Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

POV

Desço do barco e guio o oceano para deixar as malas na areia, parando de andar ao sentir uma mão larga encostar em minhas costas.
“Ela me pediu pra te dar isso.” Meu padrinho, o qual eu já estava acostumada a chamar de tio, entrega o colar com a pedra azul em minhas mãos e dou um leve sorriso, mas que logo se desfaz.
“Você devia ter discordado quando ela veio com essa ideia estúpida de eu ter que estudar nessa escola de gente fresca.” Reviro os olhos e escuto um barulho vindo do barco, me virando para ver a origem. “Pua!” O porquinho bota a cabeça para fora de uma das caixas e sai desajeitadamente da mesma, vindo na minha direção com a ajuda do oceano.
“Como esse porco conseguiu vir escondido o caminho todo?” Ele perguntou com uma feição chateada, mas eu sabia que era apenas encenação. “Você tá louca se pensa que eu discordaria da sua mãe em alguma coisa.”
“Pois bem.” Pego Pua no colo e me viro decidida. “Eu fico se ele puder ficar.”
“Teimosa que nem ela.” Ele tenta cochichar para si mesmo, mas acaba falando alto demais. “Eu não vejo problema, ficaria até feliz de me livrar desse pestinha.” Fala cruzando os braços e consigo ver a tatuagem de nós dois em seu ombro. O que antes eram gravuras de nós fazendo coisas juntos, como eu voar pelo oceano em cima dele em forma de águia, se tornara uma dele acenando para um barco que se distanciava cada vez mais. E eu estava naquele barco. “Você sabe que sua mãe só não veio porque ela…”
“Tinha que resolver coisas da ilha, eu sei.”
“Não, porque ela não queria deixar você mais chateada. , isso é importante para você. Para o seu futuro.” Ele se aproxima, pedindo o colar, e eu ponho Pua no chão e o entrego, me virando para ele por o objeto em meu pescoço.
“Eu não sinto que…”
“Oh, você deve ser a .” Ouço a voz estridente de uma mulher se aproximando e me viro. “Eu sou a Fada Madrinha!” Ela fala animada e aperta minha mão.
“Legal… quer dizer, muito prazer em conhecê-la.” Após receber um olhar de desaprovação de meu tio, tento dar meu melhor sorriso falso.
“Tem uma limusine bem ali, eu vou pedir para o motorista…”
“Ah, não precisa.” Guio o oceano para levar as malas em direção à limusine, mas ela me interrompe.
“Querida, você só pode usar seus poderes se for autorizada pelo professor Merlin.”
“O QUE?” Viro para o homem e imediatamente as malas são arremessadas na areia, o que faz com que elas se abram e todo o conteúdo dentro delas se espalhe. “Ter que conviver com um bando de frescos não é o bastante? Agora eu não vou poder usar meus poderes também? Por que não me falaram?”
“Ela achou que você iria ficar com raiva.”
“Ah, que ótimo!” Ponho a mão na minha testa e tento me acalmar o máximo possível. Ainda não conseguia controlar meus poderes, principalmente quando eu ficava com raiva.
“Tudo bem, eu ajeito isso enquanto vocês se despedem.” Ela se afasta e nos deixa sozinhos novamente.
“Eu não quero ter que me despedir de você com raiva.” Ele dá um sorriso melancólico e apoia a mão em meu ombro. “Não deixe ninguém te chamar de princesa.” Sorrio de volta e o abraço, sentindo uma lágrima percorrer minha bochecha.
“Dá um abraço nela por mim.”
"Nós iremos te visitar logo.” Ele se afasta e se vira para o porquinho que apenas nos encarava. “E você, cuida bem dela.” Pua solta um grunhido e dá vários pulinhos de alegria, o que me faz rir. “Pode mandar o barco de volta? Eu vou voando.”
Assinto com a cabeça e imediatamente o barco começa a se mover de volta para casa. Observo Maui se transformar no pássaro grande por uma última vez durante algum tempo e ele vai na mesma direção que o barco, sem antes sobrevoar por cima de mim algumas vezes.
“Terminei!” Me viro e vou na direção da mulher, que estava terminando de fechar a última mala com a ajuda de uma varinha na mão.
“Você disse que não podemos usar nossos poderes aqui…”
“Mas eu sou a diretora, bobinha.” Ela dá um sorriso animado e balança a varinha, fazendo com que as malas fossem diretamente para a limusine. “Vamos, já estamos atrasadas… o porco vai?” A Fada aponta para Pua, que brincava na areia, e eu assinto com a cabeça, o pegando no colo.
