Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

Ninguém ficaria feliz por saber que precisa ir à escola em pleno sábado pós feriado, mas um simulado avaliativo faria com que pelo menos metade do corpo estudantil comparecesse.
dirigia em aproximados 80km/h, o que era um absurdo se você pensasse que ele estava cruzando as ruas sem se importar com as placas de “Pare!”, os sinais vermelhos e as buzinas dos carros, que se assustavam com a velocidade que o garoto pilotava sua moto.
— Quase perde a prova, hein, senhor . — o zelador do instituto disse rindo assim que viu o jovem correr portão adentro, depois de estacionar a moto de qualquer jeito e deixar o capacete pendurado no guidão.
soltou um riso envergonhado antes de voltar a correr, preparando-se mentalmente para o simulado geral. Estava tão apressado que quase não enxergou uma menina parada no corredor, com o armário aberto.
— Não vai entrar e fazer a prova? — ele perguntou em uma respirada profunda, cansado da pequena corrida.
— Talvez sim, talvez não. — ela sorriu irônica, olhando-o brevemente. — Entre logo, , você vai perder o simulado.
— Só se você também entrar. — o garoto sorriu de lado enquanto ela revirava os olhos, tentando esconder o sorriso. — Não é como se tivéssemos muita escolha mesmo.
soltou uma gargalhada ao se aproximar do garoto, dando-lhe um tapinha no ombro.
— Estamos na merda mesmo, né? — ela disse baixo, antes de seguir para dentro da sala, referindo-se ao boletim vermelho de ambos.
suspirou mais uma vez antes de finalmente entrar.
— Você não pode vestir jaqueta de couro na escola, senhor .
O garoto revirou os olhos para o professor, antes de tirar a jaqueta, deixando-a dobrada sob sua carteira. Com o movimento, um dos botões de seu uniforme se abriu, deixando seu peitoral aparecer levemente.
mostrando o corpinho, ui. — um dos alunos soltou uma risada com a voz afetada e um sorrisinho irônico, provocando , que apenas fechou os olhos, arrumou o uniforme e corrigiu sua postura na cadeira, esperando que a prova começasse logo.

Não que conseguisse explicar o porquê que seus olhos sempre acabavam se dirigindo até o rosto de , que havia jogado todo o cabelo para um lado, mas ele talvez poderia tentar.
Talvez fossem seus olhos concentrados em qualquer coisa que fazia. Ou talvez o nariz levemente arrebitado que lhe dava um ar de metida, mesmo que isso fosse seu completo oposto. Talvez fosse sua boca bem desenhada e seu lábio superior com um leve formato de coração. Quem sabe fosse a pintinha em sua bochecha, logo abaixo dos olhos.
Podia ser, também, o jeitinho que ela sempre mordia o lábio inferior quando estava preocupada com algo, ou confusa.
Ou talvez o conjunto dessas coisas.
— Você foi bem? — perguntou assim que ambos saíram da sala.
— Acho que consegui recuperar minhas notas.
— Eu também. — a garota deu um sorrisinho. — Escuta, você pode me dar uma carona?
— Claro. — disse prontamente, arrancando uma risada dela. — Digo, é, acho que eu trouxe o capacete extra.
Ambos gargalhavam enquanto seguiam pelos corredores.
— Você está bem? — ele perguntou num sussurro.
— Pode se dizer que sim. — suspirou, sabendo que ele perguntaria sobre sua vida. — Tipo, ele não está muito em casa, sabe? Meu pai viajou a semana toda, espero que continue longe.
assentiu levemente, ficando em silêncio até que chegassem ao estacionamento. A garota olhou-o de lado e soltou uma risada:
, relaxa. Eu gosto de quando você se preocupa comigo.
— É que eu te amo né, bobona. — ele riu enquanto entregava-lhe o capacete e subiu na moto.
sorriu antes de montar na garupa e agarrar-se a cintura de , sentindo-se feliz.
Pelo menos um bocado.

Eram três da manhã quando acordou com o celular tocando.
...?
— B-... — sua voz saiu cortada, junto de um soluço. — Você pode vir me buscar?
— Onde você está? — levantou-se apressadamente enquanto colocava a ligação no viva-voz e pegava uma camiseta qualquer no armário.
— Eu... Não tenho certeza. — fungou, fazendo com que o garoto sentisse o corpo todo arrepiar-se de desespero. — Eu só saí andando depois que ele... ele...
parou de falar e começou a chorar compulsivamente.
— Eu não aguento mais, ... Me ajuda...
? ?! — chamou-a quando percebeu que ela havia ficado em silêncio, mas percebeu que a chamada havia caído. — Droga!
Acelerou a moto sem ao menos botar o capacete, indo em direção a casa da garota com uma velocidade acima de 100km/h. Poucas coisas passavam em sua mente naquele momento:
estava chorando.
estava chorando no meio da madrugada e ligou para ele.
estava chorando no meio da madrugada, perdida no meio da rua, e ligou para ele.
— Merda, merda, merda... — xingou assim que chegou em frente à casa da garota e viu que a porta de entrada estava aberta.
Ele voltou a correr pelo bairro, procurando por .
! — gritava, sem se importar com o horário. — !!

