Finalizada

Capítulo Único

I wanna be your vacuum cleaner
Breathing in your dust
I wanna be your ford cortina
I will never rust



Maddox – Londres

Uma simples luz fazia toda a iluminação da boate, o som percorria suas veias como o néctar da sua existência, e sempre tinha sido assim.
Era movida a música, e no auge dos seus 27 anos, nada seria diferente.
Tinha passado do ponto, não saía mais para festas, não tinha paciência para boates, os anos acordando cedo tinham levado toda a sua sanidade para os lugares mais improváveis, e talvez por isso, sua vontade de sair à noite em busca de alguma transa tinha ficado para depois. Sua mãe sempre tinha informado o que acontecia com as garotas ligeiramente malvadas, terminavam sozinhas, e ali estava ela. O rostinho de bebê não era mais tão bonito, tinha um belíssimo corpo, mas, ainda assim, conseguia definir-se como velha dentre as garotinhas de 19 ou 20 anos. O whisky no seu copo, regado aos anos e anos de Happy hour pegando um aqui e ali, estava com o gelo quase morrendo, a mesmice de uma boate não mudaria, não importando o tempo em que deixasse de ir.
observava de longe um grupo de garotos bonitos, as camisas de grife, o rolex no pulso esquerdo, o sorriso nos lábios e na pequena mesa ao lado deles, litros de Chandon, vodka e whisky. Um número elevado de garotas estava ao redor deles, e eram as mais bonitas. No meio delas estava sua melhor amiga, . Não se enquadrava muito naquele estereótipo, tinha um ar de garotinha fofa e princesa, mas namorava um dos garotos mais bonitos do grupo por intermédio do primo.
levou o copo de whisky à boca, respirando fundo mais uma vez. Apesar de ter feito de tudo para que a levasse para aquela festa, não parecia estar nem um pouco animada; a maquiagem, o vestido, os sapatos, estava preparada para uma noite de sexo, mas por algum motivo esqueceu que as boates eram de acordo com a faixa etária padrão, e que ali não seria diferente, os garotos mais bonitos eram novos demais para que ela tivesse alguma coisa ou pensasse em sexo maravilhoso.
Garotinhos de 19 anos não tinham experiência o suficiente para levar uma mulher como ela para a cama, eram fracos e quando informados a diferença de idade, não sabiam se comportar, eram sempre medrosos.
Seu chefe e antigo namorado estava viajando, eles terminaram o relacionamento quando ela admitiu que não faria questão em casar com ele, na verdade, já não sentia aquilo tudo, e até o sexo tinha ficado em segundo plano, o tesão tinha acabado, e, às vezes, se perguntava se ele realmente existiu, ele não era real.
- Entediada, ? – perguntou, chegando ao seu lado, e a mulher limitou-se em respirar fundo – Tem tantos garotos aqui, pensei que você queria sexo. – A garota comentou, sorrindo enquanto pedia alguma bebida que, para , era de pirralha, já que a diferença de idade das duas era maior do que julgava ser o certo para duas garotas.
- Bastante, . – Revirou os olhos, ainda fixando-os no grupo mais a frente – Se eles tivessem uns 25 anos, eu ainda pensaria, mas 19? Não sei lidar com garotinhos quase virgens – Reclamou e viu a melhor amiga gargalhar sonoramente – O que foi? Eles são crianças mesmo, e mesmo que, deles, o seu primo tenha um rostinho de que não vale nada, ainda assim, não faz muito o meu tipo ficar com um cara o quê? Oito anos mais novo?! – Questionou, balançando a cabeça negativamente – Definitivamente, tudo o que eu não quero é isso.
No momento em que ela terminou o discurso, sorriu de lado, falando alguma sacanagem no ouvido de uma garota. Ele apertava a cintura dela, e, em câmara lenta, abriu a boca e mordeu sua orelha, sentiu sua pulsação acelerar, e por um minuto imaginou-se no lugar dela, com ele.
- Acho que o seria uma boa pedida – comentou, bebericando o coquetel pelo canudo – Ele é lindo, alto, pode ser bom na cama, , será que não vale a pena? – negou mais uma vez, seus olhos estavam presos no tal primo e na maneira em que ele conseguia ser interessante a cada movimento. Estudou cada atitude dele, desde os sorrisos trocados ou a maneira em que fitava o corpo de alguma garota que passava por perto dele, e seu olhar continha algo que adorava: luxúria – ! – exclamou, cruzando os braços e indo em direção ao olhar que a amiga tinha fixo – Você não está olhando para o , não é? – Questionou enquanto passava a língua pelo lábio inferior, os mordendo. Viu quando negou com a cabeça, antes de começar a enumerar os contras, mas não se importou, seu olhar estava preso em cada atitude dele com mais outra garota que chegava ao seu lado, e com essa, não foi nem um pouco comportado. Ela o abraço pelo pescoço, e ele apenas levou suas mãos até a cintura dela, descendo um pouco e apertando sua bunda, os lábios da entreabriram e ela bebeu mais um pouco a bebida que estava em seu copo. O que era aquele cara?
Teria ficado olhando a cena por mais um tempo, se não fosse os olhos dele, que tinham caminhado até os seus. O coração dela bateu mais forte no peito e logo desviou, sem graça, estava tão excitada em ver um garoto sacana com uma pirralha qualquer que simplesmente deixou-se levar até o momento em que ele a pegou no flagra. Virou para a e sorriu fraco – Ele está olhando? – Sussurrou para amiga, que apenas negou com a cabeça, olhando de lado para que ele não percebesse – Que vontade de transar com o seu primo, ! – A mulher fechou os olhos e passou a mão pela nuca, tentando aniquilar aquela vontade sem noção que havia tido com o garoto mais novo.
Garotos novos não tinham experiência; não que fosse a rainha do sexo, apenas não imaginava ter que fazer tudo numa relação, e garotos novos conseguiam ser bem egoístas quando queriam, então nada daquilo tinha real importância para ela, de maneira alguma.
- Vamos beber tequila! – , namorado da , falou, puxando a mão da namorada para o meio da pista, onde os garotos estavam. Tinha trocado pouquíssimas palavras com o e seus amigos, chegou do aeroporto e dormiu um pouco, para conseguir energias para sair à noite, apenas trocando meia dúzia de palavras durante o curto intervalo de tempo até ali, então eram desconhecidos. , o loiro de olhos azuis que namorava sua melhor amiga, era um fofo, tinham conversado diversas vezes por Skype e adorava ter a certeza de que ele gostava dela verdadeiramente. segurou sua mão e apertou, levando consigo até o grupo de pessoas da mesma idade. Ela teria ficado deslocada ou envergonhada, mas aquele não era, de longe, o seu feitio - Vocês já conhecem a ? – voltou a falar alto para as pessoas, e sorriu quando algumas garotas torceram o nariz para ela – , amiga da , minha namorada – Olhou para a namorada, dando um beijo na sua boca, sorrindo – Ela estava sozinha ali, eu não sou mal educado – Comentou, sorrindo, enquanto os garotos estavam com os olhos fixos na e as garotas tratavam-na com descaso – Vamos beber tequila, todo mundo? – Perguntou, distribuindo os shots enquanto as pessoas sorriam, pegando o seu. Sem explicação, deu uma gargalhada e o olhou para ela, sem entender.
