Capítulo Único
As pessoas costumam dizer que o silêncio é um sinal de mal presságio. Que todas as bocas fechadas como se estivessem com um zíper antecedem a mais barulhenta avalanche.
Porém, existem dois cenários em que a quietude é desejada, admirada. Entre duas pessoas que se conectam, como os poetas diriam, existe o silêncio confortável. E o silêncio respeitoso, após a fala de alguma pessoa ilustre.
Como uma figura pública, nunca teve muito dos dois. A maioria dos seus relacionamentos passavam através dos flashes das câmeras, tão rápido quanto ela poderia desviar de uma bala. E seus discursos eram sempre recheados de gritos incoerente e aplausos no meio de cada frase - não entenda mal, ela amava o apoio que a ajudou a escalar o pedestal. Mas eles sempre pareciam mais interessados em mostrar que estavam lá com escândalos auditivos do que em ouvir o que ela tinha a dizer.
Ainda assim, ela persistia.
Quando achava ter encontrado os silêncios bondosos com alguém, sentia a realidade logo iria rir em seu ouvido.
De certo modo, começou com uma risada também.
Ser quem ela se tornou era um sonho internacional mais alto do que as nuvens e mais brilhante do que o sol. Todos diziam isso para . Todos diziam muitas coisas para a garota do momento, eles sempre gostavam mais de dizer do que escutar.
Talvez por isso eles não soubessem que ela se sentia como a porra de um animal enjaulado.
— A gente não pode dar a volta e esperar eles saírem? — a jovem questionou, tentando se esconder dentro do carro. Apesar do veículo ter vidro fumê e impedisse que qualquer pessoa espiasse pelo exterior, a multidão com câmeras esperando do lado de fora do restaurante ainda a assustava. Somente seus olhos alçavam a janela, enquanto seu corpo usava a porta fechada como disfarce.
— , qual é. — Sua agente revirou os olhos. — Você não aparece em público há semanas e isso é parte do trabalho.
— Mas eu só quero jantar com a minha irmã.
— E eu só quero que as pessoas publiquem mais sobre você — retrucou, virando o rosto para encará-la. — Você é uma estrela em ascensão, e essas aparições vão te tornar ainda maior. Esse restaurante é muito bem frequentado e...
— Quanto mais brilhante a estrela, mais rápido ela queima, sabia? — interrompeu Mera.
— Como é?
— Eu li isso em algum lugar. Quanto mais brilhante, mais rápido a estrela queima e morre.
— Muito poético. — Sua agente revirou os olhos e logo voltou a prestar atenção no celular. — Guarde isso para o seu próximo post no Instagram.
Prestes a abrir a porta do carro, sua cliente interferiu mais uma vez.
— Espera! Você pode descer primeiro e o carro me leva pelos fundos? Se eles não nos verem juntas, vão achar que você veio sozinha e eu posso entrar escondida.
Mera encarou-a, indecisa entre julgar sua escolha completamente estúpida perante o próprio marketing ou gritar para ela começar a agir como adulta. Mas então, o quão adulta uma menina de dezoito anos pode ser?
Ela suspirou antes de dar sua resposta:
— Está bem. Mas sabe que uma hora vai ter que aceitar o que aconteceu e superar esse seu medinho. Você se atrapalhou em uma premiação, e daí?
— Eu comecei a falar e todos riram de mim, Mera! — exclamou.
— Você é humana, como todos eles. Se atrapalhou com as palavras, caiu no palco. E conseguiu mais de 100 mil streams. Quem se importa?
— Eu me importo e eles também. Ser igual a eles parece novidade para eles. — Suspirou. — É muita pressão quando todos estão te olhando.
— Ainda é melhor do que quando não estavam. Apenas respire e sorria.
era muitas coisas e almejava se tornar mais outras mil.
Por isso, ele sempre carregava sua câmera para todo canto - seja um passeio até a praia ou o seu trabalho em meio período na Ophelia's.
Apesar de querer ser um fotógrafo da vida selvagem, ele sabia que teria que subir alguns degraus para chegar lá. Então, ele se contentava temporiamente com o emprego de garçom, e com a sorte de ser em um restaurante chique que abria as portas para algumas celebridades. De vez em quando, ele conseguia tirar uma foto de algum famoso passando pela porta (quando seu chefe não estava olhando) e isso lhe rendia alguns bons trocados. Assim que ele juntasse dinheiro, ele poderia pagar por uma especialização e construir o seu nome, esses dias difíceis de não seguir sua paixão a todo instante não passariam de um capítulo em sua biografia. Assim ele esperava.
