Capítulo Único
1977.
A raiva era visível no olhar de . Parecia que poderia incendiar quem cruzasse seu caminho. A menina andava em passos rápidos pelos corredores do castelo, fazendo com que os outros alunos abrissem espaço para ela. Aquela não era a primeira vez que Sirius se intrometia em assuntos que não eram de sua conta. Ela avistou os cabelos negros do rapaz brilhando sob a luz do sol perto do Lago Negro, junto de seus amigos. mirou no grupo e andou furiosa até eles. James apontou com o queixo em sua direção e os outros meninos se viraram.
— ! Que surpresa você aqui, veio confraternizar com os...
— Quieto, Potter! Meu assunto não é com você — cortou o garoto e encarou Sirius. — Não tem nada para me dizer Black?
— Tenho tantas coisas para lhe dizer, . A primeira é que fica adorável com essa ruguinha no meio das sobrancelhas quando está nervosa — ele respondeu, sorrindo de canto, o que deixou a menina ainda mais puta da vida.
— Não testa minha paciência, Sirius. Que porra é essa de você entrar na comissão do baile?
— Ah, isso? — Ele fez um sinal de descaso com a mão. — Quero experimentar novas áreas, sabe? Vai que eu me torno um grande organizador de eventos bruxos quando sair de Hogwarts?
— Saia da comissão, Sirius. — o encarou com fogo nos olhos, sentindo que sua raiva aumentava a cada segundo.
— Não. A própria Profa. McGonagall me deixou entrar no grupo, por que sairia?
— Saia. — Ela deu um passo na direção do rapaz.
— Não. — Ele também deu um passo e sorriu minimamente com a aproximação.
— Por que quer tanto participar disso?
— Experiência — ele respondeu simplesmente. bufou irritada, sabia bem como barganhar para ter o que queria.
— O que quer para sair da organização? — A pergunta dela fez um sorriso surgir no rosto de Sirius, era exatamente isso que ele queria ouvir.
— Um par para o Baile. — Ele se afastou. — Você.
piscou duas vezes antes de processar a informação que tinha escutado. Ele realmente estava a convidando? Depois de tudo o que aconteceu? Sério mesmo? soltou um riso descrente.
— Não. — Ela cruzou os braços. — Prefiro a morte.
— Então sentaremos juntinhos nas reuniões da comissão — Sirius respondeu com uma voz afetada. — Acho inclusive que temos uma agora mesmo, não?
Ele voltou a se aproximar e tentou passar um braço pelos ombros da garota, que, com um movimento rápido, girou o corpo e derrubou Sirius com a cara na grama. A cena era icônica: segurando o braço direito dele, com um dos pés sobre seu braço esquerdo, o prendendo contra as costas dele. Os marotos e os outros alunos que estavam por perto riam tanto que até a lula gigante surgiu na superfície do Lago para ver o que se passava. , ainda imobilizando Sirius, se abaixou ao pé da orelha dele.
— A próxima vez que tentar me tocar sem a minha permissão, eu quebro seus dois braços. E eu não estou brincando. — Ela soltou o garoto com brutalidade e marchou para dentro do castelo.
Peter e James se aproximaram de Sirius, o ajudando a ficar de pé. Black os empurrou e ajeitou o uniforme amassado, tirando a mistura de grama e terra de suas roupas.
— Bem feito. — Remus sorriu para Sirius. — Espero que agora pare de perturbar a pobre garota.
— Pobre garota? Você viu o que ela fez comigo? — Black retrucou raivoso.
— Foi bem impressionante — Peter comentou, mas se calou rápido quando foi praticamente fuzilado pelo olhar de Sirius.
— Quem mandou ser tão irritante assim? — Remus pendeu a cabeça para o lado, ainda sorrindo.
— Você só a está defendendo porque são amigos — James comentou, arrumando os óculos e Sirius concordou com a cabeça.
— Falam isso como se ela não tivesse sido amiga de todos nós nos últimos anos — Lupin retrucou irritado, o sorriso já havia desaparecido do rosto.
— Até hoje não sei por que ela se afastou da gente — Potter questionou, olhando para Sirius.
— É, eu também não sei por quê. — Sirius pigarreou e desviou o olhar para a entrada do castelo. — Acho melhor ir pra reunião, vejo vocês depois.
Sirius entrou na sala sem bater na porta e acabou interrompendo o discurso de . Ele passou a mão pelo queixo e andou devagar, sendo observado por todos em silêncio até achar um lugar vazio. Quando se sentou, sorriu provocativo para , que endireitou a postura e fez uma cara de desgosto.
— Como eu dizia, vamos nos dividir em setores. Emma Vanity, Lucinda Talkalot e Elliot Brown ficarão com a decoração. Carl Avery será responsável pela música. Lily Evans, eu e Sirius Black ficaremos com comes e bebes. — Ela suspirou pesado na última frase. Seriam longas semanas aguentando Sirius em seu encalço. — A Profa. McGonagall me indicou como responsável pela comissão, então qualquer problema que tiverem me procurem. Também queria tirar da pauta o tema do baile. Alguém tem uma ideia boa?
— Eu pensei em...
— Ninguém? — cortou Sirius, olhando para os outros colegas. — Ninguém mesmo?
— Baile de máscaras — Sirius disse alto. — Clássico, não sai de moda e ainda deixa o mistério de com quem está falando.
Os demais concordaram com o tema, alguns apenas balançando a cabeça e outros com murmúrios. respirou fundo e ajeitou a postura, ela não queria dar o gostinho de vitória para Sirius.
— Todos concordam com o tema do Black? — Os demais confirmaram e forçou um sorriso. — Baile de máscaras será então. Acho que por enquanto é isto. Temos duas semanas para preparar tudo. Estão liberados.
saía da sala junto de Lily, conversando sobre qual seria o provável cardápio do Baile, quando sentiu um puxão no braço. Sua reação foi rápida: uma cotovelada no rosto de quem quer que fosse.
— Que isso, ? — Sirius gritou, segurando o nariz. Suas vestes estavam encharcadas de sangue, o que foi o suficiente para as meninas arregalarem os olhos.
— Ai meu Merlin! — se aproximou para tentar ver o ferimento, mas Black afastou a mão dela. — Me deixa ver, Sirius.
— Você vai me agredir pela terceira vez em menos de uma hora, isso sim.
— Para de palhaçada. — Ela puxou a mão dele que cobria o nariz e o sangue pareceu fluir livremente. Ok, aquilo não era bom.
— Acho que está quebrado — Lily comentou. — Melhor ir até a Madame Pomfrey.
— Eu vou com você.
— Preocupada comigo? — Sirius sorriu com os lábios ensanguentados.
— Não, só não quero que diga abobrinhas para ninguém. Não quero detenção por ter quebrado sua cara feia.
— Não era feia quando você beijava, não é?
— Quer um olho roxo para combinar com o resto? — ficou séria.
— Ok, estou indo, tchau! — Lily disse, andando para o mais longe possível dos dois.
começou a andar para o outro lado, na direção da ala hospitalar. Seis passos depois, Sirius estava ao seu lado, segurando o nariz dolorido. se sentiu mal. Ela realmente queria machucar o garoto em diversos momentos do seu dia, mas nunca imaginou que fosse de fato fazer isso. O mais longe que tinha chegado era imobilizá-lo. O caminho até a enfermaria foi silencioso e nenhum dos dois parecia incomodado com isso, na verdade era até confortável.
A cara que Madame Pomfrey fez quando viu os dois passarem pela porta foi impagável. Sirius desejou ter uma câmera para registrar o momento. Na verdade, o conserto do estrago que fez foi bem rápido. Com um feitiço, o nariz de Sirius voltou para o lugar e com mais outro suas roupas ficaram limpas novamente. Antes de saírem, Madame Pomfrey ainda fez Black tomar uma mistura verde gosmenta, que segundo a enfermeira era uma poção para dor. controlou a risada quando o garoto quase gorfou a poção junto do café da manhã.
— Eu só vou dizer isso uma vez e se você contar para alguém, eu te faço de oferenda para a lula gigante. — parou no corredor antes dos dois adentrarem o Salão Principal. — Desculpa.
— me pedindo desculpas? Isso sim é um fato histórico! — Sirius sorriu brincalhão e revirou os olhos, se afastando dele com um sorriso mínimo nos lábios.
A semana correu tranquila. Ou quase isso. Lily e estavam sentadas em uma sala de aula vazia, discutindo o possível cardápio para o baile. Sirius não apareceu. As meninas esperaram por ele por quase 20 minutos antes de começarem a trabalhar.
Depois de fazer uma lista com as refeições mais comuns, as duas andaram juntas em direção à cozinha do castelo, precisavam ver o que os elfos poderiam preparar e o que teriam que encomendar em Hogsmeade. pulava o degrau mágico da escadaria quando viu a cabeleira negra no fim do corredor se despedir de alguém. Lily segurou o braço da amiga e as duas andaram juntas até a tapeçaria que escondia a passagem para a cozinha. Sirius encontrou as duas no meio do corredor e estampava um sorriso de lado. Ele passou a mão pelo cabelo, jogando os fios para trás, e encarou as garotas.
— Desculpe-me o atraso, meninas.
— Se não vai levar isso a sério, melhor sair logo, Black — respondeu curta e grossa.
— Estava cuidando de problemas pessoais, .
— Não sabia que problemas pessoais deixavam marcas de batom no pescoço — retrucou e se odiou no mesmo momento em que um sorriso presunçoso surgiu no rosto de Sirius.
— Ciúmes, ? — Ele provocou.
— Nos seus sonhos.
— Se você soubesse o que acontece nos meus sonhos, você não diria isso.
Lily sentiu que aquela era sua deixa e soltou o braço de , que nem percebeu, e foi para a cozinha adiantar o que tinha que ser feito.
— Você me enoja. — respondeu desgostosa. — E esse não é o assunto aqui.
— E qual é então? — Sirius cruzou os braços, esperando por uma resposta.
— Sua falta de comprometimento.
— Já disse que eram problemas pessoais.
— Problemas pessoais uma ova, Black! — estourou. — Você se envolve com as coisas e no minuto em que se torna sério e real você dá um jeito de fugir! — Ainda bem que o corredor estava vazio, porque quase gritou. O sorriso do rapaz tinha desaparecido e a conversa já não parecia ser mais sobre o atraso.
— Não sei sobre o que você está falando, . — Sirius desviou o olhar para o chão.
— Você nunca sabe, né? — alfinetou e Sirius conseguiu ver a mágoa nos olhos dela.
Os dois se encaravam em silêncio, tentando se comunicar apenas com os olhares. A verdade era que não tinha superado. Ela se sentia mal, como se tivesse sido usada e descartada por Sirius.
era amiga dos marotos desde o segundo ano, quando contou com a ajuda de Lupin quando caiu da vassoura durante a aula de voo. Ela participou de algumas das pegadinhas deles, como a que eles alagaram a sala do Filch, ou quando fizeram poção polissuco e se transformaram na Profa. Minerva e deram detenção aos alunos da Sonserina.
Durante o quinto ano, em uma festa na sala comunal da corvinal, e Sirius deram o primeiro beijo. Todos estavam sentados em uma roda, jogando verdade ou consequência. Sirius já havia dançado em cima da mesa com a saia do uniforme feminino e já tinha admitido que tinha uma tatuagem. Quando a garrafa apontou para ela de novo, suou frio. Já não podia mais escolher verdade e sabia que a consequência não seria moleza, ainda mais porque a outra ponta da garrafa apontava para James Potter. tomou um gole da cerveja amanteigada e negou quando a consequência era mostrar onde estava a tatuagem. James sorriu e olhou cúmplice para Sirius, dando uma outra opção para ela: beijar o garoto. pensou em recusar, mas quando se deu conta já estava ao lado de Sirius, dando um baita beijo na frente de todos. Depois daquela festa, e Sirius passaram a se beijar em segredo e entre as aulas. Ninguém sabia, mas eles tinham a impressão de que Potter desconfiava.
