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11. Got Me Going Crazy

Última atualização: 05/02/2016

Capítulo Único

Era muito cedo.
Meu casaco estava enrolado sobre a mesa e enfiei o rosto no tecido macio. Embora a luz forte da sala de aula continuasse incomodando, a posição era mais confortável para que eu pegasse no sono, o que vinha acontecendo frequentemente nos momentos que antecediam aquela maldita prova de álgebra.
A última de todo o ensino médio.
Eu estava dependendo muito daquelas notas se realmente quisesse conseguir vagas em boas universidades, e por isso havia estudado a madrugada inteira à base de cafeína. Era um costume péssimo adquirido nos últimos anos, mas a ansiedade colaborava, também.
Estava em minha carteira de sempre, quase ao fundo da sala, o ombro direito praticamente colado à parede. Tratava-se um cantinho tranquilo e meio-termo; eu não tinha a responsabilidade de ser o nerd ocupando um lugar na primeira fileira, tampouco um dos alienados que bagunçavam a última – isto é, de acordo com os estereótipos criados pelos professores e a coordenação. Era penas , relaxado, próximo o suficiente da lousa para enxergar os números miúdos que indicavam início e término da prova, mas ainda assim distante dos olhos do responsável por aplicá-la de modo que jamais me tornaria o holofote.
Eu teria cochilado de novo se a carteira da frente não tivesse se movido até puxar um tufo de meus cabelos. Ergui-me, lerdo, meus olhos comprimidos para enxergar com uma mão sobre os lábios.
- Me desculpe. – Ela disse baixinho, e ofereci-lhe imediatamente um sorriso largo e derretido.
Merda.
Era sempre assim com ela – eu agia em impulsos, a informação apenas alcançando meu cérebro instantes depois.
deveria ter sorrido de volta, pois ela sempre o fazia. Virava-se na cadeira, o corpo ficando de lado e o rosto buscando o meu para que ela se interessasse pelo que eu havia feito ao fim de semana, as conversas se contornando e fluindo até que algum professor nos interrompesse com sua aula.
Mas não naquela segunda-feira.
ergueu brevemente um canto de seus lábios num cumprimento forçado, voltou-se para frente e palavra alguma proferiu. Demorei alguns segundos para compreender que havia algo de errado com ela, mas antes que conseguisse decidir se deveria tentar ajudá-la ou não, a prova começou, e só notei de novo quando ela empurrou sua cadeira para trás com força, todos os olhares seguindo-a com espanto enquanto juntava o material na bolsa e fugia da sala a passos rápidos, o exame intacto sobre a mesa.
Eu só havia solucionado três questões àquele ponto.
Três malditas questões.
Empurrei o material para dentro de minha mochila e, sem olhar para trás para que não me arrependesse, corri atrás de .
Eu era louco por ela.
Louco.
Conhecemo-nos no primeiro ano do colegial, e tinha aquela aura sobrepondo-se ao que se costumava encontrar nas garotas fúteis da idade dela. Não que não se importasse com a aparência – lápis sempre enegreciam o contorno dos olhos, tinha unhas e cabelos feitos – mas ela era muito mais que somente um corpinho bonito e arrumado. era capaz de conciliar o bom-humor com o bom comportamento, notas altas, senso crítico. Compunha-se numa melodia madura, um solo de rock clássico que jamais pareceria longo o bastante se eu me atrevesse a tocá-lo em minha guitarra.
Nunca fomos melhores amigos.
Eu mal sabia o que éramos.
Mas estava correndo para os portões da escola e eu sabia que algo de muito errado deveria ter acontecido para que ela abandonasse a prova daquele jeito.
não percebeu que eu a estava seguindo até que contornasse toda a rua do colégio e alcançasse a praia, seus pés correndo pela areia e enfim jogando-a de joelhos quase ao mar verde-esmeralda do Mediterrâneo. A garota estava chorando, e notei-o quando estava a poucos metros dela. Foi o suficiente para travar meus passos, dando-me conta do quão idiota havia sido.
O que eu estava fazendo ali?
Como é que eu ia consolar aquela garota?
virou o rosto para trás e escondeu-o entre as mãos ao reconhecer-me ali, parado como o imbecil que era. Ela começou a chorar mais alto, e minha consciência empurrou-me para frente enquanto eu trincava o maxilar, nervoso e sem jeito.
Joguei a mochila no chão e olhei da areia úmida para minha calça.
Foda-se.
Ajoelhado atrás de , aproximei uma mão de um ombro dela, meus olhos fechados com força. No meio do caminho, quase desisti – eu me sentia muito idiota tentando fazer aquilo! Mas ela estava chorando de um modo que despertou minha sensibilidade, e por isso acariciei-a de leve, ainda que não fosse capacitado para confortá-la.
- Ei...calma, . Calma.
Tomei um susto quando ela se jogou em cima de mim, os braços apertando-se em volta de meu pescoço num abraço forte. fungou em minha pele, e meu equilíbrio oscilou por este instante, quase fazendo com que caíssemos para trás, mas enfiei uma mão na areia em busca de apoio; a livre repousei nas costas da garota, retribuindo o abraço mesmo que de maneira desengonçada.
Ela estava chorando muito. De soluçar. Tinha esses pequenos espasmos e puxava o ar em meu pescoço, a boca vez ou outra roçando no local. Eu não podia evitar que meu corpo todo se arrepiasse, mas as circunstâncias não me permitiam sentir nada além daquilo.
- Vai ficar tudo bem... – Certo de que estava firme, minha mão antes enfiada na areia ergueu-se para o cabelo de , meus dedos sujos entrando por entre os fios para tentar aliviá-la. – Calma. – Era só o que eu sabia dizer.
