10. The Man

Fanfic Finalizada

Capítulo Único

Mais um dia, igual a todos os outros nesse meu último ano, me concentrando somente em uma coisa: meu trabalho. Este não me decepciona. Ele que me fez ficar de pé quando tudo que era meu chão me fez tremer, não tenho o que reclamar dele. Sou um hematologista renomado e salvar uma vida me faz bem.
Hoje tenho que ver como estão dois pacientes, eles são:
Marta, uma amável senhora que tem 65 anos, me trata como um filho e consegue me decifrar como ninguém, ela me aceitou como seu médico logo que sai da faculdade, foi minha primeira paciente e me deu a confiança que precisava.
E o Luan, um garoto de 4 anos que cuido a cerca de 5 meses, ele é um garotinho bem triste e fechado, apesar do pouco que ele se expressa eu o entendo muito bem, pois sou como ele, o visitarei primeiro.
Antes de chegar ao seu quarto vejo alguns palhaços passando, os Doutores da Alegria estão por aqui, não tenho nada contra, mas a alegria falsa em seus rostos me faz pensar se só não "somos felizes" para que o outro nos vejam felizes.
Quando estou chegando perto do quarto do Luan ouço sua voz em meio a risadas. Chego na porta e o vejo sentado no colo de uma garota que nunca tinha visto, ela tinha um nariz de palhaço em seu rosto e uma pequena coroa em sua cabeça, linda! E sem a cara pintada, ele deve a ter deixado entrar por isso.
- Oi, Luan, vejo que está em boa companhia, nesses 5 meses nunca tinha o visto sorrir e essa garota já conseguiu isso em pouco tempo. – falei. Logo ela respondeu com um sorriso ainda maior, como é possível?!
- Essa garota se sente muito honrada em conseguir uma linda risada desse lindo garoto.
- Você que é linda, minha namolada. - Que garoto esperto, o sorriso dela aumentou ainda mais para o responder.
- Mas quem você pensa que é, garoto, para dizer que é meu namorado sem nem me perguntar antes, hein?
- Esses garotos de hoje em dia, não sabem o que é o cavalheirismo. – falei, tentando entrar na brincadeira.
- Eu sou ca, ca, valelerismo, sim, que é isso?
- Haha não importa, meu lindo.
- Vou ter que interromper o namoro, pois um certo namorado tem que ser examinado.
- Sim, claro! Meu lindo namorado tem que ficar saudável logo, para irmos ao cinema assistir Vingadores 2. - Parece que o sorriso dela é contagiante, nunca tinha visto aquele garoto sorrir, quem dirá, um desse tamanho.
- Vou ficar munto, munto bom, aí eu vou de Hulk e a namolada de Viúva Negra.

Uôu. pensar nela naquela roupa era algo interessante. Estou fugindo de mulher, mas isso não quer dizer que as deixei de achar gostosas, SOU HOMEM.
- Claro, namorado, só tenho que conversar com a sogrinha pra vermos o melhor dia! Então tchau, namorado. Doutor, “é mais fácil amar, que ser amado. Aceite o amor: ele não vai ficar esperando para sempre”.
E ela foi embora, como uma pessoa vai embora depois de dizer uma frase assim do nada? Fiquei intrigado e incomodado, ainda mais por que aquela frase me atingiu.
Examinei o Luan, mas confesso que não foi com toda excelência, aquela frase realmente mexeu comigo, ainda mais vindo de uma garota que parecia realmente saber sorrir.

Finalmente fim do expediente, não odeio meu trabalho, odeio não me concentrar nele. Antes de ir para casa vou passar no shopping, se tivesse que controlar panelas hoje, iria acabar com os bombeiros tendo que controlar o fogo.

Passei no Japinha, comprei meu jantar e quando estava saindo quem vejo? O Luan com a Viúva Negra, e adivinhe o que ela tem no rosto? A droga de um lindo e gigante sorriso. Os vejo tão felizes que a curiosidade para saber o motivo dos sorrisos me leva a cumprimentá-los.

- Oi, Luan, oi, Viúva!

- Oi, doutor!

- Oi, dodo! Veio assistir filme?

- Não, meu querido, vim só pegar algo para comer.

- Dia cansativo demais para tentar fazer algo para comer? – a garota perguntou, mal sabia ela de que a minha exaustão era sua culpa.

- Não faz ideia. - respondi. Acreditam que ela estava mesmo com a roupa da Viúva? E como estava boa.

