Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

You really think I could be replaced?
Nah.


Sábado, 4 de julho de 2009
1:45 AM, Karaokê dos infernos.

Andrew

Ela era a coisa mais maravilhosa do mundo todo, mesmo cantando ridiculamente uma música do Busted junto a seu melhor amigo – o qual eu desconfiava seriamente que dava uns pegas bons nela sempre que tinha chance. Mas ela era a coisa mais maravilhosa do mundo todo, mesmo meio tonta depois das várias cervejas, errando a letra da música e dançando fora do ritmo.

Eu estava sentado na mesa de onde os dois se levantaram, junto a mais alguns amigos em comum que se divertiam com a brincadeira, envernizando a minha cara de pau, com os braços envolvendo os ombros de Julia, uma garota que em conheci anteontem e para quem eu não dava a mínima. Não que eu fosse um filho da mãe totalmente sem coração, mas eu não ligava para Julia da mesma maneira que ligava para Abigail. Julia era aquele tipo comum de garota. Sem muita originalidade. Totalmente acomodada com os padrões da sociedade. Não era muito de conversar, mas sabia bastante sobre sexo. Mas Abigail... Com esse “nome de velha” que ela odiava e eu amava pronunciar por completo.

Abigail – Abby, BB ou Mon amour, blergh – era incrível. E eu estava me corroendo de inveja de Peter naquele momento, porque ele estava rindo com ela, a chamando de Mon amour a cada cinco minutos, beijando a mão dela, e, no auge da nossa bebedeira, roubando-lhe um selinho demorado entre um assunto e outro, o que me fez espumar de ódio. Por dentro.

Já que, por fora, eu estava com a maior cara de bunda possível, conversando com o resto do pessoal e tirando uma casquinha de Julia durante toda a noite.
Saí do bar para fumar um cigarro e o traguei inteiro, observando o casal mais amado do karaokê aos beijos quentes do lado de fora. Joguei a bituca do meu veneno diário no chão e levantei o olhar, a tempo de encarar os olhos de Abigail por dois segundos, antes que ela virasse o rosto, voltando a prestar atenção no que Peter lhe dizia.

Eu voltei a entrar, os deixando para trás, com a triste ideia de que eu a havia perdido de verdade.
Ela era a coisa mais maravilhosa do mundo todo.
E eu era um completo canalha.

Segunda, 24 de março de 2008
8:26 AM, Corredor Polonês.

Abby

Cadernos, bolsa e um livro de romance mamão com açúcar dividiam o peso na mochila em minhas costas. Lá estava eu. Na faculdade. Passando por aquele corredor da morte em que todas as pessoas lançando um olhar pra você. Ou riem na sua cara por sua falta de jeito.
Ai, meu Deus.

Tudo bem. Cursar jornalismo era o meu sonho, mas eu estava sozinha ali. Nenhum rosto conhecido. Minhas amigas se dispersaram em outras universidades. E eu precisava chegar ao meu quarto, para conhecer minha colega de quarto, a qual esperava não ser uma maluca que colecionava facas.

O peso nas costas começou a diminuir gradativamente e eu me assustei, olhando para trás. Não consegui não arregalar os olhos, mas me controlei o suficiente para não gritar de susto. Apenas dei um pulinho que resultou em coisas caindo no chão.

- Você quer me matar? - levei a mão ao peito. Andrew riu.
Mas que porra ele estava fazendo ali? O meu ensino médio inteiro foi destruído por causa daquele galinha babaca e, quando eu penso que me livrei dessa cruz, ele me aparece na minha faculdade?
- Não foi a intenção. - Ele recolheu o material esquecido no chão depois de pendurar a minha mochila num ombro só. - Tinha certeza de que era você e vim ajudar. - Eu o encarei por alguns segundos e Andrew levantou uma sobrancelha, com um sorrisinho carregado de sarcasmo nos lábios. Vagabundo!

Certo, eu vou explicar a situação.
Me apaixonei perdidamente por esse demônio desde que o vi pela primeira vez, no primeiro ano. Nunca tentei nada, nenhuma aproximação que esclarecesse minhas segundas, terceiras, quadragésimas intenções, porque conheço o tipo e me quero longe de problema.
Mas isso não impedia que o colégio inteiro soubesse da minha pequena inclinação ao abismo por ele. Eu era um desastre perto dele, tipo gaguejar e tudo mais. Trabalhei nesse problema durante todo o colegial, o que, claramente, não foi suficiente para que ele simplesmente me deixasse viver com a paixão platônica. Era quase sua obrigação infernizar os meus dias.
Piscando, rindo da minha reação, me soltando fiu-fius que me matavam de vergonha pelos corredores da San Diego High School. E o pior: fazendo questão de dizer meu nome todo. O mundo inteiro sabia que eu detestava o meu nome.
- O que é que foi, Abigail? - ele sorriu. - Sua mochila está pesada. Anda logo porque eu não sou burro de carga.

Eu tentei responder, juro. Mas minha cabeça ainda não processou o fato de que eu vou ter que conviver com a personificação do capeta pelos próximos cinco anos.
CINCO!!!
Andrew puxou um papel de dentro do meu caderno, identificando o meu quarto. Saiu andando com minhas coisas e me obrigando a acompanhá-lo.
- E aí? o que vai cursar, Abigail?
- Abby - corrigi, trincando os dentes. Ele riu baixinho. - Jornalismo - respondi. Eu precisava saber se precisaria conviver, na mesma sala de aula, com aqueles olhos lindos, então completei: - E você?
- Publicidade – sorriu, com os dentes perfeitamente alinhados. Eu senti uma onda de alívio. - Por que só chegou agora?
- Saí tarde de casa.
- O caminho até aqui é bem chato - comentou.
Eu estava achando muito estranha aquela conversa toda. A gente nunca foi nem amigo.
Mas eu não podia reclamar. Ele era a única pessoa que eu conhecia naquele lugar.
- Pensei que fosse fazer Educação Física ou qualquer coisa do tipo - comentei. Ele riu.
Andrew era capitão do time de basquete do colégio. Claro que ele era.
- Esses tempos já acabaram - deu de ombros e eu concordei silenciosamente.
Andrew andava com graciosidade pelos corredores, como se fosse O veterano e conhecesse tudo como a palma da própria mão. Ou apenas tivesse feito uma digna visita antes de começarem as aulas. Não era o meu caso. Porque eu estava louca atrás de passar na prova final, ridiculamente difícil, enquanto o Sr. Gênio nem disso precisou.
Não era o suficiente ser bonito. Ele tinha mesmo era que ser o melhor aluno da classe.

Andrew parou abruptamente e eu cheguei a me assustar, tão alheia que estava.
- Prontinho, BB - ele sorriu, usando o apelido que as minhas amigas me destinavam. Eu achei engraçado o sonoro "Bi-bi" que a pronúncia do mesmo causou na voz de Andrew, mas não cheguei a rir verdadeiramente.
- Obrigada.
Tirei meus cadernos de suas mãos e ele me devolveu a mochila.
- Disponha. Se precisar de alguma coisa, estarei no quarto número 43, no corredor ao lado. Apontou para trás, sorrindo. Eu não controlei o rolar de olhos. - Até mais ver, Abigail.
Acenou e me deu as costas.
Eu encarei a porta por algum tempo, absorvendo as informações. Desconfiei levemente daquele excesso de boa vontade, mas resolvi deixar pra lá. Talvez ele só estivesse sendo legal mesmo.

Abri a porta meio sem jeito e dei de cara com uma garota bastante concentrada em balançar a cabeça, com o som da música que saía pelos fones de ouvido. Ela parecia normal em questões de vestimenta, por exemplo. Mas nunca se sabe.
Percebeu minha presença e sorriu.
- Oi! - disse, alto. Eu ri um pouco. - Desculpa - tirou os fones. - Beyoncé me anima.
- Tudo bem - joguei tudo o que tinha na mão em cima de uma das camas. Estava vazia, então deduzi que ela tinha ficado com a outra.
- Eu escolhi a cama, mas pode trocar se quiser.
- Não, por mim tudo bem - sorri. - Até que é um quarto espaçoso, na medida do possível - comentei. Ela riu.
- Não muito, pra falar a verdade. Mas dá pra organizar as coisas - deu de ombros. - Adorei seu cabelo! - me assustei com a mudança de assunto repentina, mas agradeci. Eu gostava do meu cabelo. Um corte um pouco repicado, na altura dos ombros, na cor vinho que o tomava quase por inteiro. - Ah, meu nome é Poliana. Mas me chama de Poli se quiser. Todos os meus amigos me chamam assim.
- Abigail - fiz uma careta. - Mas, por favor, me chame de Abby.
- Certo - sorriu.

Começamos a falar sobre os cursos. Ela estava ali para estudar Publicidade, assim como Andrew. Falamos sobre como era ruim ser calouro e, finalmente, sobre a festa de boas-vindas que os veteranos faziam.
Tanto eu como ela estávamos com medo de ir.
Fala sério. Vai que eles estavam aprontando alguma pegadinha com a gente, pobres calouros inocentes?
No meio da minha conversa, o meu celular tocou dentro da minha bolsa e eu atendi a ligação de Sam. Ela era uma das minhas amigas do colegial. Ainda não me acostumara com a ideia de que não iria vê-la, assim como as outras meninas, todos os dias.