No sexto ano, eles concordaram em não ficar com outras pessoas, mas também não queriam assumir que estavam juntos. Foi durante um final de semana que os dois se encontraram de madrugada na estufa e perderam a virgindade. Aquela foi a primeira vez de ambos.
Durante as férias de verão, antes do retorno a Hogwarts para o último ano, foi convidada a passar uns dias na casa dos Potter, onde Sirius morava e os outros marotos já estavam há uma semana. Os cinco foram juntos a um cinema trouxa assistir Star Wars: Uma Nova Esperança. No meio do filme, Sirius abraçou os ombros de e ela sussurrou um ‘te amo’ no ouvido dele antes de encostar a cabeça em seu ombro. O resto do filme Sirius ficou tenso.
Quando saíram da sala escura, foram todos para uma sorveteria discutir o que tinham visto. Sentado ao lado de , Sirius começou a trocar olhares com uma garota duas mesas distante de onde estavam, e quando se levantou para ir ao banheiro, ele resolveu agir. tinha percebido que Sirius tinha ficado estranho desde que ela confessou seu sentimento, mas imaginou que era porque estavam junto dos outros meninos. Quando voltou do banheiro, viu uma cena que nunca imaginou que pudesse machucar tanto: Sirius sentado em outra mesa, conversando ao pé do ouvido de uma garota que não era ela. não sabe como conseguiu fingir tranquilidade quando se sentou junto aos marotos e Sirius voltou para a mesa se vangloriando que havia conseguido o telefone e um encontro com uma trouxa francesa. Eles não trocaram nenhuma palavra no caminho de volta para a casa.
Após o jantar, os cinco se sentaram no gramado do quintal enquanto conversavam sobre o último ano em Hogwarts e o que fariam quando acabassem os estudos. Todos concordaram que se juntariam à Ordem da Fênix e lutariam contra Voldemort e seus seguidores. James, Peter e Remus se levantaram para jogar uma partida de quadribol antes de tomarem banho e irem se deitar. segurou o braço de Sirius e pediu para conversar. Quando tocou no que aconteceu na sorveteria, Sirius se fez de desentendido.
— Achei que tínhamos combinado de sermos exclusivos… — começou.
— Acho melhor não manter mais isso.
— Foi porque eu disse que te amo? — Ela perguntou depois de um tempo e viu o rapaz desviar o olhar. — Foi, não foi? — Ele não respondeu e teve sua resposta. — Você ficou com outras pessoas enquanto estávamos juntos?
— Nunca estivemos juntos, — ele respondeu grosso. — Inocência sua pensar que eu ficava só com você.
Aquela foi a gota d'água. se levantou rápido e entrou na casa. Subiu direto ao quarto de hóspedes e arrumou suas coisas numa velocidade impressionante. Desceu rápido as escadas e se despediu dos pais de James, agradecendo a hospedagem. Quando passava pela cozinha para chegar à porta, encontrou James bebendo água.
— Aonde vai, ? Pensei que ficaria até o domingo.
— Vou embora. Nos vemos em Hogwarts. — tentou passar pelo amigo, mas ele segurou seu braço.
— O que aconteceu?
— Seu amigo é um idiota. — sorriu triste e apontou com o queixo para a entrada da cozinha, onde Sirius estava parado. James se virou e no minuto seguinte já havia desaparatado para longe.
O resto do verão passou junto de sua irmã e Lily, afogando a tristeza em sorvete de morango e filmes românticos trouxas. Quando chegaram juntas à estação de trem, viram os marotos de longe. James, Peter e Remus acenaram para elas, que retribuíram. Sirius apenas ficou parado observando , que fez questão de ignorar a existência dele. Desde então, não manteve mais amizade com os garotos. Ela resolveu gastar sua energia e concentração em outras atividades, como os estudos, o cargo de monitora e a comissão do baile. Era seu último ano em Hogwarts e não iria ficar chorando pelos cantos por alguém que nunca nutriu sentimentos por ela.
Os dois ainda se encaravam quando Lily saiu da cozinha, carregando um pedaço de pergaminho com as anotações do que iriam precisar comprar em Hogsmeade. A ruiva parou ao lado da amiga e tocou seu braço, fazendo quebrar o contato com Sirius.
— Já está tudo certo.
— Tudo bem, melhor irmos. — olhou uma última vez para Black e andou com Evans para a sala de McGonagall.
Depois de conversar com a professora, ficou acordado que elas iriam encomendar as bebidas com Madame Rosmerta no Três Vassouras. A comissão se reuniu no sábado de manhã, logo depois do café da manhã, e discutiram o andamento das preparações para o baile. e Sirius não se olhavam desde o último encontro, mas agora teriam que ir juntos a Hogsmeade fazer as encomendas.
A comissão foi liberada para sair mais cedo do castelo para conseguir pesquisar e comprar tudo que faltava para o baile. O Três Vassouras ainda estava vazio, sem todos os estudantes gritando e rindo alto nas mesas. Eles não se demoraram conversando com Madame Rosmerta, fizeram os pedidos e andaram até a Dedos de Mel, fazendo um enorme pedido de doces. e Lily haviam pensado em uma mesa especial para os doces, onde os alunos poderiam se servir a todo momento. Quando saíram da loja, encontraram o povoado cheio de estudantes. A missão do dia já tinha acabado e agora estavam livre para curtir o final de semana sem maiores preocupações.
— Agora só precisamos vir buscar tudo na manhã da próxima sexta. — sorriu animada. O baile tinha começado só como uma válvula de escape, mas agora tinha se tornado um projeto de enorme carinho para ela e tudo tinha que sair perfeito. — Até mais, Black.
se despediu dele e não deixou espaço para resposta, arrastando Lily na direção das lojas de roupas. já tinha comprado seu vestido em uma loja trouxa de luxo, achava que o nome era Chanel ou algo assim, antes de tudo o que aconteceu na casa dos Potter. Sua irmã mais velha, Adrienne, havia a arrastado até o centro de Londres. Dizia ela que deveria estar estonteante no baile. Para ela era fácil dizer, tinha sangue de veela correndo nas veias. As duas compartilhavam apenas o mesmo pai. A mãe de Adrienne, uma francesa sangue puro, abandonou a família para se juntar a Voldemort. O pai delas acabou se casando novamente e perdeu a esposa no parto de . Já fazia três anos que ele havia morrido. passou a morar com a irmã e seu cunhado, os dois eram aurores no Ministério da Magia e também faziam parte da Ordem.
Sentada em uma das poltronas da loja, observou a prateleira de sapatos enquanto Lily ainda experimentava uma dúzia de vestidos no provador. Um salto preto chamou sua atenção e ela se levantou para analisar mais de perto. O sapato tinha um salto agulha fino e alto, poderia até ser usado como arma de defesa pessoal. tirou sua bota e calçou o sapato, cabendo perfeitamente em seu pé. A frente do calçado era aberta, deixando os dedos à mostra e a fita que prendia no tornozelo era enfeitiçada para se entrelaçar sozinha, dando um toque sexy. Iria combinar perfeitamente com seu vestido.
— O que acha desse? Gosto do modelo, mas não sei se a cor… — Lily saía do provador, mostrando um vestido verde musgo, quando olhou para os pés da amiga. — Ok, se você não levar esse sapato, eu levo.
— Perdeu, ruivinha. Vi primeiro — brincou e tirou os saltos, calçando sua bota de novo. Ela olhou para o vestido que Lily usava, não era feio, mas a cor era. puxou a varinha do bolso interno do casaco e apontou para Lily.
— Vai me azarar, ?
— Quieta, Evans. — balançou o instrumento mágico, sussurrando um feitiço que tinha aprendido com Adrienne e o vestido mudou a cor para um vinho fechado, também aumentou o decote frontal e ficou um pouco mais curto. — Dá uma olhada.
— Seu senso de moda é impressionante. Deveria trabalhar com isso — Lily disse, se olhando no espelho. Era o vestido perfeito.
— Quem sabe, não é?
Lily se trocou e as duas terminaram as compras. Elas decidiram tomar umas cervejas antes de voltar para a escola. empurrou a pesada porta de madeira do estabelecimento e encontrou quase todas as mesas lotadas de estudantes, todos com canecas nas mesas, algumas cheias, mas a maioria já vazia. Lily andou entre as pessoas e encontrou uma mesa pequena vazia perto da janela, se sentando para guardar lugar.
— Vou pedir pra gente — avisou e foi até a bancada fazer os pedidos.
A garota observava as pessoas ali. Todas alegres, brincando, rindo e conversando alto. Com certeza ela sentiria falta dessa energia. Seus anos em Hogwarts foram os melhores possíveis e não era porque tinha levado um pé na bunda que isso apagava o fato de que tinha conhecido pessoas maravilhosas. Lily se tornou sua melhor amiga e confidente, quase que uma irmã. Os marotos foram seus amigos por anos. McGonagall, mesmo sendo diretora de outra casa, sempre fez de tudo para ajudá-la, ainda mais quando foi a responsável por dar a notícia da morte de seu pai. Ela sentiria falta de tudo o que viveu dentro daquele castelo, dos passeios a Hogsmeade, das partidas de quadribol e até mesmo de ter que correr de Filch durante a madrugada.
Os pensamentos dela foram interrompidos quando recebeu as duas canecas de cerveja amanteigada, tão geladas que o vidro chegava suava. ia começar a andar, quando ouviu uma voz que conhecia bem surgir ao seu lado.
— Melhor esperar um pouco para voltar pra sua mesa — Sirius disse, se sentando em um dos bancos altos. o encarou confusa e ele apontou para Lily. — James está a convidando para o baile.
observou Potter se sentar na cadeira de frente para Lily e empurrar os óculos que escorregavam pelo seu nariz. Era fofo ver James ficar nervoso perto da amiga. sabia que Lily nutria sentimentos por James desde o início do ano letivo, quando o garoto se tornou monitor-chefe e provou que não era mais aquela criança birrenta e bagunceira do primeiro ano.
— Espero que ela aceite, não quero ouvir choro de noite no dormitório — Sirius comentou brincando e riu baixinho, o que fez o garoto abrir um sorriso. Ele sentia falta daquele som.
— Ela vai, tenho certeza.
— Hum…
— Que foi? — o encarou pela primeira vez.
— Nada, ué.
— Desembucha, Sirius. — revirou os olhos.
— Sua melhor amiga tem um par para o baile…
— E?
— E você ainda não. Se quiser reconsiderar meu convite…
— Eu já disse que não vou com você, Sirius. — agarrou as canecas de cerveja. — E pra sua informação, eu tenho um par para o baile.
Ela deu as costas para o garoto e voltou para sua mesa. James já havia saído e Lily estampava um sorriso enorme. decidiu não contar da conversa com Sirius para a amiga, não queria estragar a aura de felicidade da garota, ela merecia aquilo.
— Sirius não para de olhar para cá — Lily comentou, bebericando sua bebida.
— Problema dele.
deu de ombros e se virou para a mesa do garoto, o pegando no flagra. Ela sorriu cínica e mexeu os lábios, mas sem produzir som algum “se gostou, é melhor tirar uma foto, dura mais tempo”. Lily balançava a cabeça em negação, mas segurava uma risada. gostava de fingir que ainda não tinha sentimentos por Sirius e isso divertia, mas também preocupava, a Lily.