- Quero um dia poder fazer ideia – sorriu - já tá na hora do nosso filme, namorado, temos que ir, dá tchau para o doutor.

- Tchau, dodo, vou ver o Hulk.

- Tchau, Luan, depois me conta como foi o filme.

- Tchau, doutor!

E eles foram rumo ao cinema, essa garota só pode ser louca, só quero parar de pensar nessas bobagens que ela diz.

1 mês depois


Acreditam que um mês já se passou e, as vezes, ainda penso no que aquela garota me disse? Mas tenho que me manter focado, hoje farei uma palestra sobre a minha área em uma renomada universidade de medicina.
Cheguei no auditório e os alunos ainda estavam entrando, estou seguindo meu caminho até o palco quando ouço uma risada contagiante e conhecida, então a vejo.
Ela me olhou, sorriu e disse:
- Oi, doutor.
- Oi, futura doutora-palhaça?
- Sabe, doutor, não quero deixar as pessoas bem apenas do corpo, mas também de alma.

- Bem difícil, os dois.

- Sim, mas o primeiro passo é estar bem com a sua! Acho que estão te chamando para começar a palestra, doutor.

- É, realmente, tenho que ir.
- Boa palestra, "se a tranquilidade da água permite refletir as coisas, o que não poderá a tranquilidade do espírito?". - Ela saiu e sentou perto dos seus amigos e eu fui tentar dar uma palestra. É, tentar, essa garota parece ter um poder de me fazer pensar somente no que ela diz, e desconcentrar de todo o resto.

Fim da palestra, nunca tive dificuldade em fazer isso, mas hoje a conversa com a garota me desconcentrou. Eu queria pensar nas coisas que ela me fala, eu queria conversar com ela e iria.
Fui em sua direção e a chamei:
- Doutora-palhaça. - Ela se virou pra mim com aquele sempre surpreendente sorriso.
- Sim, só doutor?
- Queria saber se ainda vai fazer visita ao seu namorado.
- Claro, doutor, sempre visito meus namorados, irmãs, tias, vovós, até filhas haha. - Pelo namorado que conheço, pude perceber que você o faz se sentir muito bem, e consegue prendê-lo de uma forma inimaginável. - Não só eles, completei mentalmente.
- Eles me fazem muito mais, cada palavra é um banho de sentimentos, que quando conseguimos os decifrar é sempre um grande aprendizado.
- Você é muito surpreendente, vai ser uma grande hematologista.
- Não, o que mais quero é ser uma grande pediatra e... - A interrompi, não estava em meu controle habitual.
- Você já é tudo o que quiser, você uma grande pessoa. - não resisti e cheguei mais perto daquele lindo rosto, coloquei seu cabelo atrás da orelha e a beijei, tão doce, com tanto sentimento, só podia ser o beijo dela.
Infelizmente, tivemos que partir o beijo, queria tanto poder me manter naquela imensidão de sentimentos que já não sentia faz algum tempo, na verdade, nunca senti desse jeito.

- Cardiologista.
- Ham? - Essa garota me confunde até com uma palavra.
- Você não me deixou terminar, mas confesso que adorei ser interrompida por doces palavras e beijos.
- Entendo, Palhaça-cardiologista-pediatra, eu não sei o que te dizer. -Estávamos nos aproximando quando seu celular começou a tocar, ela olhou em seu visor e saiu, sem nem ao menos dizer uma de suas. E foi incontrolável, mas um vazio ficou.

Doutora-palhaça POV.

