir.

13 DE AGOSTO DE 1944.

O terço que tinha em mãos era um presente dado por sua mãe, algo passado de geração em geração. A família de era bem religiosa e ela também. Acreditava que a fé que tinha em Deus a protegeu de todo o mal que enfrentou ao longo dos anos, mas às vezes questionava-se. Não era novidade que campos de concentração foram criados e milhões de pessoas morriam. se questionava como Deus permitia tudo aquilo e se frustrava quando não tinha uma resposta plausível. Não gostava de pensar que àquelas pessoas mereceram aquilo, era cruel e desumano.
, antes de joelho, levantou-se e guardou o terço no bolso. Saiu da cabana improvisada e foi em direção aos colegas. Tinha uma sensação estranha de tudo. A intuição gritava o tempo inteiro para que ela ficasse ali, inventasse alguma doença e permanecesse na barraca. Teimosa como era, decidiu ignorar todos os avisos que seu Deus e o universo lhe davam.
Ela e mais dois colegas, incluindo George, iriam vasculhar uma área até então desocupada e dariam sinal para o general, que liberaria os soldados, avançando ainda mais. O objetivo do exército americano era chegar na capital da Itália e acabar com Mussolini, estavam avançando aos poucos, mas com certa velocidade.
Com o capacete bem colocado na cabeça e a arma em punhos, os três saíram em silêncio. Mal respiravam, tentando se concentrar apenas em barulhos que indicasse alguma vida ali além deles. Revistaram a primeira rua inteira, a segunda, a terceira e nada foi ouvido. Ousaram atirar para terem certeza que ninguém apareceria.
Respiraram aliviados quando perceberam que estavam sozinhos.
puxou o rádio comunicador do bolso e bipou , sendo prontamente atendida.
— Espero boas notícias, . - Ela sorriu com o apelido dado e chacoalhou a cabeça para voltar a se concentrar no que deveria.
— Sim, Senhor. Tudo está... - Não completou a frase.
O aparelho caiu no chão e se desesperou do outro lado. caiu junto dele, vendo tudo rodar. O barulho era forte, tão forte. Sentia o coração aceleradíssimo no peito e rezou para que não morresse daquele jeito, ali, jogada numa rua de um vilarejo italiano.
A mulher sentiu uma dor aguda no braço e passou a mão por ele, sem sequer olhar. Quando seu olhar encontrou com a mão, se desesperou. A quantidade de sangue era absurda. Tentou se levantar e percebeu que a perna também fora atingida e sangrava. perdia muito, muito sangue, e chorava de desespero.
Procurava os amigos com o olhar, mas não os achava. Talvez estivessem embaixo dos escombros. Ela não saberia dizer.
Deitou-se novamente no chão e viu a vida passar pelos seus olhos, em completo delírio. Jurava que a última coisa que tinha visto antes de apagar era a covinha do general.

12 DE NOVEMBRO DE 1944.

a observava de longe e se questionava o motivo de tanta mudança de comportamento. Não tinha tanta certeza se trazê-la de volta para guerra havia sido uma boa ideia, principalmente depois de ser atingida. Era sempre um trauma para os soldados sentir a morte tão de perto e, mesmo acreditando no potencial de , ela ainda era um ser humano. Um ser humano que não sabe se vai chegar vivo até o final do dia ou se terá algo para comer. sabia como guerra transformava uma pessoa. Ele mesmo estava transformado.
permanecia em sua posição de ataque. Abaixada atrás de uma barricada, segurava sua M1918 e mantinha os olhos atentos a tudo que acontecia ao seu redor. Foi quando soldados inimigos apareceram que teve a certeza que havia algo errado com ela.
— Atirem nos homens nas laterais primeiro. - ordenou e assim os soldados fizeram. Menos .
Haviam muitos homens, o General chutava quarenta nazistas contra seus vinte soldados americanos.
O barulho dos disparos era ensurdecedor. Todos ali com os corações acelerados, com medo. Sabiam que matariam ou morreriam e não haver qualquer outra opção os deixava em pânico.
permanecia em posição, sem disparar um tiro sequer. a olhava de canto de olho e podia notar sua pele pálida, olhos perdidos e opacos. As mãos seguravam a metralhadora com tanta força que os nós de seus dedos estavam esbranquiçados.
E aí, tudo aconteceu.
gritou com tanta força, porém, sentiu-se como se a voz não saísse de sua garganta.
O suor escorria em seu rosto, os passos largos até , seus braços a envolvendo com força. Tudo isso em câmera lenta e em míseros segundos.
— Filhos da puta. - E o tempo voltou a correr normalmente quando ouviu a frase sair da boca da mulher. O tom de voz era raivoso e pôde notar que ela segurava o choro.
Haviam matado George. Haviam matado o melhor amigo da mulher com um tiro certeiro na cabeça, bem ao seu lado.
E, com os olhos transbordando ódio e tristeza, , mesmo com os braços de a segurando com força pela cintura, mirou em um por um dos soldados em uma velocidade invejável. Olhava o corpo de cada nazista cair e, ao contrário do que pensava, não sentia-se feliz com isso.

•••


Todos os soldados inimigos haviam sido assassinados naquela tarde. A equipe de estava aliviada e também em luto. estava desaparecida desde o ocorrido. Saiu assim que viu o último homem inimigo parar de respirar. cogitou procurá-la, mas sabia que a moça precisava de tempo.
O sol já se escondia e a preocupação em era visível. E se a tivessem matado? E se a tivessem sequestrado? Com incontáveis perguntas sem respostas, mandou alguns de seus soldados a procurarem.
Não demorou muito para que voltassem com notícias.
— Senhor, a encontrei. - levantou-se imediatamente e o acompanhou até o jardim de uma casa abandonada, não muito longe das barracas dos soldados.
O homem a viu e sentiu o coração estraçalhar em seu peito, fez sinal para que Lukas se retirasse e se aproximou de , coberta por terra e ajoelhada em um canto.
— Eu não podia deixá-lo lá. – Disse, sem olhá-lo nos olhos, o olhar focado na única flor em meio ao monte de terra. - Não seria justo com a filha dele, com a esposa.
— Você fez certo. - ajoelhou-se ao lado da mulher.
— Meu marido estava certo, senhor. Meu lugar não é na guerra. – Disse, secando os olhos. - Eu sou muito fraca para isso.
— Guerra não é o lugar de ninguém, . E chame-me de .
— Certo, . - A ouviu suspirar. - Era para eu estar em casa, preparando o jantar do meu marido e feliz em vê-lo chegar.
— Você estaria satisfeita assim? Estaria feliz?
— Nem tudo na vida é sobre felicidade. Aquele é meu lugar, não aqui.
— Por que diz isso?
— Porque guerra não é lugar de ninguém. - O olhou e ambos sorriram. - Eu sou mulher, . Somos criadas para ficarmos com nossas famílias.
Ficaram em silêncio por alguns instantes.
— Por que você hesitou em atirar quando os viu pela primeira vez? - quebrou o silêncio.
— Eu não sei. Eu queria ajudar o time, queria muito. Talvez George estivesse vivo se eu tivesse reagido, mas algo me parou.
— Medo? - Ela assentiu e olhou para as mãos. - Sei bem como é. Aconteceu o mesmo comigo depois que fui atingido. - Ela o olhou, surpresa.
— O senhor já foi atingido? - Sabia que as chances daquilo acontecer em um combate eram grandes, mas era ali. Seu herói pessoal.
— Sim, quer ver as cicatrizes? - Ela assentiu, um pouco receosa.
O homem desabotoou a camisa devagar, criando uma euforia absurda em . Foi quando viu as incontáveis cicatrizes nas costas dele que a mulher arregalou os olhos. Sem pensar, passeou por cada uma delas com as pontas dos dedos. O rapaz sentiu os pelos ficarem eriçados, a respiração ficou curta. Fechou os olhos para que pudesse apreciar o toque dela.
perguntava-se quem teria tamanha coragem de o machucar, qual era a história por trás de cada uma delas.
A mulher retirou as mãos para si rapidamente com o pensamento. Havia notado que não deveria ter tamanha intimidade com o General. O que ele pensaria dela, por Deus? pareceu notar o desconforto e vestiu a camisa, meio desajeitado e sem graça, levantando-se em seguida.
, sabe por quê eu faço questão de estar sempre ao seu lado nas batalhas?
— Para poder me supervisionar? - ele negou com a cabeça.
— Confio no seu potencial como atiradora e sei que me manterá até o final de tudo isso. - Caminhou em passos curtos até o pequeno portão que separava o jardim da rua. - Muito obrigado por ter se alistado.
soltou o primeiro sorriso de dias e, pela primeira vez, sentiu-se segura em meio ao caos.

