Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

’s POV

O céu predominantemente azul, com as pitadas certas de nuvens brancas, se mesclava com o colorido da cidade assim que o avião começava a se preparar para pousar e o frio na minha barriga crescia à medida que ele diminuía mais sua altura. A aeromoça sinalizou na hora do desembarque e eu me pus de pé, agradecendo internamente por ter escolhido um assento já na fileira da frente e sendo uma das primeiras a sair da caixa gigante, porém claustrofóbica. Viajar de avião geralmente me deixava nervosa, mas a sensação logo passava assim que eu pisava para fora, o que não aconteceu diferente dessa vez. Segui o caminho indicado para a imigração do aeroporto, admirando todas as particularidades do local e a variedade de diversos rostos que passavam por mim, e me lembrei do objeto característico em minha bolsa, abrindo-a e tirando uma boina francesa preta, cuja eu havia comprado somente para aquela viagem, a posicionando sobre minha cabeça logo em seguida.
— Agora sim — falei para mim mesma, com um sorriso no rosto ao me olhar pela câmera frontal do celular, continuando meu trajeto até ser forçada a parar após um grande grupo de crianças vir correndo em minha direção, tentando me desviar o máximo possível, mas sendo atingida por uma das pestinhas e, apesar de conseguir me apoiar para não me desequilibrar, a boina não teve a mesma sorte e caiu um pouco à minha frente. — Era pra ficar tão frouxo assim? — me questionei, enquanto ia em direção ao objeto jogado no chão, dando uma última olhada nas crianças, que dessa vez já se distanciavam de onde eu estava. Agachei e peguei o objeto, passando as mãos por ele para tentar tirar a ‘sujeira’ superficial que o chão poderia ter deixado, me levantando logo em seguida, dando de cara com alguém, que segurou impulsivamente meu braço esquerdo, me ajudando a não derrubar nada dessa vez além da minha pressão ao olhar para o homem que me mantinha em pé. Moreno, olhos e cabelos castanhos, além da sua barba, que moldava os pontos cruciais em sua feição, trazendo à tona um tipo de beleza brutal, que te atingia como um raio. Se tivessem dito que Michelangelo se inspirou nele para suas esculturas, eu acreditaria.
Pardon, mademoiselle (Perdão, senhorita).
— Me desculpa.
Falamos ao mesmo tempo e, mesmo com a pouca prática em francês, consegui entender a frase de nível um no Duolingo facilmente.
— É estadunidense? — Ele soltou delicadamente o meu braço e mudou para o inglês automaticamente, porém ainda com vestígios do sotaque francês, o que só contribuía para o deixar mais atraente. Apesar disso, o homem estava com uma feição de preocupação, e eu me perguntava se seria por conta daquela situação ou de algum problema externo, mas obviamente não iria questioná-lo sobre isso.
— S-sim. Eu não estava prestando atenção, um grupo de crianças…
— Não, tá tudo bem, a culpa foi minha — ele interrompeu, com um meio sorriso a minha tentativa atrapalhada de explicação, levantando o celular com a outra mão e o balançando. Só então percebi a aproximação brusca em que ainda estávamos, me afastando um pouco com plena certeza de que meu rosto estava completamente vermelho de vergonha. — Sinto muito, mas eu tenho que ir… apesar de estar adorando falar com você. — O homem adotou uma expressão mais relaxada, com um sorriso descontraído, enquanto se afastava lentamente de onde estávamos, e, sem ser capaz de proferir sequer uma palavra, eu apenas assenti com a cabeça, o seguindo com o olhar. — Eu nem perguntei seu nome…
.
— Te vejo por aí, .
— Mas e o seu?
— Digamos que é melhor que você não saiba — ele falou, já se virando para seguir seu caminho, mas parou por um momento ao ouvir minha pergunta:
— E como você quer que eu te encontre?
Após parecer refletir por milésimos de segundos, o homem direcionou um pouco a cabeça para onde eu estava, hesitando antes de responder e se afastar por completo:
.
Segui meu caminho até a imigração, me deparando com uma fila enorme em direção aos balcões e aguardei minha demorada vez enquanto observava as outras pessoas ao meu redor, sendo surpreendida ao avistar alguém passar por todos da fila ao lado e se dirigir ao balcão rente ao que eu fui instruída a ir uns minutos depois.
