Fanfic Finalizada

Capítulo Único

Can you imagine what would happen if we could have any dream?


Music Camp, Day One.
"Finalmente", era só isso que eu conseguia pensar. Eu esperava ansiosamente pelo Verão, para que eu pudesse fugir daquela rotina chata e pudesse fazer o que eu realmente gostava por dois meses. Dois meses. Parece pouco, mas, para mim, era simplesmente maravilhoso. O 'Music Camp' era o acampamento de talentos mais disputado do mundo, e eu me senti extremamente orgulhosa por já poder fazer parte há dois maravilhosos anos. Foi muito complicado entrar, eu lembro sobre todos os vídeos enviados e toda a insegurança e, principalmente, lembro-me da carta solicitando minha presença pra fazer uma audição. Eu estava super nervosa, minhas mãos estavam úmidas de suor e minhas pernas tremiam involuntariamente. Meu pai, que sempre foi quem me apoiou e incentivou a seguir a carreira de cantora, sempre me dando muita força, foi quem me levou pra Califórnia para que eu fizesse a audição. Eu, uma garota do interior, estava sendo chamada para um dos melhores acampamentos de música do mundo. Eu simplesmente não conseguia acreditar.
- Fica tranquila, filha, tudo vai dar certo e você vai arrasar. – meu pai havia me dito, com uma expressão de puro orgulho.
- Obrigada, pai. – respondi, com os olhos marejados.
A audição havia sido tensa, eu tinha travado no começo e pensei "fodeu", mas os profissionais responsáveis pela audição pareceram super calmos e acostumados com a minha reação e me tranquilizaram, dizendo que eu podia começar assim que estivesse confortável.
- É normal, querida! Fica tranquila, leve o seu tempo. – uma mulher ruiva havia me dito.
Então parecia que eu tinha levado uma injeção de autoestima e soltei o gogó, literalmente. Cantei uma versão acústica de "Give Me Love", do Ed Sheeran, e me senti como se estivesse cantando de baixo do chuveiro, como se os professores que me olhavam fossem o Sr. Shampoo acompanhado da esposa Condicionador e o filho Sabonete.
Cantei como nunca antes.
- Uau. – foi tudo o que eles disseram, então me dispensaram e falaram que iriam entrar em contato.
Eu fui embora satisfeita com a minha performance, mas assim que a primavera foi ficando cada vez mais próxima, eu fui ficando tensa e desacreditada. Então, duas semanas antes do início do acampamento, recebi uma ligação.
- Parabéns, ! Você foi aceita no Music Camp! Arrume suas malas e seja bem-vinda. – a voz alegre de um senhor me falou, do outro lado da linha, e eu saí saltitante pela casa, gritando para quem quisesse ouvir que eu havia conseguido.
Isso fazia dois anos. Na época eu tinha 14 anos e hoje, com 16 anos, eu sou muito feliz em ainda fazer parte dessa equipe maravilhosa que é o Music Camp e, se depender de mim, não saio daqui nunca mais. Infelizmente, ainda não tive a oportunidade de ser chamada por nenhuma gravadora, mas ainda tinha esperança e sei que conseguiria. Na verdade, esse acampamento era uma preparação para que eu conseguisse uma bolsa na Juilliard, ano que vem.
Entrei no quarto que sempre dividi com a e a durante esses dois anos. Eu as conheci no acampamento e, desde então, somos amigas, com a desvantagem de que devido à distância, só nos vemos no acampamento. Eu estava morrendo de saudades delas. Coloquei minhas malas no chão e me joguei na cama.
- Lar doce lar. – suspirei, cheirando o travesseiro, e consequentemente tendo uma crise horrível de tosse.
- Você ainda não aprendeu, dona ? – falou, gargalhando e lutando com a mala, que parecia está extremamente pesada.
- Não acredito que ela continua cheirando o travesseiro mofado! – falou, entrando no quarto, enquanto , seu namorado, vinha atrás, carregando suas malas.
- Ei, eu estou ouvindo vocês. – resmunguei, recuperando o que restava da minha dignidade.
- Você nunca muda, não é? – falou, sorrindo e se jogando em cima de mim. – Por isso que eu te amo.
- Montinho! – gritou e se jogou por cima de nós duas. – Que saudades de vocês!
- Aqui vou eu! – falou, correndo e se jogando.
- NÃO! – Gritamos, as três, em uníssono.
- Nossa, meninas, pra quê tanto rancor no coração? – resmungou, ficando em pé.
- Não fica assim, minha bolotinha. – falou com uma voz afetada.
- Já falei pra você não falar assim comigo na frente das pessoas. – respondeu baixinho.
- E desde quando eu sigo as suas ordens? – deu um tapinha no rosto dele e piscou o olho pra nós duas, que soltamos uma gargalhada ao ver a cara de indignado do namorado da minha amiga.
Que saudades que eu estava desse lugar.

Estávamos todos no pátio, contando as novidades e matando a saudade, quando eu avistei vindo em nossa direção.
- Olha só quem está na área, . – comentou, rindo. Ele adorava zoar com o fato de nunca sair do meu pé, tudo porque eu não queria ficar com ele. Acho que ele achou que eu era um desafio ou algo do tipo, mas a verdade é que ele era uma completo babaca que não merecia o meu tempo.
- Vocês ouviram a novidade? – chegou, segurando minha cintura e plantando um beijo no meu pescoço.
- Não, nós não ouvimos! – respondi, o censurando com o olhar e saindo do seu aperto. Então olhei de cara feia pra , que abafava uma gargalhada, e uma olhando apaixonada para ; ela sempre gostou dele. Eu nunca entendi o motivo.
- Novidade? Qual? – perguntou, com os olhos brilhando de curiosidade.
- Um aluno da Julliard decidiu vir passar as "férias" aqui. – respondeu, desinteressado.
- Julliard? – perguntei, com os olhos arregalados. Todos nós sonhávamos com a Julliard, mas, muitos não tinham condições ou não conseguiam bolsa pelo fato de ser tudo muito mais rígido.
O fato era que o Music Camp era muito famoso em questões de novos talentos, mas ele só tinha duração de dois meses a cada ano, então as oportunidades eram limitadas. Ao contrario da Julliard. O estranho era que alunos da Julliard passavam as férias em casa porque já tinham o futuro praticamente garantido. Eu me pergunto quem seria esse cara novo? E o que ele estaria fazendo aqui...

