Finalizada em: 16/07/2020

I

Soluços assustados eram ouvidos pelo local. Os reféns estavam no chão. Mãos na cabeça, olhares amedrontados para o piso. Temiam não saírem vivos dali. Enquanto isso havia um rapaz com as armas apontadas para eles, enquanto outros dois faziam uma algazarra no local. Chutavam as mercadorias, esfaqueavam o estofado dos bancos, atiravam em objetos de vidro. Quanto maior a destruição, melhor.
E, é claro, havia o elemento principal daquela caótica cena de crime.
Ele andava por entre os destroços, com a mochila cheia de dinheiro em uma mão e uma arma empunhada na outra. Como os outros três, tinha uma máscara de palhaço macabra tampando seu rosto. Era possível ver seus olhos nos dois furos da máscara: duas órbitas negras e assustadoras. Medonhos.
- Eu irei contar uma história a vocês. - ele murmurou em tom divertido, a voz saindo profundamente rouca. - Era uma vez um garotinho... Esse garotinho tinha uma mamãe e um papai.
Ele subitamente aponta a arma para a testa de uma mulher grávida que estava ao chão, enquanto chutava com força o estômago do marido ao seu lado. Ela soltou um grito esganiçado de terror, tremendo das cabeças aos pés. Seu marido gemeu, encolhendo- se mais contra o piso.
- O papai foi brutalmente morto por caras malvados. E a mamãe ficou tão triste que se entupiu de drogas e também partiu dessa para a melhor. Que peninha! - ele cantarolou, enquanto movimentava o cano da arma pelo corpo da mulher. Passou por seu rosto, desceu para seu pescoço, colo... E pousou em sua barriga. A mulher começou a chorar, implorando para que a deixasse em paz. - Ela deixou o garotinho para sobreviver nesse mundo terrível completamente sozinho. Sem papai, sem mamãe... Apenas amargura e solidão. Vocês sabem o que aconteceu depois? - ele questionou, abaixando- se ao lado da mulher. Ela desviou o olhar, murmurando preces a Deus. Murmurando por mais uma chance. - O garotinho foi crescendo e sobrevivendo dia após dia ao inferno em Terra. Mas o que será que manteve o garotinho vivo? - ele virou- se para o marido deitado, chutando- o novamente, dessa vez em seu rosto. - Vingança. - ele rosnou, destravando a arma apontada para a barriga da mulher.
- Não!!! - o homem gritou.
Mas era tarde demais.
Ele puxou o gatilho.
O som irritante e arrastado de uma música com tema de circo soou, enquanto um mini palhaço fazia caretas na ponta da arma. A mulher grávida segurava sua barriga, completamente aliviada e ao mesmo tempo em choque. Seu marido a segurou em seus braços. O atirador riu de maneira estridente, levantando e assobiando, chamando seus companheiros para darem o fora dali.
Os gritos perversos ecoavam na van preta, enquanto tiros desleixados eram disparados pela janela, sem qualquer preocupação com a possibilidade de uma bala perdida atingir alguém. Os gritos misturavam- se com risadas agudas, altas o bastante para causarem arrepios a qualquer pobre civil andando pelas ruas naquela madrugada.
Mais um roubo bem sucedido. Mais dinheiro para as almas ambiciosas e corrompidas.
As máscaras de palhaço estavam jogadas no chão da van, juntamente com uma mochila completamente cheia de cédulas de dinheiro recém roubadas do banco central.
- Olhem para isso, OLHEM PARA ISSO! - berrou, balançando as notas verdes em uma mão enquanto atirava compulsivamente com a outra. - Imaginem quantas prostitutas irei dormir esse mês, só IMAGINEM!
- Não, eu quero fazer algo maior. Doces! Vamos comprar muitos doces! - cantarolou, feliz, enquanto mantinha as duas mãos firmes no volante.
- Por favor, vocês viram a cara de Marcus Del Monaco quando fingiu atirar naquela vadia? Deveríamos usar o dinheiro para conquistar sua área da cidade. Temos o dinheiro, agora temos poder. - sorria perverso, enquanto atirava em uma loja de eletrodomésticos. A vitrine da loja foi quebrada, e os estilhaços de vidro voaram pelos ares. Automaticamente o alarme de segurança fora ativado. As risadas aumentaram, e desceu o pé no acelerador, levando- os para bem longe dali.
- Iremos fazer tudo isso. - a voz rouca e arrastada finalmente se pronunciou e automaticamente a baderna havia sido cessada. Os olhares dos três rapazes se voltaram para o líder, este que ainda mantinha a máscara de palhaço no rosto. Era aterrorizante. - O caos é nosso lar. Essa cidade é nosso parque de diversões e iremos destruí- la lentamente, até não sobrar mais nada.
Os demais soltaram uivos de aprovação. subitamente parou, estacionando o carro. O líder se levantou, abrindo as portas de correr da van e saindo do veículo. Havia chegado ao seu inferno particular. Os três o olhavam, parecendo ansiosos.
- Você acha que Seth irá descobrir? - pergunta, receoso.
O líder ri roucamente, retirando a máscara de palhaço. Sentiu a brisa fresca da madrugada em contato com seu rosto e aquilo o fez rir mais.
- Enquanto eu estiver no comando ele nunca suspeitará de nada. Seth ou as autoridades, nada pode me atingir. - e então ele virou- lhes as costas, não antes de murmurar: - Eu sou indestrutível.
E de fato ele era.
Aquele era , o delinquente perverso e indomável que aterrorizava as ruas de Nalina –a cidade esquecida por Deus e amparada pelos braços do capeta, como carinhosamente adorava citar. O rapaz, mesmo tão jovem, estava construindo seu próprio império com os crimes cometidos e as barbaridades realizadas juntamente aos seus fiéis companheiros de sua gangue, a Scary Clowns (os quais o seguiam sem nem questionar). era ambicioso, abusava da sorte, se divertia com o perigo. Ele era superior a tudo e todos e nada poderia pará- lo.
- Por onde caralhos você andou, ?!
Bem, quase nada.
O garoto prontamente escondeu a máscara de palhaço nos bolsos, amassando- a para que passasse despercebida. Seth rumou até ele, atravessando a sala escura, com os passos pesados de alguém visivelmente irritado.
- Fui no fliperama com os caras. - ele respondeu vagamente, fazendo de tudo para sua voz soar o mais arrastada e tediosa o possível.
Não conseguia ver Seth, mas podia jurar que o mesmo bufou como um touro raivoso diante ao seu comentário superficial. Era típico. Seth se irritava com sua irresponsabilidade e adorava afirmar o quão inútil ele era. Para ele, era só um adolescente desleixado que não tinha futuro algum pela frente. Quando a Scary Clowns se tornasse uma gangue temida e respeitada, ele faria questão de esfregar na cara do velhote o quão enganado o mesmo estava –pelo menos era dessa forma que gostava de pensar.
- Minha filha chegou hoje. - Seth rosnou, incomodado. - Preparei um jantar para ela. Era para você estar aqui.
- Não dou a mínima para sua filha.
- Pois deveria. - Seth sibilou, parecendo se controlar para não bater no rapaz. - Se você fosse mais grato, a veria como sua irmã.
- Você não é a porra da minha família! - se exaltou, afastando- se do pai adotivo, cansado da ladainha imbecil do mesmo. - Eu vou dormir. Tenho aula amanhã.
- Como se você se importasse, seu vagabundo de merda. - Seth grunhiu, enquanto o garoto se esgueirava pela escuridão.
havia sido adotado por Seth quando tinha dez anos. Seus pais morreram, sua mãe por overdose de drogas e seu pai fora assassinado pela gangue Black Dragon, a qual o mesmo costumava fazer parte. obviamente odiava a maldita gangue e seu sonho era ser bem sucedido o bastante no mundo do crime para extermina- los de uma vez por todas. E era por isso que fez aquela cena mais cedo ao bater em Marcus Del Monaco, ameaçando matar sua mulher e seu filho, quando no fim tudo se tratava de uma única coisa: vingança.
Subiu as escadas, preparado para abrir o armário de vassouras o qual chamava de quarto. Mas algo o fez parar. A luz acesa do quarto de hóspedes chamou sua atenção, fazendo- o lembrar- se da presença de outro elemento na casa. não conhecia a filha de Seth. Sabia que a mesma morava com a mãe na capital e que não era uma grande fã do homem pois o mesmo havia as abandonado precocemente (um dos motivos que levaram Seth a adotar : a culpa pesou os ombros e ele resolveu que deveria ter uma nova família. Grave erro. Seth era tão desprezível que nunca poderia ser um bom pai). Sobre a garota, também sabia que ela era inteligente, e que só havia retomado o contato com o pai pois uma oportunidade imperdível havia surgido na escola municipal de Nalina –algum curso preparatório específico para uma área a qual ela gostaria de cursar após o colégio. Isso significava que ele mal a veria, pois ela estava ali exclusivamente para dedicar todo seu tempo aos estudos.
Os dias passaram. demorou para conhecê- la, pois os horários não batiam. Quando ele acordava, ela já havia ido para a escola. Quando ele chegava de madrugada depois de uma série caótica de crimes, ela já estava dormindo profundamente.
Porém quando enfim a conheceu, as coisas mudaram.
A primeira vez que a viu havia sido no pátio do colégio. Ele estava em seu lugar costumeiro: o banco de madeira rústico posicionado debaixo da árvore de troncos grossos e folhagem espessa o bastante para deixá- lo escondido nas sombras. Estava sentado desleixadamente, com as pernas estiradas e o corpo torto. Seus amigos, como era de se esperar, estavam ao seu redor. contava alguma de suas típicas histórias maliciosas de maneira cômica, fazendo e rirem alto. Normalmente estaria prestando atenção no assunto, talvez sorrindo daquela forma debochada característica de seu ser. Talvez faria algum comentário depreciativo envolvendo seu melhor amigo e a péssima habilidade com garotas do mesmo, e se divertiria com a reação exagerada que ele lhe ofereceria.
Mas não naquele dia.
Naquele dia estava em uma situação muito incomum: ao invés de prestar atenção em seus fiéis amigos, estava ocupado demais fixando seu olhar sombrio em uma figura esbelta que atravessava o pátio. Foram necessários apenas sete segundos para decidir que gostava imensamente do que via. Normalmente ele diria que seu olhar fissurado na jovem era justificado pela forma que a saia do colégio caia perfeitamente em seu quadril estreito, destacando sua bunda. Ou ainda pela camisa social branca apertada que valorizava seus seios. Mas não. Seus atributos físicos só vieram a ser percebidos depois. O que realmente chamou a atenção de fora o ato mais natural que alguém pudesse fazer: sorrir. A garota esbelta havia esbarrado rapidamente em outro estudante, pediu mil desculpas de uma forma extremamente doce e educada, e então... Ela sorriu.
Sete segundos.
O olhar vidrado de acompanhou a jovem até ela sumir de seu campo de visão.
- Está olhando o que, ? - o questionou, curioso.
- Nada que seja da sua conta. - respondeu, mau humorado. estreitou o olhar para o amigo.
- Eu estava aqui contando a MELHOR HISTÓRIA e você simplesmente não prestou atenção em uma palavra? Você ao mesmo me ama, ?
- Não estou interessado em sua péssima vida amorosa, . - rebate, subitamente sentando- se direito e ajeitando a postura. - Vocês falaram com o capanga do Marcus?
Os três se entreolharam assustados. arqueou a sobrancelha, fitando- os ameaçadoramente. Marcus não sabia que e os garotos eram na verdade a Scary Clowns. Ele os via como meros delinquentes sem futuro procurando por uma oportunidade. Medíocres, insignificantes. Principalmente , o qual ele enxergava como um órfão revoltado. Marcus não se recordava do mal que fez a , e ele adoraria se aproveitar disso.
- Eu falei. Thomas, um dos playboys do colégio, é membro da Black Dragon. Tentei persuadia- lo com o meu charme irresistível, e é claro, consegui convencê- lo a marcar uma reunião. - anunciou. - Mas o imbecil está me enrolando. Ele disse que Marcus não vê potencial em adolescentes rebeldes como nós.
- Huh, verdade? Que pena. - debochou, fazendo um biquinho falsamente afetado com os lábios. - Você disse a ele que nós fomos os adolescentes rebeldes que assaltamos seu banco e fizemos ele e a mulher de reféns? Aposto que ele repensaria.
- Óbvio que não. - respondeu, rindo de nervosismo.
- Eles são barra pesada, . Você sabe disso. A quantidade de seguidores que aqueles caras tem não é brincadeira... - tentou intervir, mas prontamente o interrompeu com um mero levantar de mãos.
- Não me venha com essa baboseira de seguidores. Não dou a mínima para números. Somos mais inteligentes que eles. - ele afirma, em um tom definitivo de alguém que não aceitaria ser contrariado. - Quando iremos nos encontrar?
- É como eu disse, Thomas só me enrola. - diz frustrado.
- Thomas é um imbecil e está visivelmente blefando, . - disse, crispando os lábios em desagrado. - Acho que seremos obrigados a persuadir o filho de Marcus. Esse sim pode ser nossa chave definitiva para contato.
- E quem diabos é o filho dele?
- Del Monaco.
quase quis rir com a coincidência. Havia ficado tão focado na garota que não havia percebido que o estudante o qual ela lançara o belo sorriso de desculpas havia sido ninguém menos que Del Monaco, o queridinho do colégio. E agora ao fita- lo atentamente, pôde ver o sorriso embasbacado que ele ostentava enquanto olhava para o nada, tão afetado com a garota quanto .
já o odiava.
- Certo, cuidaremos do Del Monaco depois. Minha prioridade agora é outra.
- E qual seria ela?
sorri. Aquele sorriso cruel e sádico que combinava perfeitamente com seu olhar sombrio. Completamente sedento por caos.
- A prioridade agora é fazer Thomas se arrepender de ter nascido. - prometeu friamente, fazendo os amigos assentirem, ansiosos.
E sua promessa sádica fora cumprida naquele mesmo dia.
As aulas haviam acabado. A maioria dos estudantes deveriam estar em suas respectivas casas, cuidando de suas vidas medíocres. Mas não. O rapaz havia ficado, pois havia assuntos a resolver.
E o assunto veio, sendo este um garoto de cabeça erguida e ar superior.
- Olá, Thomas. Que bela tarde, não é mesmo? - saiu por entre as sombras das árvores, sorrindo maleficamente para o rapaz. Thomas pulou de susto, os olhos arregalados e a expressão mortificada. A postura superior havia sido abandonada, e o comportamento de um garotinho assustado tomou seu ser. Ele sabia o que lhe aguardava.
- ! E- eu... Eu ia falar para seus amigos que–
- Não importa mais, Thomas. Você teve inúmeras chances de resolver nosso probleminha com eles... Agora você terá que resolver isso comigo. - subitamente o pega pela gola da camiseta, puxando- o para perto de si: - Você tem ideia de quem eu sou, seu merda?! Acha mesmo que eu irei deixar você me enrolar sem fazer da sua vida um inferno depois disso?!
- N- não! Eu juro que não, eu...
- Chega. Você me deixou muito, mas muito magoado, Thomas. - anuncia, fazendo um pequeno bico com os lábios. - Você não me dá opções. Terei que pegar pesado.
- ... Por favor...
Palavras eram em vão.
o socou. Uma, duas, dezenas de vezes. Ele não se importava no quão machucado o adolescente sairia: Thomas havia sido mais um tolo que se metera com e sua gangue. E agora o jovem se arrependeria amargamente de tal decisão.
estava tão entretido espancando o rapaz que não havia notado a aproximação repentina de um terceiro alguém.
- V- você... - a voz trêmula e baixa soa atrás de si. se vira, vendo a filha de Seth olhando- o horrorizada. - Deixe ele em paz!
subitamente para. Ele ignora a garota em estado de choque, virando- se para limpar o sangue fresco de suas mãos na camisa social do garoto caído. se levanta, ajeitando a postura e enfim dando a devida atenção para a garota, que parecia a ponto de ter uma síncope.
Ele precisou respirar fundo ao vê- la.
A garota tinha a mochila pendurada precariamente nos ombros, enquanto levava nas mãos uma pilha de livros os quais percebeu que haviam acabado de serem pegos na biblioteca. Ao julgar pelo cabelo emaranhado e a expressão sonolenta, ela deveria ter pego no sono enquanto estudava. No momento a garota o fuzilava com o olhar, mas não conseguia a levar a sério. Ela parecia uma nerd desengonçada e... Adorável.
- Ele mereceu. - diz devagar, fazendo a menina prontamente negar com a cabeça.
- Violência nunca é a resposta! Você é um imbecil! Eu deveria te denunciar para a direção.
As lamúrias baixas do rapaz recém agredido pairavam entre os dois. A menina fez uma careta de angústia.
- Huh, verdade? - riu debochado. - Certo. Vá em frente.
A menina pareceu vacilar diante a tranquilidade que disse aquilo. Ela se aproxima, olhando- o com certo temor.
- Eu estou falando sério. Irei te denunciar.
- Eu também estou falando sério. - ele dá um passo em direção a garota, murmurando pausadamente em seguida: - Vá. Em. Frente.
Ela respirou fundo. Subitamente ajeitou a postura, olhando- o de forma muito superior. Ele arqueou a sobrancelha, surpreso com a confiança repentina que havia se instalado na garota.
- Pois eu irei imediatamente.
Dito isso, a filha de Seth deu a volta, andando a passos firmes em direção ao portão principal do colégio. tinha duas opções: ou a deixaria ir, se encrencaria e receberia uma punição ridícula (que não se compararia com a surra que Seth lhe daria em casa); Ou a impediria de alguma forma.
Ele estupidamente optou pela última opção.
era ágil e em poucos segundos já estava na cola da garota, segurando- a pelos braços e obrigando- a a virar para si. Os livros caíram. Ela soltou um grito, exaltada e, claro, muito surpresa.
- O que pensa que está fazendo?! Meus livros! - ela exclamou, prontamente abaixando- se para pega- los no chão. fora mais rápido, pegando- os antes e escondendo atrás de seu próprio corpo.
- Se você for até a diretoria e abrir essa maldita boca, eu terei problemas. Não posso permitir que faça isso. - ele diz devagar, como se estivesse explicando a situação para uma criança.
- Você fez suas próprias escolhas! Agora arque com as consequências de seus atos, seu babaca! - ela xinga, tão irritada quanto ele. bufou, cansado. Já não achava a garota tão adorável, e sim muito irritante.
- Certo. Você está certa. - ele diz por fim. Subitamente uma ideia lhe veio à mente, fazendo- o sorrir. O garoto se aproxima da jovem, seu olhar sombrio caindo sob sua figura. Ela o olhava desconfiada. - Eu posso ser bastante babaca. - deu mais um passo. - E também tomo péssimas escolhas. - mais um. - Porém, possuo inúmeras qualidades... - agora ele estava bem em sua frente, seus corpos quase se encostando. A menina estava completamente pasma com a aproximação repentina. - Minha maior qualidade é ser simplesmente indestrutível. Nada pode me derrubar, garotinha. Sou esperto demais para isso. - sua voz subitamente diminui, soando mais como um murmúrio arrastado e envolvente: - Você também parece ser uma garota esperta, por isso tenho certeza que não quer se meter comigo. Eu posso acabar com a sua vida em um estalar de dedos. - com a mão livre, o homem segura o rosto da jovem de súbito. Por mais que o movimento tenha sido abrupto, a carícia que ele depositou em sua bochecha fora terna o bastante para deixá- la completamente petrificada em confusão. Ele lhe sorriu torto. - Faremos disso o nosso segredinho, está bem? - ele pediu em um sopro. - Você me deixa em paz. Eu te deixo em paz. E assim cada um segue o seu caminho. Posso contar com você? Ótimo. Boa menina.
se afastou, preparado para simplesmente dar a volta e deixar a garotinha para trás. Mas ela o surpreendeu. A menina ajeitou sua postura, questionando- o avidamente:
- Isso é tudo? - ele se virou, olhando- a confuso. - Você acha mesmo que pode me assustar com essa ladainha imbecil de garoto malvado? Que vão para o inferno você e esse seu ego infinito! - ela ia continuar a amaldiçoar , mas de repente um pensamento específico a fez parar. Ela sorriu irônica. - A lei do retorno é real e de qualquer forma você ainda irá se foder muito por ser tão detestável.
Algo incomum acontecia. Os olhos sombrios de estavam completamente vidrados na figura da jovem, enquanto sua mente repassava cada palavra. Como ela ousava enfrentá- lo? Como...?
Ele sorriu.
- Qual é mesmo seu nome? - questionou, divertido. Ela arqueou a sobrancelha, rindo sem humor.
- Devolva meus livros. - ela ignorou sua pergunta, ordenando enquanto estendia as mãos.
- Eu te fiz uma pergunta, doce garotinha. - diz, impaciente. - Responda.
- Meus. Livros.
- Seu. Nome.
- . Agora devolva meus livros!
- Foi um prazer, . - ri, colocando os livros nos braços da jovem. - Até mais.
A garota bufou, dando meia volta e se preparando para andar rápido, a fim de se ver o mais distante o possível de . O garoto ia fazer o mesmo, mas algo o fez parar. Um pensamento bobo e impulsivo. Mais uma ideia.
- Espere!
- Que inferno! Será que dá pra me deixar em paz?! Eu não vou contar para o diretor que você é um bully estúpido, ok?! Já estou pisando na porra dos meus princípios por sua causa, então vê se me erra, garoto!
O ataque da garota provocou uma única reação em : gargalhadas. O rapaz gargalhou alto, sem conseguir evitar. Ele parecia ter despertado o pior lado da doce garota –e aquilo o agradava imensamente.
- Eu só ia te pedir mais uma coisa. - ele diz, ainda em meio a risadinhas.
- O que você quer?
Ele apontou para os próprios lábios, sorrindo docemente com eles. A menina arqueou a sobrancelha, olhando- o como se fosse um lunático.
- Um sorriso. - ele explicou. - Quero que sorria para mim.
- Puta merda... Você é doido. - ela concluiu. - É claro, agora tudo faz sentido. Certo, eu sei lidar com esse tipo de gente, veja bem... - a menina equilibra os livros em uma mão, enquanto com a outra ela escondia o próprio rosto. A jovem faz uma cara irritada, erguendo a mão para cima e sorrindo docemente, descendo a mão novamente e voltando a cara irritada. Imitou a ação três vezes. segurava o riso.
- Você é doida. - ele comentou, e ela apenas deu de ombros.
- E você é esquisito. Passar bem.
subitamente deu- lhe as costas, distanciando- se.
não havia percebido naquele momento, e se alguém tivesse lhe dito, ele teria negado veementemente. A verdade era que algo incomum acontecia consigo: a jovem continuava andando, e ele permanecia parado, os olhos sombrios fixos em sua figura em um tipo de encantamento jamais experimentado.
Quando chegara na casa de Seth (nunca a sua casa, pois não conseguia denominar aquele inferno de lar), fez questão de fazer o mínimo som possível. Seth deveria estar na sala, enchendo a cara com bebida, alheio a realidade –porém todo cuidado era pouco. Ele estranharia ter chegado tão cedo e com certeza viria encher o saco, e a última coisa que o jovem queria era ter que discutir com aquele panaca.
passou pelo corredor minúsculo, logo subindo as escadas que rangiam a cada degrau, se irritando com a situação deplorável em que se encontrava. Finalmente chegou ao andar superior, se dirigindo a seu quarto.
- O que você está fazendo na minha casa?! Eu vou chamar a polícia!
A voz trêmula de soa na porta do quarto de hóspedes. fecha os olhos, respirando profundamente.
- Eu moro aqui. - diz simplesmente. - Se você fosse menos desligada, saberia disso.
A garota arregalou os olhos, a percepção dos fatos finalmente dando clareza para o que ocorria.
- Você é o filho adotivo do Seth.
- Não sou filho daquele babaca. - ele rosna.
- Desculpe. Também não me considero filha dele. - diz baixinho.
- Ele não foi muito bom para você e sua mãe, certo? - ele a questiona, suavizando seu tom. assente.
- Mas não preciso que sinta pena de mim. - ela se prontificou a dizer, quase em um rosnado. sorriu sem humor.
- Não sinto pena. Talvez um pouco de empatia, afinal ele sempre foi um merda e fez da minha vida um inferno. - ele dá de ombros. - Então sim, eu sinto muito por você.
- Certo. - ela suspira. - Também sinto muito, se for assim.
Os dois se encararam por alguns segundos. sentiu um nó estranho na garganta. Ele abriu a boca algumas vezes, querendo falar alguma coisa, qualquer coisa.
Mas fora quem se pronunciou.
- Enfim, tenho que voltar a estudar.
- Certo.
A menina abre a porta do quarto, entrando no cômodo e fechando a porta rapidamente. fica alguns segundos olhando para a madeira descascada. Suspira, virando- se para entrar.
- Qualseunome?!
se vira novamente. Havia uma cabeça flutuante na fresta da porta de hóspedes. parecia travar uma briga interna dentro de si, pois visivelmente não queria estar falando com ele. Aquilo o divertia.
- Desculpe, o que disse?
- Eu perguntei seu nome. - ela murmura, eufórica. Ele ri mais um pouco.
- . Meu nome é .
- Certo. - ela murmura. - Prazer então, .
- Só será um prazer quando você sorrir pra mim.
A garota lhe lança o dedo do meio. não se aguenta, gargalhando. Ele definitivamente estava despertando o pior lado da filha de Seth.
- Adeus, . - e então ela fecha a porta com força. Um resmungo incomodado soa no andar inferior, onde Seth provavelmente xingava o som alto.
Novamente se vê perdido, olhando fixamente para a porta da garota. Ele acaba por murmurar, enquanto fazia força para esconder o sorrisinho insistente que tomava seu rosto:
- Até mais, .


