Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

A neve caía periodicamente formando um fino lençol branco no chão. As ruas de New York ficam lindas durante o Natal, minha época do ano favorita. Os flocos de neve sujam um pouco o meu casaco de couro preto, mas eu não me importo. Só o que me importa são elas.
Caminho até onde elas estão, minha esposa e filha. A minha esposa me fita com os seus olhos verdes, ela está de mãos dadas com nossa filha, a . Nunca pensei que iria encontrar alguém tão maravilhosa como ela, e também nunca pensei que teria tanta sorte de ter uma filha bonita e esperta como a .
Quando eu vi a pela primeira vez, estava prestes a fazer meus dezesseis anos. O dia estava um pouco quente naquela manhã, e eu estava caminhando sem rumo – naquele dia havia brigado com o meu meio-irmão, Léo – estava bravo com ele, e não queria ficar em casa olhando para cara dele, pois sabia que poderia dar um soco nele a qualquer momento.
Durante o verão sempre eram as mesmas coisas, eu não tinha nada para fazer e o tédio era tanto que eu acabei brigando com o Léo e tive que sair de casa. Naquela manhã saí de casa, coisa que nunca fazia em meus dias normais durante as férias de verão, e se eu não tivesse saído de casa naquela manhã, talvez eu nunca tivesse conhecido a pessoa maravilhosa, que é a . Naquela manhã de quinta-feira eu a vi pela primeira vez, e quando os meus olhos foram de encontro àquele pequeno ser sentada ali no chão, senti o meu coração acelerar e minhas mãos suarem, talvez fosse amor à primeira vista, nunca acreditei muito nisto, mas naquele momento parecia ser tão real.
Estava tão obcecado naquela garota, que comecei a ir todos os dias ao parque para tentar vê-la novamente, e ela sempre estava lá com o seu irmão. Sabia que era o seu irmão por eu te visto algumas vezes na escola, mas eu nunca tinha visto aquela garota, ou eu nunca prestei atenção nela.
Continuei a observar por mais uns dias sem falar com ela, até que tomei coragem e fui falar com ela, caminhei até ela e... E eu fui atingindo por um skatista maluco que passava ali, não me lembro de muita coisa, só de ter sido lançado ao chão e logo depois batendo a cabeça com força. E logo depois avistei a e o Carlos, seu irmão, se aproximando. Eles me ajudaram a levantar e me levaram até o banco onde eles estavam sentados antes de meu “acidente” e começamos a conversar. Como eu já conhecia o Carlos, ficou mais fácil puxar assunto. A estava tão linda e parecia ser tão legal.
Cada movimento que a fazia chamava a minha atenção, o seu jeito de colocar o cabelo para detrás da orelha, o seu sorriso e o lindo tom de verde que seus olhos têm. Parecia que eu necessitava olhar para ela, parecia que sua risada era uma droga para mim, por me lembrar da primavera cheia de flores e pássaros voando e cantando uma melodia linda. Acho que estou virando uma mulher, só pode. Eu estou falando assim de uma garota. Oh, céus, desde aquele momento eu estava apaixonado, e comecei a ser um otário. Otário pela .
Dias se passaram, e ficamos cada vez mais próximos e agora ela está do meu lado, sorrindo.
Sinto-me tão sortudo por ter uma pessoa tão maravilhosa como a ao meu lado. E ela me deu um bem muito precioso para mim, uma filha. A é uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida, se não A melhor. Sou realmente um sortudo por ter duas pessoas tão maravilhosas ao meu lado como elas.
– Papai, olha o que a mamãe comprou para mim. – estava segurando uma bola rosa com alguns desenhos florais. Ela me olha com animação no olhar, sorri ao vê-la ali.
– Ela é linda, princesa. – Falei beijando sua testa.
– Meu amor. – Ela fala, encostando os seus lábios nos meus, dando um rápido selinho. Oh, como eu a amo. – Senti saudades.
– Mas eu só fui comprar um café. – falei, balançando o copo para que ela pudesse ver. Ela riu, e me beijou mais uma vez.
Ela se afastou e soltou uma risadinha baixa, aquela risadinha que eu adoro tanto.
Ela abaixou a cabeça e virou para o lado, à procura de nossa filha. Ela girou a cabeça para todos os lados não a encontrando. Eu também comecei a procurar, e ela parecia ter sumido do nada. E eu estava preocupado com minha filha. Onde diabos ela se meteu?
? – Ela gritou. – , onde você está?
! – gritei.
– Mamãe. – ela gritou acenando. Ela estava no meio da pista. E então escutei um grito desesperado de .
Tudo aconteceu tão rápido. A correndo até , tentando fazê-la desviar do carro que vinha em alta velocidade. Eu também corri o mais rápido que pude, sentido o meu coração pulsar em meu ouvido. correu mais rápido que eu e empurrou para o lado, que caiu no chão logo à frente. tentou desviar do carro, mas não deu tempo. E ela foi atingida em cheio pelo o carro a derrubando no chão.
A última coisa que escutei foi o seu grito amedrontado, antes de ver o seu corpo cair no chão.
Corri até ela com as mãos e pernas trêmulas, a chorava descontroladamente aos pés de , a mesma estava desacordada. Ajoelhei-me ao seu lado e comecei a passar a mão por seu rosto, chamando o seu nome tentando acordá-la, mas era em vão. Uma poça de sangue se formava embaixo dela, e os seus cabelos formavam uma roda ao redor de sua cabeça. Meu Deus, o que eu vou fazer sem ela?
– Alguém liga para a emergência, pelo amor de Deus. – Pedi para as pessoas que arrodeavam ali. Até que uma jovem ligou, a agradeci com a cabeça.
Tudo ocorreu tão rápido, dentro de minutos uma ambulância chegou. Eu estava com a nos braços. Entrei com ela dentro do meu carro e segui a ambulância até o hospital. Eu estava trêmulo, não tentei mostrar muitas emoções para não preocupá-la e não deixá-la mais nervosa do que ela está.
– Tudo vai ficar bem, a mamãe vai ficar boa. – falei, passando a mão em sua cabecinha e depois depositei um beijo em sua testa.
– Você jura? – ela fungou o nariz.
– Juro – falei, com um pouco de receio.
Eu realmente espero que ela fique bem.