— Bonjuor (Olá)! — a moça à minha frente me cumprimentou com um sorriso animado assim que me aproximei do balcão, e eu respondi com a mesma fala e gesto, me prontificando a entregar os documentos necessários logo em seguida. — ? — ela perguntou e eu afirmei com a cabeça, sendo impulsivamente forçada a olhar para o lado e me deparando com os mesmos olhos castanhos de antes, só que dessa vez ele estava envolto de um capuz cinza, quase irreconhecível com os óculos escuros que só tirara ao olhar na minha direção. — Senhora? — ouvi e me voltei novamente para a mulher, que perguntou novamente algo que eu nem tinha me dado o trabalho de escutar da primeira vez. — Você prefere que eu fale em inglês?
— Sim, por favor, je parle un petit peu de français (eu falo um pouco francês). — Ela sorriu gentilmente ao escutar minha resposta e olhei discretamente para , que já estava com o rosto virado para o balcão à sua frente, porém consegui perceber um sorriso de lado do homem.
Após as diversas perguntas feitas a mim, fui liberada um tempo depois do homem ao meu lado e segui para a sala de bagagens, buscando minha mala cinza em meio a tantas outras, me perguntando se fazia o mesmo e, se sim, onde ele estava. Inacreditável que, em apenas alguns minutos na cidade do amor, eu já consegui ficar encantada por alguém. Por alguém que praticamente furou a fila da imigração, ou seja, ele era importante. Perdida em meus pensamentos, mal consegui perceber quando o objeto grande e cinza se aproximou de mim através da esteira e me apressei em pegá-la, raciocinando que aquela fora a primeira e última vez que me encontrei com , afinal, Paris era gigantesca.
— Bonjour! As-tu fait une réservation? — o recepcionista me cumprimentou assim que me aproximei do balcão do hotel extremamente elegante em que eu acabara de entrar. Na verdade, tudo em Paris tinha uma sofisticação única, pela qual eu estava encantada desde que havia chegado. O único defeito era eu ainda estar no nível iniciante do curso de francês, o que me fez abrir a boca sem produzir nenhum som, ato que foi percebido pelo homem. — Você fez uma reserva?
— Sim! Me desculpa, ainda tô aprendendo — falei, com um sorriso envergonhado enquanto tirava os documentos da minha bolsa e ele respondeu com uma feição de compreensão.
Agradeci ao bagageiro que havia me ajudado a levar minha mala até o quarto e me deparei com um cômodo belíssimo, me prontificando a testar a cama gigantesca que ficava no meio dele após jogar minha mochila no chão. Fechei os olhos por longos minutos, só os forçando a abrir após o ponteiro do banho imediatamente surgir em meu relógio mental, e fui em direção à mala cinza que estava um pouco mais à frente da cama. Abri a mala e me deparei com roupas e acessórios masculinos, só então percebendo que eu havia pegado a errada e tentando não surtar ao me questionar onde minha verdadeira mala, idêntica àquela, estaria. Me recompus e decidi buscar pelo cartãozinho de identificação no mesmo local em que ele estaria na minha mala, onde quer que ela estivesse, conseguindo encontrá-lo apenas com uma parte preenchida.
… — repeti o nome descrito no papel e arregalei os olhos ao assemelhar o primeiro nome com o homem de mais cedo. — ! Paris só pode estar de brincadeira comigo. — Dei um riso sarcástico e voei até meu celular enquanto me perguntava se ele havia feito a mesma coisa que eu e pegado a minha mala por engano, abrindo o Instagram e buscando por seu nome, afinal, ele havia passado na frente de uma fila inteira, se não fosse alguém famoso, com certeza seria de alguma máfia.
Cliquei no primeiro perfil que apareceu na pesquisa, me surpreendendo ao ver diversas fotos dele e confirmando que ele era muito famoso, os 5 milhões de seguidores podiam provar isso. Acabei me desviando do foco ao começar a deslizar o dedo pelo perfil do homem, e encontrando desde fotos com os amigos até algumas divulgações de marcas famosas, pairando meu olhar sobre uma publicação em parceira com a Calvin Klein, onde havia diversas fotos dele apenas de cueca.
— Deus, me perdoa por todos os pensamentos impuros que eu acabei de ter com esse homem, por favor.
Continuei meu tour pelo perfil de e dessa vez cliquei nos stories, com fotos no avião e algumas outras da paisagem de Paris, logo depois indo para o chat privado do aplicativo e pensando bem no que escrever, sabendo que teria pouquíssimas chances de ser respondida.