19 DE NOVEMBRO DE 1944.

A semana de passou correndo. Desde a conversa que tivera com , tentou manter-se concentrada e não pensar na vida que havia deixado em solo americano, mas falhou em um dos objetivos ao se lembrar de George tantas vezes e ter seus olhos tomados por água em todas elas.
e não tiveram tempo de conversar. O homem estava extremamente ocupado em reuniões importantes demais para saber do que se tratava. Ela estava terrivelmente aliviada por isso. Sabia que havia pagado o mico do ano ao tocar o General daquela forma.
O lado ruim dessa falta de contato foi que uma parte da mulher gritava que ela estava apenas sendo ignorada, mas preferia acreditar que era apenas sua insegurança agindo. não era uma mulher insegura.
Recebeu o recado por um dos soldados de que precisava vê-la e então estava lá há cinco minutos respirando fundo e criando coragem para entrar.
? - Ele saiu da barraca e a olhou. A mulher sentiu um frio na barriga.
— Oi, . - Ele sorriu por vê-la o chamando pelo nome, assim como ele pediu. — Eu já estava entrando.
O rapaz deu espaço para que ela o fizesse e a seguiu, sentando em uma cadeira improvisada. Fez sinal para que ela sentasse do outro lado da pequena mesa e assim o fez.
— Você aceita algo? - Ela negou com a cabeça. - No caso, água. Não tenho nada aqui além disso. - Sorriram um para o outro.
— Me falaram que você queria me ver.
— Sim. - O homem se arrumou na cadeira e assumiu uma feição séria. - Tenho percebido que desde nossa última conversa você melhorou muito mesmo. Sei como é difícil ter passado pelo que você passou, se machucando feio e precisando voltar pra casa, depois voltar para cá e ver seu companheiro falecer. - Ela assentiu.
Realmente era difícil, mas não tivera tempo para realmente pensar em tudo. Focava apenas no presente para não sofrer tanto e deixaria para lidar com todos os traumas quando acabasse a guerra, se acabasse. Lidar com tudo agora só a faria mal e faria para a equipe também. - Você sabe que eu acompanho de perto todos os soldados que voltam depois de um trauma assim, não sabe?
— Sei sim.
— Você tem sido excelente, . Sua atenção, seu foco, sua determinação. Você é incrível.
— Muito obrigada, . - Sorriu sem graça.
— Me contaram que você salvou a vida de Niall. Parabéns por isso.
— Eu faria qualquer coisa pela equipe, senhor.
— Ainda não perdeu a mania de senhor? Por Deus, , eu só tenho vinte e oito anos. - Ele riu e ela sentiu as bochechas esquentarem.
— Desculpa, é que estou acostumada com todo mundo te chamando assim.
— Você não é todo mundo.
— Com todo respeito, , você pareceu minha mãe. - A mulher sentiu o coração se aquecer quando ouviu o som da gargalhada gostosa do homem ecoar por seus ouvidos. - Ela só é um pouco mais baixa e consegue ter uma cara de brava melhor que a sua.
— Eu não tenho cara de bravo. - franziu a sobrancelha e fez bico, tentando fazer uma cara de bravo, mas acabou sorrindo. riu.
— Pergunte para qualquer um dos soldados e terá a resposta.
— Você entrou no assunto família. Sente falta deles? Como está lidando com toda essa distância? - Sempre perguntava para seus soldados, vez ou outra. Gostava de saber como estavam lidando, como estava a saúde mental de cada um e sabia que isso era primordial para boas estratégias. Se importava com eles, de verdade.
— Eu morava em uma cidade longe dos meus pais, com meu marido, então estou lidando bem. Já estou acostumada.
— E seu marido, o que ele pensa de tudo isso? Pela nossa última conversa, você comentou algo sobre ele não achar que aqui era o lugar pra você.
—- Ele era do exército antes, então sabe como as coisas funcionam. Eu sei que é só preocupação da parte dele quando diz certas coisas. - ficou desconfortável. Não gostaria de imaginar o que aquele homem falava.
A encarou detalhadamente e pousou os olhos nas cicatrizes na mão esquerda. Não queria que ela tivesse passado por aquilo e, por um lado, até concordava com Gerald. deveria ficar longe de todo perigo do mundo, mas também agradecia pela presença dela por perto. Reconhecia o quanto era genial.
— Posso ver? - Ela assentiu e a pegou na mão delicadamente, quase como se ela fosse feita de vidro. Ergueu a manga longa na altura do cotovelo e levantou-se, parando ao lado dela para que pudesse olhar melhor. - Ainda dói?
— Um pouco, mas é bem às vezes. - Deu de ombros.
— Sinto muito por isso, queria ter te protegido.
— Não se preocupe, . Eu sabia do risco quando aceitei vir. - Sorriu e o rapaz levou a mão até uma de suas bochechas, fazendo carinho.
— Seu sorriso é bem bonito. - E ficou ainda maior depois do elogio.
estava com o coração acelerado e com as maçãs do rosto avermelhadas. Não queria que ele tirasse as mãos dela, que se afastasse, queria senti-lo mais um pouco e apoiou o rosto com leveza na mão dele, que ainda a fazia carinho. Fechou os olhos automaticamente.
Os abriu quando sentiu a respiração de bater em seu rosto, demonstrando que estavam muito, muito próximos. não tirava o olhar dos lábios volumosos e avermelhados do general, que repetia o ato dela. Intercalaram olhares pelos olhos um do outro e lábios. Estavam cada vez mais perto. Quando estavam nariz com nariz, não resistiu e a beijou.
O beijo se iniciou com um selinho carinhoso, mas logo as mãos de puxavam com força o cabelo do rapaz. a segurava pela cintura, apertando com força quando o beijo se intensificava ainda mais.
Naquele momento, não pensou em nada. Não pensou na família, não pensou em quão errado era se envolver com alguém do trabalho e não pensou, principalmente, no marido.

