Postada em: 11/10/2020

Run It

Assim que a mãe de Mary saiu para seu plantão como enfermeira no hospital, tanto eu como Jenie nos descobrimos da coberta e levantamos da cama. Não acreditava que iríamos quebrar as regras e fugir no meio da noite para uma festa proibida na escola.

— Eu não ainda acho que não devemos. — disse Jenie ainda contrariada.
— Amiga, quando nós tivemos a oportunidade de sermos convidadas para uma festa dos populares. — retrucou Mary — É o nosso último ano do colegial, é a festa dos veteranos.
— Ah, por favor, Mary. — Jenie a olhou — Você só está interessada em ir, por causa do Jack.
— E é por causa dele que fomos convidadas. — frisou Mary.
— Vou me lembrar de agradecer ao capitão do time de basquete. — brinquei.

Mary por um golpe de sorte, como ela mesmo disse, havia se tornado mais próxima de Jack, após ele começar a trabalhar na oficina do seu pai. E nada como as férias de verão para estreitar ainda mais e fazê-los mais íntimos, quando nosso último ano letivo começou, não havia outro assunto nos corredores da escola. O líder do time de basquete estava de namoro com a presidente do grêmio estudantil, o popular e a nerd de química.

— Eu nem queria ir. — Jenie ajeitou seu óculos no rosto — Pensei que seria nossa festa do pijama.
— Jen, se anime. — eu segurei em sua mão e sorri — Não é tão ruim assim quebrar as regras de vez em quando.
— Além do mais, quando estivermos na Universidade de Princeton, é o que mais terá, festa todos os dias. — completou Mary ao trocar suas blusa do pijama por outra mais casual.
— Que é você e o que fez com a minha prima? — perguntou Jenie a olhando boquiaberta — A Mary que eu conheci, não pensava em festas, mas em ganhar a bolsa de engenharia química de Princeton. — retrucou Jenie.
— Se acalmem vocês duas, é a nossa primeira fez da elite da escola, por favor. — intervi naquela, não era uma discussão a ser levada em conta.

Jenie era caseira e extremamente introvertida, ao contrário de Mary que sempre foi sociável e comunicativa, o que me levava a perguntar o motivo de não ser popular. Talvez por causa da sua amizade com a gente e por não gostar das líderes de torcida.

— Tudo bem, eu me rendo. — Jenie colocou as mãos para o alto, nos fazendo rir — Vamos para essa tal festa no ginásio.

Fizemos uma pequena bagunça enquanto jogamos as almofadas umas nas outras. Então finalmente saímos da casa de Mary e seguimos de ônibus até a escola. Quando chegamos, tinha alguns alunos no gramado da frente, já outros seguindo direto para o ginásio.

— Meu coração já está acelerado. — disse Mary ao nos aproximarmos do ginásio.
— Ai que nojo. — sussurrou Jenie, ao passarmos por um casal que estava se agarrando perto da porta de entrada.
— Bem-vinda as festas do colegial. — brinquei com ela.

Fiquei impressionada assim que entramos no ginásio, a orla da piscina estava toda decorada, havia um moderno de jogo de luzes no teto e até uma cabine de dj. Várias pessoas dançando na pista improvisada, assim como uma grande mesa com comidas e bebidas.

— Uau. — sussurrei — Os veteranos sabem dar uma festa.
— E você achou que seria bagunça? — Mary riu de mim — E adivinha quem deu a ideia de fazermos aqui, festa na piscina?!
— Então é por isso que nos mandou colocar os biquínis?! — Jenie a olhou.
— Para que mais seria? — Mary desviou seu olhar para o lado direito e logo avistou seu namorado com seus amigos do time — Ali está, venham comigo.

Mary saiu na frente indo em direção ao Jack. Assim que dei o primeiro passo, senti que Jenie se encolheu um pouco, virei para minha amiga e vi que ela não estava muito confortável ali.

