Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

Já passava das três e meia da manhã na agitada New York. Porém, mesmo na cidade que nunca dorme, sempre dá para encontrar alguma rua deserta e mais escondida.
Em uma delas, estava , sentada na calçada, quase deitada e sem se importar com o vento frio cortando sua pele. Era fim de outono e poucas árvores ainda possuíam folhas, mas ela tampouco ligava para aquilo também. Tudo o que importava para naquela madrugada era o cigarro de maconha, que tragava profundamente, sentindo o efeito causado pela substância.
Ela se sentia leve, relaxada, e estava pouco se fodendo para o clima que fazia ou para a possibilidade de algum maluco atacá-la. Por que se importaria?
só queria esquecer os problemas que lhe atormentavam e a dor sempre presente. Também queria esquecer as palavras que ouviu de sua, até então, namorada algumas horas antes.
Sério, dar um tempo no relacionamento e fingir namorar um homem para a alta sociedade não desconfiar que Ashley era lésbica? Por que as coisas tinham que ser daquele jeito? Por que ela não podia ter um relacionamento sem drama ao menos uma vez?
bufou pela milésima vez e tragou o baseado novamente. Não precisava de mais ninguém simplesmente porque não podia precisar. Estava só e sempre estaria.
Soltou uma risada amargurada quando a fumaça foi de encontro aos seus pulmões e percebeu o quão ridículo era ficar lembrando daquilo.
— Que se foda você, Ashley Morgan. Que se foda você e esse seu namorado de mentira. Não preciso de você quando tenho essa belezinha aqui comigo! Pelo menos ela nunca viria com uma ideia estúpida como a sua — resmungou e gargalhou sozinha.


A poucos metros, num bar de esquina, um pequeno grupo de rapazes saía fazendo bagunça. Na verdade, eles foram expulsos pelo dono do local, que vinha tentando há um bom tempo fechar as portas e encerrar seu dia de trabalho.
Em meio a toda aquela algazarra, um deles revirava os olhos, sem acreditar no tamanho do seu azar.
— Se fodeu, . Vai ter que pagar a aposta de qualquer jeito! — Travis imediatamente recebeu apoio dos outros dois amigos.
— Veja bem, como vou pagar uma aposta se não sei se ganhei ou perdi? Façam sentido, seus bêbados! — debochou dos outros, bebendo um gole da garrafa que havia trazido consigo do bar.
— Muito simples, Délperier, você perdeu porque não conseguiu um encontro com a garçonete antes de sermos expulsos, sacou? — Jason explicou de forma lenta, como se estivesse tentando fazer uma criança entendê-lo, mas sem sucesso, devido à sua voz enrolada.
— E quem disse que não consegui? — arqueou a sobrancelha.
— Qual é, ! Me mostra o número dela então! — Travis riu, impaciente.
— Isso tudo é desespero para me ver pelado? Já te falei que você não faz o meu tipo, Travis! Sem exceções. — Ele gargalhou.
— Tá maluco, cara? Foi você quem falou que ficaria com qualquer mulher que quisesse naquele bar! “Escolham qualquer uma, e se eu não tiver pelo menos o número dela no final da noite, dou a volta correndo pelado por uma quadra inteira” — Travis imitou a voz do outro e os rapazes riram. revirou os olhos mais uma vez.
— Vocês são inacreditáveis. Aquilo era zoei...
— Pare de resmungar, . Nós queremos ir pra casa ainda hoje e está frio, se você não percebeu — Eric o interrompeu.
— Vamos lá, meu caro. — Jason deu um tapinha no ombro de e ligou a câmera do celular.
— Espera, você também ficou maluco? Não vai filmar isso, não! — reclamou.
— Já deu pra ver por que não conseguiu o número da garçonete, é um banana — Eric resmungou, fazendo bufar e tirar o casaco, seguido da calça e logo todas as suas peças de roupa estavam sobre o capô do carro dele, que tinham alcançado durante a pequena discussão.
— Se isso parar em algum lugar da internet, eu juro que mato vocês — ameaçou.
— Correndo! — Travis ordenou, rindo, sem nem se dar o trabalho de negar. Era óbvio que aquele vídeo ia para as redes sociais.
O frio cortava sua pele e sentia cada centímetro do seu corpo reclamar em protesto.
— Idiotas! — resmungou e começou a correr.