- A tem uma técnica – A menor comentou e arregalou os olhos – É, ensina aí van! – Disse, sorrindo, enquanto a mais velha respirava fundo, balançando a cabeça negativamente.
- A técnica não é minha – Revirou os olhos – Assisti num filme, uma vez e eu achei diferente... No caso, se a pessoa for beber, a outra deposita o limão na boca para, no fim do shot, chupar o limão na boca do outro – explicava enquanto sentia o olhar dos garotos em cima de si, ou do , para ser mais exata, já que o dele é o que parecia interessar – É isso – Sorriu ao finalizar, percorrendo seu olhar pelas pessoas que sorriam umas para as outras. viu que as garotas foram logo olhando para os meninos, e ela apenas negou com a cabeça.
- Demonstra, falou, e ergueu uma sobrancelha ao olhar para ela – É, você escolhe um dos meninos e mostra para o resto como se faz.
- Mas eu... Não é assim, uma das meninas escolhe um dos meninos e eu vou falando se está certo ou não – Deu de ombros, sorrindo sem graça – Eu não conheço ninguém daqui, não é como se eu fosse ir fazendo isso, não é? – Questionou, dando um sorriso enquanto , o mais bonito e perfeito deles, fixou seu sorriso na mulher mais velha, quase fazendo revirar os olhos.
- , bebe aí, e a fica com o limão na boca – falou, empurrando a de lado, que fitou o rosto do namorado da amiga sem entender e assimilar o que ele queria com aquilo – É sério, ele é primo da sua melhor amiga, pelo menos que ele existia, você sabe. Vamos logo! Quero fazer com a sorriu, pegando seu copo de bebida e levando à boca. olhava do para a , tentando ao máximo evitar o olhar do garoto, tinha um pouco de medo de terminar por fazer coisas das quais se arrependeria depois, e tudo o que não queria era ter no currículo que ficou com um garoto oito anos mais novo.
- Você vem? – escutou a voz dele próxima ao seu corpo, e quando seus olhares se encontraram, ela simplesmente se perdeu no sorriso que ele tinha estampado nos lábios. Um arrepio passou pelo o seu corpo, e ela desejou levar o garoto para cama naquele instante, mas ainda assim, recobrando o controle, sorriu de lado e ficou de frente para ele – Pode me ensinar, Professora – proferiu com a voz rouca, e ela mordeu o lábio inferior, pegou o limão na pequena mesa, depositando na boca e fechando os olhos, não manteria sua íris aberta apenas para que tivesse na mente a imagem do sorriso dele ao caminhar até o seu corpo, já possuía imaginação o suficiente para saber como seria, poderia muito bem ficar de olhos fechados e tentar controlar a vontade que tinha de jogar o limão fora e beijar a boca dele.
segurou a cintura dela e juntou seus corpos, arregalou os olhos e viu quando a boca dele foi de encontro a sua, fazendo o maior possível par tocar a boca dela, em vez do limão. Ele passava a língua pelo lábio dela e ao redor dos dois as pessoas urravam, deixou-se levar e voltou a fechar os olhos, ele apenas distanciou a boca rápido a ponto de retirar o limão da boca dela e encostar seus lábios nos dela rapidamente, apertando ainda mais a cintura da mulher, a língua dele penetrava a boca dela com força e urgência, os corpos de ambos pareciam prestes a ofegar, e ela o empurrou, assustada. Quando olhou para a , ela sorria, sacana, para a cena; , à sua frente, sorria, enquanto ela apenas negava com a cabeça – Não é assim – sussurrou, enquanto as pessoas voltavam a conversar, virou para a , irritada – Você me paga, porra – Exclamou quando abraçou a namorada por trás, e ela sentiu duas mãos apertarem a sua cintura, fazendo seus olhos fecharem pesadamente.
- Vamos sair daqui? – Escutou a voz dele próxima ao seu pescoço, e os pelos do seu corpo arrepiaram. abriu os olhos e deparou-se com a e o sorrindo para os dois, virou de frente para o , ele estava com as mãos enlaçadas à sua cintura, e ela sorriu de lado. A mulher entrelaçou suas mãos no pescoço dele e fungou próximo ao seu ouvido, escutou uma risada baixa vindo da boca do garoto, quando suas mãos percorreram a extensão da sua cintura, apertando.
- Você acha que é fácil assim? – deitou a cabeça no peito dele e fechou os olhos, seu coração batia tão forte que talvez sua mente tinha processado a informação errada de que, em vez de 19 anos, ele tivesse 29 e fosse o cara certo. O perfume dele a deixava inebriada, cada parte do corpo dele a deixava um pouco zonza, e apenas um curto beijo tinha acontecido, não era normal aquela reação dela.
- Se fosse fácil, não seria tão maravilhoso, eu não quereria com tanta vontade – Sorriu de lado, e ela acompanhou. juntou as testas de ambos e eles fecharam os olhos – Vamos lá, , isso é recíproco, não fala que não é – Sussurrou, roçando a boca dele na dela, e se deixou levar por um momento. Suas mãos passearam pelas costas dele, e ela respirou fundo quando ele mordeu seu lábio inferior, fazendo seu corpo estremecer mais uma vez. A vontade que tinha de pegar a mão dele e correr até a saída da boate era quase que enlouquecedora, e quando, enfim, entreabriu os lábios para que se beijassem, sentiu uma mão pequena segurar o seu braço e tirar a mulher do transe em que se encontrava.
- , vamos embora – Ela escutou reclamar, chorando ao seu lado, os olhos da encontraram-se com os do , e apenas tampou sua visão, gesticulando enquanto explicava o que parecia ter acontecido, não conseguiu proferir palavra alguma por alguns segundos, a simples ideia de que, se não fosse a , ela estaria beijando mais uma vez o garoto mais novo era assustadora, de tão excitante. As mãos de tremiam, e quando ela fixou seus olhos nos da mais nova, viu que pesadas lágrimas desciam dos seus olhos, fazendo a mais velha respirar fundo fortemente.
- O que aconteceu? – questionou e negou com a cabeça, provavelmente não queria falar nada, e isso fez a mais velha respirar fundo enquanto caminhavam para o estacionamento, abrindo seu carro calada. Nenhuma das duas falou nada, perdida na briga que tinha tido com o namorado, mesmo que menos de um dia depois estivessem bem, enquanto não conseguia esquecer o olhar que ele havia lançado ao corpo dela, o sorriso sorrateiro, os lábios que pediam para serem beijados.
Ele emanava sexo e ela nunca diria não a uma criança como aquela.