— Não fique retraída Jenie. — sorri para minha amiga — São somente colegiais bobos que se acham os melhores só por jogarem no time de basquete.
— Então é isso que você acha deles? — disse uma voz grossa vindo de trás de nós — Jogadores bobos?!
— A maioria são, acredite. — me virei e olhei para o dono da voz.
— Hum… Então eu acho que terei que provar o contrário. — ele sorriu de canto e passou por nós, indo em direção ao grupo do Jack.
— Quem é ele? — perguntou Jenie.
— Vai saber. — mantive meu olhar naquele garoto intrometido.
— Jenie! — gritou um garoto de camisa xadrez e óculos verde fluorescente, vindo em nossa direção.

Consegui reconhecê-lo, das aulas de biologia no laboratório 5.

— Charlie?! — ela virou sua atenção para o menino, de forma surpresa — O que faz aqui?
— Eu sou o rei das colas, acha mesmo que não tenho acesso às festas? — ele a olhou, mostrando um ar de popular — E você? Nunca sai de casa.
— Jenie finalmente está querendo ser sociável. — brinquei fazendo o garoto rir.
— Por favor, ainda preferia estar vendo Grey’s Anatomy em casa. — ela cruzou os braços.
— Hum… Jen, já que o Charlie está aqui, eu vou ali na mesa pegar umas bebidas. — me afastei deles seguindo para a mesa.

Era visível o grande interesse de Charlie por ela, já que não a deixava fazer dupla com ninguém nas aulas de biologia. Ele era um garoto legal que usava sua inteligência para arrancar dinheiro dos alunos na semana de provas, além de fazer amizade com os populares de uma forma inacreditável e descolada.

— Ora ora minha amiga. — senti alguém pegar em meu braço e me puxar para o canto.

Olhando para o lado, vi que era Mary.

— O que é isso? — perguntei confusa — Por que está me arrastando para cá?
, o que você fez para despertar a atenção do ?
— Quem é ? — perguntei ingenuamente.
— Minha amiga, é simplesmente a realeza dos veteranos, o criador das festas no ginásio. — explicou Mary — Ele está no segundo ano de medicina em Harvard, é solteiro e não mora na fraternidade, ele tem um apartamento só para ele e um cachorro labrador chamado Sansão.
— Uau, ficha completa. — brinquei — Você sabe o tipo sanguíneo também? Música favorita, nome dos pais…

Comecei a rir da careta que ela me fez.

— Não teve graça. — ela deu de ombros — A irmã mais velha do Jack é noiva do irmão mais velho dele.
— Isso explica, você tem informantes. — ri mais um pouco.
— Deixa de ser chata. — ela me empurrou de leve — Agora fala, o que você fez?
— Por que tanta curiosidade?
— Ele chegou no grupo perguntando quem era você. — respondeu ela.
— Eu não fiz nada, só disse que os jogadores do time da escola são todos bobos. — eu ri.
— Não acredito. — ela boquiaberta.
— É sério, só disse a verdade. — voltei meu olhar para o lado.

A pista de dança estava um pouco vazia, parecia que os alunos estavam tediosos com a playlist. Rolou então uma movimentação entre o grupo de Jake, e o tal veterano se deslocou para a cabine de dj improvisada bem ao lado da pequena arquibancada.

— Ladies and gentlemans, que tal um pouco mais de animação… — disse Carl no microfone, o garoto que era responsável pela rádio da escola — Com vocês a realeza de Harvard, o veterano Lewis, nosso dj de hoje.

A maioria dos alunos se juntaram na pista de dança, em gritos e comemorações, ansiosos para ver o que o tal veterano iria fazer.

— Put your hands up!!! — gritou no microfone — Put your hands up!!!

Todos começaram a se animar e logo a música invadiu todos os cantos do ginásio. Em segundos todos já demonstravam estar se divertindo, eu me aproximei novamente da mesa de bebidas e comecei a analisar tudo que tinha disponível. Peguei um punhado de confetes na mão e fui comendo aos poucos, procurei com o olhar por Jenie, no meio de todo aquele povo.

Minha amiga estava no canto perto de vestiário ainda conversando com Charlie, impressionante foi ver um leve e escondido sorriso no canto do seu rosto. Eu já sabia que Jenie nutria um amor platônico por ele, mas insistia em negar sempre que Mary brincava com o assunto. Charlie era um garoto legal, o único além de Mary e eu que conseguia manter uma conversa saudável e produtiva com Jenie.