continuava a tragar o baseado, com seus pensamentos perdidos em coisas desconexas. Ela ria sozinha, até que tomou um pequeno susto quando ouviu uma voz masculina muito próxima.
— Cacete, isso vai ter volta! — resmungou, rindo de nervoso porque os dedos de seus pés já estavam dormentes. Ele corria com as mãos na parte da frente de seu corpo, tampando seu precioso amigo. — Se tiver algum carro de polícia escondido por aqui, eu to ferrado. Merda, ! Que ideia idiota foi essa? — Olhou para trás, vendo seu próprio carro virando a esquina da rua. Logo iriam alcançá-lo apenas para Jason continuar a filmar a cena.
só não esperava que quando voltasse a olhar para frente, soltando mais um muxoxo de irritação, fosse encontrar uma mulher sentada na calçada, tragando um baseado e arregalando os olhos de surpresa ao se deparar com ele.
Imediatamente, paralisou envergonhado, enquanto se engasgava com a fumaça.
— Eu... É... Eu... — ele se perdeu nas palavras, talvez o melhor fosse voltar a correr antes que ela ligasse para a polícia ou começasse a gritar. Se preparou para fazer isso e quase gritou frustrado quando percebeu que seus amigos haviam diminuído a velocidade do carro, provavelmente para rir ainda mais dele. — Juro pra você que não sou um tarado. Fiz uma aposta com meus amigos idiotas e aqui estou eu porque perdi.
não conseguiu evitar olhá-lo de cima a baixo, analisando rapidamente o corpo de . Ele não era o tipo de homem que passava batido aos olhos de qualquer um. Era bonito... Muito.
Na verdade, bonito era pouco.
Ao ouvir a explicação atrapalhada do rapaz, não conteve sua reação e soltou uma sonora gargalhada.
Que tipo de idiota apostava correr pelado em uma noite fria como aquela?
— Me deixe adivinhar, você apostou que ia ficar uma mulher até o fim de noite, mas ela te deu um fora e aqui está você, tendo que explicar para uma estranha por que está correndo nesse estado. — se recompôs e tragou o baseado mais uma vez.
encarou a mulher totalmente surpreso com a reação e a voz levemente rouca dela, então arqueou a sobrancelha.
— Vamos fazer o seguinte: vamos fingir que eu não estou aqui. Continue a correr, ou quer pegar um resfriado num frio desses? Se eu fosse você e fizesse uma idiotice dessas, eu já teria terminado de correr faz tempo. Não pararia para conversar com estranhos — ela disse, por fim, enquanto encarava o cigarro. Desviou seu olhar por poucos segundos para os olhos do rapaz, que soltou uma risada incrédula.
— Sério? Você não vai gritar, me chamar de tarado ou ligar pra polícia? — Não conseguiu se conter.
— É isso que quer que eu faça? Quem nunca fez uma aposta estúpida? Prefiro continuar aqui, curtindo meu baseado, obrigada. — “E ter a bela visão desse seu corpo gostoso não me parece ruim também”, ela concluiu em pensamento, dando uma risadinha.
balançou a cabeça negativamente, completamente confuso, então soltou uma risada baixa, acompanhando a dela.
Quando se moveu para voltar a correr, seus pés protestaram devido ao frio, mas ele o fez mesmo assim.
— Boa noite pra você também, estranho — murmurou, enquanto voltava a olhar seu baseado, com sua expressão vazia.
olhou para trás ao ouvir a voz da mulher.
— Boa noite, estranha que nunca mais vou ver. — Abriu um meio sorriso e voltou a correr.
tragou mais uma vez, voltando seu olhar na direção em que o rapaz corria, só percebendo que encarava a bunda dele quando virou a outra esquina e um carro passou ao lado dela. Balançou a cabeça em sinal de negação, mas ela nunca mais o veria, aquilo não fazia diferença.
Ele não demorou mais muito tempo para completar aquela corrida, se sentindo totalmente ridículo, ainda mais pelo ocorrido durante o caminho. O carro dele então não demorou a parar ao seu lado e encontrou seus amigos ainda gargalhando.
— Isso vai ter volta — ele disse, contendo uma risada enquanto pegava suas roupas que Travis entregava. Se vestiu rapidamente e entrou no lado do motorista, antes ocupado por Eric.
Os rapazes voltaram a rir quando ele os encarou quase sério.
— Parem de rir, trouxas. — Revirou os olhos.
— Até correndo pelado na rua pra cumprir uma aposta você tenta conquistar mulheres, . Confesso que sou seu fã. — Jason foi sincero.
riu, enquanto girava a chave na ignição, ligando o carro.
— Cala a boca — murmurou, dirigindo.
— Mas, cara, até eu ia parar se fosse ele. A mulher era muito gata, vocês repararam nisso? — Eric disse, ignorando .
Era verdade. Apesar da situação cômica e trágica, tinha reparado, sim, na mulher. E o jeito que ela fumava aquele baseado sem se importar com nada ao seu redor lhe atraía ainda mais.
“Ela era realmente linda”.


