Finalizada em: 12/10/2021

Capítulo Único

Ponto de vista do :

Nós dois juntos sempre fomos;
Nossos artistas favoritos...

“Os cantores e foram flagrados juntos na tarde desta sexta-feira… e tem mais de onde isso veio.” O celular quase atravessou o meu rosto, quando minha assessora leu a notícia. “E aquela modelo que a gente assinou o contrato… qual era mesmo o nome dela?”
“O nome dela é Hailey e nós acabamos concordando em simplesmente deixar isso pra lá. A gente não combina como casal.”
“Poderia ter me avisado antes? Sobre a Hailey e sobre estar saindo com essa menina.”
“Jen, eu não tenho que falar sobre cada passo da minha vida pra você… e o nome dela…”
“Você deve falar todo passo da sua vida para mim, senão eu vou servir pra quê?”
“O nome dela é . Sem falar que tínhamos acabado de nos conhecer e estávamos apenas conversando. Eu nem sabia que tinha alguém lá.”
“Sempre tem alguém lá, .” Ela deu ênfase com os dedos, fazendo-me revirar os olhos.
“Mas você entende que eu não estava fazendo nada demais, né?”
“Tá certo, desculpa.” A mulher se rendeu, levantando as mãos. “Às vezes eu esqueço que você só tem dezoito anos e quer curtir a vida.”
“Obrigado!”
“Mas você gostou da garota?”
“Ela é divertida.”
“Sabe de qual gravadora ela é?”
“Acho que sei… por que quer saber?”
“Vou arranjar alguma coisa pra vocês se conhecerem melhor.” Jen sorriu animadamente e eu revirei os olhos, mas não escondendo um leve sorriso no meu rosto.
E, assim como Jen havia prometido, ela conseguiu me encaixar no primeiro evento em que soube que estaria. A garota era encantadora de todas as formas possíveis e eu, com certeza, me senti atraído por ela desde o primeiro momento em que havíamos nos encontrado.
“Então você é latina?” Perguntei, enquanto esperávamos o evento começar.
Não era o melhor momento para tentar iniciar uma conversa mais profunda, mas eu queria tanto conhecê-la melhor, que nem me importei com as diversas pessoas e vozes ao nosso redor. Provavelmente receberia uma bronca de Jen por ter trocado os repórteres por .
“Brasileira, mais precisamente.” Ela sorriu e só agora percebi a proximidade de nossos rostos, devido ao barulho.
“Devíamos fazer uma música juntos, o que acha?” Arrependi-me no exato momento em que soltei essa frase, pensando se eu não estaria me apressando demais.
No momento em que ela ia responder, o evento começou e, consequentemente, o barulho aumentou, mas ainda conseguia ouvir sua voz próxima ao meu ouvido.
“O que acha da gente se encontrar depois daqui para falarmos sobre isso?” Um misto de surpresa e preocupação me atingiram ao lembrar que havia prometido à Jen que apareceria para uma entrevista exclusiva logo após o evento.
“Por mim nós iríamos agora.” Percebi a hesitação em seu olhar, seguida de um sorriso tímido, e a garota me puxou para fora do local sem que, incrivelmente, ninguém nos visse. “Não era para levar no sentido literal, mas eu nem queria ficar lá mesmo… já que estamos aqui, para onde vamos?”
“Eu tenho um lugar em mente.”

Pegamos um Uber até um restaurante no centro de Los Angeles que tinha um karaokê e me convenceu a cantar algumas músicas, inclusive duetos. Mal percebi o movimento que se formava ao nosso redor, mas no momento em que eu peguei meu celular, percebi quase cinquenta ligações perdidas de Jen e bufei antes de atender.
“Vem pra fora agora.”
“Como você sabe…”
, você tá cantando no meio de um karaokê, como você quer que ninguém te veja? Vem logo para fora antes que eu entre aí pra te arrastar.”