- Oláaaaa - ela disse, animada. - Já chegou, vagaba?
- Já, e você nem vai acreditar o que me aconteceu - eu ri, nervosa.
- Credo. O que foi?
- Andrew. Ele vai estudar aqui – dei uma pequena olhada para Poliana, que sorriu e recolocou os fones nos ouvidos.
- Como é o negócio? Ah, não, BB. Esquece esse homem pelo amor de Deus.
- Eu não ‘tô dizendo que eu dei bola pra ele, sua chata. Ele simplesmente surgiu na minha frente, me ajudando com as minhas coisas.
- E o que você fez?
- Ah, sei lá, só fui educada mesmo. Pelo menos não vou aturar ele na minha turma. Aqui é grande. Não vou encontrá-lo o tempo inteiro.
- Mas você tá lidando bem com isso? Eu juro que fiquei preocupada agora.
- Não fica preocupada, eu ‘tô legal, eu acho. Não sei se a ficha caiu ainda, mas eu não sou a mesma garotinha – eu ri. – Juro, eu não estou tão louca por ele assim, desde o meio do último ano, você sabe.
- Eu sei, mas você só estava assim porque achava que não iria mais ter que conviver com ele diariamente. Eu acho que o Andrew é o seu karma, mesmo.
- Sam, confia em mim. Eu estou legal – fiz uma careta. – E você? Gostou daí?
- Mudando de assunto, né? Típico – riu. – Gostei sim. E você?
- Ah, eu nem fui olhar nada ainda.
- Vai dar uma volta, então! Aposto que tem muita coisa interessante por aí.
Eu voltei a rir. Sam me contou um pouco sobre as primeiras horas dela na faculdade e disse que ligaria para as outras meninas. Eu combinei de ligar também, inclusive.

Poliana estava esperando para dizer alguma coisa, então me virei para ela, depois que desliguei a ligação.
- Dois amigos meus me chamaram pra fazer uma trilha. É na área florestal atrás do campus.
- Trilha? Mesmo? - eu fiz uma careta e ela riu.
- É. Vai ser legal! - sorriu. - Quer ir? Vamos voltar antes de escurecer.
- Ah, tudo bem então - concordei. - Preciso levar alguma coisa?
- Eu vou levar só meus óculos escuros! - ela riu. - Eles já estavam planejando isso. Não precisa levar nada, não.

Concordei com Poli e cacei meus óculos escuros na mala. Estava um sol bem chatinho naquele fim de manhã.
Saímos do quarto e eu apenas a segui.

Segunda, 24 de março de 2008
1:45 PM, Meio do nada.

Andrew

Não sei de onde tirei a ideia de que seria legal fazer aquela trilha. Não tinha nada de muito interessante. Nada além de observar os cabelos coloridos de Abigail brincando com a luz do sol.
Ela estava caminhando com um leve receio de cair, dava para perceber. Ao lado de uma garota da qual não me recordo o nome e de Michael, meu colega de quarto. Ele parecia conhecer a garota, porque estavam numa conversa animada. Abby parecia até meio deslocada.
Eu gostava de Abigail. Era engraçado implicar com ela. Nunca me dei ao trabalho de conhecê-la de verdade, mas me parecia uma pessoa divertida.
Me disseram uma vez que ela me curtia. E eu achei uma coisa fofa. Então lhe fazia gracinhas sempre que conseguia, porque ela ficava vermelha e era bem engraçado.
Eu acho que a irritava bastante.

Pensei em me aproximar para tirá-la do escanteio, mas quando dei um passo, já tinha uma pessoa ao lado dela.
O irmão de Michael. Ele estendeu a mão para Abby e ela apertou.
Eu fiz uma careta e me contentei em chutar pedrinhas do chão, pelo resto do caminho até o topo do morro que a gente estava subindo.

Tá, as coisas melhoraram um pouco quando chegamos ao lugar combinado. Era bem legal. A paisagem era bonita e batia um ventinho confortável.
As garotas estavam tirando fotos. Michael estava posicionando as cervejas. Eu peguei uma da bolsa térmica.

- Andrew, tira lá uma foto. Vamos guardar pra formatura. - Michael disse e eu ri.
- A gente não teve nem uma aula e vocês já estão pensando em formatura.
- A ideia é ser otimista, cara.

Eu balancei a cabeça negativamente e andei até o ponto onde eles estavam. Abri espaço entre Abigail e o irmão de Michael - sou péssimo com nomes - e joguei o braço sobre o ombro dela.
Senti seu olhar sobre mim e me fiz de desentendido, apenas sorrindo para a câmera.
Eu devo ter tirado umas dez fotos ali, apenas mudando a posição. Observei Abby sorrindo por alguns instantes. Calouros são tão felizes.

- Olha pra cá, Andrew! - ouvi uma voz feminina, seguida de uma risada, e olhei pra frente. - Não precisa secar tanto a menina.
- Já tá bom de foto. Chega. - Abby tirou minha mão de sua cintura e saiu andando. Sentou ao lado da sua colega loira e flexionou as pernas. Eu fui sentar ao seu lado.
Sei ser chato quando eu quero.
- O que foi, Andrew? - ela virou para mim, com uma cara de poucos amigos.
- Nada! Quer? – ofereci-lhe a cerveja
Ela deu de ombros e pegou a long neck da minha mão. Eu a observei bebendo.
- Vocês se conhecem de onde? - a loira perguntou.
- Colegial - eu respondi e estendi a mão. - Andrew.
- Poliana.
- Bonito nome.
Poliana sorriu e Abby rolou os olhos, discreta.
Perguntei a Poliana qual curso ela faria e me surpreendi por ser o mesmo que o meu.
- Que legal, hein. Talvez a gente até seja da mesma sala.
- Seria ótimo.
Abby empurrou a garrafinha contra o meu peito e levantou, sorrindo. Deu as costas para mim e eu a vi ir até as cervejas, antes que Poliana me chamasse atenção novamente.

Segunda, 24 de março de 2008
3:20 PM, Topo do morro.

Abby

Não sei bem o que eu estava pensando, mas a rápida interação entre Poliana e Andrew me deixou bem... Incomodada.
Que besteira. O que mais eu poderia esperar de Andrew Prentiss? Absolutamente nada.

Abri uma garrafinha de cerveja e fiquei de pé observando a paisagem. Senti alguém do meu lado e virei para identificar Peter. Ele era irmão do Michael. Já estava no terceiro semestre da faculdade. Michael tinha acabado de entrar. Eles pareciam ser pessoas legais.
- Tudo bem?
- Sim - eu sorri. - Só estou pensando.
- Posso ter o privilégio de saber no que está pensando? - ele levantou um sobrancelha e eu o encarei. Admirei os olhos castanhos e sorri.
- Não é nada demais. Só estou pensando no quanto minha vida vai mudar. Ou não. Sabe? - eu ri.
- Imagino o que esteja pensando. Mas muda muita coisa mesmo. Quando eu entrei, foi um choque de realidade. Eu tive que lavar minhas próprias roupas! - fez graça.
- Ai, que mimado. – eu o empurrei pelos ombros. Ele riu e sentou no chão, me convidando a ocupar o lugar a seu lado. E eu o fiz.
- É sério. E agora foi uma nova mudança. Me mudei do dormitório pra um apê. Nem a comida do refeitório eu vou ter mais.
- Já estou até vendo as gororobas - fiz uma careta. - E seu irmão não vai morar com você?
- Não. A gente é bem unido, mas ele preferiu ficar no campus. Pelo menos por agora. Eu vou dividir com um amigo mesmo. Ele não veio hoje, está arrumando as coisas.
- E você veio curtir, né? - ri. - Mas eu acho que consigo me adaptar. Só vou sentir um pouco de falta daquela coisa de voltar pra casa depois da aula, sabe? Agora só nos feriados.
- Os reencontros são ótimos, vai por mim.

Ele olhou para trás por um momento e eu segui o seu olhar. Ele estava olhando para Andrew e Poliana.
- Você e ele tiveram alguma coisa? É que achei meio estranho - ele riu. - Ele estava encarando você o caminho todo.
- Sério?
- Uh, ficou com os olhinhos brilhando - ele ficou um pouco sem graça e se afastou de mim alguns centímetros.
- Foi impressão sua - eu pisquei rapidamente. - Nunca tive nada com ele. Só estudamos juntos, nos últimos anos. E ele parece já ter um alvo pra acertar. Sempre tem.
- Vamos tirar um dia pra você me contar isso, quando eu for seu melhor amigo. Vou cobrar. Porque estou sentindo que tem história aí.
Eu dei risada.
- Combinado.

Falamos mais um pouco sobre a mudança de realidades do colégio para a faculdade, da falta da família e dos novos amigos.
Ele me contou sobre as festas e disse que fiz bem em não ir à que foi organizada hoje. Fraternidades podem ser bem cruéis.
Eu gostei do Peter. Ele era divertido e me fez esquecer que Andrew Prentiss estava a menos de 200 metros de mim.

And I'm a classy girl, I'mma hold it up

Sexta, 28 de março de 2008
1:40 PM, Refeitório

Abby

Eu estava tagarelando com Poli, Michael, Peter e Lisa, namorada de Michael, comendo fritas com ketchup. Estava bem feliz por já ter me enturmado o suficiente para não ficar sozinha no almoço.

Peter estava do meu lado esquerdo. Poliana à minha frente e uma cadeira depois era preenchida por Michael e Lisa - mesmo que ainda sobrassem dois lugares, ela preferia sentar no colo dele.

A cadeira vazia ao lado de Poliana foi ocupada rapidamente por Prentiss, segurando um copo de refrigerante, talvez.
Ele olhou para mim e deu um sorrisinho.
- Fala, Andrew - Michael saudou.
Eles se cumprimentaram rapidamente. Andrew beijou a bochecha de Poliana e ela deu um sorriso sem graça, olhando para mim. Pulou da cadeira e avisou que tinha alguma coisa para fazer.
A verdade é que, depois da trilha, ela me perguntou sobre Andrew. E eu estava um pouco bêbada, então falei um monte. E ela o estava evitando, desde então.