🌹


Fazia pouco menos de uma hora que havia entrado naquela boate. No meio da pista de dança, ele dançava sozinho, lançando alguns olhares para algumas mulheres enquanto esperava por Jason, que estava no bar, comprando bebidas. A música do momento era alguma do The Weeknd. não conhecia o nome, mas aquele era o tipo de música que não o deixava ficar parado. Ele lançou um olhar para uma morena dançando mais adiante e sorriu quando a reconheceu. Sua intenção não era ir até ela, mas, se fosse, teria sido impedido por Jason, que naquele instante chegou com as bebidas e um sorriso malicioso no rosto, encarando como se soubesse algo que o outro desconhecia.

— Que foi, Jason? Por que essa cara? — alteou um pouco a voz e arqueou uma das sobrancelhas.
— Não vai imaginar quem eu encontrei lá no bar.
— Acho que imagino. Acabei de vê-la — retrucou indiferente e indicou a morena com o olhar. Jason olhou na direção mostrada pelo amigo e balançou a cabeça em negação.
— Não, não estou falando dela. Estou falando da mulher de ontem. Aquela que te viu correndo pelado na rua.
, que olhava distraído para uma outra morena que o encarava, automaticamente virou a cabeça para Jason, surpreso.
— É sério?
— Quando cheguei ao bar, ela estava encostada no balcão e continuava lá quando saí.
entregou sua bebida novamente para ele.
— Já volto. — E seguiu em direção ao bar.
— Depois diz que não estava tentando conquistar a moça. — Jason riu.
— Cala a boca — retrucou, ao longe.