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Depois de chegar ao hospital eu liguei para o Carlos. Ele ficou desesperado quando soube da notícia. Ele veio até aqui e deixei-o a par da situação de , que não é nada boa. Ele ficou extremamente preocupado, como não, ela é sua irmã. Enquanto eu estava andando de um lado para o outro, rezando e mantendo a fé que tudo ficará bem. Tudo ficará bem. Carlos ligou para os seus pais, que estão no Japão. A mãe dele teve uma queda de pressão, mas já está melhor – na medida do possível, eles estão vindo para cá, e estão orando para que tudo fique bem, todos nós estamos.
Meus pais estão muito preocupados com a , inclusive o Léo, que sempre gostou tanto da . Para ele, ela é como uma irmãzinha mais nova que ele nunca teve. Meus pais disseram que viriam deixar algumas coisas, para mim e para a .
Carlos levou a para sua casa, ela teve que tomar uns calmantes. Ela não parava de chorar e tremer, e eu entendo como a minha pequena está se sentindo, pois minha situação não é muito diferente da dela.
Estou neste maldito hospital há horas, esperando uma notícia decente da , mas não recebi nenhuma que me confortasse ao ponto de minha preocupação passar, só soube que ela está em cirurgia e que seu caso é delicado. Soube que ela quebrou as duas pernas, e bateu a cabeça com muita força e a cirurgia que ela está fazendo na cabeça é para tentar tirar uns cacos de vidros que se alojaram ali, pois se não forem tirados com urgência podem causar algo muito grave no futuro.
Tentando manter minha mente longe dos problemas, fecho os meus olhos e deixo minha mente vagar pelo passado.

X


Eu estava caminhando de um lado para o outro em frente à porta, ansioso para – finalmente – sair com aquela garota com que vinha sonhando tantas noites desde que a conheci no parque. Ansioso para finalmente a encontrar, estendi a minha mão e toquei a campainha. Meu coração estava tão acelerado que podia o ouvir pulsar em meu ouvido.
Logo a porta se abriu e o meu coração acelerou ao vê-la tão linda em minha frente, com os seus cabelos caídos pelos seus ombros, e o seu vestido caído perfeitamente em seu corpo. Eu não me contive e depositei um beijo na bochecha de , a mesma estremeceu com o toque, sorri por saber que causo nela o mesmo que ela me causa.
– Vamos? – falei estendendo a mão para , que apertei com certo receio.
– Vamos. – Ela sorriu e apertou a minha mão com um pouco de força.
– Sua mão está gelada. – falei, colocando a mão da garota em seu rosto. – Você está doente?
– Não, era só ansiedade para ver você. – vi a garota corar ao confessar isso.
– Eu também estava ansioso para te ver. – Confidenciei. – Agora vamos logo, estou louco por um pouco de sorvete.
A garota riu e deixou ser guiada por mim até a sorveteria.
Nós dois rimos muito durante todo o encontro, e eu estava feliz por estar com ela. Estava tudo tão divertido. Estou realmente feliz por tê-la aqui comigo, gostaria de tê-la sempre comigo, ao meu lado em momentos bons ou não.
Estávamos caminhando de volta para sua casa com os sorvetes em mão.
– Posso provar um pouco do seu sorvete? – perguntou, olhando para mim. Ela estava tomando um sorvete de flocos, o seu favorito, e ele de bombom, o meu favorito. Ela me olhava com os olhos brilhando esperando por um sim como resposta.
– Claro. – falei. A garota abriu a boca para receber o sorvete, mas antes que ela pudesse perceber, eu taquei toda a casquinha de sorvete na sua boca, deixando a sua boca toda suja. Eu comecei a rir muito, e ela estava com a boca aberta, ela me olhou com fúria do olhar.
– Mas o quê? – ela falou abismada, e eu só conseguia rir dela. Meu Deus, ela fica tão linda brava. Ela me olhou brava, e logo depois jogou o sorvete em meu cabelo, mas eu não me importei. Ela estava toda suja.
Estendi um lenço que tinha dentro do meu bolso e comecei a limpar a sua boca, ela parecia, estava quieta, até demais. Achei estranho ela estar quieta, desde que a conheci ela sempre foi extrovertida.
Ela me fitava de maneira estranha.
– O que foi? – Perguntei sorrindo de lado.
– Nada. – Ela respondeu no piloto automático.
Depois de alguns minutos a percebi me fitando novamente.
? – A escutei me chamar.
– Sim – perguntei, fitando os seus olhos, já tinha terminado de limpá-la, e agora estava me limpando. Eu a vi respirando fundo antes de falar.
– Se alguém pegasse um beijo emprestado, como você devolveria? – ela perguntou, e eu me assustei com a pergunta. Logo soube o que ela queria. Sorri malicioso para ela, que pareceu ficar vermelha como um tomate.
– Devolveria com outro beijo. – falei me aproximando dela. Ela ficou imóvel. Aproximei-me mais dela, passei a mão por seu rosto e encostei a minha testa na sua. – E como você devolveria?
– Da mesma forma. – Falou antes de selar nossos lábios.
O que senti naquele momento nunca havia sentido com ninguém antes. O beijo dela foi de longe o melhor de toda a minha vida. Ela era a melhor em todas as maneiras. A melhor em tudo.
Ela se afastou, ela estava vermelha e suponho que eu também. Ela sorriu de lado, e passou a mão em volta do meu pescoço.
– Agora está na hora de você devolver o beijo. – Ela falou. Eu ri e a beijei novamente.
Essa garota realmente é incrível.