06 DE DEZEMBRO DE 1944.

Ela esperou o dia inteiro ansiosa para esse momento. Tinha visto um lago atrás de uma das casas e queria tanto, tanto nadar ali. Fazia tempo que não nadava, que não se divertia um pouco. Esperou que todos seus colegas dormissem e saiu da barraca, andando sozinha até o local. Levava consigo só uma troca de roupa.
Estava encantada com cada detalhe da rua, das flores no canteiro que mesmo sem serem cuidadas como antes, ainda continuavam lindas e coloridas. Pulou a cerca da casa e foi até o fundo, tirando a roupa e ficando apenas com a parte debaixo. Sentiu o corpo arrepiar quando encostou com a água gelada e sorriu.
? - Ela assustou quando ouviu a voz de e tampou o rosto com os braços. Se pudesse abrir um buraco no chão e se enfiar nele, o faria sem pensar duas vezes.
— Oh, meu Deus, General. Me perdoe. - Ele riu e tampou os olhos com as mãos, para que ela ficasse mais confortável.
— Não se preocupe, eu já estava saindo.
— Não! – Disse, exasperada. - Não é necessário. Posso voltar outra hora.
— Outra hora? Acho que aí sim teriam mais algumas pessoas aqui. - Ela colocava as roupas com pressa e desajeitada. - E se nós dois ficássemos no lago?
— Não sei se é uma boa ideia.
— Prometo ficar com os olhos fechados até você entrar e ficar a dois metros de distância. - Mesmo com os olhos fechados, sabia que tinha sorrido. A mulher tirou novamente toda a roupa e jogou no chão, entrando no lago completamente nua.
Ficaram em silêncio, olhando as estrelas, e manteve a promessa, ficando distante.
Os dois agiam como se o beijo não tivesse acontecido há poucas semanas. Estavam com medo de falarem sobre o assunto e o outro fugir, mal sabiam que ambos queriam aquilo. Ambos queriam conversar sobre o incrível beijo, sobre as carícias que trocaram aquele dia.
— É ridículo. - quebrou o silêncio e o olhou.
— O quê?
— Pensei alto.
— Compartilhe, . - Ele cedeu quando ouviu o apelido.
— Eu ‘tô na Itália, ‘tô embaixo de um céu estrelado, num lago relativamente bonito, e você é a coisa mais bonita aqui. - A mulher agradeceu e permaneceu o olhando. Ambos acharam que aquela seria a oportunidade perfeita.
— Olha, sobre o beijo…
— Sobre o beijo… - Riram quando disseram juntos, e pediu para que ela falasse primeiro.
— Eu acho que não tem que se repetir. - O sorriso do homem aos poucos foi se desfazendo. - Eu sou casada e acho melhor.
— Sem problemas, como você desejar. - Afundou na água, tentando gritar com a cabeça submersa, e retornou para superfície alguns segundos depois. Evitava olhar para .
Percebeu ao retornar que eles estavam a uma pequena distância um do outro.
— O que você iria dizer?
— Nada, apenas desculpas por tê-lo feito. - Ela assentiu e se encararam. - Bom, chegou minha hora de sair e a sua de fechar os olhos.
— Claro. - A moça levou as mãos aos olhos. Escutava apenas o barulho de nadando. Sentiu que tinha feito a coisa errada, que tinha falado a coisa errada, principalmente ao ver a feição no rosto dele. - ? - Destampou apenas um dos olhos, tirando por completo as mãos quando viu que ele ainda estava no lago, no raso, e com o peitoral todo a mostra.
— Sim? - Derreteu quando o viu passar a mão no cabelo, o jogando para trás.
— Pode ficar aqui até eu acabar? Não quero ficar sozinha. - Deu de ombros e ele voltou para perto, nadando.
— Quem diria. A grande e destemida com medo de ficar sozinha aqui.
— Talvez seja apenas uma desculpa para que você não vá. - Ele se surpreendeu com a resposta e sorriu. Percebia que sorria muito perto dela, mas era impossível não. - E eu só sou grande e destemida com a minha metralhadora, sem ela eu sou apenas alguém com 1.60 de altura.
— E continua tendo essa altura de nanica mesmo com a metralhadora, não é como se ganhasse uns vinte centímetros.
Ela jogou água nele e gargalhou em seguida.
— Ai, ai. - Fez uma concha com a mão no rosto. Ela o olhou, preocupada. - Acho que não tinha só água aí.
se aproximou e retirou a mão dele com calma, pedindo para que ele abrisse os olhos. os abriu lentamente e sorriu quando percebeu que a tinha enganado direitinho, a afundando por dois segundos.
Quando voltou para a superfície, quis matar .
— Isso foi por ter jogado água em mim. - Ele gargalhava da cara da mulher, que ajeitava o cabelo que antes estava todo no seu rosto.
— Não teve graça. - Fez biquinho e se abaixou um pouco na água, ficando da mesma altura que ela. Olho no olho. Só podiam ouvir o barulho dos animais e o da própria respiração.
— Você ficou chateado?
— Com o quê?
— Por eu ter falado sobre o beijo. Você ficou? - Ele não soube o que responder, porque nem ele sabia.
— Não sei, .
— Comunicação é a chave de um relacionamento, .
— Relacionamento? - Ele sorriu. - Você mesma acabou de dizer que nunca mais deveria se repetir. - Ela revirou os olhos.
— Sim, relacionamento de amizade.
— Eu sei lá, . Não sei mesmo. Acho que fiquei um pouco mexido por você ter dito que não vai mais acontecer entre a gente. Eu realmente queria que acontecesse.
— Gostei do nosso beijo também, mas...
— E quem falou que eu gostei do beijo? – Sorriu, sapeca, e ela o olhou, sem entender, o questionando se não tinha gostado. - Ah, achei um pouco babado. - A mulher sabia que era brincadeira e se aproximou ainda mais para lamber a bochecha do homem.
— Agora sim foi babado! - Gargalhou e tentou se afastar quando ele colocou a língua para fora para lambê-la também.
a segurou com força pela cintura e a trouxe para perto. O clima mudou de repente. entrelaçou as pernas da cintura dele. Ambos estavam nus. O contato com os seios fartos da mulher, com a pele e saber que a boceta dela estava perto e descoberta faziam com que ficasse excitado. Ela sentia o membro duro roçar na sua perna e decidiu provocar, apertando ainda mais as pernas e dando pequenas reboladas.
Ficar perto de era como um teste de resistência. Sempre tinha em mente quão errado era com Gerald e seus valores, mas era impossível resistir à mão grande, boca carnuda, corpo gostoso e sarado. Ele era o próprio deus grego fisicamente.
— Isso é errado.
— O quê? Ficar abraçada com seu General? - Ele riu e desceu as mãos para a bunda dela, dando uma apertada com força, fazendo-a gemer.

— Quando você me abraçou e ficou deitada em cima de mim não era errado. - Manteve uma das mãos a apertando e levou a outra para a boceta, fazendo movimentos circulares pelo clítoris da mulher. - Não estamos fazendo nada de diferente daquilo, né?
— É. - Murmurou e fechou os olhos com força quando sentiu os dois dedos dele entrarem. Tirava e enfiava o dedo sem pressa, devagar. Ainda estimulava o clítoris com o dedão. - Mais rápido.
E assim ele o fez. Aumentou a velocidade e sentia o pau latejar todas as vezes em que gemia e rebolava no seu colo. Ele queria fodê-la, queria muito.
o segurava com força pelo ombro e vez ou outra puxava um pouco do cabelo cacheado dele. Ele era tão gostoso e sabia fazer tão bem. Sentir o pau dele a deixava ainda mais excitada, e queria senti-lo dentro dela.
— Me fode, . - O homem aumentou a velocidade dos dedos com o pedido. - Eu quero sentir seu pau.
— Não é dessa forma que fantasiei nossa primeira vez, .

15 DE DEZEMBRO DE 1944.

Essa era uma das vezes em que se arrependia de ter deixado o conforto de seu lar para passar algum tempo lutando pelo seu país e, como consequência, com milhões de homens. Ela não aguentava mais o papo que tinham sobre esposas, sobre mulheres de cabaré e pau. achava horrível como falavam de pau o tempo inteiro, para qualquer que fosse a situação. Nesses momentos, ela se fechava em seu mundinho perfeito e deixava a mente vagar pelo mundo, pela sua família, amigas e marido.
Desse último, não tinha certeza se sentia falta. Às vezes sim, quando o frio batia tão forte que rezava para não congelar e tudo que queria era dormir em uma conchinha. Porém, na maioria de seus dias, durante todo seu trabalho, durante as conversas que tinha com seus poucos amigos, não sentia. Mal lembrava da existência de Gerald, se quer saber. E lembrar-se de como estava sendo uma péssima esposa doía. Sentia o coração apertar no peito, sentia culpa. Muita culpa. Como não sentir falta de um homem tão bom quanto Gerald ?
A mulher foi interrompida de um de seus devaneios quando Raphael a cutucou abruptamente. o olhou, sem entender.
— Você não concorda? - O homem começou e a confusão continuou nos olhos de .
— Com o quê, Rapha? - Acompanhou o indicador apontado discretamente do homem para ele. - O que tem o general?
— Você não concorda que ele está sendo burro? Ele quer reconquistar todos as cidades pequenas e países minúsculos primeiro.
— Eu o acho inteligentíssimo, na verdade. - Foi a fez de Raphael a olhar, sem entender, assim como os outros três da roda em que estavam.
? Ele tinha que invadir direto Paris e a Itália, depois Alemanha.
— Aí sim ele seria burro. Como ele vai chegar e invadir logo a capital de um país tomado, fascista? Primeiro precisa começar pelo litoral, pelas fronteiras, e seguir avançando. - Viu o homem ficar quieto, e ele pareceu pensativo. O silêncio do grupo durou pouquíssimo, logo Charlie abriu a boca.
— Ela sempre vai achá-lo certo, Rapha. Vai dizer que nunca viu o modo como se olham? – Debochou, deu outra tragada no cigarro e a olhou com um sorriso de lado, soltando a fumaça lentamente.
sentiu o sangue ferver. Como ele ousava dizer isso dela, de uma mulher casada? Apontou a pistola que estava em suas mãos para a cabeça de Charlie, que arregalou os olhos instantemente. Não esperava que tivesse tamanha audácia.
— O que disse, Charlie? - Ouviu os amigos pedindo para que deixasse o assunto para lá, mas nada parecia tirar a concentração da mulher. O olhava com ódio e nojo. - Repete se é homem.
— Disse que você e o general trocam olhares com segundas intenções. - Gaguejou e soltou o ar, aliviado, quando viu tirar a arma de sua cabeça, mas sentiu o suor frio escorrer de sua testa quando a viu apontar para suas bolas.
— Diga isso mais uma vez, Charlie, e você vai ficar sem essa pistolinha, tá me entendendo? - Pressionou o cano da arma no pênis do rapaz, que assentia em desespero. Havia deixado até mesmo o cigarro cair de tanto medo. o achou ainda mais patético quando percebeu que o desespero dele tinha sido maior quando quase perdeu o órgão reprodutor.
? Tá acontecendo alguma coisa? - a chamou pelas costas e rapidamente a arma estava apontada para o chão.
— Não, senhor.

