Última atualização: Fanfic finalizada.

Prólogo

encarou a chuva londrina que caía ao lado de fora depois de parar o carro em frente ao bar lotado. Destravou as portas sem olhar os botões, ainda fitando o temporal. Suas mãos seguravam firmes o volante, os nós de seus dedos estavam brancos com a força aplicada e a respiração era lenta e profunda, furiosa.
A porta do passageiro abriu, o corpo foi jogado ali por alguém que ela não viu o rosto e a pessoa também já estava correndo de volta para o estabelecimento a fim de não se molhar mais naquela chuva toda.
- ! - exclamou, deixando claro o efeito de álcool o qual o garoto estava submetido. - Eu senti sua falta!
olhou seu namorado. Seus olhos estavam entusiasmados como da primeira vez que haviam se conhecido, agora, porém havia uma névoa esbranquiçada neles que impedia a se sentir do mesmo modo.
- O cinto de segurança. - Ela disse.
puxou o item pela fivela, atravessando seu corpo. Sua namorada estava irritada, isso não era um bom sinal. Por que ela estava assim? Era o que ele se perguntava ao mesmo tempo em que não era capaz de afivelar o cinto.
suspirou e ajudou com sua tarefa. Merda, por que ele tinha que fazer essas coisas consigo? Não, sem ter dó dele, . Ela sacudiu a cabeça e voltou a seu estado de raiva ao olhar o horário no relógio: 3h43.
- Esta é a última vez, .
Foi tudo o que disse antes de dar partida no carro e voltar para casa.


Capítulo Único

Ah-ah
abriu seus olhos num rompante. Ela não se lembrava mais de seus sonhos, mas pelo modo que ofegava, não haviam sido bons. Fitou o teto ao tentar normalizar sua respiração e então se virou resignada, não conseguia lidar com encarar o teto. Ele era branco e liso, sem efeitos, sem distrações, o painel perfeito para ela pintar suas memórias e lamentações. Trincou os dentes, ela parecia a porra de uma perdedora naquele estado. Mas afinal, não era o que ela era?
Ah-ah
Suspirou antes de levantar-se e ir tomar banho, sentindo os efeitos da ressaca pela noite anterior a abaterem ao arrastar seus pés para atravessar o quarto. Entrou no banheiro e nem se deu ao trabalho de verificar se a toalha estava lá, sabia que estaria, ela sempre devolvia a maldita toalha, não precisava pegar a toalha dos outros porque esquecia a sua, quem fazia isso era e, bem, não estava mais ali, estava? Não, eles haviam terminado.
I keep trying
Abriu o chuveiro e despiu-se enquanto esperava a água esquentar. Sentou-se no vaso sanitário, encolhendo a perna direita e apoiando o queixo em seu joelho, ouvia a água caindo, porém sua mente já estava muito longe dali.
Nothing is working

A música alta dificultava e muito que os pensamentos de fizessem sentido. Ela estava mais sorridente que o normal devido à bebida e seus passos estavam menos firmes que o recomendado para alguém com saltos tão altos e o fato dela estar sendo literalmente puxada por não ajudava em nada.
vestia uma calça branca de cós alto e um top cropped da mesma cor, o blazer que finalizava o conjunto estava em algum lugar desconhecido a essa altura do campeonato. Suas sandálias eram pretas, assim como seus longos brincos, seu largo bracelete e a pulseira de seu relógio. Seu cabelo caía em ondas expressivas e o lábio levemente rosado com batom.
e estavam em um evento da empresa em que trabalhavam, sua função lá era tomar alguns coquetéis e sorrir, seguindo seus respectivos chefes e fazendo algumas anotações em seus smartphones empresariais conforme eles conversavam. ainda tinha sorte, pois Kate, sua editora-chefe, era mais solidária que Ivan, o editor de .
As amigas trabalhavam na mesma editora, porém em revistas diferentes com segmentos completamente distintos. Só haviam conseguido emprego ali porque o primo de , , trabalhava na produção gráfica de uma terceira revista e manejou um estágio para a prima, que, por sua vez, indicou , sua amiga de faculdade.
Era difícil conciliar trabalho e estudos, contudo ambas as garotas sabiam o quão importante para suas carreiras era poder dizer que trabalharam em revistas de tão alto nível. Elas se esforçavam tanto e finalmente haviam conseguido oportunidade para provarem que aguentavam o tranco.
Para falar a verdade, o evento da editora não havia acabado ainda, entretanto Kate havia liberado e convenceu Ivan a fazer o mesmo com . Era sábado à noite, o coquetel estava chato até para Kate, para que ficar segurando as meninas também?
Livres do compromisso, , em seu conjunto azul marinho e acessórios rosa com dourado, mencionou que não tinha que ir ao coquetel e estava dando uma festa em sua casa. Parecia uma boa opção.
Agora os coquetéis que as duas haviam tomado no evento começaram a fazer efeito, algo que elas fizeram questão de intensificar com shots de bebidas incolores que não conseguiam diferenciar mais. Coquetéis para o começo da noite, shots para o decorrer e beijos para o final, era assim que fazia uma noite valer a pena.
- , só porque eu falei que o DJ tornava essa festa sofisticada demais, você não precisa me levar para conhecê-lo. Foi só um comentário, eu juro.
- Mas eu já te falei, , isso é algo que eu já deveria ter feito há tempos. Não estou te introduzindo ao seu novo namorado, vocês podem ser amigos apenas, só cale a boca e não reclame.
revirou os olhos, mas logo estava sorrindo. A música de antes havia acabado e a de agora era uma das suas favoritas.
- ! - chamou, fazendo o DJ olhá-la.
- ! - Ele sorriu ao ver a amiga se aproximando.
- Deixa eu te apresentar - virou o corpo ligeiramente para gesticular em direção à amiga -, essa é a .
estava sendo praticamente arrastada por , sendo espremida pelo aglomerado de pessoas. Havia uma pequena área ao redor da mesa de som que estava vazia, o incrível poder da música eletrônica na segunda década do século XXI sendo demonstrado ali. teve de fazer um esforço maior para conseguir chegar à Jamin, sendo impulsionada para fora da massa.
virou-se para onde havia apontado e surpreendeu-se com o que viu. A garota tinha um largo sorriso no rosto, algo que instantaneamente obteve a atenção de , que logo constatou que ela era muito bonita.
não havia tido uma visão clara do DJ durante a festa, apenas achou legal que uma mera house party tivesse DJ, era algo que acontecia apenas na família de . Só depois que fez esse comentário explicou que o DJ era um dos amigos do primo e correu para apresenta-lo a .
Assim que o colocou os olhos no DJ, já não foi mais capaz de tirá-los. Tudo bem, não era o homem mais bonito da festa ou o mais musculoso, entretanto os olhos de se prenderam nos olhos dele e ela se perdeu ali. Ela não conseguia evitar, tinha uma queda por olhos bonitos.
- Prazer em conhecê-lo. - estendeu a mão para cumprimenta-lo.
- Olá, - o garoto levantou um dos lados de seus lábios, dando um meio sorriso. -, eu sou .