Assim que ultrapassamos os portões consigo avistar vários estudantes, provavelmente fazendo coisas que os estudantes supostamente deveriam fazer.
“Ansiosa?” Ouço a voz ao meu lado e olho em sua direção, dando um sorriso falso.
“Claro.” A limusine estaciona e desço do carro, já sendo recepcionada por uma banda de pessoas com o uniforme todo azul e dourado. “Isso é pra mim?” Me aproximo da mulher que assente com a cabeça animadamente.
“Queremos que se sinta em casa.” Ela completa e põe a mão em meu ombro, se afastando logo depois.
“Se eu pudesse usar meus poderes já me sentiria em casa.” Cochicho revirando os olhos ao mesmo tempo e a sigo até a entrada do grande castelo, acenando de volta para todos que passavam por mim com um ‘seja bem vinda’. Fiquei perdida com a decoração elegante do local, nem percebendo quando a mulher à minha frente para, e acabo quase esbarrando nela.
, essa aqui é a Jane, minha filha.” Ela aponta para uma menina de aparência simpática na nossa frente e eu dou, ou ao menos tento dar, um sorriso amigável, que é retribuído por ela. “Ela vai mostrar os cômodos do castelo para você.” A mulher saiu, nos deixando sozinhas, e sigo Jane por todo o castelo, passando por diversos cômodos até chegar no meu dormitório, com Pua no meu colo.
“Uau.” A aparência totalmente estereotipada do quarto me incomodava um pouco, apesar de eu tentar esconder ao máximo.
“Lindo, não é?” Concordo com a cabeça e boto o porco no chão, que começa a analisar cada parte do quarto. “Até agora você não tem uma companheira de quarto, mas quem sabe não chegue alguém depois?” Dou um sorriso, agradecendo aos mares por não precisar dividir o quarto com ninguém, e me despeço rapidamente da garota, me jogando na cama assim que tenho a oportunidade.
“Onde eu fui me meter?”

Acordo com a luz do sol e me levanto para fechar imediatamente as cortinas, me deitando novamente, só para ter que me levantar segundos depois porque alguém batia na minha porta.
“Oi! Minha mãe pediu para te levar até o refeitório. Você precisa se alimentar antes das aulas começarem.” Jane aparece com um sorriso e me olha de cima a baixo. “Você não se arrumou?”
“Acabei passando da hora, já volto.” Fecho a porta na sua cara e me troco rapidamente, fazendo um coque para tentar esconder meu cabelo bagunçado de toda manhã, já que eu não teria a ajuda da água, como de costume. Dou um beijo em Pua, que ainda dormia na cama e me dirijo até a porta novamente. “Voltei, podemos ir? Tô faminta.” Sigo ela até o refeitório, que estava cheio de outros estudantes que passavam seus olhares sobre mim à medida que eu me aproximava do balcão de comida. Eu percebo que ela ficava olhando para um grupo que estava mais a frente e me posiciono ao seu lado. “Pode ir, eu consigo me virar sozinha…” Dou um sorriso amigável e, após mais insistência, ela acaba cedendo e me deixa sozinha.
“Você é nova aqui?” Ouço uma voz masculina por trás de mim e reviro os olhos, me virando para ver quem era. Tinha acabado de me livrar de Jane e já me aparecem outros.
“Sim.”
“Pode sentar com a gente se quiser, as pessoas daquele outro lado não são muito amigáveis. Vilões, sabe como é, né?” Ele sorri artificialmente.
“Na verdade, não.” Sorrio de volta e pego a bandeira, me dirigindo para a fila do balcão, mas ele acaba vindo na minha direção.
“Seus pais nunca combateram um vilão?”
“Ah, muitos. Mas prefiro não estereotipar”
“Não é estereotipar se simplesmente é a verdade.”
“Olha, muito obrigada pela receptividade, mas hoje eu prefiro ficar sozinha.” Tento soar o mais amigável possível e saio rapidamente de lá, me dirigindo a uma mesa vazia e dando graças a Deus por ninguém me seguir.
“Ei, princesa!” Eu mal tinha começado a comer quando escuto outra voz masculina atrás de mim, mas apenas ignoro ao escutar o ‘princesa’. “É você mesmo.” Um garoto de cabelos negros e roupa de pirata surge na minha frente e apoia a perna num dos bancos. “Por que não sai da nossa mesa e vai sentar com algum príncipe?” Ouço alguns risos atrás de mim e um sorriso debochado na cara do mesmo.
“Não tinha nenhuma placa reservando a mesa.”
“Tá, mas nós sentamos aqui.”