03 DE JANEIRO DE 1945.

Sentia falta da comida bem temperada, do cheirinho de comida fresca. Sentia falta de ir ao mercado comprar todos os ingredientes, passar algumas horas na cozinha para preparar algo digno de um chefe.
Se tinha algo que sabia fazer, além de atirar, com certeza era cozinhar. O melhor de tudo é que nunca viu como uma obrigação, pelo contrário, era um prazer. Era um prazer se desligar do mundo por algum tempo, um prazer ver o rosto de contentamento de quem provava sua comida.
Comer comida em sachês não era bem o que chamava de comida, tanto que os soldados preferiam o apelido de ração americana. Tinham poucas opções por dia e bem calóricas, para que pudessem ter energia o suficiente. Nos sachês tinham diversos patês, alguns tipos de massa, torradas e até mesmo sucos. O melhor de tudo, que achava genial, é que não era necessário fogo para que a comida ficasse pronta.
Faziam três dias que os soldados não recebiam novos lotes de comida, foram informados de que isso aconteceria e, por isso, economizavam comida. tivera uma boa estratégia. No primeiro dia, tomou apenas sucos. No segundo, se alimentou com torradas e patês e deixou o prato principal para o terceiro, sabia que estaria fraca e precisando.
Comia macarrão com molho perto de algum dos colegas e ao lado de , que, diferente dela, não tinha pensado e havia deixado os sucos por último. A mulher deu cinco garfadas na comida e o olhou. já havia acabado e estava olhando a todos. Estava abatido, era perceptível as olheiras.
— Senhor? - Ele a olhou de imediato. Odiava que precisassem se chamar daquela forma em público.
— Sim?
— Acho que o senhor precisa mais que eu. - Esticou o sachê e o garfo para ele. Ele sorriu.
Os soldados pararam de comer para olhar a cena. Eles sabiam que os dois tinham algo, ou que queriam ter, corria como boato em todo exército. Alguns eram a favor, diziam que havia se tornado um homem feliz e bem humorado. Já outros, os mais conservadores, achavam uma tremenda palhaçada e cogitaram mandar cartas para o marido de contando, mas desistiram quando perceberam que não tinham provas.
— Muito obrigado, , mas você é atiradora. Se movimenta muito mais que eu. - A mulher esqueceu que estava no meio de dezenas de homens e fingiu cara de brava.
— Come sim, . Vai te fazer bem. - Ele não se importou com o uso do nome e pegou o sachê da mão dela, a agradecendo. Isso era tudo que os outros precisavam para terem certeza. Era proibido chamar o general pelo nome. Um deles pigarreou e chamou a atenção de , que logo se tocou do que tinha feito. - Vocês também, todos comendo direito. Não quero gente fraca na minha equipe. – Disse, e todos voltaram para seus alimentos.