I'm looking at you and my heart loves the view


Music Camp, Day Two.
O primeiro dia havia sido apenas para rever os amigos e jogar conversa fora, esse dia era sempre reservado para que nós pudéssemos arrumar nossas roupas e coisas do tipo. Como estávamos super cansadas, acabamos por dormir antes do horário da janta, então não chegamos a ver todo o pessoal, e agora com o dia amanhecendo, eu e todo o acampamento só conseguíamos pensar "quem seria o cara novo?". E foi com esse pensamento que eu e minhas amigas nos dirigimos ao refeitório.
- Oi, Sharley, tudo bem? – perguntou, sentando ao seu lado na mesa, sendo acompanhada por nós.
- E aí, meninas, quanto tempo! Tudo perfeitamente bem! E com vocês? – respondeu, com os olhos correndo pelo refeitório, onde ocorria as refeições.
- Estamos bem! Quem você tanto procura? – , como sempre curiosa, não deixava escapar nenhum detalhe e às vezes nos metia em muitas situações constrangedoras, mas eu não podia negar que também estava super curiosa pra saber sua resposta.
- Vocês acreditam que ninguém viu o garoto da Julliard ainda? – comentou, esticando o pescoço, tentando ter uma visão melhor. – Tô começando a achar que esse boato é mentira.
- O que é mentira? – perguntou, sentando à mesa, dando um pequeno aceno para nós e depositando um selinho em .
- Sharley disse que ninguém viu o garoto novo ainda e agora está duvidando dos boatos. – respondi, enfiando uma enorme colher com salada de frutas na minha boca, tentando fingir desinteresse.
- Ahhh, sim! Bom, mas é verdade... Cruzei com ele no corredor dos meninos. – falou, voltando a beijar e sem dar mais nenhum detalhe.
Fiquei frustrada, confesso.
- Mas, e aí, como ele é? – perguntou, animada.
- Ué, não deu pra saber, mas parece ser um cara bacana. – respondeu, comendo uma enorme fatia de bolo de chocolate e, quando percebeu o silêncio, franziu as sobrancelhas, levantou a cabeça e fez uma cara assustada, se dando conta de que quatro pares de olhos o fuzilavam. – O que eu fiz?
- Como assim? – Sharley bufou, frustrada. – Nós queremos saber como ele é! Ele é gato?
- Como que eu vou saber? Eu não gosto de homem.
- Ainda bem! – falou, sorrindo maliciosa, e eu, instantaneamente, senti minhas bochechas corarem com o intenso olhar que meus amigos trocaram.
- Bom dia, meus anjos talentosos! – Diretora Montez falou, subindo em uma cadeira, chamando a atenção de todos para ela. Diretora Montez era uma mulher gordinha, que usava sempre roupas floridas e um coque na cabeça, tudo acompanhado de seus óculos de gatinho. Ela era hilária. – Sejam todos bem-vindos ao Music Camp deste ano! Espero que tenham se divertido no ano passado, porque este ano está ainda melhor! Teremos uma surpresa especial, porém, super secreta, que não será revelada para vocês, mas tudo depende da dedicação de cada um... Agora eu quero que vocês conheçam um aluno da Julliard, que veio passar as férias aqui conosco! – o refeitório ficou todo calado, os burburinhos que haviam começado depois que a Diretora Montez falou da surpresa, pararam, e agora todos a encaravam, esperando o anúncio. Inclusive eu. – Esse aqui é o !
As portas do refeitório se abriram e, como se fosse a abertura de um show, ele entrou. Todas as meninas prenderam a respiração, e os caras reviraram os olhos. Eu me senti em um daqueles filmes colegiais e tive que dar uma risadinha com esse pensamento. E foi exatamente nessa hora que aqueles olhos me fitaram; ele me olhou intensamente, e eu soltei um suspiro. Eu não podia negar que ele era o cara mais gato que eu já tinha visto na vida. Bom, ele podia não ser o mais bonito do mundo, mas pra mim, ele era perfeito. O cabelo, um pouco comprido, caía nos seus olhos, e ele passou a mão, afastando os fios, nunca tirando os olhos de mim. E foi neste momento que ele tropeçou e caiu de bunda... Na frente de todo mundo.
- Nossa! Você realmente sabe como deixar um cara de joelhos por você! – comentou ao pé do meu ouvido, e eu não pude deixar de rir, na verdade, eu gargalhei.
- Oh meu Deus, me desculpa! – falei entre risos, correndo para ajudá-lo a ficar em pé. Ninguém soube como reagir, e acho que ficaram tão assustados que nem rir eles riram. Apenas eu, a idiota. Ele que cai e eu que pago o mico, típico de .
- Tá tudo bem! – ele falou, ficando em pé e me olhando intensamente. – . - estendeu a mão, e eu a apertei.
- , mas todo mundo me chama de . – falei, ficando séria.
- Foi um prazer! – sorriu com uma fileira de dentes brancos e subiu em uma cadeira. – Desculpem pela minha entrada triunfal. – disse, divertido, e todos riram. – Mas eu não sei agir sem ser desajeitado quando vejo uma mulher bonita... Vocês me entendem. – todos gargalharam, e eu senti minhas bochechas ficando completamente vermelhas. Talvez até um pouco roxas.
- Ih, , acho que você perdeu a gata! – alguém gritou ao fundo e, então, uma mão me arrastou para fora do refeitório.
- O que você pensa que está fazendo? – perguntei, rangendo os dentes.
- Tirando você de perto da concorrência.
- Não há concorrência, . EU. NÃO. QUERO. VOCÊ. – falei pausadamente, e ele me olhou, frustrado.
- Por enquanto... – e, então, ele me beijou. Simplesmente me beijou. Qual era o problema dele? Comecei a bater em seus braços, tentando me soltar, mas ele continuava forçando sua boca contra a minha.
- Ei, eu acho que ela falou não! - "Time perfeito, ” pensei, envergonhada. Agora ele deve achar que eu sou uma oferecida.
- E quem você pensa que é? – perguntou, me soltando e o fitando com olhos raivosos.
- A concorrência. – respondeu, descontraído, e eu arregalei os olhos.
- Eu sou o que? Um prêmio? – gritei, frustrada, mas eles simplesmente fingiram que eu não existia.
- Ok, rapazes. Chega por hoje! – falou, separando os dois e levando para longe.
olhou pra mim, piscou o olho e foi embora. O desgraçado simplesmente virou as costas e foi embora.

And you know that where we are, will never be the same


Music Camp, Day Five.
Estávamos todos reunidos em vários grupos, e cada grupo teria que inventar uma coreografia e dançar. As duas melhores coreografias iriam disputar entre si, e isso ia acumulando ponto ao longo do acampamento. Eu dei a sorte, ou azar, de ficar no mesmo grupo que o , e as meninas ficaram em grupos separados. Eu estava preocupada com a , que tinha ficado no mesmo grupo que o , mas ela parecia radiante e não tirava o olho daquele babaca, que me olhava com um sorriso malicioso. Eu fiz uma careta e desvie o olhar, mas, então, reparei em um par de olhos que me fitavam. Ele deu um sorrisinho e tirou os cabelos dos olhos; eu já tinha reparado que aquilo devia ser uma mania dele. Não pude deixar de sorrir, envergonhada, mas depois fiquei séria, me punindo internamente.
- Vamos ganhar essa porra! – falou com o seu modo competidor ativado. Isso era um ponto positivo de ter ficado no mesmo grupo que ele. Todos no Music Camp sabiam que nós éramos e ainda somos os mais competidores que existiam e, com certeza, estavam muito assustados por estarmos no mesmo grupo.
- Vamos arrasar! – completei, batendo palmas e jogando o cabelo.
Eu era completamente viciada em aprender as danças de todos os clipes possíveis. Eu costumava entrar em vídeo aulas no YouTube e tentava imitar que nem uma idiota, mas foi assim que eu aprendi todas as danças do Michael Jackson e da Beyonce, então eu sempre ficava encarregada de criar as coreografias. As meninas me ajudavam, mas eu que fazia a parte mais difícil, assim como , que ficou com os rapazes. Depois juntamos nossos passos, e eu tinha que admitir que, modesta parte, somos fodas.
- Vamos lá, crianças! – Escutei a voz do professor Riley, nosso coreógrafo, nos chamando. – Hora do show! – completou, sorrindo.
Todos os grupos foram muito bons, afinal, aquele era um acampamento de talentos e nem todos tinham o canto como foco principal. O fato foi que os dois grupos escolhidos por Riley para a final foi o meu e... Do .
- VAMOS LÁ, GALERA! – gritou , pulando entusiasmado, pra próxima fase. – Ainda bem que nós ficamos no mesmo grupo, senão, eu ficaria na dúvida sobre quem iria ganhar. – comentou baixinho comigo, e eu sorri, divertida.
- Realmente, ! Nossa modéstia me deixa orgulhosa. – falei, fazendo um high-five com o namorado da minha amiga.
O grupo de foi o primeiro a se apresentar; pro tempo curto que nós tivemos para fazer a segunda coreografia, eles dançaram super bem. Se eu não confiasse tanto no meu taco, teria me sentido ameaçada, mas nossa coreografia estava muito boa, e eu super confiava nela. Concentrei-me em , que dançava completamente entregue; ele era, de longe, o melhor dançarino ali. Seus passos eram naturais e descontraídos, e sempre tinha um sorriso zombeteiro no rosto, como se falasse "Eu sou bom e sei disso" e ele não fazia esforço nenhum, ao contrário dos meus colegas.
- Muito bem, crianças! – professor Riley bateu palmas e apontou para nosso grupo, fazendo um gesto, indicando que era a nossa vez. – Vamos lá!
Quando eu estava no palco, seja cantando ou dançando, eu virava uma pessoa completamente diferente, e acho que era isso que impressionava. Eu costumava ser uma pessoa calma e envergonhada, mas quando eu estava ali, sendo um dos focos principais, era como se uma pessoa completamente diferente se apoderasse do meu corpo. Meus quadris mexiam ao som da música e eu fechei meus olhos, concentrada na melodia. Assim que os abri, eu o vi me encarando. Seu olhar era concentrado e ele mantinha um sorriso doce no rosto, como se aprovasse o que eu estava fazendo. Assim que a música acabou, eu estava ofegante e meus colegas também. Sentamos todos no chão, recuperando o folego e bebendo uma garrafa com água, enquanto Riley disse que já voltaria com o resultado.
- Se eu não tivesse visto com os meus próprios olhos, eu não sei se acreditaria que você fosse daquele jeito no palco. – Ele sussurrou no meu ouvido, causando arrepios pelo meu corpo.
Engoli em seco e o olhei.
- Por quê? Eu, por acaso, pareço ser uma inútil? – perguntei, arisca, porque era a única maneira que eu sabia agir quando ficava encabulada.
- Não, muito pelo contrário! Você é tímida e cora com muita facilidade... – falou, soltando uma risada pelo nariz, quando notou que minhas bochechas haviam corado com as suas palavras. - Então eu quase não acreditei quando vi aquela mulher super sexy sendo sensual dançando... Eu não tenho como competir com isso.
- Isso? – tirei o cabelo do rosto e bebi mais um pouco de água. Quanto menos eu olhasse em seus olhos , melhor seria pra minha sanidade.
- Eu quis dizer... Como um homem pode competir com a sua beleza e toda sua desenvoltura dançando e ensaiando todo aquele povo? – Ele falou, passando a mão no cabelo e sorrindo pra si mesmo.
- Bem... Obrigada, eu acho. – disse, encarando-o, e ele soltou uma gargalhada divertida. Então ele olhou nos meus olhos e ficou sério, e eu não sei como aquilo teria terminado se Riley não tivesse entrado na sala naquele momento.
- Já estou com os resultados! – falou, tirando minha atenção dos olhos verdes e me fazendo fita-lo. – O grupo da ganhou!
- ISSO AI, BABY! – jogou o braço pro ar e agarrou a na frente de todo mundo, arrancando gargalhadas de todos presentes na sala.
- Eu falei que não teria chances contra você. – falou, sorrindo e me dando um beijo na bochecha.
- Vamos, ! – me chamou e eu corri atrás dos meus amigos, lutando pra não tocar minha face, que queimava depois do beijo que havia depositado, mas eu não pude deixar de olhar pra trás e vê-lo me olhando.