If you like your coffee hot
Let me be your coffee pot
You call the shots, babe
I just wanna be yours



University of Manchester – Manchester

A aula de Direito tinha sido cansativa e eles estavam exaustos, comentavam sobre as garotas da aula, da próxima festa, do final de semana. caminhava com e o displicentemente, até que bateu no seu peito, indicando algo à frente, exatamente ao final do corredor que caminhavam. Uma mulher estava com o carro estacionado, com um vestido preto colado ao corpo, com botas de salto alto que iam até o joelho, e por cima um sobretudo aberto. Tinha óculos de sol e seus braços estavam cruzados.
- Gostosa. – falou baixo, e não falou nada, logo sentiu um calor passar pelo corpo e levou a mão até o pescoço. , ao seu lado, ajeitou a polo que usava e sorria sacana para a mulher do carro, aos poucos foi retirando os óculos de Sol, em câmara lenta, colocando a alça dos óculos na boca e sorrindo de lado para eles. – , , cuidado.
- Com o quê? – O garoto perguntou, ainda fitando cada detalhe dela com precisão, apenas escutando o amigo romper numa gargalhada escandalosa. – Eu tenho que ir. – Não esperou dar tempo de nada, olhou para a e deu um sorriso fraco, nervoso, virando de lado e tentando dar passos largos para bem longe daquela bomba relógio.
- ! – Parou de andar e fechou os olhos, respirou fundo, antes de voltar seus olhos para os dela. Ao lado da mulher, sorria de alguma coisa e o fitava-a com olhos desejosos, o mesmo olhar que ele mesmo tinha lançado a ela durante a festa em que se conheceram. – Eu vim falar com você! – Ela sorriu abertamente, e ele ficou tentado por um momento a afirmar que estava atrasado para ir para algum lugar, quem sabe jantar com uma namorada? Qualquer coisa desse tipo, só tinha que fugir daquela mulher o mais rápido. – Vem cá! - sorriu mais uma vez, e o revirava os olhos ao seu lado, talvez reclamando de ter a atenção dela em outro cara, e até deixaria de lado mesmo, não se importaria, ou não, se importaria a ponto de ter vontade de leva-la para cama a qualquer instante ou desejar transar com ela no carro.
Ele sorriu para ela quando caminhou para onde seus amigos estavam, parou em frente à mulher e logo ela ergueu o corpo, que estava encostado no capô do carro, e o puxou para um abraço. Não conseguiu controlar, e quando se deu conta, suas mãos estavam apertando a cintura dela, seus olhos abertos mostravam o avisando que ela estava de olhos fechados e não conseguiu deixar de sorrir, entrando na brincadeira do amigo, que fingia beijar o ar. deixou a boca bem próxima ao ouvido dela e sussurrou. – Oi, . – Não demorou cinco segundos, e ela respondeu ao sussurro com o corpo todo arrepiado, isso foi o bastante para que ele apertasse ainda mais a cintura dela, juntando ainda mais os corpos, e se esqueceu de tudo que tinha pensado sobre ela e no quanto a queria longe do seu corpo. Não lembrava mais de uma palavra que falou a si mesmo, ‘ela é perigosa’, ‘vai te enlouquecer’, nada disso importava, absolutamente nada.
Percorreu suas mãos pelas costas dela enquanto sorria, já desviando seus olhos do e tendo vontade de fecha-los, queria levar aquela mulher para cama desde a boate, e ela não estava facilitando as coisas, poderia ter aparecido ali com qualquer tipo de roupa, menos aquela.
- Eu não ganhei um abraço desses. – resmungou, cruzando os braços, fazendo voltar à realidade e se afastar um pouco do , que fitava o rosto dela com o olhar que tinha deixado a mulher sem conseguir sonhar com outra coisa que não fosse ele.
- Tenta novamente, , quem sabe da próxima vez você ganha – sorriu ao afirmar aquilo, olhando fixamente para a , vendo a mulher revirar os olhos, sorrindo – O que foi? Vai dizer que esse meu sorriso sexy não é melhor do que o rostinho bem esculpido dele? – Ela negou com a cabeça e não falou nada, encostou-se a no carro novamente, parando e fitando os três garotos parados à sua frente. Eram lindos, tinha de admitir.
- Se ela quisesse te pegar, teria pegado quando você deu mole pra ela, na boate. – comentou, e os olhares do e o da se encontraram. sorriu, balançando a cabeça negativamente, enquanto apenas deu de ombros, encostando-se no carro ao lado da e passando sua mão pela cintura dela, trazendo o corpo da mulher para junto do seu. Ela apenas sorria, cúmplice, enquanto o bufava. – Qual foi? Pegou e não me falou, ? – Ele ergueu uma sobrancelha, e ela apenas sorriu quando puxou o corpo dela, para ficar em frente ao dele, as mãos do garoto estavam na cintura dela e ela sorria, sacana, olhando para o rosto do . deu um beijo no ombro dela e não se importou por estar na faculdade, por um momento pouco importou onde estava, só queria aquela mulher.
- Você acha que se eu tivesse ficado com ela, estaria aqui conversando com você? Certamente eu estaria com ela em qualquer outro lugar. – Ele disse e ela logo saiu de perto dele, virando de frente, cruzando os braços na altura dos seios, pousando o olhar do lá.
- Eu acho que tenho que buscar minha namorada. – comentou, fitando o relógio de pulso rapidamente, acenando para eles com a cabeça enquanto dava as costas e saia para a sala da namorada.
- . – chamou a atenção da mulher enquanto ela fitava por cima do carro, algo corriqueiro que acontecia.
- Oi, lindinho. – Disse, e sem dar-se conta, seus olhos foram até os de , que logo murchou o sorriso que tinha nos lábios, encarando o rosto da mulher. – O que foi? Com ciuminho? – Perguntou e ele bufou, tinha vontade de joga-la em cima do capô do carro apenas para deixar de ter a língua afiada, aquilo o tirava do sério. – Saiba dividir com os outros, . – Ela sorriu, dando um passo à frente e tocando a gola da camisa do enquanto o garoto olhava-a, deslumbrado. – Eu não negaria um garoto lindo desses, certo? – deu um passo à frente, e quando estava prestes a tocar a cintura da mulher, segurou a mão da e a puxou com força de encontro ao corpo dele, fazendo-a abrir a boca, assustada. segurou a cintura dela com força e seus olhos estavam semicerrados.
- Pare com seu joguinho, eu não gosto de mulher dando em cima de outro cara na minha frente. – Ele falou, passando a boca pelo pescoço dela, fazendo as pernas fraquejarem e seu corpo pedir pelo dele. – Escutou, ? Eu posso até ser o pirralho da história, mas é o meu nome que você vai gemer, não o do lindinho do .
- Você se acha. – Sussurrou baixinho enquanto ele sorria, sacana, , que observava a cena, limitou-se em sair de perto, balançando a cabeça negativamente. – Você é um imbecil de um pirralho que se acha. – A voz dela adquiriu um pouco mais de firmeza, e ele apenas fincou o rosto dela por entre o dele e sorriu fraco. juntou a testa dos dois e ela sentiu um desconforto muito maior do que tinha esperado sentir com um garoto tão novo. – Você não presta, . – Ela abriu um sorriso, e ele roçou a boca na dela de forma lenta e torturante, enquanto as mãos dele estavam em sua cintura, apertando-a.
- Eu sei que não, mas é isso o que te fascina e é isso o que vai fazer isso aqui. – Apontou para si mesmo e depois para ela. – Funcionar – Sorriu ao finalizar a frase, dando uma mordida no pescoço da mulher – Porque eu quero que você me ensine tudo o que sabe, professora, assim como eu quero que você seja minha. Completamente minha.
sentiu o corpo tremular e se afastou um pouco dele – Te espero lá em casa, , não esquece – Ela disse, saindo de perto dele, vendo-o inclinar o corpo para frente, apertando a sua cintura e roçando seus lábios nos dela, com um sorriso sacana nos lábios.
- Vou contar os segundos – Falou, fazendo-a morder o lábio inferior, enquanto ele saía de perto dela e caminhava para o lugar que tinha ameaçado fazer anteriormente, antes dela chamá-lo.
respirou fundo, observando a cena, era aquilo que queria, não era? Um garotinho de 19 anos.
Apenas um garotinho.
Sexy, mas ainda um garoto.

Secrets I have held in my heart
Are harder to hide than I thought
Maybe I just wanna be yours
I wanna be yours