virou mais uma dose de vodca toda de uma vez. Ela sentia o álcool fazendo efeito, deixando seu corpo mais leve e desinibido e ela se desencostou do balcão, acompanhando o ritmo da música ao mover seu corpo. Já havia perdido as contas de quantas doses da bebida havia tomado, mas quem se importava?
Tragou o cigarro que estava em sua outra mão, apagando-o no cinzeiro mais próximo. Chamou o barman mais uma vez, sentindo que agora precisava de algo mais forte, e então pediu duas doses de tequila, já para não ter que chamá-lo novamente.
Enquanto esperava, seu corpo não parava de se mover. Ela era apaixonada pela dança, então sua reação não era novidade.
— Uísque duplo pra mim, pode caprichar na dose — a voz soou bem ao seu lado e teve a impressão de conhecê-la de algum lugar.
Então olhou à sua direita, encontrando o perfil do cara da noite anterior. Por poucos segundos, a sua expressão foi de incredulidade.
O mundo era pequeno daquele jeito mesmo?
Em seguida, balançou a cabeça e soltou uma risada irônica.
— Três dólares. — O barman entregou a bebida ao rapaz e este lhe pagou com uma nota de vinte dólares, pegando o troco e bebendo um gole do uísque em seguida.
Ele sabia que a mulher estava lhe observando ao seu lado, mas fingia não a ver.
— Quase não te reconheci vestido — disse, quando ele virou em sua direção, ainda com a expressão irônica no rosto.
sorriu de lado, vendo-a virar as duas doses de tequila de uma só vez e retribuí-lo em seguida.
— Se você preferir me ver sem roupas, é só pedir. — Ele bebeu mais um gole do uísque, piscando para ela. revirou os olhos.
— Ah, hoje você não está com medinho da polícia? — O sarcasmo era evidente, fazendo rir alto.
— Touché. — Virou o restante da bebida e largou o copo no balcão. — Já vi que você gosta de beber, como eu. Posso te pagar alguma coisa? — Encarou a mulher de cima a baixo, sem se preocupar em disfarçar.
percebeu aquilo e mordeu o lábio discretamente. Não podia negar que ele era muito atraente, mas se recusava se deixar levar. Ela tinha acabado de sair de um relacionamento complicado, não podia cogitar nada com ninguém, nem mesmo algo casual.
Riu de seus pensamentos. Por que já estava pensando naquilo mesmo? Ele só queria pagar uma bebida, o que teria demais naquilo? E desde quando se importava com o que aconteceria se bebesse com um desconhecido?
— Pode — disse, apenas.
Enquanto o rapaz se virou para o balcão para pedir as bebidas, ela o encarou discretamente, o analisando da mesma forma que ele havia feito com ela.
De fato, era gostoso pra caramba.
bufou e pegou seu celular, abrindo o whatsapp e verificando que Ashley não havia sequer visualizado sua mensagem. Revirou os olhos, guardando o celular no bolso e percebendo que lhe olhava novamente.
Ele lhe estendeu a bebida, outra dose de tequila, sem lhe questionar nada, o que a fez agradecer mentalmente.
Os dois ficaram calados por um tempo, apenas ouvindo a música e se movendo de leve no ritmo dela, porém ficar ao lado de alguém sem dizer nada incomodava .
— Então, vai me dizer seu nome, ou prefere mesmo ser o estranho que corre pelado de madrugada? — Quebrou o silêncio entre os dois.
gargalhou com a última parte da pergunta.
. — Estendeu a mão para ela, em um cumprimento.
encarou a mão dele e ignorou, bebendo a tequila e deixando o limão de lado, como havia feito das outras vezes.
— Me conta sobre sua aposta de ontem. Sei que adivinhei, mas, mesmo assim, estou curiosa para ouvir a história toda.
virou sua tequila, se aproximando um pouco mais da moça para que não precisasse gritar. Esperava que ela fosse se apresentar também e ele não deixaria aquilo passar batido.
— Bom, realmente você acertou boa parte da história. Apostei com meus amigos que conseguiria conquistar qualquer mulher do bar em que estávamos ontem. O que aconteceria se eu perdesse, você já sabe. Se eu ganhasse, eram eles que teriam que fazer. Só que escolheram uma das garçonetes de lá que... bem...
— Não fazia seu tipo? — adivinhou mais uma vez.
concordou.
— Acontece que eu nem me esforcei tanto assim para conseguir o número dela e o bar estava fechando. Não pensei que eles tivessem mesmo levado aquela aposta a sério. Mas foi isso. — Deu de ombros, terminando de contar. — E você, qual o seu nome?
— Gosta de dançar, ? — Ignorou a pergunta, chamando o barman novamente e pedindo mais uma tequila.
— Quer saber, me dá a garrafa toda. — entregou uma nota de cem dólares para o garçom e pegou a garrafa logo depois. — Gosto.
E deu um longo gole.
— Então vem. — puxou o rapaz para a pista, que estava cheia.
lhe entregou a garrafa e ela bebeu longos goles, mal sentindo a queimação costumeira em sua garganta. Seu corpo já se movia sem inibição alguma, guiado pela música e pelo nível de álcool em suas veias.
Eles dançaram por mais alguns minutos. observava a mulher atentamente, enquanto ela parecia estar em um mundo paralelo ao seu, totalmente focada na música que tocava. Sorriu com isso.
— Não fuja da minha pergunta. Te disse meu nome, agora me diga o seu — insistiu, a fazendo encará-lo e gargalhar, bêbada.
— Já que você gosta de apostar, , tenho uma aposta pra fazer contigo. — Ela se aproximou mais dele, quase colando seus corpos.
gostou daquilo, segurou a cintura de e acompanhou os movimentos dela.
— Que tipo de aposta? — Sorriu de canto.
— Você tem até o final dessa noite para descobrir ou adivinhar o meu nome. Se você errar, terá que repetir a cena de ontem, mas não esqueça de um detalhe, hoje está nevando. — Abriu um sorriso diabólico.
a olhou surpreso, mas imediatamente seu sorriso ganhou um tom de malícia.
— Não precisa apostar para me ver pelado novamente, sabe?
— Quem disse que quero te ver pelado, babaca? — deu risada.
Ele riu junto dela, ainda mais depois de ouvir do que havia o chamado.
— Feito. Mas, se eu ganhar, você sai comigo. — Piscou para ela.
não se surpreendeu com a audácia do homem, ele já havia mostrado que de inibido não tinha nada.
Ela gostava daquilo.
Considerou o que havia dito e, por fim, deu de ombros. Seria engraçado quando lhe dissesse que tinha namorada.
— Fechado então. — Piscou de volta para ele.
pegou a garrafa da mão da mulher e rapidamente bebeu mais alguns goles da tequila. Ele não fazia ideia de como descobriria seu nome, mas precisava dar um jeito.
Entregou a garrafa de volta.
— Vou ao banheiro. Tente não detonar a garrafa toda de uma vez, já vi que você adora tequila. — E saiu em direção ao banheiro.
gargalhou e bebeu mais.
— Não prometo nada — murmurou, mesmo que ele não pudesse ouvi-la.