Elas passaram o dia todo no Três Vassouras, voltando para o castelo somente na hora do jantar. Sentaram juntas na mesa da Grifinória durante a refeição. Nenhum aluno olhava esquisito para , já era comum ela se sentar na mesa dos leões. foi a única da família a cair na casa das serpentes, sua irmã foi da Lufa-Lufa e seu pai da Corvinal. Sua mãe não havia estudado em Hogwarts, ela havia ido para a Europa depois de terminar os estudos em Castelobruxo, a escola de magia do Brasil, para trabalhar no departamento de Cooperação Internacional de Magia.
Os marotos se sentavam relativamente perto das meninas e não pôde deixar de ouvir a conversa deles.
— Conta logo quem é seu par, Aluado! — Sirius praticamente implora a Lupin.
— Já disse que não, Almofadinhas!
— Vai ver é alguém que já conhecemos — Peter palpitou e sentiu o corpo gelar.
— Não quero contar porque não é da conta de vocês, apenas isso.
— Com certeza é alguém que já conhecemos! — Potter bateu o martelo e Lupin revirou os olhos cansados.
— Por que a gente não fala do fato do Sirius ir sozinho?
— Mas eu não vou sozinho.
— Vai com quem então? — James perguntou curioso.
— Com a , ela vai aceitar.
parou de escutar quando se engasgou com a comida. Lily entregou a taça com suco de abóbora e deu uns tapinhas nas costas dela, tentando ajudar. Os meninos se viraram para as meninas e encararam a cena em completa confusão. fez uma careta para os quatro e se despediu de Lily. No caminho para as masmorras, pensava no que tinha escutado. Sirius parecia determinado a levá-la ao baile, mais estranho ainda, ele parecia querer se aproximar dela. Não, estava imaginando coisas. Sirius só a queria irritar, somente isso.
atravessou a passagem secreta e andou até o dormitório feminino, empurrou a porta de seu quarto e pegou uma muda de roupas limpas. foi para o banheiro tomar um banho e enquanto estava embaixo da água quente, relembrou os acontecimentos da última semana, se sentindo estúpida por achar que Sirius ainda nutria sentimentos por ela. Ainda, parecia até piada. Ele nunca tinha gostado dela. E foi quando sentiu vontade de chorar. Sirius foi a primeira pessoa que ela se apaixonou e confiou o suficiente para compartilhar sonhos, medos e esperanças. Nunca tinha conseguido criar ou manter uma ligação com qualquer outra pessoa, nem mesmo com seu primeiro namorado.
Decidindo que já tinha mergulhado tempo o suficiente nas memórias, desligou o chuveiro e se vestiu, voltando para o quarto. Ela se deitou na cama, ainda absorta em pensamentos. Suas colegas de quarto chegaram animadas com sacolas de compras e todas conversaram sobre o baile no próximo final de semana. As garotas diziam quem eram seus pares, mostravam seus vestidos e máscaras, calçavam os sapatos e desfilavam pelo quarto.
— E quem é seu par, ? — Uma das garotas perguntou.
— Hum, prefiro não comentar.
— É o Black, não é? — Katherine, a mais baixinha do grupo, perguntou.
— Sirius? — riu. — Não, não é ele.
— Não sei como conseguiu dar um fora nele. O Black não é de se jogar fora — a primeira garota comentou de novo.
— É. — sorriu amarelo. — Vou dar a última ronda no castelo. Boa noite, meninas.
se despediu e saiu o mais rápido que pôde do quarto. As meninas não sabiam que ela teve uma relação com Sirius, achavam que eles foram apenas amigos. A garota atravessou a sala comunal já vazia e subiu as escadas para sair das masmorras. andou devagar pelos corredores vazios. Acabou encontrando Lily quando passava pela saída do corujal, que afirmou não ter mais ninguém lá em cima, o que foi uma mentira deslavada quando James desceu as escadas ajeitando os cabelos. riu e desejou boa noite aos outros dois monitores, fingindo que não tinha visto nada. Ela acabou encontrando primeiranistas da Corvinal fora da cama, tentando passar de fininho até a torre de astronomia, o que rendeu três pontos a menos à casa das águias.
já quase terminava a ronda, quando resolveu passar pela estufa no exterior do castelo. Normalmente, ela não fazia isso, mas sentiu como se algo a chamasse até lá. Assim que se aproximou, conseguiu ver a chama de uma vela pelo vidro, que se apagou assim que ela abriu a porta.
— Saia agora e eu não tiro ponto de sua casa — ela falou alto e viu uma sombra se mexer perto de uns vasos. — Não vou pedir de novo.
Ela disse firme e cruzou os braços. A sombra se mexeu e saiu do escuro. Sério, universo? Isso era algum tipo de pegadinha?
— Você fica bem sexy mandando assim — Sirius disse, com um sorriso ladino.
— Já estou revendo o que disse de tirar pontos de sua casa.
— Tira, duvido — ele provocou. sorriu sonsa.
— Menos cinco pontos para a Grifinória. — Ela sorriu mais largo ainda com a cara espantada de Sirius.
— Você não pode fazer isso.
— Não só posso como já fiz. Volta pra sua torre, princesa. — Ela deu espaço para ele passar.
Ele passou por ela, que seguiu de perto para dentro do castelo de volta. Eles andavam em silêncio, mas dessa vez não era confortável. queria perguntar por que ele estava ali. Normalmente eles sempre se encontravam na estufa quando estavam juntos. “Juntos” né?
— Só queria pensar, ok? Não quebrei ou roubei nada — Sirius suspirou. continuou em silêncio. — Regulus se juntou a ele.
Sirius confessou com um suspiro triste e encostou em uma das paredes do corredor. parou ao seu lado e deslizou até se sentar no chão, puxando a mão de Sirius para se sentar também. Eles ficaram quietos por um momento até conseguir achar as palavras certas.
— Você não pode protegê-lo de tudo, Sirius — ela começou, ainda incerta. — Eu sei que ele é seu irmão e que você nunca vai deixar de amá-lo, mas às vezes as pessoas precisam fazer a coisa errada para conseguir enxergar a verdade.
— Você sempre foi boa com as palavras — ele disse depois de um tempo e sorriu pequeno, sendo acompanhado por ela.
— Um dos meus muitos talentos — ela fingiu uma entonação presunçosa. Sirius empurrou seu ombro de leve. voltou a falar baixo. — Sua família sempre foi muito influente com Regulus. Não vou protegê-lo de tudo e dizer que ele é 100% inocente, mas ele teve a cabeça feita por seus pais. E não é culpa sua o lado que escolheu.
Ela finalizou a fala e os dois mergulharam em um silêncio absurdo. sabia o quanto Sirius era protetivo e o quanto ele queria salvar seu irmão de tomar as decisões erradas, mas ele não entendia que isso não cabia a ele. sempre tentou fazer com que ele enxergasse isso, e talvez até tenha conseguido um pouco. Ela deitou a cabeça no ombro de Sirius e fechou os olhos ao inspirar o perfume dele, uma mistura de cítrico com gengibre. Uma essência que só ficava perfeita com ele. Sirius puxou a mão dela e fez um carinho com o polegar sobre a palma dela. Eles estavam confortáveis naquela posição, fazia tempo que não ficavam assim, e era tudo culpa dele.
— …
— Hum? — Ela murmurou, ainda de olhos fechados.
— Me desculpa? — Ela abriu os olhos e encarou o menino em silêncio. — Eu sei que te machuquei, eu sei que fui um completo idiota. Eu sei disso. Quando você disse que me amava, eu surtei, pra ser sincero. Eu sentia o mesmo, eu ainda sinto. Eu só não soube como agir.
— E jogar na minha cara que nunca ficou só comigo foi sua melhor saída? — perguntou, rindo falsamente e se afastou dele. — Sabe, Sirius, eu realmente me entreguei por inteiro pra você. E você não quis retribuir, e tá tudo bem. Mas o que você disse foi baixo. — Ela o encarava, era agora que diria tudo o que estava preso em sua garganta desde o verão. — Você que deu a ideia de sermos exclusivos. E eu aceitei. A culpa não é minha se o sentimento começou a crescer e eu resolvi ser sincera. Você pode ser o incrível Sirius Black, mas nem por isso eu iria me rebaixar e engolir meu amor-próprio para ficar com alguém que, propositalmente, foi um imbecil. A sua intenção era me machucar e você conseguiu.
falou tudo de uma vez, sentindo seu coração bater rápido. Ela precisava tirar aquele peso do peito, Sirius tinha que saber o quanto havia a machucado. O rapaz ainda continuava em silêncio. inspirou fundo e olhou para longe.
— Não tem um dia que eu não me odeie por ainda te amar — confessou em um suspiro pesado. — Você foi meu grande amor, ainda é. Mas eu me amo mais. — Ela voltou a olhá-lo.
Ela se inclinou e colou seus lábios nos dele. O contato foi retribuído e o selinho se tornou um beijo cheio de sentimento. A língua de Sirius pediu passagem e foi concedida mais do que rapidamente. Quando o fôlego começou a faltar para os dois, eles se separaram. Com as testas coladas e ainda de olhos fechados, deu um selinho nele.
— Boa noite, Sirius — ela sussurrou e se levantou, deixando o garoto sentado no chão, ainda atordoado.
Quando Sirius abriu os olhos, já tinha sumido. Ele ficou mais um tempo sentado no chão, refletindo sobre tudo que a garota tinha dito. Ele realmente tinha fodido com tudo. E pior, tinha perdido o amor de sua vida.
A semana do baile passou tão depressa que sentiu que foi em um único piscar de olhos. Graças a Merlin não houve nenhum problema na comissão e tudo corria como o planejado. Depois daquela noite de sábado, se escondia pelos cantos do castelo para não encontrar com Sirius. Ela contou tudo para Lily logo no domingo durante o café da manhã. A ruiva concordou com a decisão da amiga e disse que a apoiaria em todas as suas decisões.
Na sexta de tarde, a comissão já organizava o Salão Principal para a festa. corria de um lado para o outro, ajudando todo mundo que gritava seu nome. Sirius e Lily arrumavam a mesa de doces juntos, separando tudo em sessões diferentes: de um lado sapos de chocolate, do outro bombas de chocolate com tortinhas de abóbora, varinhas de alcaçuz no meio, dentro de um pote gigante de vidro. não queria dar o braço a torcer, mas Sirius havia feito um ótimo trabalho. Quando deu cinco da tarde, liberou todos para se arrumarem para o baile que começava em uma hora. correu para as masmorras, entrando com tudo no seu quarto e vendo as colegas já no processo de se maquiar em frente ao espelho gigante do lado do banheiro. Ela tomou um banho quente e relaxante, lavando os cabelos bagunçados de tanto enrolar as mechas no dedo devido ao nervosismo.
correu de volta para o quarto enrolada na toalha e pediu para uma de suas colegas subir o zíper de seu vestido nas costas. Em dez minutos, conseguiu dar um jeito no cabelo, secando os fios com um jato de calor da varinha e fazer um penteado com um feitiço que sua irmã havia lhe ensinado. Santa Adrienne! A maquiagem foi o que demorou um pouco mais, os feitiços que havia testado não eram tão bons, então seu rosto sempre ficava parecendo como o de uma duquesa da era vitoriana.