I still wanna know if you’re alone
Sentiu os músculos relaxarem um pouco com a água quente e fechou os olhos. O problema era que fechar os olhos se tornou uma ação complicada para ela nos últimos dias.
I keep trying to put this behind me
A mente dela passou a amar pregar peças em . Qualquer silêncio era desculpa para perder-se em pensamentos e aulas usualmente chatas passaram a ser insuportáveis, a jornada de trabalho se tornou dolorosamente longa todos os dias e isso tudo levava a rodopiar em seu redemoinho de lembranças.
I still wanna know
Como agrado, usou seu sabonete líquido favorito e massageou o couro cabeludo por um longo tempo. Não admitia estar nesse estado de depressão, seu ego não aguentava tanto. Who's taking you home
For tonight I'm going to get my mind off it
Escolheu sua blusa púrpura com orquídeas brancas e seus shorts de cintura alta do mesmo tom das flores, calçou seus saltos cor de areia, colocou seus enormes brincos dourados, encheu as mãos de anéis e maqueou-se. Jogou seu celular na bolsa, passou seu perfume mais forte e saiu de casa.
Don't care that someone's
Pediu um táxi porque não tinha a mínima intenção de voltar sóbria o suficiente para dirigir. já havia saído ontem com , não ia querer sair outra vez e muito menos dar-lhe carona. Paciência, iria até o The Hunter’s Night sozinha, era sua boate favorita, não havia como dar errado.
Got his hands all over my body
Chegou ao local e provou-se certa. Lotado de pessoas, principalmente pessoas bonitas, sabia que aquele lugar estava prometendo-lhe doces horas de embriaguez e beijos de desconhecidos, exatamente o que procurava como programação. Stay out all night
Disse boa noite para o segurança com um sorriso simpático e ele liberou sua entrada, era cliente dali há tanto tempo que ninguém se importava em liberar a entrada dela. Provavelmente na soma de todos os anos, ela já havia levado mais pessoas que alguns dos promoters do estabelecimento.
Go where the music is loud
Estava tão lotado que era difícil de se locomover. tinha prática suficiente para espremer-se e atravessar o local com facilidade, estando no bar antes que qualquer um pudesse perceber.
So I don't have to think about it
- Oi Philip! - Ela cumprimentou o barman.
- Olha só se não é a famosa . - ele sorriu para ela enquanto preparava a bebida de alguém. - Senti sua falta semana passada.
deu de ombros e brincou: - Eu precisava checar a concorrência.
Philip a olhou pelo canto do olho.
- E o que você encontrou lá, infiltrada?
- O lugar está caído. - informou solenemente, os dois riram.
- Isso significa que você vai querer o de sempre? - assentiu, fazendo Philip revirar os olhos. - Você tem que pedir a coisa mais complicada do menu.
deu de ombros
- Eu não consigo evitar.
Philip resmungou e foi preparar o maldito Chanoniz de . Burguesa patricinha, isso era o que sua amiga era. riu e apoiou-se no balcão.
I'm beggin' please don't play…