saía do banheiro com sua mente trabalhando a mil, tentando encontrar um meio de descobrir o nome daquela mulher. Seus pensamentos foram interrompidos por uma morena, parada próximo à entrada dos banheiros.
— Você já foi mais educado, . — Ela interrompeu sua passagem.
— Maya, conversamos depois, sim? Estou meio ocupado agora. — tentou passar pela mulher.
— Com aquela esquisita ali? Você sabe que consegue coisa melhor. — Maya umedeceu os lábios. os encarou, descendo para o corpo avantajado da morena e abriu um sorriso de lado, se aproximando.
— Eu poderia dar o que você quer agora mesmo, Maya. Mas te falei que acabou, esqueceu? — Ele arqueou a sobrancelha. — Vou fingir que não ouvi seu comentário sobre ela. Ciúmes?
— Não estou com ciúmes e também não é como se eu estivesse tentando me casar com você, . Que mal vai fazer só mais uma noite? — Ela aproximou sua boca do ouvido dele e sussurrou, passando a unha por seu abdômen.
Ele engoliu em seco. Maya sabia provocá-lo, por mais que estivesse focado em outra mulher.
— De qualquer forma — ela se afastou e o encarou com um sorriso vitorioso, percebendo que havia causado o efeito desejado —, se eu fosse você, desistia. Pelo que sei, ela é comprometida — disse, por fim.
— Espera... Você sabe quem ela é? — estava surpreso.
Maya alargou o sorriso.
— Talvez eu a conheça... Mas só te falo sobre ela se tiver você todinho pra mim essa noite. — Voltou a se aproximar dele.
Dessa vez, ignorou a investida. Não conseguia acreditar na sua sorte.
— Maya Stone, você sabe que não precisa fazer isso. Você pode ter qualquer homem que quiser dessa festa.
— É óbvio que eu sei disso. E quero você. — Piscou, sedutora. — O que vai ser?
a olhou pensativo. Não era como se transar outra vez com Maya fosse algum sacrifício, mas ele não gostava que ficassem no seu pé como ela estava fazendo e sabia que aquilo não terminaria ali.
Voltou seu olhar para , que dançava animada no meio da pista, sorriu mais uma vez, então negou com a cabeça.
— O lance entre nós dois realmente acabou, Maya.
Sabia que estava arriscando perder mais uma aposta, mas simplesmente não conseguia ceder.
Um bico se formou nos lábios de Stone.
— Bom, não custava tentar, certo? — suspirou. — Mas, como estou me sentindo bondosa hoje, ainda assim vou ajudar você, .
— Ah, vai? — O homem estava surpreso de verdade.
— Vou sim. — Ela sorriu novamente, então brincou com o colarinho da camisa dele. — Deixo você ficar me devendo essa.


A música ao fundo era Animals, do Maroon 5. movia seu corpo no ritmo da música, tomando alguns goles da garrafa de tequila e deixando-se levar pelo prazer que aquilo lhe causava. Ela sentia seu corpo leve, relaxado, e os problemas tinham sumido. Sorria consigo mesma e cantarolava a música de olhos fechados.
Sentiu um arrepio percorrer de sua cintura para o resto do corpo quando duas mãos lhe seguraram firmes ali. Um perfume masculino delicioso invadiu suas narinas e ela sentiu o rosto dele próximo ao seu pescoço.
No girl don’t lie, you can’t deny the beast inside... — Ouviu a voz rouca dele em seu ouvido. Não era desafinada como esperaria. Na verdade, tinha jeito para aquilo, o que a fez morder o lábio discretamente e virar de frente para encará-lo, escondendo o quanto aquilo a havia afetado com um sorriso debochado.
— Quase ficou sem sua tequila. — Entregou a garrafa para ele, voltando a mover seu corpo.
Olhando-o nos olhos, ela decidiu que seria divertido provocá-lo, e foi isso que fez.
tomou longos goles da bebida, sem conseguir desviar o olhar da mulher. Ele se movia também no ritmo da música, observando cada pedaço do corpo de , se segurando para não fazer o que o seu próprio implorava.
não achava certo a agarrar e a levar para um lugar qualquer, onde saciaria seu desejo de possuí-la. Aquela mulher não era alguém qualquer. Não era só o corpo dela que lhe atraía, era o jeito dela, a expressão do rosto dela. lhe intrigava como jamais ninguém o intrigou.
Bebeu mais e sentiu a mulher tomar novamente a garrafa de sua mão. Enquanto bebia, ele aproximou mais o seu corpo do dela, voltando a lhe tocar a cintura e movendo seus corpos de maneira sincronizada.