II

- SEU VAGABUNDO IMUNDO!!! MOLEQUE INSOLENTE! ONDE VOCÊ ESTAVA?!
Seth estava em um dia ruim – e os dias ruins dele significavam dias terríveis para .
“Bebi demais, garoto”. - ele justificaria mais tarde. Vinha dando tal justificava desde o primeiro espancamento, três dias depois de ter adotado . Desde então os anos passaram e as agressões continuavam. Sejam elas físicas ou verbais, elas nunca paravam. E aquilo apenas servia para alimentar o ódio crescente do rapaz, a revolta e a dor que sentia para com tudo e todos.
- Se afaste. - ele rosnava enquanto adentrava a casa, com um Seth bêbado cambaleando atrás de si. - Me deixe em paz, só me deixe em paz! - ele diz em tom mais alto, socando com força a parede ao seu lado, tentando não surtar diante a insistência do mais velho.
- Está tentando me dar ordens, seu merdinha?! - o bêbado grunhe, levando as mãos pegajosas aos ombros de , empurrando- o para trás e fazendo- o bater as costas no corrimão da escada. - Te dou um teto e comida e é assim que você me recompensa? Saindo na rua até tarde fazendo sabe- se lá o quê! Como ousa, seu ingrato?!
- Não se preocupe, se fico até tarde na rua é exatamente porque estou planejando minha retirada desse inferno!
- E pra onde você iria?! Ninguém te quer! Você não tem ninguém!
- Tudo é melhor do que ficar aqui com você, velhote filho da puta!
Seth se prepara para soca- lo, mas rapidamente segura o punho do homem. O garoto ri arrastadamente, seus olhos faiscando de ódio.
- Se esqueceu da última vez, seu babaca? Eu te dei uma surra, não dei? - ele rosnou, torcendo o pulso de Seth, fazendo o bêbado choramingar de dor. - Você não quer que eu revide de novo.
- Você é exatamente como seus pais. Um aborto da sociedade, um desperdício de espaço... - Seth murmura em meio a dor.
engole em seco, já farto daquilo. Respirou fundo, sentindo as malditas lágrimas se fazerem presentes em seus olhos, denunciando sua fraqueza diante aquele assunto.
- Eu juro que se você encostar um dedo em mim será a última coisa que você fará. - o garoto finaliza, largando Seth e voltando- se para as escadas, subindo- as apressadamente.
Qual foi sua surpresa ao ver parada no andar superior, olhando- o completamente chocada.
- O que você quer?! - ele rosnou em direção a garota, levando as mãos aos olhos, afastando as lágrimas que já caiam insistentes. sentiu todo seu ser se encher de vergonha e ódio. Vergonha por ela estar vendo- o nessa situação, ódio de si mesmo por ainda ser fraco demais para conseguir controlar suas emoções.
- Sua mão.
O olhar de se desvia para sua mão direita, apenas agora reparando no quão machucada ela havia ficado depois do soco instintivo que deu na parede. Os nós dos seus dedos haviam sido abertos e como consequência sangue escorria banhando sua pele.
- Não é nada...
o segura pelo pulso, guiando- o até seu próprio quarto. franze o cenho, tentando protestar mas sendo prontamente interrompido pelo dedo delicado da garota encostando em seus lábios e pedindo- lhe por silêncio.
- Senta aí. - ela anunciou, obrigando- o a se sentar na cama.
O garoto apenas observou o ambiente com os lábios crispados, extremamente desconfortável. havia transformado o quarto de hóspedes sem graça em um quarto com sua personalidade: as paredes foram pintadas de cores azuladas, haviam bichinhos de pelúcia por toda parte e muitos livros empilhados em qualquer superfície possível.
- Provavelmente vai doer então sinto muito. - ela voltou para perto de com um esparadrapo e álcool em mãos, fazendo- o prontamente negar com a cabeça, sendo impedido pela garota jogando o álcool em cima de seu ferimento, arrancando um gemido alto do rapaz.
- Porra, ... - ele resmunga. - Não era dessa forma que eu me imaginei gemendo em sua presença.
- Você é nojento. - ela murmurou, concentrada em desinfetar o ferimento, enrolando- o com o esparadrapo em seguida. - Acho que está bom. Mas acho melhor irmos ao hospital amanhã... Talvez precise de pontos.
- “Irmos”? - a questionou com a sobrancelha arqueada. - Eu e você?
- Sim. Qual é o problema?
Ele assobiou longamente, se espreguiçando enquanto se encostava no colchão da jovem.
- Também não é dessa forma que imaginei um primeiro encontro. Mas creio que você seja uma garoto com gostos peculiares... Tsc. Dor e hospitais, huh? Bizarro.
- É adorável a forma que você usa humor como um mecanismo de defesa, . - ela rebate, sorrindo minimamente. - E você o usa desastrosamente, já que você não é engraçado.
dá de ombros, sentindo- se subitamente mais leve, como se todo o peso depositado em seus ombros quando adentrava aquela maldita casa houvesse se esvaziado em segundos.
- Não quero falar sobre aquilo, está bem? - ele diz suavemente. - Eu vivo um pesadelo e isso é tudo.
- Bem... Viveremos esse pesadelo juntos, então. - diz indiferente, aproximando- se de . Ele sentiu algo estranho ao ouvi- la falar daquela forma. - Você irá dormir?
- Vou. Aqui. - ele anunciou e ela riu incrédula.
- De jeito nenhum.
Contrariando a garota, se ajeita na cama, retirando seus sapatos e preparando- se para adormecer.
- Você tem prova amanhã. Tenho certeza que você passará a noite em claro estudando e nem usará essa cama. - ele pontua, o olhar sombrio recaindo sobre ela. - Você pode ler pra mim até eu adormecer.
respirou fundo, dando de ombros. Ela não parecia querer contraria- lo. Resignada, a menina pega um dos livros do lado de sua cama, colocando- o em seu colo e retomando sua leitura em voz alta. lia de maneira clara e vívida, com uma dicção admirável. Sua voz era suave e doce. deixou- se se perder no som daquela bela voz, afundando pela primeira vez em muito tempo em um sono livre de pesadelos.