Com a visão embaçada por conta das lágrimas, continuava caminhando sem ter nenhum senso de direção. Sua mente estava vazia, seu coração pulsava tão forte que doía, seu estômago parecia revirado e ela estava pronta para expelir tudo o que havia comido no jantar.
! — ela pensou ter escutado alguém a chamando, mas não se deu ao trabalho de virar-se para trás. — Hey!
encostou a moto na calçada de qualquer jeito e puxou o braço da garota, fazendo com que a mesma se assustasse de início, mas logo sua expressão triste voltou.
— O que foi, meu amor?
— O meu pai voltou e... — tornou a chorar, sem conseguir completar a frase.
O garoto abraçou-a forte, sentindo suas lágrimas molharem a camiseta. Sentia-se péssimo ao vê-la chorando. Ele só queria poder tomar as suas dores para si.
amava , e isso era fato. Ele amava o jeito que ela sorria, a forma que andava, a pose que sempre fazia quando ia tirar uma foto. Adorava o fato dela enrugar o nariz quando fazia birra, e todas as vezes que ela mostrava a língua como uma criança travessa.
amava a por completo. Ela era perfeita para ele, em todos os sentidos.
Mas ele nunca conseguiu falar aquilo para ela.
— O que aconteceu? — perguntou assim que ambos se sentaram num dos banquinhos da calçada, depois que conseguira parar de chorar.
— A gente discutiu, como sempre. Ele disse que eu estava gorda, e que era imprestável, só sirvo para comer e fazê-lo gastar toda a pouca grana que ele consegue no trabalho sujo dele. — a menina suspirou, encarando o próprio colo enquanto sentia as lágrimas se formarem no canto dos olhos novamente. não falou nada, apenas esperou-a continuar. — Sabe, , essa foi a primeira vez que discuti com ele. Tipo, eu não fiquei calada, sabe? Eu falei tudo o que eu queria.
Ambos permaneceram em silêncio por alguns segundos, aproveitando a brisa fresca que batia em seus corpos.
— Como você se sente?
— Sinceramente? — ela o olhou. — Péssima.
— Por quê?
— Bem, como eu levantei a voz dessa vez, ele me bateu.
Institivamente, fechou o punho com o ódio se formando.
— O seu pai fez o que?
Nada mais precisou ser dito assim que levantou a blusa até abaixo dos seios e a luz do poste permitiu com que ele visse as marcas arroxeadas na altura das costelas.
— Eu me odeio, . — suspirou assim que abaixou a blusa. — Sempre odiei, e sempre quis, sei lá, trocar de corpo com alguém mais padrão, entende?
, eu já te disse mil vezes o quanto você é linda.
— Eu sei. — ela sorriu, acariciando o rosto dele. — Só que eu não consigo mais, eu realmente não consigo gostar de mim mesma.
— Mas eu gosto de você, .
— Eu sei, mas só você mesmo, .
A garota mordeu o lábio, desviando o olhar dele e recolhendo sua mão, sentindo-se tímida de repente.
— Você realmente sabe? — ele perguntou depois de algum tempo, deixando-a confusa. — Você realmente sabe o quanto eu gosto de você, ?
— Claro que sei. — ela sorriu. — Somos melhores amigos, e melhores amigos gostam um do outro.
— Não é disso que eu estou falando.
...
, você é perfeita. — olhou em seus olhos, pegando em suas mãos. — Você é uma garota extrordinária. Eu faria de tudo para te ver bem. Eu beijaria cada parte do seu corpo se isso te fizesse amá-lo da mesma forma que eu o amo. Se você vendesse a sua imagem para alguém, eu a roubaria e a beijaria mil vezes se fosse necessário. Eu faria de tudo para tirar qualquer sentimento ruim que você sente em seu coração, eu viraria esse mundo de cabeça para baixo de isso pudesse impedir todo esse apocalipse que te deixa assim. Eu morreria por você, .
...
— Eu sei que você não vai falar nada, mas essa é a verdade, . Eu te amo com todas as minhas forças, te acho linda, e nada vai mudar isso.
A garota realmente não conseguiu proferir nada, apenas sorriu ao sentir lágrimas escorrendo em seu rosto e beijou-o, com todo o resto de força que sentia.
sabia que não poderia curar todas as feridas de sozinho, mas ele estava disposto a tentar ajudá-la.
Porque ela era uma garota extraordinária, em um mundo comum, e ela não conseguia fugir dele.
Não que fosse permitir com que ela fugisse dele, mas você entendeu.


Fim?



Nota da autora: Olá meus anjos, como vocês estão?
Bem, não sei direito o que dizer sobre esse ficstape hahah mas agradeço a você que leu até aqui <3
Um cheiro pra vocês!



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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