Não fazia ideia do que havia acontecido com ela! Como eu poderia tentar ajudar mais que aquilo?
- Por que você veio atrás de mim, ? – Ela balbuciou, seus dedos apertando minha camisa. – Logo você.
Minhas carícias tranquilas cessaram diante das palavras confusas de . Ela, então, se afastou de mim, sentando-se por conta própria na areia, a saia do uniforme espalhando-se ao redor de suas pernas pelo modo com que o fizera. Limpou os olhos com as costas das mãos na tentativa de frear o choro, mas ainda soluçava.
- O que aconteceu, ? – Umedeci meus lábios, inclinando-me um pouco para a garota. – Você tá me preocupando!
- Eu não quero falar sobre isso... – Ela abraçou a si mesma, meneando a cabeça. – Mas você precisa saber, porque daqui a pouco o boato vai se espalhar e eu não quero que você pense que eu... meu Deus!
Ela estava se controlando para não começar a chorar de novo, o rosto inclinado para cima e a respiração presa.
Doía vê-la tão angustiada.
- Não precisa me dizer nada, se não quiser, ! – Tranquilizei-a.
O olhar dela não tardou a encontrar o meu num fulgor que me iludia os sentimentos sempre ao ser apresentado. , então, abriu-me um sorriso tão suave e triste que um poeta fá-lo-ia impossível, mas eu não era um poeta. Enxergava nela cada detalhe imperfeito – da falta de brilho em seus dentes, que sequer perfeitamente alinhados eram, aos lábios ressecados pelo calor, de um tom rosa pálido e descascado perto do centro.
Ainda assim, amar cada mínimo detalhe em era inevitável.
- Ele me pediu em casamento – ela despejou resfolegando e eu arregalei os olhos, incapaz de disfarçar o choque que me arrancara tão depressa dos devaneios. – , ele me pediu em casamento e eu não sei se quero aceitar.

saiu do banheiro com os cabelos molhados. Ela usava minhas roupas – uma calça escura de moletom e uma regata fina que a garota amarrou ao lado, deixando metade de sua barriga à mostra – e pareceu-me tão bonita e engraçada daquele jeito que eu teria sorrido se meu coração não doesse tanto.
Sempre soube que tinha um namorado. Era um cara mais velho que a buscava na escola montado numa moto enorme e vestido em jaquetas de couro. Não falávamos muito sobre ele, mas namoravam há quase dois anos entre qualquer loucura que ela fantasiasse, presentes caros e longas brigas ao telefone.
Se eu fosse um pouco menos idiota, teria percebido que a amava antes do motoqueiro aparecer.
Ou talvez não fizesse diferença, afinal.
Do que ia adiantar se eu soubesse?
Não teria sigo egoísta a ponto de interferir na felicidade dela tentando alcançar a minha. amava aquele cara, e ele podia oferecer o mundo a ela.
O que eu tinha para oferecer?
Um amor confuso e imaturo?
Um casamento medíocre na igreja do bairro, um emprego terceirizado e bijuterias?
Virei-me de lado na cama. torcia o cabelo numa toalha de banho, e sentou-se próxima às minhas pernas. Fungou.
- Obrigada por me resgatar, . – Ela riu, o cotovelo atingindo uma de minhas canelas em lenta provocação. – Seu chuveiro é muito bom para chorar, aliás.
Eu não conseguia sorrir espontaneamente para ela; era preciso fingir. Quando nada lhe disse além do falso sorriso, virou o rosto devagar, seus olhos curiosos percorrendo cada canto do meu quarto – o símbolo das relíquias da Morte numa das paredes laterais, o mural desordenado cheio de desenhos presos a si e, enfim, minha guitarra vermelha, Hayley.
- Você deveria tocar na formatura. – Puxou assunto.
- Eu não vou à formatura. – Lembrei-a.
- Antissocial.
Não respondi à tentativa de ofensa porque estava cansado. Não queria forçar-me a conversar com ela, gastar saliva com assuntos mecânicos como se o principal não estivesse me incomodando, um pedaço do inferno instaurado dentro de mim.
- Fala alguma coisa, por favor. – pediu-me num fio de voz. – Você tá chateado comigo? É isso?
- Você quer deitar? – Fugi do assunto tentando ser educado.
- ... – Ela suspirou meu nome, incomodada, mas o corpo deitou-se encolhido ao lado do meu em seguida. Virei-me para o teto, mas ela, por estar de lado, manteve os olhos fixos em meu rosto até que eu lhe retribuísse, olhando-a de volta.
As mãos em concha apoiavam seu rosto, este livre de maquiagens; o cabelo estava jogado para trás de modo que umedecesse meu travesseiro, mas eu não ligava. me encarava com certa intensidade, o que fez meu coração acelerar um pouco na ilusória ideia de estar recebendo um convite para que me afundasse em qualquer realidade utópica onde ela me faria o homem para a mulher que sempre foi.
- Você vai casar com ele, . – Sussurrei, meus olhos apertados.
- Eu não decidi ainda. Eu juro! – Apressou-se em dizer. – Há tanto o que eu preciso fazer antes de tomar essa decisão, . Se você soubesse...
Eu queria chorar.
Meu interior doía de uma maneira estranha, como se sufocado.
encostou a cabeça em meu peito, seus braços ao meu redor. Para retribuir o abraço tive de segurá-la pela pele exposta de sua cintura, o que a fez arquear as costas e erguer o rosto até que seus lábios estivessem quase colados em meu queixo.
- Me leva pro baile. – Falou-me baixinho, como se tivesse medo de pedir. – Foge comigo. Pro baile.
Fugir.
- ...
- Eu nunca te pedi nada, ...
- Não vem com essa! – Tentei repreendê-la, mas finalmente estava rindo por vontade própria em vez de por obrigação. – Por que tá me pedindo isso?