— , mesa um — o gerente Jorge anunciou assim que entrou na sala de descanso.
— Tratamento especial? — Ele arqueou a sobrancelha, reconhecendo o tom do outro homem.
— Qual é, . Assim você ofende! Todos os clientes são especiais — Barry, seu amigo, brincou ao jogar-se na poltrona. Jorge apenas ignorou o outro funcionário. Por mais que ele o irritasse, os clientes sempre tinham boas avaliações sobre ele seu "comportamento simpático", então não havia motivos para mandá-lo parar de agir como uma criança.
— Irmã e agente de . — abriu a boca para questionar quem era a pessoa da vez, mas logo Jorge gesticulou para ele calar. — Não ouse me perguntar quem é.
— Meu trabalho é servir todos igualmente, não saber quem é a próxima Adele. — revirou os olhos, enquanto Barry arfou indignado.
— Ei, a Adele é única.
— Seu trabalho é fazer o que eu mando — o gerente relembrou. — Tratamento especial, a senhorita deve chegar breve.
Ao sair da sala de descanso, os dois homens restantes bufaram em irritação.
— Que babaca. Parece as mulheres da Gucci. — arqueou a sobrancelha, questionando a comparação do amigo em silêncio. — O quê? Ele parece! As vendedoras agem como se fossem as donas, não como se trabalhassem lá. É um saco e babaca.
balançou a cabeça de um lado para o outro, rindo do que seu amigo havia dito.
— Queria ter os seus problemas.
— Os problemas da Iris. Ela que compra esses trampos. — Ele deu de ombros. — Tenho que checar a mesa quatro, olha esse sorrisão.
Barry se colocou de pé, mostrando um sorriso propositalmente exagerado para antes de sair pela porta, deixando para trás seu amigo com uma risada. Pelo menos o jeito de Barry e sua disposição para ouvir os clientes por horas iria render ótimas gorjetas.
Suspirando, o fotógrafo jogou o corpo para trás, decidindo se deitar na poltrona e colocar seus pés na outra. Era incrível como um local tão glamuroso tinha cadeiras tão desconfortáveis.
— Você está segurando este assento para alguém ou posso me sentar?
não teve nenhuma reação além de abrir espiar abrindo um de seus olhos, mas a imagem em sua frente quase o fez desfalecer ali mesmo. Ele já estava hipnotizado apenas com um olhar, a admirando como se ela fosse uma cidade de luzes. Sua pele escura brilhando, seus passos tão firmes nos saltos, seus longos cabelos caindo para trás perfeitamente, e seu sorriso... Cara, seu sorriso.
Como podia existir alguém belo assim? sempre pensou que as maiores belezas eram encontradas nos cantos remotos da natureza, onde os humanos não tinham vez. Mas ali estava uma mulher, que com certeza estava vestida bem demais para aquela sala minúscula, fazendo ele repensar seu conceito de beleza.
Ele piscou algumas vezes, tentando se lembrar de como falar como um ser humano, mas tudo o que conseguiu dizer pareceu um sussurro inseguro:
— O quê?
arqueou as sobrancelhas, apontando para a poltrona na qual ele estava apoiando os pés.
— O assento.
— Você pode conseguir. Eles são muito confortáveis, muito bonitos. — Ele podia sentir suas bochechas esquentando enquanto tagarelava. queria gritar consigo mesmo, como ele poderia agir como um tolo? Ele simplesmente não conseguia mais manter a boca fechada. — Não que eu saiba muito sobre assentos, eu sou mais uma pessoa de sofá. Eu não tenho nada contra uma cadeira como essa, no entanto. Elas são legais. Tão... confortáveis — ele adicionou. — Muito bonitas.
o encarou. Ela não parecia estar julgando, mesmo quando os cantos de seus lábios se curvaram em um sorriso jocoso. A bela mulher apenas parecia estar se divertindo. Mesmo assim, engoliu seco, fazendo apostas imaginárias de que até suas orelhas já estavam vermelhas e do que ela diria para suas amigas quando saísse do quarto.
O quarto de descanso dos funcionários, no qual ela certamente não devia ter acesso.
Por que ela estava ali? Quem era ela?