III

A van sacudia a cada obstáculo que passava sem cuidado. Os três garotos se seguravam atrás, enquanto pedia mil desculpas no banco de motorista.
- A estrada daqui é péssima, tem buracos por todos os lados! - ele se justificava, mas isso não impedia os amigos de xingá- lo.
- E para onde estamos indo afinal? - pergunta, irritadiço. Ele brincava com um canivete em mãos, não se importando com o perigo iminente de se cortar devido a movimentação da van. Não estava com paciência alguma para vagar sem rumo e ainda por cima tão tarde. - Não quero voltar tarde.
- Você nunca se importou em voltar tarde. - diz, de repente completando em um tom venenoso: - Mas é claro, antes você não tinha motivos para isso.
- Oh sim. Ele tem um motivo bem específico. - comenta, sorrindo malicioso. - O motivo é estupidamente inteligente e tem um belo par de peitos.
deu um soco forte no braço de , fazendo o amigo soltar um grito esganiçado de dor.
- Você quase arrancou meu braço! - ele gemeu.
- Na próxima arranco algo pior. - ameaça, apontando o canivete diretamente para as partes baixas de . O menino engole em seco. - E ainda te obrigo a engolir.
- Não seja tão estressado, . - comenta, rindo. - Nós até que achamos bonitinho você querer comer sua irmã postiça.
fecha os olhos fortemente, já farto daquilo. Ele sabia que não deveria ter contado para eles, mas não é como se tivesse tido escolha.
fazia de tudo para não chamar atenção no colégio. Ela andava com a cabeça baixa, se escondia por detrás de pilhas de livros e raramente saía da biblioteca. Porém seu esforço era em vão. As pessoas rapidamente a notaram quando perceberam o único estudante que ela tinha contato: . Quando ela o via pelos corredores, sempre lhe lançava uma careta em deboche, ou um sorriso falso seguido por um levantar do dedo do meio. E adorava aquilo. Se divertia com a garota o enfrentando tão descaradamente, e é claro que revidava à altura –e até pior.
Se lembrava perfeitamente da primeira vez que de fato falou com ela em público, atraindo olhares de todos os estudantes. A maioria os olhavam assustados, pois raramente conversava com alguém fora de sua gangue que não fosse para prejudicar o mesmo. Olhares de pena eram lançados para , prevendo o pior.
Mas fez exatamente o oposto.
A garota estava sentada em um dos bancos de pedra localizados na extensão do campus do colégio, com um jornal em uma mão enquanto bebia um copo de capuccino na outra. subitamente se sentou ao seu lado, roubando o capuccino e bebendo- o sem permissão.
- Ótimo, agora terei que comprar outro. - ela murmura, sem retirar os olhos do jornal.
- Por que? Você tem nojo da minha boca? - ele provoca.
- Claro. Sabe- se lá por onde ela passou.
- É impressão minha ou você está interessada no que minha boca já fez? - ele estala os lábios, balançando a cabeça em negação. - Tsc. Para quê se atentar ao passado, ? Vamos focar no presente... Posso te mostrar o que ela pode fazer agora.
- Cale a boca. - ela murmura, mas pelo canto dos lábios pôde ver o sorriso que ela estava reprimindo. Aquilo lhe deu ainda mais confiança para se aproximar.
- Por que está lendo o jornal? Você tem o quê, sessenta anos?
- Por que está no colégio? Pensei que você fosse um ladrão de bancos ou algo assim. - ela rebate e ri com a ironia.
- Você andou ouvindo o que as pessoas falam sobre mim?
dobra o jornal no colo, finalmente olhando para . Apenas agora ela reparou nos olhares insistentes em cima dos dois. Deu de ombros, assentindo.
- Eles gostam de dizer que você é tipo um chefão de gangue. Quero dizer, você é meio magricela demais para isso. E novo. Então eles estão errados.
- Magricela? - a questiona, ofendido.
- Você não é exatamente forte.
- Também não sou magricela.
- Se isso faz você se sentir melhor...
subitamente leva as mãos à barra da camiseta, ameaçando levantá- la. arregala os olhos, segurando suas mãos com força e impedindo- as. O olhar sombrio de recaiu sobre a garota, encarando- a e desafiando- a à soltá- lo. Ela o encarava de volta, tentando mostrar superioridade. A tensão era palpável.
- Você pode descer mais. - ele diz praticamente em um sussurro.
- Como? - ela o questiona em confusão.
umedece os lábios. Ele desce a própria mão que estava na barra da camiseta –a qual continuava segurando. Desceu o toque até encostar na barra de sua calça jeans escura.
- Mais. - ele diz rouco.
E então a garota o solta, afastando- se dele no banco.
- Você é inacreditável. - ela ri, incrédula. Olhou para os lados, vendo alguns estudantes olharem boquiabertos para os dois. Os boatos se propagariam por toda a escola mais tarde.
- Eu sei. - ele ri, subitamente pegando o jornal no colo da jovem. - “A gangue Scary Clowns ataca novamente, dessa vez extorquindo pequenas quantias em lojas de conveniência locais. A polícia permanece investigando atrás da identidade dos meliantes, porém a falta de evidências os deixam de mãos atadas.” Que nome patético para uma gangue, você não acha?
- Com certeza, mas não se pode esperar muito de imbecis que saem por aí vestindo máscaras de palhaço. - dá de ombros. - Eles aterrorizam Nalina há muito tempo?
- Os crimes grandes começaram acerca de uns dois anos atrás. Eles sempre se safam. Nunca deixam qualquer evidência nos crimes que cometem. A parte mais legal é que eles não fazem questão de serem discretos, quebram tudo e foda- se, mas mesmo assim ninguém os descobrem. Eles são geniais. - solta um suspiro teatral. - Onde será que eu me inscrevo para me tornar um deles?
- ! - o repreende, batendo em seu braço. ri. - Você não quer entrar em uma gangue perigosa.
- Talvez eu queira. Você não ouviu os imbecis desse colégio? Eu tenho o perfil.
- Você é só revoltado. Um tipo de garotinho incompreendido.
- “Garotinho incompreendido”. Certo. Isso foi péssimo para o meu ego.
- Atingi meu objetivo então. - sorri, subitamente se levantando. a observava.
- Para onde você vai?
- Encontrar meu amigo. Iremos estudar.
- Estudar, huh? Que novidade. - ele ironiza. - Quem é seu amigo esquisitão?
- , não sei se você o conhece. - ela diz despreocupadamente, enquanto ajeitava os livros nos braços. - Ele anda muito preocupado e mal está focando nos estudos. Você acredita que aqueles palhaços ridículos fizeram os pais deles de reféns? Até ameaçaram sua mãe grávida!
trincou o maxilar, fechando a expressão. estava tentando fazer contato com , mas o mesmo o reprimia. O imbecil estava dando- lhe uma dor de cabeça tremenda, e não poderia usar a força bruta devido a influência do jovem Del Monaco. Agora mais do que nunca, já que o babaca ousou fazer amizade com .
- Enfim. - diz, olhando desconfiada para a expressão fechada de . - Eu vou indo. Iremos estudar álgebra.
- ... - ele a segura pelo braço antes que ela possa partir. - Se cuida, está bem?
Ela encara as mãos dele, balançando a cabeça em negação. Parecia que algo estava passando por sua mente e desejou com todas as suas forças ser capaz de descobrir o que era.
- Como você mesmo me disse é só não me meter com você que ficará tudo bem. - ela sorri debochada, soltando- se do toque de . - Adeus, .
O som de risinhos maliciosos ecoaram em volta de logo após a saída de . Ele bufou, vendo seus amigos se aproximarem com enormes sorrisos infantis enquanto cantarolavam “está namorando, está namorando”. teve que explicar a situação para eles: “ela é filha de Seth. Nós conversamos às vezes. Isso é tudo.” Mas os três interpretaram como: “ela é minha irmã postiça. Quero dormir com ela. Estou apaixonado, largarei o mundo do crime, casarei com ela, terei três filhos e um cachorro chamado Totó.”
Seus amigos eram grandíssimos imbecis. E isso apenas se comprovava a cada novo solavanco que a van dava ao atingir algum obstáculo na estrada.
- Falta pouco? Espero que sim. Estou muito tentado a começar a cortar cada dedo do devido a demora.
- Você é perturbado, sabia? - retruca.
- Isso tudo é saudades da sua irmãzinha, ? - o provoca. - Em breve você vai vê- la, não seja tão impaciente.
suspira, incomodado, lembrando- se do que havia acontecido mais cedo. Nos outros dias ele estava sim inexplicavelmente animado para voltar para casa, mas hoje não era um deles. Ele e a garota haviam tido... Um desentendimento. E tudo havia sido culpa dela.
Ele estava no quarto de , deitado ao seu lado. E aquilo era inexplicavelmente normal para ambos.
- Sabe, estudar não vai te dar futuro.
- Mesmo? E o que vai me dar futuro? Espancar pobres alunos indefesos?
- Ele não era pobre, e muito menos indefeso. - bufa, fazendo um bico frustrado. - E eu te avisei para esquecer disso. Agora largue esse livro e me dê atenção.
- Oh sim! E ainda ameaçou acabar com a minha vida! E depois avisou que me deixaria em paz contanto que eu te deixasse em paz. E onde estamos agora? Exatamente! Na minha cama com você me enchendo o saco. - revirou os olhos em descrença. - Me deixe quieta, .
riu com a ironia da situação, olhando em volta como se estivesse constatando que não se tratava de um sonho. estava em cima da cama, sentada com as pernas cruzadas, com um livro no colo. E estava ao seu lado: deitado desleixadamente, brincando com um bichinho de pelúcia estúpido nas mãos, completamente entediado.
havia trocado suas preciosas tardes fora da casa de Seth por um tempo com . O rapaz estranhamente gostava de estar com ela. Ele costumava ficar ali, deitado, observando- a estudar. Havia se tornado um hábito difícil de largar. Ele gostava de ver a expressão concentrada e serena de , gostava da forma que ela franzia o cenho quando não entendia alguma sentença ou ainda quando mordia os lábios cheios e corava quando percebia que a observava demais. E, claro, ele não podia evitar de prestar atenção redobrada na forma que sua respiração acelerava nesses momentos. Seu peito subindo e descendo devido a respiração descompassada –e o olhar fissurado de acompanhando todo o processo. não era tolo. Ele sabia que existia certa tensão entre os dois, algo difícil de conter. Mas ele, pela primeira vez, não se sentia confiante o bastante para fazer algo a respeito. Logo ele, que sempre havia sido aquele quem ditava as regras e tinha tudo sob controle. se sentia patético.
- Certo, isso não está dando certo.
subitamente fechou o livro, jogando- o de qualquer jeito na escrivaninha ao lado. Se jogou na cama, frustrada. a olhou, engolindo em seco.
- Não consigo me concentrar. - ela diz irritadiça.
- E isso é culpa minha?
- Surpreendentemente não. - ela se vira para ele. O olhar do rapaz o trai, fixando- se nos lábios cheios da jovem. - É minha. Estou com os pensamentos longe.
- E no quê está pensando...? Espere. Não me diga que é em mim. - estala a língua. - Me desculpe, , eu deveria saber que sou irresistível demais para ficar ao seu lado enquanto você estuda. Deve ser complicado manter o auto controle e não me agarrar.
- Oh, acredite, eu sobrevivo. - ela ironiza, rindo de . Ele sorriu. Gostava muito de vê- la rir daquela forma –mesmo que estivesse rindo dele. - Não vou te contar sobre o quê estou pensando.
- Por que não?
- Porque é ridículo.
O rapaz arqueia a sobrancelha, subitamente muito interessado. Um sorriso sujo se instala em seus lábios, e ele se aproxima mais de . A garota estreita o olhar para o mesmo.
- Vamos, me conte. Prometo que não irei rir. - ele segura uma mecha de cabelo da jovem, enrolando- a em meio a seus dedos finos. Sorri. - A não ser que essa seja a hora que você confessa estar completamente louca de tesão por mim. Daí eu irei rir muito e te recusar.
- Oh, você vai? - dessa vez foi quem se aproximou. O sorriso de subitamente desaparece. Ela toca em seu rosto com delicadeza. Um brilho anormal se fazia presente em seu olhar. pôde jurar que presente ali havia... Malícia.
Certo, ele estava fodido. E a percepção dos fatos era assustadora demais quando ele se via estupidamente vulnerável de uma forma nunca antes experimentada.
- Sim. Irei rir da sua cara e te rejeitar. - ele responde friamente. Ela ri.
- Você não parece estar querendo rir agora, ... - a menina desce a carícia em seu rosto, tocando seus ombros com uma lentidão irritante. - E muito menos com vontade de me rejeitar.
E então o imprevisível aconteceu.
subitamente deitou a cabeça em seu peito, aninhando- se ali. franziu o cenho, prendendo a respiração. E então ela sussurrou:
- Estou gostando de alguém e não sei o que fazer. E é uma droga. Quero explodir tudo.
- Simplesmente diga a ele.
- Ele é muito melhor que eu. - ela suspira. - E... Eu não quero que ele saiba a forma que eu vivo. Entende? Estar morando com um bêbado como Seth, nessa casa caindo aos pedaços e tendo meu único amigo sendo um delinquente esquisito...