Apartamento da – Londres

O Copo de vodka estava ao lado do seu corpo, repousando na penteadeira, e ela já tinha trocado de vestido no mínimo umas cinco vezes e ainda não tinha achado um bom o suficiente. Pensou em se vestir como a garotinha de 15 anos e logo desistiu, se imaginou com um vestido vermelho e extremamente transparente, mas também desistiu. Respirou fundo e estava com um tubinho preto, as costas eram nuas, e ele era extremamente colado, vinha até o joelho, os saltos altíssimos e o mais importante: a lingerie sexy e preta. Não estava nervosa, apenas não sabia lidar com garotos com a idade dele, era novinho demais, criança demais, sexo demais, hormônios demais.
O bom de garotos no auge dos seus 19 anos era aquilo, sexo ainda vinha em primeiro lugar. Quando passavam dos 25, as coisas mudavam um pouco e esse tipo de coisa era trocado por trabalho, problemas das empresas; sexo bom, jovem, ficava sempre em segundo ou terceiro plano. Nunca tinha feito aquilo, em nenhum momento da sua vida se imaginou com um garoto tão novo, mas tão deliciosamente sexy.
respirou fundo e deu uma olhada no seu quarto, os lençóis devidamente trocados, as velas por toda a casa davam um ar que ela queria ter deixado para lá, mas simplesmente não conseguiu. Teria feito isso se quisesse seduzir um cara mais velho, por que não o faria com ele? tinha passado toda a semana reclamando do quanto ela era louca por se envolver com um garoto mais novo, mas sexo não tinha idade, ou tinha? Poderia desfrutar dos prazeres do corpo dele sem ao menos se envolver, ele era novo demais para namorar alguém, e ela era velha demais para se deixar levar por alguém que tinha acabado de sair da puberdade.
Caminhou até a sala de estar e sentou no sofá, ficou impaciente, batendo o pé no chão e com o olhar fixo na porta, esperando por ele. E se levasse um fora? negou com a cabeça, sorrindo, se levasse um fora, não seria o último, e em todo caso, seria um aviso de que ficar com um carinha mais novo não era nada legal para a sua reputação.
A campainha tocou e ela arregalou os olhos, levantou do sofá e foi até o seu enorme espelho ao lado da porta, ajeitou o vestido e respirou fundo, sorrindo, parecia uma adolescente no primeiro encontro, e talvez fosse, encarando a idade do cara.
deu alguns passos e abriu a porta com um sorriso estampado no rosto, ele estava ainda mais lindo. Na mão direita, tinha uma garrafa de tequila, e ela achou aquela lembrança engraçada, o sorriso que brotava dos lábios dele fazia seu coração bater mais rápido, em antecedência ao que iria acontecer.
- Olá, – A Mulher falou com a voz um pouco rouca, olhando de canto de olho para o corpo dele, para a roupa dele. Para um garotinho de 19 anos, ele era bastante evoluído. A camisa de botão, a calça jeans e o blazer por cima, ele estava impecável.
- Você está linda – Falou, com um sorriso no rosto, e ela logo agradeceu com o olhar, enquanto ele percorria cada pedaço do seu corpo, observando, devorando – Ninguém chegou? – ergueu a sobrancelha, sem entender o porquê de não ter ninguém ali, e deu um sorrisinho fraco.
- Eu não te falei? – Coçou a cabeça, fingindo ter esquecido alguma coisa – Acho que me esqueci de te falar que a festa era... Particular – Ele estava olhando o pequeno, porém bem arrumado apartamento dela, e quando escutou aquelas palavras, limitou-se a virar o rosto bruscamente e fixar seus olhos nos dela. olhava-a com luxúria e sorriu, o mesmo sorriso que ela desejou ver durante algum tempo, aquele sorriso sacana, de quem sabia muito bem o que estava fazendo e o que queria.
- Particular? – perguntou segurando a cintura da mulher e encostando-a na porta enquanto roçava seus lábios pelo pescoço dela, tinha fechado os olhos e tinha ansiado por aquilo por tempo demais – Não sabia que eu era tão importante assim... – Deixou a frase no ar enquanto suas mãos percorriam as cosas dela e ela inclinava o corpo para frente, inebriada com o toque dele – No final das contas, eu até que presto... – Sorriu de lado, vendo-a abrir os olhos e sorrir para ele, separando os corpos de ambos e o empurrando para o quarto.
- É, acho que dá para o gasto – fez careta, o pegando pelo colarinho da camisa e beijando a boca dele. Suas mãos passaram pelo pescoço e foram em direção às costas, apertando, colando os corpos enquanto eles se beijavam como se o beijo fosse apenas a certeza do desejo de ambos. percorria suas mãos livremente pelo corpo dela, apalpando sua bunda, enquanto ela sorria no meio do beijo. Seu membro já pulsava dentro das calças, e ele tocou lentamente com os dedos a lateral do vestido dela, erguendo um pouco, a fim de apertar as coxas da mulher, que gemeu com o toque. mordia o pescoço dele, rompendo o beijo enquanto roçava seu corpo ao dele sempre que ele a apertava ainda mais - Você quer o quê, garotinho? – Ela deu um sorriso de lado, enquanto empurrava-o para a cama e sentava em cima dele, prendendo suas mãos na altura da cabeça. Ela percorreu a extensão do seu pescoço com a língua e a respiração dele ficou descompassada; os olhos dele fecharam-se, e tentou inclinar o corpo para frente, mas ela voltou a segurar os pulsos dele com força – Não vai sair daqui, quem manda hoje sou eu – Ela explicou, soltando os braços dele – Caso você toque em mim, faça alguma loucura, nossa festinha acaba, – Explicou, e ele abriu os olhos, voltou a inclinar o rosto para bem perto do dele e roçou seus lábios nos dele rapidamente, entreabrindo os lábios do rapaz. Ela logo ergueu o corpo e se remexeu um pouco em cima do membro dele, deixando a respiração dele um pouco acelerada – O que foi? Quero você controladinho – mordeu o lábio inferior enquanto começava a desabotoar os botões da camisa que ele vestia, de um por um ela tirava, e a cada parte exposta do peitoral dele, era um beijo que ela dava na região. O corpo dele arrepiava a cada pequeno e singelo toque, e quando a camisa finalmente deixou todo o abdômen dele à mostra, ela suspirou – Por que tão gostoso? Sempre tive vontade de fazer isso – Ela deu uma piscadela, arrastando-se mais para trás, sentando nas pernas dele enquanto ela inclinava a boca até a barriga dele – Sempre quis.
- O quê? O que você sempre quis? – A voz rouca e extremamente sexy dele questionou, e ela apenas sorriu de lado quando expôs sua língua e começou a percorrê-la pela extensão da sua barriga, brincando com a boxer dele enquanto sorria. puxou os cabelos dela, trazendo o corpo de de encontro ao dele e sem pensar muito. Jogou-a na cama, indo para cima dela, eles se beijaram com avidez, e não teve controle nem por um segundo, suas mãos exploravam cada parte exposta do corpo dela, levantando o vestido curto e apertado. Ele apalpava a bunda dela, roçava seu corpo no dela, e à medida que o beijo tornava-se mais e mais urgente, sua mão percorria por lugares novos – Controle não é algo que eu saiba trabalhar, muito mais com uma mulher dessas na cama – Falou entre um beijo e outro, enquanto sua mão brincava com a lateral do vestido dela – Vamos lá, professora, quem vai dar aula aqui sou eu? – Sussurrou, próximo ao ouvido dela, enquanto sua mão penetrava por entre as pernas dela, tocando a calcinha da mais velha, e ele sorria – Molhada? Por mim? Que honra – sorriu enquanto brincava com a barra da calcinha, deixando que seus dedos entrassem no interior e ele brincasse com a intimidade dela, vendo-a revirar os olhos – Vamos lá, professora, você pode fazer melhor, o pirralho tá te deixando tão descontrolada assim? – mordeu o lábio inferior quando ele enfim deixou que seus dedos entrassem na sua intimidade, um gemido baixo escapou dos seus lábios, e foi a gargalhada sarcástica dele que ecoou no seu quarto que a fez acordar do transe. sorriu de lado, abrindo os olhos e passando suas mãos pelos braços dele, fazendo-o abrir os olhos. Ela sorriu de lado enquanto delicadamente empurrava o corpo dele para longe
- Vamos brincar, então. Garotinho – Falou baixo, e ele ergueu o corpo, sentando na cama, curioso com o que ela iria fazer. ficou em pé na cama e deu um pulo para fora, pegou a mão do e o trouxe para ficar sentado na beira da cama, com os pés no chão. Ela parou na frente dele e juntou os cabelos, os prendendo num coque, ele estudava cada atitude dela, maravilhado, e ele não poderia imaginar o quão sexy era a cena dele apenas de jeans sentado na sua cama. mordeu o lábio inferior antes de sorrir de lado, e sem falar muito, apenas deu alguns passos, ficando por entre as pernas dele. estava com o olhar na mesma altura do dela, e ela sorria, sacana – O Jogo é o seguinte, eu quero você implorando por mim, só que, para isso, eu preciso que você use seu autocontrole, não que você tenha... – Ela debochou, e ele estava quase colocando as mãos na cintura dela. voltou suas mãos até a cama, deixando-as ali – Bom garoto, só admira – sorriu enquanto parava a dois passos para trás e começava a descer o zíper do vestido, parando na metade abaixo da cintura. deu um passo à frente, parando diante dele – Me ajuda – Pediu com um olhar angelical e ele negou com a cabeça, sorrindo de lado – Acho que eu não consigo – Ela falou, pegando as duas mãos dele e colocando uma na cintura dela e a outra no zíper, desceu o zíper lentamente, até ver a pequena tirinha da lingerie preta dela, fazendo-o respirar fundo – Agora me ajuda aqui – ficou de costas para ele, e levantou, deixando que as alças do vestidos fossem ao chão, revelando o corpo dela completamente excitante, que apenas fez seus dedos formigarem para toca-la – Pronto, agora estamos quase parecidos – comentou aleatoriamente enquanto virava o corpo para ele e o empurrava para sentar na cama, ela depositou uma perna de cada lado do corpo dele e os dedos do garoto torciam o lençol, a fim de tentar prolongar por algum tempo a vontade que tinha de percorrer suas mãos pela extensão do corpo dela, retirar o sutiã rendado e a calcinha, com a boca. – O que foi? Não era você que mandava aqui? – Questionou, roçando a boca pelo pescoço dele, vendo-o fechar os olhos. Ela sorria a cada atitude dele de desespero e no quanto a sua respiração falhava e o coração batia descompassado, próximo ao seu corpo – Só queria que ficasse claro, quem manda aqui...
- É você, eu sei – Ele respirou fundo enquanto abria os olhos e se deparava com os dela bem à frente dos seus olhos – Eu sei, eu faço tudo o que você quiser, só não... – pegou as mãos dele e colocou na sua cintura, apertou-a fortemente e gemeu fraco, sorrindo de lado.
- Só não o que? Fala, falou com os olhos dele devorando os dela, e quando as mãos dele foram de encontro ao fecho do sutiã e ele abriu rapidamente, apertou de encontro ao seu corpo e ergueu ambos da cama, jogando-a de qualquer maneira enquanto ia para cima dele com uma vontade que ele não sabia que existia. Suas mãos percorreram o corpo dela, fascinado, e quando a respiração dela ficou fraca, ele apenas juntou os lábios de ambos num beijo sôfrego. passava suas mãos pelas costas dele enquanto ele beijava seu colo, parando nos seus seios enquanto os mordiscava e passava a língua lentamente, arrepiando o corpo dela ao tempo que ela tentava mexer as mãos no cós da calça dele, a fim de tira-la o mais rápido que podia. Ele ergueu o rosto do colo dela, ficando de joelhos na cama, sendo assistido por ela, o sorriso que sambava nos lábios dele era o mesmo sorriso que fez com que ela desejasse transar com aquele garoto desde o primeiro momento - O que você...? – Ela perguntou, vendo-o tirar a calça e jogá-la de qualquer maneira no chão, deixou seus lábios na lateral da calcinha dela e foi subindo sua língua até chegar na boca dela, dando uma mordida de leve. Vendo a mulher de olhos fechados, o garoto percorreu sua língua até o pescoço dela, parando próximo ao seu ouvido.
- Você pode mandar o quanto quiser, só não me manda ficar longe disso aqui, é demais para a minha sanidade – Sussurrou, e abriu os olhos, nervosa diante daquela afirmação, os olhos de ambos se encontraram e ele sorriu, dando um beijo rápido na boca dela – Você é minha, professora – mordeu o lábio inferior antes de girar com ela embaixo de si, até que ela ficasse novamente por cima. sorriu quando rebolou em cima dele, sentindo o membro dele pulsar na boxer, a boca dela explorava o pescoço dele – Vamos lá, gostosa, me deixa te possuir – mordeu o ombro desnudo dela e ela sorriu abertamente, ergueu o corpo e ficou sentado com ela no seu colo – Prometo que eu deixo você me enlouquecer na próxima, , na próxima – Ele disse, pegando a calcinha e colocando de lado, enquanto retirava o membro dele e se remexia, adequando a posição até que ele a penetrasse, ambos fecharam os olhos com o mínimo movimento, ela sentia seu corpo tremula e de alguma maneira, aquele tinha sido o encaixe perfeito.