No more sad songs


sorriu nervosamente para o espelho. Fique calma, mulher, isso nem sequer é um encontro. Sim, veria Jack naquela noite, porém ela também veria um monte de amigos seus, não havia necessidade alguma de começar a transpirar feito uma idiota.
Na verdade, , e atenderiam uma festa de premiação que a editora promovia anualmente para estimular seus funcionários. Era uma política amigável para aumentar o desempenho da empresa, algo que fazia querer revirar os olhos, apesar de jamais reclamar desse tipo de coisa porque dava uma desculpa para ela se vestir bem.
Usava uma saia mídi rosa claro com largas pregas e um cropped preto, seu cabelo estava preso em um coque alto que permitia a visibilidade plena dos longos brincos dourados de e seu delicado colar. Nos pés usava elegantes stilettos pretos que combinavam com sua bolsa, tão pequena que a obrigava a levar seus documentos e cartões avulsamente, deixando a carteira em casa.
O interfone tocou e xingou, por pouco errando a última camada de rímel.
- Chegamos! - exclamou através do aparelho.
- Estou descendo em um minuto! - informou e a amiga concordou.
Batom, batom, batom, batom, batom. apressou-se para chegar em seu quarto e pintou os lábios com o batom nude, checando se o delineado não havia borrado por cima da sombra dourada. Perfume, perfume, perfume, perfume, perfume. Vamos, , se apresse!
Pegou a clutch em cima da mesa onde havia deixado e foi em direção à porta. Respirou fundo antes de trancá-la, sorrindo para o apartamento vazio. Apertou o botão do elevador e bateu os pés no chão impacientemente, aqueles saltos eram mais finos que os usuais, provavelmente não deveria estimular esse tipo de tique nervoso, só que não conseguia evitar.
estava indo como acompanhante de , algo que ela sabia ser uma bela de uma desculpa, porque estava levando a namorada do primo e implorou para levar seu namorado. e eram dois perdidos, isso sim. Não era mais fácil convidar ? E como ele te convidaria se você que tem o convite? É, adoraria dizer que tinha coragem suficiente para convidá-lo, entretanto mesmo sabendo que ele não recusaria, ela não fazia ideia de como fazer isso. Maldita sociedade que nunca a ensinou a convidar garotos para encontros. Maldita timidez que a impedia de dar primeiros passos.
O elevador chegou e entrou nele, apertando o botão Térreo diversas vezes como se isso aumentasse a velocidade da caixa de metal. Bem, não aumentaria. O bom é que ela poderia checar pela milionésima vez se estava tudo bem. Droga, ela não seria capaz de esconder sua ansiedade e passaria a noite inteira tentando fingir que não estava surtando internamente, o que a levaria a tornar as coisas ainda mais constrangedoras. Sempre que tentava acobertar situações, só as tornava ainda piores.
As portas do elevador se abriram e endireitou a coluna, respirando fundo ao dar passos largos até a entrada de seu prédio. As portas só podiam ser abertas de dentro se você não portava a chave.
Ela podia ver de costas, mal sabia que ele também não estava aguentando de ansiedade e não era capaz mais de encarar o elevador esperando chegar. Ele havia passado seu melhor perfume e tentado se vestir de modo elegante e casual, porque era assim que imaginava que estaria, contudo isso pareceu impossível. achou que estava ridículo.
abriu a porta, sentindo o vento frio arrepiar seus braços, ela havia esquecido o blazer que deixara em cima do sofá. O movimento alarmou , que imediatamente virou-se esperançoso para o hall. Ficou feliz que suas expectativas não foram frustradas e dali saiu a garota que ele tanto esperava, o rosto automaticamente se iluminando a vê-la.
- Olá. - falou, sem conseguir esconder seu sorriso.
a acompanhou, sorrindo também. Vendo-a ali parada na entrada, a um degrau de distância dele, banhada nas costas pela luz amarela decadente do hall, deixou sem palavras suficientes na boca, tudo o que ele conseguiu soltar foi um…
- Hey. No more! sad songs
desceu o degrau, ficando mais baixa que . Os olhos de um fixos nos do outro e vice-versa. Os dois estavam pensando nos beijos que trocaram na festa e se seria possível repetirem a dose naquela noite, mas nenhum dos dois revelou suas intenções. estava ligeiramente envergonhada agora que não havia quantidade alguma de álcool em suas veias e faria as coisas direito naquela vez, não era uma garota numa festa qualquer, agora tinha de acompanhar em um evento importante.
Se cumprimentaram com um beijo na bochecha, começou a andar pela calçada e apressou o passo para conseguir ficar ao seu lado.
- e me deixaram como seu responsável, eles alegaram que você demoraria décadas para descer. - contou, dando um riso fraco ao final.
riu, apesar de xingar os primos mentalmente. Sério mesmo que essa era a imagem que eles pintariam dela?
- O que eu posso dizer? Não tem aquele ditado… A perfeição leva tempo? - Ela brincou, provocando risadas da parte de . - E… Responsável? Tenho certeza que da última vez em que nos vimos, eu estava bem mais responsável que você.
No more! sad songs
- Só por que você tomou menos shots que eu no jogo? O que você quer dizer com isso? - Ele perguntou fazendo uma careta. - Meu nível de juízo estava completamente perfeito! Eu apenas cambaleei um pouco… E derrubei alguns móveis… E talvez tenha destruído a casa inteira de . - ele brincou, os dois riram.
apertou o botão da chave de seu carro e um automóvel prata logo mais à frente piscou o farol. Ele abriu a porta do passageiro para entrar.
- Obrigada. - Ela agradeceu e aguardou adentrar o carro também.
- Não seja boba, eu estava bem! - ele insistiu ao dar partida no carro.
riu.
- É verdade, você estava completamente inteiro! O que eu estou falando? Estávamos ambos bem! Tão bem, aliás, que deveríamos ficar no mesmo estado hoje! Minha chefa nem vai ligar! Ela nem vai perceber, aliás.
concordou e eles seguiram para o evento fazendo mais e mais piadinhas, comentando os absurdos que fariam no evento de gala, contando algumas baixarias que realmente fariam dali algum tempo.
Tanto quanto quase não perceberam que a bolha de ansiedade havia se desfeito, os receios pareciam sem sentido naquele momento e não parecia que haviam se conhecido duas semanas antes, mas sim durante anos e anos. O conforto bem consolidado e a casualidade instaurada eram uma doce combinação que os dois provaram, reconhecendo a sorte que tinham por conseguirem-na. Era o tipo de coisa que você não pode deixar escapar.
I'm beggin' please don't play…

