Capítulo 1

Mais um dia que ele acordava, mais um dia em que ele sonhava com ela.
Aqueles olhos negros e doces, cabelos flamejantes da cor do fogo e a pele delicada como a melhor seda existente no mundo. Ele realmente não tinha ideia de onde havia tirado aquela mulher. Ousava não acreditar que era uma armadilhada da sua cabeça. Acreditava que já a tinha visto, só não se recordava. Precisava voltar a consultar seu neurologista, podia ser Alzheimer precoce. Não, ele precisava voltar ao psicólogo. Não parava de achar que estava doente.
Levantou-se, ainda perplexo. Tinha que ir trabalhar, senão iria ficar atrasado, o que seria péssimo. Mesmo sem conhecer sua nova chefe, podia apostar que ela não gostaria nem um pouco de qualquer tipo de atraso por qualquer motivo. Principalmente por causa de uma mulher que habitava os seus sonhos há exatamente um ano.
Fez sua higiene. Colocou seu habitual jeans e camisa de botões. O ambiente de trabalho não era tão formal para que se exigisse o uso de terno, o que ele agradecia aos céus. Deu uma última checada no espelho para ver se tudo estava no seu devido lugar. Estava. Pegou a pasta e as chaves do carro esportivo que tinha ganho de seus pais quando fez 21 anos. Saiu do apartamento e dirigiu-se para o elevador, que estava calmo, como era de costume. Era um prédio pequeno, porém luxuoso. adorava morar ali: outro presente de seus pais. Precisava começar a conquistar as coisas com o seu próprio suor e dinheiro e parar de viver debaixo da asa dos pais. precisava, mas, para ele, era tudo mais fácil se continuasse daquele jeito: gastando com nada e só juntando dinheiro para os anos em que iria viajar o mundo atrás do autoconhecimento e do amor que tanto lhe faltava na vida real, mas era ofertado em seus sonhos com aquela mulher sem nome ou vida que não fosse imaginária.
Certo, agora ele podia ter a certeza de que precisava procurar um psicólogo.
Entrou em seu carro, passou as mãos pelo banco de couro e suspirou. Ajeitou-se corretamente, colocou o cinto e ligou o carro, não antes de fazer seu ritual: bater sua cabeça no volante em uma tentativa falha de parar de ser um mimado, covarde e acomodado. No entanto, é claro que ele batia com a maior delicadeza do mundo. Não queria ter problemas cerebrais tão cedo. Ao se dar conta de sua hipocrisia, bufava. Isso acontecia todos os dias, a mesmice continuava a irritá-lo e ele continuava sem fazer nada para mudar qualquer coisa, nem que fosse mudar o disco. Continuava conseguindo irritar-se com uma frequência desmedida.
Chega!
iria viver uma vida nova e começaria desde já. Era um homem decidido. Mudaria o caminho até o escritório. Era uma grande mudança, não era? Mas é claro que não! Até eu, o narrador da vida fatídica e cheia de ciclos que nunca terminam do , estava farto de sempre repetir a mesma história, até o “Chega!” que acontecia todos os dias. Cadê as boas coisas de ser um adulto livre e com a conta bancária cheia de dinheiro? ainda não havia entendido como era ser um homem pleno de felicidade. Bom, isso nem eu, mas ele conseguia ser infinitas vezes pior.
Eu sou um fofoqueiro de primeira, e ele é apenas o pobre que tem tudo e nada ao mesmo tempo.
As ruas estavam monótonas, como era de se esperar, não era hora de trânsito e aquilo era uma cidade do interior de São Paulo, longe de ser lotada. Mais um ponto para a vida do miserável : o silêncio de uma cidade que podia ser muito monótona quando se era , um adulto escondido de todos.
Protegido de todos, até mesmo de sua própria vida.
Coitado do ! Sofre aquela que é a maior dor de todas, a dor de não saber ser ele mesmo.
Vamos adicionar mais uma dor à lista: a dor de amar alguém que só vive nos sonhos.
Sonhos, sonhos e sonhos.
vive nos sonhos.