09 DE ABRIL DE 1945.

Era o dia mais esperado pelos soldados. Todos olhavam para o céu a todo momento esperando que o avião aparecesse. Sabiam que junto dele viria o alívio mental, viria a felicidade, a esperança e a força para enfrentar todo aquele momento delicado. Era o dia das cartas.
Diferente dos colegas, não queria que aquele dia tivesse chegado tão rápido. A última vez que recebeu alguma carta de Gerald foi desastroso, doeu de verdade. Foi xingada, humilhada e sentiu vergonha de si mesma. Demorou algumas semanas para que deixasse de acreditar que era uma vagabunda, vadia, prostituta e vaca como ele havia falado. Demorou algumas semanas para que parasse de pensar em todas aquelas coisas antes de dormir e todas as vezes em que se via rodeada por muitos homens, mesmo que fazendo coisas simples, como almoçando. Ele a afetou de uma maneira absurda e sabia que não queria passar por isso de novo. Sabia que não queria ler todos os xingamentos mais uma vez, que não queria ser acordada do mundo perfeito onde tem uma queda pelo general gato e inteligente e é correspondida.
Como forma de se confortar e se distrair, decidiu passar o dia inteiro perto de . Tinha pedido para trocar com Marcos, atirador que entrou no lugar de George e havia ficado responsável pela segurança de . Ele logo cedeu, principalmente depois da promessa de ter todos os sucos dos próximos cinco dias de .
— Eu ainda achei estranho essa troca com ele. - pontuou e ela deu de ombros. Estavam andando em uma rua um pouco mais afastada. precisava fazer algo que não a contou, e ela era sua guarda-costas por aquele dia. Tudo estava relativamente tranquilo na região em que estavam, era muito difícil aparecer algum inimigo.
— Isso é uma forma de você dizer que quer ficar longe de mim?
— Nunca! - Se apressou em dizer. - Só achei estranho, você nunca quer ficar perto de mim dessa forma.
— Estava com saudades. - Sorriu e ele pareceu cair, sorrindo de volta.
viu de longe Noah correndo com algo na mão. Estreitou os olhos quando viu os papéis e o coração quase saiu pela boca. A feição sorridente de antes deu lugar para uma com as sobrancelhas franzidas, rosto pálido e lábios sendo mordidos freneticamente. reparou nisso, mas não abriu a boca para dizer.
— Sim, Noah?
— General, chegaram algumas cartas para o senhor e para . - O homem olhou o conteúdo em sua mão e deu dois envelopes para e cinco para . - Pelo jeito seu marido está com saudades, quatro são dele. - Falou baixo para que só a mulher ouvisse, que gelou na hora, mas foi ouvido também por .
— Você pode ir agora, Noah. Obrigado. - O soldado se retirou e checou as cartas, sorrindo ao ver que uma era da mãe e outra da irmã mais velha. , por outro lado, as segurava, mas sem nenhum interesse em abri-las. - Vou entrar aqui agora porque tenho uma reunião. Por favor, me espere aqui. - Ela assentiu e ele virou-se para entrar no prédio, porém, antes a olhou nos olhos.
pôde ver tristeza e decepção. Ele analisava cada detalhe minuciosamente do rosto dela. Olhava-a tanto que a mulher sentiu-se até sem graça. Jurou ter visto os olhos do rapaz se encherem de lágrimas e quase desmoronou com essa cena.
— Acredito que você e Gerald não estejam tão mal quanto você me falou. - Ele deu um sorriso de lado, totalmente irônico. quis chorar. Aquele não parecia seu . - Aproveite o tempo da minha reunião e leia suas cartas. Como Noah disse, ele deve estar com saudades.
o viu subir as escadas e passar pela porta, sentindo um vazio gigante no peito. Mesmo que não quisesse, sentiu uma súbita raiva de Gerald. Não queria que ele estragasse o que ela tinha com , mesmo que nem ela ao menos soubesse o que era. Os dois se beijaram apenas uma vez e quase transaram em outra e a mulher gostava que isso não parecia ser a coisa mais importante do mundo pra ele. Pelo contrário, gostava dela pelas diversas conversas tidas durante toda a madrugada, por todas as piadas e segredos que compartilharam. Eram muito mais que duas pessoas que se gostavam, ela sabia. Eram amigos, eram companheiros acima de tudo, e pensar em perder aquilo por causa do marido que estava a quilômetros de distância, a matava.
A matava também todo o dilema do que deveria fazer, do que deveria sentir. Queria simplesmente respondê-lo para ir à merda, mas sabia todas as consequências que aquilo teria em sua vida. Para começar, assim que a guerra acabasse, ela não teria sequer um trabalho. Como se sustentaria? Os pais não iriam aceitá-la em casa depois da enorme vergonha para a família, as amigas virariam as costas e então ela ficaria só. Não gostava de contar com em sua vida, com o dinheiro de para talvez sustentá-la até sua morte, porque depender de era o mesmo que depender de Gerald, e não gostava da sensação de impotência, de dependência.
Respirou fundo e abriu o primeiro envelope de Gerald. Passou os olhos rapidamente pelas palavras para ter certeza de que não tinha nada ruim e, para sua surpresa, realmente não tinha. No lugar do palavreado baixo, estavam declarações de amor e pedidos de desculpas.
Não sabia o que sentir, não sabia o que pensar. Mesmo sendo errado e sabendo que deveria estar sempre preparada para atacar, desabou no chão e abriu a segunda, a terceira, a quarta carta. Todas tinham o mesmo conteúdo. Sentiu-se mal quando percebeu que lendo tudo aquilo, ela já havia o perdoado, que queria fazer dar certo mais uma vez. Ainda amava Gerald, ela não poderia negar isso nunca. O homem havia sido seu primeiro namorado, seu primeiro beijo e fora com ele que perdeu a virgindade.
Apoiou o rosto nos joelhos e chorou copiosamente. Ele era um ótimo marido e tudo que ela lhe deu foi um par de chifres e distanciamento. Tudo era culpa dela. Tudo.
Algumas horas de choro depois, ouviu o barulho da porta se abrir e levantou-se rapidamente. saiu e sequer a olhou, apenas fez seu caminho. A atiradora apertou o passo para que chegasse ao lado dele e conseguiu.
— Você pode ir devagar, por favor? Sua perna é muito maior que a minha e estou quase correndo para ficar do seu lado.
— Não precisa ficar do meu lado.- O homem murmurou e ela bufou, irritada. O entendia, em partes, mas não tinha um pingo de paciência para lidar com um ataque de ciúmes depois de toda confusão dentro de si mesma que precisou enfrentar. Estava esgotada.
Edward , olha para mim agora. - Ela disse alto e em bom tom. O homem parou e virou-se para trás devagar, a olhando nos olhos. Um lado queria ouvir tudo que ela tinha para dizer, já o outro, queria correr dali. - Vai ser isso? A gente vai se tratar como se não nos conhecêssemos?
— Você mentiu para mim, . Você passou diversas noites na minha cabana, deitada no meu peito e compartilhando sua vida como se não tivesse esse homem te esperando. , você tinha me falado que vocês estavam tão mal que acreditava que divórcio resolveria. - Gesticulava com as mãos, apressado. Ela soube que ele realmente estava nervoso, era uma das coisas que ele fazia quando estava.
— E a gente está mal, . Eu não menti pra você. - Lágrimas se formaram em seus olhos novamente.
— O que diz nas cartas, então? Acredito que para um pedido de divórcio não seja necessário quatro delas. - Cruzou os braços e manteve-se sério. ficou em silêncio e abaixou a cabeça, deixando lágrimas rolarem pelo rosto. - Foi o que eu pensei. - Virou de costas novamente e voltou a andar.
, por favor… - Suplicou. A voz estava vacilando pelo choro e sentiu o coração ser atropelado por um avião.
— Quer saber a verdade, ? - Pegou uma das cartas no bolso e a entregou. - Eu tinha contado de você para minha mãe, para minha irmã. Lê a resposta da Dona Anne, lê. - Ela abriu devagar o envelope. - Vou resumir para você, . - Frisou o apelido de modo irônico. - Eu pensava que eu tivesse encontrado o amor da minha vida. Disse-a que finalmente eu estava disposto a casar-me com alguém, que finalmente imaginava uma família com alguém e que te achava uma mulher admirável, inteligente e bonita. A combinação perfeita para ser a mãe dos meus filhos. - começou a chorar. - A resposta dela é me dizendo como não vê a hora de te conhecer, que vai preparar um almoço para que você vá em casa, que te ajuda a cuidar de todos os papéis da igreja ou de qualquer outro lugar, já que você já casou na igreja uma vez. Ela não se importou com isso, nem um pouco. - Ele riu. - Infelizmente vou precisar dizê-la que eu estava enganado.
— Não haja como se não soubesse que eu era casada desde o início, . - A posição de mudou. Não sabia de onde tirava tanta coragem para enfrentá-lo.
— Eu sabia, mas depois de tudo que você me disse, realmente pensei que estavam quase se divorciando e decidi esperar. Eu confiei em você, confiei nas suas palavras. - Ela o devolveu a carta e ele guardou no bolso novamente. - Percebi que confiar em você não é algo bom.
— Sempre fui clara em como estava meu relacionamento, nunca menti para você. Você se iludiu com possibilidades e criou coisas na sua cabeça.
— Me iludi com possibilidades? - Ele gargalhou, e ela o olhava, séria. - Nem parece a mesma mulher que estava implorava para que eu a fodesse, nem a mesma mulher que dizia que me amava. - Passou as mãos no cabelo e ajeitou o casaco. - Cuidarei para que você fique responsável por outra parte e que não precisemos mais nos ver com frequência.
E a deixou. Deixou com o coração partido para trás e deixou o dele também. O coração dele sempre seria dela, mesmo que ela tivesse o destruído.