No more! sad songs
- Tudo bem, talvez eu esteja um pouquinho surtada. - admitiu, deixando uma risada nervosa escapar.
sorriu para ela, abraçando-a no meio da sala de estar dele. A garota escondeu o rosto no peitoral do namorado, poderia ficar ali o dia inteiro que seria muito mais confortável.
- - Ele chamou -, olhe para mim. - ela negou com a cabeça. - ? - tentou de novo, desta vez com uma voz de advertência.
- Hum? - ela resmungou, olhando para cima.
Ele riu da careta que ela fazia.
- É só um projeto, está tudo bem.
bufou, os ombros indo para baixo ao formar uma carranca.
- Eu não quero mais ir trabalhar, . - Ela voltou a se esconder. - Eu não me importo mais se não ganhar a promoção. Quem liga para essa porcaria? Eu que não!
beijou o topo de sua cabeça.
- Vai dar tudo certo, amor.
não se mexeu.
- E se não der?
- , você passou dias e dias nisso, você se esforçou tanto que o fato de ter gostado do resultado já fez seu trabalho valer a pena. - afastou-se um pouco dela. - Você não faz o que faz para ganhar dinheiro, certo?
balançou a cabeça de novo e depois deu um sorrisinho.
- Não, eu estou com você para ganhar dinheiro. Meu trabalho é só um hobbie.
deu uma gargalhada.
- Nós dois ficaremos pobres então, gatinha.
estreitou os olhos:
- Me chame de gatinha de novo que você pode ganhar na loteria e eu não serei mais sua namorada. - riu de novo.
- Entendi o recado.
- Ótimo. - deu de ombros. - Até porque, sempre tem o seu irmão e a fortuna dele como alternativa.
- Duvido que ele nos emprestaria dinheiro.
revirou os olhos.
- É claro que ele não nos emprestaria dinheiro! Eu estava falando que eu iria te largar e ficar com ele, duh.
encarou-a indignado.
- É assim então? - sorriu sem mostrar os dentes e assentiu. - Sem café da manhã para você! Aliás, melhor, você será o meu café da manhã! - ele declarou, jogando a namorada nas costas e caminhando para a cozinha. - Você com waffles será uma delícia. - ele fez cócegas.
- ! - riu. - Minha barriga está doendo já! - reclamou com o ar que não tinha. - Me coloca de volta no chão!
- Você vai me largar pelo meu irmão? - Ele perguntou sacudindo-a.
- Não! - ela gritou.
- Tudo bem, , eu te libertarei.
colocou de pé novamente, desta vez no meio da cozinha, onde ele realmente tinha feito waffles para o grande dia dela. Ela sorriu para ele:
- Obrigada, .
- Sempre que precisar. - Ele deu uma piscadela.
- E você tem razão, já valeu a pena.
revirou os olhos.
- É óbvio que eu tenho razão, querida, por favor. - Ela riu. - E por mais que eu ame você me agradecendo et cetera, esses waffles deliciosos que o seu incrível namorado fez esfriarão em breve e eu estou morrendo de fome.
- Você não pode simplesmente aceitar um agradecimento como um ser decente, pode?
- Nah, recebo tantos desses que eles perderam o significado para mim.
- Às vezes você é um saco, .
- Mas você me ama.
- Não tenha tanta certeza assim, baby.
- Ouch!
No more! sad songs
bufou impaciente, sua família a mataria se demorassem mais tempo. Pior que provavelmente estavam achando que era a própria que estava se atrasando. O que seria bem provável se ela não houvesse feito um esforço a mais para acordar cedo naquele fim de semana para estar pronta a tempo.
- Eu juro por tudo o que é mais sagrado, , que se você não estiver pronto em cinco segundos, eu saio por aquela porta sem você. - ameaçou, batendo o pé no chão e de braços cruzados enquanto esperava o namorado terminar de se arrumar.
- Por Deus, mulher, se acalme! - Ele falou, finalmente aparecendo. - Por que você está tão exaltada? É você que demora horas para se arrumar!
- E você está muito feliz pelo amor da sua vida demorar mais do que você normalmente, não está? - perguntou sorrindo com uma sobrancelha levantada.
- Mas eu não achei o amor da minha vida ainda. - cutucou.
abriu a boca num “O” perfeito.
- Ah, é assim? - Perguntou indignada, voltando a cruzar os braços com força.
- Eu estou brincando, amor. - ele alegou, abraçando-a.
- Acho bom. - ela murmurou, ajeitando-se no corpo dele. Suspirou. - Nós não podemos nos atrasar mais, . - Ela comentou, apesar de não se mover para sair do lugar.
- A gente pode remarcar isso?
- Infelizmente não. - ela franziu a testa. - Espera, você está tentando adiar conhecer a minha família? - partiu o abraço dos dois. - O que você tem a esconder, ? - Provocou.
Para sua surpresa, não levou na brincadeira. Pelo contrário, ele fez careta e limpou o suor das mãos em sua calça.
- Ér…
estreitou os olhos.
- …?
Ele respirou fundo.
- Tudo bem, olha, não surta, ok?
colocou as mãos na cintura.
- !
Mordendo o lábio, ele deixou uma risada escapar.
- Eu-só-estou-com-um-puta-cagaço-do-que-seus-pais-vão-pensar-de-mim. - Ele revelou num fôlego só, quase grudando as palavras e tornando-as uma única. O esforço foi tanto para falar essa única sentença que logo em seguida desabou no sofá cinza da namorada, sentando-se um pouco ofegante.
gargalhou e foi até ele, sentando no colo do garoto.
- Awn, ! - exclamou ao colocar os braços ao redor dele. - Por quê?
- Você fala como se seu pai fosse bastante superprotetor e sua mãe vai odiar um fracassado como eu.
revirou os olhos e mexeu a cabeça.
- Primeiro: você não é fracassado e nunca mais diga isso; Segundo: meus pais vão te adorar; Terceiro: - ela deu uma risadinha - é muito fofo da sua parte se preocupar tanto.
- Eu acho que não pensei em pais de namoradas quando escolhi ser DJ. - resmungou.
- Namorada. Não namoradasssss. Namorada, no singular, querido. - corrigiu. - E, para ser justa, você faz faculdade também. - Deu de ombros. - Para mim, você está bem seguro. - Ela levantou uma sobrancelha. - Além disso, você está tendo um ótimo retorno como DJ, não sei porque você está se tremendo todo.
- Talvez porque se seus pais me odiarem e você terminar comigo a minha vida será um inferno?
revirou os olhos.
- Eu nunca vou terminar com você.
sorriu.
- Ainda bem, porque eu pretendo não terminar com você também. - Ele se inclinou para beijá-la.
- Ótimo. - disse contente ao levantar-se e estendeu a mão. - Agora a gente já pode ir, certo?
- Ah, merda, achei que eu tinha escapado dessa. - reclamou, fazendo a namorada rir ao pegar a mão dela.
- Vamos logo! - Ela exclamou, puxando-o.
No more! sad songs