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– Senhor – senti alguém cutucando o meu ombro enquanto chamava o meu nome, por um momento pensei que podia ser a , antes de cair na realidade. Abri meus olhos vagarosamente e a primeira imagem que vi foi de uma mulher, que aparentava ter pouco mais de 40 anos. Ela me olhava por cima dos óculos.
- Sim? – foi tudo que consegui dizer, minha voz estava rouca e minhas costas estavam doendo. Por quanto tempo eu dormi nessa cadeira? Realmente não me dei conta de que havia pegado no sono.
– A Senhora já está na UTI, gostaria de vê-la?
A rapidez que ela falou aquilo só não foi maior do que a rapidez que levei para me levantar para ver ficar de pé em frente à mulher. Ela pareceu se assustar com aquilo e se afastou um pouco para trás.
– Claro que eu quero. Como ela está? Já está melhor? – Falei, sentindo o meu coração bater em meu ouvido. Estava ansioso para ver, ver a minha garota.
– O estado dela ainda é delicado, e você vai poder vê-la, mas não poderá chegar perto e nem tocá-la.
– Só vê-la já é o suficiente. – falei. Então a senhora me levou para ver a .
O corredor pelo o qual passamos não era muito largo, havia pouca iluminação e passavam muitas pessoas por ali. Caminhava logo atrás da senhora Jullies, como havia se apresentado. Ela me contou sobre o estado de , que parece não ser nada bom, e isso me deixa triste e desesperado. Sinto-me amarrado por não poder fazer nada que mude isto.
Ao chegar a um corredor em forma de T, viramos à esquerda onde havia uma enorme porta, e ao lado uma grande janela de vidro. A senhora Jullies apontou para que eu andasse até o vidro, e eu o fiz.
Minhas mãos tremiam e minhas pernas também. Sentia minhas mãos ficarem suadas, e tudo só piorou quando eu a vi.
E lá estava ela. Imóvel.
Ela parecia serena, parte de sua cabeça parecia estar raspada – devido à cirurgia – e ela está cheia de gazes, suas pernas estavam enfaixadas. Havia vários tubos ligados a ela. Aquilo foi como um soco certeiro em meu estômago, o sentia revirar dentro de mim. Sentia como se alguém estivesse apertando o meu coração sem dor nem piedade.
Deveria ser eu ali no seu lugar.

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Estava ansioso para levar a à praia. Estamos saindo juntos há mais de dois meses, mas não estamos com nada sério, então achei que era o momento certo para dizer o que sinto por ela e a pedir em namoro. Estava ansioso para fazer o pedido e também estava com medo do que ela podia dizer. Se ela disser não, eu não sei o que eu irei fazer.
A vida é feita de riscos e esse é um que eu quero correr, ou melhor, eu correria todos os riscos que eu pudesse por , porque eu a amo, e isso eu tenho total certeza. E agora eu quero passar todos os momentos possíveis com ela, felizes e tristes. Quero estar com ela para o que der e vier.
Estou a caminho da casa dela com o jipe do meu irmão, ele me emprestou o seu tão amado jipe para levar a à praia, mas eu terei que lavar suas roupas durante duas semanas, é isso não parece nada justo, mas pela a eu faço isso e ainda mais.
Ao chegar à casa de , vejo que ela já está me esperando sentada em um dos degraus. Sorrio ao vê-la ali, toda linda. Ao me ver, ela abre um sorriso enorme, aquele mesmo sorriso que ilumina até os dias mais sombrios. Aquele sorriso que eu tinha certeza que poderia iluminar todo o mundo.
Desço do jipe e a vejo correr em minha direção, ela coloca as mãos em volta do meu pescoço e me dá um selinho, eu passo a mão pela sua cintura para pressioná-la mais contra o meu corpo.
– Você demorou. – ela falou, se afastando e ficando com a testa encostada na minha.
– Desculpa, é que eu tive uns probleminhas. – falei, depois dei um beijo em seu queixo e bochecha.
– Esse probleminha foi implorar para o Léo te emprestar o jipe dele? – ela arqueou a sobrancelha e eu ri.
– Sim, foi isso.
– E o que você prometeu a ele? – ela perguntou, se afastando para poder entrar no jipe.
– Que lavaria as roupas dele durante duas semanas. – Falei e ela deu uma risada. Logo entrei no jipe. Ela começou a me olhar. – O que foi? – sorri de lado.
– Você fica muito lindo dirigindo um jipe, sabia? – ela falou, eu sorri de volta para ela.
– Não tão linda quanto você fica com essa blusa Calvin Klein. – Eu falei, olhando para sua blusa azul, que combina perfeitamente com os seus olhos. Ela sorriu, e percebi que ela ficou um pouco vermelha. Ela sempre fica assim com elogios e eu amo fazer elogios só para vê-la ficar desse jeitinho. – E fica mais linda ainda toda vermelhinha de vergonha. – falei, apertando a sua bochecha.
Ele sorriu e eu sorri só de ver aquele sorriso.
Ligo o jipe e começo a dirigir em direção à praia, eram quase 17hrs, mas esse horário é perfeito pelo fato de ter poucas pessoas e ser perfeito para fazer a minha declaração. Preparei para que tudo fosse perfeito.
A praia estava a poucos metros de distância quando faltou gasolina no maldito jipe do meu irmão.
Oh céus, por quê? Queria que tudo fosse perfeito, mas parece que o diabo veio me atentar para que eu não tenha o meu momento perfeito com a .
– O que aconteceu? – ela perguntou assustada.
– A gasolina acabou. – falei. – Droga. – bati a mão com força no volante. – O desgraçado do meu irmão devia ter me avisado que a gasolina estava acabando.
– Droga. – ela falou tão brava quanto eu, ela suspirou e falou: - Vamos a pé mesmo, já estamos quase chegando mesmo.
– Mas e o carro? Não posso deixa-lo aqui.
– Claro que pode. Só você empurrar o carro para ali ô – ela apontou para um acostamento que havia ali perto. – Depois liga para seu irmão e manda ele vir buscar o carro. Simples.
– Tudo bem. – suspirei, desci do carro e ela fez o mesmo.
Passei pelo carro, indo até a parte traseira e comecei a empurrar com toda a força que eu tinha. A só observava, ela parecia se divertir com tudo aquilo.
– Você não vai me ajudar? – perguntei, meu rosto já estava suado de empurrar o jipe sem sucesso, pois ele nem se mexia.
– Não, pois eu sou uma dama.
– Não, pois eu sou uma dama – a imitei com a voz afetada. E voltei a empurrar o carro.
– Cara, você tá fraquinho. – ela falou rindo.
– Aé? – ela assentiu, rindo. – Vou te mostrar o fraquinho. – Coloquei toda a força que tinha em meus braços, agora com sucesso. O carro se mexeu e eu pude colocar ele no acostamento.
– Viu? Só precisava de uma forcinha psicológica – ela falou rindo, e eu ri também, meio sem fôlego por ter colocado mais força do que eu tenho para empurrar aquele jipe.
– Grande força psicológica, viu. Valeu mesmo – falei rindo. – Agora vamos.
– Vamos – ela falou rindo.
Ela apertou a minha mão com força e eu a dela. Aquele toque me fez esquecer o que eu tive que fazer minutos atrás. Toda aquela força que deixou as minhas costas doendo vai valer a pena assim que eu ouvir um sim dela.
Enfim, chegamos.
Depois de uma caminhada de quase trinta minutos, chegamos, apesar de querer ter ficado caminhando de mãos dadas com a por mais mil quilômetros. Adorei ter caminhado com ela, foram risadas e brincadeiras por todo o caminho. E eu adorei tudo isso.
– E agora? – Ela perguntou, se pondo em minha frente com a mão na cintura.
– E agora você fecha os olhos – falei para ela e a vi arquear a sobrancelha.
– Vai me matar enquanto eu estiver de olhos fechados? – ela tentou fazer voz séria, mas saiu um pouco afetada pela risada que ela segurava.
– Talvez. – falei rindo e ela arregalou os olhos, teatralmente. – Brincadeira, agora fecha os olhos e não os abra até eu mandar. Ela assentiu e fechou os olhos em seguida.
Enquanto ela estava de olhos fechados, peguei uma pedra em forma de coração de dentro do meu bolso da calça. Peguei na mão dela e pude ver um lindo sorriso em seu rosto, também sorri ao ver aquela oitava maravilha ali na minha frente. Coloquei a pedra em suas mãos e me afastei dela, mas não muito.
– Pode abrir. – falei e em questão de segundos ela abriu os olhos e pude ver um dos sorrisos mais verdadeiros surgir em seu rosto.
– Isso é sério? – ela perguntou e eu assenti, meio encabulado com a situação. Em minha cabeça sua voz ecoava dizendo um sonoro não. – Eu também e eu aceito, sim. – Ela falou e se pendurou em meu pescoço me enchendo de beijos. A pedra que estava em sua mão caiu no chão, onde tinha as escrituras:

8 de agosto de 2005
Eu te amo.
Quer ser minha namorada?
&



X


Estou em minha casa, a mesma que dividi durante todos esses sete anos com a minha esposa. Nas paredes eu posso ouvir suas risadas misturadas com as minhas, posso ouvir sua voz cantarolando enquanto faz o almoço, quase consigo ouvir o choro da e a voz de tentando acalmá-la.
Esse lar já foi feliz.
Agora está triste por ela não estar mais aqui. Ela está lá naquele hospital, em um quarto, sozinha. Nem mesmo pude tocá-la, só pude vê-la através de um vidro. Ela parecia tão fraca e indefesa. Gostaria de ficar lá até ter certeza de que está tudo bem com ela, mas a minha mãe insistiu que eu tomasse um banho e dormisse e eu estava realmente precisando depois de passar dois dias no hospital sem descanso.
E aqui estou eu, em casa e sozinho.
A está no apartamento do Carlos, lá pelo menos ela pode brincar com o Oliver e a Kyle pode cuidar dela, a ama a Kyle. Eu passei lá para vê-la e ela chorou quando me viu, eu a acalmei e disse que tudo ficará bem e logo estaremos juntos de novo. Ela, a e eu. Os três mosqueteiros, como ela costuma chamar.
Caminho vagarosamente até o meu quarto, estou indo dormir um pouco antes de voltar para o hospital à noite. Espero que quando eu volte para o hospital a já esteja bem e eu possa conversar com ela e fitar os seus lindos olhos azuis e dizer o quanto eu a amo.
Deito em minha cama, que há pouco tempo dividi com a minha mulher, a única aos meus olhos. Essas paredes escondem tantos segredos nossos, tantas conversas, tantas risadas e tantas lágrimas. Essa cama que um dia foi um berço de amor sem fim, e espero que um dia volte a ser.
Eu quero a minha de volta.

X


Acordo deitado em uma espécie de rede de galhos, alguns espinham as minhas costas, mas isso me faz sentir calmo. Fico de pé e sinto um vento frito bater contra o meu peito, olho para baixo e vejo que só estou usando um calção branco, isso poderia me incomodar, mas não me incomoda.
Sinto uma mão quente encostar no meu ombro esquerdo, levo a minha mão até ela e a aperto. O seu toque me faz bem, de certa forma. Viro o meu rosto para o lado e dou de cara com a .
Ela está deslumbrante usando um vestido branco de tecido fino, seus cabelos estavam todos lá, nem uma parte raspada, e suas pernas estavam funcionando, não estavam quebradas. Ela está muito diferente da garota que vi mais cedo.
? Mas você não deveria estar no hospital? – Pergunto, surpreso por vê-la ali. Ela solta uma risada alta e estrondosa, os seus olhos brilham mais que as águas do mar cristalino.
– E eu estou. – ela responde, simplesmente. – Isto é só um sonho. – ela fala colocando a mão envolta do meu pescoço e logo começa a deixar beijos leves por meu pescoço e lábios.
– Um sonho? – pergunto confuso, mas estou um pouco tonto pelos seus beijos.
– Sim. – ela se afastou. – Isso é só um sonho, se você ainda não percebeu, estamos no céu. – ela falou séria e aquilo me deixou um pouco perplexo.
– E o que eu estou fazendo aqui? O que você está fazendo aqui? – perguntei, aflito.
– Estou esperando a minha hora de ir. – ela falou simplesmente e ela sumiu diante de meus olhos.
? – gritei por várias vezes.
Ela se foi.
Caminho por todo aquele terreno, que parece mais uma floresta. Em busca da minha . Sinto como se tivesse a procurando durante dias. Logo escuto gritos.
Gritos da .
Viro minha cabeça em direção aos gritos, e lá está ela, esperando o impacto com o carro. Tento correr para impedir, mas há algo segurando as minhas pernas. Tento me soltar, mas é tarde demais, o carro a atinge e vejo o seu espírito partir aos poucos...


X


Acordo em meio a gritos abafados pelo meu travesseiro, peço graças a Deus por estar dormindo de bruços, não quero que meus vizinhos pensem que estou ficando louco ou corram para me ajudar, por pensarem que estou passando mal.
E é o que estou.
As lágrimas começam a cair por meu rosto. Tudo que está em minha mente é o grito da , ainda estão ecoando em meus ouvidos. A imagem dela caída no chão e o seu corpo sendo abandonado por seu espírito aos poucos. Isso me faz sentir o meu coração diminuir aos poucos e as lágrimas descerem por meu rosto. Sinto um soluço preso em minha garganta.
Finalmente estou chorando.
Enquanto as lágrimas descem sem cessar, rezo para que tudo fique bem e que a volte para os meus braços.