- Porque seu coração tá batendo forte desde que eu me deitei aqui, amor.
Em vez de respondê-la, liberei uma risadinha esganiçada e meio nervosa, meu olhar se distanciando ao erguer-se porque eu simplesmente não sabia como reagir quando falava daquela forma, suas palavras brincando, mas seus olhos sinceros sorrindo para mim.
- Eu não posso levar você, . – Balancei a cabeça devagar. – Não tenho carro, não tenho terno...e nem vontade de ir a uma festa na escola.
Ela riu, se afastando para ficar de barriga para cima na cama:
- Mas eu tenho um plano.

Meus cabelos negros caíam por minha testa quando me olhei no espelho. Alguns fios até ondulavam-se, desajeitados, mas nada que tirasse a atenção do smoking vestindo meu corpo.
- Meu Deus! – Minha mãe provocou da porta do quarto, uma mão tentando cobrir o enorme sorriso em seus lábios. – Você ficou lindo com o smoking do seu pai, filho. Deixa eu tirar uma foto?
Virei o rosto para ela, minhas sobrancelhas arqueadas em deboche.
- Desculpe – sussurrou. – Fiquei empolgada.
- Jura? Eu nem tinha percebido.
Cleo adentrou o quarto dando risada de meu mau-humor. Seus braços agarraram-me por trás enquanto ela grunhia algum elogio esquisito que me obrigou a revirar os olhos. O surto dela só fazia com que eu me sentisse mais estranho.
- Sabe que eu até mandei lavar o carro para te emprestar? – Festejou.
- Mãe! – Miei.
- O que?! – Ela recuou na tentativa de inocentar-se. – Sempre quis que você namorasse a .
Abaixei a cabeça para meneá-la enquanto ria.
- Ela já tem namorado, mãe. Eu só vou levá-la ao baile.
Dona Cleo abanou uma mão no ar, fazendo pouco caso.
- Seja gentil, ok? E não essa coisa fria e distante que é – ralhou. – Sabe, abra a porta do carro para ela, ofereça o seu braço, chame-a para dançar...essas coisas!
- Mãe! – Segurei seus ombros. – A não se importa com nada disso. E, além do mais... – Umedeci os lábios para rir outra vez. – Eu sou só...alguém em quem ela confia para levá-la. O baile é importante para ela, mas o tal do cara não pode levá-la por já ter terminado o colegial ou algo assim.
- É o que ela disse para você, filho? – Minha mãe sorria de lado, maldosa.
- Mãe! – Repeti no mesmo tom gemido e esganiçado.
- Eu vi vocês deitados quando ela veio aqui... – Estreitei os olhos diante das palavras dela, acusando-a indiretamente. – Eu só estava passando e a porta estava meio aberta, ! – Defendeu-se. – Olha, só a escuta a mamãe, tá? Finja ser um cavalheiro hoje. Mesmo que seja só porque o baile é importante para a . Tudo bem?
Assenti devagar enquanto Cleo apertava os lábios em minha testa. Não que eu estivesse concordando com ela, mas conhecia-a o suficiente para saber que só me deixaria sair de casa quando vencesse a discussão, e o relógio já marcava quase a hora que havia ordenado que eu a buscasse.
Ela não morava muito longe, mas era uma rua complicada de manobrar. Ainda assim, eu ainda estava dez minutos adiantado quando à porta da casa . Buzinei alguma vezes para anunciar minha chegada, então saí do carro para escorar-me numa de suas portas.
- Estou indo! – gritou de algum lugar.
Eu sentia que teria de esperar ali fora por vários minutos. Rolando os olhos, minha única opção foi brincar com as chaves do carro, jogando-as de uma mão a outra até que de repente um som brusco vindo da casa roubasse minha atenção.
Não, eu não teria de esperar. estava bem ali.
A visão da garota me obrigou a retesar as coisas. Tive ainda de fingir tirar um cisco dos olhos para disfarçar o quanto os tinha arregalado porque, merda, estava tão diferente.
Devagar e com um enorme sorriso estampado no rosto, a garota iniciou os passos que prometiam aproximar nossos corpos. Enquanto ela o fazia, tentei discretamente fazer com que meu olhar percorresse todo o corpo dela para melhor apreciá-lo. trajava um longo vestido preto cujas fitas de mesmo tom colaboravam para prendê-lo fortemente do busto, destacado por um decote redondo, até a cintura dela, e a partir dali a peça começava a se soltar, ganhando algum volume. Acostumado a fazer aquilo durante toda a semana, olhei então para a mão direita de , onde um anel jazia solitário – se para enfeitá-la ou para sinalizar um compromisso, eu ainda não sabia.
Quanto mais se aproximava, mais pude perceber o quão bonito estava seu rosto. Os olhos pareciam maiores que o usual, e estavam pintados, delineados ou o que quer que fosse que fizesse seu redor escurecer.
- Disfarça... estou começando a ficar com vergonha. – Ela sussurrou ao parar à minha frente, o sorriso diminuindo até compreender um único canto da boca rosada.
- Desculpe... é só que eu nunca tinha te visto tão bonita assim.
- O que é que um reboco não faz nessa minha fuça, né? – deu de ombros, ainda bem-humorada. Foi quando, por algum motivo sem precisar ficar na ponta dos pés, ela aproximou os lábios do meu ouvido: – É que meu par merece.
Senti um beijo melado em meu maxilar e estremeci, sem querer mordendo o lábio inferior. voltou a rir não muito depois.
- Ai, eu sujei você, ! Perdão! – E apressou-se em limpar-me. No fim, meio desorientado, acabei rindo também.
- Tudo bem. – Tranquilizei-a, mas estava fugindo de seus olhos, nervoso de um jeito muito estranho, meu estômago incomodado e minhas mãos escondidas nos bolsos da calça.