— É bom saber que você não odeia cadeiras. Caso contrário, eu teria que chamar a polícia. As poltronas são o pilar da sociedade. — Ela piscou para ele enquanto ocupava o assento ao seu lado. Um silêncio brando se seguiu nos segundos seguintes, embora logo fosse substituído pela voz da mulher de verde. — E essa festa está um saco, né?
As sobrancelhas de franziram com sua declaração. Ele certamente achava que festas em geral davam muito trabalho, mas por que alguém como ela achava isso? Ela parecia tão confortável em sua própria pele, como se este fosse seu habitat natural. Sem contar com o vestido, que certamente deveria ser guardado para ocasiões como aquela.
Ele queria ousar perguntar. De alguma forma, ele manteve sua curiosidade quieta desta vez. não queria arriscar incomodar e fazê-la sair com uma pergunta fora de lugar. Portanto, ele apenas limpou a garganta e assentiu.
— Mais ou menos — respondeu quando ela virou a cabeça para encontrar seu olhar. Ah, aqueles olhos pareciam transbordar estrelas. — Eu achei que não ia ter um evento grande hoje. Só jantares comuns.
se recostou em seu assento, cruzando os braços, o sorriso em seu rosto nunca desaparecendo, nem passando despercebido. — Quem estaria procurando?
Ele quase caiu da cadeira com o tremor. Ela o conhecia?! Como isso era possível? Ele se lembraria de conhecê-la antes, com certeza. Ele se lembraria de ter esbarrado com ela uma vez em uma segunda-feira movimentada, de ter visto seu rosto na multidão. Como ela o conhecia e ele não lembrava dela?
Aquela mulher que o monopolizou sua mente desde o segundo que entrou no quarto sabia quem ele era.
— Como você me conhece? — tentou parecer casual, embora sua linguagem corporal não deixasse muito espaço para isso. Ele estava inclinando a cabeça na direção de , um sorriso estupefato em sua expressão ao aguardar sua resposta como alguém esperando ouvir um segredo profundo no meio da aula de matemática.
A mulher de vestido verde gargalhou, balançando a cabeça em descrença. Ela parecia... Parecia como o sol quando sorria.
E ele estava satisfeito em ficar ali de pé e observá-la até seus olhos queimarem.
Já o assista com fascínio, como se o homem de olhos cansados e camisa branca fosse um filme digno da maior plateia do mundo.
Ela estava encantada com ele. Ao entrar no restaurante, ela avistou um grande evento no salão principal, claramente montado pela sua agente e irmã. Então, simplesmente decidiu se encontrar no cômodo mais próximo. O que começou com uma escapada, uma tentativa de não deixar sua cabeça pifar de tanto repetir mais do mesmo - sorria para as câmeras, ajeite a postura, pareça mais simpática, use as roupas mais caras - agora havia se tornado um pequeno oásis no deserto.
— Crachá — respondeu, assistindo com divertimento as bochechas do homem adquirirem um tom rosado. Ele era adorável, para dizer.
E a escutava, sem qualquer obrigação. Ele não parecia saber quem ela era (não pediu uma selfie ou a bombardeou com perguntas sobre a sua última aparição), apenas estava interessado nela, no que ela tinha a dizer. A tratava como se ele fosse uma pessoa e não a imagem em uma televisão.
— Qual o seu nome? — ele perguntou com curiosidade. — Se você quiser dizer.
— Eu te digo depois que eu passar por esse jantar, se você estiver disposto a me esperar aqui.
Ele não sabia o seu nome, ele não sabia quem ela era. Mas ele queria saber: como alguém que se apaixona pela capa de um livro, ele já tinha tido o seu prólogo com aquela conversa rápida, e tinha certeza de que ela valia uma noite inteira sem sono para terminar todas as páginas.
— A comida daqui é muito pequena, conheço um foodtruck com o melhor cachorro-quente da cidade.
— Então é um encontro. — piscou para ele.
Assim como chegou, a dama de vestido se foi, apenas dando uma última olhada para trás e um sorriso. Ele deu o seu melhor para segurar a vontade de ir atrás dela, de passar mais tempo com ela. Como uma mulher podia ter deixado ele tão maravilhado tão rápido? Porém, como ele não estaria assim depois de vê-la?
O barulho de Barry entrando na sala despertou de seu devaneio. Seu amigo estava com uma expressão confusa, trocando o olhar entre a porta e o amigo.
— Cara, sabe que aquela é a , não é?
— Quem?
Porém, existem dois cenários em que a quietude é desejada, admirada. Entre duas pessoas que se conectam, como os poetas diriam, existe o silêncio confortável. E o silêncio respeitoso, após a fala de alguma pessoa ilustre.