Suas colegas de quarto já haviam saído há tempos. passou o batom vermelho nos lábios e murmurou um feitiço para que não borrasse durante a festa. Ela calçou o salto alto e prendeu a máscara ao rosto. Deu uma última olhada no espelho, encarando seu reflexo. O vestido era um tanto quanto ousado. O busto era branco, uma gargantilha de cristais prendia o tecido que descia até a cintura, deixando as costas completamente expostas, inclusive a tatuagem de na base de seu seio esquerdo, um isqueiro branco que havia feito em homenagem ao seu pai. A saia do vestido era branca, com uma camada de tecido prateado brilhante, que Adrienne enfeitiçou para que sempre refletisse as cores do ambiente. sentia que era observada enquanto subia as escadas até chegar ao hall de entrada do Salão Principal. Também não era para menos, ela estava deslumbrante e sabia disso. Ela olhou ao redor e encontrou os cabelos ruivos de Lily conversando animadamente com Potter.
— Se me permite dizer, está linda, . — Lupin parou ao lado dela e sorriu amigavelmente.
— Você também tá, Remus. Vamos? — Ele esticou o braço e ela segurou. Eles se aproximaram de Lily e James.
— ? por Merlin! Você parece uma deusa! — Lily abraçou a amiga, ainda observando a produção dela.
— Eu? Olha só você! Parece até com Afrodite, a deusa do amor e da beleza.
— Quero só ver a cara de Sirius quando te ver — Lily comentou, rindo e sentiu as bochechas esquentarem. — Afinal, quem é seu par? Ainda não acredito que não me contou.
— Eu — Lupin se manifestou e riu da cara de choque dos dois. — Viemos como amigos, ok? Já deixando bem claro.
Os quatro andaram devagar para dentro do Salão Principal, encontrando o ambiente completamente transformado. As quatro mesas gigantes haviam desaparecido. No lugar delas várias mesas redondas com espaço para oito pessoas estavam posicionadas. A mesa dos professores deu espaço para um palco, onde Carl Avery estava com uma mesa de som e vários instrumentos musicais. A mesa de doces parecia ter feito sucesso, havia uma fila de pessoas esperando para se servir. Eles montaram ainda uma mesa de buffet com variadas comidas, que eram repostas a todo momento pelos elfos da cozinha.
— Ficou lindo, meninas — James elogiou e Lupin concordou.
Eles foram para a mesa reservada e se sentaram, pegando a taça com suco de abóbora que se enchia magicamente. Eles conversavam animados sobre como tudo estava perfeito. Lily e resolveram ir para a pista de dança, enquanto os meninos conversavam ainda sentados na mesa. A música era animada e elas pulavam alegremente com outros alunos.
Sirius observou de longe dançando como se não houvesse o amanhã. Ele nunca a tinha visto com um brilho no olhar tão lindo quanto naquela noite. Ela estava simplesmente linda, o vestido parecia ter sido feito especialmente para ela. Nenhuma outra garota ficaria tão bem quanto ela. Ele bebericou o copo com cerveja amanteigada, enquanto encostava na parede do Salão.
Um estrondo deixou todos em alerta, o segundo barulho foi ainda mais alto e o pânico geral se instaurou. Sirius correu para a pista atrás de , mas não a encontrou. Os professores gritavam para que os monitores organizassem os alunos em uma fila e os levassem para o terceiro andar. Os monitores já haviam entendido o que a professora planejava fazer: evacuar os alunos para Hogsmeade através de uma das passagens secretas. Evans foi a responsável por levar os alunos menores de idade primeiro. olhava nervosamente ao redor até encontrar quem procurava. Ela correu pelo Salão e abraçou Sirius. O mundo pareceu parar por um minuto e então uma nova explosão aconteceu. Uma parte do castelo havia desabado. Era a parte oeste, ainda era longe de onde estavam.
— Me ajuda, temos que tirar os mais novos daqui. — arrastou Sirius pela mão e o garoto entrelaçou os dedos nos dela. — Alunos do terceiro e quarto ano, me sigam! — Ela ordenou e saiu junto de Sirius do Salão Principal.
Eles foram até onde James esperava, do lado de fora da Sala Precisa. Lily estava do outro lado da passagem, em Hogsmeade, esperando uma nova remessa de estudantes. Os últimos alunos passavam pelo túnel, quando Lupin chegou com mais pessoas, os alunos do quinto ano.
— Cadê o resto? — perguntou.
— Vão lutar — Remus respondeu nervoso. E então acalmou a voz, falando baixo. — São os seguidores dele. Ele está atacando a escola.
segurou a vontade de gritar. Eles precisavam de ajuda. Meia dúzia de professores e alunos do sexto e sétimo ano não eram páreos para bruxos experientes com artes das trevas. E o pior de tudo era que Dumbledore não estava na escola, ele havia saído naquela mesma manhã, soube diretamente pela professora McGonagall. Assim que o último aluno sumiu pelo túnel, Lily surgiu.
— Trouxe ajuda. — Ela tentou sorrir, mas estava com medo demais para isso.
Os membros da Ordem da Fênix saltaram pelo quadro e começaram a sair da sala preparados para a guerra. Adrienne foi a última a sair e correu para abraçar a irmã.
— ! Por favor, vá para Hogsmeade, se proteja!
— Claro que não, Adri! Eu vou lutar, eu vou proteger a escola. Meus amigos estão aqui, essa é minha casa.
Adrienne abraçou a garota de novo, dessa vez mais apertado. Sabia que não adiantava discutir e no seu íntimo estava orgulhosa dela. O grupo saiu junto da sala, com as varinhas em mãos, atentos a qualquer movimentação estranha. Eles foram juntos para o Salão Principal, onde a luta já começara. McGonagall duelava com dois comensais, Flitwick com três e Slughorn se defendia de feitiços lançados de todos os lados. Outros professores também estavam na batalha, tentando se defender e proteger os alunos que ficaram. (N/A: Dá play na música agora!).
viu um jato verde passar raspando por seu cabelo e virou rapidamente, lançando um Estupefaça. O grupo se espalhou pelo ambiente e procurou a irmã, que duelava com a mãe perto da mesa de som. Sirius duelava com a prima, Bellatrix Lestrange, três metros de distância de onde ela estava. James e Lily lutavam juntos contra um homem gigante, com presas enormes saindo da boca. Lupin duelava com uma ex-aluna, conseguiu reconhecer que ela fora da Sonserina, já havia topado com ela diversas vezes na sala comunal.
Sirius gritou quando conseguiu derrotar a prima, deixando-a nocauteada no meio das pessoas. Ele se juntou a , que tentava se defender dos feitiços lançados por Lucius Malfoy. Os dois se olharam rapidamente e gritaram juntos Estupore, jogando o homem para longe. Não tiveram tempo de comemorar, uma nova chuva de feitiços foi lançada nos dois, que acabaram se distanciando enquanto buscavam se proteger. acabou ficando perto de onde estava uma das mesas com comida. Ela não reconhecia a mulher que a atacava, mas os cabelos loiros lembravam muito os do Malfoy. Foi um duelo difícil, ela já não sabia mais que feitiço usar para se proteger, quando sua irmã apareceu por detrás da comensal, a desarmando e petrificando-a.
Sirius havia derrotado outro comensal com a ajuda de Lupin e corria na direção de .
Uma explosão fez todos se abaixarem e uma das paredes do Salão ruiu. Quando a poeira abaixou, os duelos tornaram-se ainda mais ferozes. Sirius procurou por , mas não a achava em lugar algum. Ouviu um gemido de dor e grito de ajuda, a voz soava como a de . Sirius sentiu o coração apertar quando viu a cena. estava presa debaixo de um grande bloco de pedra, seu corpo estava quase completamente soterrado, apenas a cabeça e o braço direito dela estavam livres. As varinhas dos dois tinham sumido quando houve a explosão e Sirius até tentou levantar o pedregulho, mas era impossível conseguir fazer isso sozinho. Ele se ajoelhou ao lado dela, fazendo um carinho em seu cabelo enquanto deixava as lágrimas descerem pelo seu rosto.
— Sirius… — chamou, sua voz quase um sussurro.
— Shh… — Ele tentava confortar a garota, que também chorava.
— Eu t-te am-mo — ela confessou, um filete de sangue escorrendo de sua boca.
— Eu também te amo, . Por favor, fica comigo — ele implorava. sorriu doce e esticou a mão na direção dele. Doía demais, mas não importava.
— Diz p-pra minha irmã n-nã-o chorar ou fi-icar triste. Eu estou no paraíso com o papai. — Ela sorriu e fez um carinho no rosto dele.
— , não, por favor… — Sirius chorava alto.
— M-me deixe s-sonhar com as est-trelas. — Sua voz estava ainda mais baixa.
Dumbledore aparatou no meio do caos e a maioria dos comensais que ainda estavam vivos sumiram o mais rápido que puderam. Aos poucos, os sobreviventes começaram a se reencontrar. O grito de Adrienne quando viu a irmã foi ensurdecedor, ela estava perdendo sua única família. Ela se jogou ao lado da garota e beijou sua testa, com a respiração desregulada e o rosto molhado.
— Ajudem! Tirem isso de cima dela! — respirou fundo quando tiraram o peso de cima de seu corpo. — Temos que levá-la para o St. Mungus!
— Adri… — chamou.
— Vamos! O que estão esperando? — Ela gritou.
— A-adrienne — chamou e sorriu quando a irmã a olhou. — Es-stá tudo b-bem. O p-papai tá m-me esp-perando.
— Não, . Eu não posso te perder.
— E-eu te amo, Ad-dri. — sorriu e Lily surgiu em seu campo de visão. — C-cuide d-del-le pra m-mim? — Ela pediu, sabendo que a amiga entenderia o pedido. — T-te amo, Lil-ly.
Sirius apareceu na frente de e segurou sua mão. Ele já não conseguia mais enxergar nada, a visão embaçada e a dor impediam que ele pensasse em qualquer coisa.
— Eu te amo pra sempre, . — Sirius se inclinou e beijou de leve os lábios da garota.
— E-estou us-sando isq-queiros brancos p-para ver — ela sussurrou.
O aperto na mão de Sirius foi se esvaindo aos poucos, até que a mão dela escorregou e bateu no chão. Sirius gritou alto, dizendo o quanto aquilo era injusto e que jurava vingança. Ele iria matar quem fosse necessário para vingar a morte do amor de sua vida.
1996.
Sirius abriu os olhos e se viu em um lugar completamente branco. Não sabia onde estava, a última coisa que se lembrava era ter gritado para Harry, ainda no Ministério, e logo depois ter sido atingido por Bellatrix. Ah… Ele tinha sido atingido. Será que estava morto?
Ele olhou ao redor e percebeu que nunca estivera ali antes. Ouviu uma voz conhecida surgir atrás de si, uma voz que não escutava há anos. Não era possível.
— Sirius? — O homem se virou e encontrou seu melhor amigo parado, de mãos dadas com uma ruiva.
— James? Lily? O que está acontecendo?
— Talvez seja melhor deixar outra pessoa te explicar. — Lily sorriu doce e olhou para além de Sirius.
Ele se virou rápido e foi aí que a viu. Perfeita e linda do jeito que lembrava. Correu até ela o mais rápido que pôde e a abraçou apertado, matando uma saudade de quase vinte anos. Ela sorriu doce e deixou um beijo na bochecha dele.
— ? Como isso é possível?
— Vida após a morte, Sirius. — Ela fez um carinho no rosto dele. — Eu prometi te amar para sempre, não?