- Vem cá, a Poli é conquistável? - Andrew riu e sugou o refrigerante pelo canudinho. Michael riu.
- Desista.

Andrew fez uma careta. Virou-se para mim e roubou uma batata frita. Eu nem protestei.
- Gostou da primeira semana, Abigail? - eu rolei os olhos ao ouvi-lo.
- Sim, Prentiss - sorri amarelo e cortei o contato visual com ele. Não conseguia manter por muito tempo. E eu não estava gostando da volta desse problema.

Meus olhos pararam em Peter e ele deu uma risadinha.
- Que gracinha - passou o polegar pelo canto dos meus lábios e me mostrou o ketchup.
- Ai, que horror! - eu ri. - E ninguém me avisa, seus demônios. - Peguei um guardanapo só por precaução.
- Não está mais sujo.
- Obrigada. - Peter sorriu em resposta.
- Então, Abby - ouvi a voz de Andrew chamar a minha atenção e o olhei rapidamente. - Vai fazer o que no fim de semana?
- Nada de mais.
- Na verdade, eu vou te levar a uma festa, esqueceu? - Peter me cutucou.
- É nesse sábado? - ele assentiu. - Ah, eu não sabia. Que horas vai ser isso?
- Às dez, BB. Você é tão desatenta.
- Hum - Andrew resmungou e levantou. – Valeu. Vou dar uma volta.
Voltou a cumprimentar Michael e se afastou da mesa. Peter me deu um sorriso.
- Você vai gostar do lugar.
- É muito longe?
- Não. É perto na medida do possível - Michael respondeu. - Avisa a Poliana que vamos sair às nove, senão ela não fica pronta a tempo.
Eu ri e concordei. Eu estava animada para sair. Estava sentindo que começava a viver minha vida.

Eu não acordava mais com gritos da minha mãe, me dizendo que vou chegar atrasada. E já tinha umas peças de roupas sujas acumuladas. Não deveria ficar feliz com a "falta de suporte", mas não dava para controlar.
Não fiquei mais muito tempo com o trio. Deixei a mesa e fui caminhando para o quarto, encontrando Poliana arrumando o armário.
Ela sorriu.
- Poli - chamei e ela trouxe sua atenção para mim. - Você sabe que não precisa ficar evitando o Andrew por minha causa, não é? - eu ri. - Estou completamente OK com isso. Minhas expectativas sobre ele não estão acesas.
- É mesmo? - eu senti seu tom de ironia e fiz uma careta. - Abby, fica na sua. Eu não quero ficar com o Andrew. Ele não faz meu tipo - sorriu. - Não é por você - piscou.
- Tá - balancei as mãos. Não queria falar sobre aquilo. - Amanhã nós vamos sair às nove.
- Certo. Você sabe que roupa vai usar? Meu armário está uma decepção!
- Duvido! - ri. - Eu não sei. Vou usar shorts mesmo - dei de ombros.
Ela ponderou.
- Amanhã eu decido. E você me ajuda. - Eu fiz um positivo. - Você vai pra lavanderia?
- Vou!
- Ai, que bom! Eu nunca lavei minhas roupas e estou com medo de estragar tudo.
Eu dei risada.
Recolhemos nossos cestos e seguimos para a lavanderia.

Sexta, 28 de março de 2008
6:50 PM, Meu quarto

Andrew

Joguei uma bolinha de papel para cima e a peguei de volta. Nunca me senti tão entediado.
Faculdade não era tudo isso, no final das contas.

Michael entrou com um sorrisinho no rosto e eu dei risada.
- Dude! Você está cheio de batom na cara.
- Sabia que tinha alguma coisa errada- ele riu. Passou a mão pelo rosto, se limpando porcamente.
Eu estava até com inveja de Michael no momento. O flerte com Poliana tinha saído dos trilhos muito rápido. E diferente do colegial, os olhos femininos não eram todos voltados pra mim.
Com uma leve exceção de um par de olhos castanho escuros.
Abigail foge do meu olhar de um jeito que me irrita. Principalmente se for pra direcioná-los a outro cara.
Cheguei a me assustar com o incomodo que senti quando Peter tocou os lábios dela. Que fosse pra limpar ketchup ou mostarda. Achei um baita atrevido!

- Andrew! - senti uma almofada me atingir e franzi um cenho. - Tá nesse mundo, cara? - riu. Eu prestei atenção nele. - Você vai querer ir amanhã?
- Pode ser.
- Beleza. Só temos um carro, mas acho que se dá um jeito.
- Se não rolar, não tem problema.
- Que é isso. - gesticulou. - Tudo se resolve.

Tudo bem, as coisas sempre podem melhorar. Tudo se transforma num sábado à noite.

You're full of something but it ain't love

Sábado, 29 de março de 2008
9:12 PM, Quarto atingido pelo Furacão Poliana

Abby

Michael tinha razão em dizer que ela não ficaria pronta se eu lhe dissesse que sairíamos às dez. Ela estava andando de um lado para o outro com roupas intimas, mudando de peças. Já tinha testado dois vestidos e três conjuntos diferentes de peças. Eu estava pronta, sentada na cama e relatando a correria dela pra Peter por mensagem.
A única coisa que faltava arrumar em mim era o cabelo, que eu soltaria e daria um jeito pouco antes de sair.
Eu estava com um short jeans claro e uma regata cinza por cima do sutiã de laterais rendadas. Amarraria uma camisa xadrez na cintura antes de sair, porque não é difícil que eu sinta frio. Meus pés calçados com um coturno preto balançavam enquanto eu digitava.
- Abby! - ela chamou. - Última vez.
Eu a olhei. Ela tinha um vestido azul marinho numa mão e um branco na outra.
- Azul.
Ela sorriu e jogou o outro no armário.
- O Peter já chegou? - perguntou e eu concordei. - Você está falando com ele agora? - ela bisbilhotou o notebook. Eu voltei a dizer que sim.
- Ele está no quarto do Michael. Só está esperando a gente. - coloquei pressão.
- Aiiii meu Deus! Eu ainda tenho que me maquiar!
- Calma Poli, ele disse que vai esperar. Pode se arrumar tranquila.
- Tá. - ela ajeitou o pano do vestido no corpo.
Avisei a Peter que estávamos quase prontas enquanto Poli terminava de se maquiar. Eu fui para frente do espelho e soltei o cabelo. A vantagem de não ter cabelos muito longos é que dá pra arrumar bem rápido.
Ajeitei os fios e passei um batom. Poliana estava com o pincel do gloss labial nos lábios.
Ela fechou sua necessáire e sorriu para mim.
E eram dez para as dez quando saímos do quarto. Poliana bateu na porta do quarto de Michael e Lisa abriu.
- Chegaram as noivas.
Eu ouvi risadas. Eles saíram enfileirados do quarto e Andrew foi o último. Eu não tive muito tempo para reparar nele porque Peter passou o braço pelos meus ombros.
- Lembrando que a Abby é vítima - disse. Eu ri. - Você está linda.
- Obrigada.

Nós fomos para o carro parado na frente dos prédios e Michael denominou os lugares.
- Andrew vai na frente. A Lisa fica comigo.
- Beleza. - Peter disse e desfez o pseudo-abraço comigo, entrando no carro.
Lisa ficou no colo de Michael, no fundo comigo e Poliana. Peter ligou o rádio e eu fui cantarolando baixinho o que eu sabia. Até tocar Beyoncé e Poliana quase pular do carro e me levar junto.
Foi uma viagem tumultuada.

Todos nós com nossas carteiras de identidade falsas, com exceção de Peter, entramos no lugar.
A luz neon me lembrava a Highway, que eu frequentei algumas vezes com as meninas. Elas iriam adorar isso aqui.
Principalmente porque SexyBack do Timberlake estourava meus ouvidos. Sam era louca por ele.

Segui o grupo até o bar e Peter me estendeu uma cerveja.
Eu não acompanhei o papo muito bem. Meu rosto estava quase esquentando do tanto que eu sentia olhos sobre mim. Mesmo que eu tivesse os olhos direcionados a Peter e Poliana, minha visão periférica captava a imagem de Andrew, bebendo goles largos e me encarando.
- Não quero reclamação! - Poli disse alto. - Vamos logo começar a noite de verdade.
Senti um puxão no braço e segundos depois eu estava na pista de dança com Poliana e Lisa. Eu ri.
Don't Stop The Music estava tocando e elas pareciam gostar bastante. Eu dei de ombros e completei o trio, e nós poderíamos ser as sóbrias mais animadas que aquele lugar já viu.
Sóbrias por pouco tempo.
Algumas outras cervejas vieram. Garçons distribuíam shots pela pista. E eu já estava alta e suada quando uma mão tocou minha cintura e eu ouvi uma voz ao meu ouvido.
- Posso dançar com você?
Eu esperava que fosse Peter, mas a fisionomia de Andrew praticamente brilhou no escuro quando olhei para trás.
Ele tinha um sorriso maroto crescendo nos lábios e seus olhos prenderam os meus por um momento. Eu não consegui nem responder. Tinha um brilho hipnotizante naquelas íris esverdeadas.
- Quem cala consente? - ele voltou a dizer e estava tão perto que senti o ar quente saindo da sua boca.
- Por mim tudo bem.
Buttons das Pussycat Dolls foi o que começou a tocar quando ele sorriu por eu ter aceitado o convite.
Meu corpo estava quente e eu não conseguia ficar muito parada, se não era consumida pelo calor. Então eu nem liguei muito para com quem estava, apenas deixei meu corpo ser levado pelas batidas.
O encontro do corpo de Andrew com o meu me causava choques internos. Suas mãos se moldavam à minha cintura e deslizavam para os meus quadris, voltando rapidamente.
Trocamos olhares pesados. Eu estava curiosa sobre aquilo. O Andrew que me era conhecido não chamaria uma garota como eu para dançar. Talvez uma loira oxigenada ou uma morena peituda.
Mas eu não.
Nunca eu.
Até hoje.