Oi! Não sei se lembra de mim, é a , a garota que esbarrou em você no aeroporto. Por incrível que pareça, a sua mala tá aqui comigo. Espero que veja isso para combinarmos onde eu a entrego!



Respirei fundo e enviei a mensagem, voltando a deitar na cama depois. Além de estar torcendo para que ele respondesse logo, eu tinha esperanças de que minha mala estivesse com , não só para eu ficar aliviada, mas porque seria mais uma desculpa para encontrá-lo de novo. Não que eu estivesse esperando algo amoroso, o cara era famoso, me surpreendia não ter encontrado nenhuma foto com alguma suposta namorada. A curiosidade bateu e decidi pesquisar sobre essa pauta, achando diversas notícias sobre isso:

aparece em evento de gala com novo affair!
está solteiro? Ator apaga todas as fotos com a namorada.
aparece com uma garota misteriosa no aeroporto, seria ela o novo affair do ator?


— Essa sou eu? — Cliquei no site, me deparando com uma foto exata do momento em que havíamos nos esbarrado. — Meu Deus, eles são rápidos. — Continuei surfando pelas informações disponíveis sobre ele e me surpreendi com a grande quantidade de filmes que havia feito. Seria impossível não o reconhecer se eu fosse uma adoradora de filmes, mas, pelo contrário, nunca tinha tempo para ver filmes, ou fazer alguma outra coisa de lazer ultimamente. Essa viagem seria justamente para isso, me desligar um pouco da rotina monótona do meu trabalho. Não que eu não gostasse dele, mas, ao fazermos a mesma coisa durante anos, tendemos ao tédio, e às vezes só precisamos de alguns dias de férias para nos recompor.
Fui surpreendida pelo vibrar do objeto em minha mão, seguido por uma notificação de mensagem no Instagram. Meu coração deu um pequeno pulo ao imaginar a possibilidade de ter me respondido, e abri o aplicativo.

Nossa, que coincidência boa, meuf d’amerique (garota da América)! Eu nem tinha parado para olhar a minha mala ainda, vou ver se tem algum dono.

Grandes chances de ser a minha!



