11. Just Friends

Finalizado em: 22/12/2019

Capítulo Único


era apaixonada por desde que eles fingiram ter um relacionamento para que o ex-namorado stalker dela entendesse que realmente tinham terminado. Desde então, os dois estranhos que se conheceram no meio do corredor de um dos prédios da faculdade se tornaram amigos. Dado o peculiar início de amizade, não era esquisito para ambos encarar outros momentos onde brincavam de serem o par ideal um do outro por vários motivos, principalmente para espantar possíveis interesses amorosos não correspondidos por eles.
No exato momento em que se viu envolta por sentimentos reais pelo seu amigo, ela se desesperou. Não deveria se sentir assim e culpou a sua carência pelos seus pensamentos impróprios, por conta disso não deu crédito algum ao que o seu coração dizia. Afinal, se ela conseguiu ludibriar o coração uma vez uns três anos atrás, quando se conheceram, conseguiria fazer isso novamente, agora que ambos estavam no último ano do curso e ela era uma mulher adulta — ou pelo menos mais adulta do que quando entrou na faculdade. Então, não deveria ser uma tarefa complicada, né?
Pois redondamente errada ela estava. Nesse exato momento ela estava surtando em frente ao espelho para escolher qual seria o modelito para chamar a atenção do amigo. iria encontrar com seus amigos em um bar no centro da cidade. Dois amigos em comum de e tinham retornado de uma viagem de um ano que fizeram juntos, já que são namorados.
sabia que não deveria esperar que o elogio feito por significasse mais do realmente aquelas palavras poderiam dizer, mas o seu coração não concordava com o seu cérebro com o assunto era .
A primeira pessoa que avistou quando chegou ao Central Perk, bar inspirado em Friends, foi Kate, sua amiga. O sorriso de ambas era muito genuíno e empolgado. não conteve um gritinho animado e Kate se levantou para abraçá-la. O encontro não poderia ser mais feliz.
— Você não mudou nadinha. — Kate disse enquanto sentavam. — Acho que deveria pensar em casar com você para dar aos meus filhos essa genética boa.
riu da fala da amiga e a agradeceu. Seus olhos logo começaram a procurar por e logo a busca pelo homem não estava nada discreta.
— Eu até ia elogiar o seu look, mas, do jeito que você está procurando alguém, certamente essa belezura toda não é para mim. Conte-me para quem é tudo isso.
tentou disfarçar um pouco, porém nada iria servir como desculpa, então logo revelou:
— Eu estava procurando pelos meninos. E é claro que me vesti incrivelmente para qualquer um apreciar. Quem gostar, gostar.
— Quem gostar do quê? — ouviu-se a voz grave de Lucas.
Lucas é alto e tem olhos verdes. Conheceu quando presenciou apresentando a mulher para uma outra dizendo que aquela era a sua namorada e esse era o motivo para o fora. Porque sempre apresenta para todas as pessoas, vulgo garotas que ele não quer beijar, ambos pareciam ser um casal por muitos anos.
A mulher o cumprimentou com um abraço. Já quando viu não conseguiu segurar o sorriso que o atingiu bem antes do meio abraço que eles compartilharam.
— Kate, eu aposto que você já deve ter comentado, mas vou ser redundante e dizer: você não mudou nada.
riu e agradeceu.
— Sua namorada disse que vai terminar com você para ficar comigo e os meus genes. Parece que você dançou, cowboy.
— Desculpa, Kate, mas não posso deixar você levar a minha namorada.
A surpresa de todos com o que tinha dito nunca seria maior do que a que estava estampada no rosto de . Ela sabia que não havia nenhuma intenção a mais do aquelas palavras tinham, no entanto, ela não conseguiu segurar o coração no lugar.
— Então vocês finalmente vão se assumir? — Lucas perguntou.
Parte dela não conseguia acreditar que, depois de anos de teatro, teria uma resposta concreta e não porque ela finalmente teria coragem para fazer a pergunta, mas porque Lucas tinha curiosidade suficiente e pouco tempo.
— A gente se assume toda vez que precisamos de ajuda. Então não posso deixar minha namorada de mentirinha ir embora. — respondeu casualmente.
Para era tão alto o som do seu coração se partindo que nem mesmo a música que tocava estava escondendo, todos poderiam ouvir que ela era mais uma pessoa com um vazio no peito. Para disfarçar, a mulher pediu licença e correu em direção ao bar. Ao sentar no banco, pediu a bebida mais forte que aquele lugar tinha. Em sua mente não importava mais quem era o motivo para ter ido até aquele estabelecimento e sim importava quem era a pessoa que a faria beber a noite toda. Se ele fez questão de partir seu coração, ela ocuparia o lugar daquele órgão com a garrafa de bebida com maior teor alcoólico dali.
Após uns drinks sem retornar para a mesa, Kate resolve ir até a sua amiga.
— O pouco que eu te conheço me diz que está com o coração partido, mas eu me recuso a acreditar que esse seja o motivo para você ter ficado aqui. Você estava tão animada antes e agora está...
— Morta por dentro? — quando Kate ia negar que concordava com isso, não deixou que a mulher ao seu lado falasse. — É exatamente isso, sim, nem tente me convencer do contrário.
— Ok. Agora me diga de quem é o par de bolas que eu tenho que cortar fora. — Kate sabia que com sua amiga era desse jeito. Qualquer que fosse o sentimento que ela tinha era intenso e era vivido à exaustão. Então o máximo que ela poderia fazer era se solidarizar na causa.
. — disse após um gole dramático no seu copo de whisky.
Kate não disse nada, apenas ofereceu sua mão para dar um afago a ela.
— Desde quando?
— Tem uns meses. — disse.
— Ele obviamente não sabe.
— Não tem a menor ideia.
— Vocês já conversaram sobre isso?
— Não, porque concordamos, lá no corredor do prédio de matemática, que não nos apaixonaríamos. Tem que ser assim, mas...
— Mas?
— Mas eu não sei se sou capaz de suprimir esse sentimento de novo.
— De novo? — Kate até tentou não parecer tão surpresa assim, mas não teve como se segurar. Estava curiosa para descobrir mais sobre aquilo.
— Eu gostei dele assim que nos conhecemos, no primeiro ano da faculdade, e suprimi por causa do nosso acordo.
A cara de devastada de era tão visível que Kate não conseguiu se segurar e abraçou a sua amiga. Só agora ela passou a perceber que estava em uma situação complicada.
— É duro te dizer isso, mas não há um motivo concreto para você estar aqui bebendo todas. Ele não te rejeitou oficialmente porque não sabe.
— Kate, você estava lá e ouviu o que ele disse para o Lucas. — disse com um tom de voz que demonstrava o quão óbvio.
— Sim, mas ele pode ter dito isso por medo de como você reagiria.
— Duvido muito.
Kate não conseguiu convencê-la de que não tinha motivo algum para que sua amiga se sentisse daquela forma. A noite não conseguiu ter mais graça alguma para depois que ela ouviu o que ouviu. Ela seguiu com a sua bebedeira e Kate fez questão de levar a sua amiga para casa em segurança.