Senti meu celular vibrar no bolso, olhando na tela era uma mensagem da minha mãe perguntando como estava a festa do pijama na casa de Mary, certamente se ela soubesse onde eu estava, me mataria. Me afastei um pouco do alto barulho, entrando em um corredor que dava para o escritório do treinador, então mandei outra mensagem dizendo que estava tudo bem, com algumas fotos que havia tirado na casa de Mary.

— Chamando o namorado para a festa? — perguntou ao aparecer de repente em minha frente.
— Antes fosse. — bloqueei a tela e guardei o aparelho no bolso novamente — Mandando fotos para minha mãe, de uma festa do pijama que não existe.
— Uau. — ele sorriu de canto — Deixa eu adivinhar, primeira festa?
— Sim, é um tanto maluco, estou quebrando algumas regras e até agora estou viva. — respondi o fazendo rir — Não ria, é sério, se formos pegos meu currículo acadêmico vai pro ralo.
— Olha, temos uma nerd em meio aos populares. — brincou.
— Muito engraçado, acho que 40 por cento das pessoas aqui não são populares e pelo menos umas 10 são nerds que passam cola para os populares. — cruzei os braços o olhando sério.
— Rainha da matemática, aposto que vai tentar algum curso de engenharia. Harvard? Yale? — presumiu ele.
— Arquitetura em Princeton. — respondi tranquilamente — Porque achou que eu faria engenharia?
— Suposição, você lida muito bem com números. — ele riu — Além do mais, Jack comentou comigo que sua amiga vai cursar engenharia química.
— Mary é louca para usar um jaleco e passar horas em um laboratório, eu até sugeri que fizesse biomedicina, mas ela odeia biologia. — eu ri também.
— E o que te levou para arquitetura? — perguntou ele.
— Acredite ou não, jogar the sims.
— Sério?

Assenti com a cabeça e nós rimos novamente.

— Minha irmã de doze anos joga isso. — comentou ele.
— Bem, eu jogo há muito tempo. — disse deixando escapar um sorriso em minha face.
— Olha ela sorri. — eu olhar ficou mais fixo em mim.
— E você?
— Eu o que?
— Dj e medicina não combinam muito. — expliquei.
— Como sabe sobre meu curso?
— Mary me deu sua ficha completa com direito a mencionar seu cachorro Sansão. — respondi segurando o riso — E olha que eu nem pedi.
— Mas gravou tudo, se quiser posso te apresentar meu cachorro, ele é muito amigável — brincou ele.
— Legal, eu gosto de cachorros, mas não posso ter porque meu pai é alérgico.
— Lamento.
— Mas então me explica.
— Acredite ou não, ser dj é minha primeira opção. — respondeu ele surpreendentemente — Escolhi medicina como um plano B.
— Você está brincando né?
— Não é sério.

Rimos de novo.

— Como assim medicina é um plano B?! — perguntei.
— Meus pais não acham que posso ganhar dinheiro com música, então disseram que eu podia tentar isso, com a condição de cursar algo em Harvard.
— E você escolheu logo medicina, um dos cursos mais difíceis. — estava confusa e chocada com ele.
— E você queria que eu escolhesse o que? Filosofia?
— Não sei.
— Acha que populares não gostam de estudar?
— A maioria não.
— É por isso que sou a realeza. — ele piscou de leve — O melhor aluno, melhor jogador, presidente do grêmio estudantil.
— Nossa, você realmente existe? — perguntei com um tom de ironia.
— Bem, isso que acontece quando se é filho de um militar e uma professora de universidade. — ele sorriu de leve — Minha mãe dá aulas de Políticas públicas em Harvard.
— Hum, agora está explicado.

Por essa eu não esperava. Ficamos mais alguns minutos conversando sobre assuntos aleatórios que eu não imaginaria que pudesse conversar com alguém como ele. Talvez eu fosse um pouco preconceituosa com os populares da escola, mas estava começando a achar que meus pensamentos no início dessa festa estavam mudando.

