Finalizada em: 21/02/2021

Prólogo

O doce brilho do olhar reluziu perante as flâmulas das bandeiras que os cercavam. Estavam na Praça das Nações, no centro da cidade em que haviam se conhecido; os prédios com o toque do passado ainda permaneciam os mesmos, mas ambos não poderiam mais ser... não depois dos segredos que vinham escondendo por tanto tempo.
— Então é assim que tudo termina? — Ela questionou o marido, sua face possuía um ar de tristeza e angústia, enquanto mantinha o marido sobre a mira da pistola AK-47 em suas mãos.
— Pensei que havíamos combinado de não mentir nos últimos momentos de vida. — Ele a respondeu segurando sua Colt, sendo um reflexo perfeito da postura de sua esposa.
— Seu orgulho o cegou de vez, querido! — E então o semblante da mulher adquiriu uma frieza desconhecida para o seu marido.
Aquela que empunhava a arma já não era mais a mulher com quem ele havia se casado, assim como para ela, o homem à sua frente não lembrava a figura pela qual havia se apaixonado.



Capítulo 01

A fragrância envolvente do perfume de tomava todo o ambiente, sua figura esbelta estava preguiçosamente alinhada aos lençóis de cetim branco. Em seus lábios, havia o mais doce sorriso, enquanto seus olhos possuíam a névoa do sono. Sua camisola havia subido um pouco, revelando mais de suas pernas... Ela estava exuberante, mesmo tendo sido desperta pela minha chegada.
— Eu não quis te acordar. — Deitei-me ao lado dela, enquanto a sentia se aconchegar ao meu corpo.
— Eu tenho o sono leve, seu bobo. — Ela comentou, erguendo sua face, enquanto deixava um leve beijo sobre os meus lábios. — Sua viagem durou mais do que o previsto.
Acabei rindo diante à fala dela, não era uma mulher muito expressiva, ao seu modo, revelava as emoções que escondia perante uma máscara perfeita.
Beijei o topo dos cabelos dela, enquanto aspirava o perfume de seus cabelos, os segredos que escondia dela eram as barreiras que me impediam de ser completamente honesto.
— Eu também senti sua falta, docinho. — Provoquei-a, enquanto sussurrava em seus ouvidos.
— Cale a boca e vamos dormir! — Ela resmungou, fingindo estar ofendida.
— Eu sei que não deseja dormir, meu amor... — meus lábios deixaram um beijo cálido abaixo de seus ouvidos, provocando-lhe arrepios. — Eu sei que deveria ter te avisado que voltaria mais tarde do que o previsto.
— Eu odeio quando você mente para mim, Falco. — Ela manteve seus olhos irritados fixos nos meus.
— Me perdoe, eu não tive a intenção de esconder a reunião de você. Aconteceu imprevistos que me fizeram permanecer mais tempo do que o planejado. — Segurei a face dela com ambas as mãos, tomando cuidadosamente os lábios dela nos meus.
Lentamente foi cedendo, suas mãos subiram pelo meu tronco, antes de alcançar meus cabelos. Seus olhos se fecharam em rendição, enquanto um suspiro lhe escapava. Não havia qualquer mulher que poderia se igualar a ela, sua insegurança era sem motivos. Desse modo, busquei fazer com que ela entendesse o quanto a amava através de meus atos.