A raiva era visível no olhar de . Parecia que poderia incendiar quem cruzasse seu caminho. A menina andava em passos rápidos pelos corredores do castelo, fazendo com que os outros alunos abrissem espaço para ela. Aquela não era a primeira vez que Sirius se intrometia em assuntos que não eram de sua conta. Ela avistou os cabelos negros do rapaz brilhando sob a luz do sol perto do Lago Negro, junto de seus amigos. mirou no grupo e andou furiosa até eles. James apontou com o queixo em sua direção e os outros meninos se viraram.
— ! Que surpresa você aqui, veio confraternizar com os...
— Quieto, Potter! Meu assunto não é com você — cortou o garoto e encarou Sirius. — Não tem nada para me dizer Black?
— Tenho tantas coisas para lhe dizer, . A primeira é que fica adorável com essa ruguinha no meio das sobrancelhas quando está nervosa — ele respondeu, sorrindo de canto, o que deixou a menina ainda mais puta da vida.
— Não testa minha paciência, Sirius. Que porra é essa de você entrar na comissão do baile?
— Ah, isso? — Ele fez um sinal de descaso com a mão. — Quero experimentar novas áreas, sabe? Vai que eu me torno um grande organizador de eventos bruxos quando sair de Hogwarts?
— Saia da comissão, Sirius. — o encarou com fogo nos olhos, sentindo que sua raiva aumentava a cada segundo.
— Não. A própria Profa. McGonagall me deixou entrar no grupo, por que sairia?
— Saia. — Ela deu um passo na direção do rapaz.
— Não. — Ele também deu um passo e sorriu minimamente com a aproximação.
— Por que quer tanto participar disso?
— Experiência — ele respondeu simplesmente. bufou irritada, sabia bem como barganhar para ter o que queria.
— O que quer para sair da organização? — A pergunta dela fez um sorriso surgir no rosto de Sirius, era exatamente isso que ele queria ouvir.
— Um par para o Baile. — Ele se afastou. — Você.
piscou duas vezes antes de processar a informação que tinha escutado. Ele realmente estava a convidando? Depois de tudo o que aconteceu? Sério mesmo? soltou um riso descrente.
— Não. — Ela cruzou os braços. — Prefiro a morte.
— Então sentaremos juntinhos nas reuniões da comissão — Sirius respondeu com uma voz afetada. — Acho inclusive que temos uma agora mesmo, não?
Ele voltou a se aproximar e tentou passar um braço pelos ombros da garota, que, com um movimento rápido, girou o corpo e derrubou Sirius com a cara na grama. A cena era icônica: segurando o braço direito dele, com um dos pés sobre seu braço esquerdo, o prendendo contra as costas dele. Os marotos e os outros alunos que estavam por perto riam tanto que até a lula gigante surgiu na superfície do Lago para ver o que se passava. , ainda imobilizando Sirius, se abaixou ao pé da orelha dele.
— A próxima vez que tentar me tocar sem a minha permissão, eu quebro seus dois braços. E eu não estou brincando. — Ela soltou o garoto com brutalidade e marchou para dentro do castelo.
Peter e James se aproximaram de Sirius, o ajudando a ficar de pé. Black os empurrou e ajeitou o uniforme amassado, tirando a mistura de grama e terra de suas roupas.
— Bem feito. — Remus sorriu para Sirius. — Espero que agora pare de perturbar a pobre garota.
— Pobre garota? Você viu o que ela fez comigo? — Black retrucou raivoso.
— Foi bem impressionante — Peter comentou, mas se calou rápido quando foi praticamente fuzilado pelo olhar de Sirius.
— Quem mandou ser tão irritante assim? — Remus pendeu a cabeça para o lado, ainda sorrindo.
— Você só a está defendendo porque são amigos — James comentou, arrumando os óculos e Sirius concordou com a cabeça.
— Falam isso como se ela não tivesse sido amiga de todos nós nos últimos anos — Lupin retrucou irritado, o sorriso já havia desaparecido do rosto.
— Até hoje não sei por que ela se afastou da gente — Potter questionou, olhando para Sirius.
— É, eu também não sei por quê. — Sirius pigarreou e desviou o olhar para a entrada do castelo. — Acho melhor ir pra reunião, vejo vocês depois.
Sirius entrou na sala sem bater na porta e acabou interrompendo o discurso de . Ele passou a mão pelo queixo e andou devagar, sendo observado por todos em silêncio até achar um lugar vazio. Quando se sentou, sorriu provocativo para , que endireitou a postura e fez uma cara de desgosto.
— Como eu dizia, vamos nos dividir em setores. Emma Vanity, Lucinda Talkalot e Elliot Brown ficarão com a decoração. Carl Avery será responsável pela música. Lily Evans, eu e Sirius Black ficaremos com comes e bebes. — Ela suspirou pesado na última frase. Seriam longas semanas aguentando Sirius em seu encalço. — A Profa. McGonagall me indicou como responsável pela comissão, então qualquer problema que tiverem me procurem. Também queria tirar da pauta o tema do baile. Alguém tem uma ideia boa?
— Eu pensei em...
— Ninguém? — cortou Sirius, olhando para os outros colegas. — Ninguém mesmo?
— Baile de máscaras — Sirius disse alto. — Clássico, não sai de moda e ainda deixa o mistério de com quem está falando.
Os demais concordaram com o tema, alguns apenas balançando a cabeça e outros com murmúrios. respirou fundo e ajeitou a postura, ela não queria dar o gostinho de vitória para Sirius.
— Todos concordam com o tema do Black? — Os demais confirmaram e forçou um sorriso. — Baile de máscaras será então. Acho que por enquanto é isto. Temos duas semanas para preparar tudo. Estão liberados.
saía da sala junto de Lily, conversando sobre qual seria o provável cardápio do Baile, quando sentiu um puxão no braço. Sua reação foi rápida: uma cotovelada no rosto de quem quer que fosse.
— Que isso, ? — Sirius gritou, segurando o nariz. Suas vestes estavam encharcadas de sangue, o que foi o suficiente para as meninas arregalarem os olhos.
— Ai meu Merlin! — se aproximou para tentar ver o ferimento, mas Black afastou a mão dela. — Me deixa ver, Sirius.
— Você vai me agredir pela terceira vez em menos de uma hora, isso sim.
— Para de palhaçada. — Ela puxou a mão dele que cobria o nariz e o sangue pareceu fluir livremente. Ok, aquilo não era bom.
— Acho que está quebrado — Lily comentou. — Melhor ir até a Madame Pomfrey.
— Eu vou com você.
— Preocupada comigo? — Sirius sorriu com os lábios ensanguentados.
— Não, só não quero que diga abobrinhas para ninguém. Não quero detenção por ter quebrado sua cara feia.
— Não era feia quando você beijava, não é?
— Quer um olho roxo para combinar com o resto? — ficou séria.
— Ok, estou indo, tchau! — Lily disse, andando para o mais longe possível dos dois.
começou a andar para o outro lado, na direção da ala hospitalar. Seis passos depois, Sirius estava ao seu lado, segurando o nariz dolorido. se sentiu mal. Ela realmente queria machucar o garoto em diversos momentos do seu dia, mas nunca imaginou que fosse de fato fazer isso. O mais longe que tinha chegado era imobilizá-lo. O caminho até a enfermaria foi silencioso e nenhum dos dois parecia incomodado com isso, na verdade era até confortável.
A cara que Madame Pomfrey fez quando viu os dois passarem pela porta foi impagável. Sirius desejou ter uma câmera para registrar o momento. Na verdade, o conserto do estrago que fez foi bem rápido. Com um feitiço, o nariz de Sirius voltou para o lugar e com mais outro suas roupas ficaram limpas novamente. Antes de saírem, Madame Pomfrey ainda fez Black tomar uma mistura verde gosmenta, que segundo a enfermeira era uma poção para dor. controlou a risada quando o garoto quase gorfou a poção junto do café da manhã.
— Eu só vou dizer isso uma vez e se você contar para alguém, eu te faço de oferenda para a lula gigante. — parou no corredor antes dos dois adentrarem o Salão Principal. — Desculpa.
— me pedindo desculpas? Isso sim é um fato histórico! — Sirius sorriu brincalhão e revirou os olhos, se afastando dele com um sorriso mínimo nos lábios.
A semana correu tranquila. Ou quase isso. Lily e estavam sentadas em uma sala de aula vazia, discutindo o possível cardápio para o baile. Sirius não apareceu. As meninas esperaram por ele por quase 20 minutos antes de começarem a trabalhar.
Depois de fazer uma lista com as refeições mais comuns, as duas andaram juntas em direção à cozinha do castelo, precisavam ver o que os elfos poderiam preparar e o que teriam que encomendar em Hogsmeade. pulava o degrau mágico da escadaria quando viu a cabeleira negra no fim do corredor se despedir de alguém. Lily segurou o braço da amiga e as duas andaram juntas até a tapeçaria que escondia a passagem para a cozinha. Sirius encontrou as duas no meio do corredor e estampava um sorriso de lado. Ele passou a mão pelo cabelo, jogando os fios para trás, e encarou as garotas.
— Desculpe-me o atraso, meninas.
— Se não vai levar isso a sério, melhor sair logo, Black — respondeu curta e grossa.
— Estava cuidando de problemas pessoais, .
— Não sabia que problemas pessoais deixavam marcas de batom no pescoço — retrucou e se odiou no mesmo momento em que um sorriso presunçoso surgiu no rosto de Sirius.
— Ciúmes, ? — Ele provocou.
— Nos seus sonhos.
— Se você soubesse o que acontece nos meus sonhos, você não diria isso.
Lily sentiu que aquela era sua deixa e soltou o braço de , que nem percebeu, e foi para a cozinha adiantar o que tinha que ser feito.
— Você me enoja. — respondeu desgostosa. — E esse não é o assunto aqui.
— E qual é então? — Sirius cruzou os braços, esperando por uma resposta.
— Sua falta de comprometimento.
— Já disse que eram problemas pessoais.
— Problemas pessoais uma ova, Black! — estourou. — Você se envolve com as coisas e no minuto em que se torna sério e real você dá um jeito de fugir! — Ainda bem que o corredor estava vazio, porque quase gritou. O sorriso do rapaz tinha desaparecido e a conversa já não parecia ser mais sobre o atraso.
— Não sei sobre o que você está falando, . — Sirius desviou o olhar para o chão.
— Você nunca sabe, né? — alfinetou e Sirius conseguiu ver a mágoa nos olhos dela.
Os dois se encaravam em silêncio, tentando se comunicar apenas com os olhares. A verdade era que não tinha superado. Ela se sentia mal, como se tivesse sido usada e descartada por Sirius.
era amiga dos marotos desde o segundo ano, quando contou com a ajuda de Lupin quando caiu da vassoura durante a aula de voo. Ela participou de algumas das pegadinhas deles, como a que eles alagaram a sala do Filch, ou quando fizeram poção polissuco e se transformaram na Profa. Minerva e deram detenção aos alunos da Sonserina.
Durante o quinto ano, em uma festa na sala comunal da corvinal, e Sirius deram o primeiro beijo. Todos estavam sentados em uma roda, jogando verdade ou consequência. Sirius já havia dançado em cima da mesa com a saia do uniforme feminino e já tinha admitido que tinha uma tatuagem. Quando a garrafa apontou para ela de novo, suou frio. Já não podia mais escolher verdade e sabia que a consequência não seria moleza, ainda mais porque a outra ponta da garrafa apontava para James Potter. tomou um gole da cerveja amanteigada e negou quando a consequência era mostrar onde estava a tatuagem. James sorriu e olhou cúmplice para Sirius, dando uma outra opção para ela: beijar o garoto. pensou em recusar, mas quando se deu conta já estava ao lado de Sirius, dando um baita beijo na frente de todos. Depois daquela festa, e Sirius passaram a se beijar em segredo e entre as aulas. Ninguém sabia, mas eles tinham a impressão de que Potter desconfiava.