Let me be your lacking meter
And I'll never run out
Let me be the portable heater
That you'll get cold without
I wanna be your setting lotion (wanna be)
Hold your hair in deep devotion (how deep?)
At least as deep as the pacific ocean
I wanna be yours



Campus party – Manchester

Ela assistia de longe o grupo de garotos conversando enquanto viravam doses e doses de vodka, seu cigarro estava quase no fim e aquela festa estava mais entediante do que tinha imaginado que estaria.
Quatro anos na mesma conversa, dos 27 tinha percorrido até os 31 e nada tinha mudado, ainda estava ganhando bem o suficiente, ainda tinha suas roupas, suas coisas, e seu maior vício, ultrapassando a nicotina que percorria pelas suas veias, estava à sua frente.
estava abraçado junto à nova namorada, da idade dele, ruiva, olhos azuis e linda. Poderia definir aquele sentimento por inveja, queria voltar a ter seus 23 anos e poder levar a vida sem preocupação, coisas simples como a próxima prova ou a aula que teria que perder para se agarrar com a namorada no corredor da faculdade ou transar numa sala abandonada, não era daquele jeito, não poderiam fazer mais nada.
conseguia ser insistente quando queria, passou quase três dias inteiros avisando que a mais velha tinha que ir de qualquer jeito àquela festa da faculdade, e ela não teve como recusar. Agora estava sozinha num canto qualquer, enquanto fumava seu cigarro e as pessoas apenas sorriam uma para as outras; aquele mundo não era seu.
deveria estar num jantar, em um encontro com algum cara extremamente bonito, bom de cama e talvez divorciado e com filhos, um cara bastante elegante que a levaria aos melhores restaurantes de Londres, que a encheria de mimos e agrados, aquele mesmo cara que a pediria em casamento mostrando seu enorme Tiffany’s e que ela choraria, emocionada. Estaria apaixonada por ele, seria lindo, maravilhoso, casaria e tinha até os 35 para ter filhos, e ela sempre tinha sonhado com a maternidade, mas sua realidade não era nem de longe aquela.
Suas mãos suaram frio quando ele mordeu o pescoço da nova namoradinha, como fazia com ela, como gostava que o fizesse. Se fossem perguntá-la se quatro anos atrás teria feto tudo isso por ele, diria que não, não valeria tanto a pena assim. O sexo perfeito deveria vir acompanhado a um rótulo de perigo, seria mais fácil que um cara da sua idade pudesse proporcionar algum assim, e ela tinha tentado. Em quatro anos, transou com dez. Dez caras bonitos, cheios de amor para dar, e no final da noite, junto ao seu cigarro e copo de vodka, desejou que aquele corpo fosse o do , e isso apenas aumentou a vontade que tinha de vê-lo, de tê-lo.
Parecia uma garotinha inconsequente, o tipo de garota que simplesmente não consegue dizer não a um garoto bonito e quando respirou fundo, negando com a cabeça sentiu os olhos dele nos seus. desviou rápido demais, não conseguia mais ser sacana, sempre que estavam na frente de outras pessoas, não conseguia controlar o coração que batia tão forte, simplesmente era impossível agir como no começo, ela preferia desviar os olhos dos dele e tomar mais um gole da sua tão adorava vodka de todas as horas.
Como tinha chegado àquele ponto? Como se deixou levar àquilo? Um garoto no meio de tantos outros, uma perspectiva negativa de futuro e apenas algumas transas semanais, não tinha nada, não podia ter nada, tinha de focar seus pensamentos em outras coisas que não fossem ele.
abaixou os olhos, e quando voltou a erguê-los, seu motivo de transtorno tinha saído de perto da namorada, e ela o procurava com o olhar. Respirou fundo, tentando não pensar que ele pudesse estar com alguma outra garota, seria melhor que não estivesse, e no fundo, sabia, ela era a única que durante os anos e as namoradas, ele ainda queria.
Estava ficando paranoica.
- É incrível como você sempre está observando, não é? – fechou os olhos quando escutou a voz dele na sua nuca, e os pelos do seu corpo se arrepiaram, passaria por aquela cena milhões de vezes e sempre parecia ser a primeira vez, o primeiro toque. O poder que ele conseguia ter diante do corpo dela era angustiante, e isso acabava com o resto de paciência que ela tinha, sua vontade era sempre socar o rostinho lindo dele, ou talvez, só talvez, beijá-lo.
- É incrível como você sempre me acha nos lugares – Ela deu mais outra tragada no seu cigarro e sorriu de lado – Sua namorada está te procurando – comentou, sorrindo, sentindo a boca dele em contato com a pele exposta do seu ombro, mordendo sensualmente, fazendo a mulher morder o lábio inferior em excitação.
juntou o corpo de ambos, e tocando a nuca dela com uma mão, ele roçou seu membro na bunda dela, e jogou o cigarro no chão lentamente. ele sorriu de lado, levando o pé até o cigarro e amassando-o até deixar apenas as cinzas no chão, voltou a posição anterior e virou o corpo dela, a fim de deixar colado ao seu. Ela depositou as mãos na nuca dele e sorriu, roçou seus lábios aos dela, fechando os olhos e segurando a vontade de levá-la para cama de qualquer maneira, nem em todo aquele tempo conseguiu controlar a vontade que tinha de possui-la, era doentio.
- Você não apareceu essa semana – Observou, mordendo o lábio inferior dela e sorrindo – Senti sua falta – A voz rouca dele deixou-a sem ter o que falar, abriu os olhos e os fixou no rosto dele, a olhava, intenso, e ela negou com a cabeça, distanciando seu corpo do dele. Estava nervosa e não conseguia ao menos pensar quando ele falava aquele tipo de coisa – O que é, ? Vai me repelir para sempre? – Alterou o tom de voz e ela fechou os olhos, temendo a briga que viria a seguir.
- , para com isso, é sexo, lembra? – falou, nervosa, se afastando ainda mais dele, enquanto ele começava a andar de um lado ao outro – Eu expliquei que não queria nenhum tipo de envolvimento, eu falei a você, é só sexo... – A mulher respirou fundo, olhando para o grupo de garotos da idade deles que conversavam animadamente – Você pertence a eles, não a mim – A voz dela saiu fraca e ele a empurrou até o carro em que ela estava encostada anteriormente e apertou a cintura dela, nenhum dos dois falou uma palavra que fosse, e ele apenas baixou a cabeça. passou suas mãos pelo cabelo dele enquanto a respiração dela estava descompassada, e o seu coração batia mais forte do que poderia ter imaginado.
- Como você é teimosa – Exclamou, negando com a cabeça, erguendo-a e entrelaçado as pernas dela ao redor do seu corpo, fitando os olhos dela. – Eu não tenho mais 19 anos, . Não sou mais aquele garoto, sei o que eu quero da minha vida e nesse momento – Tocou o rosto dela e viu quando ela deixou-se levar, fechando os olhos – Eu quero ser seu. – praguejou baixinho, antes de puxar a boca dele com força de encontro a sua. Eles estavam mais afastados do restante das pessoas, e meio que cambaleando, ele caminhou com ela presa ao seu corpo até um carro mais afastado, sentou a mulher no capô do carro e ergueu o vestido dela sem partir o beijo, Suas mãos percorriam por toda a extensão do corpo dela, e ela sussurrava palavras desconexas entre os beijos. A boca dela foi em direção ao pescoço dele, e suas mãos abriram o cinto que ele usava, com rapidez, a fim de chegar no zíper e abrir tudo de uma vez. Ela não poupou esforços até retirar o membro dele da calça, , por sua vez, apenas afastou a calcinha dela de lado e a penetrou sem cerimônias. mordeu o ombro dele a cada estocada mais violenta dele no seu corpo, a vontade de gemer alto era quase doentia, e mesmo tendo noção de que estavam num estacionamento de uma universidade, a vontade era sem igual – Grita, geme, eu quero mesmo que todo mundo saiba que você... É minha – falou, voltando a beijar a boca dela, pressionando o corpo enquanto as pernas dela estavam entrelaçadas ao corpo dele, as mãos do garoto percorriam a extensão da sua coxa, apertando, enquanto os beijos cessavam e ela passava as mãos pelas costas dele, apertando ainda mais, de alguma maneira, o sexo sempre melhorava, a cada nova investida dele, a cada novo beijo em que trocavam, ao som do coração de ambos que batia descontrolado no peito. Eles sabiam que as coisas tinham saído do controle há tempo o suficiente para que ela tivesse medo de cada atitude.
Ela tinha medo, a vontade que tinha de ser possuída num estacionamento de uma faculdade, como estava acontecendo, fazia sua mente entrar em parafuso. A boca dele dançava sensualmente na sua pele, e os pelos se arrepiavam. As mão dele por hora apertaram a sua bunda e a traziam mais para perto do seu corpo, os movimentos iam se intensificando a cada momento, e ela mordia a boca fortemente, enquanto ele, de olhos fechados, apenas deixava a mostra o sorriso dela.
Eram duas metades de um só.
- ... – sussurrou, e ele não respondeu, apenas a penetrou com mais e mais força, até que gemesse no seu ouvido, alto demais para o seu próprio bem. Seu corpo estava trêmulo e ambos gozaram no mesmo instante, ele retirou com tudo o seu membro de dentro dela, fazendo a mulher erguer uma sobrancelha sem entender, ele apenas o recolocou dentro da boxer e fechou o zíper, atacando o botão e colocando o cinto. Seus olhos se encontraram com os dela, ainda na mesma posição, com os olhos perdidos nos dele e com o corpo trêmulo, deu um passo a frente, tocando-a pela cintura e ajudando o corpo dela a deslizar pelo capô do carro até que os pés dela tocassem o chão, ajeitou a barra do seu vestido, descendo-o até que ela ficasse um tanto apresentável.
- Sabe o que é isso? – Ele perguntou, nervoso – Sabe o que é? Seu coração em disparada? Seu corpo tão submisso ao meu? Isso é tudo, menos sexo, . – Deu as costas a ela e colocou as mãos nos bolsos, indo em direção ao seu grupo de amigos.
Ela ainda estava no mesmo lugar, apenas virou de frente para as pessoas que conversavam e via o quanto a namorada dele reclamava sobre ele ter sumido. Viu quando ele deu de ombros, seus olhos caminharam até os dela e ele não sorriu, era um ultimato.
Ou ela realmente acreditava e deixava-se levar pelo que ambos sentiam ou simplesmente aquilo parecia ter acabado. respirou fundo, caminhando até o seu carro e destrancando-o, pegou o maço de cigarros, acendeu e o levou à boca, fechando os olhos e suspirando pesadamente. Seu coração ainda não tinha parado de bater forte, ela ainda sentia seu corpo responder aos toques dele e ao olhar que, mesmo distante, ele lançava. Talvez , sua melhor amiga, estivesse absorta demais para ter percebido, mas de alguma maneira, o que e tinham não era só sexo.