But right now there's you and me


Music Camp, Day Seven.
Quando eu tinha 9 anos, assisti à um filme em que o sonho da principal era ser cantora. Ela lutou o filme inteiro por aquilo e o filme acabou com ela cantando em um palco e sendo aplaudida. Naquela época, eu sorri e fiquei super feliz pela personagem, mas, hoje em dia, eu me pergunto "O que será que aconteceu quando as cortinas fecharam? O que será que acontece depois?". Eu sei que é errado viver pensando no "será" e até mesmo no "depois". O problema é que, quando se trata de sonhos, tudo é tão relativo. Você sonha, você quer realizar. O problema é que você nunca sabe se vai realizar. Eu sempre tentei ser positiva e pensar positivo. Poxa, estou no ensino médio, me dedicando profundamente para que eu consiga uma bolsa na Juilliard, e eu sinto muito orgulho de mim mesma por estar neste acampamento, aperfeiçoando meus dons e tendo uma possível maior chance para ingressar na faculdade. O que eu sinto, na verdade, é medo. Medo de meus sonhos não se realizarem. Medo e ser tudo fachada essa coisa de ser cantora. Tem gente que estuda para ser arquiteto e não consegue exercer a profissão, agora imagina eu. Ser cantor é uma profissão muito mais difícil de conseguir sucesso. Tem tanta gente boa pelo mundo, que eu sinto medo. E aqui estou, me enchendo de pensamentos negativos, enquanto a professora Cindy pede para que nós façamos os exércitos vocais antes de cantarmos. Professora Cindy poderia se passar facilmente por uma adolescente como nos, ela é baixinha, magra e está sempre com um sorriso no tosto, acompanhada da sua boina creme.
- Agora cada aluno vai cantar uma parte de "Everything" da banda Lifehouse. – Cindy falava, animada.
- Licença, professora Cindy! Posso participar da aula? - perguntou, com apenas a cabeça aparecendo no vão da porta.
- Claro, menino de Juilliard, será um prazer. - Professora Cindy falou, dando uma piscadela cumplice, como se eles tivessem um segredo.
entrou na sala, sorrindo e, então, se sentou em minha frente. Ele ainda não tinha notado a minha presença, pelo menos foi o que eu pensei. Mas, então, ele me olhou como se soubesse exatamente onde eu estava, e eu senti todos os meus pelos se arrepiarem.
- Cause you're all that i need, you're everything... Everything. - finalizei a música e pude escutar os aplausos dos meus colegas e um barulho alto de várias canetas caindo no chão. Quando olhei pra frente, encarava o pote de canetas da professora Cindy no chão.
- Eu sou muito desastrado mesmo! - ele falou, envergonhado. - Me desconcentrei com a cantando, confesso. - falou, me encarando e tirando o cabelo da testa. Ele se abaixou e começou a guardar as canetas no pote.
- Oh... Eu entendo perfeitamente. - Professora Cindy falou com uma risadinha. - tem um talento e tanto.
- Mas não é pro bico dele! - falou, emburrado.
- Cala a boca! - resmunguei com e ouvi meus amigos rindo.
Todos já haviam saído da aula de canto, e eu andava apressada em direção ao lago. Assim que cheguei, sentei em uma pedra e respirei fundo aquele ar fresco.
- Você canta tão bem! Não sei porque mantem esse olhar em seu rosto quando termina de cantar.
Ouvi a voz do menino de olhos verdes, que não saia da minha cabeça. Ele estava próximo à mim.
- Que olhar? - perguntei, ainda sem encara-lo.
- Como se estivesse com medo! Medo de levantar da cadeira e se entregar totalmente. Você se entrega. - ele tratou de consertar o que disse quando viu a careta que eu fiz. - Eu quis dizer, você se entrega quando canta, mas antes e depois disso você não é... Você.
- Talvez eu tenha medo dessa coisa de ser cantora... Talvez eu tenha medo que não dê certo. - confessei aquilo pela primeira vez pra alguém.
- Uma vez, eu escutei uma frase que nunca saiu da minha cabeça e que sempre me ajuda quando eu tenho esses surtos. - falou, sorrindo, pra mim.
- Que frase? - perguntei, encarando-o, curiosa.
- "E se der medo. Vai com medo mesmo." - ele disse, sorrindo pra mim, e eu sorri pra ele. - Deus, queria muito te beijar agora.
- O q-que? - perguntei, sentindo minhas bochechas ficando vermelhas.
- Olha só quem está vindo! - falou. Ele depositou um beijo no meu rosto e saiu andando em direção às cabanas.
Olhei na direção que ele havia falado e vi meus amigos vindo e amaldiçoei baixinho todos eles.
- , você é uma gata! - falava, galanteador, enquanto minha amiga sorria tímida. - E aí, gata! - ele falou, sentando ao meu lado, e eu vi o rosto da minha amiga se contorcer em desgosto.
- Você canta minha amiga e depois vem encher o saco? - perguntei, irritada.
- Não precisa ficar com ciúmes. O que aconteceu foi que a estava falando que era feia, e eu só falei a verdade. - continuou falando no meu ouvido, mas eu só conseguia me concentrar em um par de olhos verdes que haviam estado me encarando antes de eles aparecerem.