No sexto ano, eles concordaram em não ficar com outras pessoas, mas também não queriam assumir que estavam juntos. Foi durante um final de semana que os dois se encontraram de madrugada na estufa e perderam a virgindade. Aquela foi a primeira vez de ambos.
Durante as férias de verão, antes do retorno a Hogwarts para o último ano, foi convidada a passar uns dias na casa dos Potter, onde Sirius morava e os outros marotos já estavam há uma semana. Os cinco foram juntos a um cinema trouxa assistir Star Wars: Uma Nova Esperança. No meio do filme, Sirius abraçou os ombros de e ela sussurrou um ‘te amo’ no ouvido dele antes de encostar a cabeça em seu ombro. O resto do filme Sirius ficou tenso.
Quando saíram da sala escura, foram todos para uma sorveteria discutir o que tinham visto. Sentado ao lado de , Sirius começou a trocar olhares com uma garota duas mesas distante de onde estavam, e quando se levantou para ir ao banheiro, ele resolveu agir. tinha percebido que Sirius tinha ficado estranho desde que ela confessou seu sentimento, mas imaginou que era porque estavam junto dos outros meninos. Quando voltou do banheiro, viu uma cena que nunca imaginou que pudesse machucar tanto: Sirius sentado em outra mesa, conversando ao pé do ouvido de uma garota que não era ela. não sabe como conseguiu fingir tranquilidade quando se sentou junto aos marotos e Sirius voltou para a mesa se vangloriando que havia conseguido o telefone e um encontro com uma trouxa francesa. Eles não trocaram nenhuma palavra no caminho de volta para a casa.
Após o jantar, os cinco se sentaram no gramado do quintal enquanto conversavam sobre o último ano em Hogwarts e o que fariam quando acabassem os estudos. Todos concordaram que se juntariam à Ordem da Fênix e lutariam contra Voldemort e seus seguidores. James, Peter e Remus se levantaram para jogar uma partida de quadribol antes de tomarem banho e irem se deitar. segurou o braço de Sirius e pediu para conversar. Quando tocou no que aconteceu na sorveteria, Sirius se fez de desentendido.
— Achei que tínhamos combinado de sermos exclusivos… — começou.
— Acho melhor não manter mais isso.
— Foi porque eu disse que te amo? — Ela perguntou depois de um tempo e viu o rapaz desviar o olhar. — Foi, não foi? — Ele não respondeu e teve sua resposta. — Você ficou com outras pessoas enquanto estávamos juntos?
— Nunca estivemos juntos, — ele respondeu grosso. — Inocência sua pensar que eu ficava só com você.
Aquela foi a gota d'água. se levantou rápido e entrou na casa. Subiu direto ao quarto de hóspedes e arrumou suas coisas numa velocidade impressionante. Desceu rápido as escadas e se despediu dos pais de James, agradecendo a hospedagem. Quando passava pela cozinha para chegar à porta, encontrou James bebendo água.
— Aonde vai, ? Pensei que ficaria até o domingo.
— Vou embora. Nos vemos em Hogwarts. — tentou passar pelo amigo, mas ele segurou seu braço.
— O que aconteceu?
— Seu amigo é um idiota. — sorriu triste e apontou com o queixo para a entrada da cozinha, onde Sirius estava parado. James se virou e no minuto seguinte já havia desaparatado para longe.
O resto do verão passou junto de sua irmã e Lily, afogando a tristeza em sorvete de morango e filmes românticos trouxas. Quando chegaram juntas à estação de trem, viram os marotos de longe. James, Peter e Remus acenaram para elas, que retribuíram. Sirius apenas ficou parado observando , que fez questão de ignorar a existência dele. Desde então, não manteve mais amizade com os garotos. Ela resolveu gastar sua energia e concentração em outras atividades, como os estudos, o cargo de monitora e a comissão do baile. Era seu último ano em Hogwarts e não iria ficar chorando pelos cantos por alguém que nunca nutriu sentimentos por ela.
Os dois ainda se encaravam quando Lily saiu da cozinha, carregando um pedaço de pergaminho com as anotações do que iriam precisar comprar em Hogsmeade. A ruiva parou ao lado da amiga e tocou seu braço, fazendo quebrar o contato com Sirius.
— Já está tudo certo.
— Tudo bem, melhor irmos. — olhou uma última vez para Black e andou com Evans para a sala de McGonagall.
Depois de conversar com a professora, ficou acordado que elas iriam encomendar as bebidas com Madame Rosmerta no Três Vassouras. A comissão se reuniu no sábado de manhã, logo depois do café da manhã, e discutiram o andamento das preparações para o baile. e Sirius não se olhavam desde o último encontro, mas agora teriam que ir juntos a Hogsmeade fazer as encomendas.
A comissão foi liberada para sair mais cedo do castelo para conseguir pesquisar e comprar tudo que faltava para o baile. O Três Vassouras ainda estava vazio, sem todos os estudantes gritando e rindo alto nas mesas. Eles não se demoraram conversando com Madame Rosmerta, fizeram os pedidos e andaram até a Dedos de Mel, fazendo um enorme pedido de doces. e Lily haviam pensado em uma mesa especial para os doces, onde os alunos poderiam se servir a todo momento. Quando saíram da loja, encontraram o povoado cheio de estudantes. A missão do dia já tinha acabado e agora estavam livre para curtir o final de semana sem maiores preocupações.
— Agora só precisamos vir buscar tudo na manhã da próxima sexta. — sorriu animada. O baile tinha começado só como uma válvula de escape, mas agora tinha se tornado um projeto de enorme carinho para ela e tudo tinha que sair perfeito. — Até mais, Black.
se despediu dele e não deixou espaço para resposta, arrastando Lily na direção das lojas de roupas. já tinha comprado seu vestido em uma loja trouxa de luxo, achava que o nome era Chanel ou algo assim, antes de tudo o que aconteceu na casa dos Potter. Sua irmã mais velha, Adrienne, havia a arrastado até o centro de Londres. Dizia ela que deveria estar estonteante no baile. Para ela era fácil dizer, tinha sangue de veela correndo nas veias. As duas compartilhavam apenas o mesmo pai. A mãe de Adrienne, uma francesa sangue puro, abandonou a família para se juntar a Voldemort. O pai delas acabou se casando novamente e perdeu a esposa no parto de . Já fazia três anos que ele havia morrido. passou a morar com a irmã e seu cunhado, os dois eram aurores no Ministério da Magia e também faziam parte da Ordem.
Sentada em uma das poltronas da loja, observou a prateleira de sapatos enquanto Lily ainda experimentava uma dúzia de vestidos no provador. Um salto preto chamou sua atenção e ela se levantou para analisar mais de perto. O sapato tinha um salto agulha fino e alto, poderia até ser usado como arma de defesa pessoal. tirou sua bota e calçou o sapato, cabendo perfeitamente em seu pé. A frente do calçado era aberta, deixando os dedos à mostra e a fita que prendia no tornozelo era enfeitiçada para se entrelaçar sozinha, dando um toque sexy. Iria combinar perfeitamente com seu vestido.
— O que acha desse? Gosto do modelo, mas não sei se a cor… — Lily saía do provador, mostrando um vestido verde musgo, quando olhou para os pés da amiga. — Ok, se você não levar esse sapato, eu levo.
— Perdeu, ruivinha. Vi primeiro — brincou e tirou os saltos, calçando sua bota de novo. Ela olhou para o vestido que Lily usava, não era feio, mas a cor era. puxou a varinha do bolso interno do casaco e apontou para Lily.
— Vai me azarar, ?
— Quieta, Evans. — balançou o instrumento mágico, sussurrando um feitiço que tinha aprendido com Adrienne e o vestido mudou a cor para um vinho fechado, também aumentou o decote frontal e ficou um pouco mais curto. — Dá uma olhada.
— Seu senso de moda é impressionante. Deveria trabalhar com isso — Lily disse, se olhando no espelho. Era o vestido perfeito.
— Quem sabe, não é?
Lily se trocou e as duas terminaram as compras. Elas decidiram tomar umas cervejas antes de voltar para a escola. empurrou a pesada porta de madeira do estabelecimento e encontrou quase todas as mesas lotadas de estudantes, todos com canecas nas mesas, algumas cheias, mas a maioria já vazia. Lily andou entre as pessoas e encontrou uma mesa pequena vazia perto da janela, se sentando para guardar lugar.
— Vou pedir pra gente — avisou e foi até a bancada fazer os pedidos.
A garota observava as pessoas ali. Todas alegres, brincando, rindo e conversando alto. Com certeza ela sentiria falta dessa energia. Seus anos em Hogwarts foram os melhores possíveis e não era porque tinha levado um pé na bunda que isso apagava o fato de que tinha conhecido pessoas maravilhosas. Lily se tornou sua melhor amiga e confidente, quase que uma irmã. Os marotos foram seus amigos por anos. McGonagall, mesmo sendo diretora de outra casa, sempre fez de tudo para ajudá-la, ainda mais quando foi a responsável por dar a notícia da morte de seu pai. Ela sentiria falta de tudo o que viveu dentro daquele castelo, dos passeios a Hogsmeade, das partidas de quadribol e até mesmo de ter que correr de Filch durante a madrugada.
Os pensamentos dela foram interrompidos quando recebeu as duas canecas de cerveja amanteigada, tão geladas que o vidro chegava suava. ia começar a andar, quando ouviu uma voz que conhecia bem surgir ao seu lado.
— Melhor esperar um pouco para voltar pra sua mesa — Sirius disse, se sentando em um dos bancos altos. o encarou confusa e ele apontou para Lily. — James está a convidando para o baile.
observou Potter se sentar na cadeira de frente para Lily e empurrar os óculos que escorregavam pelo seu nariz. Era fofo ver James ficar nervoso perto da amiga. sabia que Lily nutria sentimentos por James desde o início do ano letivo, quando o garoto se tornou monitor-chefe e provou que não era mais aquela criança birrenta e bagunceira do primeiro ano.
— Espero que ela aceite, não quero ouvir choro de noite no dormitório — Sirius comentou brincando e riu baixinho, o que fez o garoto abrir um sorriso. Ele sentia falta daquele som.
— Ela vai, tenho certeza.
— Hum…
— Que foi? — o encarou pela primeira vez.
— Nada, ué.
— Desembucha, Sirius. — revirou os olhos.
— Sua melhor amiga tem um par para o baile…
— E?
— E você ainda não. Se quiser reconsiderar meu convite…
— Eu já disse que não vou com você, Sirius. — agarrou as canecas de cerveja. — E pra sua informação, eu tenho um par para o baile.
Ela deu as costas para o garoto e voltou para sua mesa. James já havia saído e Lily estampava um sorriso enorme. decidiu não contar da conversa com Sirius para a amiga, não queria estragar a aura de felicidade da garota, ela merecia aquilo.
— Sirius não para de olhar para cá — Lily comentou, bebericando sua bebida.
— Problema dele.
deu de ombros e se virou para a mesa do garoto, o pegando no flagra. Ela sorriu cínica e mexeu os lábios, mas sem produzir som algum “se gostou, é melhor tirar uma foto, dura mais tempo”. Lily balançava a cabeça em negação, mas segurava uma risada. gostava de fingir que ainda não tinha sentimentos por Sirius e isso divertia, mas também preocupava, a Lily.