Sonhos de qualquer ser humano, mas não saber aproveitar o que a vida propõe para ele. Tem como não sentir pena dele?
Em dez minutos, chegou ao escritório. Extraordinário e simples eram as palavras que vinham à mente dele sempre que olhava para aquela fachada. Era tudo que ele queria ser: simples e extraordinário. Um desperdício saber que levava uma vida de modo ordinário.
Adentrar aquelas portas de forma firme, elegante e galante era mais uma parte de sua rotina. Especialmente dessa parte ele gostava. Adorava ser o motivo de olhares, suspiros e cochichos apaixonados das mulheres de seu ambiente de trabalho, o que não era nada profissional. E ele era uma pessoa profissional, um pouco birrento e teimoso demais, mas tinha ética. Nunca roubou o trabalho ou a ideia de ninguém. Profissionalmente, até que era bem sucedido. Agora, na vida pessoal, era um completo fiasco.
Sim, eu adoro deixar o em maus lençóis. Atualmente, é a minha diversão preferida, e eu não tenho ética.
Entrou no elevador e suspirou. Notícia bombástica: ele cansa da vida dele. estava exausto. A rotina tirava o que havia de melhor nas pequenas coisas, e ele sentia os efeitos de tudo isso o bombardeando.
Cumprimentou sua secretária com um aceno feliz, mesmo não estando com um pingo de felicidade em seu corpo. Deixou a pasta em cima da mesa e tacou-se na grande cadeira almofadada, a coisa mais confortável de todo seu escritório. Abriu seu notebook, olhou seu e-mail e ficou entre ler cada um e responder os que eram necessários. Aquilo era só um meio de se distrair enquanto esperava, ansiosamente, por sua nova chefe. Pelo e-mail, parecia ser enigmática, ele tentou rastrear cada pedaço da vida dela, porém não conseguiu. Nem foto de perfil ela tinha! Mais uma frustração para sua lista que estava começando a ficar grande.
Seus ouvidos estavam atentos, a espera de um leve toque. O que se ouviu foi inesperado: um toque forte, alto. Ele mandou quem estivesse lá fora entrar. A porta foi aberta rapidamente e, sem qualquer tipo de delicadeza, como um estrondo. fechou os olhos com o barulho, entretanto, em sua mente, a batida de Suck It And See, do Arctic Monkeys, ressoava como trilha sonora. Um pingo de coragem caiu sobre a cabeça de e ele abriu os olhos para deparar-se com a melhor visão e surpresa de toda a sua vida.
Sua chefe com aquele olhar escuro, profundo e mortal, os cabelos pegando fogo e a pele delicada como seda, só podia ter saído de seus sonhos.
Era ela: a mulher que atormentava seus sonhos.
Era ela, ele tinha certeza.
A diferença era que o olhar não transmitia doçura como nos sonhos, mas algo próximo do mistério, e ele estava feliz por isso. Seria difícil conquistar o coração daquela jovem mulher.
havia achado algo que o faria lutar: um fascínio para desvendar.
A mulher de seus sonhos tornou-se real, e ele estava entrando em combustão de tanto êxtase.
Ela apresentou-se e disse que se chama , como a Boreal. Sim, ela traria cores o suficiente para a vida do nosso querido .
finalmente tinha um nome para ela. Não sabem o alívio que ele sentia. Era bem melhor do que falar que era a garota dos sonhos. Isso era muito mais lunático.
Finalmente iria começar a encontrar o caminho para soltar suas amarras. seria a chave.
Era o momento dele me expulsar, e ele me mandou embora falando palavrões para a minha pessoa! Garoto ingrato! Mas não irei sem antes deixar um trunfo final. Sempre tenha cartas na manga.
Viva a vida, . E, vocês, sigam o conselho anterior. Narrador está se retirando para descansar a língua, que já está muito velho e cansado.


Fim.



Nota da autora: Olá! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Gostaram?! Obrigado por lerem!





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