Secrets I have held in my heart
Are harder to hide than I thought
Maybe I just wanna be yours
I wanna be yours, I wanna be yours



Apartamento da – Londres

As semanas que tinham se passado tinham sido torturantes. No auge dos seus 33 anos, tinha deixado que as lágrimas estivessem presentes em cada célula do seu corpo, a dor que estava dentro do seu tolo coração esteve externa e durante esse tempo, ela evitou.
Evitou o olhar dele, as ligações, as incontáveis vezes em que ele apareceu na sua casa com uma desculpa pior do que a outra, ela não teria essa atitude, não destruiria a vida dele sem motivo algum, não tinha idade para se ver presa e apaixonada por alguém mais novo, muito menos por alguém com casamento marcado para aquele sábado.
Seria uma festa belíssima, por alto, escutou a comentar, mesmo que escondendo o que estava acontecendo. O caso e era algo que ninguém se metia, as pessoas apenas se deixavam levar pela lembrança deles dois juntos, seis anos de saídas escondidas, de brigas, de algo deles. Talvez o que mais machucasse fosse isso, tinham criado uma história e quem falasse que a amante, sexo, com o tempo continuava sendo sexo ou nunca viveu isso ou não tem noção de sentimento.
, no passado, teria gargalhado, achado graça, debochado, uma mulher da idade dela e com a experiência de vida dela, envolvida por um garotinho? Naquele momento ele não era lá mais um garotinho, era um homem, mas no começo? Se alguma das suas amigas explicasse o que significava aquele tipo de coisa, teria gargalhado e afirmado que era loucura.
Mulheres como ela não se apaixonariam por garotos, não mesmo.
A campainha da sua casa tocou, e ela apenas respirou fundo, certamente seria a correndo, desesperada, a fim de que ela melhorasse a cara e partisse para outra, como se fosse fácil. respirou fundo e foi até a porta, abrindo-a e deparando-se com tudo o que não queria ver naquele momento e nos próximos outros.
- Isso não é uma igreja. – Comentou, retirando o cigarro da boca enquanto deixava a fumaça se fazer presente na sala da sua casa. Diferente de todas outras vezes, ela não estava com maquiagem ou salto alto, apenas estava com um short jeans, uma blusa branca colada ao corpo, seus olhos estavam expressivos e olheiras estavam ao redor dos olhos. Ele afrouxou o nó da gravata e fixou seus olhos nos tão lindos e transparentes dela, pedindo passagem para entrar. deu passagem para que ele entrasse, e voltando o cigarro a sua boca mais uma vez, tentou lembrar-se do momento em que as coisas tinham passado dos limites para eles, ou ela, para ser sincera.
era um garoto normal, não tinha o que ela buscava num homem, maturidade, mas de alguma forma, a maneira em que ele sempre agiu com ela foi o suficiente para deixar-se levar até aquele ponto, procurar um homem de qualquer maneira? Tentar impressiona-lo? Um garoto. Teve vontade de gargalhar pensando nisso e balançou a cabeça negativamente, dando-se conta de que estava mesmo passando de todos os limites.
- Preciso falar com você. – A voz dele estava mais rouca do que o normal, foi até o cinzeiro e deixou que as cinzas do cigarro fossem embora, espremendo-o no lugar. Respirou fundo sem conseguir fitar o rosto dele, tão mais bonito do que todas as outras vezes em que se encontraram. – , olha para mim. – Quando pressionada diante de algo sério, sua primeira reação era desviar os olhos dele e fitar qualquer lugar que fosse, era mulher o suficiente para encarar seus problemas de frente, mas para ela, até a dura realidade, era apenas um passatempo, um delicioso e lindo passatempo.
abaixou a vista e depositou as mãos na sua cabeça, sentando-se no sofá e fechando os olhos. Não queria. Não poderia. Não importava os motivos daquela visita, a lapela que estava no seu bolso direito representava muito bem o que já sabia e que tentou inutilmente esquecer, ele iria casar. Com uma garota extremamente bonita e mais nova, com um futuro pela frente e perspectiva de filhos, deixou que um suspiro brotasse dos seus lábios quando ele sentou ao seu lado, não ergueu os olhos até os dele e continuou da mesma maneira, com os olhos baixos.
Duas mãos foram de encontro às suas, e logo ele retirou as mãos dela do rosto. segurou suas duas mãos com apenas uma dele e a outra tocou delicadamente o queixo dela, erguendo-o até que os olhos deles se encontrassem. – O que você quer? – Ela perguntou com a voz fraca, ele soltou a sua mão e tocou o rosto dela, depositando uma mão de cada lado do rosto da mulher, não falavam uma palavra que fosse e ela estava muito perto de mandar o mundo para a puta que pariu, beijando a boca dele, que pedia desesperadamente por isso. Estavam próximos, e quando ele levou sua testa até encontrar-se com a dela, trincou os dentes e mordeu a língua, não poderia ser uma garotinha, não era isso.
- Eu vou casar hoje. – Disse e ela recuou a cabeça para trás, sendo parada pelas mãos dele, que voltaram seu tronco com força para perto – Toda a minha família está presente, meus parentes, a minha avó, todo mundo só precisa que eu fale sim para a mulher que eu escolhi para passar o resto da minha vida, e onde eu estou nesse exato momento? – Ele deu uma gargalhada nervosa, fazendo com que ela sentisse o hálito de menta tão dele, tão dela. – Eu estou na casa de uma mulher oito anos mais velha do que eu, estou aqui, como um idiota, porque eu simplesmente não consigo esquecer... – Suas palavras morreram pela atitude dela em seguir.
deu um pulo e levantou do sofá com força, pegou o garoto de surpresa, e quando ele ergueu os olhos para deparar-se com ela, apenas viu quando foi até a cozinha e abriu uma pequena gaveta, voltando com uma caixinha. Ela entregou a caixa para o , que, ainda sem entender o que se passava, abriu sem falar uma palavra. Ele tirou o embrulho e deparou-se com um pequeno porta-retrato que tinha uma foto de ambos, não eram o típico casal apaixonado, mas na foto espontânea estava a e o sorrindo na frente, e atrás estava ela, com os olhos fixos num casal que sorria, o garoto da foto estava com a mão na cintura da garota e ela sorria abertamente. , pela foto, estava séria, analisando a cena. – Eu deveria ter parado aí, quando eu olhei para você e senti todas aquelas coisas doentias, toda aquela vontade de te ter, eu deveria ter parado! – Ela exclamou, virando-se de costas para ele, suas mãos estavam trêmulas.
Lembrou-se da foto e quando a entregou, sorrindo, achando tudo engraçado. Pensou em entregar a ele diversas vezes enquanto se encontraram por todos aqueles anos, mas não, terminou que adiou, esqueceu ou deixou para lá. Foi tanto tempo pensando na oportunidade que poderia ter para debochar do fogo que a consumia em relação a ele que não notou que aquele fogo não existia mais, tinha mudado, tinha evoluído. Ela passou as mãos pelos cabelos e escutou quando ele deu alguns passos até o corpo dela. fechou os olhos e, parada no meio da sua sala, nunca sentiu o coração bater tão rápido, as mãos dele entrelaçaram as suas e ele encostou o seu corpo no dela. descansou o queixo na sua cabeça e ela sorriu fraco, as lágrimas cairiam a qualquer momento, não poderia dizer não a todas elas.
- Eu vou sentir saudades de você até quando eu estiver escutando uma música que você não gosta – A voz dele ecoou pelo aposento e ela nunca sentiu o coração acelerar tanto em toda a sua vida, por ninguém. – Vou precisar de você como quando eu apenas queria que você dormisse abraçada ao meu corpo, reclamando que não queria assistir minhas coisas e que isso era coisa de pirralho. – Ele suspirou e ela sentia que algumas lágrimas já desciam. – Eu vou sentir saudades até do sorriso que você lançava aos meus amigos, ou ao , só porque eu tinha vontade de foder a cara dele quando ele retribuía. – Ela sorriu baixinho, e ele apertou a mão dela um pouco mais forte, por entre as suas. – Eu vou sentir saudades de tudo, eu vou sentir sua falta, isso vai me matar, me foder de um jeito que eu nunca vou saber explicar. Quando você apareceu com a , eu deveria ter escutado os meus amigos. “Sai dessa, ”, não vale tanto a pena. Se não valia? Como não valia? Eu estava cego, obcecado, eu só precisava... Eu só precisava... Eu só queria ser seu. – encostou a cabeça no peito dele e apenas se deixou chorar, como há muito tempo não fazia, como não se lembrava de ter feito em toda a sua vida.
Talvez a vida fosse aquilo mesmo, não poderia ter o que queria porque simplesmente o que queria não estava ao seu alcance, garotos mais novos apenas se divertiam com garotas mais velhas, tinha de aprender a lidar com isso. Precisava agir como uma adulta, não como as garotinhas que o se relacionava, ela era a diferença, não era? Aquela que deixava ele maluco, a que ele não conseguia se controlar perto, tinha de levar a experiência para algum lugar diferente daquele, só não sabia como.
- Eu amo você. – As palavras saíram da sua boca baixinho, assustando-a, sentiu o corpo colado ao seu enrijecer e as mãos dele soltaram as suas, ela fechou os olhos e deu um passo a frente, sem virar-se para vê-lo. Tinha sido suja, baixa, o menino iria casar, não precisava escutar aquilo, não poderia acabar com a vida dele como tinha acabado com a sua; não poderia deixar que ele fosse infeliz e ela, diante de tudo, da família dele, não traria felicidade.
- Você não pode fazer isso comigo. – Escutou a voz dele um pouco mais alta e virou o corpo para o dele, parecia estar transtornado, o lindo sorriso que tinha feito com que ela se apaixonasse não estava ali, apenas restava um rosto louco, diante de uma mulher com lágrimas escorrendo pela face – Você não tem a porra do direito! – Voltou a gritar e ela fechou os olhos. – Você é nojenta! Você... Como você... Por que porra você tem que falar isso logo agora? Logo agora?! – Ele caminhou até o centro e pegou um vaso de vidro, jogando-o na parede, e ela colocou a mão na boca, as lágrimas vinham com mais precisão.
- Se eu tivesse falado desde o começo, nada teria mudado! Você não percebe? Você nunca ficaria comigo de outra forma, você nunca teria nada comigo, !
- Você não pode falar do que não sabe. – O olhar dele cortante diante das palavras baixas e frias deixou-a com vontade de correr para o seu quarto e continuar lá por alguns dias. Até tudo, enfim, acabar. – Você não sabe de nada.
- Eu não sei? O que eu não sei? Que a sua mãe nunca aceitaria a possibilidade de você ter um relacionamento com uma mulher mais velha? Que a sua família é tradicional? Que você é desse jeito? Fala para mim, , o que você já fez de errado nessa vida? Quem você decepcionou? O menino dos olhos da vovó, educado, centrado, como eu não sei de nada? Como eu não sei? – Ela falou e ele parou de respirar por uns segundos, enxugou as lágrimas do rosto e respirou fundo. – Não fala do que você não pode ter certeza, eu nunca fui para você muito além de um passatempo, e veja só que engraçado, quem deveria estar te deixando era eu. – Ela balançou a cabeça negativamente, dando as costas para o garoto que estava na sala perdido com tudo aquilo e caminhou até o seu quarto.
Estava destruída.