Seu tom fora de brincadeira, mas as palavras inexplicavelmente o feriram.
- As pessoas da escola já sabem que você é amiga do delinquente esquisito. - ele retruca friamente.
- As pessoas da escola pensam que eu sou algo pior e você sabe disso. - ela rebate. - Você sempre faz questão de me tocar demais e isso destrói minha reputação.
Era tudo brincadeira, mas cada palavra causava um estranho aperto no peito de . Que ironia... , o garoto que menos se importava com aquilo que os demais pensariam sobre ele, completamente arrasado com a mera insinuação de .
- Você parece gostar quando te toco. - ele murmura, deslizando as mãos até a cintura da menina, apertando- a em um ato ousado. Ela ri nervosamente, afastando- o.
- Gostar? Você se ilude muito, .
- O que quer dizer?
- Bem, não é você quem eu quero que me toque. - suspira.
Oh, aquilo doeu. A rejeição nunca antes experimentada havia lhe deixado completamente sem defesas. Ele se sentia patético. Insignificante. Completamente desprezível.
- Esqueça. - continua. - Estou sendo ridícula. Eu deveria focar nos estudos, não em um garoto estúpido.
- É, deveria mesmo.
O jovem subitamente se levanta, afastando- se de com certa brutalidade desnecessária. A menina observa sua atitude, completamente confusa.
- O que foi?
- O delinquente esquisito não está com vontade de perder seu precioso tempo com uma garotinha ridícula como você. - ele diz, dando de ombros.
- Certo. Isso foi extremamente gratuito. Sempre fazemos brincadeiras assim! E eu não quis te ofender... - a garota prontamente se levanta tentando se aproximar e assim se desculpar, mas ele a interrompe.
- Não. Não se preocupe. Não irei mais falar com você no colégio. Você vai estar livre para parecer perfeita para seu príncipe encantado. - ele ri sem humor, saindo do quarto da garota e batendo a porta com força.
E agora ele estava ali. Com os garotos, remoendo o fato de o achar a porra de um delinquente esquisitão e não digno de ser visto com ela.
Maldita garota.
- Terra chamando ? Acabamos de chegar. - subitamente desliga o veículo, e suspira aliviado.
- Finalmente. - ele abre as portas de correr da van, enfim saindo da prisão metálica.
Olhou em volta, confuso. Ele estava diante a um terreno grande cheio de árvores, onde a única construção era uma casa humilde de tijolos envelhecidos. Seus amigos se postaram a seu lado, os três olhando- o com expectativa.
- Surpresa! - cantarolou baixinho.
- O que é isso?
Os garotos se entreolharam, temerosos. começou:
- Nós conversamos e decidimos que não era legal ver você tendo que se esgueirar pela casa daquele babaca durante a noite...
- Você é nosso líder. - completou. - E nós não estamos aqui de brincadeira. Queremos nos tornar grandes. Nosso objetivo é ver os Scary Clowns sendo maior e melhor que a gangue Black Dragon. E só você pode nos guiar a isso, .
- Então juntamos nossas partes dos últimos roubos. Claro que tive que pegar um pouco com meu pai para completar, mas ele pareceu satisfeito em me ver investindo em um negócio. - diz. Dos quatro o rapaz era o único que tinha uma situação financeira ótima e família estabilizada. - Ele nem quis saber do que se tratava, contanto que dê certo... E eu sei que você é capaz de fazer dar certo, .
- Iremos reformar, claro. Aumentar a casa. Fazer dela não apenas o esconderijo da gangue, mas também fundando algum negócio para lavagem do dinheiro roubado. - se adianta. - E, bem... Poderíamos morar aqui.
Silêncio. Os três olhavam ansiosos para o líder, que permanecia com o olhar perdido.
- ? - o chama.
- Diga alguma coisa. - completa.
Foram necessários alguns segundos para que finalmente pronunciasse, a voz rouca e baixa:
- Muito obrigado.
Fora a primeira vez que usou aquelas palavras em um tom não irônico.
Quando a van parou em frente a casa de Seth, não sentiu a costumeira angústia que o predominava toda vez que via a fachada da tão odiada construção. Naquele momento ele sentia o segundo sentimento mais perigoso e letal para si mesmo: esperança. Um fio de esperança que se instalou de maneira tão avassaladora que o assustava verdadeiramente, ao mesmo tempo que o enchia de determinação.
Se despediu dos amigos com a promessa de uma nova fase. Eles precisavam de uma grande quantia para iniciarem as reformas do terreno e iniciarem o negócio para a lavagem de dinheiro e não deixaria que os três fizessem mais por ele. Ele tinha uma dívida com seus amigos, e como o líder que era, iria quita- la e ainda recompensa- los. E já sabia como: Marcus Del Monaco. Iria extorquir tudo ao eliminar o filho da puta. A gangue Black Dragon estava com os dias contados.
Quando se aproximou da entrada, não pôde ficar mais surpreso ao ver que não estava sozinho. estava sentada no último degrau do hall da casa, o olhar perdido no vazio. A garota tinha um cigarro em mãos. Ele franziu o cenho.
- Não sabia que fumava. - disse, ainda parado na cerca da entrada da casa.
- Sinta- se livre para me acompanhar.
- Eu não fumo. - ele afirmou, fazendo- a olhá- lo descrente. - É sério. Desejo uma morte gloriosa, e câncer não me parece nada glorioso.
- Bem, isso faz sentido. Mas não anula o fato de você ser o bad boy mais charlatão de todos. - ela ironiza.
- Está frio. - anunciou sem emoção, mudando de assunto. Ele abriu a cerca, se aproximando da garota. - E muito tarde. O que está fazendo aqui?
- Você demorou.
franziu o cenho, sentando ao lado dela. O corpo de tremia. A cada momento ela levava o cigarro aos lábios, tragando- o lentamente e prendendo a fumaça em seus pulmões por alguns segundos, soltando- a com a mesma lentidão. E observava completamente fascinado –havia percebido, sem muita surpresa, que qualquer ação que realizasse seria assistida com devotado fascínio por ele.
- Por que estava me esperando? - ele a questionou em tom suave. Já aconteceu de voltar tarde e os dois conversarem um pouco –isso se tivesse a sorte de encontrar perambulando pela casa. Porém, eram ocasiões raras. Ela estar ali fora, no frio e ainda esperando- o, era muito estranho.
- Porque fiquei com medo.
sentiu seu coração se apertar de uma maneira extremamente estúpida a qual ele nunca contaria a ninguém. O garoto retirou sua jaqueta, colocando nos ombros de . Ela agradeceu.
- O que ele fez? - ele a questionou. Ela levantou a cabeça, encarando- o.
- Nada. Ele só estava bebendo demais e sendo muito ignorante.
- Ele já é ignorante sóbrio.
- Sim. - ela ri fraco. - Ele começou a gritar comigo do nada. Algo sobre ser bom mesmo eu estudar e ser alguém na vida para não virar uma vadia inútil igual minha mãe. E então eu me exaltei e... Ele socou a parede ao meu lado. Por pouco não atingiu meu rosto.
respirou fundo, rindo seco. Sua vontade era de entrar dentro daquela casa e quebrar a cara de Seth.
- E depois disso você saiu da casa?
- Sim. Eu fiquei aqui... Te esperando.
Um breve silêncio se instalou, este que só foi quebrado pelo tom defensivo de :
- Mas não importa. Sei me cuidar sozinha.
não hesitou. Ele se aproximou da garota, envolvendo- a em seus braços. O corpo da jovem se retesou, e o dele também. Era como se aquele toque não parecesse ser o suficiente, como se seus corpos soubessem algo que nem eles mesmos tinham consciência. Mas tanto quanto ignoravam o arrepio crescente e as batidas descompassadas de seus corações.
- Você não precisa ser forte na minha frente, garotinha. Tente abaixar a guarda.
- Nunca.
Ele riu sem humor, inconformado com a teimosia da garota. Ela suspirou, deixando com que sua cabeça apoiasse em seu ombro.
- Não quero voltar lá para dentro, . Não me sinto segura nesse inferno. - ela confessa, completamente desesperada.
suspirou. Estava perdido nos próprios pensamentos, tentando achar qualquer coisa para dizer a jovem. Qualquer coisa relevante o bastante para reconforta- la. Que lhe daria a sensação de proteção a qual ela parecia almejar tanto... Mas não conseguia dizer. E mesmo se conseguisse, o rapaz jurava que permaneceria na defensiva.
Então ele decidiu simplesmente... Agir.
Ele a afastou com sutileza, se levantando do degrau. A menina levantou a cabeça, encarando- o.
- Aonde você vai?
- Não diga nada, está bem? Apenas... Venha comigo. - ele pediu baixinho, enquanto estendia a mão para a jovem. A menina o encarou desconfiada. Deu mais um trago no cigarro, se levantando e passando direto por . Ele a olhou confuso, observando- a se distanciar para jogar a bituca na lixeira do quintal. Aquilo o fez rir. - Você é rebelde o bastante para fumar, mas certinha demais para simplesmente jogar lixo no chão. Assim você me broxa, .
- Não sou rebelde e nem certinha. Sou ansiosa e educada. É diferente. - ela ponderou, voltando- se para perto de . - “Não diga nada”, lembra? Vamos ficar em silêncio.
E então segurou a mão de .
O garoto adentrou a casa de Seth, guiando a garota até as escadas. Os dois faziam o mínimo barulho o possível, e não se falavam no processo. Haviam levado a sério a ideia de não dizer nada –afinal, palavras já não precisavam ser ditas.
Quando chegaram no andar superior, simplesmente abriu a porta de seu próprio quarto, guiando para dentro. Ela pareceu surpresa, mas não protestou. Apenas o seguiu. Ao olhar em volta ela prontamente iria abrir a boca para fazer um comentário a respeito da zona que era o pequeno cubículo o qual dormia, mas o mesmo prontamente se aproximou dela, tocando- a pela nuca e levando o dedo indicador até os lábios da jovem, em um sinal claro de “silêncio”. prendeu a respiração ao vê- lo tão próximo. Os olhos negros de pareciam ainda mais assustadores e perigosos com a proximidade, mas havia algo oculto neles quando olhava para ela. Algo parecido com... Carinho.
Ela subitamente o afastou, sentando na cama. Observava tudo, os pensamentos à mil. não estava diferente. Ambos pareciam querer dizer algo, mas se reprimiam e assim se torturavam internamente.
- Vou tirar a roupa. - avisou, pois não parecia certo simplesmente retirar e assustar a garota como consequência. - Mas é para dormir. Desculpe, , não será hoje que você irá me ver pelado.
- Eu nunca vou te ver pelado. Teria pesadelos com isso. - ela murmurou, enquanto se ajeitava no móvel, se cobrindo com o cobertor escuro.
- Isso, continue se enganando. Não importa. Eu sei que você me quer. - ele disse rouco, obviamente brincando, mas inconscientemente tudo o que mais queria era que aquilo fosse verdade. Não que conseguisse admitir isso para si mesmo.
- Apenas nos seus sonhos, .
Ele revirou os olhos, enquanto ria um pouco. retirou a camiseta, jogando- a de qualquer forma no chão e bagunçando os cabelos no processo. prendeu a respiração, e ele percebeu isso. Sorriu torto para a garota, enquanto retirava seus tênis negros e a calça jeans escura. Ficou apenas de boxer. desviou o olhar. De repente as provocações tolas haviam sumido e uma tensão conhecida se instalara entre eles. se aproximou da cama, enfim se juntando a garota. Os dois olhavam para o teto. Os corpos imóveis, com medo de se tocarem com algum movimento brusco.
- ? - ela o chamou baixinho.
- Sim?
- Me desculpe por mais cedo. Eu realmente te acho um delinquente esquisito, mas não sinto vergonha de você ou algo do tipo.
Ele assentiu, sem realmente querer dar atenção para aquilo.
- Não importa mais.
- Certo... - a menina respirou fundo, mudando de assunto: - Por que eu estou aqui?
piscou algumas vezes, desconcertado. Ele não sabia como responder aquela pergunta. Tudo o que sabia era que... Ele a queria ali. Precisava dela ali.
- Você disse que não se sente segura na casa. - ele respondeu vagamente.
- E então você me traz para a sua cama enquanto você está semi nu? Uau, estou me sentindo muito segura, obrigada.
riu, se virando para olhar para a garota. fez o mesmo.
- Admita, ... Você só se sente segura nesse lugar quando estou por perto.
A garota estreitou o olhar, levantando as mãos e mostrando o dedo do meio. Ele sorriu. já não conseguia mais se lembrar do motivo da sua raiva de mais cedo.
- E você só se sente em paz quando eu estou por perto. Não é uma troca justa? - ela retruca.
não disse absolutamente nada, pois novamente, ele não conseguia. Havia um nó em sua garganta, uma insegurança nunca antes sentida. Tudo era tão novo e extremamente assustador...
- Seria mais justo se você tirasse as roupas também.
- Nah. Eu gostei da sua jaqueta, vou ficar com ela. - a menina abraça a jaqueta de contra o corpo, virando as costas para o mesmo. - Adeus, .
Ele abriu a boca para dizer algo. Um flerte, uma provocação, um comentário debochado... Nada saiu.
Ele suspirou.
- Boa noite, .
Ele passou a noite acordado, treinando falas mentais que nunca seriam ditas em voz alta.