X


O ar condicionado do quarto do hospital está tão frio quanto à parte de fora do hospital, perguntei aos médicos se é mesmo necessário este frio tamanho e se faria algum mal a , e eles me falaram que isto é necessário para matar as bactérias.
Já faz duas semanas que a está no hospital, e só agora ela irá sair da UTI.
Estou sentado em uma poltrona esperando ansiosamente pela minha esposa. Ela logo virá para este quarto, até que possa realmente receber alta. Seu estado ainda é delicado, ela ainda se encontra em coma, mas os médicos dizem que talvez ela acorde daqui algumas semanas. Espero de todo coração que eles estejam certos.
Sinto o meu coração bater, posso senti-lo batendo em todas as partes do meu corpo quando vejo a porta abrir e a minha entrar. Ela continua desacordada, mas só de poder ficar ao lado dela todos os dias já me deixa satisfeito.
Fico de pé, esperando os enfermeiros a colocarem em uma das camas. Ela ainda está ligada a alguns fios. Um tubo está ligado a sua boca para que ela possa respirar. E há mais alguns soros ligados a suas veias, fico feliz em saber que ela não precisa mais receber sangue.
– Senhor ? – uma das enfermeiras falou.
– Sim? – perguntei, sem olhar para ela, estava mais interessado em assistir o que os outros enfermeiros estão fazendo com a .
– A sua esposa está melhor, mas o seu estado é delicado. Preciso que o senhor esteja ciente que ela não pode ouvir muito barulho e nem que toquem muito nela, certo? – ela falou, agora já tinha a minha atenção. Eu apenas assenti.
– Ela vai ficar melhor, não vai? – pergunto, preocupado.
– Sim, ela vai. – a mulher dá um sorriso cansado, ela deve ter trabalhado durante horas antes de vir aqui. – É só questão de tempo.
– Assim espero – falo esperançoso.
– Qualquer coisa é só chamar.
Depois de alguns minutos todos saem do quarto e deixam só a e eu. Puxo a poltrona para perto da cama em que está deitada e sento nela. Encosto o meu queixo na cama e levo a minha mão até a sua.
– Ei, vai ficar tudo bem. Ok? – falo para ela, pode ser que ela esteja ouvindo lá em seu subconsciente. – Saiba que eu te amo, e estarei sempre aqui. Quando você sair daqui iremos fazer uma grande festa, com bolo de morango, o seu favorito. Todos os nossos amigos irão está lá, e nós iremos renovar os votos, e eu irei fazer um pedido para isto tão bonito quanto eu fiz para o nosso casamento. Você lembra o quanto gostou do pedido?

X


O salão de festas estava todo enfeitado, e tudo isso foi planejado por mim. Estava ansioso enquanto ficava escondido atrás daquela cortina. Não aguentava mais esperar ali atrás, o Carlos veio me dizer que a está linda, e que não para de perguntar por mim.
O aniversário dela parecia o momento perfeito para fazer o pedido, e sei que esse será o grande momento da minha vida e da dela. Espero não receber um ‘não’ como resposta, isso me deixaria desolado.
– Hey, está na hora. – Carlos veio me avisar, e logo senti suor frio descer pela minha testa. – Boa sorte.
– Obrigada, irei precisar. – falei e ele riu.
Então ele saiu. Fiquei esperando a minha deixa, eu iria entrar no palco dentro de um bolo gigante assim que Léo e Carlos terminassem de fazer os seus discursos. Fico dentro do bolo, ouvido os gritos abafados e palmas.
Então sinto o bolo se locomover aos poucos, minhas mãos começaram a suar. Dentro do salão as pessoas cantavam parabéns para . Só de imaginar que ela deve estar louca de raiva por eu não estar ali.
- E aqui está o seu presente. – escuto Léo falar.
Então eu saio de dentro do bolo em um pulo, e escuto vários “wow” e palmas. Passo a mão nos meus bolsos do terno para ver se está tudo certo. Viro a minha cabeça para a esquerda, e lá está ela, linda como sempre. Saio de dentro do bolo e fico em sua frente.
– Oi. – falo pegando em sua mão.
– Pensei que você não iria vir. – ela falou com um sorriso iluminador nos lábios.
– Demorei por estar te preparando uma surpresa. – Falei sorrindo para ela, que devolveu o sorriso na mesma intensidade.
Fiquei de pé a alguns metros de distância dela, peguei na sua mão e pude vê-la sorrir com o toque, comecei a fazer movimentos circulares com o polegar sobre sua mão, com a outra mão segurei um microfone que Léo havia me entregado. Uma música calma começou a tocar atrás no piano.
– Eu me apaixonei por uma menina linda, mesmo depois de anos ela ainda tira o meu fôlego. O seu sorriso é tão lindo, que ilumina o meu mundo, e quando escuto alguém falar o seu nome um sorriso aparece em meu rosto. Porque eu a amo, mais do que ela acha que eu a amo. – eu fazia o meu discurso. parecia estática a minha frente, sua mão estava começando a ficar gelada. – E essa garota está aqui na minha frente. O nome dela é , e futuramente irá se chamar , isso se ela disser sim. – ouvir um coro de awn após falar isso. Olhei para e ela parecia estar prestes a chorar.
Coloco a mão em meu bolso e pego uma pedra, como a que eu a pedi em namoro e uma caixinha de veludo azul, a cor favorita dela.
– Essa pedra é igual a que eu usei para dizer que lhe amava, agora estou usando para fazer um pedido maior que um de namoro. , quer casar comigo? Entreguei a pedra a ela, que estava escrito as mesmas palavras que falei agora
. Ela ficou em silencio por alguns minutos, estava com medo de ela dizer não. – Sim, é claro que eu aceito, meu amor. – ela falou, logo depois pulou em meu pescoço me beijando.
– Eu te amo. – falei.
Ela sorriu, abri a caixinha e mostrei o anel, seus olhos brilharam ao ver o anel que eu comprei, era o mesmo que a ouvi contar às amigas que ela queria, devo agradecer isto a Kyle. Coloquei o anel em seu dedo e ela me abraçou. Logo depois fitou os meus olhos com o sorriso mais bonito de todos.
– Eu também te amo. – falou antes de me beijar.