Elas passaram o dia todo no Três Vassouras, voltando para o castelo somente na hora do jantar. Sentaram juntas na mesa da Grifinória durante a refeição. Nenhum aluno olhava esquisito para , já era comum ela se sentar na mesa dos leões. foi a única da família a cair na casa das serpentes, sua irmã foi da Lufa-Lufa e seu pai da Corvinal. Sua mãe não havia estudado em Hogwarts, ela havia ido para a Europa depois de terminar os estudos em Castelobruxo, a escola de magia do Brasil, para trabalhar no departamento de Cooperação Internacional de Magia.
Os marotos se sentavam relativamente perto das meninas e não pôde deixar de ouvir a conversa deles.
— Conta logo quem é seu par, Aluado! — Sirius praticamente implora a Lupin.
— Já disse que não, Almofadinhas!
— Vai ver é alguém que já conhecemos — Peter palpitou e sentiu o corpo gelar.
— Não quero contar porque não é da conta de vocês, apenas isso.
— Com certeza é alguém que já conhecemos! — Potter bateu o martelo e Lupin revirou os olhos cansados.
— Por que a gente não fala do fato do Sirius ir sozinho?
— Mas eu não vou sozinho.
— Vai com quem então? — James perguntou curioso.
— Com a , ela vai aceitar.
parou de escutar quando se engasgou com a comida. Lily entregou a taça com suco de abóbora e deu uns tapinhas nas costas dela, tentando ajudar. Os meninos se viraram para as meninas e encararam a cena em completa confusão. fez uma careta para os quatro e se despediu de Lily. No caminho para as masmorras, pensava no que tinha escutado. Sirius parecia determinado a levá-la ao baile, mais estranho ainda, ele parecia querer se aproximar dela. Não, estava imaginando coisas. Sirius só a queria irritar, somente isso.
atravessou a passagem secreta e andou até o dormitório feminino, empurrou a porta de seu quarto e pegou uma muda de roupas limpas. foi para o banheiro tomar um banho e enquanto estava embaixo da água quente, relembrou os acontecimentos da última semana, se sentindo estúpida por achar que Sirius ainda nutria sentimentos por ela. Ainda, parecia até piada. Ele nunca tinha gostado dela. E foi quando sentiu vontade de chorar. Sirius foi a primeira pessoa que ela se apaixonou e confiou o suficiente para compartilhar sonhos, medos e esperanças. Nunca tinha conseguido criar ou manter uma ligação com qualquer outra pessoa, nem mesmo com seu primeiro namorado.
Decidindo que já tinha mergulhado tempo o suficiente nas memórias, desligou o chuveiro e se vestiu, voltando para o quarto. Ela se deitou na cama, ainda absorta em pensamentos. Suas colegas de quarto chegaram animadas com sacolas de compras e todas conversaram sobre o baile no próximo final de semana. As garotas diziam quem eram seus pares, mostravam seus vestidos e máscaras, calçavam os sapatos e desfilavam pelo quarto.
— E quem é seu par, ? — Uma das garotas perguntou.
— Hum, prefiro não comentar.
— É o Black, não é? — Katherine, a mais baixinha do grupo, perguntou.
— Sirius? — riu. — Não, não é ele.
— Não sei como conseguiu dar um fora nele. O Black não é de se jogar fora — a primeira garota comentou de novo.
— É. — sorriu amarelo. — Vou dar a última ronda no castelo. Boa noite, meninas.
se despediu e saiu o mais rápido que pôde do quarto. As meninas não sabiam que ela teve uma relação com Sirius, achavam que eles foram apenas amigos. A garota atravessou a sala comunal já vazia e subiu as escadas para sair das masmorras. andou devagar pelos corredores vazios. Acabou encontrando Lily quando passava pela saída do corujal, que afirmou não ter mais ninguém lá em cima, o que foi uma mentira deslavada quando James desceu as escadas ajeitando os cabelos. riu e desejou boa noite aos outros dois monitores, fingindo que não tinha visto nada. Ela acabou encontrando primeiranistas da Corvinal fora da cama, tentando passar de fininho até a torre de astronomia, o que rendeu três pontos a menos à casa das águias.
já quase terminava a ronda, quando resolveu passar pela estufa no exterior do castelo. Normalmente, ela não fazia isso, mas sentiu como se algo a chamasse até lá. Assim que se aproximou, conseguiu ver a chama de uma vela pelo vidro, que se apagou assim que ela abriu a porta.
— Saia agora e eu não tiro ponto de sua casa — ela falou alto e viu uma sombra se mexer perto de uns vasos. — Não vou pedir de novo.
Ela disse firme e cruzou os braços. A sombra se mexeu e saiu do escuro. Sério, universo? Isso era algum tipo de pegadinha?
— Você fica bem sexy mandando assim — Sirius disse, com um sorriso ladino.
— Já estou revendo o que disse de tirar pontos de sua casa.
— Tira, duvido — ele provocou. sorriu sonsa.
— Menos cinco pontos para a Grifinória. — Ela sorriu mais largo ainda com a cara espantada de Sirius.
— Você não pode fazer isso.
— Não só posso como já fiz. Volta pra sua torre, princesa. — Ela deu espaço para ele passar.
Ele passou por ela, que seguiu de perto para dentro do castelo de volta. Eles andavam em silêncio, mas dessa vez não era confortável. queria perguntar por que ele estava ali. Normalmente eles sempre se encontravam na estufa quando estavam juntos. “Juntos” né?
— Só queria pensar, ok? Não quebrei ou roubei nada — Sirius suspirou. continuou em silêncio. — Regulus se juntou a ele.
Sirius confessou com um suspiro triste e encostou em uma das paredes do corredor. parou ao seu lado e deslizou até se sentar no chão, puxando a mão de Sirius para se sentar também. Eles ficaram quietos por um momento até conseguir achar as palavras certas.
— Você não pode protegê-lo de tudo, Sirius — ela começou, ainda incerta. — Eu sei que ele é seu irmão e que você nunca vai deixar de amá-lo, mas às vezes as pessoas precisam fazer a coisa errada para conseguir enxergar a verdade.
— Você sempre foi boa com as palavras — ele disse depois de um tempo e sorriu pequeno, sendo acompanhado por ela.
— Um dos meus muitos talentos — ela fingiu uma entonação presunçosa. Sirius empurrou seu ombro de leve. voltou a falar baixo. — Sua família sempre foi muito influente com Regulus. Não vou protegê-lo de tudo e dizer que ele é 100% inocente, mas ele teve a cabeça feita por seus pais. E não é culpa sua o lado que escolheu.
Ela finalizou a fala e os dois mergulharam em um silêncio absurdo. sabia o quanto Sirius era protetivo e o quanto ele queria salvar seu irmão de tomar as decisões erradas, mas ele não entendia que isso não cabia a ele. sempre tentou fazer com que ele enxergasse isso, e talvez até tenha conseguido um pouco. Ela deitou a cabeça no ombro de Sirius e fechou os olhos ao inspirar o perfume dele, uma mistura de cítrico com gengibre. Uma essência que só ficava perfeita com ele. Sirius puxou a mão dela e fez um carinho com o polegar sobre a palma dela. Eles estavam confortáveis naquela posição, fazia tempo que não ficavam assim, e era tudo culpa dele.
— …
— Hum? — Ela murmurou, ainda de olhos fechados.
— Me desculpa? — Ela abriu os olhos e encarou o menino em silêncio. — Eu sei que te machuquei, eu sei que fui um completo idiota. Eu sei disso. Quando você disse que me amava, eu surtei, pra ser sincero. Eu sentia o mesmo, eu ainda sinto. Eu só não soube como agir.
— E jogar na minha cara que nunca ficou só comigo foi sua melhor saída? — perguntou, rindo falsamente e se afastou dele. — Sabe, Sirius, eu realmente me entreguei por inteiro pra você. E você não quis retribuir, e tá tudo bem. Mas o que você disse foi baixo. — Ela o encarava, era agora que diria tudo o que estava preso em sua garganta desde o verão. — Você que deu a ideia de sermos exclusivos. E eu aceitei. A culpa não é minha se o sentimento começou a crescer e eu resolvi ser sincera. Você pode ser o incrível Sirius Black, mas nem por isso eu iria me rebaixar e engolir meu amor-próprio para ficar com alguém que, propositalmente, foi um imbecil. A sua intenção era me machucar e você conseguiu.
falou tudo de uma vez, sentindo seu coração bater rápido. Ela precisava tirar aquele peso do peito, Sirius tinha que saber o quanto havia a machucado. O rapaz ainda continuava em silêncio. inspirou fundo e olhou para longe.
— Não tem um dia que eu não me odeie por ainda te amar — confessou em um suspiro pesado. — Você foi meu grande amor, ainda é. Mas eu me amo mais. — Ela voltou a olhá-lo.
Ela se inclinou e colou seus lábios nos dele. O contato foi retribuído e o selinho se tornou um beijo cheio de sentimento. A língua de Sirius pediu passagem e foi concedida mais do que rapidamente. Quando o fôlego começou a faltar para os dois, eles se separaram. Com as testas coladas e ainda de olhos fechados, deu um selinho nele.
— Boa noite, Sirius — ela sussurrou e se levantou, deixando o garoto sentado no chão, ainda atordoado.
Quando Sirius abriu os olhos, já tinha sumido. Ele ficou mais um tempo sentado no chão, refletindo sobre tudo que a garota tinha dito. Ele realmente tinha fodido com tudo. E pior, tinha perdido o amor de sua vida.
A semana do baile passou tão depressa que sentiu que foi em um único piscar de olhos. Graças a Merlin não houve nenhum problema na comissão e tudo corria como o planejado. Depois daquela noite de sábado, se escondia pelos cantos do castelo para não encontrar com Sirius. Ela contou tudo para Lily logo no domingo durante o café da manhã. A ruiva concordou com a decisão da amiga e disse que a apoiaria em todas as suas decisões.
Na sexta de tarde, a comissão já organizava o Salão Principal para a festa. corria de um lado para o outro, ajudando todo mundo que gritava seu nome. Sirius e Lily arrumavam a mesa de doces juntos, separando tudo em sessões diferentes: de um lado sapos de chocolate, do outro bombas de chocolate com tortinhas de abóbora, varinhas de alcaçuz no meio, dentro de um pote gigante de vidro. não queria dar o braço a torcer, mas Sirius havia feito um ótimo trabalho. Quando deu cinco da tarde, liberou todos para se arrumarem para o baile que começava em uma hora. correu para as masmorras, entrando com tudo no seu quarto e vendo as colegas já no processo de se maquiar em frente ao espelho gigante do lado do banheiro. Ela tomou um banho quente e relaxante, lavando os cabelos bagunçados de tanto enrolar as mechas no dedo devido ao nervosismo.
correu de volta para o quarto enrolada na toalha e pediu para uma de suas colegas subir o zíper de seu vestido nas costas. Em dez minutos, conseguiu dar um jeito no cabelo, secando os fios com um jato de calor da varinha e fazer um penteado com um feitiço que sua irmã havia lhe ensinado. Santa Adrienne! A maquiagem foi o que demorou um pouco mais, os feitiços que havia testado não eram tão bons, então seu rosto sempre ficava parecendo como o de uma duquesa da era vitoriana.