Já não faziam mais ideia de qual música tocava ou de quantas dançavam juntos. A única coisa da qual se davam conta era a maneira como se encaixavam naquela dança, e era deliciosa demais, envolvente demais.
A garrafa de tequila foi jogada em um canto qualquer e quando voltou a tocar a cintura de , esta envolveu seus braços no pescoço dele, arranhando sua nuca e abrindo um sorriso malicioso.
O quadril de se movimentou junto ao dela e sua excitação começou a ficar evidente. O sorriso de se alargou e ela virou de costas pra ele, empinando a bunda e descendo até o chão. Quando subiu novamente, as mãos de apertaram sua cintura com força e ele tocou seu pescoço com os lábios, num beijo de leve.
teria se entregado naquele momento se a música não tivesse acabado e os seguranças começado a gritar que a festa havia terminado.
respirou fundo para conter a excitação quando a mulher se afastou dele, virando de frente. A testa dele se franziu brevemente por conta de seus olhos, que se incomodaram com a claridade repentina, já que as luzes da boate foram acesas.
! — Ele ouviu a voz de Jason lhe chamar.
Seus olhos encontraram os de e ele engoliu em seco, abrindo um sorriso de lado em seguida.
— Bem aqui. Já vou, Jason — respondeu, sem desviar o olhar da mulher. — Preciso ir, ele veio comigo. — Deu de ombros.
ia se despedir fingindo indiferença, mas lembrou de algo que devia cobrar dele e abriu um sorriso convencido.
— Não tão rápido, . Parece que você tem mais uma aposta que acabou de perder — ela disse debochada.
O sorriso de se alargou. Ele não havia esquecido da aposta, queria apenas que fosse ela a tocar no assunto.
— Não sei, eu perdi, ? — respondeu maroto.
voltou a falar, sem se dar conta por alguns segundos de que ele havia dito seu sobrenome.
— Parece que você vai ter que repetir a cena de ontem. Só que hoje a noite está ainda mais fria e está nevando, então boa... Espera! Do que me chamou? — Ela arqueou a sobrancelha, não acreditando que havia ouvido certo.
? Não é esse o seu nome? ? — ainda sorria.
Ela o olhou estática por alguns segundos. Como ele havia descoberto?
— Como? — ouviu sua voz murmurar.
— Hora de ir para casa, pessoal! Estamos fechando! — Um dos seguranças surgiu, os encarando como se fosse chutá-los para fora a qualquer momento.
— Estão nos expulsando, melhor sairmos — disse, segurando na mão da mulher e a puxando para fora da boate.
Ele parou em frente a e esperou que ela dissesse algo. Por fim, deu uma risada de leve ao ver que a mulher mantinha a expressão confusa.
— Você não levou essa aposta a sério mesmo, não é? Porque eu não vou sair com você. — Após alguns segundos, ela se recompôs, adquirindo uma expressão irônica.
— Então tudo isso era uma tentativa de me ver pelado mais uma vez? Porque você ia me forçar a tirar a roupa aqui, não negue. — gargalhou e não conseguiu se conter, acompanhando-o.
— Seria mais uma cena engraçada para colocar no youtube. — Ela deu de ombros. continuou a encarando, deixando nítido em sua expressão que não teria escapatória. — Você não vai me livrar, não é?
— É tão difícil assim aceitar sair comigo? Me sinto ofendido assim. — Fez uma careta.
— Não é isso, . É só que... — Ela estava prestes a lhe contar sobre Ashley, mas eles foram interrompidos mais uma vez pelo amigo dele.
— Cara, tô congelando aqui fora. Se vai com ela pra algum lugar, pelo menos me deixe em casa antes. — Jason riu da expressão que fez.
— Seu amigo não vai me levar para lugar algum — respondeu, automaticamente.
— Acho que erramos o dia da aposta, — o homem disse, fazendo bufar irritado.
agiu sem pensar. Tomou o celular das mãos de e anotou seu número nele, entregando-o de volta ao homem em seguida.
— Me liga. — Se aproximou dele, lhe dando um beijo no rosto e piscando marota antes de se afastar.
conteve a expressão de surpresa, chamando o nome da mulher quando viu que ela tinha se afastado mais.
? — Ela o olhou curiosa. — Não quer carona até sua casa? — ofereceu, e sorriu mais uma vez.
— Não precisa, eu vim preparada. — Se aproximou de uma moto estacionada ali próximo e subiu nela em seguida. — Até mais, . — Vestiu o capacete e ligou a moto, acelerando e dando partida.
— Uou! — Jason continuou encarando o lugar de onde ela havia saído.
— O que você estava dizendo mesmo? — riu da cara do amigo e andou até o carro. — Agora entre de uma vez aí, empata foda. — Destravou o carro.


não sabia por que tinha agido daquela forma.
Aceitar aquela ideia de sair com ele?
Por que ela tinha feito aquilo?
Ela tinha acabado de sair de um relacionamento, qual era a dela?