IV

estava chegando ainda mais tarde por estar ocupado fazendo o que faz de melhor: propagar o caos. Ele estava empenhado em fazer a Scary Clowns se estabelecer como o maior terror de Nalina de uma vez por todas. Arquitetava minuciosamente seus planos futuros, preparando- se para algo grande. Os roubos que faziam aqui e ali eram pequenos comparado a aquilo que tanto almejava. precisava de uma quantia exorbitante de dinheiro e, com isso, seguidores corruptos para serem corrompidos por ele. Para isso era necessário acertar dois coelhos em uma cajadada só: tomar o lugar de Marcus Del Monaco e consequentemente destruir a Black Dragon, obrigando os membros da gangue a se juntarem a Scary Clowns.
Porém, havia algo distraindo . Seus amigos percebiam que o líder não estava tão focado como antes, e se preocupavam imensamente.
- , Del Monaco deixou escapar que o pai vai com frequência a zona sul da cidade. - comentou em determinado momento, no intervalo do colégio. - E se for lá o esconderijo da Black Dragon? Temos que averiguar, porra!
- Sim, claro. - responde, sem parecer realmente prestar atenção.
Estavam no local de sempre: debaixo da árvore antiga, sentados ameaçadoramente no banco de pedra. tinha seu olhar longe, mais especificamente na garota que andava de mãos dadas com Del Monaco. Oh, sim, o playboy irritante estava saindo com . Como se já não tivesse problemas maiores para lidar.
- Eu ainda acho que ele está te enrolando, . Ele sabe que queremos uma reunião com o pai dele, talvez só queira nos manter longe para não enchermos o saco. - ponderou, extremamente irritadiço.
- O que deveríamos fazer então? Del Monaco nunca irá marcar essa reunião. Ele não confia em nós. - completou, cabisbaixo. - E precisamos agir, senão nunca conseguiremos o dinheiro e o poder para construir e fundar nosso próprio esconderijo!
- ?! - grunhiu, balançando o amigo pelos ombros. - Nos diga o que fazer, porra!
piscou algumas vezes, subitamente ficando em alerta.
- Confiança. não tem confiança em nós... - ele murmurou, seus olhos fixos em Del Monaco. O jovem se inclinou sobre , beijando o canto de seus lábios em uma despedida nojenta. queria vomitar. - Mas eu conheço alguém que o tem na palma de sua mão.
Os garotos se entreolharam, em seguida fixando o olhar na figura serena de . A menina passou por eles, lançando- lhes um sorriso educado. foi o primeiro que percebeu o jeito desconcertado de , que parecia engoli- la com os olhos.
- Bem... - começou, apontando para . - Não é apenas o Del Monaco que ela possui na palma da mão.
E odiava por estar profundamente certo.
Desde a fatídica noite em que e dormiram juntos, rapidamente se viram incapazes de parar. Compartilhar a mesma cama se tornou um pacto implícito entre os dois. Eles dormiam juntos todas as noites, reprimindo seus sentimentos e escondendo- os covardemente debaixo dos lençóis. Mesmo que chegasse muito tarde, quando entrava em seu quarto já via a jovem encolhida na cama, acordada e esperando- o para adormecer. Em outras ocasiões ele mesmo se esgueirava até o quarto da jovem, deitando na cama espaçosa da mesma, mas mesmo assim fazendo questão de envolvê- la em seus braços. E é claro que, com o contato maior, a intimidade se tornara maior... E aquilo era extremamente perigoso.
Na noite passada havia sido pior. Era uma daquelas noites frias demais em Nalina, capaz de congelar os ossos até mesmo dos mais aventurados que ousassem sair pelas ruas. resolveu que ficaria em casa naquela noite - sob os protestos de seus amigos, porém ele não se importava. Estava frio, e de frieza já bastava ele mesmo. O rapaz preferia mil vezes deitar- se em uma cama quente com em seus braços do que provocar balbúrdia madrugada à dentro.
Crying Lighting do Arctic Monkeys ecoava pelo quarto da jovem, e a ridicularizava por isso, enquanto a observava dançar desleixadamente, rindo para ele. Seth não estava em casa –havia decidido aquecer a si mesmo com whiskey barato e a companhia paga de alguma mulher. e estavam sozinhos.
- Você não sabe dançar. - ele afirmou debochadamente por cima da música. Alex Turner cantava com sua voz esnobe sobre uma garota fria que jogava repetidamente consigo o jogo de chorar relâmpagos. achava aquilo irônico, pois conseguia imaginar sendo essa garota.
- Não sei? - ela retruca, rebolando bobamente. - Então venha e me ensine!
arqueou a sobrancelha, olhando- a daquela forma superior o qual estava acostumado a ostentar. O olhar sombrio recaiu sobre seu corpo coberto apenas por um moletom alguns tamanhos maiores que o seu, e as pernas torneadas à mostra com o short curto que usava por baixo. Não conseguia esconder o quão satisfeito estava com o que via.
- Claro. - ele respondeu casualmente, enquanto se levantava da cama e andava até a jovem. A virou, de forma que ela ficasse de costas para ele. Tocou seu quadril, fincando os dedos nele de maneira possessiva e de certa forma, perigosa. deu um pulinho de susto, e ele não conseguiu evitar que um sorriso lascivo fizesse presença em seus lábios cheios. - Vamos fazer isso direito. Seus quadris estão duros... - ele soprou contra seu ouvido, enquanto pressionava as mãos nos quadris da jovem, como se provasse seu ponto. - Você tem que soltá- los.
esperava que a jovem o afastasse. Esperava que ela enxergasse aquilo como mais uma de suas provocações e simplesmente o ignorasse da forma que vinha fazendo desde sempre.
Mas, como sempre, tinha que surpreendê- lo.
- Como? - ela o questionou baixinho, enquanto encostava seu corpo contra o de . Ele riu rouco ao pé de seu ouvido.
- Rebole. - mandou, enquanto a puxava mais para trás, obrigando- a a entrar em atrito consigo.
A garota não hesitou. Rebolou, empinando sua bunda para trás e fazendo com que roçasse com força contra a genital de . Ele arfou, segurando- a com ainda mais força, obrigando- a a encostar- se ainda mais. Ela roçou repetidas vezes enquanto rebolava daquela forma quase inocente, mas completamente erótica. ainda tinha as mãos em seus quadris enquanto afundava a cabeça no pescoço da garota, beijando e mordendo aquela região com volúpia.
Céus, ele queria prova- la. Não apenas prova- la: queria devora- la. Devora- la por inteiro.
Tão rápido quanto o momento veio, ele já se desfez. A música havia acabado, e pareceu retomar o controle de suas próprias ações, afastando- se de e indo para a outra extremidade do quarto. Sua face estava corada e seu peito subia e descia, denunciando as batidas aceleradas de seu coração.
- ? - ele a chamou baixinho, se aproximando vagarosamente da garota. - Você aprendeu a dançar direito. Deveria estar se sentindo orgulhosa.
- Não comece com isso. - ela pede, sem nem ao menos olhá- lo.
- Com o quê?
- Com as provocações. Você não acha que estão passando dos limites?!
- Provocações? Que provocações? - ele murmura irônico, segurando uma das mãos da garota e a puxando para si, obrigando- a finalmente a olhá- lo. - Estou sendo um bom amigo durante todo esse tempo. Dormimos juntos, eu te dou proteção e ainda de quebra te ensino algumas lições valiosas. O quê exatamente está passando dos limites...?
- Você tem a necessidade de me tocar o tempo todo! - ela diz, a voz saindo mais esganiçada do que o planejado. teve que segurar o riso. - E de flertar comigo. Acredite, no começo eu achava divertido e levava na brincadeira, mas agora...
- Deixa eu adivinhar... Passou dos limites? - ele ri de forma arrastada. - Sabe, ... É bonitinho ver você tentar negar que não gosta de tudo isso. Que não gosta quando eu te aperto, ou quando sussurro flertes descarados em seu ouvido, ou quando te provoco tanto até os efeitos se voltarem contra mim... - ele aponta para baixo e a garota arfa baixinho ao constatar o óbvio: estava excitado. - Você gosta, . Gosta do que faz comigo, não gosta? Então por que negar?
- Porque... Porque eu gosto de outra pessoa. - a menina se embaralha com as palavras, novamente fugindo de , caminhando eufórica pelo cômodo. - Você sabe disso. E sabe que seja lá o que estiver acontecendo entre nós, é errado. Não apenas errado, é impossível!
riu. Bagunçou os cabelos agressivamente, jogando a cabeça para trás e mordendo o lábio em um sorriso cheio de más intenções.
- Estou cansado de bancar o bonzinho com você, . - ele cantarolou. O olhar sombrio fixou- se na jovem, e ele já não se importava mais em disfarçar. - Eu sou só um delinquente, certo? Um rebelde sem causa que não é digno de ficar com você.
- Isso não é verdade. - ela murmurou, mas ele rapidamente a interrompeu.
- Oh, é sim. Você quer se formar, entrar em uma faculdade de renome e ser uma profissional bem sucedida. Planeja se casar com um playboy qualquer e viver uma vida pacata mas suficientemente boa na capital. É por isso que você se esforça tanto, certo? Você quer ter uma vida estruturada. Não quer ser uma solteirona deprimida como sua mãe ou acabar com um bêbado nojento como seu pai. Você quer ser... Medíocre, porém estável. E sabe o que eu quero, ? - finalmente acaba com o espaço entre os dois. Tocou em seu rosto, deixando com que logo após seus dedos deslizasssem por seu pescoço e ombros. - Eu quero o caos. - sussurrou rouco, arrastando propositalmente sua fala. - Eu quero destruir Nalina. Mas, para isso, eu tenho que ser grandioso. E você não faz ideia dos planos sórdidos que minha mente perturbada planeja para isso acontecer. Meu futuro é viver em um desastre, , e você sabe disso. Você sabe que eu transbordo perigo, sendo que tudo o que você mais deseja é estabilidade, proteção... Porém algo contraditório aconteceu, certo? Logo eu, o perigo em pessoa, te faço experimentar uma segurança nunca antes sentida. Eu te protejo, cuido de você... E você odeia amar tanto isso, certo?
- Você diz que quer caos e desastre... Mas eu provoco o contrário em você. - ela afirma, sem se deixar abalar com as palavras certeiras de . - Eu te proporciono paz. Te faço baixar a guarda. E você também odeia amar tanto isso.
- Sim, . Odeio. Isso te torna uma grandíssima filha da puta, certo minha garotinha irritante? - pronunciar essa última parte pareceu fazer sentir uma queimação quase que dolorosa em sua região genital, o que lhe fez morder o lábio e tentar a todo custo controlar um gemido. Ele amava quando ela o enfrentava. Amava quando ela se mostrava imprevisivelmente maravilhosa. - Provocamos sentimentos contraditórios um no outro. Você sabe o que acontece agora? - ele aproxima mais uma vez seu rosto do dela, dessa vez prendendo agressivamente um de seus pulsos contra a parede. Seus rostos estavam tão próximos que conseguia ouvir a respiração da menina, assim como sentir seu perfume ainda mais forte, o que o fez revirar os olhos sofridamente. –Eu infernizo a sua vida e te persigo até você ser minha. Porque afinal de contas... Eu simplesmente amo o quão filha da puta você sabe que consegue ser. E eu vou fazer você ser a minha filha da puta.
O som alto da porta de entrada abrindo ecoou, fazendo os dois se entreolharem e rapidamente se afastarem. correu até a caixa de som, desligando- a, enquanto apagava a luz. A menina se deitou na cama e fez menção de se juntar a ela. Ela tremia das cabeças ao pés. Com a voz igualmente trêmula, pronunciou:
- É melhor você ir.
Ele esperava por aquilo, por isso não se intimidou. Ela sempre recuava, sempre se escondendo atrás de suas cercas construídas com tanto afinco para mantê- lo longe. Mas não havia mentido: ele estava cansado. Cansado de fingir, cansado de esconder. Por isso não insistiu. Apenas se retirou do quarto, decidido a deixar a garota se martirizar retomando os últimos acontecimentos.
Porém, já era outro dia. E ali estavam os dois na escola. E ao julgar pela forma despreocupada e até mesmo indiferente que ela andava, a garota não havia dado a mínima. E aquilo era capaz de deixá- lo imensamente afetado.
Na saída do colégio, teve que despistar seus amigos para que pudesse vê- la novamente. A jovem estava acompanhada de Del Monaco, para variar. ria de algo que o rapaz dizia, claramente fazendo charme. tentava tocar seu rosto, mas ela se esquivava, ralhando com o mesmo, porém sem tirar o sorriso torto. Seu olhar faiscando em uma malícia oculta, enquanto flertava discretamente, mas não tão discreta para passar despercebida. parecia não notar. Já ? Oh, notava até demais.
já conhecia bem o bastante para saber que ela era uma garota extremamente doce, porém perigosa. Sua doçura muitas vezes poderia ser confundida com inocência –e de inocente a garotinha não tinha nada. Garotas inocentes não mordiam os lábios cheios daquela forma tão provocativa, ou ainda cruzavam os braços embaixo dos seios de forma que os mesmos quase saltassem sendo deliciosamente notados. E ainda o ponto mais importante: garotas inocentes não provocariam de maneira tão descarada. Sim, provocação. poderia estar fazendo seu charme para Del Monaco, mas a todo momento ela olhava para os lados, como se procurasse inconscientemente por .
“Se eu sou quem você procura, por quê não vem até mim?” - pensou, rindo irônico para si mesmo.
Patético. Sua mente estava completamente confusa, projetando cenas extremamente não usuais envolvendo .
sorrindo para ele.
abraçando- o.
tratando- o com carinho.
o tocando. gemendo. Gozando.
trincou o maxilar, desviando o olhar.
Ele nunca esteve daquela forma. era conhecido por ser um tremendo filho da puta sem coração, um delinquente sem limites que não ligava para absolutamente nada que não fosse propagar o caos. Obviamente possuía uma vida sexual ativa, mas eram casos de uma noite só os quais ele nunca permitiria que se prolongassem. Para atingir o sucesso o qual ele tanto almejava ele precisava fazer isso sem qualquer distração, por isso qualquer vínculo emocional de cunho romântico estava completamente fora de cogitação.
Mas ali estava –e ele já não tinha certeza de mais nada.
não era tolo. Ele sabia que estava acontecendo algo dentro de si, sabia que um sentimento avassalador estava predominando- o. Não sabia se era tesão, amor, paixão ou tudo misturado, só sabia que torcia imensamente para ser a primeira opção. Tesão reprimido pela filha de Seth –e isso era tudo. Mas então sorria daquele jeito só dela e já não tinha certeza mais de nada, só que faria qualquer coisa para vê- la sorrindo de novo.
- Eu preciso ir pra casa. - dizia mais à frente, subitamente parando nos enormes portões metálicos. se apoiou na parede ao lado, fingindo um tédio que não sentia. Apurava os ouvidos, concentrando- se para ouvir cada palavra.
- Então deixe eu te levar. - se prontificou, ansioso. revirou os olhos com o desespero do garoto.
- Você é meu motorista particular agora? Posso muito bem ir andando, idiota. - a menina retruca debochada e tem que se esforçar para manter a expressão fechada e não sorrir.
- , você é tão teimosa! Só quero te dar uma carona!
- E eu não preciso dela, obrigada.
- Certo. - suspirou, dando- se por vencido. O garoto subitamente segura a mão da jovem, levando- a aos próprios lábios e beijando- a. - Então, madame, tenho um pedido para te fazer e esse você não pode recusar.
A menina estreitou os olhos, desconfiada. queria vomitar.
- O que é?
- Sábado agora terá uma espécie de confraternização. Uma festa que meu pai está organizando juntamente aos funcionários e amigos da família. - ajeitou a postura, aproximando- se mais para murmurar baixinho: - É secreta e muito seletiva, mas meu pai me permitiu levar uma acompanhante. E, claro... Eu gostaria que fosse você.
o olhou profundamente, parecendo verdadeiramente surpresa. Ela olhou para a mão de , que continuava segurando a sua. Sorriu levemente.
- Eu adoraria. - murmurou, de repente se lembrando de algo. - Essa festa não seria uma reunião da Black D—
- Na verdade é sim. - admitiu, culpado. - Mas não se preocupe, eu te disse que não me envolvo mais em seus negócios. Só irei em respeito ao meu pai.
- Eu não sei, ...
- Por favor.
A garota acaba cedendo ao olhar pidão de . Ela assente e ele sorri, abraçando- a apertado.
- Sábado irei te buscar às oito em ponto. Vista algo bonito. - ele beija a testa da garota, afastando- se. De repente ele se vira novamente, parecendo se lembrar de algo: - E ah... Não conte para o seu irmão, está bem? Ele e aqueles amigos esquisitos são meio obcecados pelo meu pai e...
- Claro que não. - ela prontamente assente, rindo nervosamente à mera menção de . - Ele não saberá de nada.
se afastou, enquanto respirava fundo, dando meia volta e saindo portões à fora.
- , eu juro que se você estiver fugindo de nós de propósito eu irei te dar uma voadora, seu babaca! - aparece resmungando ao seu lado, acompanhado de e (os quais não estavam muito diferentes).
ignora as palavras de , se aproximando lentamente dos amigos.
- Limpem suas máscaras, aluguem ternos bonitos. - diz, um sorriso perverso aparecendo em seus lábios cheios. - Sábado teremos a última reunião da Black Dragon para arruinar.