Capítulo 02

Minhas pálpebras tremularam, antes de vagarosamente se abrirem. A escuridão do quarto tornava o ambiente agradável, a letargia ainda permeava meus sentidos. Sentei-me, sentindo meus músculos relaxados, as memórias dos últimos acontecimentos me atingiam como um bombardeio.
As horas de sono foram uma medida que meu corpo encontrou para recuperar a vitalidade. O cansaço emocional, físico e psicológico havia ultrapassado o limite que meu corpo suportaria. As horas passadas inconsciente não foram o suficiente, minha mente estava agitada novamente, a tempestade de emoções bombardeava meus sentidos.
Não fazia mais que alguns minutos em que havia despertado e já me encontrava cansada.
— Agradeço a quem por essa merda toda? — O sarcasmo destilava em cada palavra pronunciada.
Deixei a cama, seguindo em direção ao banheiro. Retirei a única peça em meu corpo adentrando o box, girei o registro sentindo a água fria me atingir de imediato.
Mas que porra! — Gritei ao ser pega desprevenida pelos jatos de água fria.
Ajustei a temperatura, de modo que a água atingisse uma temperatura agradável. Assim, deixei a água percorrer meus músculos, relaxando-os no processo.
Focava minha atenção nas sensações causadas pela água, ignoraria as emoções conflitantes quanto tempo assim eu pudesse. A verdade foi jogada diante meus olhos, quando a imagem de meu marido surgiu em minha mesa, a pasta com todo o seu histórico me mostrou que o modo em que nos conhecemos não foi uma coincidência. Ele era um agente da Rhyden!
Havia aproveitado que ele havia seguido para mais uma viagem de “negócios” e simplesmente desapareci. Eu não poderia acreditar que havia passado tanto tempo dividindo a cama com o inimigo; toda e qualquer confiança se desvaneceu quando li o conteúdo daquela pasta.
Havia investigado por mim mesma a veracidade do conteúdo, afinal, no mundo da espionagem, descobrir que agentes de empresas rivais eram casados, levaria ambas agências a desconfiarem da lealdade de ambos.
A quantidade de missões destinadas a mim foi reduzida e o sono era algo que raramente tinha o privilégio de experimentar... e pensar que apenas algumas semanas atrás estava nos braços de — se esse fosse seu verdadeiro nome!
O amargor tomava minha garganta, enquanto saía do banheiro, meus olhos não haviam derrubado uma lágrima sequer e a investigação que havia realizado estava de acordo com as informações que a AMG me passou.
— Eu já havia te informado que odiava mentiras... — sussurrei para o quarto escuro.
Com o tempo disponível, busquei me camuflar, criando uma nova identidade e um passado convincente. Era uma cidade no interior da Islândia, a cidade em que havia o conhecido.
e eu nos conhecemos por estar justamente atrás do mesmo alvo; o que ambos não sabiam, era a verdade! Eu, ao menos, buscava criar essa verdade em minha mente... os anos que passamos juntos não poderiam ter sido uma mentira, eu não suportava a dúvida e o aperto gritante em meu peito.



Capítulo 03

A ausência de era um indicativo de uma tempestade estava por vir. Naquela manhã em que retornei de mais uma missão e não encontrei um mísero vestígio de que ela pertencia àquela casa, eu senti, então, a frágil estrutura que chamava de “porto seguro” ruir...
Algo de muito grave tinha ocorrido!
Tive minha confirmação ao receber uma pasta repleta das ações executadas por minha esposa. , assim como eu, era uma agente, seu trabalho era impecável pelo o que constava naquelas páginas absurdas!
Desesperado em encontrar provas que contradissessem o conteúdo daquela pasta, passei dias investigando tudo sobre minha esposa. Enquanto executava minha investigação, buscava manter a verdade em questão, dúvida tomavam-me ao ponto de me afogar... Eu não suportava a ideia de que tudo o que havia vivido ao lado dela fosse mentira.
Apaixonar-me por foi como uma tarde de verão, em minha longa estadia num inverno rigoroso. Aquela mulher trouxe vida e calor ao meu ser. Seus olhos sagazes possuía um enigma provocante, seu corpo não se comparava à mente daquela mulher! Ela possuía um brilho no olhar ao conversar face a face, era o tipo de mulher que encantava quando falava, era atenta e uma boa ouvinte. Com ela, eu podia deixar o frio e impassível agente de lado — o que eu só não imaginava, era encontrar uma oponente a altura!
Em um ato insensato, comprei a primeira passagem para a cidade em que tudo havia começado; eu sentia que a encontraria lá. Eu não sabia como, mas tinha a plena certeza que estava lá. Acabei por me hospedar no mesmo hotel em que a conheci, a cidade permanecia a mesma, no entanto, me sentia diferente... Era como se séculos houvessem se passado.
Com o findar do dia e com o crepúsculo a tomar todo o céu, foi o exato instante em que vi ela. A figura da minha esposa, exuberante! Parecia-me que a distância havia tornado ainda mais bela, meu coração palpitou assim que sua figura permeou meu campo de visão.
Ela caminhava tranquilamente pela praça pouco movimentada, seus lábios estavam em uma linha tensa, era como se estivesse presa em seus pensamentos, embora seus olhos permanecessem atentos.
— Pensei que odiasse mentiras, mas veja você mesma: uma agente secreta afundada em uma pilha de mentiras...