Como uma figura pública, nunca teve muito dos dois. A maioria dos seus relacionamentos passavam através dos flashes das câmeras, tão rápido quanto ela poderia desviar de uma bala. E seus discursos eram sempre recheados de gritos incoerente e aplausos no meio de cada frase - não entenda mal, ela amava o apoio que a ajudou a escalar o pedestal. Mas eles sempre pareciam mais interessados em mostrar que estavam lá com escândalos auditivos do que em ouvir o que ela tinha a dizer.
Ainda assim, ela persistia.
Quando achava ter encontrado os silêncios bondosos com alguém, sentia a realidade logo iria rir em seu ouvido.
De certo modo, começou com uma risada também.
Ser quem ela se tornou era um sonho internacional mais alto do que as nuvens e mais brilhante do que o sol. Todos diziam isso para . Todos diziam muitas coisas para a garota do momento, eles sempre gostavam mais de dizer do que escutar.
Talvez por isso eles não soubessem que ela se sentia como a porra de um animal enjaulado.
— A gente não pode dar a volta e esperar eles saírem? — a jovem questionou, tentando se esconder dentro do carro. Apesar do veículo ter vidro fumê e impedisse que qualquer pessoa espiasse pelo exterior, a multidão com câmeras esperando do lado de fora do restaurante ainda a assustava. Somente seus olhos alçavam a janela, enquanto seu corpo usava a porta fechada como disfarce.
— , qual é. — Sua agente revirou os olhos. — Você não aparece em público há semanas e isso é parte do trabalho.
— Mas eu só quero jantar com a minha irmã.
— E eu só quero que as pessoas publiquem mais sobre você — retrucou, virando o rosto para encará-la. — Você é uma estrela em ascensão, e essas aparições vão te tornar ainda maior. Esse restaurante é muito bem frequentado e...
— Quanto mais brilhante a estrela, mais rápido ela queima, sabia? — interrompeu Mera.
— Como é?
— Eu li isso em algum lugar. Quanto mais brilhante, mais rápido a estrela queima e morre.
— Muito poético. — Sua agente revirou os olhos e logo voltou a prestar atenção no celular. — Guarde isso para o seu próximo post no Instagram.
Prestes a abrir a porta do carro, sua cliente interferiu mais uma vez.
— Espera! Você pode descer primeiro e o carro me leva pelos fundos? Se eles não nos verem juntas, vão achar que você veio sozinha e eu posso entrar escondida.
Mera encarou-a, indecisa entre julgar sua escolha completamente estúpida perante o próprio marketing ou gritar para ela começar a agir como adulta. Mas então, o quão adulta uma menina de dezoito anos pode ser?
Ela suspirou antes de dar sua resposta:
— Está bem. Mas sabe que uma hora vai ter que aceitar o que aconteceu e superar esse seu medinho. Você se atrapalhou em uma premiação, e daí?
— Eu comecei a falar e todos riram de mim, Mera! — exclamou.
— Você é humana, como todos eles. Se atrapalhou com as palavras, caiu no palco. E conseguiu mais de 100 mil streams. Quem se importa?
— Eu me importo e eles também. Ser igual a eles parece novidade para eles. — Suspirou. — É muita pressão quando todos estão te olhando.
— Ainda é melhor do que quando não estavam. Apenas respire e sorria.
era muitas coisas e almejava se tornar mais outras mil.
Por isso, ele sempre carregava sua câmera para todo canto - seja um passeio até a praia ou o seu trabalho em meio período na Ophelia's.
Apesar de querer ser um fotógrafo da vida selvagem, ele sabia que teria que subir alguns degraus para chegar lá. Então, ele se contentava temporiamente com o emprego de garçom, e com a sorte de ser em um restaurante chique que abria as portas para algumas celebridades. De vez em quando, ele conseguia tirar uma foto de algum famoso passando pela porta (quando seu chefe não estava olhando) e isso lhe rendia alguns bons trocados. Assim que ele juntasse dinheiro, ele poderia pagar por uma especialização e construir o seu nome, esses dias difíceis de não seguir sua paixão a todo instante não passariam de um capítulo em sua biografia. Assim ele esperava.
— , mesa um — o gerente Jorge anunciou assim que entrou na sala de descanso.
— Tratamento especial? — Ele arqueou a sobrancelha, reconhecendo o tom do outro homem.