🌹


— Confesso que achei que você tinha me passado o número errado — confessou, ao ver a mulher abrir a porta da casa. Não conseguiu evitar e deu uma olhada para as pernas descobertas dela, já que ela usava um vestido preto curto, então sorriu, voltando a encará-la nos olhos.
notou o olhar dele, mas não disse nada e nem expressou reação, contendo o sorriso malicioso.
— E por que eu faria isso? — Ela saiu da casa e fechou a porta, seguindo até o carro.
— Não sei, talvez porque você disse que não ia sair comigo minutos antes de me passar seu número. — Deu de ombros, abrindo a porta do carona para que entrasse, então fez a volta para poder entrar no seu lugar.
— Mudei de ideia, babaca. — riu.
arqueou a sobrancelha com o xingamento, mas, estranhamente, em vez de ficar chateado, riu também, acompanhando a mulher. Era a segunda vez que ela o havia chamado daquela forma e ele não havia se importado.
Deu partida no carro e seguiu para o lugar que tinha planejado. Na verdade, não ficava muito longe da casa de , ele observou consigo mesmo, mas nada comentou.
dividia sua atenção entre a direção e olhar para a mulher, que balançava a cabeça, concentrada na música que tocava. Era alguma do Coldplay e o rapaz sorriu com aquilo. Ela era tão ligada à música quanto ele. Sabia aproveitar e se entregar à melodia.
— O que foi? — percebeu o sorriso dele em sua direção e o olhou curiosa.
— Nada, não. — voltou a olhar para frente. — Só é legal ver o quanto você se entrega a uma música. — Deu de ombros, sorrindo novamente. sorriu de volta, desviando seu olhar para a janela ao seu lado.
— Bom, eu quero ser dançarina, então digamos que a música está em mim — ela murmurou, mas mesmo assim ele escutou.
— Dançarina? Isso é muito legal. — estava surpreso. — E o que mais eu devo saber sobre você? — Sorriu de lado, vendo que chegavam ao seu destino e estacionando o carro.
franziu o cenho e encontrou a oportunidade perfeita para mudar de assunto, já que não queria falar sobre si mesma naquele momento.
— Central Park? A noite? Sério, ? — Ela riu, abrindo a porta do carro e saindo. fez uma careta engraçada e saiu do carro, indo até o porta-malas e tirando uma cesta de lá. — Piquenique a noite? — repetiu, rindo mais.
Ele havia realmente a surpreendido.
— Bom, eu queria te levar a um lugar legal. Pensei em um bar ótimo ou um restaurante, mas não queria aquele tumulto de conversas em volta, então decidi trazer o jantar para cá.
balançou a cabeça negativamente, escondendo um sorriso. Havia gostado da ideia, só que não admitiria isso a ele.
— Babaca — disse apenas, acompanhando-o. Seu olhar estava distraído, até que ela se deu conta de uma coisa e começou a rir. — E essa neve? Pensou nela e no frio?
alargou o sorriso.
— Não vamos jantar na neve, relaxa. — Piscou e continuou caminhando até chegar a um pequeno chalé que se encontrava fechado. Era uma antiga loja daquelas de souvenirs, mas que tinha fechado para reforma e não reabria há séculos.
A verdade era que o dono havia falido e ninguém quis comprar o local.
tirou um molho de chaves do bolso e abriu a porta.
— Como tem a chave daqui? — arqueou a sobrancelha, adentrando o local.
— Sou um vândalo. — Ele riu.
— Babaca — ela repetiu, revirando os olhos. Não se importava realmente se estivessem invadindo uma propriedade particular, mas estava curiosa.
— Estou falando sério. Consegui a chave com o dono, mas não foi de uma maneira amigável ou convencional. — fez uma careta, fechando a porta atrás de si.
O local até que estava limpo para um lugar que havia sido abandonado há um tempo.
sabia que sua resposta levantaria mais perguntas de e ele não poderia responder aquilo a ela. Na verdade, tinha sido uma péssima ideia tocar naquele assunto.
— E como conseguiu então? — Ela se sentou no chão, ao lado dele, na toalha que ele havia estendido e se sentado também.
começou a retirar o que tinha dentro da cesta. Pizza e vinho. sorriu, aprovando a escolha dele. Não sabia o porquê, mas ele sentia que ela não era o tipo que se importava com essas coisas, por isso tinha escolhido aquele tipo de encontro.
Pegou duas taças da cesta e as encheu com o vinho, entregando uma delas para a mulher. Bebeu um gole e a encarou nos olhos.
— Por que mudou de ideia? — perguntou, desviando o assunto.
— Vai mesmo mudar de assunto? — Ela arqueou a sobrancelha.
— É que esse não é o tipo de informação que se dá em um primeiro encontro. — Fez uma careta, incomodado.
— Levando em conta que dancei com você uma festa inteira, digamos que esse não é o nosso primeiro encontro. E eu mudei de ideia porque seu amigo estava caçoando de você e até que você é um cara legal. Satisfeito? — Ela pegou um pedaço da pizza e mordeu.
— Tá saindo comigo por pena? Outch, essa doeu! — também pegou um pedaço da pizza.
balançou a cabeça negativamente.
— Você está me fazendo mudar de ideia — observou.