Sem querer demorar muito mais ali, virei-me para o carro. Demorei-me alguns instantes de costas para , decidindo se deveria ou não seguir o conselho de minha mãe, mas com uma revirada de olhos, acabei abrindo a porta do carro para o meu par.
Meu par.
ergueu as sobrancelhas, surpresa, mas logo segurou o vestido e adentrou o veículo. Quando fechei a porta, porém, ela me segurou pela gola do smoking.
- Você também está lindo, ... quase me esqueci de dizer.
A merda do meu rosto queimou de tanta vergonha, meu coração acelerando. Ofereci a um sorriso amarelo e afastei-me depressa, visando contornar o carro. Foi quando ela acenou para a porta de casa e, curioso, resolvi checar, deparando-me então com a Sra. encostada no batente. Ela tinha um olhar severo que recaiu sobre mim, e arrisquei um aceno desengonçado antes de enfim tomar meu lugar dentro do carro.
- ? – resolveu chamar-me em seu jeito sereno e delicioso de se ouvir. – Você quer saber uma coisa?
Preocupado em rotacionar o espelho retrovisor para assim ampliar meu campo visual, sequer respondi-lhe. Mas, ainda assim, virou-se de lado, também se inclinando um pouquinho para a frente. De relance, pude dar uma olhada no rosto dela: os lábios preenchidos por batom rosa curvaram-se num sorriso lânguido, e os olhos negros e vorazes como a noite prometiam o que sua voz explicitou:
- Não tenho hora para voltar.

Chegamos à festa por volta das oito da noite. tomou a liberdade de enlaçar o braço direito ao meu esquerdo enquanto caminhávamos pela entrada; feliz de uma maneira mais acentuada que o usual, sorria para tudo e todos, acenando e mandando beijos para algumas meninas.
- Sério, , obrigada mesmo por me trazer! – Os olhos dela brilhavam. deu um pulinho engraçado, seus braços ao redor do meu pescoço para agradecer-me mais efetivamente com um abraço. Uma de minhas mãos segurou sua cintura, receando. – Vai ser divertido, você vai ver!
Eu duvidava daquilo.
deu fim ao nosso abraço e entrelaçou seus dedos aos meus enquanto me arrastava pela multidão. Alguma bandinha ruim tocava ao fundo, uma garota sem fôlego tentando dar vida à Misery Business.
Meu Deus, por que eu tinha deixado ela me convencer?
soltou-me ao encontrar sua amiga Elizabeth. Elas se abraçaram com pulos de uma felicidade que minha amargura não entendia muito bem. Keith, o par de Lizzie, apertou minha mão com animação exagerada, seus olhos meio arregalados.
Puta merda, ele estava bêbado. E Elizabeth também. Quando a música ao fundo saltou de Paramore para Shakira, Lizzie enfiou as mãos na cintura de , que prontamente começou a se mover de um lado para o outro, os quadris serpenteando e os joelhos descendo, escorregando até que ela estivesse abaixada e apta a erguer-se ao passo em que suas mãos exploravam o corpo de Elizabeth de brincadeirinha.
Keith estendeu-me um copo que virei prontamente, o álcool rasgando minha garganta e aguçando meus sentidos.
Elizabeth e divertiam-se com a atenção recebida. Elas se encaixavam de uma maneira provocante, o corpo de uma tão familiarizado com o da outra que era como se cada movimento pudesse ser previsto para que sempre estivessem se complementando. Elas dançaram por horas, e observei-as sentado num pufe não muito distante dali, Keith empurrando-me bebidas contrabandeadas do banheiro masculino. As duas garotas só se separaram quando uma delas – graças a Deus não – foi beijada na boca, a outra rolando os olhos e bufando com fingimento, pois estava rindo quando seu olhar alcançou o meu.
Encarei como se estivesse obcecado por ela; soprou-me um beijo no ar, e o álcool ajudou-me a não quebrar nossa conexão visual. Até mesmo sorri, a bebida largada ao chão para que eu apoiasse o rosto numa de minhas palmas, meu cabelo esparramando-se por minha testa. Então o peito de moveu-se numa respiração profunda antes que ela se direcionasse a mim.
Foi sexy o modo como andou, tentando não perder o ritmo da música. Quando à minha frente, ainda dançava; jogou os cabelos para um lado só, suas pernas descendo lentamente enquanto os quadris deslizavam de lado para o outro.
Eu não acreditei que ela estava dançando para mim. Desviei o olhar por alguns segundos, sorrindo de lado enquanto meneava a cabeça e pegava minha bebida para mais um gole. Culpei todo aquele álcool pela minha falta de vergonha na cara, pois logo tornei a encarar , e o fiz de baixo para cima, meus olhos percorrendo seu corpo que brevemente desequilibrou-se, o rosto aproximando-se do meu.
O sorriso de se desfez. Nossos olhos se cruzaram e senti-me confuso, mas sabia que ela não estava incomodada com aquilo, ainda que não compreendesse seus porquês.
retomou o equilíbrio logo e, como se nada tivesse acontecido, começou a tremer os lábios de acordo com a letra da canção. Jogou o corpo para trás meio que escorregando, e ao fim da batida levantou-se, piscando para mim com um olho só.
Ela teria me dado as costas se meus dedos não tivessem se fechado desajeitadamente em torno de seu pulso; usara a mão com o copo de bebida.
O olhar de oscilou entre meu toque e meu rosto. Talvez ela estivesse se perguntando se eu havia bebido demais, sentado ali na mais profunda solidão, como um velho que não sabia onde situar-se, então optava por apenas observar.
Uma música mais lenta começou a tocar ao fundo, os olhos de escolhendo enfim fitar os meus, e o contato fora tão intenso que quase espesso.