Dias depois, estava sentada embaixo de uma das árvores do campus. Tentava se abrigar do sol enquanto lia uns artigos para sua próxima aula do dia. Até que se distraiu um pouco e levou os seus olhos para a frente. Viu passando com outros caras amigos dele em direção ao prédio onde as aulas de economia eram. A primeira coisa que veio em sua mente foi “olha ele aí, o cara por quem eu estou apaixonada, mas não posso fazer nada”. Um suspiro pesado ela soltou, se resignando ao fato de que não tinha muito o que ela poderia fazer.
Depois de ver a concentração que tinha se foi. só conseguia pensar nos ombros largos dele, nos braços musculosos dele, no abdômen trincado dele, em como a sua pele âmbar era a coisa mais linda que ela já pode ver na vida e em como amava contar algo engraçado o suficiente para que a risada encantadora dele fizesse com que os seus olhos escuros se tornassem pequeninos.
desviou mais ainda a sua atenção e começou a pensar na situação que estava vivendo. Quando eles se conheceram, ela tinha certeza que havia se apaixonado por ele por conta de um sentimento de carência, afinal ambos se conheceram após o fim do seu último relacionamento. Então a primeira coisa que ela pensou foi que estava projetando a sua carência em alguém que apenas estava sendo gentil com ela em um momento difícil. Talvez tenha sido por isso que tinha conseguido sufocar os sentimentos a ponto de fingir que não sentia mais nada por ele. Deu certo por muito tempo, mas agora não tinha como esconder. Se dois anos depois o sentimento ressurgiu, é porque não tem mais nada a ver com a sua carência e sim com a incrível pessoa que é.
seguiu para a aula ainda com a mente cheia de questionamentos sobre os seus sentimentos e as possibilidades sobre revelá-los ao seu interesse amoroso. A aula não era a mesma que estava tendo, mas as duas terminavam juntas, de modo que eles dois se encontraram no corredor.
, exatamente quem eu queria ver agora.
A cara assustada que ela tinha rapidamente deu lugar a um semblante mais amigável. O espanto deu lugar ao sorriso que parecia ser o modo como ela sempre ficava perto dele.
, a que devo a honra desse encontro?
— Tem como você me encontrar no Central Perk mais tarde?
— Depende. Para que você precisa da minha incrível companhia? — queria muito ceder e ir aonde quer que ele a pedisse, mas tinha que ter um mínimo de dignidade. Não se entregaria tão facilmente a ele a menos que o rapaz demonstrasse mais interesse por ela.
— Eu vou sair com os caras e queria que fosse para me ajudar caso apareça alguma menina.
O sorriso que antes estava genuíno se tornou mecânico, ele ficou congelado nos lábios porém não atingia mais os seus olhos. No rosto tinha o sorriso e na sua mente tinham várias preocupações que faziam com que se encontrasse extremamente dividida. Parte dela queria muito ceder, porém a outra metade dizia que não suportaria mais ser usada dessa forma. Por isso inventou um trabalho qualquer e o convenceu que ficaria para uma próxima vez. Mesmo negando ir com ele, continuou caminhando ao lado dela pelo corredor até a saída do prédio. Durante todo o trajeto, ficou relembrando que era algo normal, casual e até mesmo rotineiro deles andarem lado a lado após uma aula. Estava tudo bem, porque eles eram apenas amigos.