•••

Algumas semanas depois, Jen e meus produtores conseguiram arranjar uma produção de uma música nova com , em que levamos alguns meses para fazer e tive mais oportunidades de conhecê-la melhor. Foi a primeira de muitas outras músicas que escreveríamos juntos e foi onde aconteceu o nosso primeiro beijo. Eu a pedi em namoro nos bastidores de uma das nossas diversas performances, alguns meses após o lançamento da música.
A nossa primeira briga foi dois meses após o início do namoro, em que eu tive uma crise de ciúmes em uma festa após algum show e ela acabou não gostando nem um pouco. No começo era tudo tão novo e divertido, que depois de alguns minutos conseguíamos nos resolver, mas, com o passar do tempo, ficávamos alguns dias, depois semanas, e, se eu não tivesse me arrependido antes, iria ficar uma turnê de praticamente um mês sem vê-la direito.
Com certeza as turnês em lugares diferentes com fusos-horários diferentes ao redor do mundo e o ódio gratuito contribuíram para tornar tudo mais monótono.

Eu tento, mas nunca me lembro;
Do que eu era antes de você;
E se antes de dezembro;
Eu sabia me reconhecer?

Quando dezembro chegou, animei-me ao pensar que esse seria o nosso terceiro Natal juntos, apesar das brigas, porém, Randy sempre fazia questão de lembrar o quanto isso não estava fazendo bem para minha carreira e essas broncas estavam aumentando com mais frequência.
“Ou vocês encontram uma forma de melhorar esse relacionamento ou você termina com ela.” Randy, meu produtor, falou, enquanto eu me encontrava deitado no sofá. “O que não pode acontecer e que, coincidentemente ou não, está acontecendo, é você perder engajamento e popularidade por causa de um namoro que não está dando certo.”
“A gente só tá…”
“Passando por uma fase ruim, você disse a mesma coisa mês passado. Não está ruim, tá péssima!”
“Randy, pega leve com o garoto, talvez a gente consiga melhorar isso com alguns flagras.”
“Deixem que eu resolvo meu relacionamento, não preciso de flagras, muito menos de término. Inclusive, o término é o que eu menos preciso agora!” Levantei-me bruscamente e fui em direção à porta.
“Então só volte depois que você tiver uma ideia de como salvar seu relacionamento. Se ele ainda tiver salvação.”
Assim que eu abri a porta, surgiu do outro lado com um olhar melancólico.
“Precisamos conversar.”

Fomos juntos até uma lanchonete próxima à gravadora e ela sentou ao meu lado.
“Você escutou?”
“Sim e eu sei que, por mais babaca que seja o que o Randy disse, no fundo ele tem razão. E você também sabe.”
“Não vamos terminar."
“Por que não damos um tempo? Não estou falando que é para conhecermos pessoas novas, só para… podermos respirar.”
“Então você tá se sentindo sufocada?”
“Não, eu… estou me sentindo presa a algo que não vai levar a lugar nenhum se continuarmos assim. A gente tem que cuidar da nossa saúde mental e como agora tá impossível de fazermos isso juntos, melhor tentarmos fazer separados. Você sabe que eu estou certa.”
“Você sempre tá certa.” Falei, apoiando minha cabeça com a mão e senti seu toque leve na minha pele. “Talvez, não o término, mas o tempo seja a única coisa que a gente precise agora.”
“Talvez a gente tenha que descer separados para voar juntos depois.”
“Que frase é essa?”
“Eu ouvi uma vez. Mas faz sentido, não faz?”

•••

Claro que após não sermos mais vistos juntos e de não postarmos mais fotos juntos, a mídia começou a falar que havíamos nos separado, principalmente depois de dizer durante uma entrevista que estávamos dando um tempo. Eu só dizia que não iria me pronunciar sobre, mas as perguntas começaram a ficar tão insistentes, que eu acabei cedendo e dizendo o mesmo que ela.
Apesar disso, continuávamos interagindo nas postagens um do outro e ainda nos falávamos por mensagens, mesmo sem ser na mesma frequência de antes. Demorou só uma semana até eu beber mais do que o necessário e acabar ficando com alguém, e demorou menos ainda para os sites e perfis de fofocas divulgassem que eu estava de caso novo e já havia esquecido . Por outro lado, a garota havia parado de responder minhas mensagens e de interagir nas minhas publicações, e eu não a culpava. Também ficaria chateado se soubesse por um site de fofoca que ela tinha saído com alguém bem depois do término do nosso namoro de mais de três anos.
A última vez que havia me procurado, foi para falar que era melhor não voltarmos de jeito nenhum e foi quatro semanas após o término do nosso namoro. Depois disso, os episódios em que eu bebia demais e, consequentemente, fazia besteira, começaram a ficar mais frequentes e eu mal me reconhecia em meio a toda aquela pose de pegador que a mídia havia criado sobre mim.