(Wanna be yours), I wanna be your vacuum cleaner
(Wanna be yours), breathing in your dust
(Wanna be yours), I wanna be your ford cortina
(Wanna be yours), I will never rust
(Wanna be yours), I just wanna be your



St. Pauls
Três horas depois


- Não fica nervoso, cara, é só um casamento! – falou, dando um tapinha no seu ombro enquanto ele apenas olhava para a porta com a mesma expressão. Não saberia o que fazer caso ela aparecesse ali, tinha certeza de que não iria para frente com aquilo, apenas queria muito estar livre de tudo, ter uns dez anos a mais e ficar com ela, apenas com ela. Pensou nas inúmeras vezes em que desejou falar a ela aquelas palavras e no quanto se segurou, sentia-se um garoto ao lado dela e a imagem que guardaria na sua mente da mulher que um dia fora apaixonado, seria as últimas, a vulnerabilidade dela tinha sido demais para ele, extremamente maravilhoso. – Você resolveu seu probleminha? – perguntou, sério, tendo o olhar do fixo nos seus por um instante, mas logo ele voltou a fitar a porta, respirando fundo. Viu quando a mesma porta foi aberta e entrou o , sorrindo um pouco fraco, ele falou algumas palavras ao para deixa-los a sós, dizendo que precisava acalmar o noivo, e quando a porta fechou, levantou da cadeira e fitou preocupado.
- Como ela está? – Foi tão mais forte do que ele pensou que sequer viu a expressão assustada do a sua frente, ele voltou a visão para o espelho e passou as mãos pelos cabelos respirando fundo, sempre pensou que casar seria complicado, mas nunca que seria torturante. - Fala, , como ela está?
- Se a estivesse no meu lugar, falaria apenas que não interessava a você, mas ela está lá fora com as madrinhas e eu... – Ele sorriu fraco, balançando a cabeça - A foi na casa dela e ela estava deitada na cama, chorando. Ela perguntou o que tinha acontecido, e a não falou nada, apenas pediu para que quando ela fosse embora, fechasse a porta. – foi até um armário de madeira e deu um soco, fechando os olhos do , pegando-o desprevenido. – Calma, porra.
voltou seu olhar para o amigo e segurou a vontade que tinha de urrar, era quase incontrolável e aparecia sempre que ele perdia o controle diante de algo ou alguém. – Como eu vou ter calma, caralho? Eu tô perdendo a , eu tô perdendo ela! – Ele agonizou e balançou a cabeça negativamente, não sabia sequer o que falar ou o que fazer. Tinha um texto pronto na sua mente diante das reações dele, mas em nada esteve preparado para o sofrimento que conseguia ver nos olhos do seu amigo. – Você se lembra dela? – Sorriu, nervoso, fazendo olhá-lo sem entender. – A maneira em que ela sorria? A sensação que eu tenho é que nunca mais vou ver aquele sorriso, sabe como é? É um desconforto ruim dos infernos que me deixa com ódio.
- Você precisa canalizar isso, , você vai casar. – tentou falar, cauteloso, e o olhar que o garoto lançou foi digno de pena.
- Me falaram uma vez que saudade passa, com o tempo aquilo vai ficando fraco até desaparecer, você deixa de ser dependente da pessoa, mas eu não vejo assim, não com ela. consegue ser tudo o que eu mais repudio e o que eu mais quero, ela tem aquela pose de não desejar nada além do sexo, mas o olhar que ela me lançou hoje foi tão verdadeiro que eu simplesmente não sei. – Passou as mãos pela cabeça, nervoso. – Eu não sei, , eu não sei. – Falou, desesperado, fechando os olhos e respirando fundo, antes que ele falasse mais alguma coisa, a pequena porta foi aberta e eles logo olharam para quem entrava.
entrou na saleta, séria, e sequer olhou para o , chamou com o olhar para depois sorrir para ele, que apenas deu um passo a frente e segurou sua mão. – , temos que ir. – Falou sem cumprimentar o noivo. Ela tinha um vestido longo, todo rendado e rosa, estava linda e olhou, apaixonado, deixando com uma sensação ruim, poderia estar assim com alguém.
- Boa sorte, cara! – exclamou saindo da sala, deixando o homem sozinho, ele voltou seu corpo para o espelho e fixou seus olhos no rosto cansado. Queria que ela aparecesse na sala, que transassem uma última vez. Tinha ido à casa dela para isso, não queria drama, não precisava daquele tipo de coisa e não conseguiu nada que não fosse aquilo, fechou os olhos pesadamente e lembrou do rosto dela, faria de tudo para ter o olhar sacana dela ao seu lado, o seu corpo, até suas lágrimas, não sabia quando tinha se deixado levar por ela, talvez tenha sido no primeiro momento, ao visualizar os lábios dela esperando pelo toque dos dele, ou se foi pelo corpo extremamente gostoso num vestido colado que deixava muito a mostra, ela era sexy, o tipo de sonho de consumo de qualquer cara mais novo e aquela mulher era sua, não importando se iria casar, ela era sua.
passou as mãos pelos cabelos, ajeitou a gravata, fixou a lapela ao lado esquerdo do paletó e respirou fundo, estava pronto para a sentença final, para o que não tinha coragem de dizer não, para sua belíssima esposa, pacata e calma que o aguardava para casar. Não choraria emocionado por ver a mulher da sua vida entrando na igreja, não se sentiria o homem mais feliz do mundo, não imaginaria a lingerie sacana que ela tinha, nada.
***