02 DE SETEMBRO DE 1945.

Entrou na barraca dele sem ao menos se anunciar. Iria partir em poucas horas e não poderia voltar sem vê-lo pela última vez. se assustou quando a viu. Faziam meses que não se falavam, não se tocavam, e só trocavam alguns olhares magoados. Ela estava magoada por vê-lo desacreditar de sua palavra, já ele, por tudo que ouviu, além de toda a situação que havia se submetido.
— O que você quer? - Quase se arrependeu quando soou rude. não se importou.
— Eu não podia ir embora sem te ver, . - Suspirou e fechou os olhos com força. Talvez, se não o visse, fosse mais fácil falar. - Eu não poderia voltar para os Estados Unidos sem pedir desculpas antes.
— Tá desculpada, pode ir. - Virou-se de costas para ela e sentiu o peito queimar.
— Não terminei de falar, . - Se surpreendeu com a própria resposta. - Vim pedir desculpas por ter te enfiado nas minhas confusões, por ter te dado esperanças quando eu sabia qual seria o fim disso. Sabia o quão doloroso poderia ser. - As lágrimas já rolavam o rosto dela sem pedir permissão. - Sempre soube que era errado e me deixei envolver. Me deixei envolver pelo seu beijo, pelo seu toque, pelas nossas conversas. Quando vi, eu já estava apaixonada. - O coração de se acelerou. A encarou, com o cenho franzido.
— Você não está apaixonada, . Alguém apaixonado não faria e não falaria as coisas que você disse. Alguém apaixonado largaria o boçal do marido e viria comigo.
— Eu não posso.
— Você não quer, , é bem diferente. Mais que medo de lidar com as consequências disso, você não quer lidar com elas. Não quer ter que decepcionar seus pais, suas amigas e Gerald. – Riu, sem humor, e ela balançou a cabeça em negação. - Eu nunca deveria ter te beijado.
— Eu não me arrependo de ter feito tudo que fiz, de ter me entregado para você. Me arrependo de ter te feito sofrer, são coisas diferentes.
— Me arrependo de tudo. Eu vim para lutar, me apaixonar não estava nunca nos meus planos. Vim para matar e não pra morrer por dentro. Me arrependo de ter me envolvido porque enquanto você volta para os braços do seu marido, eu volto para os meus animais de estimação. - Sorriu. - Eles não abraçam e não dormem de conchinha comigo, .
— Prometo que nos veremos de novo, e...
— Não, não prometa. Você acabou de vir me pedir desculpas por ter me iludido, me iludindo ainda mais? Hoje é a última vez e sabemos disso. É nossa última e única chance, .
— Não queria que fosse tudo assim, . - Se aproximou dele e o pediu permissão com o olhar antes de envolvê-lo com os braços.
— Fica comigo, . Casa comigo.
— Eu não posso. - Sussurrou tão baixo que se questionou se tinha ouvido. Ele tinha.
O homem a abraçou de volta e subiu os beijos molhados pelo pescoço dela enquanto a sentia arranhar a nuca com força. Beijou todo o maxilar marcado da mulher e a olhou nos olhos antes de a envolver em um beijo.
— Ele não vai fazer isso com você, . - Levou uma das mãos para o cabelo dela, dando leves puxadas. Se beijavam com desespero, com paixão. Eram como dois animais com sede e um pote enorme de água. Estavam loucos, eufóricos.
— Não vai te beijar como te beijo, não vai te tocar como eu te toco. - a puxou pela perna, a segurando no colo, e a deitou lentamente no colchão jogado no chão. Ela o ajudou a desabotoar a camisa e o arranhou por todo o peitoral, brincando com os dedos na calça dele. não queria esperar, não queria perder mais tempo. Saiu de cima da mulher e a despiu completamente, rasgando algumas das peças e estourando todos os botões do casaco militar. Ela não precisaria mais dele mesmo.
Abocanhou o seio da mulher assim que o viu e chupou com força, vez ou outra dando pequenas mordidas. Ela gemia. Já estava molhada, sabia disso, mas queria que ela passasse um pouco de vontade. se sentou na cama e tirou o cinto e a calça dele, o deixando só com a cueca. Sentiu a boceta piscar quando viu o pau dele duro e grande fazer volume no tecido. O deitou com brutalidade na cama e sentou no pau dele, dando leves reboladas.
— Era assim que você imaginava nossa primeira vez? - Ela mordeu os lábios e negou com a cabeça, sorrindo, sapeca. Trocou de posição com ela rapidamente, ficando por cima. Distribuiu beijos pelo pescoço, pelos seios, pela barriga e abaixou a calcinha com a boca, sem perder o contato visual. sentia que iria explodir a qualquer momento se não tivesse a língua dele na sua intimidade logo. Ficava com tesão só de imaginar o rosto dele na boceta dela, só de imaginar pressionar a cabeça dele e esfregar a boceta no rosto dele.
beijou toda a parte de dentro da coxa dela e deu beijos molhados na virilha. Sorriu para ela antes de dar a primeira linguada, a mais gostosa e esperada. Começou devagarzinho, deixando a boceta dela ainda mais molhada. Queria sentir o gosto dela. arqueava as costas de prazer.
— Mais rápido, .
Ele enfiou os dois dedos nela e tirou, os chupando em seguida. nunca tinha visto algo tão sexy em toda sua vida. Puta que pariu, era um gostoso. Voltou a chupá-la e a penetrar os dedos ao mesmo tempo. Seguiu o pedido dela e foi rápido. Era bom ver se contorcer de prazer e gritar o nome dele.
Ali os dois não se importavam com mais nada. Não se importavam se alguém passaria e ouviria, se alguém poderia entrar a qualquer momento. A única coisa que se importaram era com aquele momento, com aquela despedida.
parou e viu o olhar de confusão da mulher, sorriu logo em seguida.
— Fica de quatro. - Segundos depois, tinha a visão do paraíso. Mordeu o lábio quando viu a boceta e o cu, ambos molhados da lubrificação dela. O homem não resistiu. A fez ficar ainda mais empinada e distribuiu beijos pela bunda gostosa dela. Chupou o cu de para que ficasse molhado e desceu para a boceta, enquanto mantinha os dedos massageando e fazendo movimentos circulares pelo cu dela. gemia tanto. Era um prazer que nunca tinha recebido antes e podia dizer com todas as letras que estava gostando e gostando muito. se masturbava. Não conseguia deixar de pensar em como ela era gostosa e que toda espera valeu a pena.
— Eu tô quase gozando, General. - Disse em um murmúrio, enquanto agarrava com força o colchão.
— Ainda não. - parou de chupá-la antes que chegasse ao clímax e deu um tapa em sua bunda. O estalo fez gemer de dor e de prazer. Receber um tapa por uma daquelas mãos grandes era excitante.
ficou de joelhos e puxou pelos cabelos, fazendo com que ficasse de frente para ele agora. O pau latejava a cada movimento que ela fazia. Estava hipnotizado. A observava como uma onça observa sua caça. A mulher distribuiu beijos molhados pelo pescoço, descendo para a barriga enquanto o arranhava. a olhava em expectativa. Queria sentir a boquinha de engolindo o pau dele.
Ela deu uma olhadinha antes de beijar a virilha do homem. Lambeu e chupou as bolas dele e foi subindo a língua devagar até a base do pau. Passou a língua e demorou mais na cabecinha, o abocanhando em seguida. Começou devagar, tentando engolir todo, e foi aumentando a velocidade. Era a vez de gemer. Ele olhava pra baixo e mantinha os olhos grudados no rosto dele. Os lábios carnudos estavam em volta do pau e o homem direcionou uma mão até a parte da frente do cabelo dela, a fazendo engolir ainda mais o pau. estava de quatro, com a bunda empinada enquanto o chupava. O homem trocava o olhar do rosto dela para a bunda. Sua mulher era uma gostosa safada.
Sentiu o pau latejar mais ainda e muito prazer. Sabia que estava quase gozando e não queria fazer aquilo na boca dela, queria que fosse na boceta.
O homem a empurrou de leve, tirando a boca dela do pau, e se sentou no colchão. nem ao menos precisou falar algo, veio por cima dele e o abraçou. Peito com peito, rosto com rosto. Estavam grudados e era assim que deveria ser. ficou de joelhos no colo dele e encaixou o pau na boceta, sentando devagar.
O gemido rouco saiu pela garganta de e se sentiu no direito de rebolar. Ela rebolava igual uma filha da puta que sabia que era gostosa, nas palavras de . Se apoiava no ombro dele, o apertando com as mãos para ganhar velocidade. O homem apalpava os seios descobertos, vez ou outra brincando com o bico do peito.
Ela sentava com força e com velocidade. a ajudava, segurando-a pela cintura. As mãos grandes se encaixavam-se direitinho pelo corpo da morena. Trocavam beijos apaixonados e intensos. A respiração estava descompassada, o suor escorria pelos corpos e não parava de sentar. afundou o rosto no pescoço dela, sentindo o cheiro cítrico que só ela tinha. Deu pequenas mordidinhas, tentando não deixar marcas.
— Quero gozar.
— Eu também.
E assim aumentou ainda mais a velocidade. A barraca se mexia tanto que ficou até com vergonha quando pensou sobre isso, mas estava muito bom para se importar por muito tempo.
cravou as unhas no ombro dele quando sentiu um prazer absurdo, quando as pernas começaram a tremer. Fechava as pernas com força, sentindo o pau de ficar completamente molhado pelo seu gozo. Aquilo o deu ainda mais tesão. Com as mãos, ajudou para que ela se sentasse com mais força e a pressionou contra seu pau quando precisava gozar. rebolava enquanto sentia o leite quente dentro dela.
Terminaram o sexo com troca de carícias, pequenos selinhos e muitos beijos distribuídos pelo rosto. Aquela era a primeira vez que tinha feito amor em toda sua vida.
— Acho que quando sair daqui, é melhor dizer que estava correndo, . - Ele riu. - Você tá toda vermelha e suada.