— Qual é, . Assim você ofende! Todos os clientes são especiais — Barry, seu amigo, brincou ao jogar-se na poltrona. Jorge apenas ignorou o outro funcionário. Por mais que ele o irritasse, os clientes sempre tinham boas avaliações sobre ele seu "comportamento simpático", então não havia motivos para mandá-lo parar de agir como uma criança.
— Irmã e agente de . — abriu a boca para questionar quem era a pessoa da vez, mas logo Jorge gesticulou para ele calar. — Não ouse me perguntar quem é.
— Meu trabalho é servir todos igualmente, não saber quem é a próxima Adele. — revirou os olhos, enquanto Barry arfou indignado.
— Ei, a Adele é única.
— Seu trabalho é fazer o que eu mando — o gerente relembrou. — Tratamento especial, a senhorita deve chegar breve.
Ao sair da sala de descanso, os dois homens restantes bufaram em irritação.
— Que babaca. Parece as mulheres da Gucci. — arqueou a sobrancelha, questionando a comparação do amigo em silêncio. — O quê? Ele parece! As vendedoras agem como se fossem as donas, não como se trabalhassem lá. É um saco e babaca.
balançou a cabeça de um lado para o outro, rindo do que seu amigo havia dito.
— Queria ter os seus problemas.
— Os problemas da Iris. Ela que compra esses trampos. — Ele deu de ombros. — Tenho que checar a mesa quatro, olha esse sorrisão.
Barry se colocou de pé, mostrando um sorriso propositalmente exagerado para antes de sair pela porta, deixando para trás seu amigo com uma risada. Pelo menos o jeito de Barry e sua disposição para ouvir os clientes por horas iria render ótimas gorjetas.
Suspirando, o fotógrafo jogou o corpo para trás, decidindo se deitar na poltrona e colocar seus pés na outra. Era incrível como um local tão glamuroso tinha cadeiras tão desconfortáveis.
— Você está segurando este assento para alguém ou posso me sentar?
não teve nenhuma reação além de abrir espiar abrindo um de seus olhos, mas a imagem em sua frente quase o fez desfalecer ali mesmo. Ele já estava hipnotizado apenas com um olhar, a admirando como se ela fosse uma cidade de luzes. Sua pele escura brilhando, seus passos tão firmes nos saltos, seus longos cabelos caindo para trás perfeitamente, e seu sorriso... Cara, seu sorriso.
Como podia existir alguém belo assim? sempre pensou que as maiores belezas eram encontradas nos cantos remotos da natureza, onde os humanos não tinham vez. Mas ali estava uma mulher, que com certeza estava vestida bem demais para aquela sala minúscula, fazendo ele repensar seu conceito de beleza.
Ele piscou algumas vezes, tentando se lembrar de como falar como um ser humano, mas tudo o que conseguiu dizer pareceu um sussurro inseguro:
— O quê?
arqueou as sobrancelhas, apontando para a poltrona na qual ele estava apoiando os pés.
— O assento.
— Você pode conseguir. Eles são muito confortáveis, muito bonitos. — Ele podia sentir suas bochechas esquentando enquanto tagarelava. queria gritar consigo mesmo, como ele poderia agir como um tolo? Ele simplesmente não conseguia mais manter a boca fechada. — Não que eu saiba muito sobre assentos, eu sou mais uma pessoa de sofá. Eu não tenho nada contra uma cadeira como essa, no entanto. Elas são legais. Tão... confortáveis — ele adicionou. — Muito bonitas.
o encarou. Ela não parecia estar julgando, mesmo quando os cantos de seus lábios se curvaram em um sorriso jocoso. A bela mulher apenas parecia estar se divertindo. Mesmo assim, engoliu seco, fazendo apostas imaginárias de que até suas orelhas já estavam vermelhas e do que ela diria para suas amigas quando saísse do quarto.
O quarto de descanso dos funcionários, no qual ela certamente não devia ter acesso.
Por que ela estava ali? Quem era ela?
— É bom saber que você não odeia cadeiras. Caso contrário, eu teria que chamar a polícia. As poltronas são o pilar da sociedade. — Ela piscou para ele enquanto ocupava o assento ao seu lado. Um silêncio brando se seguiu nos segundos seguintes, embora logo fosse substituído pela voz da mulher de verde. — E essa festa está um saco, né?