I'd wish this moment was ours to own it and that it would never leave


Music Camp, Day Ten.
O pessoal decidiu reunir a galera e fazer um lual, para descontrair. Todos iriamos nos reunir perto do rio e fazer uma fogueira. Tinha música acústica, marshmallow, jogos e muita pegação, como toda festa adolescente. estava animada com essa noite, em especial, porque segundo ela, aproveitaria enquanto todos bebiam e cantavam para leva-la para o quarto, para eles...
- Sexo! Hoje eu vou fazer sexo! - falava, animada. - Ai!
- Você mereceu! - falou, rindo da cara de indignada que a minha amiga fez, depois de eu ter jogado o travesseiro na cara dela.
- Todas já sabemos que você vai fazer sexo hoje! Até a diretora Montez deve saber. - falei, revirando os olhos.
- Isso é inveja! - falou, com os braços cruzados, fazendo uma cara emburrada.
- Cheguei, meninas! - falou, entrando no nosso quarto, sem bater na porta.
- Você tem que parar de entrar desse jeito no nosso quarto, imagina se alguma de nós estivesse pelada? - falou, bufando.
- Hoje eu não vou me estressar com vocês... Sabe por quê? - falou, sorrindo.
- Por quê? - Eu e n perguntamos, inocentemente.
- Porque hoje eu vou fazer sexo! - falou, animado, e começou a pular pelo quarto, junto com a .
- E lá vamos nós de novo. - falei, revirando os olhos.
Depois que e sossegaram um pouco, nós finalmente nos dirigimos para o lago, onde os meninos terminavam de acender a lareira. Assim que eles terminaram, nós nos sentamos e começamos a conversar enquanto esperávamos todo mundo chegar.
Estávamos todos reunidos em volta da fogueira, que iluminava tudo ao redor, enquanto a lua estava refletida sob o rio. Os meninos haviam levado os violões e bebidas, e tínhamos dito que iriamos cantar.
- Eu acho que o garoto da Juilliard que deveria cantar pra nós. - Sharley comentou, sorrindo sugestivamente, e eu fiz uma careta sem perceber.
- Eu concordo! - falou, animada, batendo palminhas, e eu a fuzilei com os olhos. Ela era a pessoa mais desligada da face da Terra.
- Por mim, tudo bem, mas só se a cantar comigo! - falou, sorrindo e piscando o olho pra mim, que o olhava com os olhos arregalados. Quem ele pensava que era?
- Eu... O quê? - perguntei, ainda tentando entender aquela proposta.
- Está com medo? - ele perguntou, com a sobrancelha arqueada, me desafiando.
- Medo? - bufei. - Pode mandar!
começou a dedilhar uma melodia calma no violão e, então, começou a cantar "Iris", do Goo Goo Dolls. Aquilo era covardia. Como que ele se atrevia a cantar a minha música preferida de todos os tempos? Eu amava aquela música! Sua voz grave, mas ao mesmo tempo suave, preencheu a noite, e todos o olhavam atentos e admirados. Eu entendia o porquê que ele tinha conseguido entrar pra Juilliard: ele cantava super bem e se entregava completamente. Seus olhos estavam fortemente fechados e, então, ele os abriu e me encarou, como se incentivasse a cantar aquela parte. Eu fiquei um pouco envergonhada no começo e me senti uma estupida por isso, porque quando se tratava de música, eu sempre me dedicava ao máximo, não importava a situação. Mas aquele cara de olhos verdes tirava toda a minha concentração. Como ele estava sentado na minha frente, era impossível desviar o olhar do dele enquanto eu cantava, e ele mantinha um sorriso no rosto, como se ele realmente gostasse do que estava ouvindo. Nos dois cantávamos o refrão juntos e intercalávamos entre um e o outro quem cantava cada parte. Assim que terminamos, todos bateram palmas, e eu fiquei super encabulada.
- Nossa! Isso foi UAU... Não tenho nem palavras! - Sharley falou, com os olhos brilhando. - Vocês têm tanta química, que parece que a qualquer momento vão se comer aqui na frente!
- SHARLEY! - gritei, indignada, arrancado risos de todo o pessoal.
Depois de cantar várias outras músicas, teve a brilhante ideia de jogarmos verdade ou consequência. Eu já nem me surpreendia com aquele garoto.
- Nos não temos mais idade para isso! - falei, olhando-o de cara feia.
- Vamos logo com isso! - falei, bufando, quando percebi que era a única do grupo que não queria fazer aquela brincadeira.
pegou uma garrafa vazia de cerveja e depositou no centro da rodinha, que nós havíamos feito um pouco afastados da fogueira devido ao calor. Após revermos todas as regras, ele rodou a garrafa, e ela parou apontada para mim e para . Soltei um suspiro, aliviada, quando percebi que quem faria a pergunta era eu.
- Verdade ou desafio? - perguntei, sorrindo.
- Desafio, gata! - respondeu, me olhando, com um sorriso de lado.
- Eu desafio você a beijar a ! - falei, mordendo a língua, com os olhos arregalados, mas esperançosos da minha amiga.
- O q-q-quê? - gaguejou, surpreso. - Mas ela é sua amiga! - respondeu como se eu fosse uma namorada ciumenta.
- E daí? - desafiei-o.
- Tudo bem... - ele falou, meio contrariado.
chegou perto da minha amiga e segurou sua bochecha, delicadamente, e só então plantou seus lábios nos dela; acho que ele pretendia ir devagar com ela, mas minha amiga logo se animou e o puxou mais apertado contra ela e, então, os dois começaram um amasso intenso bem na frente de todo mundo. Eu dei uma risadinha feliz e olhei pra , que estava com os dois polegares no ar, como se aprovasse o que eu tinha feito. Depois disso tudo, começaram a vaiar os dois, que nos olharam com os olhos arregalados, mas logo depois voltaram a se beijar loucamente. Todo mundo acabou desistindo de continuar o jogo e voltaram a cantar e a beber.
- Estou vendo o quanto ele está apaixonado por você. - falou, sentando ao meu lado e apontando com um aceno de cabeça para e , que se agarravam intensamente no chão.
- Pois é! O sentimento dele é realmente verdadeiro. - comentei séria, mas assim que olhei para ele, nos dois começamos a rir sem parar.
- Acho que agora o caminho esta livre, não? - falou quando recuperamos o fôlego. - Que caminho? - o olhei confusa, bebendo um gole da vodca com energético.
- Para o seu coração. - ele respondeu, sorrindo. E, então, eu me engasguei e comecei a tossir sem parar. Meu peito já doía de tossir e rir ao mesmo tempo, enquanto o meu nariz ardia da vodca que tinha soltado por ele.
- Essa foi a pior cantada que já me fizeram. - falei, gargalhando, mas assim que olhei para um encharcado de vodca, fiquei seria e morrendo de vergonha. - Jesus, Maria e José... Desculpa. - falei, tentando limpar a vodca do rosto dele, mas como nós estávamos sentados em uma pedra perto do rio, eu acabei o empurrando, e ele sem saber o que fazer, acabou por se segurar em mim, então... Ploft.
- Agora você não precisa limpar mais! - falou, gargalhando, enquanto me olhava. - Acho que nos dois precisamos de roupas limpas...
- E secas! - completei, rindo junto com ele. Ou eu era a pessoa mais azarada do mundo por ter feito ele cair de novo, ou a mais sortuda. Eu não sabia dizer.
- Você é linda, sabia? - ele falou, abruptamente, enquanto chegava perto de mim.
- Eu sou? - falei num fio de voz. "Eu sou?" nossa, , parabéns. - Quer dizer... Bem, eu não sou, não! Você está apenas sendo simpático. - falei, tentando olhar pra qualquer lugar que não fosse ele.
- Você é linda! - repetiu enquanto acariciava minha bochecha com o polegar. Minhas roupas estavam grudadas no meu corpo, a camiseta branca que eu estava usando acabou por ficar transparente e meu sutiã rendado já dava pra ser notado. olhou para esse pequeno detalhe e grunhiu, torturado, como se aquilo tivesse sido a gota d'água.
- O que você está fazendo comigo? - ele perguntou, olhando nos meus olhos, e eu não soube o que responder. - Eu te conheço há tão pouco tempo e você simplesmente entrou na minha cabeça e não quer sair.
- Bom... É... Me... Desculpa? - gaguejei. Eu era uma idiota. O que havia de errado comigo?
Ele sorriu, divertido com a minha resposta e, então, grudou os seus lábios gentilmente nos meus; me deu um selinho demorado, e eu entreabri os meus lábios, pedindo por mais, ao que ele logo atendeu. enfiou sua língua quente na minha boca e me beijou delicadamente no início, mas então, eu entrelacei minhas pernas em sua cintura, ainda dentro da água, e nosso beijo molhado foi ficando cada vez mais intenso. tirou a camiseta que usava e foi tirando a minha. Estávamos os dois apenas de roupas íntimas, nos beijando e sentindo nossos corpos molhados cada vez mais próximos um do outro. Eu não sabia o que havia de errado comigo, mas está daquele jeito com aquele cara de olhos verdes, mesmo o conhecendo há tão pouco tempo, parecia... Eu não sei!
Parecia... Certo.
- ! Cadê você? - escutei uma voz me chamando ao fundo, mas tudo o que eu queria era que fosse apenas fruto da minha imaginação. - ... AI, MEU DEUS! Me desculpa, finge que eu não vi nada... Podem continuar!
- ! - gritei, envergonhada, me afastando de , que olhava de cara feia pra minha amiga. - Eu tenho que ir. - falei, procurando minha camiseta e shorts, que estavam perdidos na água.
- Tudo bem. - falou, sorrindo malicioso.
- Você não vai sair também? - perguntei, confusa, ao ver que ele não havia mexido um músculo sequer.
- Eu vou ter que esperar um pouco... Você sabe... Né. - e, então, ele apontou com a cabeça para sua outra cabeça. Meu Deus, que trocadilho horrível!
- Ah! Entendo... - falei, rindo e corando de vergonha.
- Eu te vejo amanhã, certo? - perguntou, esperançoso.
- Sim! - dei-lhe um selinho e saí da água, correndo atrás da empata-foda.

You and me

Music Camp, Day Eleven.
Eu estava muito irritada. Muito irritada mesmo com aquela boca grande, que não sabe ficar quieta.
- Eu não acredito! - repetia pela décima vez depois que minha amiga fofoqueira havia contado pra ela o que tinha visto. - Justo você que só transou com um cara em toda a sua vida... Estava se agarrando e quase transando com o ? - falou, saindo da sua cama e pulando na minha.
- Calem a boca! Vamos falar da sua noite... Como foi o sexo? - perguntei, tentando desviar o foco de mim. Fazia pouco tempo que nós tínhamos acordado, e a não esperou nem um minuto a mais para vomitar todas as informações para a .
- Foi perfeito! Eu tive dois orgasm... PERA AÍ! VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUILO DE NOVO! - apontou um dedo acusatório pra mim.
- Aquilo o quê? - perguntei, sorrindo, inocentemente.
- Desviando a minha atenção... Olha lá, ! - falou, pedindo apoio.
- Verdade, ! Você sempre faz isso quando quer desviar o foco de você. - concordou com ela. Parecia que elas tinham um complô contra mim.
- Claro que não... A propósito, , o que foi aquele amasso com o , hein? - falei, vendo os olhos da minha amiga brilharem.
- Nem me fale! Foi maravilhoso... Ele beija super bem e...
- ! Qual é o seu problema? - perguntou, indignada, calando minha amiga. - Ela conseguiu desviar o foco dela novamente!
- Bom dia, meninas! - entrou, sorridente, com dois caras logo atrás de si.
- Bom dia, amor! - falou, animada, pulando em seu namorado.
- ?
- ?
Eu e falamos ao mesmo tempo, desviando a atenção do casal para nós duas, que levantamos tropeçando e correndo porta à fora, em direção ao banheiro coletivo das meninas.