— Tem algo estranho. — disse ele.
— O que foi?! — perguntei.
— A música…

Logo ouvimos alguns gritos e muita correria, alguém havia denunciado a festa dos veteranos. Eu comecei a procurar por Jenie, ela não podia se meter em nenhuma encrenca por minha causa, porém pegou em minha mão e me puxou para o corredor onde estávamos. Chegando no escritório do treinador, ele abriu a janela.

— Vamos. — disse ele apontando para que eu pulasse.
— Mas e minha amigas? — questionei — Não posso deixar a Jenie aqui.
— Não se preocupe, elas vão ficar bem. — insistiu ele — Vamos logo.

Algumas vozes foram surgindo do corredor.

— Vem?! — ele estendeu a mão.

Senti meu coração acelerar no mesmo instante que segurei em sua mão. Pulamos a janela com algumas dificuldades minhas, então segurando em sua mão, saímos correndo pelo gramado lateral, seguindo para os fundos da escola. me ajudou a pular o muro, e quando achamos que estava tudo bem, uma viatura policial nos parou.

Meu corpo gelou, e em minha mente só conseguia imaginar que meus pais me matariam mesmo. Adeus Princeton.

… O que você fez desta vez?! — perguntou um policial saindo do carro.
— Não foi nada Joshua. — respondeu ele tranquilamente, se mantendo segurando em minha mão — Pode nos dar uma carona? Preciso levar essa donzela em casa.
— Donzela? — sussurrei segurando o riso.
— É sua namorada?!
— Não. Sim. — dissemos nós dois juntos.
— Não somos namorados. — continuei.
— Ainda não. — retrucou , com um sorriso de canto.
— Entrem e eu levo vocês. — o tal Joshua balançou a cabeça negativamente.

Nós entramos dentro da viatura e eu dei o endereço da cada de Mary. Ao longo do caminho, me disse que aquele policial era seu irmão mais velho e que estava tudo bem. Não conseguia acreditar muito nisso.

— Então está entregue. — disse ele assim que me acompanhou até a porta.
— Tem certeza que vai ficar tudo bem? Seu irmão não parece muito contente. — perguntei.
— Não se preocupe, vou sobreviver. — ele sorriu.

Seu sorriso era bonito e cativante.

— Então, volto para Harvard amanhã. — disse ele — Quando vou poder te ver de novo?

Eu retirei meu celular do bolso, e dei a ele para que digitasse seu telefone, então salvei na lista.

— Pronto.
— Não me convenceu, o que me garante que vai me ligar amanhã de manhã.
— Sabia que já passou da meia noite? Já estamos no amanhã.
— Só será amanhã depois que eu acordar. — retrucou ele brincando — Então?
— Não se preocupe, você ainda precisa me mostrar que jogadores do time da escola não são bobos.

Sorri de leve para ele e com a chave reserva que Mary havia me dado, entrei e fechei a porta. Logo senti uma enorme vontade de abrir a porta, e foi o que fiz, e lá estava ele parado no mesmo lugar me olhando com serenidade. Talvez eu estivesse pegando a loucura de Mary, mas antes que eu pudesse fechar a porta ou ter algum outra ação do tipo, ele se aproximou de mim e me deu um delicado e singelo beijo.

Mais uma vez meu coração acelerou.

— Bom dia. — sussurrei após o beijo.
— Boa noite. — sussurrou ele de volta.

Então eu o empurrei novamente e fechei a porta de novo. Percebi um largo sorriso em minha face e quando virei, minhas amigas estavam me olhando misteriosamente paradas no meio da sala. Ambas boquiaberta com o que viram.

Eu não imaginava que esta noite fosse terminar assim, mas já estava ansiosa pela próxima festa dos veteranos.

Essa é minha, minha festa
Tudo bem
É apenas eu
E você
- Party / GOT7

 

Clichê: Mesmo na vida real, chega um dia que nos deparamos com um momento clichê, e nosso coração irá acelerar.” - by: Pâms



The End.



Nota da autora:
Bom dia! Espero que tenham gostado, achei fofa essa história e sim, eu baseei naquele clipe do Chris Marrom, o primeiro dele, naquela festa na quadra e também em um episódio de gossip girl que eles fazem festa no ginásio da piscina. Desculpem a gente pelos erros de betagem e digitação, desiste de mim não. Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!




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