A balada estava lotada e isso não diminuía a animação de . Ela adorava dançar e o fato de ser seu namorado tocando apenas a deixava ainda mais empolgada.
Ela fez questão de ficar exatamente em frente do palco para dançar. Bem, se não estava dançando com seu namorado, poderia estar dançando para ele, certo? Seria melhor do que dançar com algum cara aleatório, com certeza.
Seus amigos estavam na mesa logo atrás dela, todos tomando mais bebidas do que poderiam se estivessem dirigindo para casa. Ninguém era maluco de cometer tal crime, se saíssem para se divertir, com certeza os carros eram deixados para trás. Era muito mais legal assim.
deu uma piscadela para quando mudou de música, ela conseguiu reconhecer a batida, era a mesma de quando se conheceram pela primeira vez. Ela não sabia que ele se lembrava, fazia tempo e ele sempre se esquecia das coisas quando estava bêbado. Ela riu e assoprou um beijo na direção dele.
Não era só porque era seu namorado que ela falava que ele era bom como DJ, honestamente, ela já havia tido tantos namorados para os quais ela era obrigada a mentir para não desestimulá-los a perseguirem seus sonhos (e depois ela tentava sugerir que eles praticassem outros hobbies). Quebrava seu coração pensar que ela estava desencorajando alguém a fazer o que a pessoa gostava, só não queria que eles se desapontassem depois. Então, quando dizia a que ele deveria fazer o que amava, ela era completamente franca.
Certo, para ser justa, também não havia gostado tanto de alguém como gostava de , logo sua opinião não era 100% imparcial, contudo era inegável que as pessoas correspondiam aos botões que apertava. Era incrível como ele conseguia fazer um grupo inteiro mudar o modo que dançava só porque fez isso ou aquilo com a música.
E também ficava mais do que grato por gostar de sair à noite durante os fins de semana. Não apenas para trabalho, ele realmente apreciava ir para baladas e coisas do gênero, portanto saía o dobro do que uma pessoa comum. Não eram todas as vezes que o acompanhava, ela era bem tranquila e tanto confiava nos amigos de quanto nele próprio. Eventualmente ela tinha que ir buscá-lo, mas isso sempre rendia risadas da parte de ambos.
Havia um painel de cortiça no quarto de com dezenas de fotos deles juntos, pequenos pedaços de memórias que haviam criado em tão curto tempo e foi nisso que ela estava pensando, enquanto olhava atrás da mesa de seu equipamento, quando percebeu que, talvez, poderia sim aceitar que morassem junto como ele havia proposto e, talvez, poderia sim passar o resto da vida com ele.
I'm beggin' please don't play…
Estava errada.

No more sad songs


Dancing with danger
sorriu para um cara do outro lado do bar que havia lhe pagado uma bebida. Ergueu seu copo e acenou com a cabeça. Ele era bonito, então ela também lhe lançou uma piscadela e dirigiu-se para a pista de dança.
talking to strangers
Fechou os olhos e permitiu-se se deixar levar pela batida, esvaziando a mente e sendo inteiramente guiada pela música. Balançando o cabelo como se não tivesse ninguém ali e a cintura como se fosse a estrela principal de um show.
Don't care where I go
Já estava ali fazia um par de horas, o álcool já havia esquentado-a e deixado-a pela mesma quantidade de vezes, portanto ela começara a ingerir bebidas num fluxo mais frequente, algo perigoso pela sua (longa) experiência com tais substâncias.
Just can't be alone
Era assim, somando shots por cima de shots, descendo coquetéis atrás de coquetéis, que seu estômago começava a revirar, dar nós e o equilíbrio se perdia, a comida voltava e cenas desagradáveis ocorriam.
They'll never know me
Mas como poderia parar de beber se o efeito da embriaguez não era eterno? Ela conseguia sentir quando começava a ficar sóbria e as coisas pareciam perder a graça. Essa era a hora que ela ia até o bar novamente para dar mais algumas risadas e voltar a se divertir, porque essa também era a hora em que o primeiro pensamento lógico atingia-lhe e seu primeiro pensamento lógico era uma merda sempre, era sobre sempre.
Like you used to know me, no

For tonight I'm going to get my mind off it
Não se importou ao sentir um corpo colar no seu, as mãos firmes revelavam que não era alguém que não daria conta do recado ao final da noite. Abriu seus olhos para ter certeza de que não se arrependeria e sorriu para o que encontrou.
Don't care that someone's got his
Sabia que haviam mais caras ao seu redor que queriam ser seu acompanhante, então não passou a rebolar menos com a batida, muito pelo contrário. Agora que havia um parceiro, a situação ficava ainda mais interessante.
hands all over my body
Foi quando virou-se e colou suas costas com o peitoral do anônimo que viu o rosto que jamais conseguiria esquecer.
Stay out all night
Perdeu o fôlego por alguns segundos, sem saber como reagir.
Go where the music is loud
E se vê-lo não era um golpe por si só, levou um soco ao perceber uma garota conversando com ele mais perto do que gostaria. Ela conhecia toda a família de , aquela ali com certeza não era uma parente.
So I don't have to think about it
voltou a dançar. Certo, estava em sua balada favorita, acreditava que ficava implícito que aquele era seu território, não precisava ir ali tentar arranjar alguém quando Londres tinha centenas de outros lugares para ir. Só que não era dona do The Hunter’s Night, era? Não. Estava sendo ridícula e invejosa, como uma velha solitária ou uma adolescente mimada.
Sacudiu a cabeça e voltou-se para o parceiro que ainda não tinha nome, sendo energizada pelo ciúmes que agora corria pela suas veias de modo muito mais eficaz que qualquer bebida engarrafada.
Sem querer seu olhar passou outra vez onde estava e, para sua surpresa, os olhos a fitavam, a arremessando de volta para o furacão de lembranças.
I'm beggin' please don't play…