Assim que eu e escovamos os dentes e arrumamos o cabelo, voltamos para o quarto, tentando agir naturalmente.
- Bom dia, meninos! - falou, sentando ao lado de , que a encarava, admirado.
- Bom dia! - respondeu, me olhando.
- Bom dia! - falei, sorrindo, envergonhada.
- Então... O que vocês três então fazendo juntos? - falou , fazendo a pergunta do ano. Ela parecia super confortável de pijama e com os cabelos desgrenhados, não olhava pra qualquer outra coisa que não fosse a namorada. Pelo jeito, a noite foi boa mesmo.
- Eu e conversamos e nos entendemos. - respondeu, vindo até mim e me dando um selinho, me deixando completamente envergonhada e sem saber como agir.
- Que legal, cara! Agora somos um grupo de amigos com três casais que andam juntos. - comentou, rindo, e puxando pra si uma que o olhava com os olhos arregalados.
- Nós somos um casal? - ela perguntou sem reação.
- Como que você me pergunta isso depois daquele amasso todo de ontem? Claro que somos, gata! - falou, descontraído, e eu não pude deixar de gargalhar, assim como todos no quarto.
- Não precisa ficar com vergonha, amiga! - comentei, sorrindo, e recebendo um olhar duro em troca.
- Então... O que vamos fazer hoje? - perguntou enquanto penteava o cabelo. - Vamos jogar basquete! - falou, orgulhoso.
- O quê? - eu e as meninas falamos em uníssono.

- Eu sabia que isso seria uma má ideia! - murmurei pra mim mesma enquanto via uma muito irritada batendo no seu namorado depois que ele fez uma cesta.
- VOCÊ ESTÁ COMIGO OU CONTRA MIM? - ela gritava, nervosa, gesticulando com os braços.
- Mas, amor, eu sou do time adversário! - falou, calmo, tentando acalmar a fera.
- NAO INTERESSA! - gritou novamente, depois cruzou os braços e olhou com uma cara malvada para . - Vou. Fazer. Greve. De. Sexo!
- O QUÊ? - agora quem tinha se exaltado era . - VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO! - gritou novamente enquanto largava a bola no campo e corria atrás de uma que ia para o quarto, bufando e batendo os pés.
- Acho que perdemos um soldado! - comentou com .
- Mulheres, cara, mulheres! - respondeu, dando um tapinha nas costas de seu mais novo amigo e indo atrás de , que tentava acertar a bola na cesta, sem sucesso algum.
- Ei, eu ouvi isso! - falei, fingindo estar brava.
- Nem pense em ficar brava, mocinha. - falou, correndo atrás de mim.
- ! NEM PENSE EM FAZER O QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO EM FAZER! - gritei, correndo em direção ao rio; bem, essa era minha intensão até eu tropeçar em uma pedra e cair no chão, que nem um saco de batatas. bem que tentou frear, mas acabou pulando por cima de mim e levando um tombo ainda pior.
- Eu acho que nós somos as pessoas mais desastradas da face da Terra. - ele resmungou, sentando no chão e me olhando de cara feia quando viu que eu gargalhava, rolando no chão, literalmente. - Eu não aguento mais cair por culpa sua. - falou, fingindo estar bravo.
- Ah, tadinho... Deixa que eu cuido de você. - falei, me arrastando pra perto dele e depositando um selinho em sua boca. - Agora você tá melhor?
- Só um pouquinho, tá faltando uma coisa. - falou, fazendo um bico muito fofo, por sinal.
- O que? - perguntei, inocente.
- Língua! - falou, me puxando pra si e me lascando um beijaço.

Cause you mean everything


Music Camp, Day Sixteen.
Diretora Montez era formada em Teatro, então ela gostava de unir o útil ao agradável, e por isso gostava de juntar música com teatro e foi assim que nasceu os famosos Musicais do Music Camp. Hoje era o dia do primeiro ensaio para que depois, na despedida do acampamento, nós apresentássemos para nossos pais e vários outros convidados.
- Este ano, eu decidi fazer algo diferente! - Diretora Montez falava em cima do palco ao ar livre, enquanto todos estávamos sentados nas cadeiras em sua frente. - Ao invés vez das peças famosas como "Romeu e Julieta", " Across The Universe", "Mamamia", entre outras... - ela listava, com os dedos, cada peça, enquanto cheirava meu cangote, me fazendo rir. - Nós vamos fazer um musical de "Enrolados", o filme da Disney!
Fiquei tão surpresa com a noticia, que me ajeitei na cadeira, sentando ereta, e de olhos arregalados. , que estava estendido no meu pescoço, acabou por ser pego desprevenido e sua cabeça foi parar bem nos meus... Peitos.
- , se comporte! - Diretora Montez gritou do palco e, só então, eu me dei conta da posição desconfortável em que nos encontrávamos.
- É o amor! Deixa o amor! Viva o amor! - gritava, de sua cadeira, fazendo gargalhar alto.
- É um lugar bem bacana de se estar, cara! - falou, esperando um high-five de , que o encarava com medo, enquanto observava seu próximo passo.
- O que você disse, ? - perguntou com um sorriso no rosto, mas sua expressão demostrava ódio.
- Eu? Pff... Nada, gata! - falou, com os olhos transbordando medo, e eu comecei a rir.
- ! ! - gritei depois de chama-lo incontáveis vezes.
- Hmmm. - ele resmungou.
- Acho que você já pode tirar a cara dos meus peitos.
- Ah, mas tá tão bom aqui. - ele falou, sorrindo sacana.

havia pedido para ficar com o papel do Rei junto com a Júlia, que tinha ficado com o de Rainha, e ninguém protestou. Diretora Montez pediu para que ficasse sentado e prestasse atenção. Eu não entendi o porquê ele não iria participar da peça, mas não fiz perguntas.
Eu acabei por ficar com o papel principal junto com , que levava muito jeito para teatro. Ele com certeza seria um ótimo ator um dia. seria uma versão feminina de um dos personagens masculinos, enquanto Sharley seria a mãe Gothel. Os ensaios correram super bem até a diretora Montez soltar a bomba.
- Vamos à cena do beijo! e , mostrem faíscas! - ela falou, batendo palminhas.
- O que? - e perguntaram ao mesmo tempo.
- Eu não acho que seja necessário. - falou, com os olhos arregalados de medo, enquanto olhava para , que o fuzilava.
- Eu concordo! - falou com uma careta.
- , seja profissional, não foi para isso que você veio! - Diretora Montez falou, e fez uma carranca pra ela, mas acabou por bufar frustrada e sentar novamente. - Muito bem... Vamos lá!
Seria muito estranho beijar o suposto namorado da minha amiga, por mais que fosse em cena, mas não acho que teríamos um problema muito grande até porque parecia realmente culpado por ter de fazer isso. Quem diria que seria laçado? Se eu não visse todos os dias com os meus próprios olhos, eu não sei se acreditaria. Após a cena do beijo, que de faíscas não teve nada, o que acabou deixando a Diretora Montez frustrada, porém, satisfeita, todos começaram a cantar. Foi um pouco estranho, me senti em um filme musical, mas foi bem divertido; até arriscou uns passinhos de dança com os meninos. O único problema era que estava me ignorando, e ignorando o .
A culpa não foi nossa.
- Você esta com ciúmes. - falei, divertida, sentando no colo de . Ele não respondeu e continuou de cara amarrada. - Fala comigo! - plantei um selinho nos lábios dele e mantive minha boca na sua até que ele sorriu.
- Eu te odeio! - ele resmungou, já que minha boca ainda estava contra a dele. - Tudo bem, eu te perdoo.
- Não tem o que perdoar até porque eu não fiz nada de errado! - falei, cruzando os braços.
- Você fez, sim!
- Não fiz, não!
- Fez, sim!
- Não!
- Sim!
- Nananinanão.
- Sim, sim, sim.
- O que eu fiz de errado, então? - perguntei, frustrada, depois do nosso pequeno momento infantil.
- Você beijou outra boca que não fosse a minha. - ele falou, sorrindo, e eu senti meu rosto corar.
- YOU AND I WE DON'T WANNA BE LIKE THISSSSS. - meu momento fofo foi interrompido por um que cantava de joelhos para , no palco. Minha amiga, que antes o fuzilava, agora tinha uma expressão completamente derretida no rosto.
- Você devia ter cantado pra mim também. - falou, fazendo um falsa cara triste, e eu não pude deixar de gargalhar.