Uma noite, no alto de um prédio;
Vendo a cidade por cima;
Você diz se a gente aprende;
A voar na descida...

Acordei com uma ligação de Jen e pulei da cama, derrubando o violão que eu havia esquecido de guardar antes de dormir e me xingando mentalmente, já me preparando para a bronca que iria levar por estar atrasado a mais um evento.
, eu sei que não tá fácil, mas esse evento é muito importante. Se eu não ligasse, iria ser o Randy, e ele não está nem um pouco feliz com os seus atrasos.”
“Tá certo, me desculpa, Jen. Eu…” olhei-me no espelho e percebi que nem sequer sabia onde a roupa do evento estava. “Eu já tô saindo, na verdade.”
“A roupa tá no canto do armário. Por favor, tenta chegar o mais rápido possível.” Ela desligou e eu bufei, direcionando-me ao local mencionado e vestindo a roupa rapidamente.
Já fazia um ano desde que eu e havíamos trocado a última palavra e desde o surgimento desses sonhos com flashbacks vivenciando toda nossa trajetória e o quanto o nosso término havia feito mal para mim, mas eu não tinha o mínimo de coragem de falar com ela de novo. Por incrível que pareça, Jen sempre tentava evitar o nosso encontro nos mesmos eventos, por mais que uma reconciliação de casal fosse algo muito atrativo por atrair olhares da mídia.
Lavei o rosto pra tentar esconder ao máximo a cara de ressaca, que acabou se tornando algo corriqueiro em minha vida desde que ela havia ido, e peguei o carro para tentar chegar antes do previsto, adentrando o local e já me deparando com Jen e um Randy extremamente furioso.
“Quantas vezes eu vou ter que dizer que…”
“Eu tenho que ter compromisso, eu sei disso. Me desculpa, Randy.”
“Tá, vai direto para os fotógrafos. E essa cara? Jen, você não tinha contratado maquiadores pra ele?”
“Eu dispensei, tá ótimo assim.” Fui em direção às diversas câmeras, mas Jen acabou me puxando antes de eu chegar lá.
“Antes de tudo, me desculpa. Só sorria e depois me siga para eu mostrar o lugar que você vai ficar.” Olhei-a com um semblante confuso, mas logo percebi o motivo de suas desculpas.
Dei um riso sarcástico e fui para o lado oposto do instruído, tentando achar um lugar bom para ficar sozinho.
, espera.”
“Você mentiu pra mim. Você prometeu!”
“O Randy pediu para eu não dizer, ele falou…”
“O Randy não sabe de porra nenhuma! Eu não consigo olhar na cara dela, Jen. Por favor, não me força a isso.”
“Você tá sendo covarde.”
“Eu sei… por favor, não me força.”
“Pega o elevador e vai para o último andar.” Ela deu duas batidinhas no meu ombro e se afastou, e eu segui o caminho até o elevador.
Acabei não percebendo a aproximação de alguém e surgiu do meu lado.
“Por que veio pra cá?”
“A Jen pediu pra você vir?”
“Eu segui você…” ela apoiou sua mão na minha e deu um sorriso reconfortante, antes de olhar para frente. “Dá pra ver toda a cidade daqui de cima…”
“Me desculpa, mesmo… eu não devia ter feito…”
“Posso te fazer uma pergunta?” A garota voltou a olhar para mim e eu apenas assenti com a cabeça. “A gente aprende a voar na descida?”
Olhei-a confuso e ela se afastou lentamente, mas, antes que ela pudesse voltar ao elevador, segurei seu braço.
“Eu não aprendi.”
“Eu também não, só consegui esconder melhor que você.” riu e eu percebi que ela estava sentindo tudo o que senti até agora, a única diferença era que não foi ela quem acabou com tudo.
“Eu fui um covarde de não ter vindo falar com você antes. Eu sei que não tem explicação o que eu fiz, mas se eu tivesse falado com você, talvez fosse tudo diferente.”
“Pra falar a verdade, eu fiquei esperando você… mas o que acha de tentarmos voar juntos agora?”
“É uma ótima ideia.”



FIM!



Nota da autora: Sem nota.

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