Tive que sair correndo de um momento que estava muito bom, mas os deveres sempre me chamam. Um dos meus deveres tem nome e sobrenome e, que apesar de tudo, tem todo amor que possuo, ele é o David, o amo como um irmão e faço tudo por ele, sou a única que consegue o acalmar quando ele tem as suas crises de esquizofrenia, é um transtorno mental complexo que dificulta na distinção entre as experiências reais e imaginárias, e parece que sou a única coisa na sua vida que é real em todas essas realidades que ele vive, mesmo não sendo realmente sua irmã.
- Onde ele está, dona Ana? – pergunto, assim que chego em casa.
- Está escondido, minha querida, embaixo da cama. - Olhei para seu braço e vi um corte ali, já presumi o que o causou.
- Ele te machucou, vou lá acalmá-lo e volto aqui par cuidar da senhora.
- Vai sim, minha linda, dessa vez ele teve um ataque pesado. - Dei um beijo em seu rosto e subi a escada às pressas, indo direto ao seu quarto.
- Meu príncipe, sou eu, cadê você, meu amor?
- Princesa, princesa, se esconde, vem ficar aqui comigo, não quero que eles te peguem. – ele falou, com medo e uma agonia na voz que partiu o meu coração, mas fui ficar com ele embaixo da cama, pois só assim o acalmaria.
- Agora estou aqui embaixo com você, vai ficar mais calmo?
- Eles não vão te pegar agora, você vai poder cuidar de mim, eles não vão nos pegar, não vão, não vão.
- Eu sempre vou cuidar de você, meu príncipe, nem que tenha que enfrentar todos esses monstros.
- NÃO, NÃO SAI, NÃO SAI, NÃO SAI, NÃO SAI, NÃO QUERO QUE ELES TE PEGUEM, NÃO SAI, NÃO SAI, NÃO SAI. - O abracei e ficamos assim, até sua voz e seu fôlego não aguentarem mais gritar e seu corpo não ganhar a batalha contra o cansaço. Depois disso com um pouco de dificuldade o consegui colocar na cama, como ele está crescido, lembro de quando o fui conhecer, ainda um bebê.
Estava saindo do quarto quando acabo trombando em alguém.
- Oi, meu anjo, saindo do quarto do meu irmão maluquinho, ele teve outro de seus ataques, aposto. – falou, segurando meus braços.
- Não o chame assim, e sim, ele teve, queria saber se poderia o levar ao médico, acho que precisa aumentar as doses do remédio. – o respondi, enquanto tentava me soltar.
- Você pode fazer tudo que quiser, meu anjo, desde que não me deixe, e já disse a você que amo meu irmãozinho.
- Não seja hipócrita, você não ama nada.
- Eu amo sim, amo o que ele me traz, e esse é o único amor que conheço, não vou abrir mão dele por nada nesse mundo. – ele disse, me apertando ainda mais.
- Não vou sair daqui, Fernando, agora me solta que está me machucando e tenho que cuidar da Ana.
- Tudo como quiser, meu anjo. – disse, me soltando, mas antes disso me beijou, beijo esse que só me trouxe repulsa.
Desci as escadas e fui até Ana, primeiro pegando minha maleta de primeiros socorros, quando me viu foi logo dizendo:
- Não precisa disso, minha querida, foi só um cortezinho bobo.
- Para, Na, quantas vezes quando nós éramos pequenos você não teve que ficar soprando raladinhos.
- Bons tempos aqueles, você ainda tinha seus pais, você sempre estava do lado do Fernando, mas por vontade própria.
- Era tudo bem diferente, nem reconheço mais aquele meu amigo, apesar de tudo sempre o dei força e todo amor que pude e, mesmo assim, ele virou isso. Sei mais do que ninguém o quanto é difícil viver sem o amor de sua mãe e como foi ainda mais difícil quando o seu pai o culpou por tudo, mas achei que o meu amor podia salvá-lo.
- Ainda pode.
- Não tenho mais tanta certeza – falei, terminando de fazer o curativo, dando um beijo em sua bochecha e fui para o meu quarto.
Deitei em minha cama e finalmente pude lembrar da parte boa do meu dia, o meu momento com o doutor, desde quando o vi quis descobrir tudo que havia por trás de toda aquela máscara, e sei que ela só veio depois de muito sofrimento, já disse que adoro curar as pessoas?