Esperei alguns segundos até meu celular vibrar novamente, dessa vez com uma ligação.
— Alô? , a garota do aeroporto? — Escutei a voz pouco conhecida, porém inesquecível de mais cedo e dei um sorriso tímido, mesmo estando sozinha num quarto enorme. — E minha suposta nova namorada?
— Meu Deus, você viu? Que vergonha. — falei, após sentir um leve arrepio subir por todo o meu corpo.
— Vi e posso dizer que, pela primeira vez, eu gostei de uma notícia maldada pelos paparazzi.
— A sua namorada não vai gostar muito dessa notícia — falei, rindo, apesar de, por dentro, querer me dar um soco por ter citado alguém que eu nem sabia se ainda estava com ele.
— Namorada? Andou pesquisando sobre mim, meuf d’amerique? Mas pode ficar tranquila, sem namorada no momento.
— Mas eu pensei que…
— Vamos fazer o seguinte, você vem para o hotel onde eu estou, nós trocamos as malas e depois eu te explico tudo sobre isso — ele propôs e eu fiquei sem reação por milésimos de segundos, apenas respondendo com um sim baixo. — Vou te passar o endereço e a gente se encontra daqui a pouco. Foi ótimo trocar de mala com você, meuf d’amerique. — desligou o celular, me deixando completamente atônita.
— Foi ótimo trocar de mala com você, bla bla bla — repeti a frase com uma voz grossa, tentando imitá-lo. — Convencido. — Não sabia o motivo, mas seu jeito extremamente paquerador estava começando a me irritar um pouco.
Peguei tudo que eu precisava e me dirigi à saída do hotel, sendo pega de surpresa ao perceber a vibração em meu celular e ver a notificação do Instagram informando que o perfil de havia acabado de me seguir.
— Ele é louco! — falei incrédula, nem me tocando do quão alto minha reação havia sido, e, ao olhar para o lado, vi diversas pessoas me encarando. — Ótimo, agora vão pensar que eu sou maluca.
Após chegar ao endereço informado, que não foi difícil de achar devido à imensa quantidade de gente do lado de fora do hotel, adentrei o local com um pouco de dificuldade e torcendo para que um de seus fãs não me reconhecesse.
— Bonjour. Meu nome é , poderia ligar…
— O senhor nos informou, pode subir até o quarto dele — a moça que se encontrava na recepção disse, sorrindo.
— Ah, merci — respondi e me afastei, não deixando de notar quando ela começou a cochichar com a outra recepcionista, me fazendo revirar os olhos.
Cheguei ao andar informado por ele e me dirigi até a porta de seu quarto, hesitando antes de bater na porta, que foi aberta uns segundos depois. Arregalei os olhos ao ver o homem à minha frente apenas de toalha.
— Opa…
— Não podia esperar pra tomar um banho? Eu nem demorei muito — falei, assim que me recompus e passei direto por ele, entrando no quarto e me perguntando o motivo de ter feito isso.
— Eu estou assim desde antes de ter visto sua mensagem — ele respondeu, enquanto eu analisava o cômodo enorme, não fazendo nenhuma questão de me virar e encará-lo, e fui forçada a lembrar da sessão de fotos para a Calvin Klein que havia visto mais cedo. — Eu até vestiria uma das suas roupas… mas calcinha não é muito confortável.
— Pode trocar agora, toma sua mala.
— Tá bom, espera aí.
— Mas eu não posso simplesmente pegar…
— Só espera. Merci beaucoup, meuf d’amerique falou, assim que eu me rendi aos seus pedidos e me sentei num pequeno sofá no canto do quarto.
Depois de um tempo, ele saiu do banheiro e veio em minha direção, se sentando na cama que ficava em frente ao sofá e me encarando logo em seguida.
— Como posso te agradecer por ter se deslocado até aqui, meuf d’amerique?
— Vamos começar por você não me chamando mais desse nome.
— Você prefere mademoiselle?
— Não.
Ma chérie (minha querida)?
— Que tal me chamar de ?
— Vai ser, mon amour então — cedi à sua última tentativa com um sorriso de lado e ele me respondeu com o mesmo ato.
— Tanto faz… Por que me seguiu no Instagram?
— Eu gostei do que vi.