Domingo, 30 de março de 2008
1:00 AM, Abigail

Andrew

Eu nem lembrava direito onde eu estava. A única coisa que surgia na minha mente era Abigail e como ela se movia na minha frente. Em como seus cabelos balançavam e como seus lábios eram bonitos com o restinho do batom vermelho.
Eu nunca tinha a visto assim. Ou a imaginado assim.
Sempre pensei nela como a garota certinha, esforçada, careta.
Lembro até hoje da reação da sala inteira quando ela pintou o cabelo; não parecia do feitio dela.
A verdade é que ninguém nunca a conheceu. Inclusive eu.
Mas lá estava ela.
Extremamente feliz, sacudindo o corpo maravilhoso, com álcool correndo em suas veias, numa balada.
Dançando comigo, me olhando nos olhos. O castanho brincava com os meus olhos verdes. Estávamos misturados.
Eu não conseguia parar de pensar o quanto ela era maravilhosa. E em quanto eu estava louco para beijá-la.
Seu corpo se chocou quase brutalmente sobre o meu quando a puxei para mais perto. Ela não me afastou em momento algum, então eu deixei as minhas intenções claras a segurando pela nuca e guiando seus lábios para os meus.

Abby não parou. Não saiu de perto de mim correndo de cabeça abaixada.
Pelo contrário. Ela abriu a boca e deixou que eu a invadisse.
E eu beijei Abigail com uma vontade quase incontrolável. Ela estava grudada em mim, e eu me debruçava naquele primeiro beijo - porque eu queria beijá-la muito mais naquela noite.

Eu não deixei que ela se afastasse muito depois que partimos o beijo. Aquela atmosfera sexy e envolvente que a rodeava simplesmente não me deixava com vontade de ficar a dois passos de distância.
Ela continuou dançando, com as mãos nos meus ombros. Seus olhos quase não paravam nos meus, me fazendo lembrar da Abby que eu via diariamente.
- Olha pra mim. - disse no pé do seu ouvido e ela virou o rosto de frente pra mim.
Seus olhos pareciam faiscar com os reflexos das luzes.
- O que foi?
Eu neguei com a cabeça e pretendia lhe roubar um beijo de novo, mas ela se esvaiu dos meus braços. E eu a vi caminhar na direção de Peter.

Eles conversaram rapidamente e eu o observei desfazer a expressão de bosta que estava em seu rosto e forçar um sorriso para, ela antes de dar um gole na cerveja.
Abby se afastou dele e eu pensei que ela fosse voltar para perto de mim, mas ela se juntou a Poliana e ficou com ela até o fim da noite.

Domingo, 30 de março de 2008
11:45 AM, Corredor longo e cansativo

Abby

Minha cabeça estava uma bosta. Eu não estava nem a fim de sair daquele quarto, mas Poliana me arrastou pra almoçar.

Ela estava caçoando de mim pelo beijo com Andrew quando o mesmo surgiu na nossa frente e a fez calar a boca.
- Abigail. - saudou. Eu o olhei com a cara mais simpática que aquela ressaca me permitia.
- Andrew.

A verdade é que eu estava me sentindo péssima por tê-lo beijado.
Foi bom. Foi do jeito que eu sempre pensei que seria. Mas eu não deveria ter deixado aquilo acontecer.
Primeiramente porque eu jurei que não iria me deixar levar pela carinha de anjo dele. Segundo que o Peter ficou bolado, e com razão. Ele quem me levou lá. Eu deveria ter lhe dado mais atenção.

Mas, inferno. Andrew Prentiss beija bem para caralho.
- Eu já volto. - Poliana disse, mas antes que ela saísse, a segurei pela mão.
- Você não vai pra lugar nenhum. Me trouxe pra cá e vai ficar aqui comigo. - reclamei.
- Tudo bem, Abby?
- Tudo tranquilo - fiz um sinal positivo. Ele deu um sorrisinho.
Peter e Michael apareceram pouco depois que Andrew sentou.
- E aí, Abby!? - Michael me empurrou pelos ombros e eu fiz uma careta. - Gostou da festa?
- Sim. Foi bem legal.
Eu olhei pra Peter e ele não fez menção nenhuma de falar comigo.
- Peter. - chamei e ele me olhou rapidamente. - Tudo bem?
- Tudo certo. - sorriu. Eu balancei a cabeça. Remexi o frango grelhado no meu prato e belisquei um pedacinho. Provavelmente era frescura minha, mas estava com um gosto terrível. Meu estômago estava uma merda também.
E eu fiquei naquela bad, respondendo as perguntas que dirigiam a mim.
- Vou lá falar com o pessoal. - ouvi a voz de Peter. Pensei que ele iria passar direto, mas parou em mim e me abraçou de lado.
- Toma uma aspirina, BB. - beijou a minha cabeça. Eu lhe sorri levemente.
Andrew ficou em silêncio por um bom tempo antes de se levantar e dar fora dali.
Eu terminei meu almoço e disse a Poliana que voltaria ao quarto.
Ela concordou e foi junto comigo.
Eu precisava falar com as meninas, então a primeira coisa que fiz foi ligar o notebook.

- Abby. – Poliana chamou e eu a olhei. – Você por acaso está percebendo que o Peter está um pouco na sua, não é?
- O quê? – eu franzi o cenho. – Poli, não surta. Ele me conhece há uma semana!
- Ué! E só por isso não pode ter gostado de você? – ela colocou as mãos na cintura. – Eu só estou falando isso porque eu conheço o Peter. E eu não quero que ele fique chateado com nada. Então se você quer ficar com o Andrew e tal, diz a ele que é só amizade.
- Eu não quero ficar com o Andrew! – protestei.
- Ai, Abby. – ela riu. – Toma sua aspirina e reflita. Eu vou dar uma volta.

Ela acenou e saiu do quarto. Eu bufei.
Chamei Samantha para uma chamada de vídeo e ela adicionou Kate na conversa.

- Credo, que cara é essa? – foi a primeira coisa que Kate disse. Eu fiz uma careta. – Tá de ressaca?
- Sim. Fui numa festa ontem e a gente tem que conversar.
- Mas já? – Sam questionou. – Nossa, que rápida você.
- O que foi que aconteceu?
- Foi o seguinte. Uns amigos da minha colega de quarto meio que me acoplaram na turma. E eles me levaram numa festa ontem. O problema é que um desses amigos dela é o colega de quarto do Andrew. Então ele está sempre por perto. Inclusive na festa... – eu deixei no ar.
- Abigail, você ficou bêbada e fez alguma merda? Falei que esse negócio de separar a gente não ia dar certo. – Sam rolou os olhos.
- Você quer me deixar falar, por favor? – pedi. Elas ficaram em silêncio. – Eu fiquei um pouco alterada, mas não foi nada demais. Só que eu beijei ele. Ele me beijou. Mas deixei ele me beijar. Quer dizer, a gente e beijou e agora eu não sei o que eu faço. – vomitei as palavras. Respirei fundo antes de olhar pra tela e ver os rostos confusos delas. – É.
- Tudo bem. Calma. – Kate disse. – O que ele fez depois do beijo?
- Ah, a gente estava dançando. Ele me pediu pra olhar pra ele. E eu fugi dele.
- Ai, que saco. Você sempre foge!
- É que meu tinha ido com um amigo da Poliana. O Peter. Ele quem me chamou pra ir e eu deixei ele de lado. Ele estava sozinho e eu fui falar com ele.
- Você sabe que isso é desculpa pra não admitir que estava fugindo do Andrew, certo?
- O que vocês queriam que eu fizesse!? Eu fiquei em choque quando me toquei o que tinha acontecido. E eu estou arrependida de ter beijado ele!
- Olha, Abby. Você sabe que eu não apoiaria que você se envolvesse com ele. – Sam começou. – Mas eu, a Kate e você sabemos que ele ainda está na sua cabeça por boa parte do tempo, então você precisa decidir se vai embarcar nessa ou se vai desistir de uma vez e seguir em frente.
- Ah, sei lá. – eu dei de ombros. – Eu sempre quis o Andrew comigo. Vocês sabem disso mais do que ninguém. Mas eu realmente não sei o que fazer. Uma parte de mim acha que eu tenho que arriscar. E a outra acha que é melhor eu ficar na minha, porque ele é um babaca e vai me magoar.
- A gente não pode interferir nessa sua decisão. A única coisa que eu não quero é te ver mal.

Eu concordei com elas. Discutimos o tema por mais alguns minutos até eu decidir mudar de assunto antes que enlouquecesse. Contei sobre Peter, e elas me falaram sobre a primeira semana de aulas no geral.
Só saí do quarto para ir ao banheiro e depois voltei pra assistir uns seriados comendo chocolate na minha cama. Nada melhor, certo?

Domingo, 30 de março de 2008
8:35 PM, Gramado do campus

Andrew

Eu estava sentado na grama e encostado numa árvore, olhando o céu já escuro e fumando um cigarro. E nem por um segundo parei de pensar em Abigail.
Não estava gostando da imensa curiosidade que estava sentindo sobre ela. Eu queria descobrir mais. Um beijinho só não foi o suficiente. E essa ansiedade estava me matando por dentro.
Eu não ficava curioso sobre o cheiro que as garotas exalavam. Ou sobre os caras que se aproximavam delas. Não do jeito que eu estava com Abby e Peter. Eu quero saber se ela está de alguma forma interessada nele. Eu preciso saber dessas coisas.
Assim como preciso saber como fazer com que ela se aproxime de mim de novo – sóbria e calma. Tá bem difícil. Ela mal me olhou nos olhos hoje, ou disse mais que uma frase pra mim.
Como se nada tivesse acontecido, na verdade. O quão irritante isso é?