- Arruda. – O Padre perguntou enquanto ele olhava para o rosto da noiva que estava com os olhos cheios de lágrimas, por um momento ele fechou os olhos e tentou esquecer-se de tudo o que tinha vivido até ali, estava com 25 anos e casando, seria mais uma vez o orgulho da família e de todos os que estavam presentes sempre, mas de alguma maneira, sentia-se desconfortável, abriu os olhos e a sua frente, estava outra mulher. Ela tinha cabelos longos, um sorriso sacana nos lábios, seus olhos eram intensos e ele conseguia mergulhar neles sempre que podia, o corpo dela, o jeito, tudo era perfeito para ele de uma maneira que ele nunca soube entender ou aceitar, só sabia que aquela mulher, a mulher dos seus sonhos, da sua vida, nunca estaria ao seu lado. Sentiu um leve apertar no seu ombro e piscou algumas vezes, olhando para o senhor que sorria para ele. – É o nervosismo, muitos jovens ficam assim. – O Padre sorriu, confidente, e retirou a mão do ombro dele. – Você aceita Katherine como sua legítima esposa? Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?
sentiu os olhos lacrimejarem, olhou para todos os presentes, seus pais, seus avós, seus familiares, seus amigos. Deteve sua atenção na e viu que ela estava séria, desejou que fosse de outra maneira, que não fosse fraco, que tivesse coragem. Fechou os olhos pesadamente, e quando voltou a abri-los, fixou-os na porta fechada.
Daria tudo para que ela fosse até ali, talvez a simples imagem do sorriso dela ao vivo fosse o suficiente para que ele corresse dali e voasse para os braços, os beijos dela, mas o tempo ia passando, o badalar do relógio não parava e ele sabia, ela não viria.
Voltou seus olhos até o rosto da sua futura esposa e sorriu fraco. – Eu aceito. – Ele viu quando ela deu um sorriso emocionado, quando o padre falou algumas palavras, quando ela inclinou a boca até a sua direção, o beijando. Seus lábios foram até os dela, e um embrulho passou pelo seu estômago, era homem o suficiente para arcar com as consequências das suas atitudes, não iria ser desonesto.
Tinha tido o direito de escolha, e mesmo assim, tinha deixado as expectativas dos outros sobre si, se algum dia a reencontraria, não sabia dizer, mas certamente, nunca esqueceria do quanto tinha sido daquele mulher.
saiu da igreja e paralisou o corpo em transe. Tinha um único carro na rua, tudo estava vazio, não fosse as pessoas festejando o seu casamento, jogando confetes pelo ar, e boa parte deles caíam pelo seu rosto. Sua esposa estava com as mãos entrelaçadas às suas, e ele sentiu o coração bater mais forte no peito, não poderia ser ela. Procurou com o olhar e ela sorria fraco para ele, inclinou a cabeça para o lado, a fim de que ela olhasse para lá e ela olhou, os segundo que antecederam sua resposta foram o suficiente para que ele voltasse seus olhos para a esposa e ela o puxasse para um beijo e mais algumas fotos. As pessoas gritavam, mas ele não conseguia escutar mais nada, apenas a sensação de que ela poderia estar ali tinha feito todo o seu corpo responder, era como se ela o chamasse e ele iria, iria a onde tivesse de ir.
Ele voltou seu olhar para a e ela não encarava o , estava olhando para qualquer outro lugar que não fosse ele. deu mais um selinho na esposa e sorriu para mais uma foto, algumas pessoas batiam nas suas costas, o cumprimentavam, e ele segurou o pulso da Katherine e puxou um pouco para perto, ela sorriu, maravilhada. – Preciso ir ao banheiro. – Falou, nervoso, esperando que ela não notasse o quanto estava agoniado por ter que mentir para ela, mas sua atitude foi louvável, Katherine apenas segurou o rosto do marido e afirmou com a cabeça, dando permissão. olhou para os lados e sorriu para os presentes, antes de caminhar apressadamente para o fundo da Igreja, escutou de longe algumas pessoas perguntando para onde ele iria e sua esposa falou que iria ao banheiro, não sabia por onde era o banheiro, mas não estava indo até ali, apenas queria ter a certeza de quem não encontraria nada demais. Seus passos estavam apressados e suas mãos estavam nos bolsos, o anel no seu dedo esquerdo estava formigando, e ele queria retirar, mas sabia que não poderia, a sensação estranha não passaria nem tão cedo, mas ele esperava que com os anos, as coisas melhorassem.
Tinha de voltar dali, não poderia terminar o trajeto que dava até atrás da igreja, onde os fumantes costumavam ir, aonde ela provavelmente iria.
Girou os calcanhares e parou exatamente ao lado da parede da igreja, despejou uma mão e encostou a cabeça ali, o que estava fazendo? Mesmo que ela tivesse ali não importaria, tinha casado, não poderia fazer mais nada para mudar aquilo. Fechou os olhos tentando acalmar o sistema nervoso e quando avistou os olhos dela na sua mente, teve a certeza de que não pararia, voltou seu corpo para o final da igreja e dobrou paralisando no lugar.
A imagem de uma mulher com um vestido vermelho sangue, sapatos pretos e extremamente altos, o óculos de sol no rosto e nas mãos um cigarro, não falou nada, ela virou o rosto para o lugar que ele estava e ficou fitando os olhos do garoto, ele tinha vontade de correr até ela e abraça-la, beija-la, mas não o fez, continuou parado, contemplando a mulher maravilhosa que tinha se apaixonado, tão diferente da de horas atrás.
desencostou o corpo da parede de pedra da igreja e deu mais uma tragada no cigarro, ela soltou o ar lentamente e com a outra mão, retirou o óculos escuros que estava no seu rosto, os olhos dela estavam maquiados, não existia vestígio algum de uma mulher fraca e apaixonada, isso apenas fez a palpitação do corpo dele aumentar, ela tinha o controle sobre si mesma e aquilo soava extremamente envolvente a ele.
Ele viu um flashback passar pela sua mente, pensou em todas as vezes que ela apareceu daquela maneira e que ele apenas desejou estar com ela, de alguma maneira.
- Tão previsível. – Ela revirou os olhos e ele sorriu de lado. – Viu o meu carro? – Perguntou, dando uma última tragada no cigarro e jogando-o no chão, olhou para a cena, maravilhado, não existia algo que o deixasse mais encantado do que a maneira sexy em que ela jogava o cigarro no chão e piava em cima, apagando a faísca. – Vai responder, ? – perguntou, impaciente, e ele deu alguns passos até o lugar que ela estava. A mulher deu um passo para a frente, a fim de manter equilíbrio, já que anteriormente estava encostada na parede e ele segurou a cintura dela, encostando-a na parede. – Sua esposa está lá na frente. – sorriu abertamente ao fechar os olhos, diante do toque da boca dele em seu pescoço. – Você é um homem casado, agora. – Ela falou, e ele segurou o rosto dela por entre suas mãos como um bem precioso, seus dedos percorreram cada detalhe do rosto dela e fitando sua boca, deu um sorriso fraco.
- Eu amo você. – Os olhos dela fecharam com o sussurrou dele, e o coração da mulher disparou, roçou seus lábios nos dela uma, duas vezes, antes de deixar que a boca dele entreaberta recebesse sua língua, a mesma sensação desde o primeiro beijo, sempre seria daquele jeito, nunca mudaria. Ela era sua, não importando o que viveriam dali para frente, o que fariam, tanto fazia se ele tivesse que ficar com sua esposa por aparência, ou se tivesse coragem o suficiente para deixá-la, apenas sabia que era ao lado da que iria ficar, era a certeza que tinha.
Não fraquejaria daquela vez e nunca mais.



Fim.


Nota da autora:
Uma short que ta mais pra long do que short, meus amooooooores, olá!
Espero que vocês gostem dessa fic com o garotinho mais novo, nunca tinha falado sobre o tema, então taí. Desculpem pela cena restrita, acho que eu poderia ter aprofundado mais, maaaas não saiu.
Enfim, é isso aí.
Beijos, beijos.



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