— Você viu o que postaram só por a gente se esbarrar no aeroporto… Quer que pensem que vamos nos casar logo?
— Eu não me importaria se pensassem…
— Passou pela sua cabeça que eu poderia ter namorado?
— Se você tivesse, não flertava comigo no aeroporto.
— Nossa, mas é muito convencido mesmo.
— Eu tento ser quando eu quero conquistar alguém. Principalmente alguém tão difícil como você. — se inclinou em minha direção e senti minha respiração pesar ao encarar sua boca chamativa.
— Então melhor continuar sentado, porque esperar em pé cansa.
— Quer apostar quanto que até o final dessa noite você vai acabar cedendo?
— Como assim até o final?
— Sai comigo. Eu preciso te compensar de uma forma, né? — Ele se levantou e veio em minha direção, e eu fiz o mesmo. — Você vai ganhar uma pequena tour por Paris de graça, não tem como negar. Tá combinando? — Ele estendeu a mão e, após pensar um pouco, levantei a minha também.
— Combinado, mas não vai pensando que eu aceitar significa que vou ceder… Na verdade, quando eu ganhar, quero que desminta tudo sobre nosso ‘relacionamento’ — falei, após encostar nossas mãos, já pensando no possível erro que eu havia cometido ao sentir um arrepio partir do local do toque e se estender por todo o meu corpo. — Falando nisso, você disse que me explicaria sobre sua namorada.
— Minha ex, você quer dizer… Era tudo falso. Namoro por contrato. Decidi acabar com isso, eu estou louco pra sentir como é se apaixonar de verdade. Quem sabe eu não encontre algo nessa viagem? — olhou para mim fixamente e decidi cortar antes que eu caísse em um de seus truques.
— E, o que não vai acontecer, mas, caso você ganhe, o que vai querer?
— Só eu ganhar já vai ser suficiente para mim. — Ele trocou o sorriso calmo por um mais travesso e umedeceu os lábios. — Se quiser tomar um banho antes da gente sair, eu espero.
— Você tá louco? Claro que eu não vou…
Calme, mademoiselle. Você pode trancar a porta, eu prometo que não faço nada. — levantou a mão esquerda e voltou a se sentar na cama, me observando pegar minhas roupas e os acessórios necessários para o banho e me dirigir ao banheiro, verificando duas vezes se a porta realmente estava trancada.
Após alguns minutos, saí do banheiro com um vestido marsala, um sobretudo preto por cima e botas da mesma cor, e fui até minha mala, ainda sentindo o olhar do homem à minha frente pesar sobre mim.
— Magnifique. — se levantou na mesma hora e veio até minha direção, estendendo a mão e pegou a minha, fazendo meu corpo gelar ao encostar levemente seus lábios nela. — Tu es magnifique. — Ele subiu a cabeça até ficar na mesma altura que a minha e seus olhos se encontraram com os meus. Deus, se eu não tinha tanta certeza de que conseguiria aguentar até o final da noite, agora só tinha mais certeza ainda.
Descemos o elevador e ele me guiou até os fundos do hotel para tentarmos evitar que seus fãs nos vissem e as especulações piorassem. Ainda escutando os gritos frenéticos das pessoas na parte de fora do hotel, se assustou com a chegada repentina de um dos funcionários e me prensou num canto entre as paredes do estacionamento. Nossos olhares se encontraram enquanto quem quer que fosse saía por outra porta e ele passou a encarar minha boca.
— A pessoa já foi — falei, porém com um tom baixo para não dar sorte ao azar.
— Eu quero ter certeza. — Ele se aproximou mais um pouco e eu só não tomei o próximo passo por conta do barulho que surgiu do seu bolso. Se eu realmente quisesse ganhar aquela aposta, tinha que evitar situações como aquela ao máximo. — Nosso carro chegou.
— Como… — nem consegui terminar a frase ao avistar um Porsche preto entrar no estacionamento e vir em nossa direção.
Um homem alto e extremamente bonito saiu do carro e abriu um sorriso enquanto ia até , o cumprimentando com um abraço forte e se virando para mim depois.
Salut, et tu es (oi, e você é)…?
Elle est américaine (ela é americana).
— Ah! Qual o seu nome?