Doutor POV
Depois de toda a desilusão que passei com minha ex-mulher a última coisa que deveria querer é colocar outra mulher na minha vida, ainda mais essa mulher que parece valer por quatro. Eu preciso vê-la, mas agora tenho que cuidar da minha paciente.
- Oi, dona Marta, como a senhora está?
- Oi, meu menino, estou muito bem, e acho que não sou apenas eu.
- Me conhece muito bem.
- Mais do que imagina, por isso vou te dizer, não deixei seu medo ou a falta de controle sobre os sentimentos te impedirem de viver.
- Difícil, mas farei de tudo.
Logo quando terminei de examiná-la já sabia que não iria para casa, mas sim atrás da garota que me fazia, de forma confusa, me sentir em casa.
Chegando na faculdade decidi esperar fora do carro, onde conseguisse ver tudo, não poderia perdê-la de vista novamente.
A vejo saindo, quando estou indo a encontrar vejo um homem se aproximando dela e claramente forçando um beijo.
- Solta ela, seu babaca. - ele parou de beijá-la e eles me olharam, ela com um olhar triste, que eu ainda não conhecia e que faria de tudo pra não ver mais. - Doutor, deixa...
- Não importa o que falar, nada me convencerá que está gostando.
- Seu idiota, quem você pensa que é pra se meter no meu beijo com a minha noiva? Sai da minha frente, e você, meu anjo, vai me explicar tudo sobre esse merdinha e a liberdade que ele tem com você em casa. - Ele disse, a arrastando.
- Larga ela. - Iria tentar puxá-la, mas ela me pediu com aquele olhar que me doía ver.
- Por favor, doutor, eu tenho que ir com ele, me deixa, vai ficar tudo bem "para conseguir algo, é preciso sacrificar algo de valor equivalente, Esse é o princípio básico da alquimia, a troca equivalente."
E me deixou, não iria aceitar as coisas assim, não iria aceitar ela se sacrificar, não iria aceitar vê-la assim, então decidi segui-la.
Depois de algum tempo, eles pararam eme frente uma casa e ele saiu a arrastando, queria avançar nele, mas algo me dizia que interferir seria a melhor forma de acabar com toda a sua pena. Eles entraram na casa e, por sorte, consegui vê-los pela janela, ele a empurrou no sofá e disse.
- Quem é aquele cara? Por que ele tem toda essa intimidade com você? - Ela respondeu chorando.
- Ele é um médico.
- Então quer dizer que a vadiazinha tá dando pra conseguir se formar, é? Me responde? - Chegou perto dela e deu um tapa em sua cara, não estava mais conseguindo me segurar, mas antes fui no carro peguei meu celular.

Doutora-palhaça POV

Eu não aguentava mais ele me batendo e me tratando assim, tudo que eu queria era ter ficado com meu doutor, mas eu não posso ser egoísta, eu vou cuidar do David até o fim, não quero que ele se torne isso que seu irmão virou.
- Não eu não sou isso.
- É sim. - Ele ia me bater novamente, mas um grito o interrompeu.
- Larga ela, seu mostro, você não vai bater nela como faz comigo, eu vou protegê-la.
- Olha se o maluquinho não é corajoso.
- Meu amor, tá tudo bem, volta lá pra cima.
- Não está tudo bem, ele está te machucando, não vou deixar, você me protege de todos aqueles monstros, eu quero te proteger deste. - Ele disse indo pra cima de Fernando, mas foi empurrado pra longe.
- Monstro! Você tá batendo em uma criança, eu aguento tudo pelo meu amor por ele, então não encoste um dedo nele. – Comecei a arranhá-lo e socá-lo mesmo sabendo que seria como um nada pra ele, Fernando me segurou e disse.
- Eu só aguento esse garoto porque essa é a única forma de te ter. - ouvi um estrondo forte a porta foi arrombada.
- Largue-a agora, o senhor está preso. - disse um policial, quando senti estava sendo abraçada e empurrada pra longe, por ele, o meu doutor.
- Você está bem? Claro que não, ah, seu babaca, você me paga. - ele foi pra cima de Fernando, mas foram imediatamente separados pela polícia.
- Não tente fazer isso, senhor, se não teremos que o levar também.
- Tudo bem, só quero esse cara pague.
- Não pense que as coisas vão terminar assim, meu anjo, estão apenas começando, ainda vou fazer parte da sua vida e, talvez, do maluquinho também.
Tinha medo, pois sabia o que ele era capaz, mas me sentia protegida naqueles braços que me defendiam.
- Deixe-a em paz!
- Sem ameaças, senhor, ou sua situação irá ficar muito pior que já está. - ele estava sendo levado quando gritou.
- Volto logo, meu anjo.
Olhei para meu doutor, que me abraçava, e de sua boca ouvi muito mais do que precisava naquele momento.
- Sei que tudo que falar agora pode parecer precipitado, mas isso é algo que não sou, então tudo que ouvir de mim no momento, pode ter certeza que pensei muito mais pra dizer isso do que um cara te conhece por anos, eu já amei muito uma mulher, e fui trocado, perdi as esperanças de encontrar o amor, mas eu acabei achando muito mais que isso, achei à esperança, achei o calor que vai me aquecer quando tudo em volta for frio, e eu amo esse seu jeito, que me faz pensar sobre tudo, que me faz ver que tudo pode ser bonito e que a bondade vai vencer todo mal, com você me sinto em casa, com você quero formar um lar e quero sonhar com seus sonhos e viver nos seus sorrisos, ilumina o resto da minha vida com seu sorriso?
-Eu, a garota das frases, estou totalmente sem palavras, mas te digo que será uma honra, cuidar do seu corpo e da sua alma, doutor.




Fim



Nota da autora: Sem nota.



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