Bufei e terminei o cigarro, queimando a bituca na terra.
Levantei, limpando minhas roupas com as mãos e indo em direção aos dormitórios. Eu iria falar com ela quer ela queira, quer não.

Caminhei até seu quarto e bati na porta. Abby me recebeu com dois quadradinhos de chocolate branco nas mãos, um pijama e um cabelo bagunçado.
- O que você está fazendo aqui? – ela se escondeu atrás da porta.
- Queria falar com você.
- A gente não tem nada pra falar. – disse. – Até depois.

Não a deixei fechar a porta.
- Calma aí, apressadinha. – fingi reclamar e invadi o quarto, ela resmungou alguma coisa e colocou a mão livre na cintura.
- Anda logo, eu não tenho a noite toda, não.
- Abigail, você não estava bêbada o suficiente pra sofrer de perda de memória. Você sabe o que aconteceu, certo?
- Hum. – deu de ombros.
- Eu vou tomar isso como um sim. – a puxei pela cintura habilidosamente e ela escapou de mim como uma raposa. – Abby, qual é!
- Andrew, para. Eu não vou ficar com você, não faço o seu tipo.
- E por acaso você sabe qual é o meu tipo? – reclamei, cruzando os braços. Ela lá tinha essa sabedoria toda sobre a minha pessoa?
- Seu tipo é o mutável. Eu não consigo ser a garota de uma noite, desculpa.
- Contando com ontem, já seriam duas noites. – meu tom sugestivo criou uma expressão de tédio no rosto dela.
- Sério, me deixa terminar o meu domingo em paz.
- Abby, vamos lá! Que tal a gente sair, comer uma pizza e conversar? – eu toquei o seu braço. – Não é nada demais, é?
- É sim. Andrew, eu não vou ser a número trezentos e dezessete na sua lista, tá legal? Pode esquecer.
- Em primeiro lugar, esse número é absurdo. E em segundo lugar, eu não quero colocar você em lista nenhuma. Só quero te conhecer melhor.

Abigail rolou os olhos e me empurrou para fora do quarto.
- Já conheceu o suficiente.

E então tudo que eu vi foi a madeira da porta fechada na minha cara.

Sexta, 11 de abril de 2008
4:50 PM, Pátio

Abby

Eu estava de saco cheio. A voz de Andrew ecoando na minha cabeça todos os dias desde que lhe coloquei para fora do meu quarto estava me deixando maluca.
Ele simplesmente me abordou todos os dias, me chamando para sair de todas as formas possível.
“Abigail quer dar uma volta no campus?” “Abigail, vamos tomar umas cervejas?” “Abigail, quer que eu te ajude a estudar?” “Aluguei uns filmes, quer ver comigo, Abigail?” “E aí, vamos tomar um sorvete de flocos?”

Eu estava decidida a não dar bola para ele. Mesmo. Eu lutei contra todas as minhas vontades e disse não em todas as situações. Por mais que eu tivesse uma quedinha por ele, eu não queria sofrer.
Então apenas ignorei.
Até hoje.

Eu estava conversando com Poliana no pátio, falando besteirol. Levei um baita susto com um megafone muito perto de mim.
Todas as pessoas pararam para ouvir e ver o que estava acontecendo. E eu quase morri de vergonha quando identifiquei Andrew em cima de um dos bancos, com um sorriso estúpido no rosto.
- ABIGAIL JENSEN! – ele disse. E todo mundo procurou a tal Abigail. E eu estava quase me fundindo com Poliana, o tanto que me escondia atrás dela. – Ei, pode aparecer. – ele desceu e eu entrei em desespero quando ele veio em minha direção.
Eu quis matá-lo.
- Andrew, pelo amor de Deus. – sussurrei. Ele ignorou minha súplica.
- Eu vim te pedir, pela última vez. – deu ênfase. – A senhorita gostaria de me acompanhar a um jantar nessa sexta feira? Eu garanto a satisfação.

Os olhos divertidos dele me fitavam. E eu entendi que, mesmo fazendo aquela bagunça, ele estava falando sério.
E meu coração palpitou ao pensar que seria a última chance que eu tinha. Porque, eu admito. Estava gostando da insistência dele.
Eu o olhei rapidamente. Poliana estava morrendo de rir ao meu lado e eu quis matá-la também. E além da risada dela e dos cochichos, estava silencioso. Andrew estava olhando pra mim com tanta vontade. Minha cabeça estava rodando com tanta pressão sobre mim.
Eu apenas balbuciei:
- Tudo bem.
- Ela aceitou! – ele disse ao megafone. Argh! Cadê as facas quando se precisa delas? As pessoas riam, aplaudiam, riam mais. Eu rolei os olhos e me encolhi no meu cantinho. Andrew se aproximou de mim. – Te pego às sete.
Beijou a minha bochecha e se afastou.
Eu ainda estava meio fora de órbita. Me contrariei da pior forma possível aceitando esse convite. Mas agora já era.
Estava feito.

*
Não me dei ao trabalho de me arrumar – se eu parecesse muito ridícula talvez ele desistisse da ideia de ficar comigo e eu não me sentiria tão culpada de deixá-lo ir.
Apenas vesti um moletom do Batman por cima da minha blusa de alças cinza, com um short jeans e sandálias. Meu esmalte estava gasto, meu rosto limpo. E eu amarrei o cabelo do jeito mais bagunçado que consegui, que resultou no coquinho cheio de fios soltos. Poliana apenas riu da minha estratégia.
Eu esperava uma reação pior dele. Mas a única coisa que ele fez quando abri a porta foi sorrir. Com certeza percebeu a minha jogada.
O observei de calça jeans, tênis e blusa de mangas longas – estava bem frio.
- Abigail. – me estendeu a mão.
- Abby. – corrigi. Ele soltou o risinho característico. Apertei sua mão rapidamente, me despedi de Poli e saí andando com ele ao meu lado pelo corredor.
- Tudo bem?
- Tudo. – sorri amarelo. – Tudo certo?
- Tudo. – repetiu.
Um momento de silêncio e Andrew deu risada.
- O que? – ele negou com a cabeça. – Onde você vai me levar?
- Ah, você vai adorar! – sorriu. – Gosta de batatas fritas?
Eu levantei uma sobrancelha. Ai, Deus. O que será que me espera?

Andrew entrou na última lanchonete do campus. Nós andamos bastante até chegar lá. Mas o lugar era bem vazio, e eu realmente espero que seja pela distância e não pela qualidade da comida.
Sentou de frente para mim e colocou as mãos sobre a mesa. Fomos rapidamente abordados por uma garçonete.
- Porção grande de fritas com cheddar. – disse. Me olhou e eu concordei com a cabeça. – E dois milk-shakes de morango.
Eu semicerrei os olhos. Eu tinha dito que adorava milk-shake de morango há quase uma semana.
A moça saiu de perto de nós dois e ele sorriu para mim.
- Fiquei bem feliz por você ter aceitado.
- Você por acaso me deu outra escolha? – eu levantei as sobrancelhas e ele riu.
- Claro que dei. Você pode fazer o que quiser.
- Certo. Com todo mundo olhando pra minha cara e uma porcaria de megafone gritando nos meus ouvidos. Você me matou de vergonha. – reclamei.
- Eu sei. Você ficou vermelha. – disse. – E está ficando agora.
Eu senti meu rosto ruborizando e desviei os olhos dos dele.
- Por que você faz essas coisas? Que inferno. – me afundei no pequeno sofá e cruzei os braços. A risada de Andrew ecoou no local vazio.
- Achei que você valia o investimento.
- Sei.
Eu precisava me manter forte! Ele só estava sendo galanteador, é o que ele mais sabe fazer na vida! Abigail Jensen, se controla!

Andrew me bombardeou de perguntas sobre a minha vida e eu respondi da forma mais simplista possível. Preferencialmente com uma única frase ou menos. As fritas chegaram e eu adotei o milk-shake como um filho. Era muito bom. Era tudo bom. Ele tinha bom gosto, preciso admitir.
- Então quer dizer que você gosta dessas comidas nada saudáveis. – ele disse, mordendo uma batata. Eu dei de ombros.
- Foram feitas para serem apreciadas. Por acaso vou perder meu tempo comendo salada?
- Eu devia saber que você não segue esse estilo 100% verde.
- Credo. – eu ri. – Eu sou a rainha das porcarias. Dá olha olhada no meu armário e o da Poli. Tem mais Doritos que absorvente. – dei de ombros.
Ele riu.
- Me diz. Por que você pintou o cabelo? – eu estranhei a mudança repentina de assunto e a minha cara revelou isso. – Ah, é que todo mundo achou estranho quando você apareceu de cabelo quase rosa no colégio. – deu de ombros.
- Eu apenas achei a tinta interessante e pintei. Eu só tinha decido cortar, na verdade. – dei de ombros. – Mas me pareceu muito legal passar uma tinta só pra ver no que dava.
- Eu gosto.
- Hm. – sorri. – Eu adoro. E eu não sei porque as pessoas decidiram que eu sou a pessoa mais correta do universo. – ri. – Povo estranho. Se convivessem de um jeito mais íntimo comigo mudariam de ideia.
- Ah é? – perguntou. – Estou com muita vontade de descobrir essa sua personalidade imprevisível.
- Eu sou apenas normal.
- Meninas normais não vão à um encontro de moletom. – ele riu. – Eu achei incrível, o Batman é o meu favorito.
- Então isso é um encontro? – provoquei. Ele balançou a cabeça, afirmando.
- Claro que é! Está subestimando a capacidade de uma lanchonete quase abandonada num campus?
- Longe de mim! – eu ri. – É sério. Eu estou até pensando em forçar a Poli a andar um pouco mais. Você é bom com lugares.
- Eu sou bom em muitas outras coisas. – abriu um sorriso sacana e eu rolei os olhos.
- Não estraga. – reclamei. Ele deu uma risadinha.
- Não estou falando nada demais. Apenas estou dizendo que eu sou bom em outras coisas, como jogar vídeo game – deu de ombros. – Alguém que tem uma mente um pouco suja por aqui.