5 DE OUTUBRO DE 1945.

o observava ligar o rádio com um sorriso de lado. Era bom estar de volta, era bom estar em casa. Havia chegado há cerca de um mês e era como se o casal estivesse vivendo uma eterna lua-de-mel. O marido tentava a todo custo fazer os desejos de , muito mais pelo medo de a perder por anos novamente que por realmente querer agradá-la. fingia não perceber este detalhe.
Sentia o estômago embrulhar todas as vezes em que pensava em . Se culpava, se culpava muito por ter se deixado envolver tanto por alguém quando no dedo possuía uma aliança. Se culpava por tê-lo feito sofrer e por ter sido egoísta o suficiente para voltar para sua rotina e deixá-lo, como se não tivesse passado de um romance de verão. Ela queria , sabia disso. Sabia também que era errado, que era uma vergonha ao seu sobrenome e, por isso, preferia colocar um sorriso no rosto e tratar o marido da melhor forma possível. Tinha em mente que se o tratasse bem e fosse uma excelente esposa, com o tempo, o amor por Gerald voltaria e seria deixado no passado. Certo?
— Vem dançar, querida. - O sorriso no rosto do homem era amigável. Estendeu a mão para a esposa, que logo a segurou com delicadeza.
apoiou o rosto na curva do pescoço do rapaz, fechando os olhos ao sentir as mãos do marido apertarem sua cintura. - Senti tanta falta disso.
— Eu também, baby. - E estava falando a verdade. Achava incrível o fato de Gerald saber dançar melhor que qualquer um que ela conhecia, além de ser um excelente professor. Aprendeu cada passo de dança com ele e para o acompanhar.
Ficaram assim por alguns minutos, sentindo a presença um do outro enquanto se acariciavam.
Foi quando Somebody Loves Me de Helen Forrest começou a tocar que tremeu. Sentiu o coração acelerar, as pernas bambas. Fechou os olhos com força na intenção de se livrar de todas essas sensações, e em resposta, as sentiu ainda mais fortes. O corpo começou a formigar em todas as partes que as mãos de Gerald encostavam, como se o expulsasse de alguma maneira. O enjoo fez-se presente, se sentiu fraca instantaneamente. Gerald percebeu o vacilo e a olhou, preocupado.
— Tá tudo bem, ?
— Desculpe, o que disse? - O olhou, perdida. Sentiu tudo rodar.
— Você tá se sentindo bem? Tá pálida. Você tá me assustando.
— Sim, baby. Estou bem. - Sorriu de lado e o abraçou novamente. A música de Helen já havia acabado.
Ao contrário do que pensava, a sensação incômoda não foi embora junto com a música. A ficha pareceu ter caído. Havia vomitado na manhã do dia anterior, sentia os peitos doloridos e… A menstruação estava atrasada. Arregalou os olhos com a possibilidade de estar grávida e abraçou Gerald ainda com mais força. Não, não, não. Aquilo não podia estar acontecendo com ela. Era karma? Os olhos se encheram de lágrimas. Questionava-se em como contaria para o marido, o que faria se realmente estivesse. Sabia que o filho não era do marido, não haviam transado desde que ela retornara.
— Você tá ouvindo o que eu tô falando, ? - O tom de voz do rapaz era irritado. se incomodou com o apelido utilizado por ele. Ele nunca a tinha chamado daquela maneira.
— Gerald, eu só preciso... - Perdeu a fala quando percebeu que a comida estava voltando. Saiu do abraço e correu para o banheiro. Sentia a dor no estômago e a garganta doer a cada vez que fazia força para vomitar. O homem apareceu logo em seguida e a ajudou com os cabelos, permanecendo em silêncio.
vomitou por alguns minutos e sentou no chão do banheiro quando percebeu que não tinha mais nada para sair, fraca. Gerald estava no canto do banheiro, apoiado na parede, a olhando. Passavam milhares de coisas pela cabeça dele naquele momento. Quase como se sua intuição gritasse, ele a perguntou:
— O que foi isso?
— Acho que comi algo que me fez mal. - Ele riu. Sabia que tinha algo de errado.
, sua menstruação tá atrasada? - A mulher gelou e engoliu seco. Fez cara de confusa e o olhou.
— Duas semanas. - Se levantou com dificuldade e se aproximou do marido. - Eu ouvi que é normal depois de um trauma tão grande.
— Faça o teste de gravidez.
— Gerald? Teste de gravidez? Você está me ofendendo. - Ele a ignorou e abriu a gaveta do banheiro depressa. Ambos queriam muito ter filhos e sempre tentavam, era comum comprarem testes. O homem nunca esperaria que fosse usado em um momento como aquele.
— Faça. Agora. - A levantou pelo braço e a colocou sentada na privada. - Faça essa porra, . - A mulher viu as veias saltarem no pescoço do marido e quis chorar. Era difícil vê-lo daquela maneira.
Com as mãos tremendo, pegou o palitinho e deu sorte de estar com vontade de fazer xixi. Ou azar, não saberia dizer. Ele a olhava atentamente, não sairia do lado dela durante os próximos cinco minutos. Estava desesperado por aquilo.
Não sabiam dizer se eram cinco minutos ou cinco vidas. O tempo se arrastava. O casal não se olhava no rosto, nervosos demais pelo resultado. Aquilo os destruiria, tinham certeza.
viu primeiro e as lágrimas rolavam pelo seu rosto. Gerald nem precisou olhar para o teste para ter certeza de qual era o resultado, estava claro no rosto da esposa.
— De quem é? - Ela olhou para as mãos apoiadas no colo e o homem a segurou pelo maxilar com força, fazendo com que o olhasse. - A gente não transa há anos. A não ser que eu tenha poderes e minha porra seja mágica, esse troço na sua barriga não é meu.
— Por favor…
— Me diz de quem é esse homem que eu mato esse arrombado. Se é que você sabe quem é o pai, né? - Conhecia o marido o suficiente para saber que com ele não se brincava, que suas ameaças eram reais e que não poderia correr perigo.
— Eu não sei. - Fechou os olhos com o impacto da palma da mão dele em seu rosto. Sentiu queimar.
— Você é nojenta.
— Baby…
— Não me chame de baby. - Puxou os próprios cabelos, com raiva. - Eu não acredito que você teve um caso. - O via respirar fundo várias vezes. sentiu medo. - Era sua ideia desde o começo, não é? Ir para guerra, onde milhares de caras estão sedentos atrás de uma boceta e sentar em vários. - A mulher teve nojo de si mesma. Tudo que ele disse não era cem por cento verdade, mas ela continuava sendo nojenta. Nojenta. Escrota.
— Me deixe explicar. - Se ajoelhou aos pés do marido. Os soluços eram ecoados em todo o banheiro.
— Eu fui uma piada pra você. Enquanto me preocupava com você, você sentava em outros. SUJA! - A agarrou pelos cabelos e a arrastou até a sala. Ela gritava para que ele parasse, mas a raiva o cegava. A soltou com força no chão, fazendo com que ela batesse a cabeça com força.
sentiu o sangue quente escorrer pelo seu supercílio e foi como se estivesse morrendo. Morrendo por dentro. Ela depositou toda a confiança e amor naquele homem. Ela o amou com todas as forças de seu corpo e mesmo que tivesse errado absurdamente, achava que ele não deveria machucá-la. Ou deveria? Ela não sabia o que pensar. Não sabia o que era certo, o que era errado. Justificava cada chute na barriga que ele dava com seus erros. Justificava na tentativa de salvar seu casamento, na tentativa de fazer com que tudo voltasse a ser o conto de fadas que era. Não era culpa dele, era? Como culpar alguém que acabou de descobrir que a esposa o chifrou. Ele estava nervoso, tudo ficaria bem. Repetia para si mesma incontáveis vezes.
A dor mental era muito mais forte que a física. Sabia que os machucados cicatrizariam, que os ossos quebrados se arrumariam, mas não tinha certeza se conseguiria lidar com aquilo, com aquela lembrança para sempre.
estava quase desmaiando de dor. Segurava a barriga com toda sua força, tentando proteger um filho que ela nem mesmo queria. Tentando proteger o fruto de seu amor mais puro. A visão intercalava, desfocava.
Foi largada no chão por Gerald quando o telefone tocou. Era seu salvamento.
Não percebeu quando os olhos fecharam e apagou.