Cause it knows that where you are is where I should be, too


Music Camp, Twenty One. (Saída a noite)
Oh no


Music Camp, Day Thirty.
Estive no quarto com as meninas, durante toda a tarde, depois que fizemos todas as atividades que estavam na grade do acampamento e, então, me bateu uma vontade absurda de ver , já que não havíamos passado o dia juntos. Dei um rápido beijo na bochecha das minhas amigas e saí em direção ao quarto que o ficava, mas assim que cheguei na janela, escutei ele conversando ao telefone e não aguentei a curiosidade.
- Eu não estou arriscando nada! Estou fazendo tudo o que você me pediu. - falava, andando de um lado ao outro. - Ela é talentosa e você sabe disso! Você viu todo o material que eu enviei! - ele falou, respirando fundo, como se tentasse manter a calma. - Isso não tem nada a ver, Professora Blue!
Eu sabia que era errado ouvir a conversa dos outros e, principalmente ,de , que é a pessoa com que eu estou saindo... Namorando? Bem, eu não sei. Até porque depois desse acampamento, talvez eu nunca mais o veja.
- Eu estou apostando cem por cento no talento dela e não é só pelo fato da beleza e da simpatia e de todos os trejeitos dela... - falou, sorrindo de lado, e então ele soltou uma gargalhada com o que ouviu do outro lado da linha. - Eu sei que você esta confiando em mim, Professora Blue! E a senhora sabe que eu nunca deixaria um sentimento ganhar do talento de alguém...
Eu estava começando a ficar irritada. Quem seria essa pessoa maravilhosa que ele tanto falava? Talvez eu estivesse com um pouco de ciúmes, mas eu bem que podia ter ciúmes, afinal, olha só o jeito que ele está falando. Eu espero que seja alguma prima ou irmã. Prefiro irmã, porque primos a gente nunca sabe.
- A senhora vai vir na apresentação de despedida do acampamento e, então, verá com os seus próprios olhos. - ele falou, sentando no sofá e relaxando os ombros. - Não foi só o material dela que eu enviei e se a senhora está falando tanto dela é porque sabe do talento que ela tem... Independentemente do que eu sinto!
A raiva estava borbulhando em todo o meu ser e eu achei melhor sair de perto daquele quarto e voltar para o meu, antes que eu fizesse alguma besteira.
- Nossa! O que aconteceu? - falou, assustada, assim que eu entrei como um furacão, batendo a porta.
- Não quero falar sobre isso! - falei entre dentes.
- Você e o brigaram? - perguntou enquanto escovava os dentes, com o queixo sujo de espuma.
- Eu não cheguei a falar com ele... Eu estava indo até lá, mas então ouvi ele tendo uma conversa estranha no telefone, falando sobre uma garota talentosa e incrível e, então, eu voltei! - falei, irritada, deitando na cama e afundando o rosto no travesseiro.
- Você ouviu uma conversa privada? - falou, sorrindo e olhando pra .
- Por que vocês estão sorrindo? - perguntei, confusa e furiosa.
- Porque você esta com ciúmes... Aw! - falaram as duas ao mesmo tempo, e eu bufei.
- O é da Julliard... Você já pensou que pode ter um motivo para ele está neste acampamento? Afinal, o que mais ele estaria fazendo aqui se já estuda lá?
tinha um ponto e aquilo estava entrando na minha cabeça e me deixando super confusa. Eu estive esse tempo todo tão envolvida com o , que não parei para pensar o que ele estaria fazendo aqui, e agora eu estava com essa pulga atrás da orelha.
O que será que ele estava escondendo de mim? Será que eu realmente podia confiar nele?

That tomorrow can wait for some other day to be


Music Camp, Day Thirty Three.
Já fazia três dias que eu tinha ouvido a conversa do no telefone e, apesar de estar me sentindo um pouco culpada, eu não conseguia tirar aquilo da minha cabeça, e ele já estava começando a perceber que eu estava agindo estranha.
- Ok... Desembucha! - falou, assim que nós sentamos perto do rio, depois da aula de canto.
- Como assim? - falei, tentando fazê-lo desistir de ter aquela conversa porque eu não queria brigar.
- Você esta agindo estranha ultimamente... Me olhando de cara feia quando acha que eu não estou olhando e sempre com uma interrogação no meio da testa, como se quisesse me perguntar algo. - ele falou, me deixando completamente envergonhada por eu já ser completamente transparente para ele, mesmo com tão pouco tempo de convivência.
- Nossa... Eu realmente não sei disfarçar, hein. - comentei, balançando os pés na água.
- Vamos, ! Fala comigo... - falou, segurando minha mão e plantando um beijo na palma.
- O que você esta fazendo aqui, ? - perguntei de uma vez. Se ele queria saber, então ele iria.
- Como assim? - respondeu a pergunta, confuso.
- Você é da Julliard! Não tem motivos para estar aqui no Music Camp... Então, eu quero saber: o que você está fazendo aqui? - falei sem ter coragem de olhar pra ele.
- Você é um ótimo motivo para eu estar aqui. - ele falou, segurando meu queixo e me dando um selinho, então eu vi sua face mudar para uma cara frustrada. - Mas...
- Mas? Então quer dizer que realmente tem um motivo pra você estar aqui! Qual é? - falei com medo da resposta... Afinal, eu não sabia o que esperar. Vai que ele é um psicopata que matou alguém e esta no Music Camp para se redimir.
- Eu não posso falar. - falou sem olhar nos meus olhos.
- Como assim não pode falar? - perguntei, irritada.
- Eu não posso... Mas você vai saber! Eu só não posso falar! Por favor... Eu preciso que você confie em mim. - ele falou, olhando nos meus olhos. Ele parecia nervoso e torturado por realmente não poder me contar. Será que eu deveria confiar nele? Será que eu confiava nele? Eu não precisava de muito tempo para pensar na resposta. Claro que sim! Eu nunca ficaria tanto tempo com um cara que eu não confiasse.
- Ok... Tudo bem! Eu confio em você. - falei, vendo o mais belo sorriso abrir no rosto do meu homem de olhos verdes.

We know it's coming and it's coming fast


Music Camp, Fourty Four. (POV )
Eu estava cansado dessa merda! Maldita a hora em que eu fui aceitar fazer isso. Eu não achei que fosse tão difícil, mas sei que também não posso dizer que me arrependo, até porque se eu não estivesse aqui, eu não teria a conhecido. é a razão por eu estar feliz de estar aqui e também é a razão por eu não querer estar aqui, ouvindo sermão da Diretora Montez.
- Senhor , você sabe que a Professora Blue mandou você aqui porque além de ser um ótimo aluno, é também alguém de confiança e extremo talento. Certo?
- Sim, diretora Montez. - falei, entediado.
- Então um romance de verão não era algo que o senhor deveria estar vivendo! - ela falou, com uma carranca.
- Estou fazendo tudo o que me foi dito para fazer. Eu estou observando os alunos e vendo quem realmente merece. E o que eu tenho com a não é apenas um romance de verão. Eu me apaixonei por ela e pelo seu talento, de verdade. - falei, levantando da cadeira e andando nervosamente pela sala.
- Eu sei do magnífico talento que a senhorita tem e não me surpreende você estar apaixonado. - Diretora Montez falou, agora, com um sorriso. - Mas isso pode estar a prejudicando. Se ela for escolhida, as pessoas vão desconfiar que foi por causa do romance de vocês.
Bem, ela tinha um ponto.
- Isso seria injusto, já que ela é uma das mais talentosas daqui! Eu mandei o material para a professora Blue e não só o dela, mandei também o de outros, como o , mas me foi informado que ele já tinha sido aceito. - falei, sentando novamente e passando as mãos nos jeans.
- Eu só estou alertando você porque estou preocupada com ela, mas também acho que seria injusto se ela não ganhar. Vamos ver o que os responsáveis vão decidir. - Diretora Montez falou, arrumando os óculos de gatinho no rosto. - Eu nunca vou me perdoar se ela perder essa chance por minha culpa!
- Fique calmo, , tudo vai se resolver.
Assim eu esperava.
No meio dessa confusão toda, eu acabei por ouvir Diretora Montez no telefone com a sua filha, falando sobre uma cabana afastada que tinha no acampamento e ela poderia ficar, se quisesse aproveitar o resto das férias. De acordo com ela, a chave ficava na sua gaveta. Então, eu tive uma ideia.