Eu não tive resposta, então enfiei uma batatinha na boca e controlei o rubor nas minhas bochechas.

Sexta, 11 de abril de 2008
8:40 PM, Lanchonete

Andrew

Abby parecia ser muito mais do que eu pensava. Eu entendi bem fácil o seu jogo de parecer desleixada para me afastar. E não dei a mínima, ela simplesmente continuava bonita de uma forma que me dava vontade de admirar.
Nunca a notei de tão perto, nunca dessa maneira tão visível e aberta. Ela não me deixou ultrapassar muitas barreiras e não respondia concretamente as minhas perguntas.
Ela limpou os cantos dos lábios e apoiou os cotovelos na mesa.
- Não está ficando um pouco tarde?
- Não acho – respondi, constatando o relógio. – Posso ficar aqui por bem mais tempo.
Ela olhou pra baixo e eu vi um sorriso começar a nascer.
- Tudo bem.

Eu ainda não estava seguro para perguntar o que eu queria saber, então manti os assuntos superficiais enquanto a observava atentamente.
Quando percebi que não tinha mais muita coisa pra falar, decidi pedir a conta e caminhar com ela para fora dali.
Ela estava bem mais despreocupada do que na vinda. Sua postura denunciava isso e eu gostei bastante de perceber. Foi aí que eu criei a minha coragem necessária.
- Então o Peter está querendo te conquistar? – soltei. Ela me olhou por um momento e deu risada.
- De onde você tirou isso? O Peter é meu amigo. Quem está tentando me conquistar é você. - Eu parei abruptamente e ela franziu o cenho.
- Que bom que você sabe.
- Ai, Andrew. – ela balançou as mãos no ar. – Você deixou isso bem claro.
- E o que me falta fazer pra conseguir te conquistar, afinal?
- Não sei. – deu de ombros. – Testa.

Minha surpresa com a reação dela foi muito clara. Ela riu da cara que eu fiz com muita graça. Recuperado o susto, eu entendi o que ela quis dizer e a puxei para um beijo. Infinitamente diferente e melhor do que o beijo anterior.
Ela não estava agitada, nem audaciosa. E o tempo em que ficamos apenas no encostar de lábios foi bem maior. Mas ela me deixou sentir o seu gosto de novo. Seus braços apoiados nos meus ombros enlaçavam meu pescoço. Num beijo tão calminho e doce, ela me deixou curioso para descobrir quantos tipos de beijo ela era capaz de dar. E o quão encantado com isso eu ficaria.

Abigail abriu os olhos e encontrou os meus a encarando, perigosamente perto. Eu voltei a aproximar os lábios e ela chegou para trás.
- Não desperdice a chance que eu vou te dar.
Eu sorri e grudei nossos lábios de novo.
Não fiz uma nota mental com essa frase.
Que erro.

Saying how I’m your number one.

Sábado, 12 de abril de 2008
10:20 AM, dormitório

Abby

Quem diabos eu estava querendo enganar, afinal? Eu queria tanto aquilo que me castigaria se recusasse. Passamos o resto da noite conhecendo mais a boca um do outro. Andrew me beijou até que eu fechasse a porta na sua cara.
Não estou dizendo que confio nele cegamente. E uma parte de mim sabe que eu posso ter problemas. Mas eu preciso arriscar. Preciso dar vida a essa minha vontade estúpida de ser a que está nos braços dele.

Eu estava batucando com as unhas na mesa enquanto esperava que minhas amigas se mostrassem online e eu pudesse contar a “novidade” pra elas. Mesmo que não seja nenhuma notícia do ano ou coisa parecida, foi dessa maneira que elas reagiram. Além de uns trezentos conselhos, me fizeram trezentas perguntas.
Eu apenas ri.
Ainda não caiu a ficha de que eu passei a noite quase toda com Andrew Prentiss! E eu queria acreditar que não seria a última noite.

Eu ainda estava tagarelando com as meninas quando bateram na porta. Levantei para abrir e Andrew estava lá.
- E aí. – disse. Me roubou um selinho e senti vontade de rir. – Quer dar uma volta?
- Pode ser. – sorri levemente. Ele estava pronto para atacar os meus lábios de novo quando eu lembrei do que o chat ainda estava aberto.
- Gente, vou sair. Mais tarde eu chamo vocês. – soltei um beijinho e acenei para a tela. Kate e Sam fizeram o mesmo com suas caras de riso.

Fechei tudo e calcei minhas sandálias, acompanhando Andrew para fora do quarto. Poliana estava em algum lugar desconhecido. Saiu cedo para correr e não voltou ainda.
Andrew passou o braço pelos meus ombros e seguimos assim pelos corredores até sair do prédio. Ele foi em direção ao gramado e sentou à sombra de uma árvore, me convidando a sentar ao seu lado.
Eu só conseguia lembrar das garotas que eu via ao lado dele da mesma forma que eu estava naquele momento, e ele percebeu minha desconcentração.
- O que foi?
- Nada. – balancei a cabeça. – Por que esse lugar? – perguntei, observando que estávamos um pouco mais isolados que o resto das pessoas.
- É silencioso. – ele riu. – E eu vejo todo mundo, mas não significa que todo mundo me vê. – piscou.
O observei tirar um maço de cigarros do bolso e acender um. Eu sabia que ele fumava, apenas nunca tinha visto.
- Queria muito que você não fumasse agora. – fiz uma careta e ele riu, soltando a fumaça para longe de mim.
- Eu só fumo uma vez por dia, praticamente. – respondeu. Eu lhe tomei o cigarro.
- Então esse é a sua dose de veneno diário. – apaguei aquilo no chão e ri da cara de indignado dele.
- Você fala como se fosse saudável. Não parecia ligar para os problemas ao seu fígado quando estava bebendo naquela festa.
- Certo, eu não posso negar. Mas eu não bebo todos os dias. E vou em festas uma vez na vida. Não dá pra comparar.
- Sei. – provocou. Eu lhe empurrei pelos ombros e ele riu. – Vem cá.

Me aproximei o suficiente e ele tocou meus lábios com os seus. Eu estava adorando a sensação de ser continuamente beijada.
Eu não consegui controlar o sorriso quando ele me deu diversos selinhos ao fim do beijo, e ainda estava sorrindo quando abri os olhos.

Minha visão pulou de Andrew para Peter, que estava com Michael, Poli e Lisa. Eu acenei rapidamente pra ele e sua reação me deixou bem chateada.
Ele virou o rosto para dar atenção a qualquer coisa que estavam falando.
Andrew percebeu a minha cara de bosta e olhou pra trás rapidamente, voltando a olhar pra mim.
- Acho que ele estava querendo te conquistar também.
Eu ignorei a forma convencida com a qual ele falou aquilo e encostei meu corpo no dele.
- Resolvo isso depois.

Sábado, 3 de maio de 2008
5:30 PM, Estacionamento do cinema

Andrew

Trazer Abby para ver um filme foi uma ótima ideia. E ela pareceu se divertir bastante vendo o Robert Downey Jr vivendo o Homem de Ferro.
Ela estava um pouco irritada e eu detestava o motivo: Peter.
Eles pararam de se falar por algum motivo e ela quer que ele se desculpe. E eu fico apenas de espectador, porque realmente não quero me meter na discussão dos dois. Minha missão aqui é fazer com que ela relaxe. Pelo menos estava funcionando por essa semana.
As primeiras provas haviam passado, e ela estava bem mais tranquila e docinha. O que tornava a minha convivência com ela bem mais fácil.
- O filme é legal – ela respondeu a minha pergunta quando entramos no carro que eu aluguei.
- Eu preferia ficar beijando você a assistir – dei de ombros. Ela riu.
- Pena que eu realmente queria prestar atenção. Mas a gente sempre pode compensar, não é mesmo? – sugeriu. Eu sorri e puxei seu rosto para o meu.

Como me cansar do beijo dessa menina? É simplesmente impossível.
Principalmente quando ela começa quietinha e de repente já está no meu colo. Sua vontade em me beijar cada vez mais explícita. O corpo dela gritava. Mas ela continua em silêncio.
E o clima foi de brasa para neve. Ela me deu selinhos longos e voltou para o seu lugar, tratando de arrumar a roupa e me esperando dar partida no carro.

Talking around in circles with your tongue

Quinta, 8 de maio de 2008
8:50 PM, Perigoso quarto de Andrew

Abby

Preciso dizer que as coisas estão ficando um pouco mais sérias.
Eu sou uma péssima pessoa em controlar minhas ações, e de umas semanas para cá, o estágio de beijinhos com Andrew começou a evoluir, e nós já estávamos no ponto de sermos repreendidos na lanchonete.
Não sei negar. Eu quero muito ultrapassar isso com ele. Todas as vezes que a gente se beija meu corpo queima. E eu sinto calor que me dá vontade de me jogar debaixo de uma água fria.

