12. Higher

Finalizada em: 05/06/2017

Capítulo Único

- Não dá.
Eu falei chorando enquanto caminhava em direção a porta. Ar, eu precisava de ar.
- Não dá? O que não dá, ?
falava com a voz descompensada, em um tom assustado, passou por mim e segurou a porta para eu não passar.
- Olha a merda que fizemos, ! Jogamos fora uma amizade por uma coisa que deve ser uma paixão passageira, uma amizade de anos por brigas constantes, ciúme excessivo. Estamos nos machucando, estamos estragando algo maior, nossa amizade.
Eu queria acreditar que íamos dar certo, eu queria acreditar que era só uma fase e formos feitos um para o outro, como todos diziam, mas não era, estávamos quebrados, danificados, tentando encontrar a solução da nossa solidão um no outro, e no meio do caminho destruindo nossa amizade.
- Não fala isso, , eu não posso te perder, não posso. Olha o que você tá falando! Você acha que eu não te amo? Que isso é só uma paixãozinha?
Eu virava meu rosto, odiava vê-lo chorando, desde pequena sempre foi assim.
- Olha pra mim, ! Olha pra mim, porra!
- Tchau, .
Abri a porta e saí andando, ele ficou lá parado, quando viu eu ligando o carro, gritou:
- Se você for embora, não volte nunca mais.
E eu fui.

(...)


- Mais um, por favor!
Deixei no balcão do bar uma taça seca, naquelas circunstâncias eu nem lembrava o que estava bebendo, apenas que descia queimando e deixava meu corpo dormente. Eu tentava não pensar nele, mas fazia apenas algumas horas desde a nossa briga e eu já estava me sentindo um lixo, como se nada mais importasse, perdi meu melhor amigo e meu namorado. O barman chegou trazendo minha passagem para a terra encantada onde minha vida era perfeita, aquela taça com um liquido azul.
- A senhorita não acha que está na hora de parar?
Ele falou enquanto limpava a bancada e olhava para mim.
- E o senhor não acha que deveria me trazer outra? Essa já tá acabando.
Falei virando a taça.
Eu odiava ser uma vadia, mas eu não me lembrava disso naquele momento.
Depois de inúmeras doses eu me via andando para fora do bar, era um bar meio underground, aqueles inferninhos que todo mundo ama ir, com música boa, pequeno, com as luzes quase apagadas, onde as pessoas conversam e riem uma com as outras. Mas hoje eu estava ali sozinha. Minha pessoa preferida da terra deveria estar em algum lugar esquecendo que eu existo, coisa que eu estava tentando mas como vocês podem perceber, não tá rolando.
- Senhorita?
- Hm?
Não sei quem era, apenas que falava comigo.
- Me deixa dormir, caralho.
Lá estava eu sendo uma vadia.
- Deixo sim, mas no momento você tá dormindo em frente ao bar e o dono mandou chutar você daqui, estou tentando ser educado, você não me parece o tipo de pessoa que dorme em frente de bares.
Ele me ajudou a levantar e eu ainda processava o acontecimento.
- Onde você mora?
- No momento, em lugar nenhum...
- Como assim?
- Eu moro com meu ex-melhor-amigo, e o mesmo acabou de virar meu ex-namorado.
- Entendi, então fica aí no bar que quando acabar meu expediente você deve estar sóbria o bastante para decidir o que fazer.
A única coisa que eu me lembro é ele me deixando em um sofá no bar e meus olhos pesando, e então tudo se apagou.