Suas colegas de quarto já haviam saído há tempos. passou o batom vermelho nos lábios e murmurou um feitiço para que não borrasse durante a festa. Ela calçou o salto alto e prendeu a máscara ao rosto. Deu uma última olhada no espelho, encarando seu reflexo. O vestido era um tanto quanto ousado. O busto era branco, uma gargantilha de cristais prendia o tecido que descia até a cintura, deixando as costas completamente expostas, inclusive a tatuagem de na base de seu seio esquerdo, um isqueiro branco que havia feito em homenagem ao seu pai. A saia do vestido era branca, com uma camada de tecido prateado brilhante, que Adrienne enfeitiçou para que sempre refletisse as cores do ambiente. sentia que era observada enquanto subia as escadas até chegar ao hall de entrada do Salão Principal. Também não era para menos, ela estava deslumbrante e sabia disso. Ela olhou ao redor e encontrou os cabelos ruivos de Lily conversando animadamente com Potter.
— Se me permite dizer, está linda, . — Lupin parou ao lado dela e sorriu amigavelmente.
— Você também tá, Remus. Vamos? — Ele esticou o braço e ela segurou. Eles se aproximaram de Lily e James.
— ? por Merlin! Você parece uma deusa! — Lily abraçou a amiga, ainda observando a produção dela.
— Eu? Olha só você! Parece até com Afrodite, a deusa do amor e da beleza.
— Quero só ver a cara de Sirius quando te ver — Lily comentou, rindo e sentiu as bochechas esquentarem. — Afinal, quem é seu par? Ainda não acredito que não me contou.
— Eu — Lupin se manifestou e riu da cara de choque dos dois. — Viemos como amigos, ok? Já deixando bem claro.
Os quatro andaram devagar para dentro do Salão Principal, encontrando o ambiente completamente transformado. As quatro mesas gigantes haviam desaparecido. No lugar delas várias mesas redondas com espaço para oito pessoas estavam posicionadas. A mesa dos professores deu espaço para um palco, onde Carl Avery estava com uma mesa de som e vários instrumentos musicais. A mesa de doces parecia ter feito sucesso, havia uma fila de pessoas esperando para se servir. Eles montaram ainda uma mesa de buffet com variadas comidas, que eram repostas a todo momento pelos elfos da cozinha.
— Ficou lindo, meninas — James elogiou e Lupin concordou.
Eles foram para a mesa reservada e se sentaram, pegando a taça com suco de abóbora que se enchia magicamente. Eles conversavam animados sobre como tudo estava perfeito. Lily e resolveram ir para a pista de dança, enquanto os meninos conversavam ainda sentados na mesa. A música era animada e elas pulavam alegremente com outros alunos.
Sirius observou de longe dançando como se não houvesse o amanhã. Ele nunca a tinha visto com um brilho no olhar tão lindo quanto naquela noite. Ela estava simplesmente linda, o vestido parecia ter sido feito especialmente para ela. Nenhuma outra garota ficaria tão bem quanto ela. Ele bebericou o copo com cerveja amanteigada, enquanto encostava na parede do Salão.
Um estrondo deixou todos em alerta, o segundo barulho foi ainda mais alto e o pânico geral se instaurou. Sirius correu para a pista atrás de , mas não a encontrou. Os professores gritavam para que os monitores organizassem os alunos em uma fila e os levassem para o terceiro andar. Os monitores já haviam entendido o que a professora planejava fazer: evacuar os alunos para Hogsmeade através de uma das passagens secretas. Evans foi a responsável por levar os alunos menores de idade primeiro. olhava nervosamente ao redor até encontrar quem procurava. Ela correu pelo Salão e abraçou Sirius. O mundo pareceu parar por um minuto e então uma nova explosão aconteceu. Uma parte do castelo havia desabado. Era a parte oeste, ainda era longe de onde estavam.
— Me ajuda, temos que tirar os mais novos daqui. — arrastou Sirius pela mão e o garoto entrelaçou os dedos nos dela. — Alunos do terceiro e quarto ano, me sigam! — Ela ordenou e saiu junto de Sirius do Salão Principal.
Eles foram até onde James esperava, do lado de fora da Sala Precisa. Lily estava do outro lado da passagem, em Hogsmeade, esperando uma nova remessa de estudantes. Os últimos alunos passavam pelo túnel, quando Lupin chegou com mais pessoas, os alunos do quinto ano.
— Cadê o resto? — perguntou.
— Vão lutar — Remus respondeu nervoso. E então acalmou a voz, falando baixo. — São os seguidores dele. Ele está atacando a escola.
segurou a vontade de gritar. Eles precisavam de ajuda. Meia dúzia de professores e alunos do sexto e sétimo ano não eram páreos para bruxos experientes com artes das trevas. E o pior de tudo era que Dumbledore não estava na escola, ele havia saído naquela mesma manhã, soube diretamente pela professora McGonagall. Assim que o último aluno sumiu pelo túnel, Lily surgiu.
— Trouxe ajuda. — Ela tentou sorrir, mas estava com medo demais para isso.
Os membros da Ordem da Fênix saltaram pelo quadro e começaram a sair da sala preparados para a guerra. Adrienne foi a última a sair e correu para abraçar a irmã.
— ! Por favor, vá para Hogsmeade, se proteja!
— Claro que não, Adri! Eu vou lutar, eu vou proteger a escola. Meus amigos estão aqui, essa é minha casa.
Adrienne abraçou a garota de novo, dessa vez mais apertado. Sabia que não adiantava discutir e no seu íntimo estava orgulhosa dela. O grupo saiu junto da sala, com as varinhas em mãos, atentos a qualquer movimentação estranha. Eles foram juntos para o Salão Principal, onde a luta já começara. McGonagall duelava com dois comensais, Flitwick com três e Slughorn se defendia de feitiços lançados de todos os lados. Outros professores também estavam na batalha, tentando se defender e proteger os alunos que ficaram. (N/A: Dá play na música agora!).
viu um jato verde passar raspando por seu cabelo e virou rapidamente, lançando um Estupefaça. O grupo se espalhou pelo ambiente e procurou a irmã, que duelava com a mãe perto da mesa de som. Sirius duelava com a prima, Bellatrix Lestrange, três metros de distância de onde ela estava. James e Lily lutavam juntos contra um homem gigante, com presas enormes saindo da boca. Lupin duelava com uma ex-aluna, conseguiu reconhecer que ela fora da Sonserina, já havia topado com ela diversas vezes na sala comunal.
Sirius gritou quando conseguiu derrotar a prima, deixando-a nocauteada no meio das pessoas. Ele se juntou a , que tentava se defender dos feitiços lançados por Lucius Malfoy. Os dois se olharam rapidamente e gritaram juntos Estupore, jogando o homem para longe. Não tiveram tempo de comemorar, uma nova chuva de feitiços foi lançada nos dois, que acabaram se distanciando enquanto buscavam se proteger. acabou ficando perto de onde estava uma das mesas com comida. Ela não reconhecia a mulher que a atacava, mas os cabelos loiros lembravam muito os do Malfoy. Foi um duelo difícil, ela já não sabia mais que feitiço usar para se proteger, quando sua irmã apareceu por detrás da comensal, a desarmando e petrificando-a.
Sirius havia derrotado outro comensal com a ajuda de Lupin e corria na direção de .
Uma explosão fez todos se abaixarem e uma das paredes do Salão ruiu. Quando a poeira abaixou, os duelos tornaram-se ainda mais ferozes. Sirius procurou por , mas não a achava em lugar algum. Ouviu um gemido de dor e grito de ajuda, a voz soava como a de . Sirius sentiu o coração apertar quando viu a cena. estava presa debaixo de um grande bloco de pedra, seu corpo estava quase completamente soterrado, apenas a cabeça e o braço direito dela estavam livres. As varinhas dos dois tinham sumido quando houve a explosão e Sirius até tentou levantar o pedregulho, mas era impossível conseguir fazer isso sozinho. Ele se ajoelhou ao lado dela, fazendo um carinho em seu cabelo enquanto deixava as lágrimas descerem pelo seu rosto.
— Sirius… — chamou, sua voz quase um sussurro.
— Shh… — Ele tentava confortar a garota, que também chorava.
— Eu t-te am-mo — ela confessou, um filete de sangue escorrendo de sua boca.
— Eu também te amo, . Por favor, fica comigo — ele implorava. sorriu doce e esticou a mão na direção dele. Doía demais, mas não importava.
— Diz p-pra minha irmã n-nã-o chorar ou fi-icar triste. Eu estou no paraíso com o papai. — Ela sorriu e fez um carinho no rosto dele.
— , não, por favor… — Sirius chorava alto.
— M-me deixe s-sonhar com as est-trelas. — Sua voz estava ainda mais baixa.
Dumbledore aparatou no meio do caos e a maioria dos comensais que ainda estavam vivos sumiram o mais rápido que puderam. Aos poucos, os sobreviventes começaram a se reencontrar. O grito de Adrienne quando viu a irmã foi ensurdecedor, ela estava perdendo sua única família. Ela se jogou ao lado da garota e beijou sua testa, com a respiração desregulada e o rosto molhado.
— Ajudem! Tirem isso de cima dela! — respirou fundo quando tiraram o peso de cima de seu corpo. — Temos que levá-la para o St. Mungus!
— Adri… — chamou.
— Vamos! O que estão esperando? — Ela gritou.
— A-adrienne — chamou e sorriu quando a irmã a olhou. — Es-stá tudo b-bem. O p-papai tá m-me esp-perando.
— Não, . Eu não posso te perder.
— E-eu te amo, Ad-dri. — sorriu e Lily surgiu em seu campo de visão. — C-cuide d-del-le pra m-mim? — Ela pediu, sabendo que a amiga entenderia o pedido. — T-te amo, Lil-ly.
Sirius apareceu na frente de e segurou sua mão. Ele já não conseguia mais enxergar nada, a visão embaçada e a dor impediam que ele pensasse em qualquer coisa.
— Eu te amo pra sempre, . — Sirius se inclinou e beijou de leve os lábios da garota.
— E-estou us-sando isq-queiros brancos p-para ver — ela sussurrou.
O aperto na mão de Sirius foi se esvaindo aos poucos, até que a mão dela escorregou e bateu no chão. Sirius gritou alto, dizendo o quanto aquilo era injusto e que jurava vingança. Ele iria matar quem fosse necessário para vingar a morte do amor de sua vida.
1996.
Sirius abriu os olhos e se viu em um lugar completamente branco. Não sabia onde estava, a última coisa que se lembrava era ter gritado para Harry, ainda no Ministério, e logo depois ter sido atingido por Bellatrix. Ah… Ele tinha sido atingido. Será que estava morto?
Ele olhou ao redor e percebeu que nunca estivera ali antes. Ouviu uma voz conhecida surgir atrás de si, uma voz que não escutava há anos. Não era possível.
— Sirius? — O homem se virou e encontrou seu melhor amigo parado, de mãos dadas com uma ruiva.
— James? Lily? O que está acontecendo?
— Talvez seja melhor deixar outra pessoa te explicar. — Lily sorriu doce e olhou para além de Sirius.
Ele se virou rápido e foi aí que a viu. Perfeita e linda do jeito que lembrava. Correu até ela o mais rápido que pôde e a abraçou apertado, matando uma saudade de quase vinte anos. Ela sorriu doce e deixou um beijo na bochecha dele.
— ? Como isso é possível?
— Vida após a morte, Sirius. — Ela fez um carinho no rosto dele. — Eu prometi te amar para sempre, não?
FIM
Nota da autora: Hey hey! Minha primeira ficstape no site, espero que tenham gostado. Esse é com certeza um dos meus álbuns favoritos e sempre que escuto essa música, essa é a história que surge na minha mente. Foi uma narrativa fácil de escrever porque eu já sabia como ela terminaria, mas confesso que foi difícil terminá-la sem sentir uma pontada no peito em separar esse casal lindo. Pelo menos eles ficarão juntos no afterlife, né?
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