Capítulo 04

A voz de arrepiou até meu último fio de cabelo, seu tom de voz era um misto de sentimentos, embora o de mágoa fosse o que se destacava. O instinto de acalentá-lo foi refreado pelas últimas memórias, a desconfiança era como uma adaga que perfurava meu coração, enquanto avaliava meu marido.
Eu não sabia se poderia acreditar no que me mostrava; como um bom agente, ele foi treinado para enganar seu oponente, por conta disso, questionava-me sobre tudo.
— Seus lábios proferem os mesmos pecados que os seus, como pode me confrontar com tanta confiança, se escondeu a mesma verdade que eu? — Questionei-o, sem permitir que encerrasse a saudade que havia sentido de minha presença.
— Como sempre, uma dama de gelo. — A provocação tática destacava-se em um humor desagradável.
— Vá diretamente ao ponto, , ao menos uma vez seja franco. — Instiguei-o, deixando que o desespero revelasse a angústia que sentia.
— Esse é o problema, , meu amor, eu sempre fui franco enquanto estive com você... — permitiu que um sorriso triste surgisse em seus lábios.
— Não, não foi! — Rebati-o sem qualquer pudor. — Seus lábios derramaram milhares de mentiras enquanto éramos e , quando, na verdade, permitiu que o Agente C fosse o cumpridor da missão de sua agência!
Estava furiosa e o encarava com fúria, mágoa, mas também a mais profunda tristeza. Estava cansada de fingir que estava bem, estava farta de manter um sorriso falso, enquanto encarava pessoas desconhecidas... Eu só desejava permanecer nos braços dele para sempre como em um sonho.



Capítulo 05

Estava entre acreditar nas palavras da minha esposa ou simplesmente renegar qualquer fato que escapasse por aqueles lábios, os quais havia perdido a conta de quantas vezes o beijei. Tal como eu, ligava contra a agente e a esposa, enquanto me encarava face a face. Ao menos podia a ler com facilidade.
— Pensei que havíamos combinado de não mentirmos um para o outro. — Respondi-a com uma certa dose de sarcasmo.
— Promessas foram criadas para serena quebradas. — Ela respondeu, erguendo sua arma.
Os olhos de não era mais os mesmos. Um brilho de frieza reluzia com as luzes amareladas dos postes.
— É assim que tudo termina? — Questionei-a, erguendo minha arma por reflexo, meus dedos a engatilharam, enquanto tinha na mira.
O doce brilho do olhar reluziu perante as flâmulas das bandeiras que nos cercavam. Estávamos na Praça das Nações, no centro da cidade em que havíamos nos conhecido; os prédios com o toque do passado ainda permaneciam os mesmos, mas ambos não poderíamos mais ser... não depois dos segredos que vínhamos escondendo por tanto tempo.
— Então é assim que tudo termina? — me questionou, sua face possuía um ar de tristeza e angústia, enquanto me mantinha sobre a mira da pistola AK-47 em suas mãos.
— Pensei que havíamos combinado de não mentir nos últimos momentos de vida. — Eu a respondi, segurando uma Colt, sendo um reflexo perfeito da postura de minha esposa.
— Seu orgulho o cegou de vez, querido! — E então o semblante da mulher adquiriu uma frieza desconhecida para mim, aquela que empunhava a arma já não era mais a mulher com quem eu havia me casado.
— Nunca estive mais atento! — Respondi-a, derrubando minha arma, deixando-a aos seus pés, coloquei o fino cano da arma de sobre o meu peito.
Com poucos passos cortei a distância que nos separava, colocando a arma dela sobre o meu peito, logo acima do meu coração. Minha outra mão afastou a face de , enquanto permanecia a encarando com seriedade.
— Entenda: eu não viria aqui caso não a amasse! Pela primeira vez pude ser apenas eu mesmo, você me proporcionou o verão novamente... sem você é como estar preso a um inverno rigoroso, você é o que dá sentido à minha vida.
E então se ouviu o som de um tiro sendo disparado.



FIM!



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