V

Na sexta- feira à noite se esgueirou pela escuridão da casa de Seth. Rumou até o quarto tão conhecido por si, disposto a finalmente tomar uma atitude, pois depois daquela noite ele não teria outra chance. Afinal, aquele era o início de seu glorioso fim.
- ? - a chamou baixinho. Estava parado na porta de seu quarto, não ousando adentrar o cômodo.
A menina o encara por alguns segundos. Estava escuro. Ela tentava dormir, mas estava difícil sem o corpo de consigo.
- O que você quer?
- Eu quero te levar para um lugar. Você pode se agasalhar e me encontrar lá fora em dez minutos?
- Por que eu faria isso?
O rapaz hesitou. Respirou fundo, disposto a ser direto:
- Quero me despedir.
arregalou os olhos, levantando- se e indo até ele. Mas fora mais rápido, fechando a porta e apenas murmurando em seguida:
- Dez minutos.
E minutos depois a jovem estava no banco de passageiro da van preta, com no volante. Ela o encarou durante todo o trajeto. Tinha tantas perguntas, mas não sabia como fazê- las. De quem era aquela van? Por que o veículo tinha inúmeras marcas de bala em sua lataria? Para onde estava levantando- a? E por que estariam se despedindo?
A jovem suspirou, encolhendo- se contra seu próprio corpo, abraçando a jaqueta de couro no processo. A jaqueta de . O vento gelado de Nalina soprava contra seu rosto devido às janelas abertas. Ela começou a tremer, porém não sabia se era de frio ou do nervosismo pelo que estava por vir.
subitamente parou, desligando a van. olhou em volta, vendo nada mais que a vegetação espessa das árvores.
- Você me trouxe para o meio do mato com o intuito de me matar? - ela o questionou, temerosa. - Pois saiba que eu fiz dois meses de karatê e posso tentar te derrubar sem problema.
- “Tentar”? - debochou, rindo baixinho. - Relaxe, . Não será hoje que irei te matar.
se retira do veículo, sendo prontamente acompanhado pela garota. Ela que não permaneceria ali sozinha. O garoto se dirigiu até a única construção, sendo a pequena cabana rústica no centro. Tirou uma penca de chaves das mãos, escolhendo uma e abrindo a porta.
- Você confia em mim? - a questionou, enquanto tinha as mãos firmes na maçaneta.
- Não. - ela prontamente respondeu e ele riu.
- Que pena... Você não tem escolha, de qualquer forma. - murmurou rouco, finalmente girando a maçaneta e entrando no local.
Não havia quase nada na pequena cabana. O chão de madeira estava limpo e as paredes haviam sido pintadas recentemente. Havia um colchão gasto com um cobertor negro, perto da lareira com fogo baixo.
- Esse cobertor é seu. - afirmou, se aproximando do colchão e pegando o cobertor macio. - Por que está aqui?
- Irei morar aqui. - respondeu, fazendo pouco caso. o olhava completamente incrédula.
- Como conseguiu esse lugar?
- Eu e os garotos compramos. Iremos fazer algumas reformas ainda, mas... É meu novo lar. - ele disse por fim, finalizando o assunto. - Amanhã já não estarei mais na casa de Seth. Eu estarei... Livre.
Era para se sentir feliz ao pronunciar tal sentença, mas... Simplesmente não conseguia.
- E por que me trouxe aqui...?
- Bem, eu pensei que se você dormisse aqui por uma noite seu cheiro poderia ficar impregnado no meu colchão e assim... - ele desviou o olhar, dizendo a última parte quase em um sussurro: - E assim passar a dormir sozinho se tornaria menos doloroso.
As proteções estavam baixas, a vulnerabilidade acentuando- se. não pensou muito no assunto, e muito menos. Se aproximou lentamente, sentindo todo seu ser encher- se de expectativa.
- Eu não sei o que você fez comigo. - ele dizia baixinho, a voz soando incrivelmente mansa e vulnerável. - Por toda a minha vida eu sempre me considerei superior, intocável. Sempre quis provar que sou o melhor, que nunca me deixaria estar abaixo de qualquer coisa. Meu pai foi morto pois servia a alguém, sendo um mero subjugado de merda no mundo do crime. Minha mãe se matou pois era completamente dependente as drogas, submissa a algo que a tirava da realidade. Eu prometi que vingaria a morte deles e que eu seria diferente. Eu seria invencível, indestrutível, sem qualquer fraqueza ou distração. Nunca me renderia a qualquer desejo, a qualquer capricho ou hierarquia. Mas então você apareceu e tudo mudou. Eu nunca me senti tão... Fraco. Constantemente preciso lembrar- me daquela regra sobre como não podemos nos mexer quando caímos em uma areia movediça. Quando estou com você, sinto como se estivesse afundando, sendo engolido por algo maior que eu, por um sentimento tão forte que apenas resultará em... Caos.
O olhar sombrio de recaiu sobre ela. Ele estava tão confuso, tão afetado. E ela não estava diferente.
havia construído barreiras. Defesas morais como forma de proteção para uma alma tão ferida que estava cansada de sentir tanta dor. Mas naquela momento ela apenas as esqueceu.
- O caos é seu lar, certo...? Então... - ela respirou fundo, dando um passo em direção ao homem. E mais um. - Deixe- me fazer com que você se sinta em casa.
E quando finalmente rompeu a distância entre os dois... Ela o beijou. E assim, o caos havia acabado de ser implantado de corpo e alma, incapaz de ser parado.
O corpo de queimava. Finalmente aquele gosto. Foi obrigado a grunhir e revirar os olhos quando sentiu aquela boca queimando contra a sua, o deixando necessitado. Agarrou a cintura de com firmeza, fincando suas unhas ali, e puxando seu corpo para mais perto. Finalmente. O corpo dele exalando calor em contraste com o gélido dela era como a reação química perfeita, que causaria a explosão mais gostosa de todas, destruindo tudo ao redor de ambos. sorriu safado contra os lábios de com aquele pensamento. Destruir. Ele amava destruir tudo. E naquela noite, ele destruiria aquele corpo delicioso, corrompendo- o e sugando todo o seu sabor, alimentando seus desejos com o gosto de , com o corpo de . Separou o beijo, onde suas mãos firmes agarraram agressivamente a bunda da jovem, apertando seus glúteos com vontade. Ela gemeu baixinho e ele revirou os olhos e grunhiu de prazer, retirando a jaqueta da garota e logo pensando em como destroçaria aquela camisola que ela usava por baixo. Aquele tecido ridiculamente desnecessário que separava a carne de da carne de , o impedindo de se deleitar com a textura de sua pele macia. Céus. Inferno. Estava insano. Estava cada vez mais rastejando, de joelhos diante de sua própria luxúria. Guiou a menina para trás, empurrando- a até o colchão, ficando entre suas pernas e fazendo- a entrelaça- las em volta de sua cintura.
- Você não me parece tão inalcançável agora... E eu não pareço tão indigno, pareço? - questionou, a voz extremamente rouca, nebulosa e baixa.
- Eu nunca disse que você é indigno. - ela murmurou, fincando aa unhas nos ombros largos de , segurando- se ali como se sua vida dependesse disso.
- Mas pensou. E honestamente, você me adora por ser assim, não adora? - riu roucamente ao fazer a pergunta, antes de movimentar seu quadril para a frente, esfregando sutilmente o volume de seu membro coberto contra a intimidade de . A menina arqueou o corpo para frente, buscando por mais contato, gemendo baixinho em expectativa. também gemeu, rouco, rindo em seguida.
- Você é completamente inconsequente. - ela murmurou manhosa. - E isso é tão errado. Tão, tão errado...
- Como pode ser errado se eu te faço se sentir tão bem? - retruca. Apoiou a testa no ombro dela, enquanto continuava a movimentar a pélvis, alternando entre movimentos rápidos e lentos, provocando aquela região tão sensível enquanto atiçava a si mesmo, elevando o êxtase em seu corpo ao nível do delírio. - Tão gostosa, tão quente... Você me deixa tão louco, .
Dito isso o jovem se afastou, apenas para retirar sua própria jaqueta, seguido pela camiseta, os tênis e a calça incômoda. observava tudo sem censura, umedecendo os lábios ao vê- lo seminu. Engatinhou, pelo colchão, puxando- o para si e obrigando- o a se deitar novamente. Ele a observou confuso e ela apenas sorriu. Aquele sorriso. Tão doce, tão perfeito, desarmando- o completamente.
- O que foi? - a questionou, confuso. - Merda, , se você soubesse como eu daria tudo para ser capaz de ler seus pensamentos.
A menina alargou o sorriso diante a expressão frustrada de . Ela não fazia ideia do efeito que provocava, e vê- lo ali, tão vulnerável, disposto a se entregar a ela... Era surreal.
- Eu e vocês queremos nos tornar melhores que nossos pais. Você quer o poder e eu me contentaria facilmente com a mediocridade. Quero o monótono, o pacato, o correto... E você quer o desastre. A transgressão, o errado. Afinal, você é totalmente errado, não é delinquente esquisito? - ela tocou as coxas nuas de , arranhando- as lentamente. Ele arfou. - E o contraditório... É que eu quero você. Te quero tanto, . Mas tanto. - ela suspira, e ele engole em seco, sentindo seus olhos pateticamente lacrimejarem. Ele não sabia o que estava acontecendo, só sabia que aquilo não parecia real. Era bom. Era espetacular. E coisas espetaculares não aconteciam com ele. - É errado, mas é bom. Você me faz bem e eu quero retribuir. Me deixa cuidar de você.
A garota se abaixou, tocando a barra da boxer de , descendo- a lentamente. O pau pulsante do garoto entrou em seu campo de visão e aquilo a fez salivar. Se aproximou, passando delicadamente a língua pela sua glande, satisfeita com o suspiro profundo que ele deixou escapar. Subitamente lambeu toda a extensão do seu membro, deixando com que sua língua se demorasse no ato. Abocanhou- o, envolvendo a glande com sua língua, pressionando os lábios contra ela e descendo até a base, deixando sua saliva escorrer centímetro por centímetro nele.
“O que é isso...?"
A questão se repetia em algum ponto interno de . Seus fios de cabelos grudavam em sua testa e pescoço devido ao suor, sua cabeça estava jogada para trás, ele murmurava coisas sem sentido, delírios. prosseguia, começando um ritmo com suas sua boca e mãos, masturbando toda a parte dele que não conseguia engolir, deleitando- se com cada uma das suas expressões de prazer. Acima de tudo, podia ver: mais que o prazer, mais que a luxúria... Vulnerabilidade. Entrega.
“O que é isso...?”
continuava se questionando. Seu corpo inteiro estremecia de prazer diante do toque macio, quente, molhado, aveludado da carne macia da língua de envolvendo seu pau latejante. Era tão bom. Seus pensamentos estavam tão borrados, tão impermeáveis, como um borrão de tinta sem nexo algum. Se a mente de , naquele momento, fosse transformada em uma pintura, ela seria isso: um borrão indecifrável.
- S- sua boca... É tão... Q- quente... - murmurou, a voz completamente rouca e enquanto rolava os olhos. - O jeito c- como você e- envolve a sua língua no meu pau... E- Eu s- sinto como s- se eu fosse... Como se meu pau fosse derreter na sua b- boca, eu...
“O que era aquilo? O que era aquilo? O que era aquilo?”
Sua cabeça girava. Estava tonto. Que sensação era aquela? Por que ela o fazia se sentir tão bem, tão diferente? Não sabia se era verdadeiramente boa naquilo ou se aquilo só era bom por ser o chupando. Ou os dois. Tudo o que sabia era que era... Bom. Surreal de tão gostoso.
buscou suas mãos, encorajando- o a guia- la. Ele segurou os fios com força, puxando- os e ajudando- a enquanto ditava os movimentos. A língua da garota se movia em círculos ao redor da ponta do seu órgão antes de deslizá- lo por toda a sua boca, engolindo- o por inteiro. estava sentindo algo de diferente. Algo intenso. Algo real. E por maiores que fossem seus temores, naquele momento ela não via a hora de perder- se totalmente naquela imensidão de sentimentos desconhecidos, mas imensamente tentadores.
O corpo de estava próximo do ápice, seu pau estava a caminho de jorrar toda a sua porra dentro da boca aveludada e quente da menina, suas coxas tremiam. O corpo de experienciava as mais intensas e profundas sensações de mais puro e avassalador prazer. De repente, o garoto que sempre fora tão inconsequente, estava dando de cara com o choque da verdade que insistia em negar: aquela garota... Tinha algo de muito errado com ela. O errado mais certo que existia. Como ele.
“Me deixe cuidar de você.” - a voz de ecoou em sua mente, fazendo- o gemer.
Cuidar dele. Meu Deus, por que diabos no mundo aquela frase nada erótica ou perversa o deixava cada vez mais excitado quanto mais ele relembrava em sua cabeça?!
- E- eu...
se sentia tão vulnerável, tão exposto, tão nu, como nunca antes.
"Me deixe cuidar de você."
A onde de calor elétrico ia se formando em seu corpo, e o prazer aumentando mais a cada segundo enquanto sua cabeça girava, seus olhos reviravam, suas coxas tremiam, seus quadris involuntariamente investiam contra a boca da garota, enquanto longos e roucos gemidos saíam do fundo de sua garganta. Era gostoso além do limite.
- Eu vou... V- vou...
A frase se repetia sem parar em seu cérebro borrado, deixando- o mais excitado, mais duro, mais perto do seu ponto de ebulição.
"Cuidar de você. De você. De você. Você, você, você, você, você, você..."
Ele gemia cada vez mais conforme as palavras dela davam replay como um disco arranhado dentro de sua cabeça, até que o corpo de não pôde se conter mais. Com os olhos revirados, o rosto coberto de suor, e os lábios entreabertos, atingiu o seu primeiro orgasmo da noite, despejando todo o seu sêmen dentro daquela boca tão apertada, quente e macia. A sensação era a de que, de fato, seu pênis inteiro se derretia por completo contra a língua macia de . Manteve os olhos fechados por certo tempo, tentando organizar as ideias borradas e desconexas que sua mente tentava inutilmente formar. Até que abriu os olhos, e a viu. lambia os lábios... E sorria. Sorria docemente, como se não houvesse acabado de chupa- lo de maneira tão profana. Ela o olhava completamente... Encantada. E a cena lhe fez querer fodê- la naquele exato momento. Estava em choque, é claro, e não fazia ideia do que diabos havia acabado de acontecer. Mas, inconsequente como era, a única coisa que queria fazer agora que havia descoberto o quão avassaladora era a sensação que o causava, ele deixaria para pensar sobre aquilo mais tarde. Naquela hora, ele tinha um novo objetivo, que deveria ser cumprido a qualquer custo: ele foderia aquela maldita garota.