acordou com a cabeça latejando. A barriga doía, as costas doíam. Era como se uma multidão a tivesse atropelado. Abriu os olhos devagar, tentando se acostumar com a claridade vinda de um abajur e viu Gerald sentado com as mãos no rosto, chorando abafado. A ficha caiu no mesmo momento. Ela havia desmaiado. Ele a havia feito desmaiar. sentiu medo e se encolheu no canto do cômodo com pressa, sem se importar com a dor que a movimentação causara. Colocou os braços na barriga sem ao menos perceber ao ouvir a voz dele.
— Amor, eu pensei que você tivesse morrido. - O homem se jogou ao chão para que pudesse se aproximar dela. Os olhos de demonstravam pânico. Ela queria gritar, queria fugir. - Prometo nunca mais fazer nada disso. Prometo. - Segurou as mãos da mulher e distribuiu beijos.
não sabia como devia se sentir. Acreditava que o correto era perdoá-lo, que o correto era acreditar em suas desculpas e rezar para que não se repetisse, mas ela não conseguia. Estava falhando na missão de ser boa esposa, ela jurava, porém, queria ao menos acertar a missão de permanecer viva. Com ele, ela não tinha tanta certeza se conseguiria.
— Tudo bem, Gerald. Eu acredito em você. - Ela conferiu com a língua se todos os dentes permaneciam em sua boca antes de abrir um pequeno sorriso. O marido a olhou, esperançoso, e a abraçou apertado.
— Te prometo que iremos tirar essa criança e faremos diversas nossas. – Dizia, empolgado, como se tivesse tido a melhor das ideias da última época. Pedindo desculpas mentalmente ao filho dentro dela, concordou com o marido. — Amanhã, depois que eu chegar do trabalho. Já liguei para algumas pessoas e tudo está certo. - A beijou demoradamente na bochecha. - Eu te amo, .

06 DE OUTUBRO DE 1945.

Ver Gerald sair para o trabalho foi um alívio. O choro entalado na garganta saiu com uma lágrima tímida, mas logo gritava. Gritava na intenção de exteriorizar tudo o que sentia, tudo o que não queria sentir. Gritava na intenção de se aliviar, mas sentia-se ainda mais confusa e presa dentro de si mesma.
Lidar com Gerald, mesmo que em poucas horas desde o ocorrido, foi ainda mais fácil que lidar com si mesma. Era apenas colocar um sorriso e fingir que tudo estava bem. Com ela mesma, sabia que não estava e não sabia ao menos se ficaria tudo bem. Começou o choro culpando-se por ter engravidado de outro homem, por ter feito o marido passar por tudo àquilo, como se toda a culpa de cada uma das dezenas de roxos fossem sua. Aos poucos, acalmou-se e a mente agiu. Ser racional, naquele momento, era o primordial. Controlou aos poucos a respiração e repetia para si mesmo em voz alta que nunca seria a culpa dela. Repetia para si mesma, na intenção de realmente acreditar em suas palavras, que alguém que ama não agride, que alguém que ama não quase mata a esposa com chutes, socos e tapas. Gerald não a amava. Amava a ideia de ter uma esposa, a ideia de ter a família perfeita da margarina, de apresentar aos amigos. Não a amava. Ele sim a amava.
O pensamento correu para e o coração apertou com tanta força no peito que achou que tivesse tendo um infarto. Em largos passos chegou ao quarto. Procurou com desespero no fundo do armário um pequeno papel. Um papel rasgado, com uma letra torta e um coração desenhado.
“Obrigado por ter me feito chegar vivo ao final.
Fico feliz por saber que a única mira você errou e que não calculou, acertou em cheio meu coração (foi uma péssima declaração para uma mulher atiradora?).”

Sorriu ao terminar de ler, assim como havia feito nos últimos trinta dias longe dele. Deus, o que faria? Estava perdida. Queria vê-lo, queria senti-lo, queria beijá-lo. o amava.
Foi então que uma ideia audaciosa passou pelos pensamentos dela.
— Será? - Olhou para o pote com dinheiro que guardava no fundo do armário. - O que você tem a perder, ? - Dizia para si mesma enquanto, num surto de coragem, pegava uma mochila e colocava todos os documentos e algumas roupas. - TUDO! Casa, marido, família, amigos. - Deitou na cama, gemendo ao sentir a dor de alguns hematomas, e suspirou. Ela realmente faria aquilo? Ela largaria tudo?
Não precisou pensar mais que cinco minutos. Ela iria até ele, ela se declararia, ela o teria em sua vida. Viveria o amor que sempre sonhou. Viveria seu caso de Romeu e Julieta, mesmo que, no final, acabassem mortos. Precisava dele.
— Quero uma passagem para Georgetown, por favor. - Olhava para todos os lados, apreensiva. E se alguém a tivesse visto e avisado Gerald? Precisava sair dali rápido. Se irritou quando a mulher se enrolou com o troco, a fazendo demorar mais que o comum. O coração estava na boca e a vontade de vomitar vinha junto.
— Aqui. Sai em trinta minutos. – Suspirou, aliviada, e a agradeceu, correndo para o portão de embarque. Agora era só esperar pelo trem e viver sua felicidade. Era isso que esperava.
não gostava de pensar que existia a possibilidade de a enxotar de lá como um cachorro. Sabia que talvez ele nem quisesse olhar na cara dela, principalmente depois de ter sido trocado. Rezou para que o amor próprio de abrisse uma pequena brecha para ela. Faria diferente dessa vez.
O caminho de trem fora tranquilo. Não estava tão lotado quanto pensou que estivesse e agradeceu por ter a cabine vazia só para ela. Tentou dormir para que o tempo passasse rápido, mas não pregou os olhos. O sol ia embora e lembrou-se que Gerald chegaria em casa logo menos. Respirou fundo diversas vezes ao pensar que talvez ele a seguisse, que a procurasse, que chamasse a polícia. Tinha deixado um bilhete grudado na geladeira dizendo que foi embora para não voltar mais e se sentiu um lixo por pensar que esse foi o jeito de terminar um relacionamento de cinco anos, que esse havia sido o jeito de terminar sem sentir qualquer coisa que não alívio e alegria.
Foi difícil localizar a rua de em uma cidade que não conhecia nada. Evitava pedir informação para alguém. Tinha medo de que chamassem a polícia para ela, já que tinha o rosto todo cortado e roxo. Dava preferência para pedir informações para mulheres. Agradeceu aos céus quando localizou o endereço, sentindo-se ansiosa quando começou a procurar pela casa dele. Número 13, ele tinha dito.
Perdeu alguns minutos admirando a casa quando a encontrou. Casa pequena e térrea, amarela e com uma cerca branca. Tinha um jardim bonito e bem cuidado, provavelmente Gemma ou Anne haviam cuidado para . Era a típica casa americana de famílias margarina, esperava que a casa do homem fosse diferente.
apertou a mochila contra o corpo e subiu os três degraus da casa, se deparando com a linda porta de entrada. Tremia de nervoso como um cachorro raivoso. Mordia os lábios e encarava a campainha como se fosse sair correndo. Apertou a campainha em um surto de coragem e fechou os olhos quando ouviu gritar que estava indo.
O coração afundou no peito quando a porta se abriu. Sem camisa e com uma calça de pijamas, com o cabelo cacheado bagunçado e remela nos olhos. estava adorável.
? - A voz dele saiu como em um sussurro. Pensava que nunca mais a veria. Passou o olhar pelo rosto machucado e sentiu soube pela primeira vez o que era sentir raiva de alguém. deixou lágrimas escaparem e logo o choro continha soluços. — Quem fez isso com você, ? - A acariciou.
— Ele queria matar nosso filho e eu fugi, me desculpa, . - Dizia com dificuldade enquanto chorava. Ele a abraçou com força. Havia sentido tanta falta dela, tanta.
— Calma, você está segura agora.



Fim!



Nota da autora: Sem nota.

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Nota da beta: MEU DEUS! Eu só quero ler todos os milhões de anos de vida desse casal! Caralho, que história incrível, de verdade! Eu amei os detalhes, amei a coragem dessa pp, amei esse pp incrível, amei cada mínimo acontecimento e como tudo levou a esse final doloroso, mas perfeito. Estou com um ódio absurdo do marido, mas ver que ela não aceitou isso me deixou maravilhada. Parabéns, simplesmente incrível! 💙

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