As sobrancelhas de franziram com sua declaração. Ele certamente achava que festas em geral davam muito trabalho, mas por que alguém como ela achava isso? Ela parecia tão confortável em sua própria pele, como se este fosse seu habitat natural. Sem contar com o vestido, que certamente deveria ser guardado para ocasiões como aquela.
Ele queria ousar perguntar. De alguma forma, ele manteve sua curiosidade quieta desta vez. não queria arriscar incomodar e fazê-la sair com uma pergunta fora de lugar. Portanto, ele apenas limpou a garganta e assentiu.
— Mais ou menos — respondeu quando ela virou a cabeça para encontrar seu olhar. Ah, aqueles olhos pareciam transbordar estrelas. — Eu achei que não ia ter um evento grande hoje. Só jantares comuns.
se recostou em seu assento, cruzando os braços, o sorriso em seu rosto nunca desaparecendo, nem passando despercebido. — Quem estaria procurando?
Ele quase caiu da cadeira com o tremor. Ela o conhecia?! Como isso era possível? Ele se lembraria de conhecê-la antes, com certeza. Ele se lembraria de ter esbarrado com ela uma vez em uma segunda-feira movimentada, de ter visto seu rosto na multidão. Como ela o conhecia e ele não lembrava dela?
Aquela mulher que o monopolizou sua mente desde o segundo que entrou no quarto sabia quem ele era.
— Como você me conhece? — tentou parecer casual, embora sua linguagem corporal não deixasse muito espaço para isso. Ele estava inclinando a cabeça na direção de , um sorriso estupefato em sua expressão ao aguardar sua resposta como alguém esperando ouvir um segredo profundo no meio da aula de matemática.
A mulher de vestido verde gargalhou, balançando a cabeça em descrença. Ela parecia... Parecia como o sol quando sorria.
E ele estava satisfeito em ficar ali de pé e observá-la até seus olhos queimarem.
Já o assista com fascínio, como se o homem de olhos cansados e camisa branca fosse um filme digno da maior plateia do mundo.
Ela estava encantada com ele. Ao entrar no restaurante, ela avistou um grande evento no salão principal, claramente montado pela sua agente e irmã. Então, simplesmente decidiu se encontrar no cômodo mais próximo. O que começou com uma escapada, uma tentativa de não deixar sua cabeça pifar de tanto repetir mais do mesmo - sorria para as câmeras, ajeite a postura, pareça mais simpática, use as roupas mais caras - agora havia se tornado um pequeno oásis no deserto.
— Crachá — respondeu, assistindo com divertimento as bochechas do homem adquirirem um tom rosado. Ele era adorável, para dizer.
E a escutava, sem qualquer obrigação. Ele não parecia saber quem ela era (não pediu uma selfie ou a bombardeou com perguntas sobre a sua última aparição), apenas estava interessado nela, no que ela tinha a dizer. A tratava como se ele fosse uma pessoa e não a imagem em uma televisão.
— Qual o seu nome? — ele perguntou com curiosidade. — Se você quiser dizer.
— Eu te digo depois que eu passar por esse jantar, se você estiver disposto a me esperar aqui.
Ele não sabia o seu nome, ele não sabia quem ela era. Mas ele queria saber: como alguém que se apaixona pela capa de um livro, ele já tinha tido o seu prólogo com aquela conversa rápida, e tinha certeza de que ela valia uma noite inteira sem sono para terminar todas as páginas.
— A comida daqui é muito pequena, conheço um foodtruck com o melhor cachorro-quente da cidade.
— Então é um encontro. — piscou para ele.
Assim como chegou, a dama de vestido se foi, apenas dando uma última olhada para trás e um sorriso. Ele deu o seu melhor para segurar a vontade de ir atrás dela, de passar mais tempo com ela. Como uma mulher podia ter deixado ele tão maravilhado tão rápido? Porém, como ele não estaria assim depois de vê-la?
O barulho de Barry entrando na sala despertou de seu devaneio. Seu amigo estava com uma expressão confusa, trocando o olhar entre a porta e o amigo.
— Cara, sabe que aquela é a , não é?
— Quem?
FIM
Nota da autora: Sem nota.
Nota da beta: Amo o cliché da pessoa comum não saber quem é a famosa e tratá-la diferente, ele foi muito bem desenvolvido nessa fanfic, eu amei! Parabéns pela história!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Nota da beta: Amo o cliché da pessoa comum não saber quem é a famosa e tratá-la diferente, ele foi muito bem desenvolvido nessa fanfic, eu amei! Parabéns pela história!
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