Meu Deus, por que minha mãe tinha sempre razão?
- Você quer dançar comigo? – Convidei-a finalmente.
deu risada, tentando puxar seu braço de volta.
- Eu estou falando sério... – Balancei a cabeça para a ela, e a mão que ainda lhe segurava o pulso foi afrouxando o aperto e deslizando até que meu indicador e polegar estivessem no maldito anel. – Não quer dançar comigo, ?
- O que aconteceu com você? – Ela perguntou meio risonha.
Eu não sabia como respondê-la, mas internamente culpava o álcool de novo. Meu coração parecia melancólico de uma maneira que jamais teria estado em seu estado normal. Além disso, o órgão pesava, e eu quase me sentia incapaz de sustentá-lo por muito mais tempo. Olhei para , então, acariciando o anel no dedo dela como se fizesse a maldita pergunta, mas a garota reação alguma esboçou.
Tudo o que eu queria era tomá-la nos braços. Passar a noite daquele jeito. Sentir o cheiro dela, fitar o seu sorriso. Queria dizer que a amava, mesmo que não soubesse exatamente o signifcado daquilo.
Mas nada nem parecido ia acontecer.
Mesmo que eu estivesse seguindo o conselho de minha mãe e me distanciado muito da coisa fria e distante que ela mais cedo acusara-me de ser, nada poderia mudar o desfecho de minha não-história com .
Aquela era a nossa última noite no colegial. Dentro de uma estação, cada um estaria migrando para uma parte do país ou, quem sabe, do mundo. Todos os amigos feitos, todas as pessoas que conhecemos... Cada um deles seguiria seu próprio rumo, e laços mais estreitos já estavam fadados ao rompimento.
No entanto, algo dentro de mim sabia ser incapaz de esquecer e tudo o que ela platonicamente havia significado. E foi esse algo que me fez agir daquela maneira de novo, por impulso, levando a mão de até meus lábios para beijar cada um de seus dedos antes de finalmente tirá-la para dançar.
Meus olhos estavam fechados e as mãos dela deslizaram por meus braços até alcançarem os lados de minha nuca. Desci as mãos para a cintura de , e apesar de sentir o peso dos seios dela sobre meus polegares, não ousei descer mais que aquilo. Devagar, nossos corpos começaram a se mover de um lado para o outro numa pseudo dança, a cabeça de se esconstando em meu peito. Ela achou graça, mas estava quietinha quando meus dedos se enroscaram em seus cabelos, acariciando-os. Eu só precisava puxá-los um pouco para baixo para que o rosto de fosse erguido...só um pouco.
Sequer tentei tomar cuidado – enrolei um montante com firmeza, puxando-o para encontrar o rosto confuso de encarando o meu, seus olhos em fendas e a boca entreaberta.
Travei o maxilar, lutando com meu autocontrole.
- O que foi? – A cabeça de , apoiada em minha mão, balançou enquanto ela sorria. Meu toque amenizou, descendo alguns centímetros para fazer carinho na pele exposta da nuca dela. – Não vai me beijar?
Eu queria tanto.
Tanto.
- E esse anel no seu dedo, ? – Indaguei, porém.
Ela ficou em silêncio por um instante, os olhos vagando de um lado para o outro enquanto ria uma gargalhada psicótica.
- Você tá falando sério?
desfez-se do contato entre nossos corpos. Quando os olhos pousaram sobre os meus, percebi que estavam cheios d´água.
Não respondi à sua pergunta, e ela tampouco à minha.
- Eu vou embora – anunciou com amargura. – Não precisa me levar de volta, mas obrigada por ter vindo comigo, . Adeus.
- , espera!
Mas ela já estava abrindo caminho em meio à multidão, e por um momento a perdi de vista.
Foi como um déjà vu: correndo para os portões da escola e eu tentando alcançá-la ainda que não houvesse um motivo para isso. Desta vez ela estava ciente de minha perseguição, e tirou os sapatos dos pés para que corresse mais rápido pela orla da praia, gritando para que eu fosse embora, mas eu não podia.
Havia algo ali. Algo entre nós.
Algo a ser esclarecido antes que fosse tarde demais.
- , me escuta! – Gritei, ofegante, querendo que ela parasse. – Para de fugir! Eu preciso saber!
Ela precisou quase tropeçar para que a correria cessasse. Girou o corpo bruscamente em minha direção, as lágrimas borrando sua maquiagem, o vento frio chicoteando seus cabelos de modo que precisasse tirar os fios do rosto antes de falar.
- O que você quer saber, ? – Ela estava gritando também, a voz tão raivosa que parecia ter arranhado sua garganta para escapar. – Eu gosto de você! Eu amo você!
- Para com isso! – Explodi, minhas mãos trêmulas instintivamente voando até meu cabelo para que eu o empurrasse para trás com força, meus olhos cerrando.
- Não era isso o que você queria? – estava quase histérica. – Que eu te amasse de volta?
- Você sabia que eu gostava de você esse tempo inteiro?
- Eu não sou estúpida, ! Sempre suspeitei!
- E por que você nunca fez nada?
- Porque eu tenho um compromisso com outro, ! – Ela ergueu as mãos apontando freneticamente para a aliança. – É mais complicado do que você pensa! Mas tudo muda quando você tá perto de mim! Gosto tanto de você que qualquer coisa que faça parece bonita aos meus olhos! Eu sempre quis você pra mim!
Dei as costas a ela, minha respiração entrecortando-se.
Puta merda.