Plaisir, mademoiselle (prazer, senhorita). — Ele aproximou os lábios da minha mão e depositou um beijo no local, voltando a me olhar.
— Vocês franceses gostam de fazer isso, né? — perguntei, com um sorriso divertido no rosto e senti a mão de sobre meu ombro.
— Ah, você é a nova ‘namorada’ do meu amigo?
— Não! Só estou… sendo obrigada a ir com ele. Longa história.
— A única garota que já conheci que não cai de amores por ele. Deve ser por isso que ele gostou de você. E eu também.
— Podemos ir? — Dessa vez, posicionou a mão em minhas costas, me empurrando levemente na direção do carro. — Merci pour la voiture, je promets de la rendre entière (obrigado pelo carro, prometo devolver ele inteiro).
— Ele consegue ser bem convencido às vezes. — Me virei para o homem às nossas costas e ri, entrando no carro depois. — Precisava ser tão apressado? — falei, assim que entrou no carro, e ele me encarou.
— Ele estava flertando com você.
— Eu já sou grandinha pra perceber quando alguém flerta comigo.
— Então você percebeu que eu tô tentando flertar com você até agora? — ele se despediu do amigo com um aceno, saindo do estacionamento com o carro.
— Não tá dando muito certo, né.
— Bom, você tá aqui. — desviou o olhar da rua por um momento, parando sobre meus olhos, e deu um sorriso.
Depois de um tempo, ele estacionou o carro em frente a um local totalmente lotado e deu a chave para um dos homens parados na entrada, vindo na minha direção depois e oferecendo sua mão, me guiando por entre as diversas pessoas na fila e parando na frente de um dos seguranças, que, ao perceber quem estava à sua frente, abriu uma passagem para nós passarmos.
Bienvenue à Le Dandy (bem-vindos a Le Dandy).
Adentramos o lugar gigantesco e olhei em volta do cômodo totalmente ambientado na cor vermelha, podendo observar diversas pessoas dançando uma música eletrônica que se propagava por todo espaço.
Allons danser (vamos dançar)! — me puxou até o meio da pista de dança e começou a se mover junto à música.
Após algum tempo de dança, fomos até uma das mesas e decidimos beber um pouco, ele insistindo em pagar tudo o que eu queria pedir.
— Por que não vamos dançar mais um pouco? — Ele se levantou e pegou na minha mão e eu cedi, ambos já um pouco alterados pela bebida.
Estava passando uma música totalmente animada de fundo, enquanto ele me acompanhava na dança, tentando conversar comigo durante, mas eu não escutava nada além do som.
— O que foi? — Me aproximei mais dele e falei em sua orelha, sentindo sua respiração chegar mais perto também.
Tu danses très bien. — fez o mesmo e sua boca encostou sem querer no meu ouvido, fazendo o local formigar. — Você dança muito bem.
Toi aussi (você também) — falei, encarando sua boca, já nem ligando mais para a aposta ou as várias pessoas que olhavam para nós. — Je ne sais pas si jetiendrai longtemps (não sei se vou aguentar por muito tempo) — proferi com um pouco de dificuldade e com uma pronúncia não tão boa, mas senti que havia entendido após dar um sorriso de lado.
Alors ne le tenir (então não aguente).
Naquele momento, não consegui me concentrar em mais nada, só no quão bonito ele era. E em como eu tinha aguentado até agora, a única coisa que eu queria fazer era beijá-lo. Desde o momento em que nos esbarramos naquele aeroporto eu queria beijá-lo.
Pandonnez mon français, mais pourriez-vous parler en langues (perdoe meu francês, mas você poderia falar em línguas)?
Bonne allumeuse (boa cantada).
— Eu pesquisei várias antes de vir para cá. — Começamos a rir, cada vez chegando mais perto um do outro.
Oui, je peux (sim, eu posso). — Ele se inclinou mais, porém fui eu quem o beijei, sentindo suas mãos me puxando pela cintura para tentar cessar todo o espaço livre entre nós. — Eu sabia que você ia perder. — abriu um sorriso entre o beijo e começou a comemorar, falando para todos ao redor como eu havia perdido a aposta.
— Para, vem logo — interrompi sua animação e o puxei para fora da boate. — Vamos voltar, tem muita gente aqui.
— E você quer ir para onde?
— Ai, garoto, não pergunta isso. — Comecei a rir enquanto o puxava na minha direção e encostava nossos lábios novamente.
Decidimos voltar para o hotel e, ao sairmos do carro, me prensou sobre ele e me beijou, afastando meu cabelo do pescoço e beijando o local também.
— Eu não sei você, mas tem uma banheira lá no meu quarto e eu realmente queria usar ela.
— Um banho não faria mal. — Ri ao sentir seu nariz passar pela minha pele e fomos até seu quarto.
Chegando lá, assim que fechou a porta, se apressou a tirar a blusa e me ajudou a tirar meu sobretudo e minhas botas, me fazendo ficar apenas com o fino vestido. Ele tirou os sapatos e a calça, me guiando até a banheira e sentando na borda dela enquanto a água preenchia, me puxando pela cintura e selando nossos lábios. Quando a água atingiu o ponto ideal, entrou na banheira e me guiou até sua frente, me surpreendendo ao não me esperar tirar o vestido.
— Eu já falei que você é louco?
Oui.
Subi para seu colo e comecei a beijá-lo ainda com o vestido sobre minha pele, que já estava todo molhado. Decidi tirar a peça, ficando apenas de calcinha e sutiã, e senti o olhar do homem sobre mim, aproveitando para tirar a parte de cima com a ajuda dele.
J’ai dit déjà que vous êtes belle (eu já disse que você é linda)?
Ficamos naquela posição por um bom tempo, tentando aproveitar ao máximo o contato entre nossas peles. Depois de me enxugar, me levou até a cama e me cobriu, se deitando ao meu lado depois.
— Muito obrigada por hoje…
— O que você acha… eu sei que parece loucura, mas… de passar alguns dias aqui?
— Que proposta irrecusável você me deu, … Vou pensar no seu caso. — Me aproximei dele e fechei os olhos, me permitindo finalmente descansar desde que cheguei da viagem. — O que vamos fazer depois que isso se espalhar?
— Só vamos deixar que se espalhe.
E acho que ela iria me trazer o ânimo que eu estava precisando há muito tempo.


FIM



Nota da autora: Sem nota.

Outras Fanfics:
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Coringa

Nota da beta: Que casal mais delicioso de acompanhar! Eu me diverti muito com as interações entre eles e simplesmente amei a química entre os dois.
Apoio muito uma continuação, hein?
Parabéns, meu bem. Ficou incrível! ♥

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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