11. Stand Up

Finalizada em: 17/08/2018

Capítulo Único

Não tinha como explicar, se ela mesma que sentia tudo estava mais confusa que todos os outros. Era como se estivesse no fundo do poço, sem saber exatamente como havia chegado lá e muito menos como sair dele. Seu corpo e cabelo eram os mesmos de antes, só estavam malcuidados. Ela não sentia mais vontade de se arrumar, não via motivos para isso. Era como se estivesse invisível perante as outras pessoas, ninguém ia reparar nela com tantas pessoas mais interessantes por aí.
As pessoas em volta pareciam não enxergar o que ela estava passando, sinal de que escondia tudo muito bem. Um compromisso inesperado, sono ou falta de dinheiro, eram essas as desculpas para não sair de casa e sempre funcionavam. Quando não tinha como recusar, o corpo de ia, mas ela, de fato, não estava naquele ambiente.
Todos os seus erros, a maioria deles numa tentativa de acertar, pareciam ter ganhado um peso a mais em sua vida. Tudo resolveu voltar de uma só vez, deixando a cruz que ela era obrigada a carregar muito mais pesada.
Chorar havia se transformado em sua rotina. Seja em casa, no trabalho ou em um ônibus durante a volta pra casa, o lugar era o de menos. As lágrimas pareciam não ter fim e diferente de antes, agora elas não traziam uma questão de leveza. Os trabalhos e estudos pareciam ter se tornado uma obrigação, algo que já não dava mais prazer em fazer.
A dor era a pior parte e não era física. Era dor na alma, mente pesada e coração confuso. Era uma mistura de vazios que faziam com que se sentisse cheia. que sempre foi tão intensa e complicada, sentia isso na mesma proporção.
Odiava ter que se olhar no espelho e não sentir nada por quem ela via no reflexo, além de pena. A que ela conhecia não existia mais, a menina do reflexo era um outro alguém que era o oposto do que a era antes.
Antes de tudo isso, sorria, saía, sentia alegria nas menores coisas da vida. Ela aproveitava cada segundo da melhor maneira possível, pois tinha em mente que aquele tempo não voltaria mais. Mas, agora era tudo o contrário, ela não vivia mais, apenas dormia e acordava esperando os dias passarem.
Viver havia perdido a graça. Sua vida se resumia em dormir, acordar, fazer suas obrigações e respirar para não morrer por fora, afinal, dentro dela não existia mais vida nenhuma. Não conseguia ver ou sentir nada que fizesse com que ela seguisse em frente. O seu mundo parou em um lugar no meio do nada e ela nunca esteve tão perdida.
Depois de contar tudo para , seu namorado, ficou sozinha no quarto e se permitiu chorar, mesmo sabendo que as lágrimas não conseguiam aliviar mais nada. O rapaz já havia percebido que ela não estava bem, mas até então, ele não sabia o tamanho do fardo que a namorada estava carregando sozinha.
— Pode entrar. — Disse a depois de ouvir o rapaz batendo na porta após ter respeitado o momento que a sua namorada queria ter com ela mesma.
Ele a abraçou, sem dizer nada. Abraçou demonstrando todo o seu amor e carinho que tinha por , abraçou porque sabia que ela precisava e que aquilo era a única ajuda que ele podia dar no momento. Abraçou a garota por saber que ela se sentia culpada pelos problemas que eles vinham tendo no relacionamento.
— Eu sei que você deve estar se culpando por tudo, sei que você pode estar pensando que estou chateado por você não ter me contado antes, mas eu juro por tudo que é mais sagrado que eu te entendo. — Foi sincero com que agora prestava atenção no rapaz.
— Eu não queria estar assim, amor, eu juro. — Disse em meio as lágrimas que voltavam a aparecer em seus olhos.
— Eu sei que não. — Depositou um beijo em sua testa, depois de abaixar e se sentar próximo a garota que estava no chão. — Posso te pedir uma coisa? Mas você tem que jurar que vai fazer.
— Claro. — Forçou um falso sorriso para que retribuiu numa tentativa de animá-la.
— Sua mente deve estar uma confusão agora, seu psicológico e seu emocional devem estar fodidos, eu sei, então, nada que eu falar agora vai fazer com que isso passe de imediato. Porém, guardar pra você, só piora a situação, . Quero que você me procure todas as vezes que tiver essas crises, não guarde tudo só pra você.
— Mas eu não quero incomodar ninguém... — Tentou interromper, mas continuou.
— Nós seres humanos somos como uma mala, por maior que ela seja, um dia ela vai encher e não vai dar pra colocar mais nada. Se você guardar tudo de ruim só pra você, um dia essa mala enche e nada de novo e bom que aparecer vai dar pra colocar nela. Se você enche a mala do seu pensamento só com coisa negativa, como que os pensamentos positivos vão ficar aí, se não tem lugar? Não estou te culpando de nada, só estou dizendo para você tentar mudar essas pequenas coisas, pois acredite, elas fazem muita diferença. Talvez mudando alguns hábitos você consiga sair dessa, ou talvez você vá precisar de um psicólogo, um terapeuta, ou qualquer outra pessoa que possa te ajudar. Mas eu não vou permitir que você fique assim, perdendo a vida linda que você tem e deixando essa pessoa maravilhosa que você é morrer aos pouquinhos. Você vai sair dessa e eu vou estar aqui do seu lado pra te ajudar. — Finalizou, abraçando novamente a namorada.
— Obrigada, meu amor, por tudo e por sempre. Eu não sei como, mas juro que vou tentar melhorar. — Beijou os lábios do garoto, selando o juramento que havia feito.
— A gente vai descobrir isso juntos. Você é linda e tem esse mundo todo pra você, acredite nisso. Agora levante-se, tome um banho, coloque a roupa mais linda que você tem, que vamos sair pra comemorar. — Falou animado, enquanto ajudava a se levantar.
—Comemorar o quê? — Perguntou confusa, não entendendo o que o namorado quis dizer.
— A nova fase da sua vida que vai começar agora.
— Obrigada por tudo, prometo que vou tentar por mim e por você. E, também não vou te esconder mais nada, só espero não encher a sua mala. — Sorriu de verdade pela primeira vez naquela conversa enquanto suas mãos envolviam o pescoço do rapaz.
— Por você vale levar todas as minhas coisas na mão. — Respondeu antes de beijá-la.





FIM!



Nota da autora: Se você se identificou com alguma parte da história, procure ajuda, fale com um conhecido ou busque um psicólogo. Se quiser me procure também, metade da história é a minha realidade, então, quem sabe eu não possa te ajudar de alguma forma. Cuide de você, se ame. VOCÊ É IMPORTANTE. Um beijo!!




Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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