- Todo dia, ... – a voz dela soou mais baixa aquela vez, recuperando-se do surto inicial. – Eu penso em abandonar toda essa maluquice por você. Eu não sei mais se todo o esforço para isso – apontou para a aliança de novo – vale a pena. Porque sempre que eu me lembrar de você, vou me sentir culpada. Vou duvidar, . E se você aparecer... eu vou querer ir embora. Mesmo que no final eu não vá, meu coração vai estar gritando para que eu escolha você.
tinha se aproximado, e chorava quase colada às minhas costas.
- Por que você nunca me disse nada, amor? – Questionou-me baixinho.
- Eu sequer faria você feliz! – Meus pés me arrastavam de um lado para o outro, inquietos. – Quer dizer, eu não sei me relacionar com as pessoas! Eu sou tão vazio... E frio! Um monte de coisas que você acha importante, ... eu não dou a mínima. Eu não sei fazer nenhuma dessas coisas que você está acostumada. Não sei amar.
Naquele momento, enfiou-se em minha frente, parando meu caminho incansável. Ela cruzou os braços, erguendo o rosto para encarar-me, mas apenas apertei as mãos trêmulas em punhos antes de conduzir a garota um pouco para o lado, deixando o lugar livre outra vez – eu não conseguia parar de andar. Era a ansiedade.
- E se acontecesse o contrário? Você já pensou nisso? – Indaguei com uma careta enojada. – Você abandona toda a sua vidinha perfeita querendo uma aventura, e eu a fodo completamente. Eu nunca quis essa responsabilidade! Não poderia dormir à noite se soubesse que fiz você infeliz!
- Perfeita? – Ela ignorou minha confissão, retomando um detalhe anterior com uma gargalhada irônica. – Você acha que a minha vida é perfeita? Você ao menos sabe porque fui obrigada a aceitar essa maldita aliança, ?
Obrigada?
soltou o ar pelo nariz noutra risada ao deparar-se com meu cenho franzido em confusão.
- Eu sou o troféu da minha mãe, . – O tom de voz da garota era menos agressivo, porém amargurado. – Sou o objeto que ela controla para poder exibir aos outros – prosseguiu. – Você acha que isso é perfeito, para mim?
Engoli em seco, negando com a cabeça.
- Eu não sabia...
- Agora você sabe. – Ela me cortou. – Eu não estava brincando quando te pedi para fugir comigo para o baile, . Eu queria essa noite com você para pirar e esquecer de tudo.
Recebi as palavras dela como se as malditas tivessem vida própria – adentraram meus ouvidos para percorrer o caminho até meu cérebro e fixarem-se no local com o provável intuito de me enlouquecem.
- Do que você precisa? – Indaguei a ela ao recobrar a linha de raciocínio. – Quer se divertir comigo e voltar pra ele amanhã?
puxou o ar pela boca com força.
- Você não confia em mim? – Semicerrou os olhos enquanto perguntava.
- Olha, eu não tenho nada para te oferecer, ! – Gaguejei, meu rosto virando-se para o lado para fugir do campo visual da garota. Mas ela me segurou pelo queixo, pois não estava disposta a abrir mão daquilo. Invadiu-me com seus olhos, tomando cada mínima faísca de sentimento para si com tanta facilidade que era como se estivesse familiarizada com meu interior. – Como eu posso confiar que quer alguma coisa de mim? – Ainda tive forças para dizer-lhe.
- Me dê essa noite, . – Pediu ela, então, a voz um canto afrodisíaco induzindo-me à hipnose. – Não uma noite de amor... – Riu, os dedos acariciando minha pele até que eu inclinasse a cabeça para trás e cerrasse os olhos, prestes a me entregar. – Uma noite do que eu posso te oferecer.
- ... – murmurei num tom mole e embargado. – Para com isso, por favor.
roçou os lábios em minha clavícula antes de arriscar pressioná-los em meu pescoço, criando um caminho linear até meu queixo.
- Não vai se arrepender? – Tentei uma última vez, trôpego; queria convencê-la porque, rendido ao egoísmo, nada mais faria contra o que ela havia proposto.
- Meu amor... – soltou o ar num riso anasalado. – Não temos tempo para nos arrepender.
Quando nos beijamos, as cores em minha mente explodiram como numa experiência psicodélica. Nossas bocas procuravam maneiras diferentes para se encaixarem, minha língua se enroscando na dela sem medo de buscar o que sempre desejei descobrir.
Foi quem me empurrou para a areia, deitando nossos corpos de modo que o seu ficasse por cima, as pernas em torno de meu quadril. Apertei sua cintura com força enquanto ela grunhia algo ininteligível, e girei-nos para que pudesse me inclinar sobre e escorregar meus lábios por seu colo mal coberto, beijando-o timidamente enquanto ousava respirar em sua pele. Ela se agarrou a mim, as mãos em meus cabelos, a cabeça jogada para trás enquanto sussurrava meu nome, sua voz mesclando-se ao quebrar das ondas numa melodia excitante. Quando beijou-me outra vez, foi mais alucinante e desesperada que a anterior, e enquanto minhas mãos subiam por suas coxas por baixo do maldito vestido, eu soube que a peça negra logo não mais faria parte do roteiro da noite.
Sequer nossas sanidades fariam, afinal.

Puxei o freio de mão e desliguei o carro. Eu sabia que , no banco de passageiro, me encarava com um sorriso no rosto. Ela estendeu uma das mãos, usando-a para acariciar meu rosto, e com isso movi a cabeça até que pudesse beijar seus dedos, meio entorpecido por conta da explosão de sentimentos que confundia as batidas de meu coração – ora tranquilizavam-se, ora descompassavam-se de vez, retumbando em meu ouvidos.