- Vem aqui. - chamou, rouco, e ela se aproximou. - Eu preciso meter em você, garota... - disse, sem a menor pretensão de pensar sobre palavra alguma. Ele precisava senti- la. Em um movimento brusco, inverteu as posições, se colocando por cima dela. Sua cabeça girava demais, se sentia como se estivesse sob o efeito de algum alucinógeno bizarro, mas era só... Ela. Impaciente, ele levou as mãos até o decote da camisola, e a partir dali, rasgou- a um pouco enquanto a retirava por cima de sua cabeça.
- ! Seu imbecil! - ela o xinga, batendo em seu braço, e aquilo o fez rir rouco.
- Fique quietinha. - mandou e ela lhe lançou o dedo do meio. Certas coisas não mudavam. - Você está sempre tentando me enfrentar, não é? - disse, enquanto afastava as coxas da mais nova uma da outra, umedecendo os lábios em expectativa. - Sua sorte é que eu simplesmente adoro te ver toda nervosinha enquanto me provoca. - deslizava os dedos pela parte interna das coxas da menina, tocando a barra de sua calcinha, abaixando- a sem censura. Grunhiu, sua boca salivando com a visão de sua boceta pronta para si, incentivando- o mais do que nunca a se deleitar com todo o seu prazer, deixá- la em estado de delírio. - Eu não sei o que diabos você fez comigo, garota... Mas pode ter certeza de que eu vou retribuir. - sua voz era rouca, e seus olhos se fixaram nos dela enquanto ele lhe introduzia um dos dedos, devagar. arfou, desnorteada. soltou um leve gemido ao fazê- lo, sentindo o quão molhada ela estava. - Você faz um bom trabalho bancando a durona orgulhosa, eu admito. Mas você está tão quente e molhada, que eu fico em dúvida quanto à esse orgulho todo. - colocou mais um dedo, continuando a movê- los tortuosamente devagar. Respirou pesadamente e de maneira audível, observando fascinado a forma como seus dedos deslizavam com facilidade, encharcados do prazer de . Fazia movimentos de vai e vem, curvando os dedos dentro dela para se certificar de que atingiria seu ponto mais sensível.
- Mais rápido, mais... - ela murmurou, insana.
delirava, falando palavras desconexas enquanto soltava gemidos baixinhos. Ela contraía seus músculos ao redor dos dedos de . Em breve seria o pau pulsante do rapaz a ser apertado –e ela simplesmente não via a hora. A necessidade de gozar estava estampada nos olhos de . Ela nunca precisara assim de alguém, com tanta urgência, tanto desejo, tanta fome... Ter os músculos internos dela apertados ao redor dos dedos finos de era demais para suportar. Ansiava por mais, demonstrava a cada segundo com o desespero em seus quadris ao movê- los contra seus dedos que a fodiam ora devagar, ora rápido.
- Olhe para mim. - o jovem exigiu, sua voz grave e rouca. Ela prontamente o obedeceu. - Olhe nos meus olhos, eu quero ver o seu rosto enquanto eu meto meus dedos em você. É gostoso...? Você gosta dos meus dedos dentro de você desse jeito? - acelerou apenas um pouco os movimentos, imaginando o quão insuportavelmente delicioso seria sentir aquela sua vagina quente apertando seu pênis duro. - É muito quente, não é, ? Você ama isso, não ama? Ama como eu meto meus dedos em você, não ama? - com a mão livre, o garoto apertou com força a coxa da garota, e até mesmo desferiu um pesado tapa ali. - Você é uma garota tão doce, em todos os sentidos... Eu aposto que o seu gosto é ainda mais doce. Meu pau ferve só de imaginar o seu líquido quente e doce se derretendo na minha língua... Eu engoliria tudo com tanto prazer. Ahhh, eu estou tão faminto... - retirou os dedos de dentro dela por um momento, apenas para levá- los à própria boca, chupando- os e lambendo- os com vontade, gemendo enquanto o fazia, tentando saciar sua fome inconsolável. - Ahw, é tão doce... - balbuciou, rouco, ensandecido, delirante. - Eu quero provar mais. - levou os dedos agora aos lábios da própria , fitando- os com obsessão enquanto ele fazia com que ela chupasse seus dedos. - Eles fazem você se sentir bem, certo? Chupe- os com vontade, então. - dizia, sentindo seu pênis se contrair com a sensação gostosa da língua quente e molhada de envolvendo seus dedos, se lembrando da mesma sensação em seu pau. Retirou os dedos, apenas para voltar a introduzi- los na boceta quente da jovem, dessa vez usando a língua em conjunto, esfregando- a em movimentos lentos contra o clitóris. Fechou os olhos, se deliciando com o gosto macio dela em sua língua, ouvindo seus gemidos como se fossem música para seus ouvidos. Estava tão viciado em cada pedaço dela, no gosto dela, no cheiro dela. Tão faminto por provar e engolir todos os seus néctares paradisíacos, que temia não conseguir parar. Era apenas por uma noite, mas no fundo, sentia que poderia fazer aquilo incansavelmente por todas as noites de sua vida, com o mesmo vigor e vontade daquela.
Estava perto, tão perto... forçou o quadril contra o colchão; suas mãos estavam nos cabelos macios do homem, acariciando- os, enquanto os lábios cheios de procuravam ensandecidos por mais dela, possuindo- a, curando- a. A ponta do nariz de chocou- se contra seu clitóris, e isso fez com que gemesse de forma pornográfica, pegando- o de surpresa pela força em seus dedos segurando seu cabelo. Ela fechou os olhos, jogando a cabeça para trás e sorrindo com a sensação antes de seu rosto se contrair em prazer mais uma vez; seu quadril já não parava mais. Sentiu a firmeza dos braços de em volta dele, a cabeça do homem em sua coxa, fazendo- a fechar as pernas ao redor de seu rosto. O corpo de tremia, suas pernas apertavam a face de , seu sexo ardia de tesão. E então não aguentou mais: enfim desmanchou- se em sua boca, os músculos fortemente apertados em seus dedos, a mão em seu cabelo sem noção de força, seu gemido alto ecoando no cômodo.
A garota abriu suas pernas lentamente, liberando o rosto do rapaz.
- Eu acho que gosto de você. - ela disse baixinho, o tom delicado e vulnerável. Não quis esconder, não tinha porquê fazê- lo de novo. - Eu quero você dentro de mim. Quero você dentro de mim agora. Por favor...
nada disse, apenas fez questão de engolir todo o néctar adocicado que ensopava sua língua, sentindo seu corpo inteiro reagir em vigor diante do gosto delicioso. O rapaz gemia em deleite, sentindo sua fome apenas aumentar ao ponto de se transformar em um vício. Ergueu o corpo, segurando o rosto da menina firmemente e a beijando com ainda mais firmeza e vontade, esfregando desesperadamente sua língua contra a dela, desejando mais, mais e mais. Quando partiu o beijo, não quis mais esperar. Seu corpo todo implorava por aquilo mais do que era saudável, e ele simplesmente não poderia suportar mais.
- Você me quer dentro de você, e é isso que você vai ter. Seu delinquente esquisito fodendo você todinha. Nada menos que isso. - afastou- se para pegar a camisinha no bolso de sua calça, rasgando a embalagem e protegendo- se devidamente. E foi quando, de maneira tortuosamente lenta, ele posicionou a glande em sua entrada, deslizando todo seu pênis duro por toda a vagina apertada, precisando fechar os próprios punhos com força para conter a sua vontade de destroçá- la impiedosamente. Era quente demais, apertado demais, molhado demais... arquejou, desejando mais, pedindo baixinho por mais. - Oh, ... - murmurou, movimentando a pélvis com precisão, indo e voltando dentro dela, arfando e gemendo rouco toda vez que sentia sua vagina quente lhe apertando. - É tão quente... Dentro... De você... - ia balbuciando, sem saber exatamente o que estava dizendo, sentindo sua mente em branco, e seu corpo se derretendo em um borrão de tintas de cores quentes. Era como se a cabana estivesse se derretendo, como se o mundo todo estivesse pegando fogo. Era tão gostoso, tão vivo. Aquilo era como experimentar o sentimento de estar vivendo pela primeira vez. - Eu estou louco, louco por você, pelo seu corpo, pelo seu toque, seu gosto... A- ah, eu estou faminto por você, eu quero... A- aah, eu... - seus corpos queimavam, seu corações batiam acelerados, sentiam arrepios profundos, capazes de levá- lo ao delírio. segurou as pernas da menina com força, separando- as ainda mais e metendo ainda mais fundo, revirando os próprios olhos e salivando com a sensação de prazer tão intensa que fazia seu corpo inteiro tremer. Ela gemeu alto, insana, entregue, e aquilo o instigava mais. As defesas dela não estavam mais ali e aquilo o tirava do sério. O prazer era tão intenso, todas as áreas de seu corpo tremiam, suavam, se contraíam com tamanha satisfação. - O você fez comigo...? - a pergunta saiu sem sua permissão, enquanto passava a se movimentar ainda mais rápido, agora com mais energia, porém sua cabeça apenas girava, nada em sua mente parecia funcionar direito, seu corpo parecia se movimentar sozinho, sem parar.
- Eu gosto do seu gosto... Você é doce, seu sorriso é doce, seus gemidos são doces, sua boceta é doce... - as palavras iam saindo, seu corpo pingava de suor, suas mãos falhavam em mantê- lo suspenso por cima dela. - Suas palavras são doces, sua voz... Você. Você é tão doce, eu acho que eu... Eu... - novamente escondeu o rosto, sem forças - e nem coragem- , para manter sua cabeça erguida. - Sua boceta está apertando tanto o meu pau, eu não consigo parar de meter em você, mas... Mas é tão... Diferente... - sentia que seu corpo estava prestes a quebrar por completo. , o delinquente mais arrogante, petulante, e sem coração do mundo, estava à beira de explodir. E ele queria aquilo. Tinha medo do que aconteceria assim que o fizesse, mas oh, queria tanto, tanto, tanto. Sentia todo o seu corpo sensível. Seu pau sensível pelo constante estímulo, sua mente sensível pelo borrão que havia se tornado, sua boca sensível pelo gosto doce que não se deixava sair de sua língua, e até mesmo seus ouvidos sensíveis pelos gemidos deliciosos que ouvia, e que apenas ficavam ecoando dentro de sua cabeça. - É gostoso, não é...? É viciante, não é...? Vamos , admita... Você está tão insana quanto eu. - estimulava, sentindo calafrios tomarem seu corpo à medida que a menina reagia aos seus comentários sujos, deixando- o ainda mais vulnerável.
- Sim, sim, sim! - ela murmurava afoita, gemendo copiosamente, arqueando seu quadril para que ele a penetrasse mais fundo.
- A- Ah, tão quente... É desse jeito que você gosta de ser fodida, ? Bem fundo, assim? - instigava, vendo que sua garotinha doce estava tão próxima do abismo quanto ele. Cairiam juntos, e seria triunfal. - Eu quero esporrar todinho dentro de você... Eu quero que você nunca esqueça da sensação de me ter dentro da sua bocetinha apertada e doce... Eu quero você todinha pra mim... Só pra mim... Só pra mim... - sentia seu corpo ficando cada vez mais sensível, seu pau cada segundo mais frágil, sentia que precisava liberar toda a sua porra imediatamente ou enlouqueceria de tanto desejo. Seu rosto suava, suas palavras não se pronunciavam direito, sua mente parecia quebrada, pois não funcionava de maneira alguma, o corpo de funcionava sozinho, sem que nada pudesse o parar. Além de tudo, sentia um calor estranho na região do peito que jamais sentira antes, e era extasiante ao extremo, e ele não sabia que diabos era aquilo, mas apenas sabia que era ela fazendo aquilo. Era tudo por causa dela, por causa do corpo dela, por causa da sensação alucinante de tocá- la. Seus músculos iam se cansando, mas ele não conseguia parar. Estava perto. Tão perto, tão perto, tão perto... Ouvia aquela melódica voz clamando seu nome, o impacto gostoso de suas intimidades se chocando uma contra a outra, ambos os corpos banhados em suor. Tão surreal, tão quente, tão vivo, tão gostoso, tão gostoso, tão gostoso... - Isso, isso, isso, goze pra mim, geme o meu nome, treme debaixo de mim, fique louca por mim... Seja só minha.
foi primeiro. Seus olhos se fecharam, seus músculos tensionaram e ela gemeu alto, se entregando ao êxtase. prosseguiu, suas investidas ficaram mais intensas, seus gemidos mais altos, e ele continuou sem parar, até que um arrepio ainda mais avassalador eletrificou todos os músculos de seu corpo, e ele soltou um longo e grave gemido sôfrego, enquanto seu pau soltava enormes jatos de seu prazer quente, fervendo dentro dela, se derretendo dentro de . Ficou certo tempo sem conseguir mexer qualquer mínima parte do próprio corpo, até que se deixou cair profundamente do lado da jovem no colchão, com os olhos revirando. Ele se levantou depois de alguns segundos, livrando- se da camisinha e voltando ao seu lado.
- ... Pode me fazer um favor? - ele murmurou, fora de órbita, o corpo ainda dando alguns espasmos.
- Claro.
- No sábado à noite, quando as luzes se apagarem... Fuja.
Ela franziu o cenho. Estava preparada para questiona- lo, mas o mesmo lhe pegou desprevenida, calando- a com um beijo. Ela esquecera das palavras estranhas de naquele momento.
permitiu- se aproveitar aqueles últimos momentos de satisfação intensa, enquanto aquele calor morno e gostoso dentro de seu peito não cessava. Ele se sentia tão diferente, e tão confuso, mas em nada conseguia pensar. Sua mente ainda não funcionava, e tudo o que ele conseguia fazer era sorrir bobamente, como um tolo vulnerável, porém indiscutivelmente feliz.