X


Havia dormido segurando a mão de durante algumas horas, e pela primeira vez em semanas não tive pesadelos.
Fui até uma cantina que há dentro do hospital para tomar um café. Pedi para que uma das enfermeiras ficasse com a enquanto saía. Ver a naquela situação me deixa me sentindo horrível, elevo os meus olhos até um grande espelho que há na cantina, meus olhos estão com formas roxas ao redor do rosto. Meu rosto está tão acabado, pareço ter 10 anos a mais do que realmente tenho.
Viro o meu rosto para o outro lado, tentando manter meus olhos longe da imagem desgastada que vi há poucos minutos no espelho.
Espero que a fique boa logo, para que possamos renovar nossos votos, quero fazer uma cerimônia tão maravilhosa quanto a do nosso casamento, que apesar de simples, estava perfeita.

X


Estava com as mãos suando. Estava tremendo. Está na hora, o grande dia chegou.
O grande dia finalmente chegou.
A igreja estava cheia de pessoas que sempre foram importantes em nossa vida. Os meus pais e os pais dela. Toda nossa família e amigos estão ali. Estou tão feliz que todos aqueles que foram importantes estarem ali para presenciar aquele momento.
Estava ansioso e preocupado por ela estar demorando tanto. Tinha ouvido falar que as noivas sempre se atrasam, mas não pensava que chegava a tanto. Estava há mais de vinte minutos esperando pela minha futura esposa. A minha querida e pequena .
Cada segundo que passava eu me sentia mais ansioso, estava prestes a me casar com a mulher da minha vida e eu não podia estar mais feliz do que estou agora. Eu realmente estou feliz.
A orquestra começou a tocar a tão clássica música de casamento, que anuncia a entrada da noiva. Meu coração acelerou, ao longe a vi andando em minha direção, ela estava entrando com o seu pai.
Ela não podia estar mais linda.
Não, ela não estava linda, estava maravilhosa. Ela parecia uma princesa, minha princesa. Poderia ficar olhando para ela por vários minutos, sem me importar. Sua beleza era tamanha que me impressiona e me sinto sortudo por tê-la.
Ela podia não ter toda essa beleza que tem, que eu a amaria do mesmo jeito pelo simples fato de ela ser a minha pequena .
A cada passo que ela dava em minha direção, ela sorria e pude ver os seus olhos brilhando, como se estivesse a ponto de chorar.
Como eu estava.
Ela se aproximou e o seu pai me entregou a sua mão.
– Cuide bem dela, meu filho – ele falou e deu dois tapinhas amigáveis em meu ombro.
– Eu irei. – sorri para ele, e também sorriu.
sorriu para mim, ela segurava a minha mão com força, ela parecia tremer ou seria eu? Bem, eu não sei, só sei que a amo.
– Preparada para ser minha esposa. – pergunto antes de o padre começar a cerimônia.
– Sempre. – ela falou simplesmente isso, antes de o padre começar a cerimônia, que seria o começo de nossas vidas.

X


Termino de tomar o meu café e caminho de volta para o quarto. Quando estou passando pela recepção vejo de longe a pequena imagem da minha filha sentada em uma das cadeiras, balançando suas pernas impacientemente.
. – a chamo e ela vira o rosto para mim e solta um sorriso singelo. Ela corre até onde estou, me abaixo para ficar a sua altura. Eu a abraço da forma mais apertada que posso, e ela passa suas pequenas mãozinhas pelo meu pescoço.
– Senti saudades, papai. – ela falou com sua cabeça deitada sobre o meu ombro. – E da mamãe também. – Ela se afasta e fica de frente para mim. – Como ela está? Tá melhor?
– Também senti saudades suas, minha querida. E a mamãe já está melhor, sim. Quer vê-la? – passo a mão por seu rosto e ela balança a cabeça freneticamente.
A é uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida. Seu jeitinho meigo e adorável de ser sempre me encantou, ela é minha princesa.

X


Estava e eu deitados na cama. Eu estava com a cabeça em seu colo, passando a mão por sua barriga de oito meses e algumas semanas. Ela sorria com cada toque que eu dava em sua barriga. Fazia movimentos circulares em sua barriga, até que senti um chute.
– Você sentiu? – ela me pergunta, sorrindo.
– Sim, parece que nossa pequena está ansiosa para nascer – falo me aproximando do seu rosto e depositando um beijo em seus lábios.
– E eu estou ansiosa para ver o seu rostinho lindo. – ela falou passando a mão na barriga.
– Espero que ela se pareça com você, porque eu não quero a minha princesa com uma cara de marmanjo. – falei e sorriu.
– Bem, eu espero que ela tenha os seus olhos e o seu sorriso. – ela falou e eu ri.
– Por que os meus olhos quando ela pode ter esses lindos olhos azuis? – passei o dedo em seu nariz.
Ficamos discutindo sobre a aparência de por um tempo. Até que pegamos no sono, eu particularmente, não consegui dormir, só ficava imaginando como será quando esse novo ser vir ao mundo. Eu realmente estou animado para ter uma filha, ver como ela será, sua personalidade...
Fiquei pensando em tudo que pode acontecer quando a vir ao mundo até que pego no sono.

**


. – escuto a voz de , até parece um pouco desesperada.
– Algo errado? – pergunto, preocupado.
– Acho que está na hora. – ela falou ofegante.
– Hora de que, criatura? – pergunto confuso, logo em seguida recebo um tapa na cabeça.
– Hora da nascer. – ela falou e soltou um grito agudo de dor, senti meu coração acelerar. Eu não sabia o que fazer, só sabia que estava na hora do meu bebê nascer.