“Não sei se você percebeu, ou se o delineado preto tá atrapalhando sua visão, mas eu tô sozinha aqui.” Os risos atrás de mim ficam maiores e sua cara se fecha, mas, antes que ele pudesse fazer alguma coisa, uma garota de cabelo azul vai para seu lado.
“Já chega, Harry. Deixa a menina comer.” Ela se senta e chama o resto do grupo, que faz o mesmo. Eles conversavam animadamente enquanto comiam, menos o menino que havia falado comigo antes, que apenas me encarava.
“Perdeu alguma coisa?” Pergunto chamando a atenção de todos na mesa e ele revira os olhos, virando o rosto para o outro lado, apenas voltando a me olhar quando a garota de cabelo azul fala comigo.
“Que falta de educação, nem nos apresentamos. Eu sou a Uma, filha da Úrsula.”
.” Falo com um sorriso e aperto sua mão, me virando para falar com todos os outros depois. A mãe dela era meio famosa na minha ilha, mas achei melhor não mencionar nada.
“O simpático é o Harry, filho do gancho.”
“Imaginei.” Olho para ele, que ainda me analisava, e nem me dou o trabalho de levantar minha mão, pois sabia que ele ignoraria o aperto..
“De quem você é filha, princesa?” Ele finalmente fala, com um tom de deboche na última parte.
“Eu sou filha da Moana e não me chama de princesa de novo se não quiser que eu ponha um tubarão na sua cabecinha linda..” Falo o encarando de volta e ele dá um sorriso de lado.
“Então você também tem relação com a água?” Ela sorri e eu assinto com a cabeça.
“Licença, … preciso te levar para a sua primeira aula.” Jane se aproxima falando um pouco baixo e eu pego a maçã que havia deixado na minha bandeja e me despeço de todos, a seguindo para fora do salão, sem antes olhar para trás e ver Harry me encarando. Esse pirata ainda vai me irritar muito.
“Espera aí, esqueci uma coisa no quarto.” Corro em direção ao cômodo e, ao chegar lá, ouço um grunhido no fundo do quarto e Pua vem correndo na minha direção. “Desculpa, eu vim o mais rápido que eu pude.” Boto água para ele e já me apresso para sair do quarto, quando sou surpreendida por alguém na porta. “Já não me irritou o bastante?” Pergunto cruzando os braços e Harry sorri de lado, invadindo o lugar. “Ei!”
“A culpa não é minha se você se irrita fácil demais, princesa. Que quarto horrível é esse?” Ele olha para a decoração e tem a mesma reação que eu, fazendo uma cara de nojo ao ver as cortinas rosas.
“Não é como se eu pudesse escolher. Para de me chamar assim.”
“Eu já arrumei todo o meu quarto.” O menino sorri sarcasticamente, ignorando o que eu havia dito, e percebo exatamente o que ele quis dizer com ‘arrumar’. “O que é isso?” Ele se aproxima de Pua, que ainda comia sua maçã.
“Meu porco.”
“Você podia ter uma infinidade de animais marinhos ao seu lado e escolheu um porco?”
"Para sua informação, os porcos são animais muito inteligentes, leais e limpos. O Pua é um amorzinho.” O porco vem na nossa direção e Harry se joga para trás. “Você não tem medo dele, né?” Rio com a falta de resposta enquanto ele tentava se esquivar da curiosidade de Pua.
“Se você contar pra alguém eu…”
, cadê… eu não sabia que estava ocupada.” Jane surge na porta e Harry vai rapidamente para onde a garota se encontrava.
“Só estava dando boas vindas à novata.” Ele sai, nos deixando sozinhas, e Jane me apressa para chegarmos à primeira aula a tempo.
Entro na sala seguida de Jane e busco o lugar mais afastado, esperando que ninguém me notasse, mas falhando ao ser chamada pela Fada.
“Querida, por que não se apresenta para a turma?” Todos viram na minha direção, inclusive Harry, que eu nem sequer sabia que estava na sala, e, depois de falar o básico, me sento novamente e olho para o pirata, que já havia se virado na direção do quadro, e depois para a janela. Dava para ver o mar, e me lamento por não poder usar nada dos meus poderes e por não ter ideia de como o povo da ilha estava. Assim que a aula termina, Uma aparece e fica de frente para mim.
“Eu acho que vai ter um lugar que você vai gostar.” Ela me puxa e me guia por entre o terreno enorme, chegando até um local enorme. Ao entrarmos, vejo uma piscina gigantesca e não escondo meu olhar surpreso. “Legal, né? E a gente pode vir quando quiser, palavras da Fada Madrinha.”