No more sad songs


- , pelo amor de Deus, seja razoável. - A garota pediu, as mãos segurando firme os fios de cabelo, a paciência se perdendo.
- Eu estou sendo razoável, . - ele retrucou. - Você só está em casa para comer e dormir, você nem sequer sabe quando foi a última vez que assistiu um filme inteiro comigo, eu aposto.
- Nós saímos juntos semana passada, !
- Sim, para ir naquela festa de que eu te arrastei para ir!
- Mas nós saímos, não saímos? Passamos tempo juntos! Você sabe que eu preciso terminar esse projeto!
- Esse projeto, o próximo e o que vier depois!
- Sim, essa é a desvantagem de ser promovida! Eu finalmente consegui ser alguém naquela editora e não apenas um enfeite, você poderia ficar feliz, sabia?
- Não me venha com esse papo. Você sabe que eu estou feliz por você, eu estava aqui durante as suas noites em claro, .
- Se você está feliz, que tal demonstrar um pouco?
- , eu só quero ver a minha namorada em casa para variar! Eu não concordei em morar contigo para morar sozinho!
- Por que você fala como se eu tivesse insistido por meses para você se mudar? Você que propôs isso!
- Eu não disse isso desse jeito.
- Então é isso o que você pensa mesmo?
suspirou.
- É claro que não.
- Você tem certeza?
- Para ser sincero, não, . Você me faz não ter mais certeza de nada.
No more! sad songs
Seu telefone tocou, obrigando-a a abrir os olhos. O quarto estava escuro, não havia amanhecido ainda. A tela estava brilhando e só por isso conseguiu localizar o aparelho. Ainda atrapalhada devido ao sono, tateou o criado mudo e atendeu a ligação.
- Alô? - Ela disse com as cordas vocais arranhando uma a outra.
- ?
sentou-se imediatamente.
- ?
- Sim, oi.
- Está tudo bem? - Ela perguntou, com o coração disparado, olhando para o lado e vendo que não estava na cama. No dia seguinte pela manhã teriam de ir para a casa dos e não poderia ter demorado tanto, era apenas um evento rápido. - Onde está ?
- Hum… - hesitou.
- Onde está meu namorado, ? - estreitou os olhos para o quarto escuro.
- Ele não está passando bem, ele comeu alguma coisa antes de sair daí?
- Eu não sei…
- É, acho que ele bebeu demais de estômago vazio.
- Ah, porra… - respirou fundo. Era apenas as desvantagens do álcool pelo menos. Estava incrivelmente irritada, só que pelo menos não era nada de grave. - Onde vocês estão? - ela perguntou, acendendo a luz do quarto e levantando da cama. - Eu vou buscá-lo.
No more! sad songs
- Encomenda para a senhorita . - O recepcionista informou ao aparecer na sala de reuniões.
- Ér… - O rosto da garota queimou por ser o centro das atenções.
- É urgente e não temos espaço para o pacote na recepção.
franziu a testa.
- Pode deixar na minha mesa então. - Instruiu.
O rapaz sorriu.
- Não acho que caberá, senhorita. - ele acenou.
- O que…?
Um homem de uniforme azul entrou na sala com um enorme vaso de peônias rosa, eram tantas que o entregador mal conseguia segurar. Ele deixou a surpresa a sua frente, chegou a esquecer que havia mais gente naquela sala.
- Obrigada. - Ela falou ao moço.
- Você precisa assinar. - Ele estendeu uma prancheta.
- Ah, certo… - não conseguia tirar os olhos das flores, um sorriso ridículo estampado em seu rosto. Ela nem se virou completamente na cadeira para assinar, rabiscando algo que ela achava que era sua assinatura.
- Tenha uma boa tarde. - o entregador desejou, ela não conseguiu retribuir.
Sem acreditar, ela pegou o cartão que jazia em cima das flores. Ao reconhecer a letra, seu sorriso aumentou ainda mais. “Apresentação de última hora. Não conseguirei ir hoje no jantar surpresa que você organizou para o aniversário de . Beijos, .” O sorriso se retraiu.
- É de seu namorado, ? - Perguntou Kate, a mais nova assentiu.
- Ele deve gostar mesmo de você, heim. - Ivan comentou.
piscou para o cartão, sem saber o que dizer.
- Acho que sim.
I'm beggin' please don't play...
No more! sad songs
A chuva não estava dando uma trégua no caminho de volta. estava no banco do passageiro imóvel, teve que olhá-lo algumas vezes para ter certeza se ele estava respirando. Aos céus, ele estava.
Na primeira vez que isso aconteceu, ela ficou preocupada, na segunda, resmungou e, nas que seguiram, ela chegou a tirar proveito da embriaguez do namorado, era hilário o que ele falava. Agora, porém, a graça havia se perdido e ela estava de saco cheio.
Se não bastasse acordar de madrugada, fora de si e a tempestade do lado de fora, não havia conseguido concluir seu trabalho ainda e tinha que acordar cedo se quisesse que tudo estivesse pronto para entregar na segunda.
No more! sad songs
Estacionou o carro no prédio com o resto de paciência que tinha, esforçando-se imensamente para mantê-lo porque se não bateria o veículo e seria mais uma dor de cabeça que se somaria. Virou a chave, desligou o automóvel, suspirou. Desceu do carro, deu a volta nele e abriu a porta do passageiro.
- Venha, , chegamos. - Falou docemente ao cutucar o garoto.
Estava de pijama e pantufas, com o namorado apoiado em si e torcendo para não encontrar nenhum vizinho, especialmente o cara chato do 37º andar. Deu sorte, não havia ninguém à vista.
Abriu a porta do apartamento com certa dificuldade e resmungava coisas ininteligíveis. Puta que pariu, ele também não colaborava, não é? Jogou-o na cama e recuperou o fôlego, se dirigindo ao banheiro.
No more! sad songs
Ligou o chuveiro e acordou novamente. Ele mesmo levantou e foi andando para o box. Agradecendo em meio a seus resmungos. Ela por sua vez voltou-se para a cama, ouvindo o chuveiro enquanto as lágrimas caíam sem fim e os pensamentos corriam soltos pela mente. Então a água cessou.
sabia que não fazia por mal, ele tinha as melhores qualidades que ela poderia pedir. Só não achava isso suficiente mais. I'm beggin' please don’t play…
- Desculpe-me, . - disse para o que ele achava ser uma namorada adormecida. Ele deitou-se e abraçou a garota, que tratou de fechar os olhos e fingir que estava mesmo a dormir.
Ela engoliu em seco, tentando segurar o choro. Já havia tomado sua decisão.

no more sad songs.