So let's make every second last make it last

Music Camp, Fifty.
Faltavam poucos dias para que o acampamento acabasse este ano e, então, eu voltaria para Utah, e ele, para Nova York. Eu nunca pensei que fosse me apegar tanto à uma pessoa em tão pouco tempo. Eu também nunca havia me apaixonado antes, eu achava que sim. Quando eu namorei, ano passado, com Trey, eu gostava dele. Ele era um cara alto, de porte forte, loiro e, apesar do sorriso sacana, era a pessoa mais doce que eu já conheci. Não era o mais popular, mas todos gostavam e o conheciam. Trey era a estrela da luta romana (não sei). Sempre me tratou como o centro do seu mundo, e era por isso que eu gostava tanto dele, caso contrário, eu não teria perdido minha virgindade com ele. Trey era basicamente o cara perfeito para qualquer garota... Menos pra mim. Mas com o é tudo tão diferente do meu antigo relacionamento; ele realmente me entendia e me conhecia como eu nunca achei que fosse possível, e saber que dentro de poucos dias nós iríamos nos separar... Isso me deixava extremamente triste.
- Ei, psiu! - fui tirada do meu transe com pendurado na janela, me chamando.
- O que você tá fazendo aqui? - perguntei, sorrindo e indo até ele, depositando um beijo no seu queixo.
- Eu vim sequestrar você! - falou, piscando o olho.
- Me sequestrar, é? E aonde meu sequestrador vai me levar? - perguntei, divertida.
- Isso eu não posso falar! Agora venha... - pegou minha mão, tentando me puxar, para que eu saísse pela janela. Mas como não conseguiu na posição que estava, logo desistiu, soltando um suspiro frustrado. - Droga, eu ia ser um péssimo sequestrador... Nem minha namorada eu consigo sequestrar.
- Por que você não veio pela porta da frente como uma pessoa normal? - perguntei, abafando uma gargalhada com a sua frustração.
- Porque iria ser muito comum! - falou, com uma cara, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. - Agora, vamos! Senta aqui, que eu pego você. - completou, dando dois tapinhas no parapeito da janela.
- Eu não acho que isso seja uma boa ideia. - resmunguei, mas, mesmo assim, me sentei e o olhei receosa. - Você tem certeza?
- Claro, ! Vamos! Pula! - falou, esticando os braços e sorrindo pra mim.
- , o que você está fazendo? - perguntou, entrando no quarto e me assustando, fazendo com que eu perdesse o equilíbrio e, em vez de pular delicadamente como uma moça, eu acabei por me jogar em cima do meu namorado.
- Você conseguiu me pegar mesmo assim! Não acredito! - falei, animada, e escutando um resmungo como resposta.
- , eu acho que ele não teve escolha! - falou, com uma expressão culpada.
- Que? Como assim? - fiz uma cara confusa, mas assim que percebi que estava em cima de um completamente esmagado, eu logo entendi.
- , você tem que parar com isso! - falou, olhando com uma cara feia pra ela, assim que eu tinha levantando e o ajudado, pedindo desculpas.
- Com o que? - minha amiga perguntou inocentemente.
- Ficar aparecendo nos momentos mais inusitados possíveis. - respondeu, revirando os olhos.
- Ah... Isso! - falou, dando uma risadinha. - Cadê a ?
- Foi dar uma volta com o ! - falei, dando a mão para , que sorriu pra mim.
- Vocês vão sair? - perguntou, e assentiu com a cabeça, sorrindo maliciosamente. - Então acho que vou dar uma ligada para o vir ficar comigo!
- Sua safadinha! - falei, deixando completamente encabulada.
- É pra eu não ficar sozinha. Só isso! - minha amiga disse, ainda vermelha de vergonha e fechando a janela.
- Então... Para onde vamos? - perguntei pro meu namorado, que me olhou, sorrindo.
Estávamos andando há algum tempo e toda vez que eu perguntava para aonde ele estava me levando, ele apenas falava que era surpresa. Eu avistei uma cabana parecida com as que os alunos ficavam no acampamento. Essa era um pouco mais afastada e maior também; tinha uma varanda enfeitada com vasos de flores. Era linda.
- Onde estamos? - perguntei enquanto me puxava para frente da cabana. Ele tirou uma chave do bolso e me olhou, sorrindo, enquanto abria a porta.
- Eu estava conversando com a Diretora Montez e vi uma chave suspeita perto dela, e ela acabou me falando que era de uma cabana um pouco afastada que era usada pela família dela quando vinham passear por aqui. Então, quando ela estava distraída, eu peguei a chave... - explicou, sorrindo, culpado.
- Você roubou a chave? - perguntei, com os olhos arregalados. - Não, eu peguei emprestado. É diferente, mas isso não importa agora... - falou e, então, acendeu a luz, e eu pude ver uma caixa de pizza no chão com duas latinhas de refrigerante e um violão encostado no sofá.
- Então a minha surpresa era essa caixa de pizza? - perguntei enquanto sentava no chão e praticamente atacava, sem nenhuma vergonha, a pizza de calabresa.
- E pelo visto você gostou! - ele riu. - Mas, ei, eu também quero.
e eu comemos a pizza e bebemos o refrigerante como duas pessoas que não comiam há pelo menos duas semanas. Preferi não perguntar como ele conseguiu a entrega das pizzas. Assim que estávamos satisfeitos, eu olhei para o violão e soube exatamente o que queria.
- Canta pra mim. - falei, olhando fixamente para , que sorriu, assentindo com a cabeça e me dando um beijo na testa.
- Que música você quer? - ele perguntou, dedilhando o violão. - Não... Quer saber? Eu escrevi uma música pensando em você e acho que... Vou cantá-la!
- Você... O quê? - perguntei, surpresa, e o vi ficando com as bochechas vermelhas e não pude deixar de sorrir. - Então canta!
- Tudo bem, mas não zombe de mim e nem me chame de boiola. - falou sério. - Prometo! - falei, depositando um selinho em sua boca.

(Coloque "Right here, Right now" para tocar)

Quando começou a cantar, eu estava com uma completa cara de boba apaixonada e não conseguia tirar os olhos dele. E por mais idiota que fosse, meus olhos se encheram de lágrimas, porque eu sabia o significado que essa música tinha pra mim e pra ele. Ela expressava o que nós tanto tentamos esquecer nesses quase dois meses juntos. Ela contava a triste realidade. Infelizmente, e eu só tínhamos o aqui e o agora.
- Você consegue imaginar o que nós pediríamos se pudéssemos ter qualquer sonho? - perguntei, deitada no ombro nu de , depois que nós fizemos amor no chão da sala.
- Eu ia desejar que nós tivéssemos este momento pra sempre e que nunca acabasse. - falou, plantando um beijo na minha cabeça.
Depois desta noite perfeita, nós dois sabíamos que tínhamos pouco tempo juntos. Mas o que realmente importava depois que deixamos a cabana arrumada e fomos à varanda, ver as estrelas, era que apesar de só termos o aqui e o agora, ele seria só meu por enquanto. E eu tive essa certeza assim que uma estrela cadente passou pelo céu e sorriu, piscando o olho para mim.

If this were forever what could be better?