“Pelo menos isso.” Me sento na beira e cruzo os braços, desejando ter uma roupa de banho por perto.
“Eles tem time de natação, você pode tentar fazer parte, se quiser.” Olho animada para a garota que se senta ao meu lado e de repente uma de suas pernas se transforma em tentáculo.
“Não podemos fazer isso, né?”
“Ninguém precisa saber.” Ela ri e eu a acompanho, fazendo um redemoinho na piscina e finalmente podendo usar meus poderes, por mais que escondido e discretamente, para que ninguém percebesse.
As primeiras semanas de aula foram tranquilas, tirando alguns episódios com uns grupos aleatórios de príncipes e princesas mesquinhos. Eu não me encaixava neles e, tenho certeza que Maui não gostaria de saber que eu andava com os ‘vilões’. Sempre que podia eu passeava com Pua pelas redondezas do castelo ou ia para a piscina e brincava um pouco com a água sem que ninguém soubesse.
“O que você tá fazendo, princesa?” Dou um gritinho e toda a água da piscina que formava uma baleia cai sobre a mesma, molhando tudo ao meu redor. Me viro pra trás e observo Harry se aproximar. “Seria uma boa situação para eu chamar a Fada Madrinha.”
“Você não faria isso.”
“Me dê um motivo.”
“Eu te jogo no mar de Auradon.”
“Eu sou um pirata. O mar é a minha casa.” Ele dá um riso alto e sobe numa das arquibancadas. “Além disso, você não teria coragem, é muito boa para isso.”
“Ou eu posso simplesmente te molhar e estragar seu lindo delineado.” Aviso com um sorriso e imediatamente uma grande onda de água se forma atrás de mim.
“Você não…” Antes mesmo que ele pudesse terminar a frase, a água cai sobre nós e começo a rir. Harry corre na minha direção e eu começo a fugir, mas ele acaba me alcançando e me puxa para sua direção.
“Vai fazer o quê, pirata?” Pergunto com um sorriso e percebo seu rosto se aproximar do meu, mas, por impulso, o empurro para longe ao ouvir um grito estridente, já sabendo quem era.
“Mas o que é isso?” Observo a Fada Madrinha vir na nossa direção e cruzar os braços. “Essa água não se espalhou sozinha, não é ?” Vejo o olhar de satisfeito do menino ao meu lado e me viro o encarando.
“Ele me provocou.”
“Então os dois vão para a detenção.” Ela fala e nos puxa até alguma sala, ignorando completamente meus resmungos. Assim que adentramos o cômodo, a mulher ergue sua varinha, nos deixando enxutos. “Uma semana de detenção para os dois. Agora, esperem o professor.”
“Eu vou te jogar para os tubarões.” Harry fala assim que ela sai da sala e se senta numa das cadeiras com os braços cruzados.
“Ah é? Eu faço eles te atacarem.” Faço o mesmo que ele e aguardo o professor entrar na sala, mas, após longos minutos, nada acontece. “Tá vendo que eu consigo ser malvada?” Olho em sua direção e ele solta um riso sarcástico.
“Isso não é ser malvada, é ser teimosa.”
“Você quer apostar?” Levanto e apoio meu peso sobre a mesa em que ele estava sentado, lançando um olhar desafiador em sua direção.
“Quer fazer um acordo com um pirata?” Ele se inclina para frente com um sorriso ladino.
“Com certeza.”
“E o que eu ganho com isso?”
“Você pode se vingar pelo que eu fiz hoje. Temos um acordo?” Levanto a mão e aguardo por alguma confirmação de sua parte.
“Temos.” Ele a aperta e volta a se inclinar, ainda com a mão sobre a minha.
Ainda não tinha parado para perceber o quão bonito ele era. Seus olhos azuis lembravam as águas de Motunui, que eu ficava com saudade a cada dia que passava, e combinavam com seus cabelos negros.
“O que foi, princesa?” Sinto seu olhar sobre mim e me afasto, soltando um pigarro para tentar disfarçar o que tinha acontecido antes.
“Desculpem pelo atraso, crianças. Sentem-se.” O professor entra na sala, indo direto para a mesa, e eu viro na direção do garoto antes de seguir para o meu lugar.
“Você vai ver, eu vou ser podre por dentro.”


Fim



Nota da autora: Eu amo o universo de Descendentes e foi ótima a oportunidade de escrever sobre. Agora, só eu achei que esse final pede uma continuação? Kkkkkkkkkk

Nota da scripter: O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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