No more sad songs
- , você não pode deixar as ondas te pegarem! - exclamou.
riu, era o que ele mais fazia durante aqueles dias. Estavam de férias e decidiram fazer uma viagem para a costa, aproveitarem um pouco o período.
- Estamos no meio do mar, como as ondas podem não nos pegar?
A garota o encarou, como se tivesse de apontar o óbvio:
- Você pula, ué.
- A gente tem água até a cintura, nem se dermos um super pulo!
revirou os olhos.
- Você é um estraga prazeres, . - Ela olhou para trás. - Olha lá, tem uma onda vindo!
se preparou e se impulsionou para cima, se deixando levar pelo mar. riu e a imitou, mas tinha uma duna e ficou fundo de repente.
- Ah, meu Deus! - arregalou os olhos quando o namorado sumiu. - ? - Chamou. - ! - Ela sentiu algo agarrar seu tornozelo e deu um berro, só para ver o rapaz emergir novamente rindo. - Você é um idiota! - Ela acusou, jogando água nele e rindo, deixando ser abraçada por ele.
No more sad songs
- ? ? - chamou.
- Sim? - Ela respondeu, acordando de seu devaneio e percebendo que estava na sala de reuniões, um monte de tecidos, cadernos e agendas ao seu redor.
- Está tudo bem? - a amiga perguntou.
- Sim, é só que chegou tarde ontem e eu fiquei esperando-o acordada. Está difícil de me concentrar hoje.
assentiu.
- Certo, mas precisamos terminar esses detalhes da premiação da editora hoje. O seu pessoal já enviou os votos?
A premiação… Faria um ano que conhecia .
- Hum… Eles estão por aqui… - procurou num punhado de pastas.
- Quem você acha que vai ganhar? - perguntou.
- Eu estou torcendo por Kate de novo. - falou com um sorriso.
- Não fale para Ivan, só que eu também estou.
riu.
- Relaxe, seu segredo está guardado comigo.
No more sad songs
- ! - exclamou, correndo até ele. - Não acredito que hoje é o grande dia!
Ele riu, virando-se para a porta do quarto do hotel para ver a amiga que se aproximava entusiasmada, dando-lhe um forte abraço.
- Eu também não! - Brincou.
- está sem dormir por quase três dias agora, parece que quem vai casar é ele e não você. - reclamou. - Vê se dá um jeito de acalmá-lo.
riu de novo.
- Não acho que serei capaz em ajudar, . Eu estou com dificuldades para manter qualquer comida no estômago há uma semana.
revirou os olhos.
- Você pelo menos faz sentido, você que vai casar! - Ela reclamou, jogando os braços para cima. - Ele é só o padrinho!
- Como assim o padrinho? - perguntou, entrando no cômodo. - Eu sou o padrinho. - Ele sorriu e foi logo abraçar , os dois chorando um pouco.
- Pelos deuses, vocês me farão chorar também, parem com isso. - respirou fundo, evitando olhar para os dois amigos. - Eu não quero nem ver quando for a nossa vez, . - Falou, a voz chorosa a entregando. - Eu vou inundar o salão, será horrível, vai estragar meu vestido.
Os homens riram.
- E quem disse que eu vou casar com você? - perguntou, fazendo graça e indo até a namorada.
- Ah, vai à merda. - mandou secando as lágrimas. - Nunca que você vai perder a chance de ter filhos bonitos como eu.
- Você está brincando? Eu estou é colocando a beleza dos meus filhos em risco, se casar com você.
- Então espero que seus filhos sejam horríveis enquanto os meus serão magníficos. - disse, respirando fundo para se conter.
- Tudo bem, aceito ter suas crias, .
- Ótimo, porque eu preciso do seu talento musical para criá-las. Seria desperdício elas serem tão bonitas e não absolutamente arrasarem no show de talentos da escola.
No more sad songs
- Você não pode esperar que eu fique aqui sentada enquanto eu sei que você está em alguma boate com um monte de menina se esfregando em você, !
Pela milionésima vez o casal estava discutindo sobre a carreira um do outro. Com o avanço das profissões, mais difícil ficava conciliar tudo, principalmente as duas dando um salto enorme em uma questão de meses.
- Ninguém se esfrega em ninguém, . - Ele falou, cansado antes sequer de terminar de arrumar seu equipamento na mala.
- Então você pode, por favor, me deixar ir hoje com você? - Ela perguntou, sentada no sofá assistindo-o se organizar. - Eu não aguento ficar em casa.
- Chame para ficar com você.
- , pelos céus, eu quero ficar com você! Não tem problema se eu ficar lá com você, tem?
- Não, não tem.
- Então por que você está tentando evitar isso?
- Porque enquanto estamos lá, está tudo bem, aí a gente volta para casa e você começa a reclamar que voltamos tarde e que você tem alguma coisa muito importante do trabalho para fazer e é um saco.
desistiu.
- Foda-se então, vai lá. - Ela levantou-se foi em direção ao quarto. - Tenha uma boa noite, .
Ele suspirou, querendo retrucar e segurando-se para não fazê-lo. Amava aquela garota, mesmo que as coisas estivessem difíceis. Porra, a amava mais que tudo. Ele conseguia segurar um pouco uma discussão.
Esta seria a última noite deles como casal, quando iria buscá-lo na tempestade e dormiria com uma decisão tomada, o choro preso na garganta.
No more sad songs
E nenhum dos dois se arrependeu tanto de uma noite como daquela.
No more sad songs