Music Camp, Last Day.
O verão ainda tinha um mês pela frente, mas incrivelmente aquele dia estava chuvoso e cinza. Era como se ele soubesse o que estava acontecendo e dissesse "Aqui sou eu esfregando seu humor na sua cara". Eu tentei não pensar nisso nos dias que se passaram. parecia sempre querer me contar algo, e eu acho que tinha a ver com todas aquelas coisas estranhas que ele fazia no acampamento e que às vezes me faziam confundi-lo com um dos professores, como o fato de ele estar sempre presentes nas atividades, mas nunca se esforçar o suficiente para ganhá-la. Não que ele precisasse, mas era um pouco estranho. O fato é que, ele tentou varias vezes falar comigo sobre esse dia, mas eu sempre ria e mudava de assunto, ou simplesmente o beijava e o levava para a cabana; ele esquecia, mas depois ficava olhando para um ponto fixo, perdido em pensamentos. Eu, sinceramente, tinha medo do que ele iria me falar.
Infelizmente esse dia chegou: o último dia do Music Camp. A despedida? Não sei se posso chamar assim porque despedida, pra mim, é quando é pra sempre, e eu não me sentia bem o suficiente para dizer um “até logo”. Eu era muito encucada com essas coisas e na minha cabeça, se eu falasse "até logo", as minhas chances seriam nulas. Era como se eu pensasse positivo, as chances seriam menores do que se eu pensasse negativo. Isso faz sentido? Eu acho que não. Tem muitas coisas que não fazem sentido, como o fato de que, se eu passar na Julliard, eu só vou entrar ano que vem, e isso quer dizer que eu tenho um ano pela frente, um ano sem , um ano em que ele pode conhecer alguém que ache que seja melhor pra ele do eu fui.
- Um beijo por seus pensamentos. - falou, sentando ao meu lado na cama, onde eu estava olhando para a minha mala aberta, tendo pensamentos sobre como ele vai me esquecer.
- Acho que vou ficar te devendo um beijo. - falei, sorrindo; um sorriso que, com certeza, não chegou aos meus olhos.
- Ah, mas não vai mesmo! - falou e pulou em cima de mim, me enchendo de beijos por toda a face, enquanto eu gargalhava.
- Tá bom! Tudo bem... - o afastei com a mão, ainda rindo, e olhei nos olhos dele, que agora tinham perdido o sorriso e me olhavam tristes. - Não me olha assim... Por favor. - pedi.
- Assim como? - ele perguntou, sorrindo, triste.
- Como se estivesse gravando meu rosto e nunca mais fosse me ver. - senti lágrimas nos meus olhos, mas fiz um esforço enorme para me manter séria.
- Eu acho que te amo. - arregalei os olhos com aquelas palavras, pois tinha sido a primeira vez que ele havia dito. Nós estávamos em um "relacionamento" e era óbvio que estávamos apaixonados e que gostávamos muito um do outro, mas isso nunca foi dito.
- Isso é tão injusto! - bufei, irritada, começando a jogar as roupas de qualquer jeito dentro da mala. - Você não devia estar me falando isso justo agora.
- Sim, eu devia falar e, sim, eu estou falando. - pegou minha mão e me abraçou. - Eu amo você e nada pode mudar isso. - ele beijou uma lágrima que caiu e, então, me deu um selinho.
- Exceto a distância e todos os empecilhos que nos afastam! - resmunguei, o abraçando.
- Isso é apenas um detalhe. - falou, sorrindo divertido, tentando me consolar. - 10000km não é só um detalhe... É muita coisa, . - falei, soltando-o e voltando a arrumar minha mala. Permanecemos em silencio enquanto eu terminava minha mala e, assim que ela estava devidamente fechada e pronta, pegou e a levou lá pra fora, na entrada, onde todos se encontravam para ir pra casa.
- , isso quer dizer que você esta terminando tudo? - perguntou, cabisbaixo.
- , eu não posso prender você à uma colegial que ainda nem sabe se passou na faculdade. Eu ainda não sei se entrei na Julliard, porque eu ainda tenho um ano. Eu não quero prender você à mim, enquanto você tem toda uma vida pela frente. - falei, debulhando em lágrimas silenciosas.
- , eu quero estar com você porque você faz parte da minha vida agora.
- Era por isso que eu não queria ter essa conversa com você. - falei, bufando, frustrada. - Vou me despedir das meninas.
Deixei olhando para minha mala, sem reação, e fui me despedir das minhas amigas, que estavam agarradas em seus namorados.
- , não sei por que todo esse drama se você e o vão embora juntos! - falei, limpando minhas lagrimas e sorrindo, divertida.
- Me deixa, sua vaca! - falou, soltando e correndo para me abraçar, então eu senti outro par de braços largos me apertando e sorri quando ouvi a voz do .
- Vou sentir saudades! - ele falou. havia recebido a noticia de que tinha passado na Julliard e por isso não viria mais para o acampamento.
- Eu também e estou muito feliz por você! - falei, abraçando-o.
- Obrigado, e você já sabe: no ano que vem, eu espero todas vocês lá. - disse, dando um tapinha no meu nariz.
- Ah, meu Deus! Eu vou sentir tantas saudades de você! - falou, chorando copiosamente e se jogando em cima de mim.
- Eu também! - falei, chorando junto com ela. veio e nos abraçou e, por incrível que pareça, começou a chorar.
- Também vou sentir saudades de vocês. - ele falava enquanto soluçava igual um bebê. - , não me deixe! - falou e beijou-a igual à uma cena de filme. Deixei meus amigos e fui para o lado de , que tinha ido se despedir deles também. Olhei para ele enquanto meus amigos o abraçavam, e assim que eles foram embora, eu segurei sua mão.
- Você foi o melhor agora que eu já tive. - falei, sorrindo pra ele.
- Você sabe que esse agora não precisa ter fim, não sabe? Ele pode virar um para sempre. - falou, me beijando em seguida. - Nunca se esqueça disso!
Então eu fui embora.
Durante toda a viagem, enquanto eu estava dentro do carro com meu pai, a única coisa que eu conseguia pensar era: "O que poderia ser melhor do que e serem para sempre?"

But in two thousand one hundred twenty-three hours a bend in the universe is gonna make everything in our whole world change


Utah – Casa dos .
Já fazia uma semana que eu estava em casa, embaixo do cobertor, lamentando o fim do meu suposto romance de Verão. Minha mãe e meu pai tentaram falar comigo, mas eu apenas disse que preferia não falar sobre o assunto, e eles pareceram entender. Durante esse tempo, eu preferi não manter contato com , porque achei que fosse o melhor, mesmo recebendo varias mensagens e ligações no meu celular. Minha vontade era atender cada ligação e dizer o quanto eu sentia a falta dele, falta dos seus olhos verdes me encarando, falta dos seus beijos nos meus lábios, falta dos nossos corpos juntos, um encostado no outro, não deixando a mínima passagem entre eles.
Eu sentia falta de e .
- ! TELEFONE PRA VOCÊ! - escutei minha mãe me chamando, do andar de baixo, e levantei da cama, me arrastando até a sala. não tinha o número da minha casa, então eu sabia que não corria esse risco.
- Alô? - falei com a voz sonolenta.
- Senhorita ? - escutei uma voz de mulher, do outro lado da linha.
- Sim, sou eu mesma... Quem é?
- Aqui é a professora Blue da Juilliard. - fiquei instantaneamente em alerta. O que será que ela queria comigo? - Eu sou a responsável pelas bolsas dos alunos. Nesse Verão, um dos meus melhores alunos foi ao Music Camp, com a missão de descobrir talentos para mim. Eu sei do romance de vocês dois, mas pode ficar tranquila que isso não interferiu na decisão. ficou preocupado que isso fosse acontecer, mas o seu talento realmente é indispensável para nossa Universidade e nós gostaríamos muito de tê-la conosco este ano.
- O que? - foi tudo o que consegui falar.
- Nós verificamos suas notas do High School e a senhorita tem notas acima da media e muitos créditos, então poderá começar o ano conosco, imediatamente. Está liberada do High School, caso aceite nossa bolsa. - a mulher continuou falando, mas eu já não ouvia mais nada do que ela dizia, eu deveria estar com um sorriso enorme no rosto. Meu sonho estava se realizando e eu não podia acreditar na tamanha sorte. realmente tinha um motivo para estar no Music Camp, e esse motivo era mudar totalmente a minha vida, de cabeça para baixo, da melhor forma possível.
- Claro que eu aceito!

Then I would thank that star that made our wish come true

New York - Juilliard. (POV )
Mais um ano se iniciava e aqui estava eu. Era meu último ano na Juilliard, como aluno, e, então, eu me tornaria professor de música, que sempre foi meu verdadeiro sonho, mas a única coisa que eu conseguia pensar... Era ela. Eu liguei durante todo o mês que se passou, e ela não respondeu a nenhuma das minhas ligações. Eu queria explicar o que eu estava fazendo no Music Camp, queria dizer que fazia parte de um trabalho e que era também parte da minha futura carreira, reconhecer talentos. nunca atendeu nenhuma ligação, e ninguém da Universidade quis me dizer quem havia ganhado a bolsa. O fato é que, se fosse ela, ela teria entrado em contato, não teria?
Saí de dentro do meu carro e caminhei, de cabeça baixa, para a entrada da Juilliard e foi ali, quando levantei o olhar e olhei para a escada, que eu a vi. Ela estava sorrindo e olhando para mim. Eu estava vendo uma miragem? Será que isso afetou minha mente? Não! Era ela, era real. Apressei meu passo, subindo as escadas, e ela fez o mesmo. Assim que estava quase chegando perto dela, eu acabei pisando em falso e caindo de bunda na escada.
- Você não pode me ver que se joga no chão, não é? - ela perguntou, divertida. - Haha, que engraçadinha. - falei, fingindo estar bravo e ficando em pé. Varias pessoas passaram rindo, mas eu não me importei, o que importava era que ela estava aqui. - Você esta aqui!
- Sim, eu estou e vim pra ficar! - ela falou, sorrindo.
- Você conseguiu a bolsa? - perguntei o óbvio.
- Sim, obrigada! - sorriu e me deu um selinho. - Sabe de uma coisa? Eu também acho que te amo.
Eu esperei tanto por aquelas palavras; quando falei que a amava no acampamento, ela não falou nada, e eu me senti extremamente inseguro, mesmo sabendo que era recíproco. Mas agora, aqui estava ela, linda e minha. Só minha.
- E agora? - perguntei, divertido.
- Aqui e agora só têm eu e você e isso basta. - ela respondeu, me beijando, e eu não pude deixar de concordar com ela.




Fim



Nota da autora: Eu tive três ideias diferentes para essa fic e acabei optando por nenhuma. Estava desesperada e sem saber o que fazer, até que decidi rever os clipes do HSM no YouTube e apareceu vídeos do Camp Rock como sugestão e eu pensei “Por que não?”... Então se alguém estava na duvida, essa fic é sim uma mescla dos dois Hahahaha

PS: Team Zanessa forever.
PS2: Desculpa pela pouca criatividade em nomes secundários.





Outras Fanfics:
Love is not a sin - Especial de Agosto
Can't Fight With You - Atualização especial do dia do sexo
Bônus: Wild Ones - Ficstape #007
07. Bloodstream - Ficstape #009
13. I'll Be Okay - Ficstape #011


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