Abri meus olhos, a claridade estava me matando, tinha uma janela enorme aberta que dava para o sofá onde eu me deitava. Esse sofá não parece o da minha casa, onde diabos eu estava?
- Hm, bom dia?
Um cara apareceu em minha frente, ele estava arrumando as cadeiras do bar. Sua imagem ficou clara na minha cabeça e lembrei quem era, o barman de ontem, claro.
- Bom dia, senhor desconhecido.
Ele riu.
- Que bom eu você acordou, meu turno acabou há 30min e eu fui conferir duas vezes se você estava viva, a senhorita desconhecida quase não respirava.
- Você pode me atualizar? Eu não lembro do que aconteceu aqui...
Falei preocupada, que merda eu tinha feito noite passada?
- Bem, você chegou, bebeu, bebeu, bebeu, bebeu, bebeu...
- Tá, essa parte já entendi!
- Enfim, depois de beber bastante, você dormiu.
- Por isso o sofá.
- Na verdade, você dormiu na porta do bar, meu chefe ficou puto e mandou te chutar de lá, você não me disse onde morava, algo relacionado com o seu término de namoro...
- Ok, ok. Lembrei de tudo, desculpa pelo trabalho.
Ele riu baixinho, meio que tentando cortar o clima que ficou pesado.
- Então, acho que devo ir.
Me levantei, peguei minhas coisas e dei um abraço de despedida, não conhecia ele, ele não tinha que fazer nada daquilo por mim e mesmo assim fez.
- Obrigada.
- Por nada.

(...)

Minha mãe estava viajando com meu pai em sua segunda lua de mel e eu nunca devolvi a chave da casa dos meus pais, então eu fui pra lá, eu precisava pensar. Passei a tarde dormindo e quando acordei, resolvi ir buscar minhas coisas, dar um ponto final disso, preciso terminar de vez.
Quando entrei em casa não tinha ninguém, fui até o armário e as coisas dele não estavam mais lá, aquilo me partiu o coração, eu esperava chegar em casa e ele me dizer que estava tudo bem e me perdoaria, e que as coisas dariam certo, mas não foi o que aconteceu. Fui até a sala e peguei seu uísque preferido, comecei a beber, o que eu faria sozinha naquela casa? Todos os meus planos foram feitos com ele, tínhamos um casamento para ir próximo domingo, uma viagem para Londres no próximo mês, o aniversário da sua sobrinha sexta-feira que vem, aquele churrasco com os amigos no final do mês. Eu iria sem ele? Ele sem mim? Aquilo não estava certo.
Disquei seu número, ele não me atendeu.
Liguei umas 20 vezes seguidas, nada.
Resolvi deixar um recado.
- Alô? , não faz isso. Eu não sei de onde criei essa coragem, na verdade foi provavelmente no seu uísque favorito, aquele que só bebemos no dia que você me pediu em namoro e deixamos a promessa de tomá-lo mais uma vez no nosso casamento. Bem, acho que bebi ele inteiro, então me desculpa. Me desculpa.
Eu comecei a chorar, eu precisava das suas desculpas.
- Você sabe como eu sou uma vadia quando bebo, então peço desculpas se eu for uma vadia com você no meio desse recado, você não merece isso, você não mereceu tudo que falei ontem a noite, me desculpa por noite passada. Eu sinto muito, mas eu preciso de você aqui comigo, caralho! Eu quero você aqui comigo. Eu poderia ser mais romântica, mas você sabe que o romântico dessa relação não sou eu, é você que canta, toca, faz músicas e poemas, eu só sei dizer que te amo, “eu te amo” é a única coisa que me vem na cabeça agora, eu preciso que “eu te amo” seja suficiente para você voltar, eu imploro que seja. Você me deixa nas nuvens, você me faz sentir a mulher mais completa desse mundo, amor. Apenas venha beber seu uísque favorito comigo, eu compro outra garrafa. Eu espero que não esteja ligando muito tarde, sei como você dorme cedo, mas eu precisava desabafar. Eu estou bêbada e com um cinzeiro cheio, pois é, voltei a fumar, mas se você voltar, eu prometo que esse será o último. Mas eu tenho muita coisa a dizer, apenas venha me amar.
E então fui dormir.


Fim.



Nota da autora:Sem nota.



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