Going home take the long way round
O vento batia no rosto dela, a cabeça apoiada na janela aberta do carro conversível de Cooper. A lataria era vermelha e impecável, o tipo de coisa que saberia identificar com milhas de distância. fechou os olhos e sentiu o vento bagunçar seu cabelo, suspirando.
Lights pass sit back with the windows down
As lembranças eram deliciosas. Admitia que até mesmo as discussões tinham um tom de saudade, afinal de contas o único motivo que levava ela e a discutir era a falta de tempo juntos. A saudade falava alto e eles agiam inconsequentemente, mergulhando em trabalho, bebendo mais do que deveria.
I still got you on my mind
Ela olhou para o lado e não entendeu porque aquele ali não responderia se ela o chamasse de . Não era este o cara que ela queria que a levasse para casa? Por que então não era ele que fitava a avenida que estendia a frente dela?
Starting to realize
O sentimento de urgência começou a crescer em seu peito, a falta de ar, a adrenalina no sistema, o braço arrepiado, as pernas agitando-se. O que ela estava fazendo?
No matter what I do
Por que diabos ela estava indo embora com Cooper se o amor de sua vida ainda estava naquele maldito clube? Não! Não podia deixar lá para ficar com alguma garota que sabia que ele nem gostava de verdade.
I will only hurt myself tryna hurt you
O mesmo valia para ela. Hum, e daí que seu ex estava lá de papo com uma outra? Ela estava dançando com um qualquer. Cooper era mesmo tão bonito assim? Ele valia a pena? Ela desperdiçaria uma noite que nem seria tão boa quanto aquelas que um dia ela já teve?
And if I turn the music loud
Sentada ali no banco do passageiro, tudo o que ela queria era estar de volta no lugar que havia acabado de sair, onde a música tocava alta, as pessoas dançavam, as bebidas eram passadas como cartas numa mesa de jogo e um par muito bem conhecido de olhos a fitavam.
Just to drown you out
Os distintos tons miravam apenas em e sorria apenas para eles, sabendo que tudo ficaria bem no final.
I'm beggin' please don't play...

No more sad songs.


- Pare o carro! - exclamou ofegando.
No more! sad songs
- O quê? Por quê?
No more! sad songs
- Pare o carro! - Ela repetiu e, ao ver que Cooper era lerdo demais, ela mentiu: - Eu vou vomitar!
precisou segurar-se no estofado com a agilidade de Cooper para estacionar o carro. Revirou os olhos, garotos e seus brinquedos.
I'm beggin' please don't play
Abriu a porta do automóvel e sorriu para si. Bateu-a e começou a correr, sem se importar com os gritos do garoto que ela estava deixando para trás ou com os saltos que não haviam sido projetados para tal atividade.
No more! sad songs
Não haviam se afastado muito da boate, daria conta de correr até lá. Pelo menos, ela esperava que sim.
No more! sad songs
Depois de alguns quarteirões, ela estava totalmente sem ar e os músculos gritavam. Só que mesmo a queimação no pulmão lhe dava a sensação de liberdade. O sorriso crescente a atrapalhava para recuperar o fôlego.
No more! sad songs
O segurança nem questionou e seu sorriso maníaco, deixando-a entrar sem problemas pela segunda vez naquela noite.
I'm beggin' please don't play no more sad songs
No more sad songs
- Philip! - Ela chamou o barman. - Oi! Philip! - Gritou, os braços se movimentando para chamar atenção dentre os demais clientes do bar lotado. - Philip!
- ? - ele olhou para a amiga, continuando a sacudir a coqueteleira. - Você não saiu agora há pouco?
- ! - ela exclamou, ainda sem ar.
- O quê?
- ! Cadê ele? Cadê o ?
No more sad songs
Philip uniu as sobrancelhas, pensando.
No more sad songs
- Eu acho que ele saiu logo após você.
No more sad songs
O sorriso de murchou, todas as suas esperanças morrendo de uma vez, o gás de felicidade perdendo completamente o efeito. Poderia até tentar seguir o ex até sua casa, entretanto não era tola. Seria um golpe fatal em seu ego, ela tinha algum amor próprio.
Puta merda, como ela era burra. Não passou pela sua cabeça que ele talvez não quisesse nada mais? Que ela poderia não estar contente com o fim dos dois, mas ele sim? Talvez e fossem feitos para serem um capítulo e não um livro inteiro. Sem finais felizes.
Um começo, um meio, um fim.
No more sad songs
pegou um táxi para casa, percebendo que as pernas não aguentavam mais correr como antes. Precisaria se inscrever em uma academia, era uma vergonha seu desempenho físico.
Do lado de fora do carro começou a chover, a mesma chuva que caía quando ela buscou pela última vez. O tempo só podia gostar de irritar , não era possível.
O automóvel parou em frente ao prédio da garota e ela pagou o motorista, tomando coragem para abrir a porta e enfrentar um pouco de chuva.
Sem avisos, um sorriso brotou em seu rosto. Ela reconhecia a pessoa que estava sentada no degrau em frente ao seu hall de entrada.
No more sad songs
A porta do táxi se abriu e se fechou, se molhou por inteira, apreciando a cena de ver o DJ ali, a esperando. Ela respirou fundo e começou a andar em sua direção, nem parecia que havia uma tempestade ali.
- Ei, você está perdido? - perguntou ao indivíduo cabisbaixo.
levantou a cabeça, os olhos finalmente tornando-se límpidos outra vez. Ele sorriu.

No more sad songs.



FIM



Nota da autora: Hello hello, pessoas! Tudo bem?
Como vocês puderam perceber, aqui estou, com outra songfic! Haha Eu lutei durante muito tempo para conseguir construir os personagens, apesar de ter o enredo formado desde a primeira vez que escutei a música. Para ser 100% sincera, como quando eu sentei para escrever eu estava muito viciada em It Ain’t Me da Selena Gomez, eu me inspirei nessa música também.
De qualquer forma, espero que vocês tenham gostado! Nem vou falar mais nada para não me empolgar e ficar 3 páginas nessa nota final!
Até a próxima, sweeties!

Beijos,
Sa


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