— Tudo bem, não está mais aqui quem falou. — Ele largou a taça de vinho no chão e ergueu a mão livre em sinal de rendição.
— Acho que você percebeu que não sou do tipo mimada. Se você assaltou alguém e roubou a chave daqui, não vou te julgar. — Foi a vez dela dar de ombros, mordendo mais um pedaço da pizza e bebendo um gole de vinho em seguida.
— Não. Definitivamente você não é. — Bebeu mais vinho. — Não assaltei ninguém, não. O dono me deu esse lugar, porque ninguém mais quis comprar. Foi um pagamento por um trabalho que fiz pra ele — respondeu.
— Que tipo de trabalho se paga com uma propriedade? — Ela já estava imaginando o que seria.
— Não sou traficante, . — riu, adivinhando seus pensamentos.
— Desembucha, . Me conte sua história. — Se ajeitou melhor e encarou o rapaz, o instigando a continuar.
— Minha história não é interessante. — Fez uma careta. — Nasci em Atlanta, nunca conheci meu pai e minha mãe morreu, por isso fui criado pela minha tia. Eu sempre fui um masoquista idiota, por isso, quando descobri uma pista do meu pai, fugi de casa e vim pra cá.
— E você o encontrou? — ela perguntou um pouco surpresa pela história dele.
— Não. E foi melhor não ter encontrado. Não sei como seria minha reação. Provavelmente eu o mataria por ter sido um covarde. — Deu de ombros.
— Então matar não é um problema pra você. — tirou suas conclusões, fazendo o rapaz encará-la surpreso.
— Como é? — riu, escondendo o nervosismo súbito com a fala dela.
, seu nome é conhecido no meio em que vivo. Quando você se apresentou naquela boate, eu sabia que lembrava de você de algum lugar, e depois de saber da sua história, eu sei que não estava enganada. Eu ouvi seu nome algumas vezes, sei o que você faz. — Ela o olhou séria.
— Sabe? E em que meio você vive para saber disso? — estava levemente desconfiado com aquilo.
— Ah, qual é? Você me conheceu sentada numa rua deserta, no meio da madrugada, fumando maconha! Em que meio eu vivo, ? — ela bufou, bebendo mais um gole de vinho e revirando os olhos com a pergunta dele.
— É, você sabe o que eu faço então. Mato pessoas por dinheiro, satisfeita? — Voltou a encarar a mulher nos olhos, enchendo as taças novamente.
— Não gosto que me enrolem pra responder minhas perguntas — ela disse séria, encarando o rapaz de volta e praguejando-o mentalmente por ter olhos tão bonitos.
— Percebi. — Ele riu.
— Pare de me encarar assim, babaca — reclamou, mas não desviou o olhar dele.
— Pare você de me chamar de babaca — reclamou, transformando seu riso em uma careta.
— Eu se eu não quiser? — Ela arqueou a sobrancelha.
— Se você não quiser? — aproveitou a deixa e aproximou seu rosto dela, sentindo que a respiração da mulher falhava. — Se você não quiser, eu serei obrigado a te fazer mudar de ideia — continuou, encarando os lábios da mulher.
engoliu em seco, percebendo a intenção dele sem conseguir se mover. Algo dentro dela gritava que devia impedi-lo, mas estava tão perdida também fitando os lábios dele que não conseguia fazer isso.
— E como você pretende fazer isso? — ela murmurou, sentindo os lábios dele cada vez mais próximos.
— Assim. — tocou a nuca da mulher com uma das mãos e aproximou de vez seus lábios dos dela.
Aquilo teria sido o início de um beijo caloroso entre os dois, se um nome não tivesse sido gritado na mente de , fazendo com que seu coração desse um solavanco desesperado. Ela colocou a mão sobre o peito de e o afastou, pigarreando incomodada.
— O que... — começou, mas ela o interrompeu.
— Não posso — disse, com a voz rouca. — Eu não posso fazer isso, . Eu... Eu acabei de terminar um namoro — ela contou, voltando a encará-lo e vendo a expressão dele ir de confusa para surpresa e compreensiva logo em seguida.
— Oh... Desculpe, eu... Não sabia. — Foi então que lembrou do que Maya havia dito naquela noite.
— Não queria ter te dado falsas esperanças de nada. Me desculpa mesmo. Eu... — Ela se levantou, se sentindo atordoada. — É melhor eu ir embora.
se levantou também, segurando o braço da mulher.
— Não. Você não precisa ir embora, — ele se pronunciou, fazendo com que ela o encarasse. — Eu quero te conhecer melhor. E também eu teria que te matar, já que você sabe do meu emprego —brincou, fazendo revirar os olhos.
— Me mate, babaca — o desafiou, e eles riram.
— Amigos? — Ele soltou o braço dela, voltando a se sentar.
— Amigos — concordou, se juntando a ele novamente.
O momento de tensão por fim foi quebrado e eles passaram horas conversando e se conhecendo.
jamais havia imaginado que teria aquele tipo de relacionamento com uma mulher, mas, sim... Aquele parecia ser o início de uma grande amizade.


FIM



Nota da autora: Eu amo essa short com todas as forças e vou protegê-la.
Espero que vocês gostem também. Comentem!
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Beijos e até a próxima.
Ste.



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