Minhas amigas me disseram: “Isso é apenas decisão sua.”
Me ajudaram em alguma coisa? Não.
Mas eu as entendia. Elas não poderiam decidir isso por mim, apenas podiam me alertar sobre as consequências disso e elas fizeram.
O resto era por minha conta.
E eu já tinha me decidido. Já tinha aceitado aquilo. Eu queria. E estava morrendo de medo do que poderia acontecer depois. Mas a cada novo beijo que ele me dava, isso se apaziguava.

- O Michael não vai voltar?
- Não. – Andrew riu. – Ele e a Lisa decidiram aproveitar a noite. E eu gostaria muito de fazer o mesmo, mas só vale a pena se você quiser.
Ele se afastou minimamente e eu achei o seu ato respeitoso. Mordi meu lábio inferior com o nervosismo e toquei o seu ombro.
- Eu quero.

Então Andrew voltou a explorar a minha boca.
Senti um pouco de medo quando meu corpo foi deitado na cama, mas desencanei depois. Eu queria aquilo. Queria me entregar pra ele, queria sentir o prazer.
E senti.
Senti o toque dele, o cheiro, a pele. Seus caminhos, sua voz. Tudo tão intenso e sensitivo que me deixou levemente louca. E eu perdi o controle sobre mim mesma em todos aqueles movimentos íntimos. E o suor nunca me foi tão bem aproveitado.
Ele me guiou em meio àqueles lençóis e eu nunca tinha me sentido tão mulher quanto agora, deitada ali, com uma mãozinha fazendo carinho na minha cintura.

O silêncio não era tão desconfortável assim, mas era profundo. Eu conseguia escutá-lo respirar. Andrew me puxou para seu encontro e seus lábios tocaram meu ouvido.

- Abigail.
- Oi - respondi baixinho. Me virei na cama pra olhar em seus olhos que me encararam um pouco perdidos. Talvez ele não soubesse como lidar comigo agora.
- Tudo bem?
- Tudo ótimo - sorri. Andrew levantou um canto dos lábios. - É sério.

Ele voltou a ficar em silêncio e tocou meu rosto, tirando o cabelo do caminho. Me encarou por vários segundos antes de beijar meus lábios. Eu sorri no processo.
E nós dois ficamos ali, nos curtindo naquela atmosfera totalmente nova pra mim. E eu quero repetir.

Sábado, 10 de Maio de 2008
2:10 AM, Breu do meu quarto

Andrew

Deixar Abby ir foi difícil. Não querer tudo de novo na sexta também. Eu ainda conseguia alucinar com o cheiro dela nos meus lençóis, mesmo que não sejam mais os mesmos.
Ela é extremamente maravilhosa. Todos os seus jeitinhos únicos eram encantadores. E a forma singular com a qual ela lidava com o sexo me deixou cativado.
Foi diferente.
Ela olhou pra mim.
E não foi só pra conferir se eu estava me excitando, ou pra me seduzir. Ela simplesmente olhou pra mim e eu consegui sentir a luxúria brilhar nos olhos dela.
Eu cheguei a lembrar dos movimentos dos seus quadris enquanto ela dançava comigo naquela boate até o último gemido que ela soltou só de olhar para os olhos dela.
Foi muito mais intenso que qualquer outra coisa.

E agora eu apenas não conseguia parar de pensar no que diabos eu vou fazer. Estou me sentindo tão dependente dela que nem sei direito como agir, porque nunca me senti assim.
Nunca tive a necessidade da repetição. O sexo, pra mim, sempre foi o estágio final do relacionamento. E eu queria Abby mais umas trilhões de vezes, se possível.
Essa dependência estava me assustando da pior forma imaginável.
Eu estava sem cartas na manga.

E muito menos tempo para pensar.
Segunda começa a nova etapa de provas e eu só tenho Abigail na minha cabeça. Estava quase enlouquecendo naquele meio de assuntos que não faziam o mínimo sentido.
Eu preciso realmente resolver esse problema. Ou não vou mais saber quem eu sou.

Quinta, 22 de maio de 2008
2:40 PM, Arredores do campus.

Abby

A distância entre mim e Andrew seria assustadora se eu não compreendesse os motivos dele.
As duas semanas foram um pouco cheias. E a gente se encontrou apenas por alguns minutos, porque eu tinha que estudar, ou ele tinha que estudar. E nossas matérias não se complementam de uma forma que pudéssemos ajudar um ao outro. Pelo menos tinha uma festa no sábado que poderíamos ficar juntos.
Eu tentava aproveitar o máximo dele quando conseguia. Era bem engraçado o nosso desespero, na verdade.

E era dessas lembranças de beijos de despedidas desesperados que eu estava rindo quando captei a imagem de Andrew conversando com uma garota.
Uma garota bonita. Loira e sexy.
Ele parecia tranquilo em conversar com ela. Como duas pessoas normais.
Que trocam muitos sorrisos.

Meu senso de desconfiança apitou, e eu tentei me convencer de que era apenas uma colega de sala dele com a qual ele estava discutindo a prova. Minha concepção começou a mudar quando eles se aproximaram o suficiente para que se beijassem. Eu caminhei silenciosamente até lá, fazendo muito esforço.
Mas as minhas pernas pararam há uns 30 passos de distância quando os dois realmente se beijaram.
De verdade.
Se beijaram como se já tivessem feito isso antes.
E eu só consegui me senti humilhada.
Além de furiosa.

Eu pensei em ir até lá, mas a única coisa que eu faria seria gritar e dar uns bons tapas no Prentiss. E depois em mim por ter sido tão idiota da forma que eu fui.
Então dei as costas para os dois e comecei o caminho contrário.
Mas eu o ouvi me chamar. Ele dele ter virado em algum momento e me reconhecido.
Eu não parei de me afastar, mesmo que começasse a escutar sua voz cada vez mais perto, me dando muito mais vontade de chorar do que qualquer outra coisa.

- Abby, espera.
- Me deixa em paz. – eu consegui dizer, sem me virar. Apressei o passo e tive certeza de não estar sendo seguida.

A primeira pessoa que encontrei enquanto tentava ser discreta passando voando pelos corredores foi Peter. Porque a vida não pode ser mais infernal, é claro. A única pessoa que está me odiando e criticando as minhas ações é a que me encontra nesse estado – com a total chance de me dizer “eu te avisei”.

- BB? Ei, espera aí. – me parou. – O que aconteceu?
- Nada. – tentei. – Nada Peter, me deixe ir.
- O que ele fez com você?
- Comigo nada. Fez várias coisas com outra pessoa. – eu disse. Eu sabia que ele entenderia.
- Sinto muito.

Foi o suficiente. Eu me joguei nos braços dele e me afundei em seu abraço forte. Peter me encaminhou até meu quarto e Poli levou um susto com a cena.
E os dois me escutaram dizer cada palavra e ficaram ali comigo pelo resto da tarde.

Tell me, do you think I'm dumb?

Domingo, 25 de maio de 2008
12:05 AM, pista de dança

Abby

Era a primeira vez em que eu me sentia feliz depois da quinta feira. Eu ignorei todas as tentativas de Andrew em falar comigo. Que ele fosse pro inferno!
Estava me divertindo com Poli e Lisa. Soltando meu corpo e levando embora todas as mágoas, pelo menos por aquele momento.

Segundos foram necessários para que isso se estragasse, segundos em que eu enxerguei Andrew com a mesma loira, no meio dos outros estudantes, olhando pra mim de tempos em tempos.

- Abby. – Poli me disse e eu vi que ela também viu o pseudo casal.
- Tudo ok. – respondi. Peguei um copo de cerveja e o bebi rapidamente, trocando olhares significativos com a personificação do capeta. – Tudo simplesmente ótimo.

Então eu mandei o foda-se para o meu fígado. Ele sofreria bastante hoje.

*

Meus olhos estavam pesados, e meu corpo mais ainda. O colchão embaixo de mim era espaçoso e confortável. Eu ouvia de longe o barulhinho da televisão e fui abrindo os olhos bem devagar pra me acostumar com a claridade. Mas pouca luz tinha ali. A televisão era a única fonte.

Eu não fazia a mínima ideia de onde eu estava.
- Tudo bem com você? – ouvi perguntarem e me assustei com a voz masculina que não reconheci de imediato, quase pulando da cama. O que me ocasionou um leve latejar de cabeça. Reconheci Peter e concordei.
- Só com a sensação de que minha garganta está rasgada por dentro. – disse.
- Deve ser porque você vomitou bastante no meu banheiro. – ele riu e levantou de onde estava, vindo na minha direção.
- Eu estou na sua casa? – ele assentiu. – Ah. O que aconteceu mesmo?
- Nada de mais. Você decidiu afogar as mágoas e mergulhou legal no álcool, sua louca. – ele fez graça. – Você ficou bem mal e eu me prontifiquei a cuidar de você porque a Poli não tinha força pra te carregar.
- Me carregar? – arregalei os olhos. – Como assim?
- Você não queria andar sozinha. – deu de ombros.
- Ai, obrigada. E desculpa vomitar no seu banheiro.
- E em mim! – completou. Riu quando arregalei os olhos. – É brincadeira. Você foi mocinha e vomitou no vaso. Só dormiu no chão do banheiro depois.
- Credo, que desastre.
- Vai passar. – ele sorriu. – Está com dor de cabeça? Vem comer alguma coisa e tomar um remédio.
- Que horas são?
- Três da tarde, fofa. – rolou os olhos. – Você dorme muito.
- Ah, me dá um desconto. – levantei ainda cambaleando e ele riu, me segurando rapidamente. – Calma, dá pra andar como uma pessoa normal.
Me equilibrei e perguntei onde ficava o banheiro.
Levei um susto desgraçado ao me ver no espelho. Eu estava um desastre. Completamente bagunçada. E com bafo.
Dei um jeito na minha cara e no meu péssimo hálito e saí do banheiro, e indo para a sala. Eu conseguia ver Peter na cozinha de lá.
- Tem bolinho de padaria. – me ofereceu.
- Menino! Você não tem um almoço digno aqui?
- Tem sobras na geladeira. – ele fez uma careta e eu dei risada, me arrependendo depois por conta da dorzinha que senti.
Me alimentei e tomei um remédio, prometendo ensiná-lo a cozinhar alguma coisa.

