11. High Hopes

Última atualização: 18/12/2017

Capítulo Único

Eu a conheci ontem, através de amigos em comum num pub. tinha um sorriso leve no rosto e uma atitude de que tudo sempre estava bem. Quando a vi, foi como se um peso fosse retirado de meu peito e eu conseguisse respirar pela primeira vez em muito tempo. De um modo completamente inexplicável, eu sabia que deveríamos ficar juntos.


— Você está parecendo um idiota, Bradley. Chame-a para sair logo. — James murmurou, rindo do meu lado.

Depois de muito tempo ensaiando a pergunta em minha cabeça e reunindo coragem enquanto conversávamos por cima da mesa, eu me aproximei e a convidei para tomar um café qualquer dia, fingindo casualidade quando na verdade estava morrendo de ansiedade e desespero para conhecê-la melhor a todo custo. Para minha total surpresa, ela aceitou com um sorriso nos lábios e trocamos números de telefone. Antes mesmo que eu pudesse voltar para meu lugar, o celular vibrou em minha mão com a chegada de uma mensagem sua, dizendo que eu tinha um sorriso adorável e ela mal podia esperar para passar algum tempo comigo. Aquelas poucas palavras me deixaram tão extasiado que mal pude ouvir as zoações de James e Connor no meu ouvido pelo resto da noite.
Troquei o peso do meu corpo para a outra perna mais uma vez e chequei meu relógio de pulso pela trigésima vez nos últimos dez minutos. A cada minuto de atraso da garota, eu podia sentir meu coração afundar um pouco mais e questionava se ela realmente viria. Fitei o pequeno buquê de flores em minhas mãos, totalmente inseguro com o presente. Talvez flores não fossem a melhor escolha, parecia tradicional demais? Desesperado demais? Eu não sei. Estava à procura da lixeira mais próxima quando ela apareceu, me fazendo esquecer completamente o que fazia e como respirar.

— Sinto muito pelo atraso, Brad. — ela murmurou, com um sorriso envergonhado enquanto se aproximava. — Eu encontrei uma conhecida e ela simplesmente precisava me contar sobre tudo o que andou fazendo nos últimos meses. — ri, dando de ombros para indicar que estava tudo bem. Seus olhos se iluminaram ao ver as flores em minhas mãos. — O que é isso?

Eu podia sentir todo meu vocabulário se esvaindo naquele momento, enquanto tentava pensar em como explicar para a mulher em minha frente que ela me parecia sensacional e achei que seria uma excelente ideia lhe dar flores em nosso primeiro encontro até chegar lá. Se é que podíamos chamar assim, de qualquer jeito. Meu rosto esquentou e cocei a nuca com a mão livre.

— Passei na frente de uma floricultura e elas estavam tão bonitas que eu achei que deveria comprar para você? — murmurei rápido, minha vergonha aumentando junto com seu sorriso. — Posso jogar fora, se você não quiser, eu sei que flores podem ser muito sem graça, quer dizer, elas só ficam lá em um vaso e dão trabalho, porque você tem que trocar a água e dar atenção e eu entendo se você não quiser.

Ela riu, balançando a cabeça e, consequentemente, seus cachos grandes, antes de dar um passo a frente e tirar as flores de minhas mãos.

— Elas são lindas, Brad, muito obrigada. — agradeceu, sorrindo de canto.
— Não há de que. — forcei um sorriso. — Podemos entrar?

assentiu e entramos no pequeno café juntos. Deixei que ela escolhesse uma mesa e sentamos ao lado da janela, de modo que conseguíamos ver a rua enquanto conversávamos. Não muito depois, um garçom se aproximou e perguntou se podia anotar nossos pedidos. Escolhi um macchiato e um chá preto e um muffin de amora.

— Eu queria me livrar da cafeína. — ela murmurou assim que o garçom se afastou. — Então eu finjo que sou um pouco mais saudável tomando chá. — encolheu os ombros. — Mas na verdade, esse tem tanta cafeína quanto um café.

Ri de sua observação.

— Não é tão fácil se livrar de um vício quanto dizem, hm?
— Café é meu único companheiro nas longas noites de plantão, o que eu posso fazer? — riu ao ver me arqueando a sobrancelha. — Estou no processo para me tornar uma cirurgiã pediátrica, se tudo der muito certo.
— Uau.
— É divertido. — ela deu de ombros, observando o buquê de flores sob a mesa. — Mas bem cansativo, por isso bebo tanto café. Vai me trazer muito mal em algum momento, mas estou tentando não pensar nisso por enquanto.
— Você não tem, tipo, uma folga por semana?
— Sim.
— E decidiu gastá-la comigo? — perguntei com cuidado.
— Tenho um bom pressentimento sobre você. — encolheu os ombros.

Mordi o lábio ao ouvir essa frase. Por um breve momento, meu cérebro se desligou do que acontecia ali e eu imaginei como poderia ser nossa vida juntos no futuro. Poderíamos morar perto do hospital que ela trabalhava, para facilitar quando tivesse uma emergência no meio da noite. E boas escolas por perto, para se decidirmos ter filhos em algum momento. Eu gostaria de ter três, mas me contentaria com dois, talvez. Não tinha muita experiência com crianças, mas gostaria de ser pai.
Meus pensamentos foram interrompidos quando o garçom voltou com nossos pedidos. Agradeci e tomei um gole de minha bebida, fitando . Ela esticou o braço e pegou uma das pequenas embalagens de açúcar no cesto no centro da mesa, sacudiu-o segurando numa das bordas e rasgou, jogando os grãos dentro do chá antes de mexer.