**


Depois de horas de parto, a minha pequena nasceu. Eu ainda não pude tê-la em meus braços, eu queria senti-la em meus braços. Aquele pequeno ser que dependerá de mim para tudo e mais um pouco.
Estava sentando no quarto esperando por minha rainha e minha princesa. Eu não pude entrar na sala de parto devido a minha fobia de sangue, achei melhor não entrar. Agora estou nesta sala há mais de 3 horas esperando por elas, sozinho.
Meus pais e os pais da ainda não chegaram. Deve ser por causa do trânsito terrível às 5 horas da manhã.
Ficar neste quarto está me matando aos poucos, eu não aguento mais ficar sem receber notícias. Nenhuma das enfermeiras veio me dizer como elas estão ou se algum conhecido chegou.
Minutos depois a porta se abre e lá estão as duas.
A está pálida, mas parece feliz. Ela está em uma maca que está sendo empurrada pelo seu irmão, o Carlos. Logo atrás entra sua mãe com a pequena em mãos, acompanhada de mais duas enfermeiras.
Aproximo-me de , que está com os olhos marejados de lágrimas. Passo a mão por seu rosto e deposito um beijo em seus lábios.
– Ela é linda, não é? – ela fala, passando a mão em meu rosto. Levanto minha cabeça até a minha sogra, ela parece feliz com sua primeira netinha nos braços.
Caminho até ela e passo a mão pelo bracinho da pequena , que se move um pouco com o toque, como se soubesse que aquele que a toca sou eu. A Sue sorri e olha para mim com os olhos brilhando.
– Quer segurar? – ela pergunta e eu assinto com a cabeça.
Ela era tão pequena e indefesa. Ao senti-la em meus braços senti o quanto eu queria proteger aquele pequeno ser. Tão pequenina e tão indefesa, gostaria de protegê-la de todos os males deste mundo, que nada e nem ninguém machuque aquele pequeno ser. E se depender de mim, ela nunca será machucada.
Ela se mexeu em meus braços e soltei um sorrisinho bobo, sentia minha vista turva e já podia ver algumas lágrimas descerem. Olhei para que sorria de ponta a ponta, e com os olhos cheios de lágrimas, assim como os meus.
Aproximei-me de e lhe entreguei a . Então me abaixei e encostei minha cabeça em minha mão, com o ombro apoiado na cama. Comecei a fazer movimentos circulares na mãozinha de , enquanto ela apertava meu dedo com força. Senti-me feliz com aquele toque.
Naquele momento esqueci tudo que estava a minha volta. Parecia que estava só a , e eu. Minha família, minha amada família. Não ouvia nenhum som, a não ser a respiração da .
– Nós seremos os melhores pais possíveis, pequena . – sussurrei para ela.


X


– Já posso ver a mamãe? – ela me acordou do meu devaneio. Seus olhinhos brilhavam, ela parecia triste e esperançosa. Passei a mão por seu rosto, fazendo movimentos circulares da sua bochecha com o dedão e logo depois depositei um beijo em sua testa.
– Claro minha querida, vamos? – falei estendendo a mão para ela e a levando para o quarto, onde ela poderia ver a .

X


Passaram-se exatamente 45 dias desde o acidente que deixou a minha pequena em coma. Desde então ela mostrou algum progresso, mas ainda não acordou. Os médicos dizem que isso é normal, e que ela pode acordar nos próximos dias, mas parece algo tão impossível.
Cada minuto que passa eu perco as esperanças, por mais que eu queira acreditar que ela vai sair dessa, parece algo impossível a cada segundo que a vejo imóvel em cima da cama. Eu estou completamente diferente de , que acredita que sua mãe irá sair dessa, seja a hora que for. Todos os dias ela vem aqui, trás flores e beija a , ela conta como foi o seu dia para ela e finge que ela está escutando.
Mas ela não está.
Esse sentimento de que ela está indo embora aos poucos bem diante dos meus olhos. Ela está em cima daquela cama, imóvel, com vários fios ligados a seu corpo. Eu mal consigo encará-la, deitada naquela cama, imóvel, quase sem vida.
Bem diferente daquela mulher que conviveu comigo há 46 dias.

X


– Querida, venha me ajudar com a árvore de natal. – gritou por . Era noite e ela estava arrumando toda a casa para a noite de natal. Enquanto ela fazia isso, eu lia um livro.
Eu amo o natal, assim como a e a . Amo a sensação desta época, é tudo tão mágico e calmo. Esta época é a minha favorita de todas. A estava eufórica enquanto arrumava a árvore de natal, ela estava feliz e animada, cheia de vida.
Eu realmente a amo.
– Mamãe, quando vamos comprar os presentes? – a perguntou animada.
– Amanhã iremos ao centro comprar todos os presentes possíveis. – falou, apertando a bochecha da pequena , a mesma deu pulinhos de alegria, logo depois começou a pegar os enfeites natalinos e começou a colocá-los na árvore.
Caminhei até elas, abracei a pelas costas e depositei um beijo em seu pescoço, e senti que ela sorriu e eu fiz o mesmo.
– A nossa filha é realmente linda. – ela falou. Ela sorria observando nossa filha e eu sorria por ter elas duas só para mim.
Depois de algumas horas, a estava deitada no sofá. Sorri ao vê-la tão linda ali em cima do sofá, caminhei até ela e a peguei em meus braços e a levei até o seu quarto. A arrumei em cima da cama e depositei um beijo em sua testa.
– Boa noite, meu anjo. Eu te amo. – Sussurrei antes de sair do quarto e caminhar até o meu.
havia vindo se deitar mais cedo, o motivo pelo qual, ela não me contou. Caminhei até lá vagarosamente, sem pressa alguma, entretanto estava ansioso para deitar em minha cama junto a minha esposa.
Ao entrar no quarto eu a vi linda, não que ela não seja linda, mas ela estava mais linda do que os demais dias. Ela estava deitada em nossa cama com uma roupa de tecido fino, ela sorria para mim, e não pude não deixar de sorrir.
Ela se levantou e caminhou onde eu estava, ela entrelaçou as mãos em meu pescoço e começou a me beijar, o que me causou arrepios. Comecei a beijar o seu pescoço, a segurando firmemente pela cintura.
– Eu te amo. – sussurrou em meu ouvido.
– Eu também te amo. – sussurrei, antes de ela se entregar por inteiro para mim.


X


Coloque This Love para tocar.