Domingo, 25 de maio de 2008
3:20 PM, corredor

Andrew

Arrependimento castiga.
Minha forma de lidar com Abby não foi a mais certa, e eu sabia. Mas foi o que me fez ter estabilidade, porque é com isso que estou acostumado. Só que não funcionou muito bem, uma vez que ela descobriu tudo. E se jogou na pista por isso.

Vê-la se embebedando não foi divertido. E muito menos divertido foi ver sua situação final. Ela estava deplorável e a culpa era minha, exclusivamente.
Eu fiquei extremamente preocupado. Quis ir ajudar. Ela parecia em coma alcóolico sendo amparada por Peter e Michael.

Eu estava inquieto, precisava saber sobre Abby, como ela estava. Precisava conversar com ela. Estava sendo consumido pela culpa.
Então eu fui até o seu quarto e bati na porta. Poliana me recebeu com a maior cara de sono possível.

- O que é?
- A Abby já acordou? Está tudo bem com ela?
- A Abby está na casa do Peter. E você me faça o favor de não vir mais aqui procurar por ela porque ela não merece as suas galinhagens, seu estúpido. – jogou na minha cara. – Se eu te ver a perturbando eu vou dar na sua cara.

Tudo bem. Poliana podia ser assustadora de verdade.
Eu me afastei da porta e ela fechou, me deixando com minhocas na cabeça.
Abby estava com Peter. Eu não ia mesmo conseguir me comunicar com ela agora. Tenho certeza que ela está me odiando, e não lhe tiro a razão.
Só queria que ela escutasse o meu lado. Se é que ele é plausível.

Domingo, 25 de maio de 2008
5:50 PM, Apê do Peter

Abby

- Mas é só você cozinhar as almôndegas no tempo que eu falei, não vão ficar cruas! – reclamei.
- Mas eu não consigo prestar atenção pra deixar no tempo certo! – rebateu
- Ai meu Deus, você é muito lerdo! – dei-lhe um tapa no braço. – Eu estou aqui tentando salvar a sua vida e a do Daniel e você não presta atenção!
- Desculpa.

Peter fez um biquinho e eu dei risada da cara dele.
Eu estava ali pacientemente tentando explica-lo como fazer um simples macarrão com almôndegas, mas ele é uma anta, de verdade. Só estava servindo pra me distrair do resto dos meus problemas.
Eu não estava nem afim de voltar para o campus, na verdade. Mas a vida não é justa.

- Sério, Abby. Desista. – ele se apoiou na bancada. Eu desliguei o fogo e me encostei na pia. – Eu não vou aprender assim tão rápido.
Peter riu.
Eu o observei um pouco. Peter era tão maravilhoso comigo. Mesmo que eu tenha sido uma péssima pessoa com ele, quando eu fiquei na merda, ele me ajudou. No pior momento da minha vida, porque eu nunca fiquei tão ruim assim.
- Obrigada. – eu disse. – É sério.
Ele sorriu.
- Por nada.

Eu o abracei rapidamente, o deixando afagar minhas costas. O desfazer do abraço foi mal feito e eu senti vontade de beijá-lo. Seja por querer me vingar de Andrew, ou o que for. Eu quis muito beijá-lo, então beijei.
Peter se assustou de primeira, e eu achei que ele me afastaria, mas ele voltou a me abraçar e me deu um beijo carinhoso.
Não durou muito, nos afastamos logo. Principalmente ele. Mas foi o suficiente para me mostrar que Andrew Prentiss não é tudo nessa vida.

- Abby. – ele disse baixinho. – Não vamos fazer isso agora, tudo bem?
- Desculpe.
- Não pede desculpa, eu gostei. – ele sorriu. – Mas você ainda gosta dele. E eu prefiro esperar. Não me importo com isso. Só que não quero ficar com você sabendo que você ainda pensa no Andrew.
- Eu sei. E não quero usar você pra esquecer ele.
- Então ótimo. – ele colocou uma mecha do meu cabelo pra trás. – Eu só quero que você fique bem, eu vou estar aqui pra ajudar.
Eu sorri e concordei com a cabeça, o abraçando.
- Obrigada. – repeti. Ele riu ao meu ouvido.
- Tudo bem, Mon amour.

Domingo, 25 de maio de 2008
10:30 PM, Entrada dos dormitórios

Andrew

Eu já estava cansado de esperar quando o carro que eu esperava parou ali. Abby demorou para sair. Eu sei que ela me viu, mas ignorou minha presença e acenou para Peter, encaminhando-se para os degraus. Eu intervi.

- Abby, tudo bem?
- Tudo incrível. Boa noite.
- Não, Abby. Calma. Vamos conversar.
- Eu não tenho nada pra falar com você, Andrew! – reclamou. – Por favor me deixe em paz.
- Não! Você nem me ouviu. Por acaso isso é justo?
Ela respirou fundo.
- Fale logo, você tem dois minutos.

Foi a minha vez de respirar fundo.
- Me desculpa, Abby, eu não queria ter feito aquilo. Eu só fiquei desesperado quando eu vi que estava gostando demais de você e nunca passei por isso antes. Você sabe que eu não tinha nada sério com ninguém, e o que a gente tinha estava começando a ficar sério demais.
- É essa sua explicação, então? Certo. Eu não estou nem aí. Se você acha que é terrível gostar o suficiente de outra pessoa para continuar num relacionamento, eu não tenho mais nada pra ouvir de você.
- Não é bem assim, Abby. Poxa...
- O inferno, Andrew! Eu disse que você não podia desperdiçar a chance que eu te dei. Eu acreditei que você poderia mudar por mim, poderia me levar a sério, mas parece que não foi bem assim. Você nunca vai mudar, Andrew.
- Mas eu te levei a sério. Eu só não soube lidar com o que eu sentia.
- Você não sente nada. Se sentisse, iria pensar em mim e se podia me magoar com o que estava fazendo. E você não pensou, porque fez.
- Abby...
- É sério. Me deixa. Eu fui apaixonada por você por mais de três anos. E eu sabia como você era. E eu sei que não deveria ter me envolvido, porque sabia que daria errado e eu acabaria do jeito que acabei ontem. Assumo esse meu erro. Então assuma o seu e me esquece.
- Não é como se a gente fosse mundo diferente. – rolei os olhos. – Você foi correndo para os braços do capitão gentileza.
- O Peter é meu amigo. E ao contrário de você, se preocupa com o que eu sinto. E eu não te devo satisfações. Você não tem o direito de dizer porra nenhuma pra mim!
- Abby, eu só estou pedindo pra você tentar entender o meu lado. Por favor.
- Não dá. Eu disse que não seria outra na sua lista, e fui. Você me tornou um número. E pulou para o número seguinte. – deu de ombros. – Não me procure mais, Andrew. – pediu. – E eu estou falando sério.

Ela se afastou de mim e entrou nos dormitórios antes que eu dissesse qualquer outra coisa. Pensei em segui-la pelos corredores, mas desisti. Não faria diferença. Não mais.
Eu deveria saber disso.
Abby não voltaria engatinhando pra mim.
E agora eu ficaria pra sempre com esse sentimento misto de arrependimento e culpa, porque provavelmente perdi a única garota que foi capaz de ficar gravada na minha memória, com todas as suas marcas registradas.
Eu fui o tolo que perdeu Abigail Jensen.

Baby, don't you know I'm done?

Sábado, 4 de julho de 2009
1:30 AM, Karaokê

Abby

Eu me sentia ótima. Meu corpo balançava, minha voz ridícula era aplaudida. Eu estava me divertindo bastante. Meus amigos estavam reunidos, comemorando as férias. Incluindo Andrew Prentiss.
E eu não ligava mais de vê-lo, assim como no colegial, com várias garotas em vários intervalos de tempo. Ele iria morrer com esse jeito dele.
Eu não lhe guardava mais rancor. Apenas mantive as lembranças boas e a lembrança das ruins só pra não correr o risco de cometer o mesmo erro futuramente. Mas beeeeem futuramente mesmo, porque o meu presente está muito bom.

Olhei para o meu lado e vi Peter, dançando e cantando tão mal quanto eu. E ele foi a melhor escolha que já fiz na vida. Com toda a calma, evoluindo de melhores amigos à namorados, com todo um amor envolvido que vai muito além da atração ou da paixão.
A amizade fortaleceu muito mais o nosso laço e eu nunca fui tão feliz. Talvez quando meu pai me comprava sorvete de menta com frutas quando eu era pequena se iguale.
Olhar para trás e ver Andrew te observando não é uma tarefa fácil. Eu admito: eu o amei. E ele vai ser pra sempre o meu amorzinho platônico do colegial, o meu primeiro cara, minha primeira aventura amorosa.
Mas ele passou. E eu segui em frente com Peter.
E ele seguiu em frente com mais umas cem garotas.
Fazer o que não é? Se não fosse assim, não seria Andrew Prentiss de verdade.


FIM



Nota da autora: unca foi tão louco escrever uma fic ahahahhahahahaha. Deu tudo certo, pelo menos! Antes de tudo queria dizer que a fic não é interativa porque o nome influênca na história da personagem e do casal. Espero que vocês gostem apesar disso! Muito obrigada por lerem e a tia ficaria muito feliz com um comentário <3 Beijo!

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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