VI

trajava um vestido vermelho longo e justo, que abraçava perfeitamente seu corpo, valorizando as curvas sinuosas com perfeição. A jovem estava indiscutivelmente deslumbrante, e isso se provou um fato com os insistentes elogios que recebia na mansão Del Monaco.
- A garota é realmente um alento aos olhos. - elogiou Marcus Del Monaco para o filho, fazendo sorrir timidamente. Ele tinha uma taça nas mãos e bebericava a cada segundo.
- E além de ser um doce, também é boa com crianças! - sua esposa completou, referindo- se ao fato de que tinha a irmã recém nascida de nos braços.
- Eu adoro crianças. - admite, ninando o bebê com carinho.
- Ela não é incrível? - murmura bobamente.
- É mesmo. - Marcus concorda solenemente. - Fico feliz que tenha vindo, . não para de falar de você. Creio que já posso te considerar minha nora... E consequentemente da família. Não é todo dia que encontramos o verdadeiro amor.
Amor. A palavra ecoou pelos pensamentos da menina, fazendo- a sentir um desconforto repentino. Não parecia certo referir- se ao relacionamento dela e de como algo tão significativo quanto amor. Quem estava querendo enganar? Absolutamente nada parecia certo. A noite passada com havia plantado inúmeras incertezas em seu ser. Suas convicções haviam sido questionadas, suas barreiras completamente destruídas. Os toques, os comentários lascivos, a intimidade... Aquilo havia sido único. Aquilo havia sido insuperável. E agora ela estava ali, nos braços de outro homem, em uma festa que não tinha absolutamente nada a ver consigo. Estava tarde e ela queria estar com . Queria estar dormindo serenamente com ele naquele colchão surrado na cabana o qual ele agora chamava de lar, perdendo- se em seus sentimentos, escondendo os problemas debaixo dos lençóis. Ela faria de tudo para vê- lo. Ontem à noite ele a levou até a casa de Seth. Pegou poucas coisas de seu quarto e se foi, aguentando o surto feio de Seth que o assistira ir embora. Havia sido uma briga tensa e ela faria qualquer coisa para vê- lo e se certificar que estava bem.
Mal sabia a garota que seu desejo tão profundo estava prestes a se realizar.
Quando havia parado o carro em frente a casa medíocre de Seth naquela noite, eles já estavam à postos. Quando adentrou o veículo e o mesmo começou a andar, levando- os a mansão extremamente protegida dos Del Monaco, eles o seguiram minuciosamente.
E, sem qualquer dificuldade, a invadiram.
Marcus Del Monaco ainda discursava sobre o futuro promissor do relacionamento de e quando a música ambiente deu lugar a uma melodia animada de circo. No início fora apenas uma melodia feliz, que aos poucos ia se arrastando, tornando- se mais lenta... E mais... E mais...
- O que está acontecendo? - questionou o pai, que tinha a feição completamente petrificada.
- Precisamos sair daqui. - murmurou nervosamente.
Mas era tarde.
Uma risada. Alta, aguda, aterrorizante. Uma explosão, e de repente, o escuro. As luzes do enorme salão luxuoso haviam sido apagadas.
se lembrou das palavras de . Fugir. Mas por que...?
Os convidados berraram em terror, os membros da Black Dragon grunhiram empunhando suas armas. puxou , obrigando- a a correr consigo. Ela segurava o bebê com força em seus braços.
Antes que pudessem sair do salão, as luzes se acenderam.
- Por favor, não façam nada. - a voz de Marcus Del Monaco soa trêmula.
A música de circo se tornou cada vez mais lenta e aterrorizante, uma trilha sonora digna de filme de terror. Todos analisaram a cena em repleto choque.
Marcus Del Monaco estava preso nos braços do homem de terno vermelho de veludo, com a aterrorizante máscara de palhaço tampando- lhe a face. Ele tinha uma arma apontada diretamente para a sua cabeça. Os outros três capangas da Scary Clowns também estavam ali, eles com duas armas apontadas para sua esposa.
- Oh, vejam só vocês... Vocês não parecem mais tão superiores a nós. Na verdade, vendo- os agora, a Black Dragon parece incrivelmente insignificante.
Risos e uivos de aprovação soaram por parte de seus amigos. Ele prosseguiu:
- Lembra- se da história que lhe contei, Marcus...? Um garotinho sozinho. Pai assassinado. Sua culpa. - ele murmurava rouco, obrigando Marcus a virar para encara- lo. - Eu disse que me vingaria, não disse? Bem, a hora chegou. Mas para isso quero que olhe em meus olhos e veja o estrago que fez.
A música soava cada vez mais mórbida e agonizante enquanto ele retirava a máscara, jogando- a de qualquer jeito.
soltou um soluço estrangulado de onde estava.
sorriu para Marcus de maneira completamente perversa, os olhos brilhando em expectativa para o mal que faria a seguir.
- Você. - Marcus murmurou, intrigado. - Seu pai... Eu me lembro. Você estuda na escola do meu filho! Você é apenas um órfão revoltado! Pare com isso enquanto ainda há tempo, garoto.
Não. Já era tarde demais.
- Seu reinado acabou, Marcus. A Black Dragon não estará mais no comando de Nalina... Afinal, quem irá respeitar um líder que é morto por um mero garoto?
- Você não...
- Te vejo no inferno, babaca.
Ele puxou o gatilho.
O berro estrangulado da esposa soou, acompanhado de exclamações surpresas por parte dos membros da gangue. O corpo inerte de Marcus Del Monaco caiu. observou- o sem expressão. Seus amigos berravam em deleite logo atrás.
- Marcus Del Monaco era fraco e muito, mas muito incompetente. - anunciou para os demais, olhando- os com um brilho faiscante de perversão em seu olhar sombrio. - Mas eu não sou. Vocês sabem o que a Scary Clowns fez nessa cidade durante tão pouco tempo e sem qualquer recurso. Vocês sabem do que somos capazes... Vocês sabem do que EU sou capaz. Juntem- se a mim. Juntem- se a nós. Iremos destruir Nalina, iremos impor nossas regras nessa cidade medíocre... Iremos ser invencíveis.
Segundos de silêncio, e em seguida, caos.
Os membros da gangue berraram em aprovação, subitamente eufóricos ao se verem submetidos a um líder convincente o bastante para despertar o pior que havia em cada um. Empurrões se seguiram, palavreados chulos, armas sendo disparadas. De repente se voltaram para o filho dos Del Monaco, que tentava fugir a todo custo.
- !!!
O grito que cruzou o salão foi capaz de desnortea- lo por completo. arregalou os olhos ao vê- la ainda ali. Não. Não. Não. NÃO!!! A expressão de medo, terror, angústia... Dor. o olhava com tanta dor em seus olhos bonitos, tamanha decepção diante a aquilo que ele realmente era: um delinquente esquisito que não a merecia. Um monstro.
- Merda, , não dê atenção para ela! - murmurou atrás de si, mas estava muito ocupado vendo sair correndo pelo salão, arrastando e uma criança consigo.
- Preciso ir atrás dela, preciso...
disparou um tiro certeiro. olhou para trás a tempo de ver a esposa de Marcus Del Monaco sangrando ao chão.
Desviou o olhar, correndo diante ao caos, tentando alcançar o vestido vermelho esvoaçante que fugia de seu reinado caótico.


VII

- ! - ele a chamava, saindo do salão e adentrando a casa. Passou por um corredor sinuoso e escuro, seguindo os sons cada vez mais próximos. Ele ouvia os soluços altos de Del Monaco, juntamente a um choro insistente de criança.
O vestido vermelho se fez presente em seu campo de visão, bem no hall de entrada, preparada para sair. correu, tocando seu braço, puxando- o para que não passasse por aquela porta.
- NÃO TOCA EM MIM!!! - ela berrou, empurrando- o para longe.
piscou algumas vezes, sentindo uma dor excruciante predominar todo seu corpo.
- Não, por favor, não... - ele murmura, fechando a porta atrás dela, ignorando as lamúrias de Del Monaco que a chamava do lado de fora. O bebê deveria estar com ele. - Me perdoe. Eu... Eu precisava fazer aquilo. Você não entenderia, você...
- Cala a boca, só cala a boca! Eu não quero saber! Me deixa em paz!!! - ela chorava, tentando passar por ele, querendo fugir.
- , não... - ele chorava agora, expondo a dor terrível que sentia diante a rejeição da garota. - Ele matou meu pai. Ele é o principal culpado de eu ser um órfão de merda vivendo uma vida de merda! E agora ele está morto e eu posso fazer justiça do meu jeito!!! Eu posso ser melhor que ele, melhor que qualquer um!!!
- Você é uma pessoa horrível. - ela afirmava com veemência, sentindo- se cada vez mais quebrada por dentro. Estava despedaçada e sua dor era exposta com as lágrimas que caiam sem pausa. - Me deixe ir, me deixe em paz!
- ... Por favor. Me desculpe. Fique comigo. Me desculpe. Eu não posso deixá- la ir. Eu não posso suportar a ideia de você me odiando. - ele chorava copiosamente a garota. - Preciso de você. Preciso ser amado por você. Sem você nada faz sentido. Eu não posso deixá- la ir, eu...
A garota o olhou profundamente, daquela forma tão doce e vulnerável, porém com uma dor nunca antes presenciada. se odiava por ser aquele quem lhe proporcionou tamanho sofrimento.
Oh céus, o que ele havia feito...?
- Não. Eu sinto nojo de você. Você é um monstro. - ela afirma em um rosnado, desviando- se de , abrindo a porta novamente. As defesas haviam sido impostas novamente. - Adeus, .


Epílogo

Intocável, indomável, invencível... Indestrutível. O jovem poderoso que ninguém poderia enfrentar. Era aquilo o que ele era– ou costumava ser.
Nada mais seria como antes.
Estava de joelhos no chão gelado, o olhar perdido na porta, sem forças para levantar. Cenas recorrentes com vinham em sua mente, nublando- a e deixando- o em um estado de melancolia o qual ele poderia jurar nunca ter sentido antes. Ele se sentia fraco. Como se sua maior fonte de sustentação houvesse sido tirada e tudo o que restara fora uma construção imperfeita preparada para desmoronar a qualquer momento. E faltava pouco tempo. A cada maldito segundo que passava ele via sua ruína cada mais próxima.
A garota havia acabado de sair por aquela porta.
Ele sempre amou fixar seu olhar sombrio na silhueta esbelta da jovem. Admirar sua figura andando, se distanciando enquanto ele imediatamente ansiava pelo momento que a veria novamente. Mas naquela noite ele não conseguiu assisti- la partir, pois sabia que seria a última vez que o faria.
Doía como o inferno.
Seu coração apertava, doía, sangrava. O rapaz, que nunca havia se permitido chorar, se via aos prantos. As lágrimas caiam sem pausas por suas bochechas, e ele as interpretava como uma forma de ridiculariza- lo, humilha- lo por ser tão fraco. As lágrimas eram um lembrete constante daquilo que ele havia se tornado.
Aquele garoto costumava ser um delinquente que se considerava intocável, indomável, invencível... Indestrutível. Mas ela apareceu. E, desde então, nunca esteve tão indefeso.


Fim...?



Nota da autora: Esse foi meu primeiro ficstape e eu estava muito insegura para escrevê-lo, não nego! Mas meu amor pelo Louis e esse álbum – ainda mais essa música linda – me deram forças para escrever!! Espero que tenham gostado desse casal tanto quanto eu gostei e que tenham curtido a história. Estou planejando uma continuação que estará presente na ficstape do Liam. Se quiserem se manter informadas vou deixar logo abaixo o link do meu grupo do Facebook e das minhas outras fanfics do site. Obrigada mesmo! Beijos da tia Vick e até a próxima. 🖤





Outras Fanfics:
Menina Dourada | Originais, finalizada.
Psychotherapy | One Direction, em andamento.

É isso mesmo que eu li? Essa história incrível vai ter continuação no ficstape do Liam, que eu também vou betar? *figurinha do Pocoyo caído no chão* Arrasou, Vick! Mal posso esperar então! Parabéns pela história!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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