— Algo errado? — perguntou, sem tirar os olhos do que fazia.

Eu estava tão encantado, que havia esquecido que a observava e provavelmente estava parecendo um tanto assustador. Me desculpei e voltei a atenção para meu café, brincando nervosamente com meus dedos enquanto pensava sobre o que falar em seguida.

— Estou tentando te ajudar, não fuja de mim! — murmurou levemente irritada e isso chamou minha atenção. Levantei o olhar e ri baixo ao vê-la empurrar um grão de açúcar na direção de uma formiga que ela impedia de se afastar com a outra mão. — Viu? Eu tenho açúcar bem docinho pra você, é uma delícia.
— Talvez ela esteja com medo. — dei de ombros.

ponderou e assentiu, ainda distraída com o pequeno inseto caminhando em nossa mesa. Seu sorriso aumentou quando outra formiga apareceu e foi em direção ao grão de açúcar que empurrava antes.

— Viu? — se direcionou a formiga que ainda tentava fugir. — Sua amiga é muito mais esperta que você. Vai levar a comida de volta para o formigueiro e agradar a rainha. Você provavelmente vai morrer de fome, sua idiota.

Meu riso foi mais alto dessa vez e isso chamou sua atenção. corou ao se dar conta do que fazia e recolheu suas mãos.

— Sinto muito, eu me distraio fácil com esse tipo de coisa. — deu de ombros, tirando um pedaço do muffin e levando até a boca.
— Achei adorável. — sorri e ela fez uma careta. — De verdade.
— O que você gosta de fazer, Brad? — perguntou, mudando de assunto.
— Eu componho um pouco. — dei de ombros. — Já que eu e os meninos temos uma banda. Não é nada incrível, mas nos divertimos.

Enquanto terminávamos de comer, lhe contei sobre os pequenos shows que fazíamos de vez em quando, já que James tinha a certeza de que conseguiríamos ser grandes artistas algum dia e acabei convidando para o próximo show em algumas semanas. Ela disse que adoraria ir e tentaria conseguir uma folga no hospital, mas era complicado. Mentalmente, rezei para que desse tudo certo.
Durante nossa pequena troca de histórias, admirei seu sorriso e paixão ao falar sobre seus pacientes, era claro que era muito feliz com seu trabalho, principalmente as crianças. Ela tinha uma maneira especial de observar e lidar com o mundo e eu queria muito passar tempo suficiente com ela para conseguir aprender, apesar de achar que não conseguiria, já que era único.

— Eu acho que vi um parque em algum lugar por aqui. — murmurei, assim que terminamos nossas bebidas, indicando a porta. — O que você acha de dar uma volta?
— Sim, claro, parece ótimo. — sorriu e nos levantamos.

Queria pagar a conta, já que eu a havia convidado para sair e foi apenas um café, mas achou que não seria apropriado e insistiu em pagar sua parte. Acabei concordando, já que não queria discutir ou ser um imbecil sobre o assunto.

— Tudo bem aí? — perguntei assim que saímos, já que ela parecia ter problemas com seus saltos.
— Eu não estou acostumada com isso. — murmurou frustrada, fitando seus pés. Só então percebi que ela usava saltos, já que era alguns centímetros mais baixa que eu e assim ficávamos quase da mesma altura. — Passo meus dias de tênis e queria variar um pouco hoje, mas esqueço que saltos nunca são uma boa opção.

Ri, concordando e me aproximei, oferecendo o braço para que ela se apoiasse e tivesse mais firmeza e confiança para andar. agradeceu baixo e sorri ao sentir sua pequena mão tocar meu braço. Diminui meu ritmo normal de caminhada e continuamos a conversar até chegarmos ao parque. Descobri que adorava amoras e sempre que estava disponível, esse era o sabor que ela escolhia para qualquer alimento sem pensar duas vezes. Ela tinha várias plantas e adorava passar seu tempo conversando com elas. Além disso, estava tentando se tornar vegetariana.

— Sabe, eu sinto como se eu te conhecesse há anos. — confessei antes de chutar uma pequena pedra em nosso caminho. — Me sinto à vontade quando estou com você.

Pude ver pelo canto do olho um sorriso se abrir em seus lábios e parou.

— Por que tenho a sensação de que vamos passar muito tempo juntos? — perguntou e paramos de andar.

Respirei fundo e a olhei nos olhos. As bochechas de estavam levemente coradas e isso me fez sorrir, antes de levar a mão ao seu rosto. Com delicadeza, a acariciei e ela sorriu também. Meu coração batia forte no peito quando dei um passo à frente e num movimento rápido selei nossos lábios. Algo como um choque elétrico percorreu meu corpo e sorri ainda mais quando nos afastamos.

— Bem, se depender de mim, nós vamos.





Fim



Nota da autora: Sem nota.



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