Mais uma noite em que e estavam juntos em uma festa. Quer dizer, estavam juntos na mesma festa, pois eles tinham ido à festa de uma das várias fraternidades apenas para se divertirem. não queria mais enganar o seu coração sentindo o que sentia, muito menos enganar o seu amigo ao continuar fingindo que estava apenas se relacionando com ele por pura amizade, mas já tinha se apegado ao e ao seu jeito animado de ser. Para ela não tinha mais jeito. Tinha que continuar vivendo dessas aparências.
, você por aqui? — disse Ana ao ver a mulher sentada em uma das mesas enquanto se aproximava com a sua bebida em mãos.
— Oi, Ana, tudo bem? — disse para ser puramente educada. Ana a conhecia de uma matéria que fizeram juntas durante um período na faculdade.
— Sim, e você?
— Vou bem também.
já estava começando a pensar em um modo de tentar se livrar da companhia da conhecida até que Ana revelou que só se aproximou dela porque estava se sentindo muito só durante a festa. então se solidarizou com a mulher e a manteve em companhia. As duas dançaram e beberam. Talvez tenham bebido muito mais do que deveriam, já que estava se abrindo com Ana muito mais do que faria se estivesse sóbria. Por ter contado mais do que imaginou dizer a Ana, saiu da festa com ideias não tão boas assim, visto que a outra mulher a incentivou incansavelmente de que ela deveria se declarar para o homem no qual ela estava se encontrava interessada.