Estávamos parados em frente à minha casa. Fui o primeiro a deixar o carro, mas ao dar a volta no veículo, já estava apoiada na porta; tinha os sapatos numa mão, os cabelos bagunçados e os olhos ferinos reafirmando seu poder de roubar fôlegos. Quando atravessei a rua, não me seguiu. Em vez disso, permanecera no mesmo lugar, a cabeça pendendo para um lado e os lábios erguendo-se num sorriso indecifrável. Alguns segundos depois, porém, levantou o vestido de modo que uma fenda fosse criada e exibisse uma de suas pernas, então correu para se juntar a mim.
- E os seus pais? – Ela perguntou, os lábios entreabertos para assim auxiliarem-na na respiração.
Olhei-a ainda por alguns instantes, embasbacado com o quanto ficava bonita daquele jeito, suas bochechas rosadas e os olhos brilhando em excitação. Meneei a cabeça, rindo.
- Nem vão perceber a gente – assegurei-a.
- ! – começou a rir, seu rosto escondendo-se em meu peito. Automaticamente enlacei sua cintura com um braço. – Que vergonha! E se eles ouvirem a gente? – Sussurrava.
Eu não tinha muita noção do que estava fazendo. Não havia bebido o suficiente para ficar embriagado, mas era como se estivesse. Alinhei minha boca ao ouvido de , sorrindo de um modo alterado e até mesmo maldoro ao sussurrar-lhe:
- Você pretende fazer barulho?
Ela chacoalhou a cabeça, desacreditada, e bateu com os saltos no meu peito; retraí-me ao segurar o par com uma mão, e enquanto isso erguia o queixo, o outro lado do vestido e tomava a frente rumo à casa.
- Você vem? – Olhou-me por cima do ombro.
E eu fui, louco por ela, umedecendo os lábios durante o trajeto para que melhor pudesse grudá-los em seu pescoço. riu, fazendo carinho em minha cabeça, então virou-se para beijar-me na boca, porque encaixávamo-nos tão bem daquela maneira. Era como se através de um olhar cúmplice transferíssemos mentalmente a linha tênue de emoções que ansiava pelo contato. Misturamos nossos hálitos, sugamos os lábios um do outro e tropeçamos por termos tentado fazer aquilo enquanto andávamos. Nós também rimos, e cometeu o erro de soltar ambas as mãos que seguravam o vestido longo; em segundos, tropeçou sobre a peça e esbarrou na porta de minha casa.
- ! – Eu a estava agarrando pela cintura, impedindo que caísse, meu próprio corpo impulsionado para a frente.
- Apenas... – Ela ofegou, os braços prendendo-se ao redor do meu pescoço. – Apenas abra a porta, sim? Eu quero você.
Não perdi tempo verbalizando uma resposta, mas ela estava ali. Tateei os bolsos em busca da chave de casa e seguidamente já abria a porta, tornando a beijar ao passo em que a guiava para dentro. Tomei a frente para que subíssemos as escadas, aproveitando a oportunidade para entrelaçar os dedos aos de , e apenas ao atravessarmos uma outra porta foi que tomei ciência do que estávamos prestes a fazer.
girou-se para que nos beijássemos uma vez mais. Meus pés a guiavam até a cama, e caiu sentada no móvel, seus braços esticados para trás para que pudessem servir de apoio. Minhas mãos deslizaram para cima até as laterais dos seios dela enquanto minha boca fazia o mesmo, mas percorrendo o caminho contrário. inclicava a cabeça para trás, seus dedos agora empurrando meu rosto contra sua pele. Minha língua estava para fora, mas o vestido tornou-se um empecilho. Ainda assim os lábios de proferiram um gemido rouco, e este fora o ímpeto para que eu puxasse a peça para baixo com força, libertando seus seios de uma vez, já que não havia sutiã ou qualquer outra coisa que me impedisse de retornar ao local com a boca, sugando, mordendo e então apertando para deslizar a língua sobre.
se afastou meio minuto depois para, em êxtase, abrir o botão de minha calça. Eu era um maldito virgem, e talvez por isso sentisse como se todo o meu corpo ardesse em chamas, gemendo à breve possibilidade de tomar como mulher. Ela puxou o zíper para baixo e a calça folgada escorregou sozinha. Aproveitei para tirar também os sapatos, mas logo se inclinava sobre mim, os dentes mordendo o lóbulo de minha orelha. Ela se ajoelhou na cama em seguida, de costas, e jogou os braços para trás de modo a entrelaçá-los em torno de meu pescoço.
- Eu vou devagar. – Sussurrei num fio de sanidade.
estava rindo.
- Acredite em mim, não precisa.
Minhas mãos ergueram a saia do vestido dela, meu membro, então, sendo pressionado contra sua bunda. se movia lentamente, provocando, e puxei-a pela cintura para alinhar nossos corpos, um dedo meu escorregando por sua calcinha até encontrar a parte úmida da peça. Sem querer ri de uma maneira presunçosa enquanto rebolava devagar, o quadril indo para cima e para baixo, a voz gemendo. Deslizei as mãos pelas coxas dela, meus lábios murmurando qualquer coisa sem sentido enquanto eu me sentia tão duro que chegava a doer. Foi num impulso que retornei à calcinha dela para afastar a peça, mas o nervosismo fez com que eu usasse força o suficiente para as bordas se romperem.
Sem mais adiar, rocei-me na intimidade da garota por uma única vez antes de penetrá-la por inteiro. liberou um gemido alto que me fez franzir o cenho, enlouquecendo junto com ela, que forçou o próprio corpo para trás, girando os quadris de modo que prolongasse aquela sensação maravilhosa. Meu gemido rouco logo juntou-se à reação exagerada dela, e mal havia me movido quando o gozo ameçou vir. Saí de dentro dela, apertando-me para controlar a vontade, mas não demorou muito até que eu me enfiasse em de novo numa estocada firme. Ela contraiu-se ao meu redor, e antes que gritasse cobri sua boca com uma mão; o gemido dela pressionou o caminho abafado que o impedia de propagar-se.