Caminhei até a beirada da praia onde eu me declarei para a pela primeira vez, tudo aqui me lembra ela, as ondas indo e vindo, a areia em meus pés descalços e a brisa que fazia um assovio em meus ouvidos. Tudo ali me lembrava dela, e eu gostaria de lembrar dela.
Pouco mais cedo os médicos disseram que a teve uma hemorragia interna e que tentariam fazer o possível para reverter antes que isto leve a sua vida.
Ouvir aquilo me deixou triste.
Pedi para o Carlos ficar lá e qualquer coisa me ligasse. Não queria ficar lá por muito tempo, só queria me lembrar dela como a garota pela qual eu me declarei nesta mesma praia. Lembrar o quão linda ela estava naquele dia me faz sorrir.
Fico fitando o horizonte, fecho os meus olhos e quase posso sentir o cheiro dócil de . Abro os meus olhos e me assusto ao vê-la em minha frente.
? – minha voz sai esganiçada, como ela poderia estar na minha frente sendo que ela está deitada em uma cama de hospital?
Meus pensamentos estavam totalmente misturados pelo seu cheiro e seus olhos brilhando ao me fitar.
– Sentir tantas saudades suas. – ela falou, esticando a mão para tocar o meu rosto. Ao tocar, fechei meus olhos para apenas senti-la. Por tanto tempo desejei aquele simples toque. – Passei todo o tempo lhe vendo e a , mas não podia tocar nenhum de vocês, mas agora eu posso.

Clear blue water, high tides came
And brought you in
And I could go on, and on, and on
And I will


– Também senti saudades suas e a também, ela chora todas as noites pensando em você. – Falei, tocando o rosto da , ela parecia está prestes a chorar.

Skies grow darker, currents switch you out again
And you are just gone and gone
And gone, and gone

– Estou indo embora. – ela falou e eu não entendi.
– O quê? – perguntei no modo automático.
– Eu estou indo embora, minha missão na terra acabou, . Agora eu tenho que ir para um lugar melhor onde olharei por você e pela . – Ela falou e senti meus olhos se encherem de lágrimas, ela estava indo embora. Indo embora.
Sinto um grito abafado em minha garganta, é como um pesadelo enquanto estou acordado.

In silent screams and wildest dreams
I never dreamed of this


– Você não pode me deixar, nem a . – falei.
– Já estou deixando.

This love is good, this love is bad
This love is alive back from the dead
These hands had to let it go free
And this love came back to me


Senti algo dentro de mim que eu nunca senti, tudo estava tão confuso. Ela estava me deixando, mas eu não entendia como ela estava ali. Senti meu celular vibrar em meu bolso e o peguei, vi a imagem no Carlos na tela. A apenas me observava com os seus olhos azuis brilhando.

Tossing, turning
Struggled through the night With someone new
And I could go on and on
On and on


– Carlos? – falo ao atender o telefone. Ouvi-o respirar do outro lado do telefone, e logo depois fungar como se estivesse chorando.
– Eu sinto muito. – ele falou por fim. – A ... A morreu.
– O quê? – olhei para a que ainda me observava com os olhos brilhando. Não esperei por nada

Lantern burning
Flickered in my mind for only you
But you're still gone, and gone
And gone, and gone

, não. – falei com os olhos cheios de lágrimas, e vi que ela também começou a chorar.

In losing grip and sinking ships
You showed up just time

– Me desculpa, mas não tinha outra saída. Mas eu tinha que me despedi de você antes. – ela se aproximou de mim e encostou a testa na minha, entrelaçou as mãos em meu pescoço, como ela sempre fazia. Coloquei as mãos em sua cintura e a apertei. – Eu te amo tanto. – ela falou com os olhos fechados.

This love is good, this love is bad
This love is alive back from the dead
These hands had to let it go free
And this love came back to me

– Eu também te amo. – falei com os olhos fechados, apenas sentindo a minha respiração misturada com a de . – Eu nunca vou te esquecer, nunca. E você?
– Eu sei o quanto você me ama, eu vi você todo esse tempo. Estava tão preocupado comigo. Mas eu não aguentava mais a dor, . – Ela tinha lágrimas nos olhos. – Eu tenho que ir para essa dor passar.
– Shh. – Falei. – Nós somos almas gêmeas, eu sei disso, nos encontraremos novamente em outra vida, e será tudo tão perfeito como foi nesta. – Falei com as lágrimas escorrendo em meus olhos.

This love left a permanent mark
This love is glowing in the dark
These hands had to let it go free
And this love came back to me

– Eu te amo. – sussurrei.

This love, this love, this love

Ela encostou os seus lábios aos meus de forma delicada. Senti tanta falta daquilo, podia sentir ela tão viva em meus braços. Queria ela ficasse para sempre em meus braços, nunca soltá-la, nunca deixá-la ir e nunca deixar de amá-la.
Ela se afastou, e eu continuei com os olhos fechados.
– Diga a que eu a amo. – ela falou depositando um beijo em minha testa. Continuei com meus olhos fechados, quando os abri ela não estava mais lá, havia sumido, me deixando um grande vazio no peito.

You kiss my cheek
I watched you leave
Your smile, my ghost
I fell to my knees

Caminhei até o meu carro, estava triste, mas feliz por ter presenciado aquilo. Por tê-la visto pela última vez foi o suficiente para mim, mas então caí na realidade.
Eu a perdi para o desconhecido, agora que ela se foi eu tenho que cuidar da minha pequena e consolá-la nesse momento difícil. Deixei as lágrimas escorrem por meu rosto, estava devastado.

When you're young you just run But you come back to what you need

Eu corri até ela. Ela mais do que nunca precisa de mim e eu estarei com ela por todo o sempre até que eu seja levado como a .

This love is good, this love is bad
This love is alive back from the dead
These hands had to let it go free
And this love came back to me

This love left a permanent mark
This love is glowing in the dark
These hands had to let it go free
And this love came back to me

This love, this love, this love

Ela foi a melhor coisa que aconteceu comigo. E sei que ela é minha alma gêmea, e se os boatos forem verdadeiros eu a encontrarei novamente em outra vida, para que ela me faça feliz e eu a faça feliz. Como é para ser. Pois esse amor não acaba aqui. Esse amor é imortal.



Fim



Nota da autora: Hey. Espero mesmo que tenham gostado dessa fanfic, só Deus sabe o quanto foi difícil escrever ela. Agradeço a todos que leram esta fanfic ou que ainda irão ler. Apesar de difícil, eu amei escrever essa fanfic. Agradeço desde já a cada comentário que tiver. Nos vemos no ficstape do Take Me Home.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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