não disse nada para sua melhor amiga Kate sobre o encontro com Ana, muito menos mencionou essa conversa entre elas porque sabia que Kate iria colocar um pouco de juízo em sua mente ao dizer algo sobre como elas duas bêbadas não estavam falando nada com nada uma com a outra. Apenas ficou remoendo a possibilidade de contar logo ao homem como se sentia. Novamente encontrava-se muito dividida, pois queria contar e esperava um resultado incrível, já o outro lado pensava logo na chance de abrir o seu coração e tomar um fora dele e ainda por cima perder o amigo.
Antes de contar algo e tomar um fora, ela tentou demonstrar que sentia mais do que a amizade por ele. Tinha colocado em sua cabeça que em algum momento iria conseguir se unir a ele, dado os sentimentos que ambos sentiam. Iria acontecer naturalmente já que ela já tinha um passe livre na mente de , pois sempre fazia questão de lembrá-lo de que ela existia sendo por mensagens monossilábicas trocadas todos os dias ou por sempre concordar em ir nas festas que ele precisava ter uma companhia feminina para espantar as outras. Porém nada disso aconteceu e ela continuou se convencendo de que estava tudo certo porque eles ainda só eram amigos.
Por ser um dilema e tanto, não conseguia mais se concentrar em nenhuma atividade. Mesmo que uns dias ou meses já tivessem passado, ela ainda voltava para a questão de contar ou não contar. Por estar tanto tempo no mundo da lua, mal tinha dado atenção ao quando ele se aproximou dela para uma conversa depois de uma das aulas deles. Ela tinha até cumprimentado ele e engatado numa conversa, mas no meio do assunto se deixou levar pela sua imaginação e, quando deu por si, percebeu que ele havia feito uma pergunta. Ainda envolta nos seus sonhos, disse a primeira coisa que lhe veio em mente.
— Sim! — então beijou com muito mais vontade do que fazia quando estavam fingindo para alguma pessoa.
— O que foi isso?
— Hmmm... me desculpe, que não tive a intenção... Quer dizer, tive, mas não deveria ter sido assim...
— Fala com calma. — ele disse com um leve sorriso no rosto. — Primeiro me explica da onde veio esse beijo?
— De mim, ué?
— Eu entendi isso, boo, só quero saber por que você fez isso.
— Porque... eu estou apaixonada por você, . É isso.
havia dito essa frase milhares e milhares de vezes antes. E em todas elas a correspondia de modo positivo e tudo terminava em um belíssimo casamento, ele a esperando no altar com um terno preto de três peças, todos os amigos e familiares deles dois com sorrisos tão grandes que os seus rostos pareciam caricaturas de si mesmos, com um momento incrível onde ambos diriam os votos mais românticos que os convidados já ouviram em toda a vida deles. A lua de mel seria em um lugar paradisíaco, mas ela não terminaria ali, pois eles dois, ao voltarem para a casa deles com um muro de madeira branco bem tradicional dos filmes, continuariam a viver os momentos mais doces pelo resto de suas vidas. E nada disso seria ruim, tudo estaria bem, porque eles seriam mais que amigos a partir de agora.
boo, eu não sei o que dizer.
, todo mundo sabe e diz que a gente deve ficar juntos. — ela disse, tentando manter algum tipo de bom ânimo diante da situação.
— Tudo bem, mas o que todo mundo diz não se aplica a mim e a você.
— Eu sei, mas eu gosto de você de verdade.
— E você deve gostar mesmo, afinal somos amigos, né?
, eu estou realmente apaixonada por você. Isso é mais do que a opinião de meia dúzia de pessoas. Eu realmente estou apaixonada por você e não tenho mais como esconder isso.
— Esconder? Desde quando está se sentindo assim?
— Tem uns meses.
— Por que não disse nada antes?
— Porque tinha medo que você tivesse essa reação de agora. Não quero ser rejeitada.
, a gente não pode ficar juntos, é contra o nosso combinado. Você sabe disso.
— Eu sei, mas combinados são feitos e desfeitos a todo tempo. Por que esse que foi feito anos atrás não seria?
— Porque somos apenas amigos.
— Só isso? Nunca poderíamos ser mais do que amigos?
— Não, somos apenas amigos.
— Tem certeza?
— Você é uma mulher incrível e agora eu vejo que nunca poderíamos ter levado isso adiante por muito mais tempo do que fizemos. Não foi certo, mas ambos aproveitamos dessa comodidade que criamos. Não sei exatamente onde deveríamos ter parado, mas sei que fomos longe demais. Eu gosto muito de você, mas não passa de uma amizade. Me desculpe.
tentava muito segurar as lágrimas, porém não teve sucesso algum. Se valeu de que, apesar da rejeição amorosa, estava diante do seu amigo. Entre um fingimento e outro eles se aproximaram e, mesmo com esse momento de rejeição amorosa, ela sabia que era um ombro no qual ela podia chorar e encontrar conforto.
E foi assim que terminou em relação ao que sentia por . Assim que tinha sido rejeitada não pode resistir e soltou umas lágrimas, porém logo depois o próprio listou os mil defeitos que o exterior bonito dele escondia e lembrou do porquê eles, como um casal, não iriam para frente. Deram risadas da situação vivida e sabiam que aquela história seria passada adiante para os seus filhos e netos.
Continuaram como apenas amigos e estava tudo bem. 



Fim.



Nota da autora: Sem nota.



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