- ... – Sussurrei, meu quadril se chocando contra o dela, a cabeça jogada para trás enquanto meu próprio gemido se prendia em minha garganta e o dela, em minha mão. – , vão ouvir a gente...
Movi-me de novo, meus olhos fortemente cerrados na tentativa de ajudar-me no esforço que era me conter. , então, apenas grunhiu algo baixinho, rebolando sua bunda em minha ereção. Pouco o pouco fui tirando a mão dos lábios dela para que pudesse segurá-la pelos braços, puxando a ambos para trás enquanto começava a me mover direito, finalmente fodendo-a com força.
Ela era tão quente.
Ergueu o tronco, o pescoço próximo ao meu rosto de modo que pudesse ocupar-me ali também, meus dentes e língua marcando o local. gemia baixinho, vez ou outra cobrindo os lábios com as mãos por si mesma. Quando o corpo dela se jogou para a frente, a bunda empinou-se em minha direção de modo que um impulso insano me levasse a acertar-lhe um tapa em cheio. Os dedos de desapareceram abaixo de seu umbigo, o volume dos gemidos dela aumentando um pouco, e mesclou-se ao som dos nossos quadris se chocando. Eu ia fundo dentro dela, minhas mãos afundadas em sua cintura para empurrá-la e puxá-la de volta. Quando se apertou à minha volta, os gritos do orgamo abafados por seu rosto ter se pressionado contra a cama, minhas pernas formigaram, e perdi parte do ritmo alucinado enquanto me derramava dentro de , uma de minhas mãos estapeando-a na bunda outra vez. Ela rebolou de um jeto maravilhoso, prolongando o meu prazer, mas, sem forças, joguei-me na cama e puxei-a para deitar-se em meu peito.
- Isso foi... – teitei dizer, mas estava tão ofegante que atrapalhei a mim mesmo ao respirar ruidosamente.
- Eu sei – sussurrou em meio a uma risada. Passou um braço ao redor do meu tronco, agarrando-me de maneira carinhosa, e beijei o topo de sua cabeça ao facilmente alcançá-lo. – ?
- O que? – Murmurei em seu cabelo.
- Você gozou dentro de mim não, foi?
- A gente compra um remédio amanhã, eu prometo – apressei-me para tranquilizá-la. – Tudo bem?
- Ótimo – riu de novo, uma das pernas se enfiando entre as minhas – porque a gente pode transar de novo antes disso.
Ri junto com ela. Quando ergueu a cabeça, esfregou nossos narizes antes de tomar a iniciativa de me beijar, uma de suas mãos sobre a minha que havia se movido para segurar-lhe o rosto.
- ? – Sussurrei em seus lábios, um suspiro escapando-me.
- Sim... – Ela respondeu um murmúrio manhoso.
- O que vai acontecer amanhã? Você não vai se arrepender?
, então, mordeu o lábio inferior enquanto se afastava um pouco, os olhos diminuindo até que estivessem em fendas.
Eu não sabia que tomaria o corpo dela a noite inteira, seu veneno entorpecendo-me até paralisar o ritmo de meus pensamentos conflituosos. Não sabia que dormiria enroscada a mim, onde perfeitamente se encaixava, e que na manhã seguinte eu a levaria a uma farmácia cujo caixa era ocupado por um amigo de seu namorado. Não sabia que perderia um dente por ela, ou que ainda com a boca inchada posaria ao seu lado para uma foto na cerimônia de formatura. Não sabia que fugiríamos para a mesma faculdade ao sul da Itália, onde parte de minha família iria nos abrigar até que arrumássemos empregos na cidade e pudéssemos alugar um cantinho nosso. Sequer imaginava que nos casaríamos na praia uma semana após a conclusão da faculdade de ; formou-se a Engenheira Nuclear que abandonou o marido por meses para que trabalhasse em prol do governo americano durante a ameaça terrorista de 2027. Quando nos separamos, não muito depois, ela peregrinou pela França, Bulgária, Brasil e até mesmo o Paquistão; não se casou de novo porque numa noite dessas fugi ao encontro dela, implorando de joelhos que voltasse para nossa casa, onde eu havia construído um pequeno estúdio após formar-me em Música.
Ela voltou.
Trabalhamos juntos para a igreja do bairro – eu como voluntário, preparando o coral, e à frente de projetos sociais que, dentre outras coisas, rendeu o nosso primeiro filho, um garotinho de sete anos resgatado de um orfanato local.
Mas eu não sabia de nada daquilo naquela primeira noite, enquanto apresentava dificuldades em conter o ritmo de meu coração, o medo de perdê-la roubando o pouco de fôlego que ainda me restava.
sorriu. Ela ergueu a mão direita, os dedos se movendo de um jeito engraçado até que enfim o anelar se destacasse. A garota tirou a aliança, seus olhos presos ao meu, e simplesmente jogou o objeto para trás.
- Meu amor... – Ela estava me beijando, e ria baixo de minha insegurança mesmo quando era tão evidente o fato de que me amava. Respondeu à minha pergunta num sussurro deslumbrado: – Não temos tempo para nos arrepender.


Fim.



Nota da autora: Meu Deeeeus! Essa é a primeira história que finalizo com um final feliz em...anos? Hahahaha! Obrigada a você que leu até aqui! Resolvi enviar a história como parte do ficstape dos Jonas porque o estilo dela me lembra muito esses meus amores. Não é a primeira vez que a escrevo, mas esse resultado foi o que mais me deixou satisfeita, e espero de coração que vocês gostem também.



Outras Fanfics:
Amplexo Mortífero
02. Problem
5. Knockin’ On Heaven’s Door

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